Divulgação
Yander Zamora
CULTURA
Minas Gerais
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Poetas do Aglomerado
Furacão e a cobertura seletiva
Escrita a 27 mãos, obra conta a história da comunidade da Serra e de outras periferias de BH em forma de poesia. Livro é homenagem a Mano Betto, que faleceu em 2015
Cobertura da mídia comercial focou nos impactos do Irma nos EUA, mas a maioria dos mortos, feridos e desabrigados estavam na América Latina
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017 • edição 202 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg
Privatizar faz mal para o Brasil
Sucatear para privatizar, privatizar para encarecer, restringir o acesso e garantir o lucro de quem só tem compromisso com o próprio bolso. Preço da luz pode aumentar com venda de usinas, Correios podem não ter mais cobertura abrangente, universidades federais podem fechar as portas e bancos públicos podem parar de apoiar políticas sociais. Trabalhadores organizados em sindicatos discutem impactos das medidas de Temer e resistem à entrega do país I MINAS
ESPORTES
MUNDO
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Galão das minas Torcedoras reivindicam direito de gostar de futebol sem preconceito, além de segurança para frequentar estádios
brasil
9 Ricardo Stukert
Lula saudado por milhares em Curitiba Em segundo depoimento, petista critica falta de provas e afirma que sofre perseguição por sua atuação como presidente. Pelo menos 7 mil pessoas participaram da 2ª Jornada de Lutas pela democracia, como continuidade da 1ª Jornada, que reuniu 20 mil pessoas em maio
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Editorial | Brasil
Lutar é questão de sobrevivência
ESPAÇO dos Leitores “Parabéns e vida longa ao Brasil de Fato MG, tão presente e necessário na batalha das ideias e na conquista de corações” Monyse Ravenna comenta sobre o aniversário de 4 anos do Brasil de Fato MG “Parabéns pelo aniversário e por tudo o que faz de verdadeiro no jornalismo de qualidade. Dá gosto!” Karla Viana comenta o site especial www.brasildefatomg.com “Mais uma edição sensacional!” Luiz Romaniello comenta a edição 201 do Brasil de Fato MG “Na edição 200, comemorativa dos 4 anos do Brasil de Fato MG, eu fiquei chique demais e virei colunista do melhor jornal do país! Leiam! E, desde já, tamo aí pra bate-papos e pra qualquer crítica e sugestão” Renan Santos comenta a inauguração da sua coluna “Ciência, coisa boa”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Quanto mais o tempo passa no governo golpista, mais assistimos à retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. O governo que se instalou em Brasília parece não cansar de retirar as poucas políticas que atendem as demandas sociais e geram empregos, ao mesmo tempo em que reforça ações para favorecer o lucro do grande capital. Nos últimos dias, mais dois presentes de grego foram entregues por Michel Temer ao povo brasileiro. O primeiro golpe foi realizado contra a Agricultura Familiar, responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas. Na proposta de orçamento enviada ao Congresso para 2018, o governo pro-
Governo quer que mais pobres fiquem sem casa e sem terra põe reduzir de R$ 909 milhões (que já é extremamente pouco para a demanda) para R$ 181,8 milhões o recurso destinado à assistência técnica, educação e assentamento de novas famílias. Essa redução praticamente impossibilita o acesso à terra e até mesmo a possibilidade de produção de milhares de famílias de agricultores. Ou seja, além da redução de empregos, as políticas desse governo negam o direito à terra, educação e assistência técnica a milhares de famílias. Mas não é só isso. O orçamento do Minha Casa Minha Vida faixa 1, destinado às famílias mais pobres, aquelas que têm renda de até R$ 1800, foi ZERADO. Ou seja, caros leitores, o governo sem vergonha quer que os mais pobres fiquem sem educação, sem
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
terra, sem casa e sem o alimento produzido pela Agricultura Familiar. Privatizações Além de minguar as políticas sociais, faz parte do projeto do governo golpista entregar o patrimônio público para as empresas privadas. Setor elétrico, petróleo, Correios, bancos públicos, universidades, saúde e até a educação básica estão na mira. A viseira é tão curta que pretendem vender o que de melhor temos no país, a preço baixo. O quadro que se desenha para o futuro é terrível: mais pessoas estarão desempregadas. Menos terão aces-
Privatização vai aumentar custo de vida so a políticas sociais. Muitos se tornarão terceirizados. Raríssimos conseguirão se aposentar. Ou seja, a renda familiar dos trabalhadores vai cair, e muito. Ao mesmo tempo, a conta de luz vai ficar mais cara. Talvez não seja mais possível estudar em universidades públicas. O SUS pode não ser mais 100% gratuito. A gasolina vai aumentar. Muito provavelmente, as tarifas bancárias e de serviços – transporte, água, gás – também. Vai ficando bem claro o que estava por trás do golpe contra a democracia brasileira e quem lucra com ele. O povo não pode pagar a conta. A cada dia que passa, a necessidade de derrubar esse governo e de avançar nas lutas por direitos se torna uma questão de sobrevivência do povo brasileiro. A unidade entre as forças populares é a saída que se abre para a construção de uma outra ideia de país.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Nazistas consideravam Picasso como arte degenerada. Informemse, entendam o que é pensamento e arte para a humanidade!”
Você acha que os imóveis da área central deveriam ser usados para moradia dos mais pobres?
José Carlos Amaral, auxiliar técnico
Os pobres estão fora do centro porque não têm condições financeiras. Existe muito preconceito, as periferias estão cheias e os prédios do centro só são ocupados por quem tem um poder aquisitivo maior. Você vê muito trabalhador que não tem condições de morar em lugar nenhum e vai para albergue. É uma falta de humanidade de quem está em cima, no poder. Patrícia Ribeiro Dutra, cuidadora de idosos
Conhece a quinoa?
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Declaração da Semana
Dados da última Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio apontam que, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há mais de 160 mil famílias sem moradia. Por outro lado, segundo movimentos, mais de 170 mil imóveis encontram-se ociosos, sendo boa parte deles na área central de BH, mais bem servida de infraestrutura e serviços. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:
As pessoas poderiam morar nesses lugares porque facilitaria para muita gente. Eu, por exemplo, moro em Vespasiano, é muito difícil, falta infraestrutura, ônibus, o transporte está sempre lotado. Se esses prédios fossem ocupados, ia facilitar bastante, sem contar que ia dar moradia para muitas pessoas.
GERAL
Twittou Zélia Duncan, sobre o cancelamento da exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira” Roberto Setton / Divulgação
Golpe militar no Chile completa 44 anos
PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA O golpe militar no Chile, que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, completou 44 anos no dia 11 de setembro. De acordo com levantamento da Comissão Valech, a ditadura chilena, que durou 17 anos, contabilizou 40 mil vítimas, entre torturados, presos e assassinados. Foi uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Leia mais no site www.brasildefato.com.br
#BOMBOUNAREDE
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GRÃO Nativa das regiões andinas do Peru, Bolívia, Equador e Colômbia, a quinoa é uma planta que vem se tornando cada vez mais conhecida nos cardápios pelo mundo. Seu grão tem mais proteínas que o trigo, o milho e o arroz, concentrando aproximadamente 15 gramas de proteínas a cada 100 gramas. Também possui vitaminas e minerais essenciais para a nutrição humana, que, geralmente, são difíceis de ser encontrados em apenas uma fonte alimentar. A quinoa não contém glúten, sendo frequentemente recomendada por nutricionistas em dietas para pessoas celíacas.
Exposição com tema LGBT é cancelada INTOLERÂNCIA Internautas criticaram nas redes sociais o cancelamento da exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira”, que aconteceu na última semana. A mostra, que conta com 270 obras – de 85 artistas, como Adriana Varejão, Cândido Portinari e Lygia Clark –, pretende discutir a diversidade sexual e a expressão de gênero. Aberta desde agosto, no Santander Cultural de Porto Alegre (RS), o cancelamento foi anunciado pelo espaço cultural após pressão de grupos extremistas e do Movimento Brasil Livre (MBL), acusado de preconceituosos por usuários da internet.
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CIDADES
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Ocupações reivindicam moradia na área central de Belo Horizonte DIREITOS Conflitos foram levados para mesa de diálogo do governo estadual Isis Medeiros
Wallace Oliveira
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a mesma semana, dois movimentos desafiam a lógica segundo a qual trabalhadores pobres não poderiam morar, com dignidade, na área central da cidade. Nas madrugadas dos dias 6 e 7 de setembro, respectivamente, nasceram as ocupações Carolina Maria de Jesus e Pátria Livre, em Belo Horizonte. A primeira é organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB); a segunda, pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). Ambas exigem que o direito à casa seja acompanhado de infraestrutura e serviços urbanos adequados.
As pessoas vieram porque não tinham mais aonde ir Julia Braga
Carolina Maria de Jesus A Ocupação Carolina Maria de Jesus homenageia a escritora mineira cujo livro mais conhecido é “Quarto de Despejo”, um relato da realidade na favela do Canindé, em São Paulo. “Ela era uma mulher negra, favelada, trabalhadora, que se alfabetizou sozinha e retratou a vida das periferias em seus escritos. Nós consi-
deramos que ela tem tudo a ver com a pauta da moradia”, aponta Leonardo Péricles, da direção do MLB. A ocupação fica na avenida Afonso Pena, acima da Praça Tiradentes. “As pessoas vieram porque não tinham mais aonde ir. Este lugar já tem creche, cozinha comunitária, banheiro, uma estrutura organizada, apesar de precária, mas em condições melhores
Lideranças do Candomblé, Umbanda e Reinado lecionam disciplina sobre religiosidade Uma disciplina da UFMG, denominada “Catar folhas: saberes e viveres do povo de Axé”, é ministrada por sacerdotisas, pais e mães-de-santo de BH e região. Com o objetivo de abordar as artes rituais, os estilos
do que essas pessoas tinham antes de ocupar.”, acrescenta Leonardo Péricles. Desde sexta (8), a ocupação está ameaçada por uma ordem de reintegração de posse. Porém, no dia 12 de setembro, uma reunião entre o movimento, a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) e a Mesa de Diálogo e Negociação Permanente do governo estadual definiu que não pode ser realizado nenhum despejo antes da próxima etapa da negociação, no dia 28. Pátria livre do aluguel No feriado do Dia da Pátria, a Ocupação Pátria Li-
vre foi deflagrada na Pedreira Prado Lopes. O movimento denuncia que o imóvel ocupado está ocioso há mais de 25 anos, sem cumprir sua função social, como manda a Constituição. A área é uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), ou seja, a lei determina que o local seja destinado à inclusão da população marginalizada, com introdução de serviços e infraestrutura urbana, regulação do mercado de terras, entre outras atribuições. O prédio foi desativado nos anos 90 porque uma empresa de telecomunicações encerrou as atividades no local. Horas após o surgimento da ocupação, a Polícia Militar compareceu ao local, ameaçando realizar um despejo sem mandado. Dezenas de pessoas compareceram à Pedreira Prado Lopes para apoiar os ocupantes, enquanto a PM impedia o acesso de pessoas, água e alimentos ao local. Após horas de tensão, o proprietário aceitou levar o conflito para a Mesa de Diálogo e Negociação Permanente, em reunião
que está para ser agendada. Até lá, nenhum despejo poderá ocorrer. Liberdade do aluguel Lorraine Estefane, de 21 anos, tem uma filha de 1 ano e outra de 6. Desempregada, ela tem como principal fon-
A PM impedia o acesso de pessoas, água e alimentos ao local te de renda fazer decorações para festas infantis. O dinheiro que ganha nunca chega a um salário mínimo, e tem que ser dividido entre o aluguel, o sustento das crianças e outras despesas. “Às vezes, se paga o aluguel, a gente não come. Por essa situação, eu decidi ocupar esse prédio que estava parado há tanto tempo, trazendo só violência. E a gente tem direito à moradia desde que nasce. A gente tem que correr atrás dos nossos direitos”, afirma.
de pensamento e os modos de existência das comunidades afro-brasileiras, a aula promove encontros e visitas às comunidades e quilombos. Entre os alunos, jovens de diversos cursos e professores da rede pública de BH. Uma dessas profissionais, Deicilene Cruz aceitou o convite para conhecer melhor as religiões de matriz africana e para “levar, para dentro da escola, o respeito a essas manifestações”. Ela acredita que tais temáticas são pouco trabalhadas e que introduzir os alunos nesse universo é um primeiro passo para que eles reconheçam as contribuições de outros povos – que não só os portugueses – para a cultura brasileira. Leia a matéria de Leandro Aguiar, especial para o Brasil de Fato, em: goo.gl/vSthq
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MINAS
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Opinião
Vários furacões a enfrentar João Paulo Cunha A recente passagem dos furacões Harvey e Irma pelo Caribe e parte dos EUA deixou, além do rastro de destruição, algumas verdades dolorosas. Além de um evento natural, o que se acompanhou foi uma narrativa fortemente ideológica, construída a partir de uma perspectiva centralizadora, marcada pelo discurso emocional. Além disso, em nenhum momento foi feita qualquer contextualização que apontasse a responsabilidade política dos países que renegam a importância da questão climática na proporção tomada pelas tempestades. São várias questões envolvidas nessa aparente naturalidade da catástrofe. A primeira é a diferença que existe na geopolítica contemporânea e na mídia internacional (o Brasil incluído) entre o valor da vida entre diferentes povos e nações. O que ocorreu antes dos furacões chegarem aos EUA
Para mudar o ritmo de exploração da natureza, é preciso taxar os ricos parecia apenas ensaio para o evento esperado para os Estados Unidos. Como cobaias, os mortos do Caribe foram dados como números. Já a cobertura na Flórida e em outras localidades americanas seguiu o padrão do jornalismo-catástrofe de inspiração hollywoodiana, com muitas histórias pessoais, cenas de retirada em massa, corridas aos supermercados e falas de autoridades. O segundo tema que merece reflexão é a denegação da responsabilidade americana na tragédia. O consenso que se instalou entre especialistas deixou claro que a dimensão do fenômeno tem relação inequívoca com o aquecimento global e a difícil aprovação de
Não é pelo direito dos outros. É pelo direito de TODOS. O seu também. A Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) foi criada pelo Governo do Estado para garantir e ampliar os direitos de toda a população de Minas Gerais. Uma importante iniciativa para a construção da justiça social, do respeito à diversidade e de uma cultura de paz. Afinal, fazer do mundo um lugar de todos é a melhor forma de fazer dele o lugar de cada um.
direitoshumanos.mg.gov.br
medidas internacionais em torno da questão climática. Os negacionistas, Trump à frente, não foram chamados à responsabilidade. As próprias cenas de retirada de moradores das áreas mais ameaçadas, com milhares de carros se deslocando com lentidão, estampava sem metáfora a economia baseada na queima de combustível. Não se alterará o ritmo de destruição da natureza, inclusive com risco de uma catástrofe climática global, sem aumentar impostos dos ricos para financiar novos modelos mais igualitários, sem mudança do padrão de consumo, da matriz energética e das estruturas de desigualdade social. A mística do mercado perfeito e do Estado mínimo aponta inevitavelmente para o caos. O setor privado já bateu no fundo de sua irresponsabilidade civilizatória; a dimensão pública ainda não assumiu a radicalidade de seu compromisso. Quando Trump, por exemplo, nega o aquecimento global, não se trata apenas de burrice, mas de um projeto.
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SEDPAC
Feita pra você. E para cada um de nós. direitoshumanos.mg.gov.br (31) 3270-3616
Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania
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MINAS
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Privatizações podem piorar Correios, bancos e educação MOBILIZAÇÃO Sindicatos promovem ações pela anulação de medidas anti-trabalhistas Sarah Torres
Correios A entrega dos Correios não está prevista no primeiro pacote de privatizações, mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG), ela deve ocorrer em breve. “O governo estuda a privatização total ou a abertura de capital, que é a privatiza-
Wallace Oliveira
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esde o dia 7 de setembro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) organiza um conjunto de ações para enfrentar as medidas do governo não eleito de Temer (PMDB). Em BH, sindicatos dialogam com a população, com um abaixo-assinado contra a reforma trabalhista e mobilizações contra a privatização. Em agosto, Temer anunciou a pretensão de entregar pelo menos 57 empresas públicas brasileiras para o capital estrangeiro. O programa atinge diversos setores, como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a Petrobras, os
Audiência pública discutiu a situação das universidades e institutos federais
Reformas vão diminuir a renda das pessoas
minuir renda – com a reforma trabalhista, da Previdência – pensamos num futuro próximo de miséria, de incertezas, sem condições estruturais e financeiras para fazer investimentos necessários”, prevê Jefferson Leandro, coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG).
bancos e até a Casa da Moeda, responsável pela fabricação do dinheiro no Brasil. “Quando se desnacionaliza toda essa estrutura do Estado, junto com a proposta de di-
Bancos públicos Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de Minas Gerais, Eliana Brasil, a privatização dos bancos vai
prejudicar a população como um todo. “Tudo o que foi feito para a população mais carente, como o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o financiamento da agricultura familiar, passou pelos bancos públicos. O que vemos hoje é o desmonte desses bancos”, avalia. Especialmente afetados são os bancários, com aumento de demissões e da pressão por produtividade, além do fechamento de agências, principalmente no interior.
Agenda de manifestações segue até outubro Como parte da Campanha de Defesa dos Serviços e dos Servidores Públicos, sindicatos promoveram uma série de atividades na última semana, como coleta de assinaturas para um projeto de iniciativa popular pela anulação da reforma trabalhista, audiências públicas para discutir a situação das universidades e institutos federais, formação política e um ato de rua na quinta (14), em Belo Horizonte. Está previsto um ato nacional no dia 3 de outubro, data do aniversário da Petrobras. A pro-
posta de movimentos, sindicatos e da Frente Brasil Popular é realizar uma mobilização unificada no Rio de Janeiro, na sede da empresa, e também protestos em todo o país contra a entrega do patrimônio público. A data está sendo chamada de “Dia de luta pela soberana nacional”. O ato também faz parte da programação do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que acontece de 1 a 5 de outubro, também no Rio de Janeiro.
Universidades não têm como pagar nem água ção parcial. A ECT, nesse sentido, estaria com os dias contados”, afirma o diretor do Sintect, Rubens Suelson. “O usuário sofreria com aumento das tarifas, como aconteceu com todos os serviços públicos que foram privatizados, e com o fim da distribuição domiciliária em todo o território nacional. Atualmente, até as menores cidades recebem correspondência. Por ser estatal e um serviço público universalizado, tem que estar acessível a todos os cidaMaxwell Vilela
dãos, mas, para uma empresa privada, isso não é considerado lucrativo”, explica Rubens. Universidades em risco Na terça (12), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública para discutir os cortes nos orçamentos das instituições federais de ensino. O evento denunciou o sucateamento proposital das universidades, o que tem gerado falta de pessoal, medicamentos, equipamentos em hospitais universitários, cortes em bolsas , dificuldades para custear despesas básicas, como água e energia, entre outras. “Estamos diante de algo mais grave. Os golpistas querem nos impor outro modelo de Estado, em que não cabe uma universidade no Vale do Jequitinhonha, em Teófilo Otoni. E quem sofrerá as consequências disso é a próxima geração, que não terá emprego, não terá formação. É um problema geracional”, disse Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT Minas.
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017 Larissa Costa / Brasil de Fato MG
OPINIão
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Mário Costa de Paiva Guimarães
Por democracia e coragem na gestão administrativa da UFU amentavelmente, a administração superior da L Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se ausentou da Assembleia Universitária do dia 5, convoca-
da pelas quatro entidades representativas, e que tinha o propósito de debater o caos que caracteriza a vida universitária após a política de destruição da educação superior pública promovida pelo governo golpista de Temer.
Se é machista, não é Justiça A Justiça e o direito, criadores das “regras” para se viver em sociedade, deveriam ser instrumentos de proteção dos oprimidos e injustiçados. No entanto, frutos de uma sociedade machista e opressora, reproduzem opressões sociais quando deveriam combatê-las. Quando um juiz entende que um homem ejacular em uma mulher no do transporte público não é constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça, nos faz questionar o quanto estamos inseguras (os) quanto às nossas proteções vindas do Estado. A reprodução, por parte da Justiça, de formas machistas de pensar, levam a atos muito mais graves. Quando, por exemplo, falamos em “cultura do estupro”, nos referimos à forma como a sociedade enxerga as mulheres e age de maneira violenta e abusiva. E o direito é um espaço que historicamente sempre foi ocupado por homens, as leis foram pensadas por homens e a aplicação delas também, inclusive as que dizem respeito à vida Leis foram das mulheres. Dessa forma, as mulheres não estão pensadas protegidas pela Justiça quando denunciam uma por homens agressão física, quando são violentadas na rua ou em casa, quando sofrem assédio no trabalho. Não são levadas a sério e são consideradas culpadas e não vítimas por essas aberrações sociais. Quando uma mulher ocupa um espaço que em outro momento não ocupava na sociedade, traz estranhamento. Pior que isso, muitas vezes, atribui-se sua atuação bemsucedida a fatores como beleza e sexualidade, ao invés de se reconhecer sua capacidade de pensar, construir e fazer parte do desenvolvimento humano. Precisamos nos desafiar diariamente, ainda mais nesse momento de retrocessos, a tomar os problemas para nós e cobrar decididamente das instituições o seu papel. Também precisamos, com a mesma firmeza, mudar práticas diárias de privilégios. Alex Sandra Maranho é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens e advogada popular.
Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior é da coordenação colegiada do SINTET-UFU
acompanhando
Alex Sandra Maranho
A Assembleia clamou por mais transparência acerca do futuro da gestão, do ensino, da extensão e da pesquisa. Foi unânime a defesa de que a UFU não deve retirar nenhum recurso da assistência estudantil, bem como foi consenso de que os rumos da gestão do Hospital Univer- Assembleia sitário devem ser discuti- Universitária dos em audiências públicas, pede mais uma vez que é de conhecimento geral que nem as transparência fundações privadas e nem a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que desmancha a estrutura de um Hospital Escola, são alternativas para a gestão do HC-UFU. A Assembleia Universitária também se posicionou contrária à criação de cursos lato sensu com cobrança de mensalidades, que simboliza a prática privatista desse ilegítimo governo. A Assembleia também frisou que é tarefa da gestão superior da UFU se posicionar contra a destruição da UERJ, da UFU e das demais instituições de ensino. Estamos, todas e todos na UFU, ansiosos por ver qual será o posicionamento da gestão superior da universidade e se ela cumprirá a tarefa histórica de construir os embates necessários em defesa da universidade pública-estatal, gratuita e de qualidade.
Na edição 196... Chavismo recebe a maior votação de todos os tempos ... E agora Maduro aumenta o salário mínimo em 40% e anuncia taxação de grandes fortunas O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apresentou aos deputados constituintes, na quinta (7), oito projetos de lei para superar a crise econômica no país. Entre as medidas anunciadas, Maduro pretende taxar grandes fortunas, investigar enriquecimentos ilícitos e tonar crime a sonegação fiscal. Além dessas propostas, Maduro anunciou algumas medidas imediatas, como o aumento do salário mínimo em 40%, que já está em vigor desde sexta (8).
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BRASIL
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
25 projetos atacam os povos tradicionais
Rafael Braga irá para prisão domiciliar
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xistem pelo menos 25 Projetos de Lei (PL) tramitando no Congresso Nacional que configuram ameaças aos direitos dos povos indígenas e quilombolas. É o que mostra um levantamento do site De Olho Nos Ruralistas, que foi baseado em informações de organizações como o Instituto Socioambiental (ISA). Entre eles estão o Marco Temporal, várias demarcações de terras, desocupações de terras homologadas, exclusões das propriedades de economia familiar, entre outros. Dez dessas medidas foram incorporadas na Proposta de Emenda Constitucional – PEC 2015 e, além disso, 24 foram suge-
ridas pela bancada ruralista. A pesquisa também revelou que a maioria dos parlamentares autores das pro-
postas responde a processos judiciais. Para ver todos os dados, acesse: www.deolhonosruralistas.com.br.
O ex-catador Rafael Braga, único condenado pelas manifestações de junho de 2013, recebeu um habeas corpus, nesta quarta-feira (13), que lhe garante o direito de cumprir prisão domiciliar. A decisão foi tomada por causa das condições de saúde de Braga, que está altamente debilitado por uma tuberculose contraída no presídio onde estava, no Rio de Janeiro. De acordo com o ministro responsável pela decisão, Rogério Schetti, o ex-catador só poderá se ausentar de sua residência para o tratamento da doença. A prisão de Braga, condenado a mais de 11 anos de prisão por portar 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um desinfentante é bastante criticada por movimentos populares, que classificam o caso como um exemplo da seletividade policial e do aprisionamento massivo de negros no Brasil.
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Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
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Lula reafirma inocência e é saudado por milhares em Curitiba JUSTIÇA Depois do segundo encontro com Sérgio Moro, o petista discursou e foi aplaudido por 7 mil apoiadores Leandro Taques
Da redação
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ex-presidente Lula (PT) foi a Curitiba na quarta (13) para prestar o segundo depoimento como réu na Lava Jato. Mais uma vez, o que poderia ser um dia triste na carreira do petista se transformou em festa e manifestação de carinho. Sete mil pessoas, a maior parte formada por integrantes de movimentos populares do interior do Paraná, demonstraram que confiam na inocência de Lula e apostam no retorno dele à Presidência da República em 2018. A voz rasgada do ex-presidente, legado dos 20 dias de caravana pelo Nordeste, não impediu que ele arrancasse os aplausos do público de Curitiba.
Os atos políticos foram convocados pela Frente Brasil Popular, que chamou o evento de 2ª Jornada de Lutas pela Democracia - para reforçar a ideia de continuidade em relação à 1ª Jornada, que reuniu 20 mil pessoas em Curitiba por ocasião do primeiro depoimen-
to de Lula, em maio deste ano. Depoimento Diante do juiz de primeira instância Sérgio Moro, o petista reafirmou que discorA
MAR DE LONA
da da maneira como a Lava Jato usa as delações premiadas para, segundo ele, exercer pressão sobre os investigados. Quanto ao objeto da ação penal, os vídeos demonstram que Lula não foi colocado diante de nenhuma evidência do suposto crime, e apenas reafirmou sua inocência no caso. O petista foi liberado pela Justiça Federal após duas horas de interrogatório, e depois fez um discurso em agradecimento aos militantes de várias partes do país. O pronunciamento Antes de criticar os métodos da Lava Jato, Lula ressaltou que irá a Curitiba prestar “quantos depoimentos forem necessários”. O ex-presidente acrescentou que respeita o Judiciário, mas pe-
Vídeos demonstram que não há nenhuma evidência de crime diu aos juristas a dignidade de pedir desculpas, quando o réu é inocente e sofre perseguição. “Ao invés de ficar nervoso, eu fico orgulhoso, porque depois de mais de dois anos investigando minha vida, gravando meus telefonemas, invadindo minha casa, ainda não encontraram uma única prova”, declarou. “Cometi um erro imperdoável para a elite: fiz com que durante 12 anos o salário mínimo aumentasse 84%”, disse.
GICA TV
Entenda o caso
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Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente de receber dois imóveis da empreiteira Odebrecht em troca de benefícios em contratos com a Petrobras. A suposta propina teria sido paga com um apartamento em São Bernardo do Campo e um terreno em São Paulo, para construção de uma nova sede para o Instituto Lula. Advogados criticam que o que pesa contra Lula não são provas documentais, mas sim, depoimentos concedidos sob pressão, em troca de uma redução de pena – as chamadas delações premiadas.
Próximos passos Após o depoimento dos réus, encerra-se a fase instrutória do processo, quando são produzidas as provas. Ambas as partes (acusação e defesa) serão chamadas a apresentar as alegações finais sobre o caso. Depois, o processo voltam às mãos de Sérgio Moro, responsável pela sentença em primeiro grau. Mesmo após a sentença, cabe recurso, e o caso deve ser encaminhado para julgamento em segunda instância no TRF-4, onde está Gebran Neto. Em 2016, a defesa de Lula entrou com um pedido de suspeição, dada a amizade entre os juízes, mas Gebran Neto se recusou a dar explicações.
Imensidão de barracos Após dez dias do início da ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a área já conta com mais de 6 mil famílias. Organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a ação se deu em um terreno de 60 mil metros quadrados que estava abandonado e não cumpria sua função social. Em seu perfil oficial do Facebook, o MTST afirmou que essa foto “é uma das maiores ilustrações da crise social no país”, mas que também expressa a esperança de um povo que resiste.
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MUNDO
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
As tragédias que a mídia escolhe noticiar IMPERIALISMO De forma seletiva, imprensa foca em cobertura de furacão nos EUA e esquece desastres no México e no Caribe Jorge Núñez / EFE
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
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o último fim de semana, o furacão Irma causou enorme destruição nos Estados Unidos e no Caribe, com um saldo atualizado até o fechamento desta edição de 81 mortes, sendo 43 nas ilhas caribenhas e outras 38 na Flórida (EUA), além de milhões de pessoas sem energia elétrica. No México, um terremoto de magnitude 8,1, o pior em 30 anos, devastou dezenas de cidades, deixando um rastro de mais de 100 mortos e milhares de desabrigados desde o último dia 7 de setembro. Se a força da natureza não fez distinção de estrutura, classe social ou renda das re-
Terremoto no México, que causou mais de 100 mortes, não ganhou mais de dois dias de cobertura
giões atingidas, o mesmo não se pode dizer da cobertura da mídia. Em uma rápida análise dos principais portais de notícia do país, percebe-se que cerca de 80% das manchetes fazem referência exclusiva aos efeitos do furacão, nos Estados Unidos.
A cobertura foi tão desequilibrada que emissoras como a TV Globo, por exemplo, deslocou equipes inteiras para acompanhar o antes, o durante e o depois da chegada do furacão Irma na Flórida. Já no Caribe, apenas breves imagens aéreas e pratica-
mente nenhuma cobertura in loco com os detalhes de como a tragédia atingiu populações inteiras. Já no caso do terremoto no México, a repercussão da tragédia não durou mais que um ou dois dias e e, mesmo assim, uma cobertura baseada em reportagens superficiais e imagens aéreas, com poucas entrevistas.
Para mesma atenção na mídia em relação à morte de um cidadão europeu em um desastre, é preciso que 91 pessoas na Ásia morram
Vidas que valem mais? Para que haja a mesma atenção na mídia em relação à morte de um cidadão europeu em um desastre natural, é preciso que 91 pessoas na Ásia morram em alguma tragédia. É o que revelou um estudo dos economistas Thomas Eisensee e DavidStrömberg, que analisaram a cobertura das quatro principais emissoras de TV dos EUA sobre mais de 5 mil desastres ocorridos entre 1968 e 2002. Uma das conclusões é que o destaque na imprensa varia de acordo com a causa e a origem da tragédia. Proporção semelhante sobre mortes que valem mais se dá entre cidadãos dos EUA e latino -americanos.
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Diálogo com servidores: isso não acontece na Secretaria de Fazenda A mais recente propaganda do governo de Minas na imprensa e na internet traz um novo slogan que assina os anúncios: “Governo de Minas. Diálogo, equilíbrio, trabalho”. Não é isso, entretanto, o que os servidores da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF/MG) têm vivenciado desde que os administradores deste governo iniciaram a gestão do órgão. Diálogo
Equilíbrio
Trabalho
A propaganda afirma que há diálogo com os servidores do Estado, mas o secretário de Fazenda e o subsecretário da Receita Estadual se negam a receber os sindicatos que representam as categorias da secretaria.
Equilíbrio pressupõe estabilidade, tranquilidade, e, infelizmente, o que os servidores da SEF/MG têm enfrentado são indefinições, estresse e problemas, principalmente, desde que o governo começou a atrasar e parcelar os salários em até três vezes. No mês passado, a terceira parcela só foi paga em 30 de agosto, praticamente o último dia do mês.
A gestão da SEF/MG não possui uma política consistente e efetiva de combate à sonegação de tributos e tomou várias medidas que só enfraquecem o Fisco, como o corte de 633 cargos de auditor fiscal e o fechamento dos últimos postos de fiscalização. Contraditoriamente, os administradores da Fazenda pedem empenho da categoria para levar adiante um programa de recuperação de dívidas tributárias que só premia sonegadores e desestimula o bom contribuinte, além de compromoter a receita para o futuro.
Todas as tentativas feitas por essas entidades até o momento para agendar reuniões foram postergadas, negadas e agora são ignoradas. Então, apesar de o slogan da campanha que elegeu este governo ter sido “Ouvir para governar”, na Secretaria de Fazenda, pelo menos, podemos dizer que ele não foi cumprido.
Para desequilibrar de vez a situação, há mais de um ano nem o próprio calendário de datas de pagamento é seguido. O secretário de Fazenda diz que vai quitar uma parcela em determinada data, mas isso não acontece, e ele não se preocupa sequer em prevenir os servidores de sua incapacidade de honrar com os compromissos que faz.
Independência
Responsabilidade
Luta
Como agentes públicos, os auditores fiscais podem e querem trabalhar melhor por Minas, mas a administração da SEF/MG não tem dado condições para que isso ocorra.
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ENTREVISTA
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“Michel Temer pode até tentar vender as usinas da Cemig, mas nós não vamos entregá-las” ENERGIA Sindicalista explica o que está em jogo no leilão de quatro usinas de Minas Gerais Rerpodução
Joana Tavares
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uatro usinas da Cemig, responsáveis por quase 50% da energia gerada pela empresa, podem ser vendidas, no dia 27, para empresas de capital estrangeiro. O impacto da perda desse patrimônio pode ser tão grande que foi criada uma frente em defesa da Cemig, que reúne desde trabalhadores do setor elétrico, atingidos por barragens, representantes das indústrias, do governo e da própria companhia. A ideia é lutar para adiar o leilão, garantindo a negociação e a conscientização da sociedade sobre o que pode significar essa empreitada. Além de colocar um setor tão estratégico nas mãos de empresas privadas, a venda das usinas pode impactar diretamente no valor das contas de luz dos mineiros, que ficarão responsáveis por garantir o lucro dos investidores. Confira a análise de Jefferson Silva, coordenador geral do sindicato dos eletricitários de Minas Gerais, o Sindieletro-MG.
Brasil de Fato - Como está a articulação da Frente Mineira em defesa da Cemig?
Jefferson Silva - A frente é composta por vários setores, como sindicatos, movimentos populares, Cemig, governo do estado, representantes da Fiemg. A última reunião, realizada no dia 12, foi positiva. Depois do encerramento do acampamento na usina de São Simão, discutimos as próximas movimentações. Será realizado um ato em Jaguara, no dia 15, e um ato dos juristas, no dia 18, na OAB. Também pensamos outras ações que viabilizem o cancelamento ou adiamento do leilão das usinas, tanto do ponto de vista jurídico como po-
ter prejuízo, a União teria que fazer um repasse, que nunca foi feito. Também temos a proposta de que o estado, ao reassumir as usinas, utilize a riqueza gerada, o lucro, para a população, através de um fundo social, que seria investido em saúde, educação, nos direitos dos atingidos, para a juventude, e outros. Por que as contas de luz dos mineiros podem aumentar se ocorrer o leilão?
Jefferson Silva: “União tem dívida de R$ 135 bilhões com Minas Gerais”
Quem vai pagar o custo de 11 bilhões das usinas será o consumidor, na conta de luz”
Quando o governo federal criou uma Medida Provisória para suspender a cobrança dos estados, condicionando que entregassem suas empresas públicas, o governo de Minas negou. Então, a União cobrou a dívida de R$ 88 bilhões, e o governo disse: reconhecemos esse valor, mas queremos também cobrar a
lítico. Continua marcada a data do leilão?
Ele está suspenso por liminar, mas o Ministério Público Federal possivelmente vai derrubá-la e manter a data de 27 de setembro. Queremos suspender o leilão para ganhar prazo e investir na negociação, que é a única alternativa para garantir que essas importantes usinas não sejam privatizadas. Qual seria a solução?
Estamos colocando para o governo do estado e para a Cemig uma alternativa real e concreta, que é colocar o valor de R$ 11 bilhões – que é o valor de outorga das usinas - dentro do “encontro de contas”, que é relacionado à dívida que o estado tem com a União e à dívida que a União tem com Minas Gerais.
Não podemos admitir que uma empresa privada tome conta de um setor tão estratégico” dívida que a União tem com o estado, que é de R$ 135 bilhões. Com essas contas, Minas Gerais tem um saldo de cerca de R$ 47 bilhões, que daria para compor, com folga, o valor de outorga das usinas. De onde vem essa dívida da União com o estado de Minas?
É fruto da lei Kandir, de 1996, em que a União isentou os setores exportadores de commodities de impostos estaduais. E para o estado não
O governo federal já estipula para o leilão o valor de tarifa, que é de R$ 142 por cada megawatt/hora de energia gerada. Vamos pegar o caso de Belo Monte para fazer um comparativo. O valor da tarifa para aquele leilão era de R$ 81. Esse valor já inclui os custos de operação, manutenção, responsabilidades fiscais, o investimento do custo da barragem, entre outros. Para o caso das quatro usinas da Cemig, o valor está mais alto, e para usinas já depreciadas, cujo valor de investimento - o custo de construção - já foi pago na primeira concessão. O valor de R$ 142 é para garantir aos investidores que quem vai pagar o valor das usinas – os R$ 11 bilhões – vai ser o consumidor de energia elétrica, na conta de luz. Qual o argumento do governo para fazer esse leilão? Seria para resolver problemas de curto prazo do orçamento?
É um projeto entreguista. Estão desnacionalizando todos os ativos do país. A privatização não está envolvendo só as quatro usinas, mas a Eletrobras, Furnas, os Correios, Petrobras, bancos, e outros tantos. É a entrega do patrimônio público para o setor privado, e prioritariamente para estrangeiros. A receita,
o lucro, que poderia estar girando na economia interna, vai para fora do Brasil. Não tem argumentação do governo federal que justifique a privatização, nem a incorporação dos R$ 11 bilhões para superar alguma dívida, já que o próprio governo tem isentado banqueiros, empresários e outros setores, de impostos, em valores que já ultrapassam R$ 104 bilhões.
Governo do estado pode recuperar usinas no encontro de contas com a União” Por que privatizar a energia é um problema?
O valor que a gente paga na conta de luz já paga todo o custo de produção, e ainda gera muito lucro. Uma empresa privada vai tentar aumentar essa margem. Como? Reduzindo o custo operacional, ou seja, demitindo trabalhadores, diminuindo salários, contratando terceirizados sem treinamento necessário; reduzindo o custo de manutenção preventiva, colocando as máquinas, os geradores, no limite, que podem dar alguma pane a qualquer momento; e aumentando a tarifa de energia. Não podemos admitir que uma empresa privada tome conta de um setor tão estratégico. A sociedade tem que se movimentar contra isso e não permitir. Estamos dizendo em todos os espaços de que participamos: Michel Temer pode até tentar vender as usinas, mas nós não vamos entregá-las.
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CiÊNCIA, COISA BOA! E aí, tá certo ou não?
Amiga da Saúde Tenho problema com caspa e no frio piora muito. Por que isso acontece? O que fazer para controlar? Juliana Gonçalves, 39 anos, cozinheira.
“D
ieta rica em gorduras aumenta longevidade, diz estudo”. Ué, não era o contrário? Não é raro nos depararmos com notícias como essa, em que algo que sabíamos é desmentido. E logo estamos a xingar os pesquisadores, que nunca se decidem sobre o que é bom ou ruim afinal, não é mesmo? Acontece que essa é uma das características mais legais da ciência! Ela está sempre aberta à dúvida. Algo que hoje é verdadeiro, amanhã, a partir de uma descoberta ou nova teoria, pode ser revisto. Por exemplo, em 2015 um grande experimento sobre ondas gravitacionais colocou em xeque a Teoria da Relatividade de Einstein. Se as tais ondas fossem detectadas por um moderno aparelho (chamado interferômetro), Einstein estaria correto; se não fossem, a teoria de um dos maiores nomes da física precisaria ser revista. Certamente muito do que entendemos e acreditamos hoje daqui a um tempo será superado. E isso é ótimo! Mostra que as ideias da sociedade estão em constante movimento. Mostra que o que é não será assim para sempre. Quando a ciência surgiu, essa postura trouxe muitos problemas. Até o século 16, algo era considerado verdadeiro a partir do parâmetro da autoridade. Algo era certo porque Para a ciência, o que alguém importante falou, ou porestá escrito em algum lugar imé não será assim para que portante. E ponto final. sempre Ao peitarem as autoridades da época, os primeiros cientistas abriram uma nova era para a humanidade. No lugar do dogma e da tradição, a observação e a experimentação. Imagine se os pesquisadores das ondas gravitacionais respeitassem tanto Einstein a ponto de serem incapazes de testar suas hipóteses, de duvidarem do que ele previu? Isso tornaria impossíveis novas descobertas e tecnologias. Então a verdade é inalcançável, e estaremos sempre errados? Não. A verdade está ao nosso redor, na realidade que nos cerca. A cada nova descoberta, conhecemos partes dessa verdade, e estamos sempre avançando para conhecê-la mais e mais. No final das contas, as tais ondas gravitacionais foram detectadas (vindas da colisão de dois imensos buracos negros), o que fez com que a teoria de Einstein saísse fortalecida. E isso nos possibilita seguir mais firmes na direção do entendimento dos fenômenos mais complexos do universo. Para descobrir os segredos mais escondidos. Portanto, quando você ouvir que cientistas discordam, não se chateie. É apenas o trabalho deles. Um abraço e até a próxima!
Renan Santos, professor de biologia da rede estadual de MG
Querida Juliana, a caspa (ou dermatite seborreica), é uma descamação excessiva do couro cabeludo, acompanhada de aumento da oleosidade da pele. Esse problema não tem causa exata conhecida, por isso é difícil encontrar uma fórmula totalmente eficaz para resolvê-lo. No inverno a caspa costuma incomodar mais porque o clima frio e seco favorece o seu aumento. Além disso, costumamos ficar mais
tempo sem lavar os cabelos, o que propicia piora da oleosidade capilar. Para o tratamento, existem alguns shampoos. Entretanto, medidas simples como lavar os cabelos mais vezes na semana, evitar deixar creme em contato com o couro cabeludo e evitar banhos muito quentes podem ser bastante eficazes. Caso o problema se agrave, com lesões no couro cabeludo, é importante procurar ajuda médica.
Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos Seu nome no SPC, e agora? A inclusão do nome no SPC – Serviço de Proteção ao Crédito é frequente no dia a dia do consumidor. Mas, quando a anotação nos cadastros do SPC é indevida, mesmo existindo dívida, o consumidor tem garantido seu direito à indenização por dano moral. Pela lei, é proibido incluir no cadastro do SPC a pessoa que não foi informada com antecedência. Se o consumidor renegocia a dívida, seu nome deve ser retirado do cadastro assim que realizar o pagamento da primeira parcela. O prazo para que o nome per-
maneça em cadastro de negativados é de cinco anos, contados do dia seguinte ao vencimento do débito. Dessa forma, havendo a anotação indevida, o consumidor pode entrar com uma ação de indenização por danos morais. Nestes casos é recomendável levar pessoalmente todos os documentos pessoais e comprovantes da causa no Juizado Especial da sua cidade. Para saber se está negativado no SPC, a primeira coisa que você deve fazer é consultar seu CPF, pela internet ou pessoalmente.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
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13 VARIEDADES 13
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Ingredientes • • • • • • • •
½ unidade de frango inteiro; 3 colheres de chá de sal; 10 unidades de pequi; 2 ½ xícara de chá de água; 1 unidade pequena de cebola; 4 dentes de alho; 1 ¼ xícara de chá de arroz; 1 folha de louro.
Modo de Preparo 1.Cortar o frango em pedaços e retirar a pele; 2.Temperar com metade do sal e assar em forno médio (180 °C) por 30 minutos; 3.Lavar o pequi e cozinhar em água fervente por 20 minutos; 4.Reservar a água da cocção; 5.Em uma panela, dourar o frango sem acrescentar o óleo; 6.Acrescentar a cebola e o alho picado. Adicionar o arroz e cozinhá-lo com a água de cocção do pequi. Adicionar o sal, o louro e o pequi e cozinhar por 40 minutos ou até que o arroz fique macio.
Pequi O pequi é habitualmente consumido pela população do Cerrado, e está profundamente enraizado na cultura e culinária regional, sobretudo na cultura indígena. Como a semente leva um longo tempo para germinar, a colheita tem de ser feita de forma sustentável, com árvores de substituição cuidadosamente plantadas para manter o fornecimento. Por isso, os indígenas lutam pelo seu direito ancestral de acesso ao pequizeiro em terrenos públicos ou privados, cercado na terra ou não. O pequi sempre foi “acessível” à sociedade regional. No entanto, desde os anos 60, devido à exploração madeireira e instalação em larga escala de plantações de eucalipto, o pequi e tudo o que ele representa estão sob ameaça. * Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
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• Não tente SEGURAR o bebê sempre que ele for CAIR, a menos que isso represente algum PERIGO.
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Por volta dos 8 meses, o BEBÊ começa a ficar de pé SOZINHO, apoiandose em PAREDES e móveis. Lá pelos 10, já começa a ANDAR sem ajuda. Mas o que fazer para ajudá-lo a ficar mais CONFIANTE e ter mais coordenação nesta FASE? Veja algumas dicas:
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Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Poesia marginal, a vida em verso
Amélia Gomes
A
s histórias, vivências e experiências dos moradores do Aglomerado da Serra, na região Sul de BH, relatadas em verso e prosa. Essa é a proposta do livro “Viva em Verso”. Escrito a 27 mãos, a obra traz diversas poesias dos moradores da comunidade e também de outras regiões periféricas de BH. A iniciativa surgiu dos próprios moradores, em parceria com a organização Família Rumo Certo Hip Hop e com o coletivo Lá na Favelinha, em 2015. A ideia inicial era algo mais simples: organizar poesias e vender as impressões pelas ruas de BH. Com o passar do tempo, a proposta amadureceu, ganhou corpo, ilustrações e 64 páginas. Para Samora Nzinga, um dos 27 escritores, a consolidação do livro, por si só, já é algo para comemorar. “A ideia, produção e concretização do livro já é revolucionário. Não é algo comum a galera da pe-
riferia escrever poesia, muito menos organizar e publicar um livro”, comenta.
Não é comum a galera da periferia escrever poesia, muito menos publicar um livro”, diz organizador Memória O livro é também uma homenagem a Mano Betto, escritor, compositor e um dos autores da obra. Poeta da rua do Bosque, Mano Betto foi um dos primeiros a participar da iniciativa. Enviou poemas e também ajudou no processo de construção do livro. Em 2015, com apenas 26 anos, Mano Betto faleceu, mas a sua obra segue viva nos versos do livro. “Foi muito forte e muito doloroso para todo mundo. E aí nós decidimos transformar essa iniciativa em uma home-
Literatura em BH
Festival Cenas Curtas Divulgação
nagem para ele, que escreveu várias músicas, várias poesias, mas não teve sua obra divulgada. Porque a pessoa não desaparece, a obra dela, sentimentos e lembranças continuam vivas”, declara Samora. “Viva em Verso” foi lançado em abril deste ano e está à venda, a preço popular, em vários locais de BH. Do valor arrecadado com a venda, 50% vai para a família de Mano Betto, que deixou uma filha de 10 anos. O restante é destinado para os outros autores do livro e para a produção da obra.
A biblioteca do PlugMinas também
pode homenagear o artista. A escola está com uma votação aberta para escolher o nome da PlugTeca. Dois autores da literatura mineira e periférica participam da votação: Carolina Maria de Jesus e Mano Betto. Quem quiser conhecer mais a história dos escritores e participar da votação basta acessar: plugminas.mg.gov.br
A segunda edição do Festival Literário Internacional (FLI) acontece entre os dias 14 e 17 de setembro, na capital mineira. Com a proposta de valorizar a literatura e incentivar a leitura, a programação é recheada de oficinas, saraus, recitais, leituras, debates e lançamento de livros. O tema escolhido, “Vozes de todos os cantos”, pretende romper com as divisões entre centro e periferia e provocar a troca de experiências entre diferentes sujeitos. O evento é gratuito e acontece no Centro de Referência da Juventude, na Praça da Estação.
Acontece até domingo (17), a 18ª edição do Festival Cenas Curtas em Belo Horizonte. Idealizado pelo Galpão Cine Horto, desta vez o evento não traz somente um tema, mas vários assuntos relacionados a questões sociais, raciais, LGBT e ao feminismo, que serão tratados em teatro de palco e de rua. A programação ainda conta com intervenções artísticas e festivas, denominadas “Rolês”, debates, Feira da Benfeitoria e uma festa de encerramento. Para mais informações, acesse: galpaocinehorto.com.br
Imagina juntas
Em contagem regressiva para o fim da campanha de arrecadação para o projeto Mulheres Cabulosas da História, o Levante Popular da Juventude realiza a festa “Se juntas já causa, imagina juntas”. Além de uma exposição de fotografias, o evento conta com apresentação musical de Bruna Gavino, da Charanga Feminista e da DJ Babi Bowie. A drag Layla Vougue também vai agitar a pista de dança. Será no sábado (16), na Casa do Jornalista (Rua Álvares Cabral, 400, Centro de BH) e a entrada é gratuita.
Festival de Filmes em Uberlândia A mostra de filmes organizada pela Associação Filmes de Quintal ocorre entre os dias 23 e 26 de setembro, com entrada gratuita. No sábado (23), a exibição ocorrerá às 19h30 no MUnA, praça Cícero Macedo, número 309. Na segunda (25), às 19 h, no auditório 5O- C do campus da UFU será exibido o premiado filme nacional “A cidade onde envelheço”.
Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017
Olimpíadas foram, corrupção ficou!
ESPORTE
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DECLARAÇÃO DA SEMANA
Daniel Brasil
Não é fácil jogar um torneio e ter sempre alguém fazendo comentários a respeito do seu corpo” Serena Willians, uma das melhores jogadoras da história do tênis, comentando as diferenças de tratamento entre mulheres e homens no esporte.
Curta e Grossa Núbia Tortelli
A voz feminina no futebol Divulgação / Grupa
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o ano de 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. As Olimpíadas já ocorreram. A próxima será em Tóquio, no Japão, em 2020, mas o assunto da Rio 2016 ainda não acabou. O Ministério Público Federal anunciou uma investigação sobre compra de votos para que o Rio fosse sede. Ou seja, parece que o Rio não foi escolhido por ser a “cidade maravilhosa” ou porque “continua lindo”, e sim porque rolaram malas e malas de dinheiro público para pagamento de propina. Para a Procuradoria da República, o empresário Arthur Soares teria realizado um pagamento de 2 milhões de dólares para Papa Diack, filho do presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack. O responsável por viabilizar essas relações seria o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman que, depois da escolha, passou também a ser o presidente Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Já o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), teria recebido cerca de 10 milhões de dólares para que, em troca, repassasse contratos públicos bilionários para empresas de Arthur Soares. Você tem críticas, comentários, sugestões?
ESCREVA PARA NÓS esportemg@brasildefato.com.br
Nina Rocha Quando um juiz apita o início de uma partida e 22 jogadores dão o melhor de suas habilidades técnicas e condicionamento físico para fazerem um gol, enquanto a torcida entoa os seus hinos, o som que ecoa no campo é um: a voz que prevalece no futebol é masculina. Mas isso não significa que nós estejamos caladas. Em um grito abafado pelo machismo, que diz que nosso lugar não é no estádio, não estamos pedindo nada extraordinário. Queremos ser tratadas como de fato somos: torcedoras apaixonadas pelo nossos times, querendo que seu lugar no estádio - e fora dele - seja respeitado. Estamos cansadas de ser tratadas como enfeites. Não somos objetos de decoração. Não somos corpos que estão ali para servir de manequim para a nova camisa do clube. Não escolhemos nosso clube com base na escolha de namorados. Queremos usar shorts nos dias quentes e dispensar a preocupação ao sair do estádio sozinhas. Vamos juntas ao campo e queremos um ambiente livre de preconceito e assédio. Sonhamos poder falar que gostamos de futebol e não sermos questionadas sobre o que é um impedimento ou a escalação do nosso time, décadas antes de sequer termos nascido. De um manifesto por um deslize machista na apresentação de um uniforme a um grupo de amizade e acolhimento que está sempre presente nos jogos, a Grupa reivindica que o espaço da mulher no estádio seja seguro e sem preconceitos. Somos muitas. Somos professoras, jornalistas, advogadas, artistas. Mas acima de tudo, somos atleticanas. Estamos aqui e não vamos nos calar. E sabemos que o nosso grito juntas é mais forte, seja para dar as broncas necessárias ou apoiar o time que amamos como qualquer outro torcedor. Nina Rocha é integrante da Grupa
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Belo Horizonte, 15 a 21 de setembro de 2017 Ricardo Stuckert / CBF
ESPORTES
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Brasil pega Austrália em clima de revanche m amistoso no sábado (16), a Seleção Brasileira feminina de futebol encara a AusE trália no Pepper Stadium, em Sydney. Na última vez em que as duas seleções se enfrentaram, no Torneio das Nações, mês passado, as australianas golearam as brasi-
leiras por 6 a 1 e ficaram com o título da competição. A Austrália também foi algoz do Brasil no Mundial feminino de 2015. Já em 2016, o Brasil revidou a eliminação no Mundial, vencendo as rivais nas quartas de final dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no Mineirão.
Gol de placa O PSG venceu o Celtic em Glasgow por 5 a 0. Show de Neymar! Já o Barcelona se impôs no Camp Nou contra a Juventus por 3 a 0. Espetáculo de Messi! Neymar e Messi provavelmente farão tremer o futebol europeu este ano. Vamos esperar!
Gol contra A Operação “Unfair Play” chegou até Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. A Polícia Federal apreendeu em sua casa quase 500 mil reais. Os votos a favor da candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos teriam sido comprados por Nuzman.
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