Edição 203 do Brasil de Fato MG

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Divulgação

ESPORTES

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CULTURA

Tudo pelo estádio?

Casa da Árvore ameaçada

Atleticano torce para que Terreiro do Galo dê certo, mas questiona acordos para viabilizar projeto

Prefeitura quer pôr no chão a moradia, os livros, o convívio. Domingo (24), local recebe atividades de apoio

Minas Gerais

Larissa Costa / Brasil de Fato MG

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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017 • edição 203 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg Divulgação / Prefeitura de Contagem

Ameaça ao terceiro maior reservatório de água da RMBH

A lagoa de Vargem das Flores, localizada entre Contagem e Betim e que abastece quase 500 mil pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, corre o risco de secar por conta de alterações no Plano Diretor de Contagem. A prefeitura quer transformar a área rural responsável por preservar as 500 nascentes do local em território urbano. Ativistas, ambientalistas e movimentos argumentam que a mudança poderia, a longo prazo, acabar com a água e com as espécies de plantas e animais da região. Eles também denunciam que o objetivo da medida seria favorecer grandes proprietários de terra I CIDADES

ENTREVISTA

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OPINIÃO

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BRASIL

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Ditadura da informação

Não se cura o que não é doença

Calar Jamais

Onde há monopólio da mídia, não há democracia. Para pensador da comunicação, golpe piorou a situação, conduzindo o Brasil a um estado crescente de censura

Quem vai livrar o país da homofobia? Em artigo, Associação LGBT repudia decisão que trata como distúrbio o livre direito à orientação sexual

Campanha do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação reúne denúncias de violações à liberdade de expressão no Brasil


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Editorial | Brasil

Onda conservadora

ESPAÇO dos Leitores

Vivemos um momento no Brasil em que todos os dias precisamos enfrentar mais uma perda de direitos. Ao mesmo tempo, nos deparamos com aqueles que sempre se sustentaram com o sacrifício do povo se safando das “roubalheiras”, como é o caso do senador Aécio Neves. Tempos ainda mais difíceis com o aumento do conservadorismo, que se traduz, especialmente, no aumento da violência contra as mulheres e contra a juventude negra, que se explicita no aumento do índice de feminicídios e de assassinatos de jovens negros. O avanço conserva-

homossexualidade uma doença em 1985, cinco anos antes de a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirá-la da lista do CID (Código Internacional de doença), em 1990. Até essa data, a homossexualidade era considerada um transtorno mental. É para um retrocesso dessa magnitude que abre brecha essa decisão equivocada do Judiciário no Distrito Federal.

É preciso construir a manhã desejada

“Queria fazer!” João Neto comenta a matéria do colaborador Leandro Aguiar “Lideranças do Candomblé, Umbanda e Reinado lecionam disciplina sobre religiosidade” “Parabéns, acompanho sempre as notícias no jornal quando estou em BH e no facebook quando estou no interior” Iracema Carolina escreve sobre os 4 anos do jornal. Acompanhe você também as notícias pelo facebook/brasildefatomg “Saudações libertárias ao Brasil de Fato neste aniversário de quatro anos. Criança prodígio, popular. Misturado e junto. Reinventando um novo jeito de manter a informação com ética e, sobretudo, o Brasil de Fato tem um lado. Repito, como Paulo Freire, que dizia ‘reconheço a realidade, os obstáculos, mas me recuso a acomodarme em silêncio ou simplesmente tornar-me um eco macio, envergonhado ou cínico do discurso dominante’. O Brasil de Fato é esse jornal que mantém o passo do povo e o caminho da libertação” Lindalva de Jesus Macedo escreve sobre o aniversário. Acompanhe mais recados em: brasildefatomg.com

Congresso sustenta conservadorismo dor também assume a face da intolerância contra as diferenças religiosas, como é o caso da criminalização das manifestações das religiões de matriz africana, a exemplo dos últimos acontecimentos no município de Santa Luzia. Mais recentemente há, por meio do Judiciário, o retorno de questões que nos pareceriam já superadas como, por exemplo, a possibilidade de considerar a homossexualidade uma doença. Nesta semana, um juiz do Distrito Federal conferiu uma liminar favorável aos profissionais psicólogos que acreditam que é possível “tratar” (ou “curar”) a homossexualidade. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a

Ocupações e cultura são sinais de esperança É nessa “onda” conservadora, com forte sustentação no Congresso Nacional, que existem inúmeros projetos de lei que procuram restringir e/ ou retirar determinados direitos sociais e civis já conquistados. O atual Congresso Nacional explicita cada dia mais seu caráter conservador e contrário ao povo e a todos e todas aqueles e aquelas que possuem seus direitos violados em nosso país. E apesar de tanta violência e arbitrariedade ainda podemos respirar com os sinais de esperança, a exemplo das recentes ocupações urbanas em Belo Horizonte, do circuito de arte e cultura da reforma agrária que acontece em várias regiões do estado, e tantas outras resistências do povo que não foge da luta e constrói por suas mãos a manhã desejada.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Até dia 30 de setembro, em caráter experimental, o metrô de Belo Horizonte funcionará das 5h da manhã à meia-noite. Antes, as estações fechavam às 23h. A ampliação do horário pode ser aplicada em definitivo. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

O que você pensa sobre a mudança no horário do metrô?

Eu acho que tem que ampliar o horário, porque muita gente trabalha até mais tarde, como eu já trabalhei. Às vezes, a gente saía meia-noite e meia e não tinha ônibus. O meio mais viável é o metrô. Camila Cândido, desempregada

Eu acho que seria muito bom o horário por mais tempo, muitas pessoas utilizariam. Eu moro perto do ao zoológico, na Pampulha. Seria bom ampliar a cobertura do metrô também. André Júnior, motorista

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

GERAL

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Declaração da Semana Só a agroecologia pode colocar comida no prato de todo mundo. Transformar o agricultor familiar no mais próximo possível da produção orgânica é mais fácil do que convencer os grandes monocultores, que não nos dão alimento, mas ração” Disse a chef de cozinha Bel Coelho, durante o Congresso de Agroecologia 2017, que aconteceu em Brasília, entre os dias 12 e 15 de setembro. Divulgação

#BOMBOUNAREDE Divulgação

Justiça autoriza o tratamento da homossexualidade PASSOS ATRÁS Após a Justiça Federal do Distrito Federal tomar a decisão que deixa os psicólogos livres para oferecer tratamentos contra a orientação sexual das pessoas, os internautas não perdoaram e “pisaram” nesse retrocesso. Um deles tuitou “me aposentando, pois estou sofrendo de homossexualidade crônica”, outro simulando um diálogo declarou, “mãe não vou pra aula hoje / Por que filho? / Acordei meio gay”. O Conselho Federal de Psicologia criticou a liminar e afirmou que vai recorrer na Justiça. Desde 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade como doença.

Os benefícios da taioba

A taioba é considerada uma planta alimentícia não convencional e tem ganhado cada vez mais a mesa dos brasileiros. Pouco comercializada, é encontrada em hortas caseiras, geralmente em ambientes úmidos. Sua folha verde escura tem formato de coração, sabor semelhante ao da couve e pode ser aproveitada desde a folha até o caule. Do ponto de vista nutricional, o vegetal é rico em ferro, cálcio e potássio. O fortalecimento do sistema imunológico e o combate à anemia são alguns dos benefícios do consumo da taioba para a saúde.


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CIDADES

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Terceiro maior reservatório de água da RMBH pode secar VARGEM DAS FLORES Prefeitura de Contagem quer transformar em urbana área rural responsável por preservar nascentes Divulgação / Prefeitura de Contagem

Raíssa Lopes

“U

m santuário de riquezas naturais / O que será da nossa flora, pra onde vão os animais? / Muitas nascentes com certeza vão secar / Se não preservar agora, não teremos água mais”. Esses versos fazem parte de uma música composta por ativistas e cidadãos que se mobilizam pelo terceiro maior reservatório de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), conhecido como Vargem das Flores. O local é uma bacia hidrográfica e uma Área de Proteção Ambiental (APA), que está situada nos municípios de Contagem e Betim e corre o risco de acabar por alterações no Plano Diretor de Contagem. A proposta do atual prefeito do município, Alex de Freitas (PSDB), sugere transformar a área rural em área urbana, com instalação de indústrias e empreendimentos imobiliários de grande porte. Moradores contrários ao projeto defendem que as mudanças podem destruir matas responsáveis pela manutenção das águas das nascentes, o que poderia ocasionar a seca do reservatório e a destruição das plantas e da fauna da região. A nova medida foi proposta em julho, no Conselho Metropolitano da RMBH, e não foi aprovada devido a protestos da população. No momento, ela segue em debate. Quem dá mais detalhes é a deputada estadual e ex -prefeita de Contagem, Marília Campos. “Na região, temos dois tipos de captação de água. Ou pegamos diretamente dos rios ou então pelos reservatórios, que funcionam como uma reserva, que

Além de ser um local de lazer para a população, região das águas também abriga várias espécies de animais

Com 500 nascentes, a Vargem das Flores abastece 10% dos municípios da RMBH é a Vargem das Flores. A primeira forma não está sendo suficiente, porque já estamos há muitos dias sem chuva, com os rios secos. Ou seja, o abastecimento já está prejudicado. Funcionamos agora com apenas 40% da capacidade. Se comprometermos os reservatórios, iremos vivenciar uma crise hídrica terrível”, antecipa. Com 500 nascentes, a Vargem das Flores chega a abastecer 10% dos municípios localizados ao redor da capital mineira, atendendo a quase 500 mil pessoas, além de interferir diretamente na vida daqueles que moram perto das águas. É o caso de Cristina Campos, professora de história que mora há mais de 50 anos em Contagem e há 24 tem uma chácara nas proximidades do reservatório. Ela conta que contagenses e visitan-

tes, principalmente os de baixa renda, costumam utilizar a área para lazer. Lá acontecem cavalgadas, trilhas de bicicleta, caminhadas, piqueniques, brincadeiras, entre outras atividades. Para a docente, a beleza natural e as variadas espécies de animais poderiam fazer do turismo uma importante ferramenta para geração de emprego e renda. “Outra questão é que a prefeitura quer levar os bairros pra lá. Se for ocupar toda a região dessa forma, é possível adensar 900 mil pessoas. Ou seja, nossa população vai dobrar. Consequentemente,

as redes de saúde, de educação e de transporte também têm que ser dobradas. Aumentam as pessoas e diminui a água. Os impactos não serão sentidos agora, não serão contornados pelo prefeito de hoje, mas no futuro alguém vai ter que dar a resposta, corrigir erros”, salienta. Especulação imobiliária Tanto Marília quanto Cristina rebatem a justificativa da prefeitura, que afirma que a industrialização seria necessária para o desenvolvimento econômico da cidade. Elas chamam a atenção

para a existência de terrenos de grande extensão que já foram destinados às empresas, mas que, contraditoriamente, estariam desocupados e improdutivos. De acordo com os relatos, são galpões e centros industriais vazios, inclusive, uma área de um 1,3 quilômetros quadrados sem função. Elas ainda ressaltam que as mudanças no Plano Diretor estariam sendo feitas para beneficiar os grandes donos de terras. “A propriedade urbana vale muito mais do que a rural. O que eles querem é valorizar os terrenos. Muitos deles são de vereadores, deputados e do empresariado”, pondera Marília. Segundo Cristina, imobiliárias já estariam fazendo contato com moradores para propor a compra de suas casas.

Mudanças no Plano Diretor de Contagem beneficiariam grandes donos de terras Reprodução

Associação de Proteção e Defesa das Águas de Vargem das Flores protesta no Grito dos Excluídos contra projeto


Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

CIDADES

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O surgimento de uma nova Pampulha AMBIENTE Região de BH também já foi ponto de captação e distribuição de água, o que acabou depois de ocupação desordenada Reprodução

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aurício Cassim é ambientalista e acompanha o projeto Manuelzão, da UFMG. Ele considera que, além do risco de secar as nascentes e a represa, a urbanização poderia transformar Vargem das Flores em uma “nova Pampulha”. No início da década de 1970, o ponto turístico de Belo Horizonte era usado para captação e distribuição de água. Devi-

Sistema de Paraopeba é fundamental quando água está comprometida no Rio as Velhas

Com mais ocupação e mais esgoto, qualidade da água piorou e Pampulha perdeu capacidade de abastecer BH

do ao processo de ocupação com menos água e mais esgoto chegando na lagoa, maior população e divisão dos terrenos, a qualidade da água piorou e a Pampulha perdeu a capacidade de abastecer a cidade. O sistema de Paraopeba,

que engloba Vargem das Fores, Serra Azul e Rio Manso, atua também quando a água está comprometida no Rio das Velhas, que atualmente sofre com o tempo seco. Maurício acredita, ainda, que o problema deve ser resolvido com união do Esta-

do, prefeituras, empresas de água e a partir de uma decisão técnica, que considere os diversos fatores. Prefeitura contesta A Prefeitura de Contagem, por meio do Diretor do Departamento de Controle Am-

biental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marcos Botelho, disse que as discussões para transformar a área da represa teriam surgido a partir de queixas da população, que estaria insatisfeita com a fragilidade da fiscalização da zona rural. A administração alega também que discutiu com os moradores formas de ocupação dessas áreas, e que sugeriu a criação de empresas com “baixo índice de impacto ambiental” de “desenvolvimento sustentável”. Ainda sem data para ser analisado, o projeto deve passar pelo Conselho Municipal de Contagem e pela Assembleia Legislativa. (Raíssa Lopes)

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MINAS

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Opinião

A sombra do bigode de Hitler João Paulo Cunha O Brasil caminha para o fascismo. Até pouco tempo atrás, o conservadorismo, a direita e os reacionários se movimentavam na arena política, mas valia uma certa segurança em relação à maturidade da democracia. Tudo parecia conduzir para um confronto a ser vivido publicamente no debate de ideias e nas disputas políticas no coração da sociedade. Hoje, desfeito o cenário otimista, não faltam nem mesmo as figuras patéticas da ultradireita. A construção do caldo fascista pode ser percebida por ações políticas, culturais, administrativas e ideológicas. Como é próprio do fascismo, são atitudes que radicalizam o pensamento de direita, antiliberais e anti-igualitários. Se a direita é o gênero, o fascismo é a espécie. Essa distinção é importante para não permitir que sob a capa de certo liberalismo tolerante com o horror, se validem ações que inviabilizem a democracia. A direita, do

Os fascistas usam a liberdade de defender suas ideias para exterminar a ideia de liberdade ponto de vista da esquerda, é adversária. O fascismo, sob qualquer medida civilizada, é sempre inimigo. Por isso é importante estar atento aos sinais que brotam dos mais diferentes campos. Os fascistas usam a liberdade de defender suas ideias para exterminar a ideia de liberdade. É o que estamos acompanhando com a sequência cada vez mais intensa de censura no campo artístico, encaminhada por grupos com interesses políticos reacionários, como o MBL. Fechamento de exposições, retirada de obras de mostras, cancelamento de apresentações teatrais por censura religiosa e criminalização de expressões artísticas populares.

Três motivos para lutar pela igualdade racial: O passado, o presente e o futuro. direitoshumanos.mg.gov.br

São moralistas e, no limite, fascistas, ações que se dirigem para impedir a autonomia do professor no ato de ensinar e a retirada de conteúdos críticos dos currículos, como propõe a escola sem partido. Vai no mesmo caminho a retomada do projeto da “cura gay”, defendido por setores ligados à bancada evangélica, que tenta pressionar entidades de classe. E, ainda, a interrupção dos programas voltados para usuários de drogas a partir da busca de alternativas e criação de oportunidades. Em nome do higienismo que “limpa” territórios para a especulação imobiliária. Até mesmo o afastamento político das Forças Armadas durante a crise, que foi considerado como argumento para desconstruir a narrativa do golpe, começa a mudar. Os militares, que já foram a vanguarda do atraso, hoje assumem a retaguarda do golpe. O “não passarão!” não pode esperar até as eleições. Eles já estão passando.

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MINAS GERAIS PROMOVENDO A IGUALDADE RACIAL: POR NENHUM DIREITO A MENOS. DIAS 29 E 30 DE SETEMBRO E 1º DE OUTUBRO A Conferência vai construir o Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial, um meio institucional de promover o desenvolvimento econômico, social e cultural da população negra e de assegurar a sua participação na vida política.


Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017 Mídia NINJA

OPINIão

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Padre João

Quem se beneficia com as privatizações?

Homossexualidade não tem cura, homofobia sim

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos – ABGLT, entidade que congrega cerca de 300 organizações e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população, repudia a decisão liminar do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho, que, sem embasamento científico, deu margem para o uso de terapias de “reversão sexual”, tratamento proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. A resolução de 1999 do Conselho de Psicologia representa uma conquista da população LGBT, normatizando na prática profissional de psicólogas/os o entendimento já consolidado pela Organização Mundial de Saúde em 1990 ao retirar a homossexualidade da lista de doenças. A decisão judicial retrógrada desta semana não só contraria normas de direito internacional, mas Devemos sobretudo atenta contra a Constituição Federal. Deve ser objetivo do país erradicar toda e qualquer erradicar toda forma de discriminação, construindo assim uma forma de sociedade verdadeiramente democrática e livre. discriminação O discurso médico-jurídico da patologização dos comportamentos colocados como desviantes é historicamente usada para o controle e higienização social de negras e negros, usuários de drogas, mulheres e também da população LGBT. A ofensiva conservadora visa impor práticas de tortura psicológica e reforçar o estigma em torno da diversidade sexual e de gênero. O avanço conservador nos recorda ainda a urgência de lutarmos pela despatologização das identidades trans, para que travestis e transexuais tenham seus direitos garantidos. A ABGLT lutará de todas as formas para garantir a manutenção da resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia. Homossexualidade não tem cura, mas sua homofobia sim! Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos

Padre João é deputado federal (PT/MG).

acompanhando

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos

O governo alega que privatizações de estatais brasileiras são necessárias para gerar receita e melhorar a qualidade dos serviços prestados. Ora, essa defesa não seria um atestado de incompetência do governo, que, diante da sua incapacidade de gerenciar com qualidade, ética e responsabilidade, transfere essa tarefa à iniciativa privada? A alegação do governo não se sustenta. É preciso analisar de forma crítica quem se beneficia com esse tipo de transação. A farra das privatizações ocorreu nos governos FHC. Dezenas de empresas brasileiras foram entregues de bandeja ao mercado financeiro. O que antes era patrimônio dos brasileiros passou a obedecer a lógica do mercado. Preço da luz Em busca de mais lucro, investidores enxugaram pode subir 178% a folha salarial por meio da terceirização, precarizando as condições de trabalho. A Vale do Rio Doce foi vendida a preço de banana: R$ 3,3 bilhões, quando somente suas reservas minerais valiam mais de R$ 100 bilhões. Na busca imediatista por fazer caixa, o governo Temer faz do patrimônio dos brasileiros uma mega liquidação. A privatização de 14 usinas da Eletrobrás, entre elas quatro da Cemig, vai disparar o preço da energia elétrica. O salto pode ser de R$ 61 para R$ 170 pelo megawatt/hora, ou seja, alta de 178%. O pacote inclui 57 projetos de privatização, entre eles aeroportos, terminais portuários, rodovias e empresas públicas, como Correios, Casemg e Ceasa Minas. Tal atitude está na contramão dos países de primeiro mundo. Temer tem perdoado dívidas de ruralistas, parlamentares, bancos e setores empresariais. Somente com o Novo Refis, devem ser perdoados R$ 543 bilhões em dívidas de empresários. Se o objetivo é gerar receita o governo é, no mínimo, incoerente.

Na edição 157... Pixador ou poeta? ... E agora Felipe Arco, poeta de rua que ficou conhecido em Belo Horizonte por escrever versos em lixeiras e tapumes no centro da cidade, está sendo processado pela Prefeitura. Ele está sendo investigado e pode ser penalizado com multa e remoção das frases. Nas redes sociais, artistas, simpatizantes e admiradores lançam campanha em solidariedade ao poeta com a tag #EuApoioFelipeArco.


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BRASIL

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Câmara rejeita “distritão”, sistema majoritário para eleição de deputados Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Da redação, com Agência DIAP

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Câmara dos Deputados rejeitou, na terça-feira (19), a proposta (PEC 77/03) que transformava o atual sistema eleitoral no “distritão” em 2018 e no “distrital misto”, em 2022. A mudança valeria para a escolha de deputados e vereadores. A proposta recebeu 238 votos contra e apenas 205 a favor. Faltaram 103 votos. Para ser

Adiamento compromete reforma política

aprovada precisaria de no mínimo 308 votos. Segunda derrota Esta foi a segunda derrota que a proposta de introduzir o sistema “distritão” so-

freu no plenário da Câmara. A primeira aconteceu no dia 26 de maio de 2015, sob o comando do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi vencido em 1º turno por 267

votos contrários, 210 favoráveis e cinco abstenções. PEC sobre coligações partidárias Como a proposta que alterava o sistema eleitoral caiu,

o plenário passou a debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16, que trata das coligações partidárias nas eleições proporcionais e da imposição de cláusulas de desempenho para acesso a recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV. Na quarta-feira (20), a votação da proposta foi adiada por falta de quórum. O texto principal já havia sido aprovado, em primeiro turno, há duas semanas. O adiamento pode comprometer o desfecho da reforma política. Qualquer mudança no processo eleitoral precisa estar em vigor no dia 7 de outubro para que possa ser aplicada à eleição de 2018.

Criminalização do aborto e redução da maioridade penal voltam ao Senado Retrocessos Movimentos buscam barrar projetos na Câmara Da redação

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uas discussões importantes voltaram ao Senado Federal na quarta-feira (20). A primeira a integrar a pauta foi a redução da maioridade penal (PEC 33/2012), já aprovada em agosto do ano passado na Câmara dos Deputados. A medida estabelece a diminuição da idade mínima para prisão em caso de crimes como homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como o estupro. Já a proposição que diz respeito ao aborto (PEC 181/2011), se aprovada, pode criminalizar a interrupção da gravidez em qual-

quer circunstância, mesmo em casos de estupro, anencefalia do feto ou gestação com risco de morte para a mãe – que atualmente são autorizados pela lei brasileira. Inicialmente, a PEC tratava da ampliação de direitos trabalhistas para mulheres, mas foi modificada após pressões da bancada religiosa no Congresso. Ambas as propostas estão sendo debatidas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e precisam passar pelo plenário para ganhar força de lei. Movimentos populares, feministas e organizações dos direitos humanos se movimentam para barrar a continuidade dos projetos.

Geraldo Magela / Agência Senado

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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Cala a boca não morreu CENSURA Setores do Legislativo e do Judiciário patrocinam iniciativas graves contra a liberdade de expressão e país volta a flertar com os tempos mais sombrios de sua história Fredy Vieira / Divulgação

Pedro Rafael Vilela

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ma sucessão de medidas e decisões judiciais tem chamado a atenção de organizações da sociedade civil que atuam na defesa da liberdade de expressão e do direito à comunicação no país. A preocupação é justamente com o crescimento dos casos de violação à livre manifestação do pensamento, seja por meio da arte ou da atuação política. O caso recente mais emblemático foi o rumoroso encerramento antecipado da exposição de arte “Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira”, pelo Santander Cultural, em Porto Alegre (RS). A mostra, que ficaria aberta até 8 de outubro, foi interrompida pelo próprio banco após pressão de segmentos conservadores, liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL). A exposição exibia imagens que retratavam o universo das pessoas que não seguem o padrão de heterossexualidade ou gênero definido, os chamados Queer, no termo em inglês. O caso ganhou repercussão mundial como um grave precedente contra a liberdade de expressão no país. A obra “Pedofilia”, da artista mineira Alessandra Cunha, denuncia, literal-

Exposição, quadro contra a pedofilia e teatro foram vítimas do conservadorismo

“Queermuseu - cartografias da diferença” sofreu ataques do Movimento Brasil Livre e foi encerrada prematuramente

mente, o crime que a intitula. Para alguns deputados de Mato Grosso do Sul, porém, a pintura faz apologia ao crime. Por causa disso, o quadro chegou a ser apreendido pela Polícia Civil do estado. Em outro caso, decisão liminar do juiz da 1ª Vara Cível de Jundiaí (SP) proibiu a exibição da peça “O Evangelho segundo Jesus, rainha do céu”. A obra propõe uma reflexão sobre a opressão e intolerância sofridas por pessoas transgêneros e outras minorias e reitera valores cristãos como amor, perdão e aceitação. Calar Jamais Para denunciar essa escalada de violações, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), em parceria com diversas organizações, lançou, em outubro do ano passado, a campanha “Calar Jamais!”. Por meio de uma plataforma online, a campanha recebe denúncias de diversos casos de violações à liber-

dade de expressão em curso no país, como censura a obras de arte, repressão de protestos, cerceamento de opinião na internet e contra comunicadores e veículos de mídia, entre outros. “O objetivo dessa campanha, para além de denunciar os casos, é alertar a sociedade brasileira sobre a gravidade do momento em que vivemos”, afirma Renata Mielli, coordenadora-geral do FNDC. As denúncias encaminhadas serão reunidas e enviadas para organizações nacionais e interna-

Denúncias serão enviadas a organizações internacionais como OEA e ONU cionais de defesa dos direitos humanos, como o Ministério Público Federal e as Relatorias da Liberdade de Expressão da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da ONU (Organização das Nações Unidas).

BRASIL

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Democracia em risco

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tualmente, mais de 50 projetos de lei que tratam sobre protestos de rua estão em tramitação no Congresso Nacional. A maioria tenta impor algum tipo de restrição ou criminalização para o exercício desse direito. Na semana passada, essas propostas foram tema de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, promovido pela Comissão de Legislação Participativa (CLP). Em sua exposição, a procuradora federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF), Deborah Duprat, destacou que criar embaraços para o direito de protesto é uma violação constitucional grave. “O direito de protesto possibilita ao povo exercer sua soberania, inclusive para se colocar contra o Estado. A tentativa de controlar essa garantia constituiria, portanto, uma apropriação da própria soberania popular, visto que em um regime democrático não cabe ao Estado dizer onde, quando e de que maneira essa soberania irá se exercitar”.

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MUNDO

Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017 Agência Efe

Organizações de todo o mundo participam de conferência em solidariedade à Venezuela Fania Rodrigues De Caracas

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ais de 200 representantes de organizações sociais, movimentos populares, partidos políticos e representantes de governos de 60 países se reuniram em Caracas, capital venezuelana, para prestar apoio ao governo e repudiar as sanções impostas pelos Estados Unidos. A Conferência Internacional em Solidariedade à Venezuela aconteceu de sábado (16) até terça (19). Além de uma carta de apoio ao país sul-americano, o objetivo do encontro foi construir uma agenda comum de lutas populares. Entre as autoridades pre-

sentes, o presidente da Bolívia, Evo Morales, destacou que a melhor ajuda à Venezuela é “respeitar sua soberania”. “O presidente dos EUA se rendeu, está apoiando o diálogo político entre o governo e a oposição. Ganhamos a batalha política. Mas, enquanto existir imperialismo e capitalismo nós vamos seguir lutando”, frisou o presidente boliviano. O representante da delegação chinesa, Xu Shicheng, membro da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou que a presença dessas organizações na Venezuela é uma demonstração de que o país conta com apoio internacional. “Essa conferência

deixou claro que a Venezuela não está sozinha. Todos os povos do mundo, da Ásia, da África, da América Latina e de outras regiões estão ao lado do povo e do governo venezuelano”, destacou. Do Brasil participaram representantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), da Alba Movimento, da União da Juventude Comunista (UJC), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membros do PSOL, entre outras organizações. Leia a matéria completa no www.brasildefato.com.br

Tristeza no México Pelo menos 224 pessoas morreram durante o terremoto que atingiu a Cidade do México, na terça (19). Um total de 45 edifícios caíram total ou parcialmente com o tremor, que teve magnitude de 7,1 na escala Richter. Em seis prédios acredita-se que ainda há pessoas presas. Lideranças de todo o mundo se pronunciaram e prestaram solidariedade ao país. “Neste momento de dor, quero manifestar minha proximidade e oração para toda querida população mexicana”, disse o Papa Francisco, na quarta (20).

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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

ENTREVISTA

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“Precisamos resistir a um governo de caráter ditatorial que tenta calar as vozes” COMUNICAÇÃO Jornalista e militante da democracia analisa papel da mídia no golpe e o que fazer para enfrentar o quadro atual Joka Madruga

mular a diversidade e pluralidade das informações; seja ao alimentar esses monstros com muita grana de publicidade. A democratização da comunicação precisa de dois movimentos. O primeiro é regular o que está escrito na Constituição. Ela é explícita: são proibidos o monopólio e o oligopólio dos meios de comunicação. O outro é estimular mecanismos que deem voz para a sociedade.

Joana Tavares

A

mídia esteve e está no centro do golpe em curso no Brasil e também aparece com prioridade em planos de emergência e formulações sobre um novo projeto para o país. Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, participou da formulação do Plano Popular de Emergência, da Frente Brasil Popular, e também integra o grupo de comunicação do Projeto Brasil, outra iniciativa que busca refletir sobre que tipo de mudanças o país precisa para sair das diversas crises que enfrenta. Confira sua análise sobre o que está sendo debatido por esses movimentos e também quais os desafios para uma imprensa contra-hegemônica no quadro atual.

Brasil de Fato - O que é o Projeto Brasil e por que discutir comunicação nessa ideia de projeto de país?

Altamiro Borges - O Projeto Brasil é uma articulação que reúne vários movimentos populares e intelectuais, preocupados com a situação do país. Preocupados não no sentido eleitoral, mas em construir um projeto de nação. O Projeto se dividiu em vários grupos, para formular sobre temas que vão desde a questão da energia, Estado de direito até comunicação. Sem construir uma comunicação democrática não se constrói um projeto de nação, não se superam as mazelas estruturais. Os meios de comunicação que estão aí, essas sete famílias que dominam

A mídia golpista está enfrentando uma crise, que tem muitas causas. Uma delas são as próprias transformações da área, com a explosão da internet. Vários jornais estão tendo quedas drásticas de tiragem, a televisão está perdendo público. Se cai a tiragem, se cai a audiência, cai a publicidade. É uma crise no modelo de negócio. Isso não quer

Altamiro Borges: “Fortalecer a mídia alternativa depende do público”

Sete famílias que dominam a mídia brasileira não têm nenhum compromisso com o povo e com a libertação do país” a mídia brasileira, são totalmente vinculados aos interesses dos Estados Unidos e com a oligarquia brasileira. Não têm nenhum compromisso com o povo e com a libertação do nosso país. No plano popular de emergência, elaborado pela Frente Brasil Popular, democratizar a mídia entra como uma das tarefas na democratização do Estado. Por que é tão importante acabar com o monopólio dos meios de comunicação?

O plano tem questões estratégicas, de fundo, mas ele visa principalmente superar os estragos que o governo – governo não, que isso não é um governo – que o covil de Michel Temer está aprontando no Brasil. E por que

a mídia aparece em destaque? Porque a gente sabe que essa quadrilha só chegou aonde chegou porque foi bancada pela mídia. Foi um golpe acima de tudo midiático. Ele se expressou no Parlamento, se expressou no Judiciário, mas a força protagonista foi a mídia.

Essa quadrilha só chegou aonde chegou porque foi bancada pela mídia” Como você avalia as declarações recentes de Lula e Dilma de que deveriam ter investido na democratização da mídia e que o fariam se fossem eleitos de novo?

Finalmente Lula e Dilma percebem o papel destrutivo que a mídia teve. Em certo sentido, os governos petistas alimentaram essa cobra. Seja ao não fazer o debate na sociedade sobre esse tema estratégico; seja ao não tomar nenhuma iniciativa para fortalecer veículos alternativos, para esti-

Antes do golpe, os movimentos pediam um novo marco regulatório para a comunicação, agora o foco é uma campanha chamada “Calar Jamais”. Como você avalia os retrocessos na área?

Antes, tínhamos chance de pressionar o governo para regular a Constituição e fazer mudanças. Por isso o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) tinha formulado um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP), visando justamente enfrentar o monopólio. Com o golpe, fica muito difícil discutir um PLIP, ainda mais sobre mídia. Uma das primeiras ações do governo foi desrespeitar o que está escrito na lei sobre a Empresa Brasil de Comunicação, quebrar a autonomia da EBC, cortar qualquer recurso - que era mínimo - para veículos contra-hegemônicos. O que há no Brasil hoje é um processo de censura. É preciso resistir a um governo de caráter ditatorial que tenta calar as vozes.

Parece crescer o interesse nas mídias alternativas e populares, mas o cenário não é fácil para esses veículos. Qual saída você enxerga para essa situação?

Finalmente Lula e Dilma percebem o papel destrutivo que a mídia teve” dizer que os patrões estão ficando pobres. Pelo contrário, são os mais ricos do Brasil. Quem sofre são os jornalistas, que estão levando um pé no traseiro. Além da crise do modelo de negócios, existe também uma crise moral, de credibilidade. A população está vendo que é uma mídia manipuladora. Desse covil que está aí não se pode esperar nada. Ao contrário, se depender desse governo, ele asfixia todas as vozes discordantes. Como fortalecer a mídia alternativa então? Acho que isso vai depender do próprio povo, dos movimentos populares, do público. Vamos ter que cada vez mais divulgar mais esses veículos, se a gente quiser respirar. Se a gente não quiser, esses veículos vão ter muita dificuldade e vamos ficar com a Globo. Vai ser uma tristeza.


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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

NOVELA Séries exibem história do Brasil na TV

Amiga da Saúde Tive dois partos normais. Estou com incontinência urinária e fui encaminhada para fisioterapia. Será que só isso pode resolver? Todas as minhas amigas fizeram cirurgia de períneo para tratar esse problema. Anita Viriato, 53 anos, empregada doméstica.

E

streou na última terça (19) a série “Filhos da Pátria”, de autoria de Bruno Mazzeo e Alexandre Machado. O enredo se passa no período do pós-independência (1822) e apresenta a história da corrupção no país e nossa formação como povo brasileiro. A trama se desenvolve a partir da trama do português Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero), um funcionário público que vive com a família no Brasil e que se envolverá em esquemas de corrupção. Como disse o ator Mateus Nachtergaele, que interpreta o personagem Pacheco, outra figura antiga nos esquemas ilícitos: “Na independência, um Brasil diferente poderia ter sido construído, mas o que se instala é a repetição do processo exploratório que os portugueses fizeram”. Sabemos bem do desconhecimento da maioria da nossa gente sobre a nossa formação enquanto nação e os Independência inúmeros desafios que se perpee ditadura para tuam em nossa sociedade brasirefrescar a memória leira desde os tempos de Cabral

e de Dom Pedro. Essa será uma boa oportunidade para compreendermos um pouco mais da história do nosso Brasil. E por falar em história... Na última segunda (18), foi ao ar o último capítulo da supersérie “Os dias eram assim”. A trama, que tinha como enredo a luta do médico Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte) para viver uma paixão, trouxe brilhantemente para a telinha a história do golpe militar de 1964, os seus desdobramentos e chega até a campanha pelas Diretas Já, em 1984. Detalhes e momentos importantes desse conturbado período político entrelaçaram de todos os personagens da supersérie, que soube bem mostrar as perversidades dessa época, mas também a luta e a resistência de muitos brasileiros. Surpreendente foi ver o casal principal, Renato e Alice, num salto histórico, participando de uma manifestação contra o atual governo ilegítimo de Temer, pedindo eleições diretas e percebendo que os dias de hoje, infelizmente, não mudaram tanto assim. Duas boas séries produzidas pela Globo... Pena que o seu jornalismo, por outro lado, siga caminho totalmente contrário ao povo e à história! *Felipe Marcelino é coordenador da distribuição do Brasil de Fato MG

Cara Anita, a fisioterapia de períneo é sim um tratamento indicado para a incontinência urinária. Esse problema é muito comum entre mulheres após os 50 anos. Mas pode também ocorrer em mulheres mais jovens, principalmente quando há partos vaginais, obesidade, uso de medicamentos diuréticos, etc. A fisioterapia trabalha o fortalecimento da musculatura perineal, melhorando a sustentação da bexiga e o controle dos esfíncteres (músculos responsáveis pela abertura

e fechamento dos orifícios da uretra e ânus). Com isso, muitos casos de incontinência podem ser resolvidos. Para algumas situações mais graves, a cirurgia plástica do períneo é necessária para tratar completamente o problema da perda urinária. Muitas mulheres se acostumam com a incontinência urinária e acreditam que seja algo normal entre as idosas. Isso é motivo de sofrimento e de isolamento social, uma vez que elas acabam evitando sair de casa pelo constrangimento.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Nossos direitos O direito à privacidade nas redes sociais O direito à privacidade é protegido pela Constituição Federal, porém, nos últimos anos, com o aumento do acesso à internet, a exposição das pessoas, de suas famílias e hábitos cresceu e o tão prestigiado direito à privacidade está esquecido. As pessoas que se expõem excessivamente nas redes sociais estão sofrendo ataques e constrangimentos. Outro problema é o aumento da ação de quadrilhas especializadas em buscar informações nas redes sociais para uso em golpes virtuais e presenciais.

‘O poder público, de modo geral, não tem condições de controlar que determinadas informações sejam veiculadas ou retiradas da internet, pois a partir do momento que determinada informação circula, é muito difícil segurar a corrente de disseminação que se forma. Por isso é preciso refletir sobre o uso consciente da internet, principalmente no que se refere à divulgação da nossa vida pessoal e nunca esquecer que a vida real é muito mais emocionante!

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

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www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas

por Alan Tygel*

PÃO DE MANDIOCA

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Ciclone permanente formado nas extremidades da Terra, provoca ventos glaciais nos EUA e Canadá Playstation ou Xbox

© Revistas COQUETEL

Produto São utilizadas por estuda pâtis- dantes para memoriserie zação de conteúdos Tipo de divisão celular (Biol.)

Inédito nas Olimpíadas, foi formado por 10 atletas, incluindo sírios (Rio 2016)

A 2ª vogal Kurt (?), vocalista do Nirvana Em (?): condição física de atletas

Ingredientes

Morador da roça Consoantes de "rol" (?) Mendes, município de MG Portanto

Fruta cítrica semelhante ao limão Doença (?): seu tratamento consiste numa dieta sem glúten (Patol.) Acepipe Pena usada como ornamento de chapéus

Botão de filmadoras Veste de formandos

Lembrete no final da carta (abrev.)

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Ivone (?), cantora Mar, em inglês (?) do Sodré, praça de Lisboa Em tempos passados

Recurso sonoro da poesia Destrezas

Modo de Preparo

Ondas Médias (sigla)

1.Descascar e cozinhar a mandioca em água; 2.Amassar a mandioca até obter um purê e reservar; 3.Misturar o fermento com o açúcar, 50 g de farinha de trigo e 120 ml da água do cozimento da mandioca; 4.Deixar dobrar de tamanho; 5.Acrescentar ao purê de mandioca o ovo, o óleo, o sal e a massa fermentada; 6.Adicionar a farinha aos poucos (dependendo da mandioca e da farinha de trigo, essas quantidades podem ser modificadas); 7.Sovar a massa até que fique bem lisa; 8.Deixar fermentar mais uma vez para dobrar o tamanho e modelar as bolinhas; 9.Untar uma forma retangular, enfarinhar e deixar que os pãezinhos dobrem mais uma vez de tamanho; 10.Assar os pães em forno preaquecido (180 °C) até dourar.

Condição do vacinado Nome da letra "H" Estrangeira (pop.)

Interjeição comum na fala do gaúcho Rio italiano Maior ave da Austrália

Alexandre Herculano, autor de "O Bobo" Lina (?) Bardi, arquiteta Celebrações matrimoniais Revestem as paredes das catacumbas de Paris

Tim Maia: o Síndico (MPB) Lavrar

"Pai (?)", novela dos anos 1970 Sociedade Anônima (abrev.) Sinal

Mais mandioca, menos trigo

3/sea. 4/arno — bolo — elói. 5/cidra. 6/cobain. 9/ossaturas — videogame. 12/vórtice polar.

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Solução

G

O pão de mandioca é uma ótima maneira de reduzir o trigo no nosso dia a dia. E, de quebra, favorecemos um alimento tipicamente brasileiro: a mandioca. Ao contrário do trigo, que importamos de outros países, a mandioca nasceu no Brasil e é parte da cultura alimentar de norte a sul do país. E mais: 90% da mandioca nacional vem da agricultura familiar, que gera mais empregos e usa menos agrotóxico. * Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais.

P C F

T V I D O R M A T E I D R C E L E R P E T O F L U M A G A R I N A H B OD A O S S

B E O G L C O B A E I A CA P S I S C R IM A A I B S G A H E S M A T U

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BANCO

3 pedaços médios de mandioca; 3 e 1/2 xícaras de chá de água; 2 tabletes de fermento fresco; 1 colher de café de açúcar; 3 xícaras de chá de farinha de trigo; 2 ovos; 3 colheres de sopa de óleo; 2 colheres de chá de sal.

* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Além de moradia, Casa da Árvore fornece livros de graça para população

Reinados em CD

Larissa Costa / Brasil de Fato -MG

Larissa Costa

“C

omeçou com uma prateleira, depois uma parede de madeira e mais outra, e por aí foi”. Foi indo até que uma casa de dois andares, em cima de uma mangueira, estava construída. Quem conta a história é a catadora Grace Hellen de Oliveira, uma das moradoras da Casa da Árvore, como já é conhecida entre os frequentadores. Na casa, que está numa pequena área gramada na avenida Barão Homem de Melo, no Nova Suíça, na zona oeste de Belo Horizonte, uma biblioteca a céu aberto com uma quantidade incontável de livros. Além de Grace, vivem lá mais três pessoas que, antes, moravam na rua. Existente há dois anos, a Casa da Árvore foi ameaçada, na semana passada, por uma notificação da Prefeitura de Belo Horizonte, que exigia a desocupação e a demolição da edificação, dali a dois dias, contados a partir de 13 de setembro. Segundo a psicóloga Neide Pacheco, uma das organizadoras de uma rede de apoio aos moradores da Casa da Árvore, a PBH alegou que a notificação foi motivada por reclamações dos comerciantes da região. “Ainda disseram que poderia ter problema no período da chuva, que a estrutura podia cair... Enfim, deram essas desculpas que nós não aceitamos”, afirma.

Luana Ferreira Lima, advogada do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis, ressalta que os moradores da Casa da Árvore estão exercendo o direito à cidade e deram outro significado para o espaço público. “Aqui era um estacionamento, utilizado de maneira irregular, com muito lixo. Eles limparam e fizeram a biblioteca, que é muito importante para a comunidade”, aponta.

Eu me dedico com a alma a essa biblioteca”, diz Grace A biblioteca Grace é a responsável por organizar a biblioteca, que tem publicações de diversos tipos, desde romances, gibis e até livros didáticos. Ela explica que a maior parte é fruto de doações, mas que muitos ela e os outros moradores encontram no lixo. Apaixonada pela leitura, Grace conta que o local funciona 24 horas e, por isso, não consegue contar o tanto de gente que aparece, pegando ou trocando livros. “Eu me dedico com a alma a essa biblioteca”, fala, sorridente. Aos 30 anos, Grace vislumbra um dia fazer faculdade de letras e dar aulas “Meu sonho é ensi-

nar à terceira idade, porque, pra mim, a fase mais bonita da vida é a velhice”, diz. Segundo Neide, a biblioteca é uma forma de prestar serviço aos moradores da região, que, na maioria, apoia a permanência dos moradores. “Fizemos um abaixo assinado e em poucos dias coletamos mais de 500 assinaturas. Alunos de escolas públicas, de ensino superior e professores têm vindo visitar, porque aqui é um espaço completamente diferente”, relata. Próximos passos Embora esteja suspensa a desocupação, a situação da Casa da Árvore segue instável. De acordo com Luana, a Promotoria de Direitos Humanos foi acionada e há irregularidades na notificação emitida pela PBH. “Queremos que a Prefeitura discuta sobre esse espaço com os seus moradores, garantindo a dignidade delas, a proteção, a assistência à saúde e que não seja feita nenhuma ação de retirada arbitrária e violenta”, aponta a advogada. Programação No domingo (24), pela manhã, vai acontecer uma oficina de percussão e, à tarde, um mutirão de organização da biblioteca. Um coletivo de arquitetos fará uma visita e discutirá medidas para melhorar a estrutura da Casa. Para conhecer mais e fazer doações acesse o link https:// goo.gl/9gqDnU.

Três reinados do bairro Aparecida, região noroeste de BH, se encontram no sábado (23), na Funarte, para lançar o CD “Aparecida, Reinos Negros”. O encontro entre a Irmandade Os Carolinos, a Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário e o Moçambique Do Divino é marcada pela devoção a Nossa Senhora do Rosário, aos santos negros e aos antepassados. As músicas, que celebram a resistência do povo negro, contam com a participação de Chico César, Fabiana Cozza, Mauricio Tizumba e Pereira da Viola. Idealizado por Elias Gibran, a produção é assinada por Sérgio Pererê. A entrada é R$ 10 e o endereço é rua Januária, 68, no Centro.

We love jazz

Para os amantes do jazz, no sábado (23) e no domingo (24), a Praça do Papa recebe o evento “I Love Jazz 2017”. A programação conta com apresentações musicais das 15h às 20h30 nos dois dias e é gratuita. O festival surgiu para divulgar o jazz tradicional como um ritmo popular influenciado pelas culturas africana, francesa, espanhola e caribenha. Assim, os eventos promovem intercâmbio entre artistas nacionais e internacionais, aproximando o público para conhecer e desmistificar a ideia de que jazz é um ritmo elitizado. Para conferir a programação completa, acesse https://goo.gl/XE7Vwc

PULSE Nos dias 30 de setembro e 1º de outubro será apresentado o espetáculo PULSE, às 20h, no teatro Trupe de Truões, em Uberlândia. Realizado pelo Curso de Teatro da UFU e pelo Coletivo Teatro de Viés, a peça trata das diversas faces da homofobia por meio da narrativa ficcional das últimas 12 horas das 50 vítimas da Boate gay PULSE, em Orlando (Flórida, EUA). No dia 12 de junho de 2016, aconteceu na boate o maior massacre contra LGBTs neste século. Entrada a R$10, a meia e R$20, a inteira.


Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017

Inscrições gratuitas para Goalball na UFU A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) faz inscrições gratuitas para projeto de formação em Goalball. Trata-se de uma modalidade esportiva paralímpica, praticada em equipe por pessoas com deficiência visual. A prática consiste no arremesso e defesa de uma bola com guizos, capaz de produzir sons e ajudar os atletas na localização. O projeto de formação em Goalball é uma iniciativa do Núcleo interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde (NIAFS), da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia. As inscrições são abertas ao público não universitário. Onde: Rua Benjanmin Constant, 1286. Bairro Aparecida, Uberlândia Quando: terças e quintas-feiras, das 14h30 às 18h30; sábados, das 14h às 17h Informações: (34) 3218-2915; (34) 8826-2302; (34) 9782-2302.

Às custas da paixão

Divulgação

Rogério Hilário

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impossível deixar de falar sobre a aprovação, pelo Conselho Deliberativo, da construção do estádio, arena ou terreiro do Galo. Desafiar esta pauta seria ameaçar a própria sobrevivência, tamanha a campanha a favor. A paixão sempre supera a razão, ainda mais envolvendo torcedores alvinegros. Já tivemos dois estádios, na mesma condição, em terrenos “doados”. E foram desperdiçados pelas más gestões, se usarmos o eufemismo. O próximo vem à custa de parceiros, nem sempre confiáveis. O amor ao clube, em qualquer conjuntura, está aquém da busca pelo lucro. Afinal, quem pensaria duas vezes diante da possibilidade de faturar em cima da fanática massa? Todos já o fizeram, de dirigentes, empresas e até torcidas organizadas. Ainda mais às vésperas de ano eleitoral e momento tenso, de crise econômica, vácuo político e, mesmo, de questionamento esportivo. Espero que tudo dê certo, sem abandonar o espírito crítico. O Galo, com certeza, será sempre da torcida, mas o patrimônio, não.

ESPORTE

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Curto e Grosso

O golpe no sonho esportivo nacional

Diego Silveira Quando as Olimpíadas do Rio acabaram, escrevi que a política esportiva do PT estava ameaçada pelo golpe de Estado. Esta semana, a proposta para a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018, enviada pelo governo federal à Câmara dos Deputados, se aprovada, confirmará a aniquilação dessa política e a redução do Ministério do Esporte a pó. Segundo a proposta, o caixa do Ministério cairá 87% em relação a 2017! Isto é, se o orçamento do esporte foi de R$ 1,245 bilhão este ano, no próximo despencará para R$ 220 milhões. O Bolsa Atleta, seu principal programa esportivo, terá R$ 70 milhões disponíveis em 2018, contra R$ 125 milhões deste ano. De fato, todas as rubricas referentes ao esporte de alto rendimento sofrerão cortes drásticos. Exemplos: se a LOA de 2017 disponibilizou R$ 60 milhões para a implantação de infraestrutura esportiva, ano que vem somente R$ 13 milhões poderão ser gastos; a sofisticada “Rede Nacional de Treinamento” terá seu orçamento minguado de R$ 100 milhões em 2017 para R$ 20 milhões em 2018. Mas o maior golpe foi no estímulo à prática esportiva de lazer. A rubrica que promove melhorias nas instalações esportivas públicas ficará anêmica: de R$ 462 milhões em 2017, seu caixa terá ínfimos R$ 7 milhões em 2018. A conclusão é que a política esportiva do golpe de Estado ataca atletas de alto rendimento, mas também visa a propiciar uma vida muito pior ao povo brasileiro.

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Belo Horizonte, 21 a 28 de setembro de 2017 Divulgação

ESPORTES

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CTE abre pista de atletismo para comunidade esde a semana passada, o Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG D abriu sua pista de atletismo para uso da comunidade externa. A iniciativa faz parte do projeto Quinta do Atletismo, que permitirá a participação em atividades com

atletas treinados pelo CTE, como as corridas de 400 metros, corridas de 1000 metros, salto em distância e lançamento de pelota. Para participar, é preciso enviar nome, idade e data para o e-mail tetratlo@gmail.com. Mais informações: (31) 3409-3340.

DECLARAÇÃO DA SEMANA

Gol de placa

Reprodução

No jogo Palmeiras 1 x 0 Coritiba, no Pacaembu, palmeirenses distribuíram panfletos contra a privatização do estádio. A torcida do Palmeiras, clube que mais ergueu títulos no Pacaembu, sabe que, caso seja entregue a empresários, o estádio ficará mais caro para o povo.

Gol contra O tenista brasileiro Guilherme Clezar fez um gesto preconceituoso em partida da Copa Davis. Ao reclamar do árbitro, que não teria visto um lance que lhe daria o ponto, Clezar esticou os olhos com os dedos, em referência ao olhar puxado dos orientais.

O mais importante é que o time esteja em primeiro lugar, antes da vaidade. Sorín, ex-jogador do Cruzeiro e PSG, comentando o “pega pra capar” entre Neymar e Cavani, pelo Campeonato Francês.

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acesse brasildefatomg.com /brasildefatomg (31) 98468-4731


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