Divulgação / Alô Abacaxi
Lucas Figueiredo / CBF
ESPORTES
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CULTURA
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Copa do Brasil vem aí
Começou o carnaval
Libertadores promete confrontos de peso em 2018, com 8 times brasileiros classificados e 17 clubes campeões disputando a taça
Já saiu a primeira marchinha de 2018. Mais um trabalho da Orquestra Royal, mesma autora do “Baile do pó royal”. A música “Bolsomico” critica o deputado Jair Bolsonaro
Minas Gerais
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018 • edição 217 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Cadê a prova?
O ex-presidente Lula enfrenta o segundo julgamento mais rápido a tramitar na segunda instância do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com avaliação dos recursos marcada para o dia 24 de janeiro. Movimentos populares e entidades sindicais argumentam que a velocidade demonstra parcialidade da Justiça, e que as acusações têm o objetivo de excluir Lula das eleições deste ano. Uma campanha nacional, de nome “Cadê a prova?”, foi lançada nesta semana para defender a inocência do ex-presidente, e um manifesto que pede a presença dele no processo eleitoral já contabiliza mais de 150 mil assinaturas. i BRASIL 9
O sofrimento indígena na ditadura
Rodrigo Clemente / PBH
Mídia NINJA
CIDADES
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Terceiro turno Documentos mostram que em Minas Gerais foi construída uma das maiores estruturas de violência contra os povos indígenas durante o regime militar. A etnia Pankararu foi uma das perseguidas i MINAS 6
PSDB, MP e chapa de João Leite movem processos contra Kalil, por supostas irregularidades na campanha de 2016. Resultado pode sair em fevereiro
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
Editorial | Brasil
Se 2018 será um ano diferente, depende de nós Uma das estratégias dos meios de comunicação empresariais e dos políticos de direita é apresentar as decisões como algo técnico. Os problemas não passariam de um problema de gestão. Nada mais longe da verdade. Todas as definições são políticas, envolvem escolhas, interesses, e, portanto, poder. Sendo assim, precisamos falar de poder. Quem tem poder consegue impor seus interesses, suas vontades, seu projeto. Isso vale para quaisquer âmbitos, seja em um condomínio, um município, no estado ou no país. Quem tem muitas terras, fábricas, dinheiro, meios de comunica-
ESPAÇO dos Leitores
“O saber para mudar o mundo e reduzir as injustiças” Kakânia escreve sobre o artigo de João Paulo, “Universidade para reinventar o mundo” “Governador, por favor, queremos o nosso dinheiro, trabalhamos às vezes até doentes, nos respeite e nós respeitamos o senhor” Maria Dos Anjos Nunes Silva comenta sobre o atraso do pagamento do 13º aos servidores públicos de Minas Gerais, tema que foi matéria de capa da edição 216 “A prostituição é um feudo do homem machista, patriarcal e desumano” Vivien von Hertwig escreveu sobre o artigo de Ariane Silva “A regulamentação da prostituição e a reforma trabalhista”
Próximo passo do golpe é inabilitar Lula ção de massa, forte presença nas Assembleias Legislativas, Câmaras de Vereadores e no Congresso Nacional, quem ocupa espaços no Executivo (prefeituras, governos de estado e Federal), quem tem influência sobre o Judiciário, quem tem conhecimento, tem poder. É fácil perceber que a imensa maioria da população não tem terras, fábricas, meios de comunicação, grande influência, etc. Podemos concluir então que ela não tem poder? Não. O povo tem - e muito poder. São as e os trabalhadores que produzem toda a riqueza, que movem a economia. São os que concentram o maior número de votos. No entanto, esse enorme poder, de manter de pé toda a sociedade e
suas estruturas, inclusive as estruturas de poder, está disperso, e só se torna grande quando se organiza, se concentra, define um foco de luta, e age com unidade para conquistar o que deseja. Foi o que o povo brasileiro fez contra a reforma da Previ-
Povo organizado tem muito poder dência em diversas ocasiões ao longo de 2017, e, com isso, conseguiu impedir sua votação até agora. Mas o lado de lá, a classe dominante, não dorme em serviço. Organizações dos trabalhadores, como sindicatos, associações, partidos identificados com as causas populares, são frequentemente atacados, pela mídia e pelas estruturas de Estado. Fizeram isso para dar um golpe em 2016 e implementar o projeto deles. Seguirão fazendo em 2018, mas só se permitirmos. O próximo passo do golpe é inabilitar a candidatura de Lula, num julgamento que ocorrerá no dia 24 de janeiro. Porque sabem que ele é a principal liderança que representa um projeto de mudanças e querem desmoralizar um líder popular. 2017 foi um ano muito ruim para os direitos e os mais pobres, 2018 será diferente se concentrarmos nossas forças e demonstrarmos que temos poder. A primeira batalha já tem data, precisamos estar todos juntos para vencê-la. Faça sua parte e tenha um feliz 2018.
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
A virada de ano simboliza, para muitas pessoas, uma época de esperança e renovação. Muita gente faz promessas e planos e acredita que, com o gás dos novos dias, eles poderão ser realizados.
E você, acredita e faz metas de ano novo?
Eu acredito! Principalmente porque foi dito que este seria o ano da justiça. Todo ano, sento com minha família e penso no que planejar, quais serão as metas.
Ah, sim todo ano eu faço metas. Penso direitinho em tudo, até porque a minha profissão requer um planejamento. Penso em projetos, viabilidade, etc.
Maria da Penha Silva, técnica em enfermagem
João Vitor Costa Silva, tatuador
GERAL
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Declaração da Semana Divulgação
“Além de misógino, homofóbico, ignorante e ladrão, ainda é mentiroso” Jose de Abreu, pelo Twitter, sobre a notícia de que Jair Bolsonaro gastou R$ 770 mil a mais de dinheiro público do que o valor que ele divulgou em suas redes sociais.
As mulheres brilharam no Globo de Ouro
Divulgação
Ao anunciar os indicados a melhor diretor no Globo de Ouro, no último domingo (7), Natalie Portman deu um “vrá” que levou internautas ao delírio. “Todos diretores homens indicados”, alfinetou a atriz, frisando que nenhuma mulher concorreu ao prêmio, mesmo tendo cineastas que realizaram grandes trabalhos em 2017. A cerimônia ainda foi marcada pelo discurso emocionante de Oprah Winfrey contra o assédio e a violência contra as mulheres.
Mais um jornal popular nas ruas O portal de notícias Expressão Sergipana, que faz parte do sistema Brasil de Fato de comunicação, lança, na sexta (19), sua versão impressa. O jornal tabloide será distribuído gratuitamente em diversas regiões de Sergipe, com conteúdo regional, do Brasil e do mundo a partir da lógica dos trabalhadores. Para conhecer mais, acesse expressaosergipana.com.br.
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CIDADES
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
Ministério Público e PSDB entram com ações contra chapa de Kalil ELEIÇÕES Prefeito da capital é acusado de transação ilegal, que também envolveria Vittorio Medioli, que governa Betim Rodrigo Clemente / PBH
presa (CBC Imóveis) fizesse doações à campanha, o que foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal em 2015. Poucos dias após a eleição, o MP moveu um processo contra a chapa Kalil/ Lamac e, dessa ação, surgiram outras três, que tramitam em conjunto no Foro Eleitoral da Capital: uma ação do próprio MP, outra do PSDB e ainda outra da coligação de João Leite. O resultado do julgamen-
Wallace Oliveira
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lexandre Kalil (PHS) pode ser afastado da Prefeitura de Belo Horizonte. Em quatro processos movidos após as eleições de 2016, ele e o vice, Paulo Lamac (Rede), foram acusados de irregularidades na campanha. Entretanto, estudioso considera pouco provável o afastamento e analisa o panorama de grande interferência do Judiciário na política. Doação empresarial Em 2016, a disputa para prefeito de BH foi decidida no segundo turno entre as duas candidaturas que mais gastaram dinheiro: João Leite (PSDB), da Coligação Juntos por BH, declarou um gasto de aproximadamente R$ 9 milhões, enquanto Alexandre Kalil (PHS), da coligação Pra BH Funcionar, teria gastado R$ 3,5 milhões e venceu o pleito com 52.98% dos votos válidos. Do total o arrecadado em sua campanha, Kalil também foi o principal doador, ao desembolsar R$ 2,2 milhões. Ele adqui-
riu esse dinheiro vendendo 37% do apartamento onde vive, no bairro de Lourdes, a seus três filhos. Estes, por sua vez, venderam outro imóvel por R$ 5,2 milhões à empresa CBC Imóveis e Conservadora Ltda, que tem como sócio o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, do mesmo PHS. O Ministério Público eleitoral questionou a transação entre pai e filhos, a permanência do prefeito como morador do apartamento, a supervalorização do imóvel, o fato de Medioli ser do
mesmo partido e a insuficiência da documentação apresentada pelos acusados, entre outros indícios de irregularidades. Nas denúncias, também se fala de uma contribuição de R$ 235 mil do vice Paulo Lamac (Rede), mediante empréstimo do Instituto de Previdência do Legislativo do Estado de Minas Gerais (Iplemg). O MP afirma, em um de seus pareceres, que esses fatos podem levar a crer que houve operações disfarçadas para que uma em-
Doações empresariais para campanhas são proibidas desde 2015 to pode sair já em fevereiro e as punições vão de multas até uma possível cassação da chapa Kalil/Lamac. Se isso ocorrer, BH terá que passar por novas eleições municipais. Judicialização Para o cientista político Carlos Freitas, olhando o cenário local, é pouco pro-
vável que a chapa de Kalil seja cassada. “Os vereadores já não fazem seus cálculos contando com isso, não há nos meios de comunicação indicativos de forças na sociedade trabalhando com essa possibilidade, o prefeito ainda tem uma avaliação positiva junto à população. Nem a própria oposição vislumbra uma grande possibilidade de que isso aconteça”, aponta. Ao mesmo tempo, ele chama a atenção para a excessiva interferência do Judiciário nas disputas políticas. “Partes do Ministério Público e do Judiciário têm ido cada vez mais longe, ocupando espaços que não são deles, e isso cria incertezas. Nesse caso específico, leva a pensar que o voto da maioria dos belo-horizontinos poderia ser tomado pelo Judiciário. Obviamente, se for constatado o crime e que esse dinheiro foi essencial para a vitória do candidato, haveria elementos para eventualmente afastá-lo, mas será que esse foi o fato essencial? Temos que ter muito cuidado com o voto popular”, adverte. Divulgação
Cinema e Carnaval: tudo a ver! Está mesmo chegando a hora do carnaval, e que tal curtir uma série de filmes que retratam a história da festa? Esta é a proposta da Mostra Carnaval e Cinema, que acontece entre os dias 16 e 21 de janeiro no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza, BH). Serão exibidos comédias, dramas e também documentários com vários personagens que povoam o imaginário desta época, entre eles Cartola e Carmen Miranda. A entrada é gratuita.
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OPINIÃO
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Opinião
Não há tempo a perder João Paulo Cunha De um lado uma mala de dinheiro. E mais outra mala. E recibos carimbados por empreiteiras. Para completar, telefonemas bisonhos gravados e depósitos em contas em paraísos fiscais. Por obra dos pares no Congresso e de decisões do Supremo, os responsáveis lustram a blindagem de sempre. Aécio na moita, mas com as canelas livres. Do outro lado, muitas delações e nenhuma prova. Acusações feitas sob constrangimento e chantagem. Muito domínio para pouco fato. Depoimentos, como de Tacla Duran, desprezados. Com o processo acelerado pela eficiência da máquina de justiçamento, furando fila para apressar a entrega combinada, Lula está nas barras do tribunal. O julgamento do ex-presidente na segunda instância, programado para dia 24, em Porto Alegre, é dessas histórias com final anunciado. Na verdade não se trata de um julgamento, mas do tercei-
ro ato de um teatro político. O primeiro foi o afastamento de Dilma Rousseff sem fundamento legal. O segundo foi a condenação pelo juiz Moro, depois de um processo
Não será a derrota de Lula, mas das instituições informado pelo ódio de classe, contestado por juristas até mesmo fora do país. O terceiro ato será a confirmação da pena e o impedimento da candidatura de Lula. O anúncio de que a Lava Jato encerra este ano seus trabalhos é uma confirmação de que a encomenda final já está garantida. Lula está na frente nas pesquisas e cresce a cada rodada. O julgamento de Lula,
por isso, vai muito além do tribunal. O que está em jogo é mais profundo. Não será a derrota de Lula, mas das instituições. Com os votos dos revisores computados, os carregadores de malas não precisarão dar corridinhas ridículas, a justiça ficará livre para praticar seu ativismo deslavado, os políticos tradicionais poderão descansar depois do sétimo dia da destruição do país. A mídia vai contar seu vil metal. Há duas posturas possíveis para a cidadania, os movimentos sociais e os democratas de corpo e alma. Aceitar a consagração do arbítrio ou colocar em ação o plano A, ocupando as ruas, disputando todos os espaços reais e simbólicos e exigindo justiça. Se tudo der errado, sempre há o plano B. Saber a hora certa de agir, esgotando todos os apelos da paz, é sinal de maturidade. Em alguns momentos, no entanto, a defesa da democracia obriga a coragem a puxar a fila da história.
Festejo no Sul de Minas resgata a história dos Reis Magos CULTURA POPULAR Folia de Reis reúne moradores e fiéis em Santana de Caldas Sandra Ribeiro
Alan Tygel
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om cerca de 1300 habitantes, o pequeno distrito de Santana de Caldas, no Sul de Minas, se parece com muitas localidades rurais dessa região. O local, contudo, possui um tesouro cultural que o torna singular: a centenária tradição da Folia de Reis. Todo ano, entre o Natal e o dia de Reis, 6 de janeiro, foliões de várias cidades se reúnem no distrito para relembrar a viagem dos três reis magos em busca do menino Jesus. No dia 30 de dezembro, a Companhia de Reis Estrela do Oriente iniciou seu giro pela comunidade com uma grande festa no centro comunitário do distrito. Divididos em duas comitivas, os foliões visitaram
mais de 150 lares em oito dias, levando mensagens de paz e alegria, tanto na cidade quanto nas roças. Seu Lázaro Honorato, um dos mestres da Folia, conta que começou a cantar aos 8 anos. “Aprendi com meu pai. É uma tradição
muito importante pra nós, só vai morrer o dia em que eu morrer. Enquanto a gente existir, vamos fazer isso com o maior prazer, o maior amor e o maior carinho”, promete. Tiãozinho, outro folião da Companhia, explica a emo-
ção sentida por quem recebe os cantadores em casa. “As pessoas se emocionam porque, quando é uma inspiração divina, toca o coração das pessoas. Até o da gente mesmo. Quando a gente tá cantando, às vezes tem que segurar pra não embargar a voz. É bonito”, conta. Em geral, a festa da Folia é organizada por um festeiro que fez algum pedido aos três reis santos e teve sua graça atendida. Tiãozinho afirma que conhece várias pessoas que fizeram promessa e receberam algo. “Muita gente recebeu graça, até mesmo cura. Tem o próprio caso do festeiro deste ano. A menina caçula dele pegou veneno de rato e ele pediu a interseção dos três reis
santos e, por isso, ele está oferecendo esta folia. Deus livrou ela da morte”, diz. O ritual A Folia de Reis representa a viagem dos três reis magos que, ao avistarem a estrela do Oriente, souberam em sonho que ela os guiaria até a manjedoura onde havia nascido o menino Jesus. No caminho até Belém, receberam a solidariedade das famílias, que os acolheram de casa em casa. Em Jerusalém, a estrela se apagou para despistar o rei Herodes, que havia mandado matar todas as crianças nascidas na região. Ao saírem da cidade, a estrela se acendeu novamente e guiou os reis até o local onde havia nascido Jesus.
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MINAS
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
Ditadura militar: a terrível violência contra os índios em MG HISTÓRIA Comissão da Verdade mostra técnicas de tortura, prisões inexplicáveis e aumento da violência durante regime militar Márcio Ferreira Manoel Marques / Imprensa MG
Rafaella Dotta
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leonice Pankararu tinha dois anos quando essa história começou. Ela e a família viviam em uma aldeia em Pernambuco, ameaçada pela construção da Hidrelétrica de São Francisco. Os integrantes da aldeia não concordaram com a construção e então, num dia no final dos anos 60, o avô de Cleonice foi amarrado por guardas e sumiu. Ali começou a viagem em busca de Antônio Pankararu. A sua filha única juntou a família e saiu a pé pelo país. Foram dez anos caminhando por vários estados procurando pistas do avô. A família pankararu chegou às terras mineiras no início da década de 70, por motivos muito ruins: o avô estava encarcerado no presídio indígena criado pelo governo militar, o Reformatório Krenak.
Antônio Pankararu, preso no Reformatório Krenak por quase 20 anos
Antônio Pankararu foi um dos 100 índios de todo o país presos no reformatório, construído na cidade de Resplendor, na região do Vale do Rio Doce, conforme revela o relatório
Relatório mostra que foram presos 104 indígenas, de 16 etnias
Comissão recomenda demarcação de terras Ao final de dois anos de pesquisas, a Comissão da Verdade de Minas Gerais divulga 14 orientações com o objetivo de reparar danos causados aos indígenas. Recomenda-se a criação da Comissão Nacional Indígena da Verdade, investigação das perseguições aos apoiadores da luta indígena e dos assassinatos de Waldomiro Maxacali e Osmino Maxacali. Pede-se também o envio do relatório à Procuradoria Regional do Ministério Público Estadual para instaurar inquéritos e
tomar medidas cabíveis. A conclusão das demarcações das terras indígenas também é preocupação da Covemg, já que a maioria dos conflitos tem relação com a terra. A comissão recomenda que o Estado brasileiro faça um pedido público de desculpas aos indígenas, por ter sido parte no roubo dos seus territórios e no desrespeito de seus direitos. E que a Lei 11.645 seja cumprida e as escolas comecem a ensinar sobre a triste violação dos povos indígenas no Brasil.
final da Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg). A comissão investigou violências e outras violações de direitos cometidos entre os anos de 1946 e 1988. Trouxe à tona a forma agressiva, e até o momento inexplicável, com que o governo tratava os indígenas. O relatório da Covemg mostra que o Reformatório Krenak recebia indígenas de todo o país e dizia “reeducá-los”, mas na verdade funcionava como prisão para índios acusados de va-
diagem, embriaguez, desentendimento com chefes militares ou que resistiam às expulsões de suas terras. O mapeamento da comissão mostra que foram presos 104 indígenas, de 16 etnias. A pedagoga Geralda Chaves Soares, que era do Conselho Missionário, morou com os indígenas Maxacali por oito anos. Ela lembra de um Maxacali preso e que foi obrigado a tomar leite fervendo e água gelada, o que teria danificado seu estômago. “Quando ele voltou estava vomitando, não conseguia mais se alimentar e morreu dessa forma”, lembra. Os relatos sobre a “Prisão Krenak”, como os índios a chamavam, são também de trabalho forçado, fome, frio e maus-tratos contínuos. A maioria dos indígenas presos no Reformatório Krenak e depois transferidos para a Fazenda Guarani não tiveram a chance de voltar para seus povos. Arquivo Convemg
GUARDA RURAL INDÍGENA A foto mostra a formatura de 84 indígenas, em 1970, treinados pelo regime militar para realizar repressão nas aldeias. Eles apresentam às autoridades a técnica de tortura “pau de arara”
Indígenas eram presos por vadiagem, embriaguez ou brigas com o regime A família pankararu, por exemplo, permaneceu em Minas e fundou as comunidades Atukaré, na cidade de Coronel Murta, e Cinta Vermelha Jundida, em Araçuaí. Seguem cultivando suas tradições e a luta, que parece acompanhá-los por toda a vida. “Meio século depois, nossa questão continua sendo o território”, lastima Cleonice.
O que foi a ditadura militar? Período de 20 anos (1964 a 1984) em que o Brasil foi governado por militares. As eleições para presidente foram canceladas e os políticos eram indicados pelos militares, por isso o nome de “ditadura”. Meios de comunicação eram proibidos de dar notícias contra o governo e pessoas que criticavam essa política eram presas, torturadas ou mortas.
Acompanhe a série sobre a Comissão da Verdade MG
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Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018 Rogério Hilário
OPINIÃO
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Paulo Roberto Paixão Bretas
Para onde caminha o Brasil?
Equilíbrio à custa da Educação A definição do governo do estado de Minas Gerais de adiar, unilateralmente, o início do calendário letivo da rede estadual de ensino afetará um universo de 2,1 milhões de estudantes, matriculados nas 3,6 mil escolas dos 853 municípios mineiros. Além disso, impacta a vida profissional de 200 mil professores, entre designados para contratos temporários e efetivos. Os números impressionam ainda mais, considerando que o calendário escolar, que previa o início do ano letivo para 1º de fevereiro, foi construído, democraticamente, no âmbito de cada unidade de ensino, com a participação de pais, alunos, professores e comunidaAdiamento das de, adequando a realidade de cada município. A nova resolução subestima a inteligência da categoria e aulas impacta da comunidade escolar ao tentar incutir a ideia de que será 2,1 milhões de possível, em período de recesso, desprezando o trabalho estudantes anteriormente realizado, propor novos parâmetros. Oficialmente, o argumento do governo é que a nova data atende a questões “administrativas”. Ora, sabemos que mais uma vez o estado faz economia sacrificando a educação, busca-se adiar despesas de custeio, como transporte e alimentação escolar, sem contar a folha de pagamento dos cerca de 100 mil designados, que, além de sofrerem com um parcelamento incoerente do 13º salário do ano passado, ainda terão seu primeiro salário postergado para abril. Administrar, por óbvio, é fazer escolhas. Porém, essas escolhas devem refletir coerentemente o programa de governo eleito pelo povo. No caso, o governo despreza o diálogo e o trabalho que tanto propaga aos quatro cantos do estado, em nome de um abstrato equilíbrio. E compromete a educação de qualidade, que mais uma vez, vem pagando uma conta que não é dela. Feliciana Alves do Vale Saldanha é diretora Estadual do Sind-UTE/MG secretária Geral da CUT Regional Vale do Aço.
Paulo Bretas é presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais Na edição 131...
acompanhando
Feliciana Alves do Vale Saldanha
No mundo, comemora-se a chegada de 2018. No Brasil, seguimos sem grandes motivos para celebrar. Somos mais de 205 milhões de brasileiros e de brasileiras, 11,8 milhões de analfabetos. Somos mais de 52 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, um quarto da população. A massa salarial e o consumo das famílias, ambas variáveis intimamente ligadas às condições do mercado de trabalho, respondem por cerca de 60% da receita bruta do governo central. Como o governo vem com uma reforma trabalhista que reduzirá a renda dos trabalhadores, teremos queda de arrecadação. Apenas 13,5 % dos impostos arrecadados vêm dos lucros. Sem falar no volume de renúncias fiscais, que é de aproximadamente R$ 285 bilhões. Contribuindo para a redução de receitas. Temos um sistema tributário injusto e regressivo. A situação dos trabalhadores não está nada boa. Com o início da implantação da reforma trabalhista, aprovada pelo governo Temer, nós viveremos o uso indiscriminado de contratos de trabalho a prazo, uso de trabalho a tempo parcial, a terceirização, o trabalho intermitente, muito subemprego, a sobrequalificação da mão de obra e o ataque à repre- Regredimos sentação sindical. A ONU fez muito, o país um exame das políticas públi- está doente cas do Brasil voltadas para os Direitos Humanos e criticou as reformas do governo Temer, alertando que o congelamento de gastos públicos é “incompatível” com os compromissos internacionais assumidos pelo país. É assustador pensar que somos governados por grupos políticos altamente suspeitos de corrupção e cujo presidente tem tão somente 6% de apoio da população. Em suma, regredimos muito, temos um país socialmente doente, um Estado em estado terminal. Um judiciário que se politizou e que segue sem fazer justiça.
Aproveite as feiras de rua de BH ...E agora Mercado Santa Tereza pode se tornar centro de agroecologia No domingo (21), acontece no bairro Santa Tereza, região leste de Belo Horizonte, mais uma edição do 5º Mercado Vivo + Verde. O evento pressiona a gestão do prefeito Alexandre Kalil (PHS) para que seja aceito o projeto de transformar o local em um centro de referência em agroecologia, economia solidária e cultura. Movimentos que constroem a iniciativa já enviaram para Kalil um plano de negócios com viabilidade econômica e agora cobram a Cessão de Uso. O Mercado Vivo vai das 10h às 18h, na Rua São Gotardo, 273.
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BRASIL
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
Protestos de 1968 completam 50 anos HISTÓRIA Da França ao Brasil, juventude questionou tradições e saiu às ruas contra o autoritarismo e as desigualdades sociais Henri Cartier Bresson
Rute Pina
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assadas cinco décadas de 1968, historiadores ainda dimensionam a amplitude dos acontecimentos daquele ano no mundo. Para o jornalista José Arbex Jr., doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), 1968 foi um ano atípico que desencadeou uma explosão em escala global. “Maio de 1968 tem uma alta dose de ilusão, achando que uma revolução na cultura iria resolver o problema. Por outro lado, as questões que são postas hoje na mesa — de gênero, de libertação do corpo, o fim do patriarcado, o fim do machismo e da violência contra as mulheres — foram todas questões abertas em 1968 e que não foram resolvidas”, pontuou.
Estudantes marchando em Paris 1968
O pano de fundo na época era a Guerra Fria, que aconteceu entre 1945 e 1991, e que colocou em oposição os países de regime capitalista, liderados pelos Estados Unidos, e o sistema socialista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A possibilidade de um conflito nuclear, em que to-
dos os lados sairiam derrotados, fez com que a juventude se rebelasse contra o autoritarismo, as desigualdades sociais e passasse a questionar profundamente tradições e costumes. No movimento hippie, a palavra de ordem era “sexo, drogas e rock n’ roll”. Nas barricadas franceses, ouvia-se que era “proibido proibir”.
PT pede à PGR que investigue pagamento da Petrobras aos EUA
A imaginação no poder O que começou com uma ocupação de estudantes da Universidade de Sorbonne e da Nanterre contra a burocracia educacional em maio daquele ano se transformou, em poucos dias, em uma greve geral que uniu estudantes e operários e paralisou milhões de franceses contra o governo do general Charles de Gaulle. No segundo semestre, os protestos chegam à Itália e Alemanha; na então Tchecoslováquia, jovens lutam pela liberdade de expressão e por um socialismo mais humano, na chamada Primavera de Praga. Na América Latina, as manifestações se deram contra governos repressores. “No Brasil, por exemplo, isso acabou assumindo a forma de uma luta contra a ditadura militar, que era a expres-
são da guerra fria no país”, conta Arbex. No México, estudantes protestam e são vítimas de um massacre dez dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos. O corpo e a sexualidade ganham centralidade na política e movimentos feministas pautam direitos reprodutivos e uma sociedade mais igualitária. Nos Estados Unidos também cresciam as tensões raciais após o assassinato do ativista Martin Luther King e as lutas pelos direitos da população LGBT e contra a Guerra do Vietnã.
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www.brasildefato.com.br Gilmar Felix / Câmara dos Deputados
Tânia Rego / Agência Brasil
Suspensão de posse da nova ministra do Trabalho Da redação
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líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, entrou no último dia 3, com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação do acordo de US$ 2,95 bilhões feito pela Petrobras com a Justiça nos Estados Unidos. Ele pede que a procuradora-geral, Raquel Dodge, cobre explicações da direção da empresa e interfira para que esse dinheiro não saia da Petrobras rumo aos EUA.
A Petrobras anunciou que desembolsará cerca de R$ 10 bilhões para ressarcir investidores estrangeiros e encerrar uma ação judicial coletiva que tramita na corte de Nova York. A empresa alega que esse desembolso é necessário para eliminar riscos de decisões desfavoráveis que impactariam a empresa. Mas o valor em questão é muito superior ao que a Lava Jato devolveu à Petrobras, que margeia R$ 1,5 bilhão, como recursos desviados da companhia.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região manteve a suspensão da posse da deputada Cristiane Brasil (PTB -RJ) no Ministério do Trabalho. A decisão foi publicada na terça-feira (9) e, de acordo com o desembargador responsável, Guilherme Couto de Castro, “a nomeação de Cristiane seria um desrespeito à moralidade administrativa”. A deputada foi condenada recentemente na Justiça trabalhista a pagar R$ 60 mil a dois ex-motoristas por FGTS, férias, horas extras, 13º salário e verbas rescisórias não pagas, além de multa. Com ordens do presidente não eleito Michel Temer, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso para revogar a decisão.
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Campanhas, manifestos, mobilizações e comitês são lançados em defesa de Lula JUSTIÇA Com julgamento marcado para o dia 24, ex-presidente responde a processo conhecido como “caso do tríplex” Manoel Marques / Imprensa MG
Da redação (com RBA)
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ovimentos populares e entidades sindicais lançaram nesta semana a campanha “Cadê a prova?”, numa tentativa de massificar o movimento em defesa da inocência do ex-presidente Lula. De acordo com o vice-presidente nacional do PT, Alexandre Padilha, o nome escolhido é uma provocação em referência à ausência de provas substanciais que justifiquem a acusação. “Fala-se muito de condenação, mas nenhum juiz, nem a Rede Globo, ninguém mostrou qual é a prova. Queremos fazer um diálogo com cada cidadão brasileiro. Não só aqueles que defendem o presidente Lula, mas todo e qualquer
cidadão [pra saber] se ele acha justo alguém ser condenado sem qualquer tipo de provas”, afirma Padilha. A campanha terá como estratégia a distribuição de banners e cartazes pelo país, além da divulgação de vídeos e outros mate-
riais nas redes sociais. Entre os argumentos apresentados pelos organizadores, está o de que a Justiça estaria agindo politicamente no caso porque as cerca de 80 testemunhas que foram ouvidas inocentaram o ex-presidente.
Julgamento é o segundo mais rápido a tramitar na segunda instância do TRF-4 Ricardo Stuckert
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) passou o julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 24 de janeiro, à frente de sete outras ações da operação Lava
Jato, cujos recursos haviam chegado ao tribunal antes. O recurso de Lula começou a tramitar no TRF-4 no dia 23 de agosto. Foi o processo da Lava Jato que chegou mais rápido ao tribunal, depois da condenação
pelo juiz Sérgio Moro, em 42 dias. A velocidade desproporcional da tramitação para acusações tão complexas quanto às imputadas ao ex -presidente levantou questionamentos da defesa de Lula, que pediu a divulgação da lista de ações do tribunal, por data. Os advogados do ex -presidente alegam que há interesses políticos nessa velocidade, uma vez que Lula pretende ser candidato à presidência nas eleições deste ano. Em resposta à defesa do ex-presidente, o presidente da corte, Carlos Eduardo Thompson Flores, reiterou que “o julgamento dos processos pela ordem cronológica de distribuição no tribunal não é regra absoluta”.
A dirigente nacional da CUT, Central Única dos Trabalhadores, Maria Faria Godoi considera que a conscientização da população sobre a inocência de Lula é algo que vai além da defesa do petista. “Lula significa uma conquista de um processo de democracia neste país, de um processo de inclusão social, de cidadania que vinha sendo construído”, argumenta. Eleições Para os organizadores, as acusações contra Lula objetivam a exclusão dele das eleições presidenciais deste ano. O petista é constantemente apontado em pesquisas de opinião como o candidato de preferência da população.
Comitês populares se espalham pelo país A Frente Brasil Popular, o PT, PCdoB, PSB, PCO entre outros movimentos, organizam centenas de comitês populares em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato à Presidência da República. Em Belo Horizonte, o lançamento está previsto para o dia 13. No dia do julgamento, estão marcados atos em todo o país. Em Porto Alegre, deve acontecer um acampamento ao longo da semana, além de uma grande marcha.
Manifesto tem mais de 150 mil assinaturas Um manifesto a favor da presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo eleitoral deste ano atingiu a marca de 150 mil adesões. Até terça-feira (9), eram 151.792 assinaturas no documento intitulado Manifesto Eleição sem Lula é Fraude, que continua disponível na internet. Segundo o texto, o julgamento marcado “em tempo recorde” configura mais uma demonstração de perseguição política ao ex-presidente, e diz respeito a toda a população, na medida em que põe em risco a própria democracia. Entre os signatários do documento, estão o filósofo norte-americano Noam Chomsky, o ex-presidente do Uruguai e José “Pepe” Mujica, o ex-presidente do Equador Rafael Correa, a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, o cineasta Costa-Gravas, o cantor e compositor Chico Buarque, os escritores Milton Hatoum e Raduan Nassar, entre outros.
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MUNDO
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Agências internacionais de notícias publicam “mentiras” sobre Venezuela, diz Maduro IMPERIALISMO Presidente afirmou que o país só recebe da imprensa “chumbo, chumbo, chumbo” Reprodução
Opera Mundi
E
m discurso realizado durante encontro de profissionais de saúde da Venezuela, na terça (9), o presidente Nicolás Maduro afirmou que agências internacionais de notícias publicam “mentiras” sobre seu governo. “A ofensiva mundial, por meio dos meios de comunicação, foi contra a Venezuela. No ano passado, publicaram 3.880 notícias negativas. As agências que encabeçam a campanha mundial contra a Venezuela são: Reuters, do Reino Unido, com 60% de notícias negativas, a agência AP
(Associeted Press), dos Estados Unidos, a agência AFP (France Presse), da França, e a agência Efe, da Espanha”, afirmou o mandatário.
Maduro ainda afirmou que, a nível mundial, o país só recebe da imprensa “chumbo, chumbo, chumbo”. Ele usou como base um estudo feito
pelo Ministério de Relações Exteriores do país, na semana passada, sobre a imagem da Venezuela na mídia empresarial. Sobre o conteúdo das notícias negativas contra seu governo, o presidente deu um exemplo de uma reportagem da televisão italiana sobre a situação sanitária da Venezuela. “A reportagem é uma imundice, parte de uma campanha nojenta, que ignora a realidade da saúde venezuelana e o fato de milhares de colombianos se tratarem na Venezuela, pois os hospitais de lá são todos particulares”, disse.
Bolívia reduz mortalidade infantil O Ministério da Saúde boliviano afirmou que a porcentagem de mulheres grávidas atendidas durante o parto por profissionais de saúde aumentou de 71,1% em 2008 para 89,9% em 2016. Essa medida gerou a diminuição de 52% da mortalidade infantil no país. Para o governo, a redução também se deve ao pagamento do Bônus Juana Azurduy, incentivo econômico para mulheres gestantes.
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ENTREVISTA
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“Renda muito concentrada leva à falta de acesso à internet” RESTRIÇÃO Operadoras tentam se apropriar de um bem público e fazer da liberdade na internet um negócio sob controle, é o que explica o sociólogo e professor da USP Sergio Amadeu Jailton Garcia / RBA
Patricia Fachin, IHU On-Line
res defenderem as suas causas.
decisão da agência norte-americana Federal Communications Commission (FCC, uma espécie de Anatel de lá) de pôr fim à neutralidade da rede nos Estados Unidos, o lobby das empresas de telecom e a atuação do poder público na garantia da inclusão digital no Brasil são alguns dos assuntos abordados por Sérgio Amadeu da Silveira, que é sociólogo e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). Ele foi um dos pioneiros do debate da inclusão digital no Brasil.
O investimento e o lucro das empresas de telecom foi diretamente afetado por conta da internet nos últimos anos?
A
Qual é o significado da decisão da agência norte-americana Federal Communications Commission – FCC de pôr fim à neutralidade da rede nos EUA?
Sérgio Amadeu - A decisão de pôr fim à neutralidade da rede foi bastante precipitada e só ocorreu porque o presidente Trump mudou a composição da FCC. O presidente tem compromissos de campanha que resolveu cumprir. Trump fez isso desconsiderando que a maior parte dos eleitores norte-americanos é favorável à neutralidade da rede, ou seja, ao princípio pelo qual a internet vem funcionando até hoje. O fim da neutralidade da rede prejudica a comunica-
O fim da neutralidade da rede prejudicaria mais pobres”
O que se percebe é que a digitalização dos fluxos de dados cresce e não se estabilizou ainda. Logo, tem uma certa mudança de usos, o que é muito comum no mundo da “O poder público nunca atuou de maneira bem articulada no campo da chamada inclusão digital e direito de acesso” tecnologia, porque determinadas tecnologias são abandonadas por outras que reção, eleva o custo da comu- condições de pagar para se solvem melhor determinadas nicação para toda a socieda- comunicar, os mais pobres, e demanda, problemas e os inde e os setores econômicos, com isso se cria um desincen- Operadoras de teresses econômicos e cultue implica dois grandes riscos. tivo à interação, à cultura. telecom querem rais da sociedade. As operaUm deles é o controle que as reduzir uso da doras de telecom querem reoperadoras de telecom passa- Por que operadoras de teleduzir o ritmo com que a sorão a ter sobre a invenção e a com seriam as mais bene- rede” ciedade usa os dados, dimiinovação. O segundo risco é ficiadas com o fim da neuque, dado que se poderá fil- tralidade? dos os demais setores econô- nuindo assim sua necessitrar e bloquear o fluxo de tráQuem se beneficia com o micos e para a sociedade. No- dade de investimento. Quefego de dados por motivos co- fim da neutralidade da rede vamente serão prejudicados rem ter uma margem de lucro maior e não querem aceitar a merciais e econômicos, o flu- é um pequeno grupo de ope- os que têm menos recursos. realidade: essas empresas esxo também poderá ser filtra- radoras de telecom, porque o do por outros motivos, sejam negócio de telecom é um oli- O fim da neutralidade tão numa área indispensável eles culturais, políticos ou re- gopólio. Esse oligopólio mun- pode abrir um precedente para a sociedade, porque a inligiosos. Então, as consequên- dial percebeu que a comuni- para uma nova forma de ternet não é uma moda, ela cias da decisão da quebra da cação passou a ser feita pelos legislar a internet em ter- não vai desaparecer amanhã. neutralidade são bastante ne- seus cabos, pelas suas fibras, mos mundiais? fastas para como a internet vi- que são concessões públicas Não, porque as leis são na- Quais são os desafios do Brasil na disponibilização nha funcionando até hoje. – na maior parte dos países, cionais. É claro que uma lei Quando se quebra a neuaprovada nos Estados Unidos de Wi-Fi, comparando com tralidade se transforma a inpode ser utilizada como uma o que outros países já fizeternet numa grande rede de tendência mundial, mas não ram? O poder público nunca supermercado, passa-se a coé o caso, porque não há neO negócio de atuou de maneira bem artibrar agora por tipo de aplicanhuma obrigação de que paíção, ou seja, se você vai aces- telecom é um ses que têm uma legislação culada no campo da chamasar música ou vídeo, você oligopólio” protegendo a neutralidade da da inclusão digital e direito de terá que pagar mais. O estrarede, como é o caso do Brasil, acesso, principalmente porto mais pauperizado que usa até os anos 1980, a infraestru- devam criar novas leis alte- que se percebeu que a falta de a internet, quem ganha até tura de telecom foi construída rando a neutralidade da rede. acesso à internet no país não um salário mínimo, usa mui- pelo Estado, e depois ela foi O que vai acontecer é que se dá por motivos estruturais, to mais multimídia do que privatizada. essas grandes empresas con- mas por motivos socioeconôe-mail. Se as empresas pasÉ um absurdo que um di- tinuarão fazendo lobby no micos, porque as pessoas não sarem a cobrar mais pelo uso minuto grupo que forma um meio político e junto a em- têm recursos econômicos, de serviço multimídia, esta- oligopólio possa impor a sua presas de comunicação, con- porque vivemos num país em rão prejudicando exatamen- fúria lucrativa, sua fome de tratando jornalistas e dando que a renda é extremamente te aqueles que têm menores capital, e sua vontade para to- presentes para comunicado- concentrada.
12 12 VARIEDADES
Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
CiÊNCIA, COISA BOA! MISTURAR BEBIDAS FAZ MAL?
Amiga da Saúde As pessoas mais velhas dizem que o pequi é afrodisíaco. Será que é mesmo? Mariana Teixeira, 29 anos, jornalista.
Dia 1º de janeiro rolando e as lembranças de uma animada noite de réveillon tomam conta do bate papo entre amigos. Aí alguém diz: “é, a ressaca me pegou, não devia ter misturado tantas bebidas ontem...”. Essa é uma cena que deve ter se repetido incontáveis vezes Brasil afora nesse final de ano. Mas, e aí? Misturar bebidas alcoólicas realmente potencializa a ressaca? O álcool etílico (ou etanol) presente em várias bebidas é uma substância tóxica para o organismo humano. Assim, ao ser ingerido, o corpo trabalha para eliminá-lo. O principal órgão responsável por isso é o fígado. Ressaca é o nome dado à sensação que sentimos após um episódio de intoxicação alcoólica. Ou seja, quando a quantidade de etanol absorvida é superior à quantidade que o fígado consegue metabolizar (em média 10 g por hora, o equivalente a uma latinha de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça). Os principais sintomas da ressaca são mal-estar, náusea, vômito e dor de cabeça. Por incrível que pareça, a ciência ainda não compreende totalmente as causas da ressaca. Provavelmente, ela tem relação com a diminuição dos níveis de açúcar no sangue e com a desidratação. O que já se sabe é que a origem do álcool não faz diferença, e sim a sua quantidade. Ou seja, não é o fato de misturar diferentes tipos de bebidas Melhor cura para (destiladas, fermentadas, mais fortes ressaca é beber ou mais fracas) que leva à ressaca, e pouco sim beber demais. É comum em nosso dia a dia relacionarmos fatos que não possuem ligação real com base apenas em nossa percepção. Essa é uma das causas da existência de diversos mitos e lendas do senso comum. A ciência, ao quantificar, sistematizar e medir dados a partir de ferramentas (que ocupam o lugar dos nossos sentidos) serve justamente para descobrirmos quais relações são reais e quais não são. Quando uma pessoa bebe moderadamente, geralmente ela fica em um só tipo de bebida. Já naquelas noites mais animadas, em que se “enche a cara”, é normal o uso de mais de um tipo de bebida. Daí, no dia seguinte a desculpa está na ponta da língua. Não foi por ter bebido demais, e sim pela mistureba feita. É muito mais cômodo acreditar nisso do que assumir que bebeu demais, não é mesmo? Também não existe receita mágica contra a ressaca. Chás, remédios, beber água, comer... nada disso é ainda indicado cientificamente como forma de se evitar ou curar uma bebedeira. Portanto, se quer realmente evitá-la, só há uma coisa a ser feita, beber com moderação. Um abraço e até a próxima! RenanSantos Santosé éprofessor professordedebiologia biologiadadarede redeestadual estadualdedeMG Minas Gerais Renan
O pequi é um fruto típico do cerrado brasileiro e tem cheiro e sabor bastante peculiar, não permitindo dúvida quanto ao gosto. Você ama ou odeia. Muitas histórias são contadas envolvendo esse fruto, inclusive encontros apaixonados e paqueras embaixo do pequizeiro. Popularmente o pequi é sim utilizado como afrodisíaco, em preparados junto com cachaça ou receitas apimentadas. Sabese que o prazer relacionado à degustação de alimentos muito saborosos acaba estimulando desejos sexuais. Uma pesquisa científica, coordenada pelo pro-
fessor César Koppe Grisólia, do Laboratório de Genética do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), concluiu que o pequi é capaz de proteger as células dos efeitos colaterais das drogas usadas no tratamento de câncer, que costumam ser muito violentos. Por ser rico em óleo insaturado, vitaminas A, C e E, fósforo, potássio, magnésio e carotenoides, sua ingestão previne tumores, problemas cardiovasculares e evita a formação de radicais livres. Com tanto benefício, vale a pena aproveitar a estação do pequi.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos Menor aprendiz: quem pode contratar? Você sabia que todas as empresas são obrigadas a contratar menores aprendizes em número equivalente a 5% a 15% dos trabalhadores? As exceções são as microempresas, as empresas de pequeno porte e atividades sem fins lucrativos com objetivo de educação profissional. Os aprendizes precisam também preencher requisitos. Precisa ter idade de 14 a 24 anos, ter carteira de trabalho, matrícula e frequência na escola – caso não tenha concluído - e deve estar inscrito no progra-
ma de aprendizagem em entidade qualificada. A remuneração é de, ao menos, um salário mínimo. A jornada de trabalho do menor aprendiz é de 6 horas diárias e 36 horas semanais, não podendo prorrogar nem compensar horas. Se o aprendiz já houver concluído o ensino médio, a jornada pode ser prorrogada para 8 horas diárias e 40 horas semanais, desde que nesse período estejam compreendidas as horas destinadas à aprendizagem teórica.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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Solução
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Ingredientes • • • • • • • • • • • • • • •
1 cebola 5 dentes de alho 1 e 1/4 xícara de chá de arroz 600 ml de água 1 cenoura 1 abobrinha 4 colheres de sopa de milho-verde 1 tomate sem pele 1 xícara de chá de frango cozido e desfiado Queijo muçarela 1 ovo Óleo Pimenta-do-reino Sal Cheiro-verde
Modo de Preparo 1. Descascar e picar a cebola e o alho em cubos pequenos e reservar; 2. Aquecer uma panela e adicionar o óleo; 3. Acrescentar a cebola e refogar até ficar transparente; 4. Juntar o alho e o arroz, refogar por 2 minutos e acrescentar a água, a pimenta-do-reino e o sal; 5. Cozinhar até a água secar e o arroz ficar macio (caso seja necessário, acrescentar mais água); 6. Em um refratário, misturar o arroz cozido com a cenoura e a abobrinha raladas em ralador grosso, o milho, o cheiro-verde, o tomate cortado em cubos e o frango desfiado; 7. Salpicar a muçarela ralada sobre o arroz e enfeitar com o ovo cozido; 8. Levar ao forno preaquecido (200 °C) por 10 minutos. Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 12 a 18 de janeiro de 2018
Primeira marchinha do Carnaval de BH critica Jair Bolsonaro IRONIA Canção foi lançada por banda criadora do “Baile do pó royal”, que chama a atenção para a importância de uma festa política Reprodução de vídeo
Raíssa Lopes
“É
melhor Jair / Jair embora / sair correndo para a aula de história”. Tem alguma ideia de quem esses versos falam? Ela é parte da primeira marchinha do Carnaval de Belo Horizonte 2018, lançada nesta semana, e é dedicada ao deputado federal Jair Bolsonaro, que deve se candidatar pelo PSL à presidência do Brasil nas próximas eleições, em outubro. Quem assina a composição é a banda mineira Orquestra Royal, que semanas antes da folia já mostra que a época é boa para brincar, mas também para falar de política. A letra pede que Bolsonaro vá e, junto com ele, leve também os prefeitos João Dória e Marcelo Crivella, o Movimento Brasil Livre (MBL) e Alexandre Frota. De acordo com Gustavo Maguá, um dos inte-
grantes da Orquestra, a ideia foi escrever uma mensagem direta. “A letra é bem clara. E ela faz parte da democracia. Quando compomos, não estamos falando para votar em fulano ou em sicrano, mas deixamos claro o nosso posicionamento de que alguns políticos não são legais e não entendem muito bem de política”, diz. Além de indicar aulas de história para o “Bolsomico”, expressão que a ban-
Divulgação
Aula aberta de piano Na quinta-feira (18) acontecerá uma aula aberta de piano, conduzida por Gilson Beck, professor e mestre em composição musical pela Universidade de Évora. O objetivo da aula é criar um espaço onde todos possam aprender a tocar o instrumento, trocar informações, aprender e desenvolver seus conhecimentos sobre música. Todos os níveis e idades são bem-vindos. O evento será das 14h30 às 17h, na Casa da Cultura de Uberlândia. Entrada livre.
da escolheu para se referir ao deputado, a marchinha ainda sugere que ele se matricule em economia. As inspirações para as músicas da Orquestra Royal surgem do cotidiano, de notícias jornalísticas e de denúncias. O grupo existe desde 2014, quando lançou “O baile do pó royal”, uma sátira ao caso do helicóptero com cocaína que envolveu o ex-governador e atual senador Aé-
cio Neves. Mas eles já ironizaram o ex-prefeito de BH, Marcio Lacerda, e a Vale. Muitas das músicas foram sucesso absoluto. Para Gustavo, a boa recepção tem muito a ver com o tema das canções. “A política é cada vez mais falada. Com uma paródia, que envolve um duplo sentido, as pessoas tendem a usá-la para se comunicar. E claro que não é só pensando em questionar, mas porque vira uma festa. É a união das duas coisas”, declara. Ele explica que o bom humor também é importante para fazer com que a mensagem seja compartilhada e que a população integre debates importantes. A marchinha “Bolsomico” deve ser uma das participantes do VII Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que acontece no fim de janeiro. Confira a letra completa:
Bolsomico “Tem que ter QI de mico Pra ficar lambendo bota de milico Cérebro de periquito Pra chamar esse boçal de mito Memória de tanajura Pra dizer que nunca houve ditadura Cabeça de camarão Pra querer voltar pros tempos da inquisição É melhor Jair Já ir embora Sair correndo para a aula de história É melhor Jair Já ir embora E leve o prefeito Dória Leve também a turma desses idiotas MBL Crivella Alexandre Frotta Pra completar na verdade o bom seria Levar o mico pra aula de economia”.
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Divulgação
Resgatando a história de artistas negros
Oito anos da Praia da Estação
Na sexta (12) e sábado (13), o público de BH poderá conferir o espetáculo teatral “O Negro Conta”, inspirado nas memórias dos artistas negros mineiros Aruana Zamby e Evandro Passos. A peça faz parte da programação do festival Verão Arte Contemporânea - VAC 2018 e resgata contribuições de personagens como Pixinguinha e Zezé Mota. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade), a partir das 19h.
A Praia voltou e prepara a primeira edição de 2018 para o próximo sábado (13). O evento é a celebração dos oito anos do movimento e vai de 12h até 00h, na praça que dá nome ao evento. Com o tema “Vai Malandra”, em homenagem ao trabalho mais recente da cantora Anitta, vai fazer um compilado do que mais bombou no mundo da música em 2017 e também protesta contra as privatizações e outras medidas do prefeito Alexandre Kalil (PHS).
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na geral
Brasileira é bronze em Mundial
Washington Alves / MPIX CPB
ESPORTE
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Curto e Grosso Os crimes no esporte e o silêncio dos atletas Satiro Sodré /SSPress- CBDA
A halterofilista paralímpica Amanda de Souza conquistou a medalha de bronze da Copa do Mundo de halterofilismo, na Hungria. O torneio, na verdade, havia sido disputado em maio de 2017 e a brasileira tinha ficado na quarta colocação, na categoria até 73 kg. Porém, a terceira colocada, a egípcia Rehab Abougharbya, foi pega no anti-doping e perdeu a premiação, que passou para Amanda. A paratleta é paulista, radicada em Uberlândia, e nasceu aos cinco meses de gestação, com paralisia cerebral. Ela pratica o halterofilismo desde 2009 e já conquistou o ouro nos Jogos Para Sul-Americanos no Chile, em 2014.
Escolinhas de bike em BH Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Na última semana de janeiro, sempre das 9h às 16h, a organização Tembici promove oficinas ensinando a andar de bike em centros urbanos, de forma segura e respeitosa, em contato com a rotina do trânsito. O público-alvo são crianças de 2 a 7 anos. As atividades, que acontecem em parques de Belo Horizonte, são gratuitas e contam com bicicletas para os participantes. Mais informações pelo telefone: (31) 3277-7321.
Confira a programação: •
Dia 21: Parque Renato Azeredo. Rua José Cleto, s/n Palmares.
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Dia 23: Parque Roberto Burle Marx. Av. Ximango, 809 – Flávio Marques Lisboa
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Dia 24: Parque Nossa Senhora da Piedade: R. Rubens de Souza Pimentel, 750 – Araão Reis
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Dias 25 e 26: Parque Fazenda Lagoa do Nado. R. Desembargador Lincoln Prates, 240 -Itapoã
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Dia 28: Parque Ecológico da Pampulha Av. Otacílio Negrão de Lima, 6061/ 7111 Pampulha
Julia Cabral É curioso notar como no esporte existe um silêncio dos atletas frente a questões relevantes para a sociedade. Estamos vendo o caso do jogador Robinho, por exemplo. Poderíamos citar o do goleiro Bruno também. Muitos clubes gostariam de contratá-lo, não importando o fato de ele ter sido condenado em primeira instância por estupro. Creio que nenhum atleta se pronunciará sobre o caso. Por isso, devemos exaltar a atitude da nadadora Joanna Maranhão. A atleta, conhecida por seu engajamento político, decidiu não renovar seu vínculo com seu antigo clube, o UNISANTA, após a contratação de Ricardo Moura, ex-dirigente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Ele havia sido preso na operação Águas Claras, acusado de participar de um esquema de desvio de recursos públicos. É uma pena a atitude dela nos causar estranheza, quando o comum é a omissão de atletas frente às discussões colocadas. Que a postura da Joanna Maranhão inspire mais pessoas para um esporte mais ético.
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Copa do Brasil começa no fim do mês
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução Lucas Figueiredo / CBF
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Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou a tabela da primeira fase da Copa do Brasil 2018, que contará com 70 equipes de todo o Brasil. Participam cinco times mineiros: o Boa Esporte, que pega o Vitória da Conquista no dia 30; a Caldense enfrenta o Fluminense no dia 31; no mesmo dia, o Uberlândia encara o Ituano; a URT joga contra o Paraná no dia 1º de fevereiro; o Atlético-MG estreia no dia 7, contra o Atlético do Acre. O Cruzeiro, atual campeão da competição, e o América, vencedor da série B, só entram nas oitavas-de-final. A tabela completa está disponível no link: goo.gl/wCBdmd.
“Não teve sofá. Teve muita mesa na faculdade, biblioteca, escrivaninha de casa, centenas de jogos que assisto para estar preparada. Um mestrado. Artigos. Leituras. Chuva na cara. Teve babaca no meu caminho, como você” Bibiana Bolson, repórter da ESPN, respondendo a um torcedor que insinuou que, para chegar onde chegou, ela teve que passar por testes do sofá.
Gol de placa David Neres, ex-jogador do São Paulo, não tem nem um ano de atuação pelo Ajax, de Amsterdã, e já foi eleito o melhor jogador do primeiro turno do campeonato holandês. Oito gols, nove assistências, dribles e passes certos em profusão... É uma bela promessa de 20 anos.
Gol contra A saída de Reinaldo Rueda do comando técnico do Flamengo pode ter sido boa para as duas partes. Porém, diminui ainda mais as estatísticas do tempo de permanência de treinadores estrangeiros no Brasil – só quatro meses, em média. Os brasileiros tinham média de 5,7 meses nos clubes em 2016.
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Leo Calixto
A contratação de jogadores com experiência de Série A, como Rafael Moura, Matheus Sales, Matheus Ferraz e Carlinhos e a manutenção do técnico Enderson Moreira e de grande parte dos destaques da campanha de 2017 estão fazendo a torcida do Decacampeão América acreditar que, por fim, o Coelho permanecerá na primeira divisão. Os jogos do Campeonato Mineiro mostrarão se o novo time deu liga ou se serão necessárias novas contratações, mas, a julgar pelo elenco já montado e os elencos dos adversários, não é nenhum exagero acreditar que o América poderá ser competitivo contra qualquer time. Certamente, é um início de ano promissor, como há muito tempo não se via no Coelho. Feliz 2018, América!
O Atlético tenta se remodelar, requalificar e reencontrar o caminho dos títulos, sem Robinho, Fred e Marcos Rocha, entre outros. A confiança está depositada na juventude – Erik, Roger Guedes e Iago Maidana. E na experiência de Ricardo Oliveira e Arouca. Para É Galo a lateral-direita, volta o doido! eterno Patrick e, agora, Samuel Xavier. Galo é um enigma, envolto em mistério, dentro de uma incógnita. Ainda estão por aí Cazares e Otero. O certo mesmo é a redução de gastos e o lucro com Lucas Pratto. Os riscos só aparecerão em maio, no Brasileirão. Por enquanto, o Estadual e outras competições menos qualificadas. Os custos caem, as dificuldades não. Sobram tensão, sofreguidão e a ansiedade.
Anúncio A temporada de futebol profissional no Brasil está prestes a começar e ainda temos - como nos anos anteriores – clubes correndo contra o tempo para anunciar reforços. Mesmo terminando 2017 com sérias dificuldades financeiras, o Maior de La Bestia Negra Minas precisou abrir os cofres para contratar, até agora, Fred, Mancuello, David, Bruno Silva, Egídio, Marcelo Hermes e Edílson. Clube gigante que é, o Cruzeiro entra com força em todas as competições, mas, observando os perfis dos jogadores pedidos por Mano, os objetivos centrais serão as Copas Libertadores e do Brasil. A primeira pelo tricampeonato e pelo Mundial; a segunda, pelo hexa da Copa do Brasil e os R$ 68 milhões que o vencedor levará.