MINAS
Leonardo Milano / Mídia Ninja
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BRASIL
Contra o analfabetismo
O desmonte da Previdência
Minas recebe primeira etapa de projeto do MST que ensina a ler e a escrever e é inspirado em experiência de Cuba
Governo ignora dívidas de grandes empresas, mas quer aprovar reforma que retira direitos. Votação pode ocorrer ainda em fevereiro, e centrais prometem mobilização
Minas Gerais
Midia Ninja
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Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018 • edição 221 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita CACALANARI/Carnaval BH
TODO MUNDO CABE NO CARNAVAL
É hora da folia e o Brasil de Fato MG preparou um roteiro de blocos especial para quem quer prestigiar o carnaval de luta. Também tem dicas para ninguém ser preconceituoso e passar aquela vergonha na festa... E um lembrete: usar glitter está liberado! Ele não é inimigo e a gente explica por que na coluna de Ciências. CULTURA 12 e 13
CIDADES
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MINAS
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ESPORTES
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Metrô em risco
Designação é paliativo
Olimípiada de Inverno
Corte no orçamento do metrô de BH, anunciado pelo governo federal, pode diminuir atendimento e aumentar tarifa do transporte
Todo ano, milhares de trabalhadoras da educação enfrentam a insegurança no emprego. Drama só vai ser resolvido com concursos públicos. Governo anuncia processo seletivo para primeiro semestre
Evento começou na quinta (8). Brasil participa com 10 representantes. Destaque para mineira Jaqueline Mourão, recordista em participações
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Editorial | Brasil
Quem tem medo do voto?
ESPAÇO dos Leitores “Gente, que blogueirinho” Tih Carvalho comenta na resposta de Denis William na pergunta da semana da edição 220: “Você já pensou na sua fantasia de carnaval” “Amigo do Traíra, é inimigo do povo. Fora ” Ilza Pereira comenta o artigo de Felipe Marcelino: “Topam tudo por dinheiro: Sílvio Santos e Temer” “Acredito nesta mobilização. Agora, é preciso garantir voz e participação da maioria” Elisangela Machado escreve sobre a matéria de capa “População poderá opinar sobre o futuro do Brasil em reuniões abertas” “Pra não esquecer...” Adriana Matta de Castro escreve ao compartilhar a matéria “Perseguição da ditadura chegou a 10 mil dirigentes sindicais”
A direita brasileira tem um problema: o voto popular e as eleições de 2018. Após serem derrotados quatro vezes nas eleições presidenciais, retomaram a presidência com a retirada ilegítima e sem amparo legal da presidenta Dilma. E, com a proximidade das eleições presidenciais de 2018, enfrentarão novamente as urnas e o voto popular. Os verdadeiros donos do poder nunca toleraram o voto e a participação popular. E, em diversos momentos decisivos, utilizaram todas as armas possíveis para fugir ou mudar os resultados do voto: foi assim quando do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, por forte pressão dos que não toleram um governo que garantia alguns direitos trabalhistas; foi assim quando inviabilizaram a candidatura de Jusce-
Direita não tem candidato ideal lino Kubitsheck por acusações de corrupção envolvendo um apartamento tríplex em Copacabana, nas eleições que acabariam por não ocorrer em 1966. Em 2018, os esforços são inúmeros para encontrar um candidato que tenha chances de vitória. Geraldo Alckmin, o mais desejado pelos tucanos, não decola e não passa de 8% das intenções de voto. Henrique Meireles, atual ministro da Fazenda, é querido pelos mercados, mas não tem a liderança necessária para cativar os votos dos brasileiros cansados com sua condução econômica que aumenta o desemprego e reduz os salários.
Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara dos Deputados, é uma aposta para renovação, mas parte do partido herdeiro da Ditadura Militar - o Democratas (antigo PFL e Arena). A opção de Jair Bolsonaro, embora não seja descartada, tem poucas chances de vitória, pois representa uma posição ultraconversadora, que flerta com o fascismo.
Lula venceria em todos cenários Começam a apostar, inclusive, em Luciano Huck, um milionário apresentador da TV e amigo pessoal de longa data de Aécio Neves. Huck se coloca como renovação da política, mas na realidade representa o mesmo do velho projeto do PSDB e a continuidade do governo Temer. Esses candidatos representarão a continuidade do golpe e do governo de Michel Temer, o pior presidente da história do Brasil, com apenas 3% de aprovação. E o povo brasileiro percebeu que eles representam a falta de saídas para a grave crise econômica, social e política que o Brasil enfrenta, além da retirada de direitos, um após o outro. Por isso, a maioria da população ainda aponta Lula como preferência de voto para as eleições de 2018. Segundo pesquisa do DataFolha entre 28 e 30 de janeiro de 2018, Lula tem 36% das intenções de voto e venceria todos os adversários no primeiro turno. Por isso, querem uma fraude: eleição sem Lula. E o povo brasileiro precisará se levantar: eleição com Lula e com luta social.
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? PERGUNTA DA SEMANA
Alexandre Kalil (PHS) completou, em janeiro, um ano como prefeito de Belo Horizonte. Na área social, sua gestão é considerada controversa. Por um lado, promoveu diversas melhorias, como no diálogo com ocupações urbanas. Por outro, foi muito criticado, por exemplo, na remoção dos camelôs do Centro, entre outros episódios. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:
Declaração da Semana
“Eu acho que melhorou. Estava meio bagunçado e ele colocou ordem. Ainda tem algumas coisas para melhorar, mas está sendo bacana. Ele tem que gerar mais emprego, só falta isso ”.
Roberto Marcílio, bombeiro civil
Janaína, vendedora
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Reproducao video
“O que falar do lucro de R$ 24,9 bilhões de apenas uma empresa?! (...) Avisamos que o impeachment era pra isso. Tirar de programas sociais pra dar pros ricos. Indecente!”
O que você pensa sobre a gestão Kalil na Prefeitura?
“Eu acho que melhorou. Eu sou árbitro da Federação Mineira e trabalhei com ele apitando jogos. Gostaria até que ele fosse candidato a governador, mas a gente não sabe o que pode acontecer ”.
GERAL
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Escreveu a senadora Gleise Hoffmann (PT) em seu Twitter, se referindo ao lucro exorbitante que o banco Itaú/Unibanco teve em 2017
Escola não pode exigir marcas de material escolar As férias estão acabando e as listas de material começam a ser passadas pelas escolas. Mas você sabia que as instituições de ensino só podem pedir produtos que serão de uso individual e que tenham uma real função pedagógica? Não podem ser exigidas marcas, mas sim características do produto, para que não afetem a saúde da criança ou adolescente. Os pais po-
Cristino Martins / Ag. Pará
dem comprar o material no início do ano ou ao longo do período letivo. Informe-se: Lei Estadual 16.669/2007 (para escolas particulares),
Lei Federal 8.078/90 (artigo 39 e 51) e artigo 206 da Constituição Federal. Em caso de dúvidas, converse com a escola!
A primeira trans editora de um jornal no Brasil Luisa Medeiros
Mais uma conquista da luta pela identidade transgênero. Janaína Lima é a editora-chefe do recém-lançado
jornal Brasil de Fato Potiguar, no Rio Grande do Norte. Formada em jornalismo pela UFRN e li-
derança de uma organização política, o Levante Popular da Juventude, Janaína fez sua transição de gênero em 2016, quando ainda estava na faculdade, segundo o site www. saibamais.jopr.br. “A gente espera um mundo onde as pessoas trans não sejam nem mais as primeiras em algo, nem as últimas, que só sejam pessoas que ocupam seus espaços como todas as outras na sociedade”, defende Janaína.
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CIDADES
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Corte de 40% atinge metrôs de capitais de cinco estados ALERTA Documento vazado aponta diminuição de horários. Após repercussão, Ministério promete complementar verba Rafaella Dotta
Rafaella Dotta /Brasil de Fato MG
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anúncio da redução em aproximadamente 40% da verba de metrôs assustou passageiros e funcionários. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) confirmou, na segunda (5,) que o Ministério das Cidades fará um corte neste ano, referente ao gasto de 2017, que vai atingir as cidades de Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (AL). Isso pode significar horários reduzidos já em março. O alerta foi levantado pelo Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG), que divulgou uma ata assinada pelos superintendentes dos cinco metrôs, endereçada ao presidente do Conselho Administrativo da CBTU, Pedro Cunto de Almeida Machado. A reunião teria acontecido em 31 de janeiro. No documento os superintendentes afirmam que, caso o Ministério das Cidades e Ministério do Planejamento não façam a re-
Sindicato critica que não há prazo para liberação da verba
Tarifas de metrô são mais baratas que a de ônibus e podem sofrer reajuste composição ou suplementação da verba a solução pode ser a redução do horário de funcionamento. Os trens das cinco capitais passariam a funcionar somente nos ho-
rários de pico a partir de 5 de março. O documento elenca ainda alguns dos demais prejuízos: demissões de terceirizados, aumento dos índices de vandalismo devido à falta de segurança, redução das manutenções, degradação dos equipamentos, prejuízo à imagem da empresa (CBTU) e perda de passageiros para outros meios de transportes. Números
O corte acontece na “Ação de Funcionamento dos Sistemas”, verba exclusiva para operação dos trens, excluindo-se manutenção, obras e pagamento de profissionais, por exemplo. Em 2017 o setor teve R$233 milhões. Para este ano, o Poder Executivo e Congresso Nacional, através da Lei Orçamentária Anual (LOA), propõe R$ 139,7 milhões, 40% a menos. O Ministério das Cidades responde que o corte visa adequar as despesas do governo à meta de resultado primário e ao limite de gasto do Novo Regime Fiscal (Emenda Constitucional 95/2016), mas que poderá ter acréscimos. “Estão sendo realizadas tratativas com o Ministério do Planejamen-
to para ampliar o orçamento da ação para cerca de R$ 200 milhões”, garante o Ministério das Cidades. Na quarta (7), o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, anunciou que o governo federal vai providenciar a complementação orçamentária em tempo. “Não haverá qualquer risco de interrupção do serviço”, disse, em nota. O Sindimetro critica que não foi informado o valor da verba, nem prazo para a liberação e que o alerta se mantém. Em 2017, o metrô de BH precisou de um aporte adicional de R$ 165 milhões para funcionamento e demais operações. “Passar à administração estadual” significaria repassar a responsabilidade destes investimentos. Já a Prefeitura de BH responde que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) está se informando para que possa intervir na questão.
“Trata-se de uma situação recorrente”, diz CBTU
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egundo a CBTU, o corte no orçamento acontece todo início de ano e a empresa busca, por negociações, aumentar o aporte de verba. O presidente do Sindimetro MG, Romeu José Machado Neto, discorda. “Tem uma diferença neste ano. Nos outros anos nós sofremos com contingenciamento, que é um valor do orçamento (já aprovado) retido pelo governo, que vai sendo liberado ao longo do ano. Neste ano o corte é no orçamento. Ou seja, se precisar alterar, vai
ter que fazer uma suplementação orçamentária e depende de aprovação até do Congresso Nacional”, analisa. Na terça (6), parlamentares e representantes dos cinco sindicatos de metroviários se reuniram em Brasília para aumentar a pressão sobre o governo federal. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), também pressionou pelo recurso. Raio-x Juntos, os cinco metrôs transportam 600 mil pessoas
Metrô mais rentável foi o de BH, com receita de R$ 97 milhões em 2017 por dia. Ao longo de 2016 BH contabilizou 68 milhões de passageiros, Recife 112 milhões, Natal 3 milhões, João Pessoa 2 milhões e Maceió 2,5 milhões, segundo o úl-
timo relatório de gestão da CBTU. As tarifas são sensivelmente mais baixas que as dos ônibus. Em Recife, a tarifa do metrô é R$ 1,60, enquanto a passagem de ônibus acaba de subir para R$ 3,20. Em BH, a tarifa do metrô é R$ 1,80 e a de ônibus é R$ 4,05. Em Natal, João Pessoa e Maceió as tarifas de metrô são R$ 0,50, enquanto as de ônibus são R$ 3,35 em Natal, R$ 3,30 em João Pessoa e R$ 3,50 em Maceió. O orçamento geral gasto pela CBTU em 2017, segun-
do os relatórios mensais, foi de R$ 741 milhões, porém, a arrecadação somada dos cinco metrôs foi de R$ 166 milhões. O metrô mais rentável foi o de BH que teve uma receita de R$ 97 milhões e um gasto de R$ 262 milhões. Mesmo assim, é sabido que elevar a tarifa é um dos objetivos da CBTU: “Aumentar a receita com a viabilização junto ao governo federal de um acréscimo do valor da tarifa unitária para R$2,50 ou R$2 no pior cenário”, diz o relatório de gestão de 2016.
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
MINAS
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Opinião
Morrer de trabalhar, trabalhar até morrer João Paulo Cunha A questão do trabalho no Brasil é duplamente perversa. O brasileiro trabalha muito, em condições adversas, com poucas garantias legais, salários aviltados, autoritarismo sistêmico e ausência de reconhecimento. Morre de trabalhar. Além disso, está na mira da retirada de direitos ainda bastante restritos de aposentadoria, com alta carga de contribuição, tempo alargado de labuta e recebimento de valores, ao final de décadas, bastante inferior ao que tinha direito quando estava na ativa. Vai trabalhar até morrer. Apesar de alguns desvios na proposta original de reforma, o núcleo duro do projeto a ser votado não mudou. É uma soma de duas iniquidades: a exigência de idade mínima e a necessidade de tempo de contribuição muito além da realidade nacional do trabalho precarizado. Chegar aos 65 anos e contribuir ininterruptamente por 40 anos para estar apto à aposentadoria integral é quase uma impossibilidade. Há limitações em ter-
mos de expectativa de vida real, da informalidade quase estrutural do mercado e da carência de oportunidades laborais para quem passou dos 40. No entanto, não se deve desprezar a capacidade de reação da sociedade brasileira, que
A Previdência não é deficitária e os trabalhadores não se entregaram vem condenando a reforma, o que talvez esteja impactando o calendário de votação sempre adiado. O movimento popular, os sindicatos, as frentes de oposição precisam capitalizar a conjuntura, com o adiamento da votação para o fim do mês, para aprofundar a mobilização e radicalizar nas atitudes. O aparen-
te titubeio pode parecer prenúncio de derrota, mas talvez signifique recuo tático da reação para arregimentar forças e recursos. Assim como o governo, como lugar-tenente do mercado financeiro, se organiza para a carga final, a sociedade brasileira comprometida com a democracia precisa aprofundar sua resistência. Todas as ações são importantes, sobretudo aquelas capazes de multiplicar a solidariedade social e ampliar a força de contestação. Derrubar a reforma da Previdência é um sinal importante. Pode se somar à resposta que vem sendo dada nas pesquisas eleitorais com a afirmação da liderança de Lula, o que aponta o limite da mentira sobre a consciência política do brasileiro. Há verdades poderosas que precisam ocupar o espaço da realidade política. A Previdência não é deficitária e os trabalhadores não se entregaram. Ao rejeitar a sina de morrer de trabalhar e trabalhar até morrer, a classe trabalhadora fica com a vida. E toda a luta que viver significa.
“Sim, eu posso!”: o primeiro passo para aprender a ler e escrever já foi dado em Minas Gerais EDUCAÇÃO Mais de 100 brigadistas participam de formação para a realização do projeto que pretende romper as cercas do analfabetismo no estado Leonardo Milano / Mídia Ninja
Agatha S. Azevedo | Colaboração para o Brasil de Fato
Método foi criado em Cuba, país que acabou com o analfabetismo em 1961
A
primeira formação da Jornada “Sim, eu posso!” começou no domingo (4) e terminou na quinta (8), em Governador Valadares (MG). O projeto, realizado pela Secretaria de Educação do Governo do Estado e a Fundação Helena Antipoff, com apoio do Centro de Formação Francisca Veras e das lideranças locais, espalhou mais de 100 brigadistas por oito municípios do estado para mobilizar a alfabetização a mais de 1500 jovens e adultos utilizando a metodologia do “Sim, eu posso!”. Com a visão da educação como um processo social e de direito, que depende das condições de trabalho e de
Projeto já alfabetizou 7 mil pessoas no Maranhão, sendo 1800 indígenas
vida das pessoas, a Jornada pensa a alfabetização como uma forma de libertação. A experiência vem de Cuba, que, durante o seu processo revolucionário, desenvolveu um sistema simples e rápido de ensino através da associação de letras, números e recursos radiofônicos.
“O método foi criado em 1961, quando a sociedade cubana decidiu erradicar o analfabetismo no país, permitindo a alfabetização em até quatro meses. A ideia é trabalhar o método cubano para além dos oito municípios e expandir por toda Minas Gerais. Serão 13 meses,
com mobilização, alfabetização e com os Círculos de Cultura, que ajudam a fixar o hábito da leitura”, explica Edilene Costa, coordenadora do projeto. A iniciativa, trazida para o Brasil através do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), teve sua metodologia adaptada para a realidade brasileira ao longo de mais de 13 anos de brigadas populares atuando no campo, e se
mostrou bastante eficaz em combater a evasão. Os brigadistas procuram alfabetizar respeitando e reconhecendo os saberes populares das pessoas, e entendendo a simbologia do ato de escrever para ler o mundo. Os municípios que tiveram as brigadas do “Sim, eu posso!” foram Almenara, Novo Cruzeiro, Teófilo Otoni, Tumiritinga, Montes Claros, Itatiaiuçu, São Joaquim de Bicas e Ibirité. Mais do que um tratamento livre de preconceitos e culpas, o projeto utiliza um método diferente, mais massivo, e que já se projeta como uma ponte entre as primeiras palavras e a continuidade dos estudos. O Brasil de Fato preparou um especial a respeito do projeto. Para ler, acesse o link: https://goo.gl/wZFcrj.
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MINAS
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Designação gera frustração e ansiedade para trabalhadores da educação CONCURSO Governo anuncia processo seletivo para primeiro semestre de 2018 e sindicato pressiona para abertura de novas vagas Wallace Oliveira
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odo ano, milhares de trabalhadores disputam vagas na rede estadual de ensino de Minas Gerais. Eles participam do processo de designações, no qual cada candidato assina um contrato precário, de no máximo um ano, para preencher uma vaga para a qual não tem servidor efetivo. Para trabalhadores, isso gera insegurança, humilhação e ansiedade, além de prejudicar a continuidade do processo pedagógico. A alternativa, segundo o sindicato, é fazer mais concursos públicos e dar posse a quem já foi aprovado em concursos anteriores. Insegurança Izabella Martins é licenciada em química. No ano passado, ela se inscreveu no cadastro para designação e
Designados assinam contratos precários foi contratada para trabalhar em uma escola na região Oeste de Belo Horizonte. Após um ano nessa escola e já tendo criado vínculos com os alunos, ela novamente tentou a designação, mas não conseguiu a vaga, que foi preenchida por outro professor. “Estou com a classificação melhor do que no ano passado, mas fui a duas designações e, até agora, es-
João Bittar / MEC
tou sem escola para trabalhar. O processo de ensino -aprendizagem não ocorre em apenas um ano. Ele é contínuo. Mas a gente não tem estabilidade com nada”, avalia.
Processo de ensino-aprendizagem não se dá em apenas um ano, diz professora A professora Juliana Diniz, formada para lecionar sociologia, enfrenta problema semelhante. Na escola onde ela trabalhava, um professor assumiu a vaga de maneira irregular, sem ser habilitado para a disciplina. Depois, a contratação foi revista e a Superintendência Regional de Ensino abriu uma designação para o cargo. Nesse meio tempo, temendo ficar sem emprego, Juliana assumiu um cargo com menos aulas em outra escola. Na terça-feira (6) pela manhã, ela saiu de casa debaixo de chuva para tentar a designação na escola onde havia trabalhado. Por ter pegado outro cargo, perdeu a prioridade que teria nos critérios de classificação e não conseguiu a vaga de 14 aulas, que foi assumida por uma profissional que tinha uma classificação pior. Ela conta que não quer passar novamente por esse desgaste. “Quero ser professora, mas algumas pessoas fizeram licenciatura como um bico, uma segunda opção. Se você não consegue tra-
balhar, você fica desesperada e já arranja outras coisas para sobreviver. É horrível! Gera ansiedade, é humilhante, você não tem certeza se vai trabalhar. Eu peguei sete aulas, não dá nem um salário mínimo!”, reclama.
Juliana percebe que, em 2018, há menos vagas disponíveis e acredita que isso acontece porque algumas pessoas aprovadas no concurso de 2015 têm tomado posse, mas também por causa do adiamento do início das aulas para 19 de fe-
vereiro. “Devido à alteração da data, nem todos os alunos fizeram matrículas. Então, as escolas não têm como precisar o número de vagas. Agora, dizem que vão ter mais vagas, mas está confusa a informação”, conta Juliana Diniz.
Solução são concursos As duas professoras acreditam que, para resolver os problemas enfrentados nas designações, seria necessário, entre outras coisas, realizar mais concursos públicos e dar posse aos profissionais já aprovados em concursos anteriores. Essa tem sido uma reivindicação antiga do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind UTE MG). No início do ano passado, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) apresentou um novo processo de designação. Nele, os candidatos realizam a inscrição pela internet e são classificados por um conjunto de critérios, e não mais por ordem de chegada. Na época, a coordenadora-geral do sindicato, Beatriz Cerqueira, reconheceu que a mudança
trazia mais transparência ao processo, mas ressaltou que o governo precisava garantir novos concursos. “O fundamental é que con-
Secretaria de Educação autorizou concurso para 16 mil vagas para professores tinuemos garantindo nomeações de concursados e novos concursos públicos. A designação é uma contratação temporária. O designado tem uma situação muito precária, não tem carreira. O seu vínculo é de no máximo um ano,
ele não tem férias e outros direitos”, explicou Beatriz. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que, em setembro de 2017, o governo de Minas Gerais prorrogou, por dois anos, editais de novembro de 2014 para concursos públicos na rede, possibilitando nomear novos servidores concursados. Só em 2017, teriam sido nomeadas 50.457 pessoas, sendo 82% delas para dar aulas. Ainda segundo a SEE, no final de 2017, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) autorizou a realização de concurso com 16 mil vagas para professores e 700 vagas para Especialista em Educação Básica. As inscrições começam no dia 26 de fevereiro.
OPINIÃO
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018 JEFFERSON RUDY/ AGÊNCIA SENADO
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Leonardo Koury Martins
Quem realmente produz a riqueza?
Sobre auxílios e hipocrisia Foi de um grupo de WhatsApp que recebi o cartaz. Nele uma mulher, negra, deitada numa rede, pergunta ao telefone: “Alô, é da Caixa? Já depositaram meu Bolsa Família, Bolsa Escola, seguro desemprego?” No momento em que se desnudam os “auxílios” que são, na verdade, privilégios a magistrados e políticos, deveríamos nos perguntar: em que país vivemos onde o auxílio-moradia de um juiz é superior ao salário de uma professora? Onde o que incomoda é a política de combate à fome! Porque o que O deboche sobre políticas sociais desnuda a hipocrisia em nossa sociedade. Tentam nos convencer que a meritocracia incomoda é o deve ser o maior valor de uma sociedade. Se você não tem combate à fome? algo, a culpa seria sua, pois você não teve mérito para conseguir. As pessoas passariam fome, desemprego ou não conseguem concluir os estudos, por mérito próprio. Não basta manter a injustiça social. É preciso, na lógica da elite, humilhar o pobre. Um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo é proprietário de 60 imóveis e recebe auxílio-moradia. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais gasta R$53 milhões no mesmo auxílio. Um Conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais, que tem salário de R$30 mil, também pode receber o seu auxílio-saúde de até R$3 mil por mês! A que auxílio o povo recorre para compensar a política de austeridade? A que auxílio as professoras do Brasil, que não recebemos o piso salarial, podem recorrer? Num país com profundas e estruturais desigualdades, é o Bolsa Família - política que contribuiu para que milhares de famílias saíssem da pobreza extrema, seus filhos frequentassem a escola e tivessem acesso ao básico na saúde - o alvo do deboche. É preciso confrontar os auxílios que representam privilégios. Comecemos rápido! Beatriz Cerqueira é presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais.
Leonardo Koury Martins é professor, assistente social e militante da Frente Brasil Popular Na edição 217...
ACOMPANHANDO
Beatriz Cerqueira
Quem produz a riqueza que vem das fábricas e do campo? Os operários, que trabalham muito. Não é diferente a situação das lojas, em que as vendedoras e vendedores se desdobram para vender o que está ali exposto. Das lanchonetes das periferias, no serviço público, etc. Quem vive de salário é trabalhador, é trabalhadora. Diretores de empresas, chefes de repartição não são patrões. São também funcionários, que vendem sua força de trabalho. Quem trabalha pertence à classe trabalhadora. Mas não é ela quem fica com a riqueza. Por quê? A resposta está na diferença entre tudo que se gastou para produzir algo e o total do que se vendeu. O excedente é o que se chama mais-valia. Essa diferença fica para os patrões, que enganam o povo trabalhador oferecendo o salário como recompensa pelo trabalho. O salário é apenas parte, e pequena, da riqueza produzida. Precisamos ter a consciência de que o dono de uma rede de supermercados, que é o patrão de verdade (não estamos falan- Consciência de do do gerente, este é trabalhador também) em nenhum mo- classe pode mento esteve no caixa, no es- libertar toque ou cultivando legumes. Enquanto escrevo, meus patrões (a burguesia) voam para a Europa. Eles não estão de férias, pois nem trabalharam. A consciência vem quando paramos de competir pela vaga do trabalho do outro, de julgar os colegas, quando compreendemos que todas as dores têm uma causa. Esquecer disso é alienação. A alienação é o Alzheimer social que nos deixa distantes de termos um futuro livre. Para os ricos, nossa liberdade tem o preço de sua morte econômica, mas, para nós, a nossa liberdade tem o preço de não mais ter preço.
“Ministério Público e PSDB entram com ações contra chapa de Kalil” ...E agora Kalil é absolvido no TRE
O juiz Renato César Jardim, da 29ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE -MG), julgou improcedentes, ou seja, infundadas, as ações contra a chapa do prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS). O prefeito foi acusado de abuso de poder econômico, durante a campanha de 2016. As ações foram movidas pelo Ministério Público Eleitoral e pela coligação do candidato derrotado nas urnas, João Leite (PSDB). Eles ainda podem recorrer da decisão.
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BRASIL
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Reforma: governo mantém cortes na aposentadoria e marca votação para dia 28 Proposta vai prejudicar 45 milhões de trabalhadores; devedores do INSS já desfalcaram R$ 500 bilhões JBS Reprodução
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)*
Texto mantém idade mínima e regras para trabalhadores do campo
A
pós apresentar o que considerou sua última versão para a reforma da Previdência, o relator da proposta na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), anunciou, na quarta-feira (7) apenas uma única mudança em relação ao projeto anterior: a garantia de pensão integral para cônjuges de policiais mortos em serviço. Os demais itens da emenda constitucional, que precisa de 308 votos para ser aprovada, foram mantidos no texto. Para conseguir se aposentar, a idade exigida é de 65 anos para homens e 62 para as mulheres, mas combinada com uma contribuição previdenciária mínima de 15 anos para trabalhadores do setor privado e 25 anos para trabalhadores do setor público. Esse tempo de contribuição, porém, vai garantir apenas uma aposentadoria par-
JBS é a segunda maior devedora do INSS, com débito de R$ 2,7 bilhões
Se não conseguir os 308 votos que precisa para aprovar a proposta, votação deve ficar para outubro
cial, com pagamento de 60% do valor total da contribuição. Para garantir 100% dos vencimentos, os trabalhadores terão que contribuir por 40 anos, o que, na prática, inviabiliza a aposentadoria integral para a grande maioria dos 45 milhões que atualmente pagam o serviço de Previdência no país, segun-
do dados oficiais. Em relação à aposentadoria rural, o texto mantém a exigência de idade mínima de 60 anos para homens e 55 anos para mulheres, mas passa a exigir contribuição durante 15 anos com base na comercialização da produção e não mais com a comprovação de 15 anos de trabalho no campo, como é aceito atualmente. O texto elimina justamente a aposentadoria rural por idade, o que deve afetar milhares de trabalhadores do setor que não conseguem contribuir com regularidade ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como a reforma
passará a exigir se for aprovada. Outro ponto mantido no texto foram as regras para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que continuará vinculado ao aumento do salário mínimo. O BPC é pago a pessoas com deficiência de qualquer idade e idosos de baixa renda que não contribuíram com a Previdência social. Calendário O cronograma de votação começa após a semana do carnaval, no dia 19 de fevereiro, uma segunda-feira. A ideia é que os trabalhos parlamentares sejam abertos para debate da proposta. A votação em plenário só deve mesmo ocorrer no dia 28, último dia do mês. Se até lá a base governista não conseguir os votos necessários para aprovar a matéria, o governo já anunciou que vai retirar a proposta e deixar a questão para a próxima gestão que for eleita em outubro deste ano. (*Colaborou Cristiane Sampaio.)
Previdência não é deficitária, demonstram estudos CAMPANHA MENTIROSA Segundo Anfip, conta do governo não atende aos procedimentos da Constituição
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ntidades da sociedade civil organizada têm criticado fortemente os números divulgados pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) sobre a situação da Previdência Social. O discurso oficial é que o caixa da Previdência fechou o ano de 2017 com desfalque de R$ 181 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Floriano Martins de Sá Neto, a con-
ta do governo simplesmente não atende aos procedimentos determinados pela Constituição Federal. “A campanha que o governo vem utilizando é mentirosa. O governo faz um terrorismo para justificar a reforma, dizendo que a Previdência está quebrada, mas ela não está quebrada, não está falida”, afirma. A grande questão está na forma como o governo faz os cálculos. Segundo Neto, a Previdência está inserida no orçamento da Segurida-
de Social, que se baseia em um tripé. Ela considera não só os números da Previdência, mas também os da assistência social e da área de saúde. Já as contas do governo incluem somente a folha de salários que chega ao INSS, onde aparecem apenas as contribuições de patrões e empregados. Por causa disso, o valor divulgado não inclui as outras fontes orçamentárias, como, por exemplo, o Cofins, uma contribuição calculada sobre a receita bruta das empresas.
Além disso, o governo mistura no cálculo a DRU (Desvinculação de Receitas da União), que é justamente uma manobra legal para desviar bilhões em impostos que deveriam ser usados para o caixa da Previdência, mas abastecem outras áreas do Poder Público. Maiores devedores Um levantamento da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), divulgado no ano passado, mostrou que das 500 empresas e órgãos
que mais devem ao INSS somam uma dívida total de R$ 500 bilhões. Esse valor é 2,7 vezes maior do que o déficit anual da Previdência alegado pelo governo. Encabeçando a lista, em segundo lugar entre os maiores devedores, está a JBS, dona da marca Friboi, que consta no cadastro de devedores com débito de R$ 2,7 bilhões. Em primeiro lugar, aparece a falida Varig, com dívida de R$ 3,9 bilhões. Entre os 50 maiores devedores, há bancos públicos e privados.
BRASIL
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
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População questiona alto valor de benefícios de juízes PRIVILÉGIOS Auxílio-moradia chega a R$ 4.377, mais do que o salário de 92% da população brasileira
D
ois casos envolvendo integrantes da operação Lava Jato trouxeram à tona a questão do auxílio-moradia a magistrados: o de Sérgio Moro, de Curitiba, e o de Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro. Estima-se que 17 mil magistrados sejam beneficiados com o auxílio. Em um único mês, o Estado brasileiro gasta mais de R$ 60 milhões com esses complementos. O auxílio-moradia foi estendido a todos os magis-
trados por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, em 2014. A filha de Fux recebe o auxílio mesmo tendo dois apartamentos no Rio de Janeiro. Sérgio Moro recebe o auxílio apesar de ter imóvel próprio em Curitiba. O valor máximo do benefício é de R$ 4.377,73, tendo como referência o ano de 2018. Os adicionais não são contabilizados como salário, o que leva 71% dos magistrados a receber acima do limite de R$ 33 mil.
Brasília sedia dois eventos internacionais sobre água De um lado, debate do direito à água; de outro, fórum de empresas discute privatização Da redação
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Distrito Federal sediará, em março, dois eventos internacionais cujo foco será a administração dos recursos hídricos. Um deles é o 8º Fórum Mundial da Água, promovido pelo Conselho Mundial da Água, que ocorre entre os dias 18 e 23 de março. Em contraposição a ele, entidades populares organizam o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), previsto para ocorrer entre os dias 17 e 22 de março. As organizações que promovem o Fama acusam o outro evento de ser o “Fórum das Corporações”. No site do Conselho Mundial da Água é possível observar que o empresariado é o setor mais presente no órgão. A inscrição que dá direito ao fórum custa R$ 1.315.
Nossa água em risco Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e um dos construtores do fórum alternativo, destaca que o Brasil tem as maiores reservas de água doce do mundo e é preciso ter estratégias para protegê-las das corporações, que hoje avançam sobre os recursos naturais. “O Fórum Mundial da Água reúne as transnacionais e os banqueiros do mundo inteiro. O objetivo deles é estabelecer a privatização sobre a água para que os diferentes ramos de negócios sejam dominados”, explica. Segundo Cervinski, o evento alternativo tem como objetivo construir “um outro projeto de uso da água” e um calendário de lutas relacionado ao tema.
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MUNDO
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Rússia expulsa norte-coreanos, cumprindo decisão da ONU RESTRIÇÕES Das 15 mil pessoas que obtinham visto todo ano, 90% exerciam algum trabalho no país U S Navy
dade, medidas limitando exportações e importações da Coréia do Norte. Na terça (6), em visita ao Japão, o vice-presidente dos Estados
Da redação
A
Rússia começou, na última semana, o processo de extradição de trabalhadores norte-coreanos, cumprindo uma resolução proposta pelos Estados Unidos. Em dezembro, a medida foi aprovada no Conselho de Segurança da ONU, dando à Rússia um prazo de dois anos para que os imigrantes norte-coreanos sejam reenviados à Coreia do Norte. À agência de notícias Ria Novosti, o embaixador russo em Pyongyang, Aleksandr Matsegora, disse que a decisão prejudica o país. “A proibição de trabalhadores norte-coreanos implica um golpe na economia russa, mas
nós respeitamos a resolução da ONU”, declarou. De acordo com o diplomata, todo ano, a Rússia emite até 15 mil vistos a cidadãos norte-coreanos e 90% deles chegam para exercer trabalhos de curto prazo. Há cerca de 35 mil norte-corea-
nos trabalhando na construção civil, agricultura e indústria pesqueira russa. A ONU alega que esses trabalhadores encontram-se em condição análoga à escravidão. Outras sanções Anteriormente, a ONU havia aprovado, por unanimi-
EUA impõem sanções à Coreia para frear programas nucleares do país Unidos, Mike Pence, disse que novas punições serão empregadas contra o país asiático. “Anuncio hoje que os Estados Unidos mostrarão, em breve, as sanções econômicas mais rígidas e mais ofen-
sivas já adotadas. E continuaremos a isolar a Coreia do Norte até que ela abandone seu programa nuclear e de mísseis balísticos de uma vez por todas”, declarou o vice-presidente, logo após uma reunião com o premier japonês Shinzo Abe. Mike Pence ressaltou que jamais aceitaria “uma Coreia do Norte com armas nucleares”. Esqueceu-se de dizer que os EUA têm o maior arsenal nuclear do planeta e, até hoje, foram o único país a usar armas nucleares para assassinar pessoas. Aconteceu em Hiroshima e Nagasaki, em 1945. O atentando causou mais de 200 mil mortes e deixou inúmeras sequelas nos sobreviventes.
Jovem indígena é assassinada por militares da Colômbia REPRESSÃO Desde dezembro, pelo menos 14 lideranças comunitárias já foram mortas no país Agencia EFE
Da redação, com informações da Telesur
A
s Forças Armadas da Colômbia atacaram um acampamento do Exército de Libertação Nacional (ELN), na região noroeste do país, deixando uma pessoa morta. O bombardeio foi realizado perto de comunidades indígenas e a vítima é uma jovem de apenas 16 anos. A garota chegou a dar entrada na Clínica Santa Sofía del Pacífico, mas não resistiu aos ferimentos. “Ela chegou com amputação dos membros superiores e tinha traumas no abdômen, com comprometimento de vários órgãos”, de-
Governo anunciou suspensão dos acordos de paz com ELN
talhou a diretora da clínica, Martha Isabel Valencia, em entrevista ao portal de notícias Telesur. No dia 29 de janeiro, outro atentado deixou três
mortos e seis feridos na região do Rio San Juan. No mesmo dia, o presidente colombiano Juan Manuel Santos anunciou a suspensão dos acordos de paz com a
ELN e retirou sua delegação da mesa de diálogo instalada em Quito (Equador). Desde dezembro, pelo menos 14 lideranças comunitárias já foram assassinadas.
Em nota, o ELN pediu ao governo que seja coerente, a fim de dar continuidade ao diálogo, e que cumpra os compromissos firmados durante as negociações. A organização também ressaltou que a mesa de diálogo é o espaço formal adequado para construir uma solução política para o conflito.
ENTREVISTA
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
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“Se não fosse a greve, já estaríamos convivendo com a reforma da Previdência” CONJUNTURA Secretário geral da CUT Minas e diretor do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho comenta o cenário político e a importância das mobilizações Benedito Maia
Joana Tavares
“A
gente não pode desanimar”, resume o sindicalista Jairo Nogueira Filho sobre o cenário político. Ele lembra que o Brasil já atravessou momentos mais difíceis e que a mobilização popular é fundamental para construir novas bases para o país. Ele cita o exemplo da greve de abril de 2017, que atrasou a votação da reforma da Previdência e serve de exemplo para futuras ações.
Brasil de Fato - Em fevereiro, o texto da reforma da Previdência será votado novamente. Quais foram as mudanças do antigo para o atual?
Jairo Nogueira Filho Até o momento, não há diferença significativa nenhuma. Eles fizeram o mesmo processo com a reforma trabalhista, dizendo que fariam alterações, mas isso não aconteceu. A primeira proposta anunciada pelo governo foi aprovada.
Reforma trabalhista não gerou nenhum emprego” E agora parece que eles estão fazendo a mesma jogada, estão querendo iludir a população. A proposta que será votada inclui todos aqueles retrocessos, como o aumento do tempo de contribuição?
Exatamente. Você aca-
Vamos construir propostas para um novo país com Congresso do Povo”
No Brasil, a média de contribuição das pessoas mais pobres é de 14 anos e querem aumentar para 25” ba com a questão da aposentadoria por contribuição, que hoje existe no Brasil – se a pessoa tem 35 anos de contribuição, ela já pode aposentar, independentemente da idade. Pela nova regra do governo, todos só poderão aposentar por idade, sendo 65 anos para homens e 62 para mulheres, com a contribuição mínima de 25 anos. No Brasil, a média de contribuição das pessoas mais pobres, que têm uma rotatividade maior de emprego, é de 14 anos. Ou seja, não teriam mais opção. Além disso, a idade colocada é muito alta. Houve muitas mobilizações contra esta proposta, como a greve de abril de 2017, e as centrais sindicais estão marcando uma nova greve para fevereiro. Por que as manifestações são importantes para denunciar o que está por trás da proposta do governo?
Se a gente não tivesse feito aquela greve de 28 de abril, já estaríamos convivendo hoje com a reforma da Previdência. Quem já trabalhava, quem começou a trabalhar e quem já
Jairo Filho: “Temos a oportunidade de mudar todo o Congresso em 2018”
O governo não coloca que privilegiado é quem está devendo a Previdência” está aposentado estaria vivendo no prejuízo com essa realidade. É bom lembrar que a proposta do governo também mexe nas pensões e aposentadorias – que as pessoas não mais poderão acumular , e altera o cálculo da aposentadoria. A greve foi muito importante porque o governo federal assustou, os deputados assustaram, as pessoas entenderam rápido o recado e foram às ruas. A partir daí o governo mudou a estratégia. Criou propagandas e coloca nos comerciais que a reforma é para acabar com os privilégios que existem na Previdência e que deve acabar com o funcionalismo público, dono
destes privilégios. O governo não coloca que privilegiado é quem está devendo a Previdência (os bancos, empresas de comunicação, investidores do agronegócio, etc). São mais de R$ 500 bilhões de dívida. O governo não coloca que não há déficit na Previdência, que ela faz parte da Seguridade Social e que não tem como tratar dela sozinha. A gente quer um debate profundo sobre isso. Você avalia que essa proposta de reforma faz parte de um pacote maior, de um plano de governo?
O governo Temer congelou todos os investimentos em saúde e educação por 20 anos, o que começa a valer a partir deste ano. Vemos também um surto de febre amarela e as pessoas com dificuldade para conseguir a vacina nos postos de saúde. Precisamos melhorar a saúde pública no Brasil, assim como a educação. Como você vai conseguir fazer um investimento desse se você congelou
o dinheiro? O governo liberou a terceirização sem limites, que é uma forma de trabalho que precariza, abaixa o salário. E aprovaram também a reforma trabalhista, com aquela promessa de que iria gerar emprego. Mas ela não gerou nenhum e está substituindo os empregos, ou seja, as empresas estão demitindo as pessoas que têm direitos para recontratá-las com um salário menor e sem direitos. O que a população pode fazer para melhorar a situação do país?
A gente não pode desanimar. Já passamos pela ditadura militar, passamos pelos anos 1990, o neoliberalismo. Tivemos um pouco de melhora e agora caímos de novo, mas o povo tem que reagir. A gente tem a chance de mudar a nossa realidade com as eleições de 2018. Devemos pensar, avaliar os candidatos, cobrar. Estamos com o projeto do Congresso do Povo para conversarmos nas periferias, nos bairros, entender o que a população está querendo. Precisamos construir propostas para construir um novo Brasil para os brasileiros. Em 2018, temos oportunidade de mudar todo o Congresso, o presidente, de ter esperança com o nosso país.
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Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
Nossas dicas de blocos! CARNAVAL Fique por dentro dos coletivos que vão juntar, na capital, festa com mobilização popular O carnaval renasceu na cidade de Belo Horizonte com vontade de transformar o mundo e lutar por uma vida digna para o povo brasileiro. Mesmo com o crescimento da festa, o objetivo não mudou. Preparamos um roteiro especial com os blocos que capricham nas mensagens e fortalecem a resistência. Confira:
Ai que saudade do meu ex!
“Não desanimem nunca. Porque eles estão tirando de nós o direito de sonhar e de ter esperança”, disse o ex-presidente Lula um dia. E é pelo sonho, pela esperança, pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato que este bloco sai às ruas na segunda (12). A concentração é às 10h, na Praça Duque de Caxias (Santa Tereza).
Todo Mundo Cabe No Mundo
Bloco que levanta a bandeira da inclusão e de que o carnaval deve ser exatamente o que ele é: uma festa popular. “Todo mundo tem direito à alegria” é a frase do idealizador do bloco, Marcelo Xavier, cadeirante há 20 anos. O desfile é no domingo (11), às 9h, com concentração na rua Piauí, 647 - Santa Efigênia.
Baque de Mina
Angola Janga
Pisa na Fulô
A resistência nordestina chega chegando! Você vai poder dançar do maracatu ao forró e de quebra protestar contra a reforma da Previdência. O bloco fará um ato e distribuirá adesivos contra a medida na terça (13). A concentração começa às 17h na avenida Nossa Senhora de Fátima (esquina com rua Peçanha).
Formado apenas por mulheres, o bloco faz campanha contra o assédio, homofobia, machismo, racismo e também toca ritmos populares e tradicionais, característicos do povo brasileiro. Ele sai na terça (13), a partir das 16h, com concentração na Praça Afonso Arinos (Centro).
Um bloco afro de força e axé, que busca valorizar e incentivar as discussões sobre os negros no Brasil. Este ano, o Angola homenageia os ritmos mineiros e tem o tema “Ngomas: dos Reinos de África aos Tambores de Minas”. Seu cortejo acontece no domingo (11), às 14h, na junção da rua São Paulo com avenida Amazonas.
Bloco da Calixto
Esperando o metrô
Parque Já
É o carnaval mais verde da região Oeste de BH! Surgiu para fortalecer a luta em defesa da única área verde do bairro Jardim América. Ele sai na segunda (12), às 13h, na Praça APA (Jardim América).
Tem outras sugestões de blocos? Manda pra gente e fique ligado na cobertura em facebook. com/brasildefatomg
Por todas as formas de amor, liberdade e respeito esta é a bandeira do bloco da cantora Aline Calixto, que sai no sábado (10), às 12h, na rua Professor Moraes (entre as avenidas Afonso Pena e Getúlio Vargas - Savassi).
Este é o bloco de quem espera há mais de 30 anos o metrô do Barreiro. Pela batalha por um transporte público e de qualidade, ele sai na terça (13), às 12h, na avenida Sinfrônio Brochado, 1002. A marchinha do grupo foi a grande vendedora do Concurso Mestre Jonas 2018.
Serviço de Achados e Perdidos A prefeitura de BH vai disponibilizar dois Centros de Atendimento ao Turista (CATs) para receber objetos e documentos perdidos durante o carnaval. O serviço vai funcionar no CAT Álvaro Hardy (avenida Otacílio Negrão de Lima, 855 - Pampulha), das 8h às 17h, e no CAT Rodoviária (no Terminal Rodoviário), 24horas aberto.
CULTURA
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Não dê bola fora no carnaval Foi dada a largada dos festejos! Em meio a tanta alegria, tanta brasilidade, ninguém pode esquecer que continuamos a ser pessoas em formação. Não vale deixar de lado os valores de uma sociedade mais justa, com muita cultura popular, força e amor. Leia, repasse e aproveite o nosso guia – feito em parceria com o Levante Popular da Juventude - contra a vergonha alheia no carnaval!
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NÃO REFORCE ESTEREÓTIPOS Não é porque é carnaval que pode tudo. Cuidado com a reprodução de estereótipos e apropriações desrespeitosas. Adereços indígenas e símbolos religiosos não são para fantasia. Pessoas negras não são fantasia. Nem pense em black face.
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SE LIGA NA SEGURANÇA Cuide do celular, ok? Analise bem se é realmente a hora de fazer vídeo para o Instagram ou chamar o contatinho. Não descuide dos detalhes e fique atento com a segurança coletiva também. Pensar no outro sempre é bom.
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NÃO SEJA PRECONCEITUOSO Nos tempos de folia, as contradições se acirram e ficam mais escancaradas. Não se esqueça da batalha contra o machismo (não é não!), contra o racismo e contra a LGBTfobia. Aproveite todos os dias de festa com a certeza de cultivar os valores que você carrega durante o ano inteiro.
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USE CAMISINHA
Não é só gravidez acidental que deve te preocupar, mas as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A herpes está em alta, a sífilis voltou e os casos de HIV e HPV não param de crescer. Fique em paz e saudável.
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CUIDE DA SAÚDE Se beber não dirija: arrume uma carona, confira os horários do transporte público, chame algum aplicativo ou durma na casa de quem mora perto. Beba água e se alimente, até para conseguir aproveitar todos os dias como se fossem o primeiro. Chá de boldo é ótimo para ressaca, viu? Evite excessos, independente das substâncias que usar. Cuide de você, do seu corpo, e de quem está próximo. E se você se sentir mal, bota a boca no trombone - avisa o amigo.
NÃO ESQUEÇA DOCUMENTOS Não deixe a identidade ou outro documento que te identifique pra lá. É bom colocar próximo ao seu telefone um contato para emergência, qual é o seu tipo sanguíneo e se você é alérgico a alguma substância.
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EXAGERE NO BRILHO Gente foi feita pra brilhar e um dia toda essa purpurina vai sair, tenha fé! Seguindo todas as dicas, você torna a festa leve, como deve ser, e cultiva boas lembranças dos seus momentos.
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Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018 www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas CAPONATA DE BERINJELA Carol Garcia
CIÊNCIA, COISA BOA! GLITTER ECOLÓGICO?! O Carnaval taí e eis que encontro um amigo preocupado em comprar glitter ecológico. Essa é boa! Milhões de problemas envolvem uma festa como o carnaval, e tem quem se preocupe com o minúsculo glitter e seus impactos na natureza! Há décadas martelam a ideia que o ser humano está destruindo o planeta. Tal discurso é uma armadilha perigosa. Esconde os reais responsáveis e as reais soluções para os problemas ambientais, ao enganar que a culpa é igualmente de todos. Primeiro, é real que a natureza está sendo destruída? Sim. Inúmeras pesquisas provam que vivemos uma enorme crise ambiental. A Terra está sendo transformada por meio da emissão de poluentes e pela destruição de ecossistemas terrestres e marinhos. Já ocorreram cinco grandes extinções ao longo da história da vida na Terra, causadas por fatores naturais (lembra dos dinossauros?). Já é bem aceita pela ciência a hipótese de que está em curso a sexta extinção em massa. Afinal, quem é responsável por toda essa bagunça? Nos fazem crer que o culpado é a espécie humana. Mas, se analisarmos os dados científicos, veremos que isso não é real. Responsável Nossa espécie está presente na Terra pelos problemas há pelo menos 200 mil anos. A crise ambientais não atual se iniciou há cerca de 300 anos. Convivemos harmoniosamente com somos eu e você, mas o sistema o ambiente durante centenas de milhares de anos, sem causar nenhu- capitalista ma grande destruição, até que algo aconteceu por volta dos anos 1800. Esse ‘algo’ se chama capitalismo. Essa forma de organização social (que se concretizou com a revolução industrial do séc. XVIII) é a responsável pelos problemas ambientais. Nenhuma sociedade anterior causou nada parecido. E quem manda no capitalismo são as grandes empresas. Portanto, a culpa é delas! Enquanto meu amigo se preocupa com seu glitter, a Samarco e a Vale, grandes mineradoras, destruíram toda a bacia do Rio Doce, ao permitirem o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana. É aceitável dizer que eu ou ele temos a mesma responsabilidade sobre essa crise do que os donos da Samarco/Vale? Óbvio que não. Quem destrói o mundo não sou eu ou você. São os 1% que estão no poder. O glitter ecológico e as outras bobeiras sustentáveis que inventam por aí não salvarão o mundo. Só resolveremos a crise ambiental se colocarmos fim ao capitalismo, um sistema baseado no lucro e na expansão desenfreados, e construirmos no lugar uma sociedade realmente centrada no ser humano e na natureza. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Por Carol Garcia*
Nesse calor é bom a gente comer coisas leves! Eu gosto muito de comer berinjela, que é super versátil e gostosa. Compartilho aqui uma receita de Caponata de Berinjela fácil de fazer e pode ser uma boa pedida no café da manhã, com torradas, na salada ou como substituto da carne nas refeições... todo mundo adora!
Ingredientes • • • • • •
3 berinjelas grandes 1 pimentão amarelo 1 pimentão vermelho 300g de passas pretas 300g de passas brancas 300ml de azeite (mais ou menos)
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1 cebola grande picadinha 6 dentes de alho fatiados bem finos 1 a 2 colheres (chá) de sal suco de meio limão
Modo de Preparo - Pique as berinjelas (eu corto compridas, mais ou menos do tamanho do dedinho, mas pode cortar em cubinhos também) e coloque-as em um tabuleiro grande (não precisa untar). Coloque em forno médio (a 250 graus) por 25 minutos para desidratar. - Coloque os pimentões fatiados em cubinhos na assadeira junto com as berinjelas desidratadas, misture tudo e deixe no forno por mais 5 minutos. Reserve. - Frite a cebola e o alho no azeite, só pra amolecer um pouco. Misture com a berinjela e acrescente as passas, o sal (a gosto), o azeite e o limão. Misture tudo e está pronto. Você pode colocar a caponata em vidrinhos e completar com azeite, pois ele ajuda a conservar por mais tempo. Lembre-se de guardar na geladeira. Ingredientes opcionais: Você pode incrementar sua caponata com outras coisas, como castanhas, azeitonas picadas, alcaparras... Vale usar a imaginação!
*Carol Garcia é assistente social e leitora do Brasil de Fato.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
Belo Horizonte, 9 a 22 de fevereiro de 2018
na geral
A Diretoria de Registro, Transferências e Licenciamento de Clubes da CBF divulgou novo regulamenta para a temporada 2018. Uma das novidades é que, a partir de agora, para que um jogador seja registrado no Boletim Informativo Diário (BID), deverão constar sua carteira de trabalho e contrato assinados. Caso contrário, os clubes ficam impossibilitados de inscrever os atletas em torneios oficiais. A medida atende a uma reivindicação da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf ).
CBF exige carteira de trabalho
tabelece que jogadores perdem sua condição de jogo na data da rescisão de seus contratos.
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Chelsea vai banir torcedores racistas
Pedrinho Sarti I/nter de Limeira
Além disso, a Diretoria também cria o cadastro de iniciação esportiva, para atletas entre 12 e 13 anos, e es-
ESPORTE
Watford
A diretoria do Chelsea informou, em nota oficial, que punirá os torcedores que entoaram cânticos antissemitas na derrota para o Watford, por 4 a 1, na 26ª rodada do Campeonato Inglês. As pu-
nições podem chegar ao banimento dos jogos, segundo o clube. “Apreciamos que torcedores do Chelsea tenham denunciado este comportamento, que nos envergonha”, afirma o Chelsea.
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Começa a Olimpíada de Inverno
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tes (nove titulares e um reserva), nas modalidades de snowboard, patinação artística, esqui alpino, esqui cross-country e bobsled. Destaque para a mineira Jaqueline Mourão, do esqui cross-country. Somando as Olimpíadas de Inverno e de Verão, ela tem seis edições de jogos olímpicos no currículo.
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dECLArAÇÃO dA SEMANA Fernando Frazão / Agência Brasil
Christian Dawes / COB
23ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno 2018, em PyeongChang (Coréia do Sul), começou na quinta (8), com torneios no salto de esqui e curling. O evento vai até 25 de fevereiro. Participam 2592 atletas, de 92 nacionalidades. A delegação brasileira conta com dez representan-
ESPORTES
“Receber um prêmio de melhor atleta de Minas Gerais é um grande passo para chegar onde eu quero, que é ser considerado o melhor do mundo” Rodrigo Parreira, velocista de Uberlândia, em entrevista ao Observatório do Esporte de Minas Gerais. Ele foi contemplado no Prêmio do Esporte Mineiro 2017.
Gol de placa Aparecidense de Goiás eliminou o Botafogo-RJ já na primeira fase da Copa do Brasil! A zebra aconteceu na terça (6), com uma vitória de virada, por 2 a 1, em Aparecida de Goiânia. Na próxima fase, o time encara o Cuiabá.
Gol contra Palmeirenses que estiveram no Allianz Parque, durante a vitória contra o Santos, pedem indenização do clube, pois... se molharam com a chuva. Isso é a elitização do futebol: ingressos caríssimos privilegiam clientes, não torcedores. A vítima é a cultura futebolística do país e o verdadeiro torcedor brasileiro.
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Leo Calixto
O primeiro grande teste do América na temporada, contra o Cruzeiro, tem que servir de alerta para a disputa da Série A: o Coelho não pode jogar acuado, como no primeiro tempo, com medo do adversário, livrando-se da bola e praticamente sem atacar.Decacampeão Precisa ter coragem, acreditar em seu potencial e, dentro das limitações e cuidados, buscar o ataque. No segundo tempo, quando se soltou, o time criou chances de gol e fez o adversário correr atrás da bola, mas já era tarde. Outro sinal amarelo a ser ligado é na armação das jogadas: Renan Oliveira e Luan precisam aparecer mais para o jogo, buscar as bolas e acertar passes e finalizações. Os laterais devem caprichar nos cruzamentos.
A diretoria e o técnico Oswaldo de Oliveira perderam as estribeiras. Quanto autoritarismo! Quanta intolerância! Proibir a entrada do repórter Leo Gomide na Cidade do Galo por causa do questionamento feito ao treinador, após a classificação sofrida É Galo doido!Nem o mais no Acre, é arbitrário e estúpido. fanático alvinegro está satisfeito com o desempenho do time. Falta qualidade técnica, padrão de jogo, disposição, raça. E um comandante, num momento como esse, deveria manter a serenidade, reconhecer os erros e apresentar soluções. Nunca partir para a agressão verbal e física. Começamos mal e podemos acabar pior ainda. É preciso rever a proibição e dar um rumo à preparação da equipe.
Anúncio Observando jogos das grandes equipes pelos seus respectivos campeonatos estaduais e pela primeira fase da Copa do Brasil, o que se mostra até agora é que teremos um ano em que duas equipes se destacam das demais, no quesito orgaLa Bestia nização tática. CruzeiroNegra e Palmeiras estão conseguindo resultados e convencendo a crítica. Devido ao baixo ou praticamente nenhum investimento feito – utilizando, na maioria das vezes, a troca de jogadores como fonte importante para melhoria do plantel – as demais equipes enfrentam dificuldades diante de adversários de nível mais baixo. Empurrado por uma China Azul, o Cruzeiro está conseguindo dar ritmo ao elenco e manter o padrão de atuações.