Ricardo Stuckert Oliver Korblihtt / Midia NINJA
Minas Gerais
CULTURA 14
MINAS 5
Tarde inteira no forró
Lula em mg: “Período é de falta de democracia”
15º Encontro quer registrar ritmo nordestino como patrimônio da humanidade. Mas para isso, é preciso forrozear! Veja a programação
Ex-presidente lança pré-candidatura em atividades na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em discurso, denuncia o golpe e diz ser o único capaz de derrotar os golpistas nas urnas
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1º de março de 2018 • edição 222 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Intervenção militar atinge mais pobres e não resolve violência Fernando Frazão / Agência Brasil
Dando continuidade ao golpe, Temer (MDB) apela às Forças Armadas. O presidente com a pior aprovação da história alega querer resolver os problemas da área, mas, pelas experiências anteriores, o que se espera é a violação de direitos da população negra e pobre. A iniciativa é vista como eleitoreira, ineficaz e de custo financeiro elevado. Especialistas chamam atenção para o gasto elevado sem resultado comprovado. E afirmam, que se quisesse mesmo atacar o problema, o governo iria à raiz: a desigualdade, a falta de oportunidades e a fracassada política anti-drogas
Cidades 4
Brasil 8
Mundo 10
Ônibus sem cobrador é problema
Lutas levaram a recuo na reforma da Previdência
Venezuela não vive crise humanitária
Excluir cobradores nunca foi bem visto pelos passageiros. Agora, motoristas desabafam que duplo serviço está estressante e gerando riscos a todos. Acidente de ônibus que levou à morte de cinco pessoas no último dia (13) pode estar relacionado à dupla função do motorista na ocasião
Sindicalistas avaliam que mobilizações do povo fizeram com que governo federal não conseguisse votar a PEC. No entanto, risco de aprovação não está extinto. Veja linha do tempo das mobilizações desde a apresentação da proposta
Para especialista da ONU, sanções econômicas causam a escassez no país. E índices estariam distantes de caracterizarem crise humanitária. Conceito de crise teria objetivo de derrubar o atual governo e colocar fim às transformações sociais no país
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Editorial | Brasil
Suspensão da votação da Reforma da Previdência: vitória do povo Se alguém duvidava das pesquisas que revelam a baixíssima aprovação do governo Temer - a mais baixa na história do Brasil - o carnaval deste ano demonstrou que as pesquisas não estão mentindo. O carnaval foi uma sinalização concreta de como a sociedade brasileira está insatisfeita e repudia o programa deste governo ilegítimo. Em cada marchinha, blocos e bandas o grito
Devemos nos colocar vigilantes contra novos retrocessos ESPAÇO dos Leitores “A ocupação militar do Rio de Janeiro é o pânico que a direita esta da revelação que a GRES Paraiso Tuiuti fez no carnaval!!!!!!” Comenta Carlão de Britto sobre entrevista coletiva de João Pedro Stédile (MST) “Essa intervenção é para desviar o foco da desmoralização do governo e da mídia com o desfile da Tuiutui” Afirma Andrea Miranda comentando a mesma entrevista “#EleiçãoSemLulaÉFraude #OPovoPrecisadeLula #ForaTemer” Diz Beth Andrade comentando a matéria “BH: Na véspera da visita de Lula, Stédile defende Frente Ampla de Salvação Nacional” “Minha mãe é ASB. Em 2013, ela trabalhou 6 meses em uma escola próxima à minha casa e no ano passado, conseguiu uma vaga de um ano na mesma escola. Agora, já foi a três designações e não conseguiu nenhuma vaga”. Webert de Souza comenta a matéria Designação gera frustração e ansiedade para trabalhadores da educação de MG
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
de ordem do momento ecoava pelas ruas do Brasil: Fora Temer! Destacase, também, a criatividade do povo na elaboração de faixas, cartazes e simbologias com os dizeres: “eleição sem Lula é fraude”, manifestando a indignação com os constantes atentados à democracia brasileira. E para abrilhantar os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, a Paraiso do Tuiuti lavou a alma dos brasileiros. Após o carnaval começamos com uma grande conquista da classe trabalhadora, que foi o anúncio da suspensão da votação da reforma da Previdência. Obviamente, o governo não admite que a suspensão é fruto da incessante luta dos movimentos populares, sindicatos e do conjunto dos trabalhadores. Como forma de despistar e evitar a admissão de uma derrota, o governo anunciou a intervenção militar no Rio, uma medida com finalidade política, tenebrosa e que demons-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
tra o grau de agressividade com que o golpe de Estado pode chegar. Com a intervenção federal, o Congresso fica inabilitado de aprovar qualquer
É preciso lutar pelo direito de Lula ser candidato emenda à Constituição, o que impede o prosseguimento da votação da reforma da Previdência. Não podemos nos dispersar Apesar dessa importante conquista, não podemos nos dispersar, pelo contrário, essa vitória tem de nos colocar ainda mais vigilantes, pois o governo já anunciou uma série de medidas neoliberais que afrontam nossa soberania, entre elas estão, por exemplo: a autonomia do Banco Central, extinção do fundo soberano e privatização da Eletrobrás. A inabilitação da candidatura de Lula é um passo imprescindível para os golpistas prosseguirem com seu programa de colocar todo o ônus da crise econômica no lombo da classe trabalhadora, não é à toa que vemos toda essa perseguição jurídica e midiática ao ex-presidente. Nesse momento cabe a todo o povo brasileiro lutar pelo direito de Lula ser candidato e realizar o Congresso do Povo, que será um processo fundamental para envolvermos o conjunto da sociedade na luta para cessar o golpe e construir as bases de um Projeto Popular para o Brasil.
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GERAL
Declaração da Semana
Gente é pra brilhar
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Reprodução
Reprodução de vídeo
“Somos os filhos do gari, da faxineira, do pedreiro, do motorista e da mãe solteira. A eles dedicamos nossa resistência nesta universidade. Que inspire outros jovens pobres a resistirem. Avante, nossa luta está apenas
começando.” Músico de rua, compositor e animador social: você já deve ter ouvido Edson Andrade Franco por aí! Há um ano ele toca em frente ao Shopping Cidade, à Assembleia Legislativa e na Feira Hippie em BH, colocando o belo som do violino no nosso dia-a-dia.
Michele Alves, de 23 anos, filha de empregada doméstica, em seu discurso de formatura em Direito, pela PUC de São Paulo, em nome dos bolsistas do curso.
Adote um amigo!
Marina Jordá / PBH
“Um negro de 2 metros de altura tocando violino não é comum, mas as pessoas gostam muito”, conta Edson. Na semana passada um rapaz deu R$ 10 ao músico. “Todos os dias eu largo o trabalho, passo por aqui e fico até a hora de você ir embora”, teria dito o moço. Os moradores dos prédios no entorno agradam e até cobram o dia que o violonista não aparece. Edson já é músico há 30 anos e faz também ações voltadas à população de rua. É nestes momentos que ele insere a arte em palestras, seminários, e constrói a animação social. Ele deixa o pedido de que as caixas de som passem a ser permitidas para os músicos de rua de BH, e que acabe a discriminação contra eles.
Orégano para além da pizza
Para mudar a realidade dos mais de 30 mil cães que vivem nas ruas em BH, o programa Adote um Amigo incentiva a adoção e a guarda responsável dos animais domésticos. Todos os sábados, das 9 às 13h, os animais resgatados das ruas são levados a feiras itinerantes. Para ser candidato à adoção, é necessário ser maior de idade, levar identidade, CPF e comprovante de residência. Após uma pequena entrevista, o candidato pode levar para casa um cãozinho ou um gatinho, já castrado e vacinado. Mais informações, na Unidade de Controle de Zoonoses da PBH, pelo número (31) 3277-7411.
O Capital para crianças Reprodução
Além de dar um gostinho especial na comida, o orégano é uma planta com propriedades medicinais que beneficiam o organismo e melhoram a saúde. Com ações antissépticas, antibióticas e anti-inflamatórias, o orégano ajuda na prevenção de problemas no sistema respiratório. Seus agentes antioxidantes também ajudam a combater o excesso de radicais livres criando uma proteção contra o surgimento de possíveis células cancerígenas. Mulheres podem se beneficiar dos efeitos do chá de orégano nos casos de cólicas menstruais, pois o tempero também tem efeito de relaxante muscular.
A editora Boitempo Editorial lançou “O Capital para crianças”, livro que apresenta as ideias de Karl Marx e a luta de classes para os pequenos. A publicação foi criada para celebrar o bicentenário do filósofo alemão e explica, de forma acessível e divertida, a obra mais importante do pensador, além de sua contribuição para a história, política e sociedade. A autora, Liliana Fortuny, debate a jornada de trabalho, as remunerações dos trabalhadores e o lucro dos empresários. Quem narra tudo é o Vovô Carlos: “Vou contar uma história que aconteceu de verdade, e que ainda acontece em muitos lugares do mundo”, antecipa o velhinho. O valor é R$ 37. Para comprar, acesse: www.boitempoeditorial.com.br.
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CIDADES
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Ausência de cobradores nos ônibus de BH: como ficam trabalhadores e usuários RESPONSABILIDADE Motoristas assumem função dupla e alertam para aumento de doenças e de acidentes. “Exigência sobre nós só aumenta”, desabafa funcionário Divino Advincula
Taciana Dutra
O
acidente do dia 13 de fevereiro com o ônibus da linha 305, no Barreiro, reacendeu questionamentos da população e de trabalhadores do transporte público de BH. A empresa Consórcio Dez confirma que o coletivo operava sem cobrador. Foram 5 mortos, incluindo o motorista, e 18 feridos graves. As causas do acidente ainda são desconhecidas e o prazo de apuração pericial é de 30 dias. Desde 3 de setembro de 2012, vigora na capital a lei municipal 10526, que permite aos coletivos circularem sem a presença de cobrador em horário noturno, fins de semana e feriados. As consequências dessa lei apareceram com mais evidência nos últimos 60 dias, quando sua aplicação vem sendo intensificada. O motorista passa a desempenhar múltiplas funções:
conduz o coletivo e cobra, recebe, dá troco, libera catraca, e ainda opera elevador de cadeirantes, tendo para isso que abandonar o posto de direção. Quem vive essa situação Nelita Santos, usuária das linhas 8202 e 8203, opina que o ônibus sem cobrador deixa muito a desejar. “A viagem demora, o motorista tem que parar para dar o troco. Quan-
do não tem trocado, precisa parar e fazer tudo sozinho. Acho que a tendência é pio-
Medida tem levado ao adoecimento dos motoristas e atraso nas viagens
rar, pois nem voltaram todos das férias ainda”, diz Nelita. O motorista Vicente, nome fictício, acredita que a questão da segurança é uma “bomba relógio”, por conta do desgaste e da responsabilidade da profissão. “Motoristas jovens estão adoecendo, estressados. Pagamos por todos os prejuízos da empresa, avarias no veículo, franquia de seguro de acidente com vítima, ações envolvendo o coletivo. A exigência sobre nós, que já era grande, só aumenta.” Denúncia: demissões na “calada” A lei proíbe que a empresa demita os cobradores. Eles devem ser realocados em outras funções, como bilheterias do MOVE, caso seu cargo seja extinto. Porém, o Sindicato dos Rodoviários de BH e Região denuncia que isso está sendo descumprido. “De janeiro até hoje foram feitas 30 demissões regulares
de agentes de bordo. As empresas alegam ser demissões pontuais de ajustamento de horários, hora-extra e remanejamentos. Estamos investigando se estão sendo homologadas demissões dentro das empresas”, explica Luciano Gonçalves Coelho Calixto, assessor do sindicato. Hoje são 6 mil postos de agentes de bordo. “Tememos que a partir de agora haja mais demissões, pois já há vários veículos circulando sem o cobrador a partir das 20h30, com aval da BHTRANS, sendo que o horário noturno estipulado era a partir das 22h”, critica. O sindicalista explica que o horário foi definido pela Comissão Paritária prevista na lei 10526. Porém, a BHTrans alterou o horário para as 20h30 através de uma Ordem de Serviço, sem passar pela comissão. A BHTrans foi questionada, mas não respondeu até a publicação desta matéria.
Igreja lança Campanha da Fraternidade contra múltiplas formas de violência Reprodução
Wallace Oliveira
A
Igreja Católica no Brasil lançou a Campanha da Fraternidade 2018, com o tema “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema “Em Cristo somos todos irmãos”. Na Arquidiocese de Belo Horizonte, o lançamento da campanha ocorreu no dia 17 de fevereiro, na praça da Igreja da Boa Viagem. “Foi escolhido esse tema devido à sua gravidade. Te-
mos convivido com uma onda crescente de violência em todo o mundo. De modo
especial, no Brasil, os índices são muito altos”, explica o Padre Júlio César Amaral, vi-
gário para ação social e política da Arquidiocese de Belo Horizonte. A campanha pretende pautar não apenas a violência direta, mas todo o conjunto de agressões contra a vida humana praticadas no dia a dia. “Existe a violência que é estrutural, causada pela falta de respeito aos direitos humanos; a violência como sistema e cultura, que vem desde o início da história do Brasil, se perpetuando por classes dominantes que se impõem na política
e parlamentares identificados com propostas potencialmente geradoras de violência; e pela forte desigualdade econômica no Brasil, com uma minoria muito rica e uma grande maioria vivendo marginalizada”, comenta. De acordo com o Padre Júlio César, os cristãos são convidados a debater o tema e encontrar saídas para o problema, sendo a Campanha da Fraternidade uma oportunidade para isso.
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MINAS
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Opinião
Temer e seu mapa do medo João Paulo Cunha Atitude autoritária. Medida eleitoreira. Erro sociológico. Equívoco técnico. Ameaça aos direitos humanos. Militarização de política pública. Essas são apenas algumas das características mais destacadas da intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro. A elas se somam o populismo, o incentivo à discriminação e a criação de um ambiente de medo. O autoritarismo se expressa ao tratar a situação como se fosse guerra. Os militares não entendem de segurança pública. Dar aos militares a função de cuidar da segurança pública significa uma incompreensão onívora. A retórica bélica, inclusive na infeliz fala de ministros que colocaram crianças na linha de tiro, reduz a complexidade da situação da segurança nas cidades a uma simples guerra de posições. O governo não tem como esconder sua intenção eleitoreira. O desejo de Temer em se lançar à reeleição, mesmo com seu protagonismo imbatível em termos de desprezo popular, se mostra também na
fixação em trair aliados. Com a percepção que seus acólitos não emplacam nas pesquisas, assumiu para si, num ímpeto de alienação, a tarefa de garantir a continuidade de seu projeto de destruição do Estado social.
Intervenção é atitude autoritária, eleitoreira e equívoco técnico Além de colher uma derrota inevitável e desagradar todo o país, Temer agora desperta desprezo em seu círculo mais íntimo: Maia, Meirelles e tucanos no pacote. É da natureza do escorpião envenenar até mesmo aqueles que o levam ao outro lado do rio. O erro sociológico, ao definir o Rio de Janeiro como local mais exemplar do caos da segurança pública, deixa de lado todas as esta-
tísticas e estudos sérios do setor. A cidade não está nem entre as 20 mais violentas do país, de acordo com dados do Ipea. No entanto, como sede das Organizações Globo, o Rio de Janeiro ganha visibilidade que interessa de maneira destacada aos objetivos espetaculares da intervenção. Não é um acaso que o processo se siga ao carnaval, que foi coberto pela imprensa com destaque para a questão da segurança, numa campanha evidente pela criação de um estado de medo. O mais grave, no entanto, é a absoluta improvisação. Para ação de tal gravidade, era necessário que o planejamento prévio garantisse a apresentação de um programa consequente de ação. Nada foi feito neste sentido. Os primeiros movimentos do xadrez da intervenção federal sublinharam sua vocação preconceituosa, criminalizando a pobreza e anunciando medidas coletivas. Contra os pobres, bem entendido. Vai falhar mais uma vez.
“Comida de Verdade” é tema de encontro em MG AGROECOLOGIA Pequenos agricultores discutem a produção de alimentos sem veneno, com respeito à natureza e aos trabalhadores rurais Paulo Sérgio
Rafaella Dotta
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boa agricultura tem mais um encontro em Belo Horizonte. Acontece nos dias 27 e 28 de fevereiro o Encontro Mineiro de Agroecologia, que recebe pessoas de todo o estado para discutir novas formas de produção de alimentos. O encontro debate e divulga a agroecologia, que é um conjunto de técnicas para produzir alimentos de forma ecológica, evitando por exemplo, o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas. Além de garantir alimento saudável, a agroecologia também se preocupa com o uso consciente dos recursos naturais (solo, água) e com a dignidade dos trabalhadores do campo. Essa ideia já está em desenvolvimento em mui-
Alimentos produzidos pela agricultura familiar têm valor nutricional “bem maior” que os produzidos pelo agronegócio
tas comunidades de agricultores familiares. Anna Crystina Alvarenga, secretária executiva da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), explica que o encontro vai reunir estas ações e coletivos que querem praticar a agroecologia como uma das formas de fortalecer os trabalhadores rurais e a sociedade como um todo.
Boa alimentação x agronegócio Uma das preocupações é também influenciar novos hábitos alimentares. Anna lembra que as verduras, legumes, grãos, frutas produzidas pelos pequenos agricultores têm valor nutricional “bem maior” que os produzidos pelo agronegócio: “o que sugere a garantia de mais saúde, dimi-
nuição de doenças crônicas e da obesidade provocada pelo hábito alimentar dos fast foods”, destaca. O Brasil viu seu índice de obesidade aumentar nos últimos anos. De 2006 a 2016, o número passou de 11% para 18% de brasileiros com obesidade, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. Essa situação que pode ter contribuído para o aumento da diabetes, que saiu de 5,5% e chegou a 8,9%, e o aumento da hipertensão, que passou de 22,5% para 25,7%, no mesmo período.
Encontro propõe agroecologia para uma alimentação saudável
Encontro Nacional O encontro mineiro é uma das etapas para o evento nacional, que acontece também em BH, de 31 de maio a 3 de junho. O IV Encontro Nacional de Agroecologia “Agroecologia e Democracia Unindo Campo e Cidade” deve receber 2 mil pessoas, sendo 70% agricultores familiares, indígenas, quilombolas, pescadores, assentados da reforma agrária e coletivos de agricultura urbana. Eles vão conversar sobre suas experiências e sobre as políticas do governo para os pequenos agricultores.
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MINAS
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
“Não há nenhum candidato com a experiência bem sucedida que eu tenho”, diz Lula em Itatiaiuçu GOLPE Ex-presidente lembrou que Dilma foi derrubada por uma manobra no Congresso Wallace Oliveira / Brasil de Fato MG
Wallace Oliveira
O
ex-presidente Lula esteve na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na quarta (21), para lançar sua pré-candidatura à presidência da República. Pela manhã, em Itatiaiuçu, o petista participou de um ato público no Acampamento Maria da Conceição, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), onde discursou para milhares de pessoas que foram ao local ouvi-lo. “Estamos vivendo um período excepcional de falta de democracia no nosso país. Antes, para tirar um presidente, eles matavam, davam um golpe militar. Mas eles se sofisticaram e inventaram um golpe parlamentar, construíram uma maioria no Congresso, inventaram que a Dilma tinha dado pedalada”, disse.
Lula comparou sua situação à do ex-presidente Juscelino Kubistchek, que sofreu perseguição judicial da ditadura militar, acusado de posse indevida de um apartamento, e terminou assassinado pelo regime. Lula lembrou que os militares não permitiram as eleições de 1965 para que JK não retornasse ao go-
verno e disse que as tentativas de impedir sua candidatura, por meios judiciais, se devem ao temor dos empresários ante seu possível retorno. “Não há nenhum candidato que tenha o compromisso com o povo brasileiro e o povo trabalhador, e com a experiência bem sucedida que eu tenho”, concluiu.
Congresso do Povo e Lula “É emocionante ver que a classe trabalhadora organizada consegue organizar sua moradia, sua alimentação, e vem fazendo resistência nesse acampamento que antes era terra da mineração e da especulação imobiliária. Este é um ato da luta pela democracia e contra o golpe que a classe trabalhadora está sofrendo”, declarou Ester Mirinha Muniz, coordenadora do Acampamento Maria da Conceição.
Também JK foi acusado de posse indevida de um apartamento
Marli Beraldo é presidenta da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Município de Sarzedo. Ela viajou 62 km para participar do ato com Lula. Marli conta que os catadores batalharam durante anos pela elaboração de uma política nacional de resíduos sólidos, aprovada durante o governo Lula, e relata outras conquistas que tiveram na época. “Foi quando tivemos acesso a moradia, a escola, vimos nossos filhos na universidade pública. Por isso, vamos participar do Congresso do Povo, que será uma ferramenta da defesa desses direitos. Vamos organizar lideranças, bater de porta em porta, conversar com a sociedade sobre o direito de Lula ser candidato e sobre o golpe”, disse a trabalhadora.
Trabalhadores decidem, em assembleias, manter a contribuição sindical RESISTÊNCIA Servidores públicos e jornalistas de BH querem que taxa continue sendo cobrada na folha de pagamento Reprodução
Rafaella Dotta
contribuir com o sindicato deverá preencher um protocolo recebido por e-mail e entregá-lo no setor de Recursos Humanos até 6 de março.
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uas categorias da capital mineira já definiram pela continuação da contribuição sindical. A taxa é cobrada todo ano e tem o valor de um dia de trabalho. Até o final de novembro de 2017, esse dinheiro era descontado na folha de pagamento do funcionário e 60% encaminhado ao sindicato da categoria, mas a regra foi modificada pela reforma Trabalhista (lei 13.467). Agora, segundo o artigo 579, “o desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia” e, artigo 582, “os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus
empregados (...) que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos”. Funcionários municipais Os servidores públicos de BH realizaram assembleia e decidiram entregar uma autorização coletiva à Prefeitura. “A lei não estabelece se a autorização é individual ou coletiva”, explica Israel Arimar,
presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel). “Como os benefícios ganhados com a luta do sindicato são para todos os trabalhadores, a autorização para a contribuição também deve ser”, diz. Em contrapartida, a Prefeitura de BH já organiza as autorizações de forma individual. O servidor que quiser
Jornalistas A outra categoria a autorizar a manutenção da contribuição foi a dos jornalistas. A assembleia aconteceu no
TVs e jornais recolheram contribuições e não repassaram ao sindicato
Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, na terça (20), e os patrões recebem notificação nos próximos dias. Os jornalistas se apoiam em um questionamento da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) de que a taxa não poderia ser modificada por lei ordinária, por ser um imposto, mas somente por lei complementar. O sindicato denuncia também um atraso da TV Alterosa, jornais Hoje em Dia e Estado de Minas, que recolheram as contribuições dos funcionários e ainda não repassaram à entidade.
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018 Beto Barata / PR
opinião
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Juliane Furno
Você sabe o que derrubou a inflação?
Candidato, Temer atropela Maia e irrita clube do golpe Na semana passada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou que seu partido, o DEM, teria candidato próprio a presidente e definiria sua posição em março. O único candidato demista que até então existia era ele, embora como lanterninha nas pesquisas, ao lado de Henrique Meirelles. Mas Temer, ao embarcar no delírio da própria candidatura à reeleição, razão da intervenção militar eleitoreira no Rio, em busca de resultados fáceis conversíveis em votos, liquidou com a candidatura de Maia e com a de Meirelles e irritou outros membros da coalizão golpista, inclusive os tucanos de Geraldo Alckmin. Rodrigo Maia teve a reação mais forte e indicou que daqui para a frente não vai mais facilitar a vida de Temer na Câmara. Ele, que foi decisivo para a salvação da cabeça de Temer na votação das duas denúncias... agora colheu ingratidão e deslealdade de Temer. Este sentimento não explicitado mas compreen- Candidatura sível, e não o caso pontual da intervenção no Rio sem semeou consultá-lo, é que explica o esperneio de Rodrigo Maia nesta terça-feira, ao espinafrar a pauta econômica alter- discórdia entre nativa do governo, composta por 15 projetos que trami- aliados tam na Câmara. Foi Meirelles que apresentou essa agenda na segunda-feira, numa ridícula tentativa de compensar o arquivamento da reforma previdenciária, que já estava derrotada por falta de votos. Com sua intervenção militar no Rio, Temer semeou discórdia entre os aliados. Meirelles enfiou a viola no saco, faltando apenas declarar que desistiu de ser candidato. Alckmin já passou recibo dizendo que nunca teve a pretensão de ser o candidato do governo. O plano eleitoral de Temer pressupõe a unificação do bloco em tordo de sua candidatura à reeleição. Já se viu que esta variável pode não se confirmar. Tereza Cruvinel é jornalista política. Leia íntegra do artigo em brasil247.com
Juliane Furno é doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp.
acompanhando
Tereza Cruvinel
Inflação decorre da “Lei da Oferta e da Procura”. Por exemplo, se na feira tem poucas pessoas que oferecem tomate e muitas pessoas que querem comprar, o seu “preço” vai aumentar. Se, por outro lado, a tarifa da energia elétrica subir, isso impactará na inflação, pois quase todos os produtores vão repassar esse aumento no preço final das suas mercadorias. A inflação cresceu bastante no Brasil em 2015. Os economistas liberais e de direita receitaram: aumentar a taxa básica de juros, causar recessão econômica, aumentar o desemprego e reduzir os salários. Mas o problema da inflação brasileira em 2015 esteve ligado à “oferta”: liberação abrupta do preço da gasolina e da energia elétrica somada a uma forte desvalorização do real. Por isso a inflação continuou subindo em 2015 mesmo com o aumento sistemático da taxa de juros. Em 2017, a inflação brasileira fechou em 2,95% (IPCA). O governo comemorou. Acontece que a inflação caiu exatamente porque a recessão e o desemprego a derrubaram! Isso quer dizer que a inflação está baixa a custo de um problema muito maior do que uma inflação de 10%, como foi em 2015. Naquela ocasião, a elite disse que o fantasma da inflação estava de volta e que a Dilma tinha quebrado o país! A inflação está baixa por- Remédio erraque o Brasil teve um recorde na safra agrícola e pôde ofe- do para inflação recer mais quantidades de custou caro aos alimentos no mercado - ou trabalhadores seja, a responsável foi a chuva e não o Temer. Mas a inflação caiu, principalmente, porque os trabalhadores pararam de gastar! O salário mínimo foi reajustado abaixo da inflação e o desemprego está alto! O Brasil tem um “trauma” inflacionário. Mas isso não pode nos cegar para encarar que o remédio para controlar a inflação foi fazer o paciente contrair uma doença bem pior!
Na edição 220... “População poderá opinar sobre o futuro do Brasil em reuniões abertas” ... E agora Etapa estadual para construção do Congresso do Povo é no fim de semana O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão do megaempreendimento da Construtora MASB, que prevê a destruição de 85% da mata da avenida Barão Homem de Melo, na região Oeste de BH, em local onde a população deseja construir o Parque Jardim América. A decisão, fruto de ação da Associação Comunitária Social Desportiva, será mantida apenas até o julgamento do recurso ou até uma reunião de conciliação. Agora, os movimentos exigem do prefeito o cumprimento da promessa de campanha que assegurava a criação do parque.
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BRASIL
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Reforma da Previdência não será votada até novembro VITÓRIA POPULAR Após muitas mobilizações em 2017 e este ano, governo recua e adia votação para novembro Lula Marques / Agência PT
ria derrotada. “Eles votam em novembro e isso quer dizer que quem vai estar lá são os deputados de hoje, que não representam os trabalhadores, mas o grande empresariado e o capital especulativo”, afirma. Valéria também acredita que a proposta, dependendo de
Raíssa Lopes
O
governo federal anunciou, na segunda-feira (19), que a reforma da Previdência não será votada por agora, já que propostas de emenda à Constituição (PECs) não podem ser analisadas durante a vigência de uma intervenção federal, como a que está acontecendo no Rio de Janeiro. O executivo sugeriu novembro como nova data. Com isso, a votação seria realizada após as eleições deste ano.
Para a presidenta mineira da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-MG), Valéria Morato, a não aprovação da reforma seria um resultado direto da mobilização dos movimentos po-
pulares, da população e da união das centrais sindicais, que pressionaram o Executivo e também a Câmara dos Deputados. No entanto, ela avalia que o adiamento não quer dizer que a medida esta-
“Não aprovação é resultado direto das mobilizações”
quem for eleito para a presidência e para o Legislativo, tem chance de continuar em 2019. “Nossa tarefa principal, agora, é eleger uma bancada de deputados que realmente nos representa. Temos uma grande chance de reverter esses retrocessos no ano que vem”, declara. O presidente não-eleito Michel Temer enfrentou barreiras para aprovar a proposta desde o início de 2017. Para entender melhor, acompanhe a linha do tempo que o Brasil de Fato MG preparou:
Linha do tempo da derrota da reforma da Previdência Dezembro 2016
Abril 2017
Junho 2017
• No dia 5, o governo federal anuncia a reforma da Previdência junto com a reforma trabalhista. Ele encaminhou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/16 ao Congresso Nacional. • A ideia era aprová-la no primeiro semestre de 2017.
• O governo anuncia mudanças em cinco pontos da PEC. • As alterações também não agradam e uma grande greve geral para o país no dia 28. • O governo retira a PEC da pauta.
• No dia 30, uma nova greve nacional é realizada. Os trabalhadores exigem o arquivamento da reforma.
Maio 2017 Março 2017 • Desde o início do ano, o governo encontra dificuldades para aprovar a proposta na Câmara. Nesse mês, a insatisfação da população culmina em várias mobilizações, como as dos dias 15 e 31, datas de protestos nacionais contra a reforma da Previdência.
• Michel Temer intensifica conversas com líderes de partidos para negociar votos a favor da PEC. Ele acorda a liberação de R$ 15 bilhões para bancar obras e projetos nas bases eleitorais dos congressistas que se comprometeram a aprovar a reforma, distribui cargos e impulsiona campanhas publicitárias em veículos de imprensa por todo o país.
Outubro 2017 • No dia 23, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência Social encerra seus trabalhos e contrapõe o governo, concluindo que o caixa da Previdência não é deficitário.
Dezembro 2017 • Acontecem protestos em todos os estados do Brasil no dia 5 contra a reforma da Previdência. • Entre os dias 5 e 14, camponeses ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores fazem greve de fome dentro da Câmara dos Deputados. A iniciativa leva a diversos outros tra-
balhadores fazerem greve de fome em diversos estados. • No dia 7, o então líder de governo na Câmara, Agnaldo Ribeiro (PP), anuncia que a votação será realizada em 18 de janeiro de 2018. • O governo volta atrás e, mais uma vez, adia a votação para fevereiro de 2018. • No fim de dezembro de 2017, o valor gasto com as campanhas publicitárias a favor da reforma ultrapassa R$ 100 milhões. • A Justiça Federal intervém e determina a suspenção das propagandas, afirmando que o conteúdo veiculado induziria a sociedade ao erro, já que as peças culpavam o funcionalismo público pelo déficit orçamentário e afirmavam que apenas esse setor seria afetado.
Fevereiro 2018 • A Câmara aprova o decreto que autoriza a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Durante este período, a Constituição Federal não pode ser alterada e, por isso, nenhuma PEC pode ser votada. • Temer chega a afirmar que irá suspender a intervenção para votar a reforma, mas desiste. • Um novo dia de grandes mobilizações contra a PEC acontece: 19 de fevereiro. • O governo volta atrás e admite, pela primeira vez, que não conseguirá votar a reforma pelo menos até a eleição presidencial. Sugere, então, o mês de novembro para uma possível votação.
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BRASIL
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Intervenção militar na segurança pública do Rio atinge os mais pobres e não resolve violência POLÍTICA Decreto é uma tentativa de enfrentar a baixíssima popularidade do governo de Michel Temer e encobre o fracasso na votação da reforma da Previdência Fernando Frazão / Agência Brasil
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
O
decreto presidencial que estabelece uma intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro foi aprovado com folga nos plenários da Câmara dos Deputados (340 votos a favor e 72 contra) e do Senado (55 votos favoráveis e 13 contrários) entre segunda (19) e terça-feira (20). Com a medida, a área de segurança pública do Rio, inclusive o controle sobre as polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiras, sai do comando do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) para as mãos do interventor escolhido, o general do Exército Walter Braga Netto, que responderá diretamente ao golpista Michel Temer, presidente com a pior avaliação de governo da história da República.
Índices de violência sempre voltam para o mesmo patamar com término das operações Já nos primeiros dias de intervenção, programada para durar até 31 de dezembro, a foto do Exército revistando bolsas e mochilas de crianças, todas com uniformes escolares, numa favela do Rio de Janeiro, ganhou repercussão internacional. A imagem é um reflexo cruel sobre a quem deve recair o peso da intervenção: a população negra, pobre e moradora da periferia da cidade.
Política de combate às drogas não reduziu o consumo e aumentou a violência e o número de mortes
O Brasil de Fato levantou alguns dos principais aspectos que envolvem a intervenção no Rio e como essa medida, além de ineficaz, pode aprofundar o já grave cenário histórico de violência. Confira: Custo alto, retorno baixo Apesar da intervenção federal no Rio ser algo inédito desde a promulgação da Constituição de 1988, não é a primeira vez que as Forças Armadas realizam operações na área de segurança pública do estado. Os decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foram usados por todos os ex-presidentes desde Fernando Collor, para permitir patrulhamento do Exército durante grandes eventos, como a ECO-92 e, mais recentemente, Copa do Mundo e Olimpíadas, ou para auxiliar as forças de segurança estaduais na tentativa de conter a violência de facções criminosas. Os índices de violência, como a taxa de homicídios, no entanto, sempre retomaram aos mesmos patamares, como 40 assassinatos por 100 mil habitantes, nú-
mero de 2017. Um exemplo do desperdício de recursos públicos se deu, por exemplo, entre abril de 2014 e junho de 2015, quando o complexo de favelas da Maré, zona norte do Rio, permaneceu ocupado por militares do Exército,
Intervenções na Maré consumiram R$ 600 milhões sem produzir resultado ao custo estimado de R$ 600 milhões, sem produzir efeitos positivos na violência da região. Em 2017, foi a vez de Temer bancar R$ 10 milhões em uma invasão na Rocinha que resultou numa pequena apreensão de armas. Violações de direitos O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, chegou a dizer que era preciso dar garantias para que os militares pudessem agir “sem o risco de uma nova Comissão da Verdade”. Foi uma referência à Comissão Nacional
da Verdade (CNV), que investigou crimes de tortura e morte cometidos pelas Forças Armadas durante a ditadura militar (1964 a 1985). Desde o ano passado, uma lei já prevê que militares que cometerem crimes no exercício de suas atividades só serão julgados na Justiça Militar e não na Justiça comum, como os demais cidadãos. Outra questão polêmica foi o anúncio de que o governo federal solicitaria mandados de busca e apreensão e até de prisão coletivos. A medida, se colocada em vigor, autorizaria militares a entrar em qualquer casa de determinados bairros e prender pessoas que considerassem suspeitas. Por conta da repercussão negativa da medida, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, recuou da declaração. Política de drogas Ao longo dos últimos anos, a população carcerária no Brasil aumentou exponencialmente e já é a terceira maior do mundo, com mais de 650 mil detentos. Mais de 40% é formada de presos provisórios, ou seja,
sem julgamento definitivo. Este cenário expõe a ineficácia da política de combate às drogas, que não conseguiu reduzir o consumo e aumentou a violência e o número de mortes, principalmente entre jovens negros das periferias das grandes cidades. A maioria das grandes democracias na Europa, América do Norte e outras regiões do planeta tem modificado a política de drogas ao longo dos últimos anos, com a descriminalização do consumo e até mesmo a legalização do comércio controlado, como é o caso da maconha em diversos países. No vizinho Uruguai, por exemplo, houve queda de 18% dos crimes relacionados ao tráfico desde que o país regulamentou o cultivo e o comércio da maconha, há quatro anos. Nos Estados Unidos, onde alguns estados também legalizaram o comércio da erva, devem ser arrecadados este ano mais de R$ 41 bilhões em impostos.
Objetivos políticos
Logo depois de assinar o decreto de intervenção Temer se reuniu com sua equipe de marqueteiros. O encontro reascendeu rumores de que a decisão se baseou numa estratégia política. Além disso, a mudança de agenda serviu também para esconder o fracasso do governo na negociação para aprovar a reforma da Previdência. Com entrada em vigor do decreto de intervenção, ficam suspensas tramitações de propostas de emenda parlamentar.
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MUNDO
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Não há crise humanitária na Venezuela, diz especialista da ONU GUERRA ECONÔMICA Segundo Alfred de Zayas, sanções econômicas é que geram falta de alimentos e remédios Reprodução
Por Opera Mundi
O
advogado e historiador Alfred de Zayas, especialista independente da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Promoção da Ordem Internacional Democrática e Equitativa, disse que “não há crise humanitária” na Venezuela, e que o termo é usado como desculpa para intervir no país e derrubar o governo atual. “Comparei as estatísticas da Venezuela com a de outros países e não há crise humanitária. É claro que há escassez, mas quem trabalhou por décadas para as Nações Unidas
e conhece a situação de países da Ásia, África e alguns da América, sabe que a situação na Venezuela não é uma crise humanitária “, disse Zayas, em entrevista à emissora TeleSUR. O especialista esteve na Venezuela no fim do ano
passado e participou de reuniões com funcionários do governo, vítimas de violações de direitos humanos e da violência das chamadas “guarimbas” (protestos violentos da oposição). Em março, deve apresentar seu relatório às Nações Unidas.
Ele explicou que, embora muitos pensem que o país está à beira de um desastre, como mostra a mídia, “a Venezuela sofre uma guerra econômica, um bloqueio financeiro, um alto nível de contrabando e, claro, precisa de solidariedade internacional para resolver esses problemas”. Zayas acredita que a comunidade internacional
Querem a troca de regime na Venezuela e revogar as leis sociais
deve trabalhar em solidariedade à Venezuela para suspender as sanções, “pois são essas que pioram a escassez de alimentos e remédios. Tendo uma crise de malária na Amazônia venezuelana, a Colômbia bloqueou a venda de medicamentos e a Venezuela teve que importá-los da Índia”, afirmou. “Querem a troca de regime na Venezuela, destruir a Revolução Bolivariana e revogar as leis sociais adotadas nos mandatos de [Hugo] Chávez e [Nicolás] Maduro”.
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ENTREVISTA
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“O problema da segurança não vai ser resolvido com intervenção” FORÇAS ARMADAS ”Acho que essa ação pode trazer problemas para os próprios militares”, acredita ex-ministro da Defesa Lia de Paula / Agência Senado
tanto de não ir a fundo nas causas da violência quanto o risco que representa uma presença militar num ano eleitoral.
Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
M
inistro das Relações Exteriores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ministro da Defesa de Dilma Rousseff, o diplomata Celso Amorim vê com preocupação a intervenção federal no Rio de Janeiro, anunciada pelo presidente da República, Michel Temer, e aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado.
Como o senhor avalia a situação deflagrada no Rio? Celso Amorim: Tem muitos
aspectos. A questão da segurança no Rio de Janeiro é um problema sério, grave, e podia ter sido visto antes num contexto mais adequado, em que também se tratasse de outras questões que são ligadas, como saúde, educação, emprego. Mas claro que a segurança tem um aspecto próprio, sobretudo no curto prazo em que tem que se lidar com ele. O tema da segurança passa a ser central no Rio de Janeiro. Há riscos muitos grandes, como o de se confundir temas específicos de segurança com temas políticos. Num ano eleitoral isso é complicado, gera preocupação. A outra é uma preocupação muito direta das Forças Armadas em tarefas para as quais não está preparada. Como vê análises segundo as quais o caso do Rio pode ser o prenúncio de algo mais grave, por exemplo, a concretização de um estado de exceção?
Não quero ser alarmista. Vejo com preocupação. Mas
Faz sentido associar as medidas adotadas no Rio e em Roraima a uma eventual intervenção na Venezuela, com a participação do Brasil?
“No curto prazo, colocar tropas na rua pode até dar uma impressão de segurança, mas isso dura poucos dias”
“As Forças Armadas não são preparadas para esse trabalho” acho que o alerta é necessário. Colocar toda a ênfase na segurança num ano eleitoral, com intervenções do governo em estados, pode ter outras consequências, até porque o problema da segurança não vai ser resolvido dessa forma. No caso do Rio de Janeiro, no curto prazo, colocar tropas na rua pode até dar uma impressão de segurança, mas isso dura poucos dias. Não tem condição e nem as Forças Armadas são preparadas para esse trabalho. Que haja insatisfação com o problema da segurança no Rio, principalmente, ou em outros estados, é perfeitamente compreensível. Agora, o instrumento é mais espetáculo político do que efetividade. Vamos enfrentar um ano eleitoral e às vezes pode
não se distinguir o criminoso de adversários políticos, sobretudo quando são movimentos populares. Acho que essa ação pode trazer problemas para os próprios militares.
“A intervenção é mais espetáculo político do que efetividade” Qual a repercussão que a medida do Rio teria nas Forças Armadas? Teria respaldo?
Não posso dizer. As Forças Armadas, nesse ponto, até onde pude ver como ministro da Defesa, são muito disciplinadas e seguem as orientações da chefia e de quem está no poder, na presidência da República. Acho, pelas próprias declarações do general Villas Boas, e pelo que conheço, que as Forças Armadas e o Exército, particularmente, não veem com bons olhos ter que lidar com o crime.
“Votar em Lula é um direito do povo brasileiro, que não deve ser roubado” Não é tarefa deles, é uma tarefa de polícia. Não há o risco de a população apoiar uma medida como essa?
O problema é o seguinte: há uma necessidade psicológica tão grande, porque existe o sentimento de insegurança, que essa medida pode ter sido demagógica, mas vai ter apoio. Acho que, talvez no curto prazo, pode ser. Mas isso não resolve o problema da criminalidade no longo prazo, e levanta suspeitas. As próprias Forças Armadas, as que eu conheci pelo menos, não gostam disso, gostam de mostrar seu lado imparcial. É uma medida de efeito publicitário muito grande, mas que tem problemas,
Não sei. Acho até que as Forças Armadas brasileiras não se prestariam a esse serviço. São muito respeitosas do princípio da não intervenção, da autodeterminação dos povos. Temos que cuidar da parte humanitária, mas tomando muito cuidado para que não sirva de pretexto para alguma ação intervencionista. E o que o senhor espera para o Brasil em 2018?
Paz, bom senso. Que o povo não se sinta roubado em seu direito de votar na pessoa que escolheu, que escolheria. Esse é um ponto importante e por isso tenho dado tanta ênfase a essa questão do presidente Lula – não só o direito dele, mas é um direito do povo brasileiro. Faz parte da soberania popular você poder escolher o seu presidente.
“A segurança no Rio devia ter sido vista antes ligada a questões como saúde educação e emprego”
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Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Amiga da Saúde
NOvela O sucesso das cantoras drags
“
Reprodução
A música pop brasileira trouxe uma novidade para o mundo. Elas foram chegando, abrindo espaços, vencendo preconceitos e cada vez mais se consolidando no mercado. Estou falando das cantoras drags! Pabllo Vittar, Glória Groove, Lia Clark, Aretuza Lovi, Linn da Quebrada entre outros e outras que estão em evidência, cada vez mais ouvidos, fazendo shows pelo país e bombando nas redes. Um dos marcos da ascensão das cantoras drags foi o sucesso estrondoso de Pabllo Vittar em 2017, que chamou a atenção do grande público para essas artistas. Causou muita curiosidade uma cantora drag emplacando suCantoras dão cessos seguidos e sempre presente nos visibilidade programas de TV ou nos canais de inpara segmento ternet. A partir daí, as outras cantoras – mais restritas ao meio LGBT – comediscriminado çam também a ser projetadas para outros públicos. E elas prometem muito para o ano de 2018! Elas sabem muito bem aproveitar o território da internet e é lá que podemos conhecer os seus trabalhos, o sucesso que fazem e os seus fãs. E é nessa relação fã e artista que o fenômeno das cantoras drags ganha uma dimensão nova e social. Há uma relação de profunda intimidade entre os fãs - a maioria adolescentes e jovens LGBTs e da periferia - e as novas celebridades. Não se trata de uma relação de projeção, mas sim de identificação. E se identificam com drags/LGBTs da periferia, superando o preconceito sexual e de gênero. Cada uma delas tem um estilo próprio. Se Vittar tem um estilo mais diva glamourosa e sensual, Glória Groove traz toques do hip hop paulistano e Lia Clark traz muita ousadia e “certas vulgaridades”. E muito mais do que simplesmente cantar, elas fazem uma performance, impactam com o novo e desconhecido e, conscientes ou não, fazem política: dão visibilidade e protagonismo para um dos segmentos mais violentados e discriminados da população – as trans e travestis. Surpreendeu-me, dia desses, ver um menino e uma menina cantando juntos “Indestrutível”, de Pabblo Vittar e uma multidão de adolescentes e jovens no carnaval indo ao delírio aos primeiros sons do hit “Bumbum de Ouro”, de Glória Groove. Mudanças acontecem assim.
*Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Amiga da Saúde, é normal o homem ter dor após a ejaculação? João Luiz, 38 anos, motorista. Não, isso não é normal. A dor durante ou após a ejaculação pode ser um sintoma de inflamação ou infecção na próstata, vesícula seminal ou uretra. Se for uma inflamação da próstata é comum que a dor (na uretra, testículos, períneo, virilha ou região da bexiga) apareça logo após a ejaculação e persista por dias. A dor também pode ser consequência de alguma infecção ou doença sexualmente transmissível (DST). Há ainda a possibilidade de ter algum fator psicológico envolvido, como muita tensão ou ansiedade, o
que leva a contrações muito intensas da musculatura. De qualquer forma, uma vez tendo ocorrido esse problema é necessário fazer avaliação médica e exames o quanto antes. Até porque a dúvida sobre ter algum problema mais grave muito provavelmente afetará o desempenho sexual do homem, além do risco de transmissão das DSTs. Todos os problemas citados têm tratamento e tirar esse grilo da cabeça fará muito bem para a vida sexual do homem e de suas parcerias.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos Liberdade para mulheres O Supremo Tribunal Federal concedeu habeas corpus coletivo que beneficia mulheres grávidas e mães de crianças até 12 anos que cumprem prisão preventiva (a mulher está presa, mas ainda não foi julgada). Nestes casos, as mulheres poderão aguardar a decisão do processo em prisão domiciliar. Esta medida busca atender os direitos das mulheres, mas principalmente protege os direitos das crianças a permanecerem na presença de suas mães, em casa.
Hoje no Brasil existem mais de duas mil crianças que estão atrás das grades com suas mães, sofrendo indevidamente o cárcere. A decisão deve garantir o direito à prisão domiciliar também às mães adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e também àquelas mulheres que tenham pessoas com deficiência sob sua guarda, independentemente da idade. Esperamos que seja cumprida por todos os juízes Brasil afora.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
13 VARIEDADES 13
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Sufixo de "londrina" Estudo da Biologia aplicada à Eletrônica De segunda (?): de qualidade inferior
Maria (?) Machado, escritora brasileira Última bolsa do estômago das aves Cada um dos orixás das águas, de energia predominantemente feminina Porta-voz de uma celebridade
Dia do Instrumen- (?): 9 de to musical janeiro da Anti- de 1822 guidade (Hist. BR)
Penhasco, em inglês Ave com crista
Associação Cristã de Moços (sigla)
Roupa do juiz Caixas de madeira
Centro das ações da "Ilíada" (Lit.)
Em tempos de correria, nada melhor do que uma comida bem saborosa, nutritiva, que pode ser feita em grande quantidade e requentada várias vezes. E a tradicional feijoada é ótima para isso!
Ingredientes Saudação jovial Patrões; senhores
1.101, em romanos Rod Telúrio Stewart, (símbolo) cantor
• • • • • •
Leste (abrev.) Libido dos animais
1 kg de feijão preto 1 cabeça de alho Temperos: coentro, cebolinha, cominho, pimenta do reino 1kg Carne seca e/ou lombo defumado 300g Linguiça 1kg Cenoura, berinjela, champignon e castanhas
Modo de Preparo
3/tao. 4/amos — caan — iabá. 5/cliff. 7/biônica. 8/chapolin — gonococo. 9/tracionar.
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Solução
C C B T
A R A C I D E A L M E I D A
A C I N A H A P O N I S O X T E G A R A O E L T O B A A U T S S E
G O N N E O L C A O C LI O R A A G A M R O S S
A R N E I N D A F F I A C M O I L C I I A O R
BANCO
Base dos ensinamentos de Lao-tse
Hiato de "voo" Intrometido (pop.)
1. Deixe o feijão de molho desde o dia anterior; 2. Para dessalgar as carnes, jogue água fervendo 3 ou 4 vezes, sempre tirando a água; 3. Cozinhe o feijão na panela de pressão por 30 minutos, junto com as carnes. 4. Numa frigideira, refogue a linguiça. Não precisa de óleo. Quando a gordura da linguiça sair, refogue o alho. 5. Junte duas conchas de feijão (só os grãos), depois amasse os grãos e jogue de volta à panela. 6. Para uma versão vegetariana, refogue o alho junto com a cenoura e a berinjela e junte ao feijão. 7. Na hora de servir, junte os cogumelos e a as castanhas. Sirva com arroz, farinha, couve refogada e laranja.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
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Forrozeiros pedem pela valorização da cultura nordestina Amantes do forró se reúnem no 15º Encontro de Forrozeiros em BH para discutir formas de preservar o ritmo nordestino. Com o tema “Forró – Cultura Nordestina, Patrimônio do Mundo”, o evento é organizado pelo Centro de Cultura Nordestina (CCN) e tem entrada gratuita, mediante 1 quilo de alimento não perecível. Já estão confirmadas as bandas Trio Zeferino, Menina Fulô, Poliana Cruz, Wendell Carneiro e Orlando Rozado. Quando: 24 de fevereiro, das 15h às 22h, Onde: Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821).
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É quente: lançamento!
Teatro em Uberlândia
A banda de rap Julgamento, de BH, começou 2018 com o lançamento de um CD e um DVD em menos de um mês. Em janeiro, o disco “Boa Noite” trouxe rimas com reflexões políticas, sobre a mídia, o meio ambiente e a vida. O DVD “Trajetória - Julgamento, 20 anos de rap” é lançado em 23 de fevereiro, na IDEA Casa de Cultura (Bernardo Guimarães, 1200 – Funcionários) para falar da banda de rap mais antiga da capital mineira. No filme, os integrantes contam sobre sua caminhada, avanços, dificuldades, e das mudanças sociais que influenciaram o rap brasileiro. A entrada é gratuita.
A Trupe de Truões apresenta nos dias 24 e 25 de fevereiro e 03 e 04 de março o espetáculo: Moramos na Mesma Casa. A peça discute sobre as relações humanas, e na apresentação do trabalho propõe como reflexão: “Vivemos juntos neste pequeno mundo. Eu fechado em mim e você em si mesmo. O amor e o ódio coabitam e ambos reivindicam seu direito de existir”. A apresentação será às 20h no Ponto dos Truões, avenida Ana Godoy de Sousa, número 381, Bairro Santa Mônica em Uberlândia. O grupo pede de entrada uma contribuição espontânea.
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MANIFESTO DE APOIO À EDUCAÇÃO DA REDE ESTADUAL DE MINAS GERAIS O último período tem sido especialmente difícil para o povo brasileiro, sobretudo, para os mais pobres e os trabalhadores e trabalhadoras em geral. Vivemos uma grave crise internacional do sistema capitalista que insere a crise brasileira em um contexto de golpe dado por forças reacionárias e antidemocráticas. O desgoverno instalado em âmbito federal, unificado em torno de um programa ultraneoliberal, tem tomado inúmeras medidas que agravam e aprofundam a crise brasileira. Nesse contexto de ofensiva conservadora, no âmbito da economia e dos valores, é um imperativo a unidade das forças progressistas e democráticas em torno de propostas que solucionem os reais problemas do povo e fortaleça a organização popular para enfrentar a retirada de direitos. Para fazer frente a essa conjuntura, compete aos governos comprometidos com as pautas democráticas e populares apostar na participação cidadã, nas organizações populares, priorizar e investir segundo os interesses das maiorias e abrir um permanente canal de diálogo com forças populares. Desde as mobilizações de junho de 2013, passando pelas eleições de 2014 e 2016, e durante toda a luta contra o golpe e o estado de exceção, se mostraram decisivos os movimentos e organizações populares. Trabalhadoras e trabalhares em educação da rede pública de Minas Gerais, em articulação com vários outros movimentos, têm tido um papel importante no enfrentamento a esta conjuntura. Manifestamos por meio desta carta, nosso apoio à categoria que luta pelo cumprimento do Acordo histórico do Piso Salarial Profissional Nacional, pelo investimento dos recursos da educação exclusivamente na área e por abertura de negociações com o Governo do Estado e fazemos destas questões nossas reivindicações para o Governador Fernando Pimentel.
• Central Única dos Trabalhadores CUT - Minas • Central dos Trabalhadores do Brasil CTB Minas • Intersindical • Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE • Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino - CONTEE • Confederação Nacional dos Metalúrgicos - CNM • Federação Estadual dos Metalúrgicos - FEM • Federação da Agricultura Familiar - FETRAF • Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro - Fetrafi - MG • Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Enérgica - Sindieletro - MG • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e distribuição de água e em serviços de esgoto - Sindágua MG • Sindicato dos Petroleiros - Sindipetro - MG • Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte - Sindibel • Sindicato dos Trabalhadores na Instituições Federais de Ensino - Sindifes • Sindicato dos Professores - Sinpro - MG • Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social, Saúde, Previdência, Trabalho e Assistência Social - Sintsprev/MG • Sind-UEMG • Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e região • Sindicato dos Professores de Juiz de Fora Sinpro/JF • Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais • Sindicato dos trabalhadores nas empresas de correios e telégrafos - Sintect-MG • Sindicato dos Sociólogos de Minas Gerais Sinds/MG • Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais Sindimetro • Sindicato dos servidores públicos municipais
de Chapada Gaúcha. • Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra MST • Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB • Movimento pela Soberania Popular na Mineração MAM • Marcha Mundial de Mulheres • Levante Popular da Juventude • Pastoral da Juventude • Consulta Popular • Comissão Pastoral da Terra - CPT • Movimento dos Trabalhadores Cristãos - MTC • DCE PUC Minas • Brigadas Populares • Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas - MLB • Movimento de Mulheres Olga Bernário • Casa de Referência da Mulher Tina Martins • Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas - AMES-BH • União da Juventude Rebelião - UJR • União da Juventude Socialista - UJS • União Colegial de Minas Gerais - UCMG • Movimento Luta de Classes - MLC • Rede Nacional dos Médicos e Médicas Populares • Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte • Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro brasileiro - Cenarab • Central de Movimentos Populares - CMP • Comitê Igrejas • Pastoral do Menor Regional Leste 2 • Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais • Conselho Nacional de Igrejas Cristãs Conic MG • Cáritas Diocesana de Paracatu • Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos - MTD • Deputada Estadual Marília Campos • Deputado Estadual Jean Freire
• Deputado Estadual Rogério Correia • Deputado Federal Padre João • Deputada Federal Margarida Salomão • Deputada Federal Jô Morais • Vereadora Áurea Carolina, Belo Horizonte • Vereadora Cida Falabela, Belo Horizonte • Vereador Gilson Reis, Belo Horizonte • Vereadora Andresa Rodrigues, Mário Campos • Vereadora Lívia Guimarães, São João del Rei • Vereador Sávio José, Viçosa • Vereador Betão, Juiz de Fora • Vereadora Maria Cecília Figueiredo Opípari, Poços de Caldas • Vereador Tiago da Silveira, Guaranésia • Vereador Josué Naves de Paula, Bom Sucesso • Vereador Sebastião Melia Marques Tiãozinho do Sindicato, Campo do Meio • Vereador Tiago Horse, Campo do Meio • Vereador Portinele Fernandes, Campo do Meio • Vereador Diego Ramiro da Silva, Unaí • Vereadora Camila Silva de Almeida, Buritis • Vereadora Suzane Duarte Almada, Santa Luzia • Vereador Ariel de Souza Moreira, São Tomé das Letras • Ederson Alves da Cunha, vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde • Bruno Abreu Gomes - Pedralva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte • Paulo Cayres, coordenador nacional do setorial sindical do PT • Geraldo Miguel, coordenador do setorial de educação do PT MG • Vilmar Alves Mota, Presidente do PT Unaí • Coletivo Fora do Eixo • Flavio Renegado, cantor • Pereira da Viola - violeiro, compositor e cantador • Aline Calixto - cantora e compositora
Esse manifesto foi entregue ao Governador, Fernando Pimentel, hoje pela manhã (21/02/18) durante as atividades no Acampamento, Maria da Conceição, do MST, em Itatiaiuçu. O manifesto também foi entregue ao ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
na geral
Brasileiro conquista dois bronzes em mundial Marcio Rodrigues CPB / MPIX
O paratleta gaúcho Jovane Guissone concluiu sua participação na Copa do Mundo de Esgrima em Cadeira de Rodas de Eger, Hungria, com dois bronzes. A primeira medalha foi conquistada na classe florete B - para esgrimistas com mobilidade reduzida no tronco. A segunda foi obtida na espada B. Para o ano de 2018, foram programadas seis etapas da Copa do Mundo. A próxima ocorre em Pisa, na Itália, entre os dias 9 e 11 de março. (Com informações do CPB)
BH é da Gente
Ricardo Laf / PBH
ESPORTE
15 15
CTE seleciona adolescentes para atletismo Marcio Rodrigues CPB / MPIX
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG promove seleção de adolescentes nascidos entre 2002 a 2006, para compor sua equipe de atletismo. Os testes avaliarão habilidades de arremesso, salto e corrida. As inscrições são gratuitas e os participantes devem comparecer acompanhados de responsável, com documento de identidade e roupas apropriadas para a prática. (Com informações do CTE) Onde: Avenida Alfredo Camarote, 617. Pampulha, BH Quando: 3 de março, das 9h às 12. Informações: (31)3409-3334 ou pelo e-mail tetratlo@ gmail.com
Aos domingos, a Prefeitura de Belo Horizonte fecha trechos de avenidas na Savassi e abre para o lazer. Tem pula-pula, escorregador, cama elástica, jogo de damas e espaço livre para caminhar e andar de bike ou skate. É o programa BH é da Gente, que tem como objetivo promover a convivência, o lazer e atividades físicas ao ar livre. A PBH afirma que pretende expandir a atividade para as avenidas Silva Lobo, na região Oeste, e José Cândido da Silveira, na região Nordeste da capital.
Troca no comando técnico do Uberlândia Reprodução de vídeo
Onde: esquina das avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo. Quando: domingos, das 7h às 14h.
Brasil estreia em Grand Slam de Judô
Gabriela Sabau / IJF
Entre os dias 23 e 25 de fevereiro, a seleção brasileira de judô participa do Grand Slam de Dusseldorf, na Alemanha. A delegação do país é composta de 16 atletas, sendo sete homens e nove mulheres. Destaque para Érika Miranda (52 kg), melhor do mundo no peso meio-leve e Mayra Aguiar (78 kg), bicampeã mundial. A competição conta com 505 atletas de 71 países.
Após mais uma derrota, Paulo Cézar Catanoce não é mais o treinador do Uberlândia. A direção do clube optou por demiti-lo após a equipe perder os três últimos jogos disputados, contra o Tombense, América Mineiro e Boa Esporte. O técnico deixa o comando da equipe depois de disputar oito partidas em 2018, com 3 vitórias, 5 derrotas e a equipe uberlandense na zona do rebaixamento do Estadual. A diretoria não perdeu tempo e já anunciou Zé Teodoro para o comando.
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Belo Horizonte, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018
Rafaella Silva denuncia abordagem policial discriminatória
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução de vídeo
Roberto Castro
campeã olímpica Rafaela Silva denunciou, na noite desta quinta-feira (22), que poA liciais a abordaram de maneira discriminatória. O incidente ocorreu na Avenida Brasil, quando ela ia de táxi do aeroporto para sua casa, em Jacarepaguá. De acordo com
a judoca, uma viatura parou o táxi de maneira agressiva. Armados, os policiais mandaram-na descer para uma revista perante vários motoristas que trafegavam pelo local, perguntaram onde ela morava e só pararam ao reconhecerem quem ela era. “Fiquei indignada, todo mundo na rua olhando para minha cara como se eu tivesse feito algo errado. Esse preconceito vai até onde?”, escreveu a atleta, em sua conta no Twitter.
“Só existe uma medida realmente eficaz e duradoura para resolver a violência que assola as cidades brasileiras: justiça social. O resto é armazém de secos e molhados” André Rizek, jornalista esportivo, comentando, em sua conta no Twitter, a intervenção federal decretada no Rio de Janeiro.
Gol de placa Um grupo de 33 jogadores de futebol, organizados no Sindicato de Atletas de São Paulo, promoveu uma campanha contra o assédio sexual a crianças e adolescentes nas categorias de base. Um vídeo aborda o tema com depoimentos dos jogadores. Confira: goo.gl/azGZ3r.
Gol contra Na Copa da Rússia, uma partida entre Shinnik Yaroslavl e Spartak Moscou terminou em briga e prisão de 30 pessoas. Um torcedor do Shinnik mostrou uma bandeira do Nazismo. Na semana anterior, o volante Yaya Touré, do Manchester City, reclamou de agressões racistas, no jogo contra o CSKA Moscou.
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Leo Calixto
Os erros do bandeirinha contra o América no clássico só reforçam o que sempre foi praxe no futebol mineiro, aliás, no Judiciário também: na dúvida, dá para o lado supostamente mais rico. Não há como não se espantar com os dois pesos e duas meDecacampeão didas utilizados pelo assistente Guilherme Dias Camilo em lances muito semelhantes. Na bola que não entrou, do Atlético, ele foi convicto em assinalar que entrou; e na bola que entrou, a do América, ele foi convicto em deixar o jogo seguir. Se não pendesse pro lado do time mais midiático, o bandeirinha deveria, no mínimo, dar os dois gols, o que mudaria a história do jogo. Além de tecnologia, é preciso respeito e vergonha na cara.
O Atlético apresenta evolução. Nas últimas partidas, a equipe se ajustou em um esquema cauteloso e devastador na conclusão. Defendeu-se melhor das investidas adversárias e decidiu com rapidez e precisão. A defesa se estabilizou, com apoio dos meioÉ Galo doido! campistas e atacantes. As saídas para o ataque estão mais rápidas. Otero com regularidade, Roger Guedes surpreendente, e Ricardo Oliveira definidor têm se destacado. Bom mesmo foi ver Luan recuperado e Cazares ensinando o que um atacante deve fazer: se o goleiro fecha o ângulo, driblar antes de concluir. Veremos se a evolução se confirmará com adversários mais qualificados. Mas podemos garantir: a esperança venceu o medo.
Está chegando a tão esperadaAnúncio estreia na Copa Libertadores 2018. Na terça (27), o Cruzeiro enfrenta o Racing na Argentina, pela primeira rodada da fase de grupos. Com atuações consistentes, a equipe de Mano Menezes está pronta para o pesado La Bestia Negra confronto. Antes, o Maior de Minas entra em campo no Mineirão contra o Boa Esporte. Mano já sinalizou a entrada de uma equipe alternativa, com jogadores que ainda não receberam oportunidades na temporada. Com isso, Judivan, Dedé e outros jogadores podem figurar no gramado do gigante da Pampulha. À China Azul caberá lotar novamente a Toca da Raposa 3 e incentivar até o fim para que os jogadores levem a energia para a casa dos hermanos.