Bruno Cantini / Atlético Mineiro
Minas Gerais
Julia Dolce
ESPORTES 16
PERFIL 11
“Não se cale”
Conheça a Jéssica
Galo recebe Maria da Penha no clássico e lança campanha de combate à violência contra mulheres. De acordo com o clube, objetivo é conscientizar e estimular as pessoas a denunciarem agressões
Ela, assim como outras mulheres, enfrenta a luta diária contra o abuso. A jovem foi presa grávida, entrou em trabalho de parto na delegacia, e viu seu filho viver os primeiros dias dentro de uma cela
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018 • edição 224 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Divulgação / Projeto Conservador das Águas
BRASIL É PALCO DA DISPUTA PELA ÁGUA
A água será tema de dois eventos neste mês. De um lado está o Fórum Mundial da Água (FMA), organizado por empresas que querem a privatização deste bem natural, e, de outro, o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), que defende a água como um direito e não como uma mercadoria. O FAMA quer ouvir a população que sofre com as represas e a falta de água e também elaborar maneiras para sua proteção e uso I BRASIL 8 Edson Lopes Jr / Fotos Públicas
Divulgação / Anglo American
BRASIL 9
MINAS 6
Aquele 1%
Nióbio: o que a população ganha?
Rejeitado por quase todo mundo, Michel Temer (MDB) usa imprensa para divulgar aumento de 1% do PIB em 2017, como se fosse o milagre do crescimento. Na verdade, desempenho do agronegócio puxou indicador, mas economia continua a mergulhar em sua pior crise da história, com desemprego atingindo mais de 12 milhões de pessoas
A empresa estatal Codemig controla 73% do nióbio do planeta, na mina de Araxá, mas isso não resulta benefícios para a população mineira. O governador Fernando Pimentel (PT) propõe a privatização de metade da empresa
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Editorial | Brasil
Soberania, democracia e direitos O combate a essas três palavras sintetizam os verdadeiros motivos do golpe em nosso país, e a defesa dessas três questões coloca também a possibilidade de superá-lo.
ESPAÇO DOS LEITORES
“De chorar. Maravilhosa essa edição especial. Essa matéria.... Essa mulher. Vocês. Nós todas e nossa força. Obrigada” Elis Colodeti escreve sobre a edição 224, com a manchete “Sem medo de ser mulher” e sobre a entrevista com Lucimar Gonçalves: “Várias vezes eu apanhei e pedi desculpas a ele por ter batido em mim” “Resistir por Sofia e para que haja tantos outros Sofias por esse Brasil afora” Maiara Batista comenta sobre o artigo “Por que não devemos aceitar a intervenção da PBH no Sofia?”, de Edson Borges de Souza “A continuar assim, agora faltam refeitórios, muito em breve, as refeições” Jo Sousa escreve sobre a matéria “37% das escolas de Minas não possuem refeitório” “E se identificam com drags/LGBTs da periferia, superando o preconceito sexual e de gênero”. Acho que essa frase responde bastante à pergunta de ontem! Venham com tudo, garotas!” Nadher Yunes comenta sobre a coluna “O sucesso das cantoras drags”, de Felipe Marcelino
Soberania Ameaçam nossa soberania com uma intensa onda de privatização de setores estratégicos da nação, que vai de empresas públicas estatais aos bens naturais. Entre esses bens e empresas estão o petróleo do pré-sal, partes importantes da Petrobras, hidrelétricas, Eletrobrás, os minérios, os dois maiores aquíferos do mundo, Guarani e Alter do Chão, os nossos rios e o sistema de saneamento. Querem privatizar bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal, o BNDES, Banco do Brasil e a própria Casa da Moeda. Também almejam a privatização da Embraer, uma das empresas de alta tecnologia brasileira. Pretendem permitir a compra de grandes extensões de terras por grandes empresas estrangeiras. Democracia O desmonte de nossa incipiente democracia foi decisivo para o ataque à soberania e aos direitos. Vivemos um golpe parlamentar, midiático, jurídico e, neste momento, um ensaio militar, a partir da intervenção federal no Rio de Janeiro. Eles buscam com isso ganhar apoio popular para uma possível expansão territorial da intervenção para, se necessário for, adiar as eleições de 2018. A condenação e a possível prisão da maior liderança popular do nosso país, o Lula, visa garantir a vitória dos golpistas nas eleições.
Direitos São muitos os ataques aos direitos da população. Já aprovaram a reforma trabalhista, tentaram fazer o desmonte da Previdência, congelaram o orçamento de setores sociais essenciais por 20 anos, como o da saúde e educação, e agora buscam a sua privatização. Outros elementos que violam direitos é o aumento do custo de vida da população, por meio das tarifas de energia elétrica, dos combustíveis, do botijão de gás, da alimentação, do transporte, da moradia, etc.
Corte nos investimentos violenta as mulheres Congresso do Povo para construir força social Por tudo isso, para superar o golpe, nos resta o desafio de construirmos força social. A grande aposta das diversas organizações reunidas na Frente Brasil Popular é construir o Congresso do Povo. Um processo que tem como objetivo uma forte inserção no meio do nosso povo por meio da retomada do trabalho de base, do reagrupamento de milhares de lideranças populares realizando processos de formação, congressos municipais e a criação de milhares de comitês. E assim nosso sonho se tornará força e energia para a construção coletiva de nosso destino, em busca permanente de nossa felicidade!
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Felipe Marcelino, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
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Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Na sua opinião, por que mulheres ganham menos que homens?
Eu acho um absurdo. Eu já trabalhei em salão também, há muito tempo, e tinha isso. É um descaso com a mulher, pois são todos iguais e deveriam receber a mesma coisa.
Isso já uma coisa que está bem institucionalizada, o patriarcado. Não tem um motivo plausível pra isso acontecer. É um conceito que os homens colocaram ao longo dos anos.
Natália Miranda, autônoma
Rafaela Fernandes, educadora social
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
Mesmo ocupando os mesmos cargos e com a mesma qualificação, as mulheres ganham, na média, cerca de 30% a menos que os homens. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, entre 2004 e 2014, a desigualdade de renda entre os sexos chegou a diminuir e, pela primeira vez no Brasil, a renda média feminina ultrapassou 70% da renda masculina. Porém, a distância ainda é grande, sobretudo nas ocupações que exigem maior escolaridade. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:
GERAL
Divulgação
Disse a cantora Karina Buhr sobre premiações como o Oscar, realizado na última segunda-feira (5)
BH colorida
“Não tem discurso feminista bom em prêmio que acabe com a obrigação feminina de ‘melhor beleza jovem’ e ‘melhor modelito’. O sistema segue se apropriando dos discursos”.
Rodrigo Clemente / PBH
Já reparou o quanto a capital anda roxinha? É tudo por conta da quaresmeira, árvore nativa da mata atlântica que flora durante o mês de março. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), na cidade existem mais de 10 mil plantas dessa espécie, e a maioria delas está na região Oeste. Muito linda, né?
Leia no site: Chávez; o homem que mudou a Venezuela
Ministerio del Poder Popular para la Comunicación e Información
Nos murais, nas estampas de camisetas, nos quadros de paredes, nos debates das praças públicas, nas rodas de cerveja… Lá está Hugo Chávez, presente na vida dos venezuelanos e venezuelanas. Neste 5 de março de 2018, completaram-se cinco anos da morte do ex-presidente. O Brasil de Fato conversou com integrantes de movimentos da base da Revolução Bolivariana e cidadãos para saber qual o legado do líder para a população. Acesse: www.brasildefato.com.br
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CIDADES
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Passe estudantil atende a poucos alunos e não é integral BELO HORIZONTE Pessoas que estudam em outras cidades não têm complementação no transporte metropolitano Wallace Oliveira
Breno Petara
A
Prefeitura de Belo Horizonte encerrou, em fevereiro, a renovação do meio passe estudantil. O benefício oferece a alunos do ensino médio e Educação de Jovens e adultos (EJA) uma complementação na passagem do metrô ou ônibus. Estudantes avaliam que a política é importante, mas insuficiente. Quando é preciso tomar ônibus ou trem, os gastos com transporte são uma despesa considerável no orçamento familiar. É o que acontece, por exemplo, com Lucas Pereira Cardoso, que mora em Ibirité e cursou o ensino médio e técnico em BH, onde se formou no ano passado. Todos os dias, Lucas gastava, em média, R$ 11,40 com ônibus.
“Pesava não só no orçamento dos meus pais, mas para mim também. Se eu tivesse o meio passe, eu po-
Dos 140 mil matriculados em 2017, apenas 8 mil acessaram meio passe
deria aproveitar para sair no fim de semana ou comprar um lanche”, explica. Assim como Lucas, muitos estudantes moram em uma cidade e estudam em outra, o que faz os deslocamentos ficarem ainda mais caros, por conta do preço das passagens metropolitanas. Não há no governo estadual e nos municípios da região políticas para isso.
Meio passe em BH Em 2011, por pressão do movimento secundarista, foi criada na capital a política do meio passe estudantil, que dá desconto de 50% nas tarifas de trem e ônibus municipais a alunos da EJA e do ensino médio, residindo a pelo menos 1 km da escola. “Desde 2009, fazemos debates sobre o meio passe, organizamos atos, manifestações. A luta foi se tornando mais forte e, em 2011, o ex-prefeito Marcio Lacerda assinou a lei do meio passe”, lembra Laura Moreira, presidenta da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (AMES). Em 2017, havia na capital 98.552 matrículas no Ensino Médio e 40.878 na EJA, segundo dados do Inep.
Cerca de oito mil estudantes receberam meio passe, com um gasto de R$ 3,4 milhões no orçamento municipal. Para 2018, está previsto um gasto de R$ 3 milhões com o programa, com vistas a contemplar 10 mil pessoas. De acordo com a PBH, a redução se deve a um corte de recursos em toda Prefeitura, da ordem de 30%. Para Laura Moreira, mais estudantes deveriam ter acesso a essa política. A baixa procura, segundo ela, se deve, em primeiro lugar, à pouca divulgação por parte da Prefeitura. Laura, porém, diz que o problema central é que o programa tem capacidade para atender a poucas pessoas. Ela ressalta que a solução seria uma política ampla de passe livre.
Mulheres de Uberlândia fazem abaixo-assinado para alterar nome de praça principal da cidade Letícia França
Julia Cabral
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ando continuidade às manifestações do 8 de março do ano passado, diversas mulheres estão organizando um abaixo-assinado, com o objetivo de alterar o atual nome da praça Tubal Vilela, na região central de Uberlândia, para Ismene Mendes. Em 2017, houve a
Tubal é acusado de ter matado a esposa por ciúme, e Ismene teria sido morta pela polícia
troca simbólica do nome da praça pelas manifestantes, com adesivos colados nas placas oficiais. A professora universitária e ex-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia, Jorgetânia Ferreira, falou sobre isso: “No ano passado, che-
gamos à conclusão que não aceitávamos mais que um assassino de uma mulher grávida pudesse dar o nome à praça principal de nossa cidade. Então fizemos o rebatismo da praça para Ismene Mendes, para homenagear uma mulher de luta, uma mulher da resistência. Já neste ano de-
cidimos dar um passo à frente, reforçando a luta pelo lado formal”. Ela destacou ainda que o abaixo-assinado tem o intuito de ter mais participação da população da cidade como um todo. “Depois disso, pensaremos os próximos passos, como uma audiência pública, levar para a Câmara Municipal”, defende a professora. O crime Tubal Vilela era casado com Rosalina Buccironi, com quem tinha dois filhos. Rosalina estava grávida de seu terceiro filho quando foi morta, aos 19 anos, por Tubal Vilela com um tiro na nuca. A justificativa do assassino era que sua esposa o traía, e que ele havia cometido o crime para
defender sua honra. Tubal Vilela foi absolvido pela Justiça. A homenageada Nascida em Patrocínio, Ismene Mendes se formou em direito na Universidade Federal de Uberlândia. Trabalhou defendendo camponeses da região contra os abusos dos patrões e por isso recebia diversas ameaças de morte. Em 1985, Ismene foi espancada e estuprada; uma semana depois foi morta. Segundo a polícia, Ismene teria se “autoestuprado” e se suicidado, tendo como justificativa do delegado para chegar a essa conclusão que ela era “uma mulher de hábitos livres”.
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
MINAS
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Opinião
Primeiro a sentença, depois o julgamento João Paulo Cunha O estado de exceção no Brasil não precisa mais de disfarce. A reversão da democracia em nome de uma plutocracia do setor financeiro, respaldada pelo Judiciário com apoio irresponsável da imprensa/empresa, consagrou o veto ao princípio expresso no primeiro artigo da Constituição Federal. O poder não emana mais do povo, mas contra ele. As decisões judiciais – a negação do habeas corpus preventivo de Lula pelo STJ é apenas a mais recente – vêm escrevendo uma história que é contada de trás para frente. A perda, ainda que tímida, do protagonismo conservador histórico na sociedade brasileira, que começa com os recentes governos populares do PT, reacendeu os instintos autoritários e antidemocráticos da elite. Como o comando do sistema político eleitoral foi perdido, foi preciso mudar as regras do jogo e virar o tabuleiro. O Judiciário brasileiro e todo o sistema de Justiça se tornou o novo instrumento de reconquis-
ta e manutenção de poder. Começou tentando inviabilizar as administrações populares, com foco no desgaste da esquerda. No estágio seguinte, avançou contra a legitimidade do resultado das urnas. Por fim, jogou até
O Judiciário brasileiro é hoje um poder contra a nação mesmo o direito no lixo. O conceito de ditadura judicial não é de todo equivocado. O STF é apenas a consagração de uma história antipopular em torno dos projetos hegemônicos de poder. Não houve episódio ditatorial no país sem, no mínimo, a conivência dos tribunais. As manifestações recentes das instâncias colegiadas, de segundo e terceiro graus, combinando resultados de sentenças até a
I M A G I N A Q U E D I A
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C U I D A R C A S A
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É mais que chato. É violação de direitos. Você pode não perceber, mas a piadinha boba do dia a dia alimenta o assédio e a violência contra a mulher. É hora de dar um basta no machismo e transformar a igualdade de gênero em realidade. Em casa, nas ruas, no trabalho, na política: direitos e oportunidades iguais. O mundo está mudando. Se você acha isso um problema, passou da hora de mudar também. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) trabalha para garantir e ampliar os direitos de todas as mulheres, estimulando o protagonismo e o empoderamento das mineiras. W W W. D I R E I T O S H U M A N O S . M G . G O V. B R
Por um mundo melhor para as mulheres
exatidão dos dias de pena, presidindo tribunais de exceção, trancando a pauta para impedir o julgamento de questões essenciais, tudo isso reitera o papel conjuntural de uma instância que deveria ser estruturante. A sedução pela celebridade, os excessos verbais e a defesa de privilégios são outras características da Justiça brasileira. Afastada dos interesses do país, sem sensibilidade para a vida das pessoas comuns, com sede absoluta de protagonismo em questões que não lhe dizem respeito, o Judiciário brasileiro é hoje um poder contra a nação. A situação do Brasil lembra uma passagem de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol. A personagem da Rainha ordena: “Primeiro a sentença, depois o julgamento”. A sentença está dada pelos donos do poder. Resta voltar à Constituição, em sua primeira página e inspiração. Todo poder ao povo. Virando a mesa. Enquanto houver mesa.
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MINAS
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Governador propõe a venda do nióbio de MG PRIVATIZAÇÃO O estado tem atualmente 74% das reservas mundiais. Proposta do governador é passar metade disso a empresas Rafaella Dotta
O
s deputados da Assembleia Legislativas de Minas Gerais receberam nesta semana mais um Projeto de Lei para alterar a estrutura da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Em dezembro do ano passado, os parlamentares aprovaram a proposta do governador Fernando Pimentel (PT), a Lei 22.828, que transformou a Codemig em empresa de economia mista, ou seja, meio pública, meio privada. O governo estadual parece dar agora seu segundo passo. Ele propõe, por meio do PL 4.996, que a Codemig possa ser dividida em mais de uma empresa. Uma nota oficial da Codemig relata que a divisão foi formalizada na Junta Comercial em 23 de fevereiro. A Companhia de Desenvolvimento
Deputados vão votar Projeto de Lei para alterar a estrutura da Codemig
de Minas Gerais (Codemge) seria criada e administraria todas as atividades atuais, enquanto a Codemig passaria a administrar unicamente a exploração de nióbio na mina de Araxá, no Triângulo Mineiro. O Projeto de Lei reafirma que o Estado manterá em
seu poder 51% das ações com direito a voto, porém, poderá repassar este controle, caso os deputados autorizem. Os empregados serão mantidos e transferidos à Codemge “preservando-se seus direitos e benefícios”, segundo nota da empresa.
A maior mina de nióbio do mundo Divulgação / CBMM
S
egundo relatório técnico do Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil possui mais de 90% das reservas de nióbio do planeta. Atrás dele vem Canadá com a produção de 2%. A maior das minas brasileiras é justamente a que é controlada pela Codemig, em Araxá (MG), que possui 73%
do nióbio mundial. O auditor fiscal aposentado Maurício Prado realizou um estudo sobre o assunto e descobriu uma grande disparidade entre o lucro da empresa e a arrecadação do governo. “Toda a comercialização é feita fora do Brasil. Existe uma tributação aqui mínima
apenas sobre a produção”, diz, “e é nisso que os investidores estão de olho. É uma verdadeira caixa preta”. Para efeitos de comparação, em 2015 o governo mineiro cobrou uma taxa de R$ 2,72 por tonelada de nióbio. No mesmo ano, a empresa que explora o nióbio em Araxá, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), vendeu a tonelada por 45 mil dólares, segundo declaração do presidente da CBMM, Tadeu Carneiro, ao jornal mineiro O Tempo. Considerando a cotação do dólar em dezembro de 2015, a empresa ganhou R$ 177.615,00 por tonelada, e pagou apenas R$ 2,72 em taxas.
Atendendo ao mercado A justificativa para tal atitude seria a “valorização de ações”. A Codemig alega que os preços das suas ações são baixos, visto que as funções públicas desempenhadas pela empresa (como administração de rodoviárias, locais de exposição, reformas, editais) não se revertem em lucro para acionistas. O presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, afirma que o governo visa atender as expectativas do mercado, interessado em nióbio. A venda de metade das ações arrecadaria dinheiro suficiente para manter os serviços públicos essenciais, como a educação, saúde e segurança pública, segundo o governo estadual. Mas para apagar o fogo imediato, o Estado pode deixar de arrecadar bilhões nos próximos anos. Assim como
acontece com a Cemig, empresa mista que passou pela mesma situação, em que os lucros são destinados prioritariamente a seus acionistas e não à população. Jefferson Silva, presidente do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro/MG), explica que de 2011 a 2014 todo o lucro da Cemig foi repassado somente aos acionistas privados. “Eles criaram um conselho de administração, que na hierarquia da Cemig está acima do presidente, composto por representante do governo e acionistas”, explica. “O Estado é um dos sócios majoritários nas ações ordinárias, mas não é majoritário nas ações preferenciais, a quem são destinados o lucro”, complementa. O lucro da Cemig totalizou R$ 12,8 bilhões nos quatro anos referidos, segundo seus relatórios anuais.
8 de março
Lidyane Ponciano / CUT Minas
No Dia Internacional de Luta das Mulheres, movimentos populares de todo o Brasil saíram às ruas por Democracia, Soberania e Autonomia. Em Belo Horizonte, cerca de mil mulheres do campo e da cidade ocuparam a sede do Tribunal de Justiça Federal, marcharam pelas ruas do Centro e organizaram espaços de formação. No Rio de Janeiro, 800 mulheres do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Pequenos Agricultores, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocuparam o parque gráfico do jornal O Globo para denunciar a participação da mídia no golpe.
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018 Tânia Rêgo / Agência Brasil
MINAS
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Beatriz Cerqueira
Greve pelo piso salarial da educação em Minas
Estado de exceção: a volta do que não se foi Cresce no Brasil o Estado de exceção. Mantêm-se formalmente a Constituição, os direitos dos cidadãos, mas instituem-se ressalvas a tais direitos, em nome da necessidade de se combater “situações gravíssimas”. Há direito nos Estados de exceção e mas não há Estado Democrático de Direito, pois não há limites ao exercício do poder nem participação social. São várias as manifestações da legalidade de exceção: o impeachment de Dilma; os desmandos da Lava Jato, justificados, nos tribunais superiores, pelo suposto fato de a operação lidar com situações excepcionais; a repressão e prisão de manifestantes; a espetacularização e intimidação das investigações de professores e dirigentes universitários; a tentativa de proibição de uma disciplina universitária e a intervenção militar federal sobre o Rio de Janeiro, que culmina a aproximação do governo Temer com as Forças Armadas. Até há pouco, dizia-se que o autoritarismo substituíra a farda pela toga. Com a volta da farda, lembremos que Ditadura o conluio dos estratos mais altos de ambas marcou a di- contaminou tadura de 1964. Esse arranjo trouxe uma repressão instisistema de tucionalizada numa legalidade – mesmo que manipulada e viciada – que legou número menor de mortos e de- Justiça saparecidos que no Chile e na Argentina, mas não deixou de traumatizar toda a sociedade, além de contaminar nosso sistema de Justiça e Segurança com mentalidades, práticas e até normas pouco democráticas, que não desapareceram com o fim da ditadura. Assim, mesmo após a Constituição de 1988, o Estado democrático de Direito não beneficiou igualmente todos os brasileiros. Para os pobres o Estado de exceção continuou, e é a partir dessa lamentável tradição que está voltando para toda a sociedade. Rubens Goyatá Campante é doutor em sociologia e pesquisador do CERBRAS e da Escola Judicial do TRT-3ª Região.
Beatriz Cerqueira é presidenta do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
ACOMPANHANDO
Rubens Goyatá Campante
Os governos de Aécio e Antônio são incomparáveis em termos de destruição que promoveram na educação. Não sei quanto tempo levaremos para termos a educação de qualidade diante do atraso que promoveram. Não temos saudade. O que é espantoso é o discurso raso tentando colocar na conta da categoria qualquer possível desempenho insatisfatório do atual governo. Discurso que desconsidera quem somos e pelo o quê lutamos! Passamos os últimos três anos lutando contra o golpe, em defesa da Petrobras, contra o congelamento dos investimentos sociais, contra as reformas! Onde teve luta nacional, teve trabalhador em educação. A assembleia da rede estadual de educação no dia 8 de março deliberou por greve por tempo indeterminado. Que saída tínhamos diante do adiamento do ano letivo, do parcelamento do 13º salário, do dinheiro que não está sendo repassado para o IPSEMG? Ficarmos calados? É este o modelo de sindicalismo que defendemos? Quando fazemos greve, estamos com saudade? A luta de uma década pelo pagamento do Piso Salarial deve ser abandonada agora? Não incomoda o governo não investir o mínimo constitucional em educação? Em Governo investe 2015 investiu, de acordo o Tribunal de Contas do Estado em educação (TCE), 22,77%. Em 2016 a si- menos que o tuação se repetiu. Minas há mínimo mais de 10 anos não investe o constitucional mínimo de 25% de impostos, conforme determina a Constituição Federal. Não temos o direito de cobrar quando o dinheiro da comida, do transporte escolar e do gás não chegam à escola? Lutamos desde 2015 contra a privatização por meio de PPPs Parcerias Público-Privadas na educação! Nós que questionamos esta pauta neoliberal é que estamos errados? Privatização em governos democráticos populares pode? É desta luta que faço parte. Sempre fiz e não sairei dela!
Na edição 223... “Vereadores tentam abrir CPI dos transportes”... E agora... Jair di Gregório engaveta CPI O vereador Jair di Gregório (PP) recusou um requerimento do vereador Pedro Patrus (PT) para instalar uma CPI que investigue irregularidades no Mídia Ônibus, sistema que regula a venda de publicidade nas traseiras dos ônibus de BH. Jair di Gregório é presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Outro requerimento, visando a apurar irregularidades nas contas das empresas de ônibus, corre na Câmara e precisa de 14 assinaturas para que a CPI seja aberta.
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BRASIL
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Dois eventos e um tema: água
Em Brasília, de 17 a 22 de março, acontecem duas atividades: uma discute a privatização e outra defende a água como um direito Bruno Pilon / MPA
de Federal de Brasília (UNB), nos dias 17 e 18 de março, e no Parque Cidade, nos dias 19, 20, 21 e 22. O objetivo do evento paralelo é ouvir a população atingida pelos problemas hídricos, como a falta de abastecimento e atingidos por represas, e elaborar novas formas de uso e proteção da água.
Rafaella Dotta
U
m dos mais preciosos bens naturais do planeta, a água, será discutido intensamente por uma semana. Acontecem em Brasília dois eventos para debater o uso e o acesso ao recurso em todo o Brasil. O Fórum Mundial da Água (FMA), organizado por empresas que indicam a privatização desse bem, e, de outro lado o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), feito por movimentos que defendem que “Água é um direito, não mercadoria”. O conflito entre as atividades teria começado quando organizações populares perceberam que o FMA será um “fórum das corporações”. Ou seja, das empresas interes-
sadas em explorar a água do país, e não em protegê-la. Na plateia do evento estarão representantes de governos, empresas de saneamento e principalmente
grandes corporações, como Coca-Cola e Nestlé. Assim, movimentos, sindicatos e ONGs se juntaram para realizar o FAMA, que acontece na Universida-
Do FMA, participam empresas como Coca e Nestlé; e do FAMA, participam movimentos populares
CURIOSIDADE
Privatização não deu certo em municípios da Europa A privatização da água, como é a proposta pelas corporações, tem tido resultados negativos nos países em que foi implantada, levando ao aumento do preço e deixando grande parte da população sem acesso ao recurso. Por isso, cidades estão remunicipalizando o serviço. Segundo o jornal El País, de 2000 a 2015, foram 235 casos de reestatização, na maioria concentrados na Europa. Paris, a capital da França, remunicipalizou seu serviço e, no primeiro ano, economizou 35 milhões de euros e reduziu a tarifa em 8%.
Cidades de Minas se preparam STJ rejeita para Fórum Alternativo vestimentos, a monocultura pedido de Lula de eucalipto e a mineração. Reprodução / MAB
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Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) organiza a população de duas regiões de Minas Gerais para participar do FAMA. Parte das pessoas sairá do Vale do Rio Doce, região atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton. Participam ainda representantes de cidades do Espírito Santo, do Leste de Minas e de Ma-
riana. Segundo Pablo Dias, do MAB, o maior objetivo é fazer a denúncia da destruição da Bacia do Rio Doce. A segunda caravana sai do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas e leva representantes das cidades de Araçuaí, Grão Mogol e Montes Claros. Essa região, chamada de semiárido, tem sofrido com a escassez de água, conta Aline Ruas, do MAB. Os motivos principais seriam a falta de in-
“Na região do semiárido não foram investidas políticas públicas para conviver com a seca. Barragens foram construídas, mas não resolveram o problema. Por exemplo, a barragem de Setúbal e Calhauzinho, em que as famílias moram a 9 quilômetros da barragem e não têm acesso à água”, explica Aline. “O recurso do governo foi para atender a irrigação ou para função turística, não para atender o povo”, critica. Montes Claros, cidade polo do Norte de Minas com 340 mil habitantes, passa por problemas de abastecimento há meses, em que bairros da periferia chegam a ficar 15 dias sem água. O FAMA, para Aline, serão dias para debater situações como essa e criar estratégias para que “o povo tenha controle da água”.
O
mérito do habeas corpus preventivo para evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi negado pela Superior Tribunal de Justiça (STJ) na terça-feira (6). O colegiado justificou que não cabe a ele julgar o pedido neste momento. A execução imediata da pena de 12 anos e um mês de prisão em regime fecha-
Ricardo Stuckert
do pode ocorrer, assim que o TRF4 julgar um último recurso apresentado pelo petista chamado “embargos de declaração”, um tipo de recurso que não tem o poder de reformar a decisão, e, dessa forma, se os embargos forem rejeitados, Lula pode ser preso. A previsão é de que o recurso seja julgado até o final de abril.
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
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Entenda porque o governo faz propaganda enganosa sobre recuperação da economia ESCOLHAS Com desemprego superando a marca de 12 milhões, especialistas ouvidos explicam que o baixo crescimento do PIB é uma ilusão Reprodução
Pedro Rafael Vilela
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pós dois anos de queda, com o país acumulando perdas de mais de 7% de sua economia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, na semana passada, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, índice que mede o desempenho econômico nacional, avançou apenas 1% em 2017.
Para economista, país só sairá da crise se investir na área social e na infraestrutura Rejeitado por mais de 70% da população e praticamente sem nenhuma notícia positiva para comemorar, o governo de Michel Temer, e grande parte da mídia comercial, se apressaram para celebrar o que seria um resultado “extraordinário” e o fim da recessão. Para economistas ouvidos pelo Brasil de Fato, no entanto, por trás da propaganda, o país segue sem oferecer saídas consistentes para enfrentar o desemprego e o crescimento da miséria. A própria elevação do PIB não foi obra da atual política econômica, explica Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). “O resultado do PIB se deve ao desempenho do setor agropecuário, que cresceu 13% no ano passado, em decorrência de uma safra recorde de grãos.
O setor industrial apresentou crescimento zero e o setor de serviços só cresceu 0,3%, uma estagnação. Ou seja, esse dado não está associado à política econômica do governo. Pelo contrário, a atual política econômica agravou o quadro do país nos últimos anos”, argumenta. A recessão do país, que começou em 2015, poderia ter terminado no final de 2016, não fosse a mudança de governo provocada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A política do ‘austericídio’ começou ainda no governo Dilma, mas foi aprofundada com Temer, o que prolon-
gou a recessão e contribuiu para uma falência generalizada das empresas. O único setor que obteve lucros foi o financeiro, ou seja, os bancos, que mantiveram seus ganhos”, aponta o economista Paulo Kliass, doutor pela Universidade Paris 10 e especialista em políticas públicas e gestão governamental. Desemprego Na última atualização do IBGE, o desemprego no país manteve patamares elevadíssimos. Um total de 12,7 milhões de pessoas estão sem trabalho no país, índice que repreLula Marques /Agência PT
senta 12,2% da chamada população economicamente ativa (PEA), aquela que busca trabalho e não encontra. Pela primeira vez, ao longo dos últimos anos, o Brasil voltou a ter mais empregos informais, de baixa qualidade e menores salários. “O pouco crescimento do emprego vem se dando precariamente, na informalidade. É importante salientar que a média do salário informal é muito mais baixa do que de quem tem carteira assinada, além de serem trabalhos muito mais precários do ponto de vista da segurança e da assistência previdenciária”, analisa Paulo Kliass. Além dos mais de 12 milhões de desempregados, Márcio Pochmann lembra que um outro contingente muito expressivo, que engloba cerca de 4 milhões de trabalhadores, desaparece da estatística porque deixa de procurar emprego. Problema estrutural Os economistas lembram que não houve ampliação da capacidade instalada do setor produtivo
nos segmentos da indústria e dos serviços, ao longo dos últimos anos, o que revela o caráter ilusório de uma recuperação econômica mais consistente. Segundo Paulo Kliass, esse é um problema estrutural da economia brasileira. “Foi adotada uma opção de estimular a exportação de commodities agrícolas, petróleo e minérios, que são produtos de baixo valor agregado, ou seja, o país exporta basicamente a sua natureza. Por outro lado, foi feita uma política de valorização da importação de produtos industrializados,
Um total de 12,7 milhões de pessoas estão sem trabalho no país, e outros 4 milhões deixaram de procurar emprego principalmente da China e de outros países asiáticos, o que provocou uma quebradeira da indústria brasileira de produtos manufaturados”, destaca. Na origem do problema, a combinação de câmbio valorizado e altas taxas de juros, que desestimulam a capacidade produtiva da indústria nacional. Para Kliass, o Brasil só poderá sair da crise “quando o Estado recuperar os investimentos na área social, de infraestrutura, mas o que o governo atual tem sinalizado é exatamente o oposto”, lamenta.
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MUNDO
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Povo cubano vai às Francisco vai canonizar urnas domingo Dom Oscar Romero
Reprodução
DEMOCRACIA Voto é facultativo no país, mas 82% da população costuma participar EFE
Da redação
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ais de oito milhões de cubanos foram convidados a exercer seu direito ao voto. Domingo (11), acontecem no país as eleições para delegados das Assembleias Provinciais e deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular. Os eleitos terão a tarefa de escolher o novo chefe de governo, sucessor de Raul Castro. Ele anunciou que não vai concorrer a novo mandato. Cuba tem eleições nacionais a cada cinco anos e, a cada dois anos e meio,
acontecem as eleições municipais. Em novembro, 7,2 milhões de cubanos já haviam participado do último pleito local. Em Cuba, o voto é facultativo, mas mais de 82% da população, mesmo não sendo obrigada, compareceu às urnas. Podem votar cidadãos maiores de 16 anos. Os candidatos são indicados pela própria população. Em Cuba, os eleitores podem demitir os representantes, caso esses não cumpram os compromissos assumidos em campanha ou não prestem contas de seu trabalho.
Da redação
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m decreto do Papa Francisco, divulgado na quarta (7), anuncia a canonização do bispo salvadorenho Dom Óscar Romero. Em 2015, outro decreto havia definido por sua beatificação, reconhecendo-o como mártir da Igreja Católica. Romero também é considerado pela ONU uma referência internacional na defesa dos direitos humanos. O bispo foi morto a tiros no dia 24 de março de 1980, no altar, enquanto celebrava uma missa. Seu assassi-
Google colabora com Pentágono em projeto de drone
Reprodução
nato foi encomendado por uma junta militar e executado pelo Major Roberto D’Aubuisson, fundador da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA) em El Salvador e líder dos esquadrões da morte, que torturaram e mataram milhares de pessoas, entre 1979 e 1992. No ano da morte de Romero, cerca de 22 mil pessoas foram assassinadas no país. Ele era muito per-
seguido por se posicionar contra ditadura em El Salvador, que era apoiada pelos Estados Unidos e contava com a conivência do então Papa João Paulo II. Na véspera de sua morte, Romero declarou: “Em nome de Deus e desse povo sofredor, cujos lamentos sobem ao céu todos os dias, peço-lhes, suplico-lhes, ordeno-lhes: cessem a repressão”.
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COOPERATIVA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA AGRICULTURA CAMPOESA - COOPERTRAC
EDITAL DE CONVOCAÇÃO A Presidente da COOPERATIVA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA AGRICULTURA CAMPOSA - COOPERTRAC, inscrita nº CNPJ 07.661.249/000197, Sra. Eloiza Soares Nascimento, no uso de suas atribuições que lhe confere o art. 38 da Lei 5.764/71, vem através da sua Coordenação Colegiada, observados os artigos 23 e 24 do seu Etatuto Social, convocar seus cooperados para a Assembléia Geral Extraordinária a realizar se no dia 26 de Março de 2018 à Rua Nova Friburgo, 645, Bairro Bom Jesus, CEP 31.2304503 na cidade de Belo Horizonte/MG às 18h, conforme §1º, do art.38, da Lei 5764/71, para o fim de deliberagem sobre a seguite pauta: “Eleger e empossar a atual coordenadora geral da Cooperativa dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Camponesa - Coopertrac.”
A transnacional Google está usando sua tecnologia de inteligência artificial para colaborar com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O Marven, fruto de um contrato com o Pentágono, auxiliará na análise de imagens capturadas por meio de drones, identificando automaticamente objetos em dados não classificados.
Por meio dele, também será possível monitorar pessoas. De acordo com uma porta-voz da Google, a tecnologia será adotada para usos não ofensivos. Porém, a medida causou apreensão entre funcionários da empresa, que criticaram a ideia de colaborar com militares.
Belo Horizonte, 06 de março de 2018
Eloiza Soares Nascimento Coordenadora Geral
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
PERFIL
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As outras histórias do 8 de março ESPECIAL Conheça relatos como o de Jéssica, que viveu a realidade da prisão e da maternidade juntas Julia Dolce
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la foi presa prestes a completar nove meses de gestação. Já com dores, na delegacia, entrou em trabalho de parto. A história é da jovem Jéssica Monteiro, de 24 anos, que teve a vida estampada pelo país diante das inúmeras violações de direitos que sofreu. Ela foi acusada por tráfico de drogas após a polícia invadir a ocupação onde vive, na Zona Leste de São Paulo, e encontrar 90 gramas de maconha. No momento da prisão, preocupada com o filho, ouviu de um policial que ele não se importava com o bebê porque “não era filho dele”. Depois de ter a assistência negada até a última hora, Jéssica foi levada ao
fiquei todo o tempo sendo escoltada, algemada junto com meu filho. Eu não esperava ter um parto assim”, lamentou. Três dias após dar a luz, a jovem voltou para a cela suja, com o recém-nascido nos braços. Imagens dela deitada em um colchão atrás das grades junto com o pequeno Henrico, nome que escolheu para o filho,
hospital. Antes disso, ela conta que os policiais chegaram a chamar outro detento para realizar o parto na delegacia. “Ele [o preso] explicou para o carce-
reiro que não dava [para fazer o parto] porque [o local] era muito sujo e o bebê ia pegar uma infecção. Aí, me colocaram dentro de uma viatura. Ganhei ele às 7h14,
Três dias após dar a luz, Jéssica voltou para a cela suja com o recém-nascido
foram veiculadas pela imprensa e levaram à intervenção de integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Um habeas corpus concedeu à Jéssica a prisão domiciliar. A luta de Jéssica é uma das narradas pelo Especial que o site do Brasil de Fato preparou para o Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março. Além dela, acompanhe a experiência de outras guerreiras, que vivenciam a resistência no cotidiano e nas suas mais diversas formas. Acesse: www.brasildefato. com.br.
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Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
Amiga da Saúde
NOVELA CLARA, A VINGADORA EM “O OUTRO LADO DO PARAÍSO”
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A vingança de Clara (Bianca Bin) é o que vem conduzindo a trama “O outro lado do paraíso”. Na primeira fase da novela, sua sogra Sophia (Marieta Severo), de olho nas minas de esmeraldas descobertas na propriedade da nora, começa a dopá-la para que, sendo vista como louca, Clara fosse internada num hospício. O médico Samuel (Eriberto Leão), o delegado Vinícius (Flávio Tolezani), o juiz Gustavo (Luís Melo) e a sua cunhada Lívia (Grazi Massafera) colaboraram para que o maléfico plano de Sophia desse certo. Clara ficou anos internada, enquanto a megera iniciava o garimpo nas minas de esmeraldas. Os anos se passam, Clara consegue A mocinha não se livrar do hospício e volta milionária e esconde sua sede triunfante para o Tocantins. (Quem não
Desde que tive meu filho, de 4 meses, notei que meu interesse pelo sexo caiu muito. Isso é normal? O que devo fazer para melhorar? Julcimara Valente, 32 anos, técnica administrativa Cara Julcimara, este momento que você está vivendo, após o parto, é bem propício para redução da libido. Primeiramente, porque há um aumento significativo da prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, que pode reduzir o desejo sexual. Depois, porque o pós-parto costuma ser muito cansativo para a mulher, principalmente se não há uma rede de apoio cuidando das tarefas de casa. Aí junta o cansaço físico com as variações hormonais, mais a preocupação com a saúde do bebê; fica difícil manter a libido em alta. O caminho para retomar a vida sexual é investir na intimidade com
o parceiro. Conversar sobre seus sentimentos nessa fase que estão vivendo e acordar que ele também assuma as tarefas em casa, para que você possa descansar. Ter momentos só do casal, mesmo que sejam curtos, quando o bebê dormir, também ajuda. Tocar o parceiro e se deixar tocar, aumentar as carícias durante o dia a dia, tudo isso vai despertando o desejo. É importante passar por uma avaliação com profissionais de saúde e conversar sobre isso. Pode ser também que haja questões relacionadas ao assoalho pélvico (músculos da região genital) que precisem ser tratadas.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos
e vai pro ataque
se lembra da sua chegada impactante no concurso de embaixatriz da infância?). E volta com o desejo de vingança contra todos aqueles que lhe prejudicaram no passado. Ela vai descobrindo os podres de cada um, preparando armadilhas para desmascará-los. Um dos primeiros alvos da vingadora foi o médico Samuel, que escondia seu relacionamento homossexual da família e da cidade, e foi flagrado pela mãe num motel com o namorado. Já o delegado Vinícius foi descoberto, julgado e condenado pelos abusos sexuais cometidos contra a sua enteada. E, nesta última semana, será a vez do juiz Gustavo ser flagrado pela esposa Nádia (Eliane Giardini) no bordel com a sua amante Leandra (Mayana Neiva) graças às artimanhas de Clara. Além disso, será ainda revelado para a cidade que o juiz é o sócio proprietário do bordel. E a vingança de Clara caminhará para o desfecho final e ansiosamente aguardado: contra a grande vilã Sophia! Chamou a atenção um diálogo entre Clara e a vidente Mercedes (Fernanda Montenegro). A mocinha da história se sentia angustiada por essa sede de vingança, por, talvez, estar se tornando má. De fato, uma das curiosidades da novela é que a mocinha não fica na postura de vítima, passiva e chorosa. Ela vai pro ataque! Aguardemos as próximas ações da vingadora! Um abraço! *Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Direitos da Mulher No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. E, falando nisso, é importante reafirmar seus direitos quando submetida a situações de violência doméstica. É importante relembrar que a proteção da Lei Maria da Penha não contempla somente as situações de agressão física. Outras situações também são amparadas pela lei. A violência psicológica, por exemplo, acontece quando o agressor faz insultos,
Jonhatan Hassen é advogado popular
chantagens, ridiculariza a mulher, a manipula, persegue, limita seu direito de ir e vir, e, também, são consideradas formas de violência. Por isso, elas também podem e devem ser denunciadas, para evitar que direitos como a liberdade de ir e vir, livre manifestação de pensamento, dentre outros, sejam lesados, e para que a mulher não tenha a sua saúde psicológica e autoestima afetadas.
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Solução
Ingredientes 1 Batata doce grande inteira 1 colher de sopa de azeite Sal a gosto
Modo de preparo 1. Pré-aqueça o forno a 180 °C; 2. Com uma faca afiada ou com um fatiador, corte a batata em rodelas finas com casca; 3. Unte uma forma com o azeite. 4. Disponha as rodelas de batata sobre o azeite na forma e salpique sal; 5. Asse por 10 minutos ou até que estejam crocantes.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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Nise da Silveira: a mulher que revolucionou o tratamento mental por meio da arte SAÚDE Com terapia ocupacional, psiquiatra alagoana enxergou potencial de pacientes com estigma da loucura Centro Cultural da Saúde / Ministério da Saúde
Emilly Dulce de São Paulo (SP)
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ise Magalhães da Silveira nasceu em 1905 e ajudou a escrever e revolucionar a história da psiquiatria no Brasil e no mundo. Nascida em Maceió, Alagoas, ela ficou conhecida por humanizar o tratamento psiquiátrico e ser contrária às formas agressivas usadas em sua época, como o eletrochoque.
Nise foi fundamental na luta antimanicomial e contra os hospícios
Inspirada em Carl Jung, um dos fundadores da psiquiatria, Nise foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil. Em meados de 1940, ela foi pioneira na terapia ocupacional, método que utiliza atividades recreativas no tratamento de distúrbios psíquicos. A alagoana se destacou por usar a arte como uma forma de expres-
são e dar voz aos conflitos internos vivenciados, principalmente pelos esquizofrênicos, que tiveram suas obras expostas ao redor do mundo. A médica revolucionária frequentava grupos marxistas e ficou presa por dois anos, acusada de envolvimento com o comunismo. Afastada da psiquiatria, ela continuou seus estudos en-
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Exposição de tatuagem No bojo das lutas das mulheres em março, a galeria Godarc promove no sábado (10) a exposição MUJA!, uma coletânea com obras de renomadas tatuadoras de Belo Horizonte. As artes expressam a identidade e o feminino de cada uma das nove profissionais confirmadas. A abertura do evento, às 17h, conta com grafite ao vivo feito por Joana Ziller e Kawany Tamoyos, além de rodas de conversa, cafés especiais, chopp artesanal, drinks e comidas vegetarianas. O endereço é Av. Guarapari, 89, na Pampulha, em BH. Mais informações pelo número (31) 3324-1732.
quanto estava no presídio Frei Caneca. De Nise da Silveira, muitos movimentos, exposições, filmes e ocupações surgiram na resistência contra os manicômios. Um deles é a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), que luta contra o aprisionamento e exclusão dos chamados loucos.
Em 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, um passo na direção da luta contra os hospícios, que chegaria a seu ápice com a Lei Antimanicomial, de 2001. Do esforço da psiquiatra e de seus pacientes foi criado o Museu do Inconsciente, aberto até hoje no Rio de Janeiro junto ao Instituto Municipal Nise da Silveira, atual nome do Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro, onde a médica construiu seu projeto. Em 15 de fevereiro deste ano, Nise completaria 113 anos, mas a sua luta reflete os avanços que a psiquiatria já alcançou e o caminho que ainda precisa trilhar. Nise da Silveira é mais do que atual, é sinônimo de resistência atemporal e expansão do pensamento.
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Samba, Coco e permacultura A primeira feira d’A Casa Verde acontece no sábado (10), a partir das 10h, na Rua Castelo Novo, nº8, no Santa Efigênia, em BH. Com uma grande diversidade de produtos, desde alimentos crudiveganos até artesanatos, o evento também proporciona a troca de experiências sobre melhores práticas de viver, de morar e experimentar a permacultura. Para alegrar ainda mais a festa, o grupo de samba de roda Mama Kalunga e o grupo Coco da Gente se apresentam durante toda o dia. Até as 18h, a entrada é gratuita. Depois, o valor da entrada é R$ 10.
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Comida de Senzala Como forma de divulgar a culinária tradicional da comunidade quilombola de Pinhões, localizada na Região Metropolitana de BH, acontece no domingo (11) a segunda edição do Comida de Senzala. O evento, que também arrecadará recursos para a Guarda de Congo Divino Espírito Santo, apresenta pratos historicamente servidos no local, como frango com quiabo, cansanção com costelinha, ora-pro-nóbis e umbigo de banana. Será a partir das 12h, na Quadra da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Pinhões, a 10 km do centro de Santa Luzia. Mais informações, pelo e-mail congodivinoespiritosantocqp@ gmail.com.
Belo Horizonte, 9 a 15 de março de 2018
na geral
Mineiros concorrem a prêmio do COB Ollie Harding
ESPORTE
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Curto e Grosso
O futebol moleque e o futebol mimado
Lucas Figueiredo / CBF
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) abriu votação para o Prêmio Brasil. Uma das modalidades, a “Atleta da Torcida”, será decidida por votação popular, pela internet. O COB selecionou dez atletas que se destacaram na temporada de 2017. Entre eles, dois mineiros: a canoísta Ana Sátila, de Iturama, que conquistou o bronze inédito no Mundial da França, em setembro; o tenista Marcelo Melo, de BH, que venceu o torneio de duplas de Wimblendon e terminou o ano no topo do ranking na modalidade. Para votar, basta acessar o link: cob.org.br/pbo.
Uberlândia perde na Superliga B Divulgação
Fabrício Farias
Mesmo jogando na Arena Sabiazinho, o time do Uberlândia não foi páreo para a equipe do Ribeirão Preto, perdendo o jogo por 3 sets a 0, com parciais de 25-19, 25-17 e 30-28. A partida valeu pela 6ª rodada da Superliga Masculina B de Vôlei. O Uberlândia permanece na lanterna da competição, restando apenas uma rodada para o término da primeira fase.
Esgrima em cadeira de rodas: Brasil vai a Mundial
Márcio Rodrigues MPIX / CPB
A Seleção Brasileira de esgrima em cadeira de rodas embarcou, na quarta (7), para a cidade de Pisa, na Itália. O objetivo é disputar a etapa da Copa do Mundo da modalidade, entre os dias 9 e 11 de março. Em fevereiro, o gaúcho Jovane Guissone, categoria B, faturou dois bronzes na etapa da Hungria. Além dele, o Brasil conta com Lenilson de Oliveira, categoria A, nas provas de espada e florete, e Moacir Ribeiro, categoria A, na espada. (Com Informações do CPB)
Salve, salve, meu povo! A contusão de Neymar, a cerca de 100 dias do início do mundial, gerou preocupação naqueles que acreditam que a conquista do Hexa passa necessariamente pela boa participação do atacante no torneio. Os mais entusiasmados já trataram de associar esse período que Neymar ficará afastado dos gramados com o período em que Ronaldo Fenômeno também ficou longe da bola, voltando justamente para conduzir a Seleção na campanha do Penta em 2002. Logo, seria um bom sinal esse afastamento de Neymar. Mas o que realmente chama atenção, ao pensarmos na trajetória destes dois atletas, é como eles representam duas épocas completamente distintas do futebol. Ronaldo foi um dos últimos ídolos brasileiros, antes do chamado futebol “gourmet”. Ele despontou no Cruzeiro em uma época em que, com algo equivalente a R$ 10, se poderia ir ao Mineirão, e a TV não tinha tanto poder sobre o futebol como tem na era do Pay-per-View. Ronaldo não pôde se profissionalizar no Flamengo, pois não tinha dinheiro para pagar as passagens de ônibus para o Gávea. No futebol ultramoderno, em que brilha Neymar, essa situação é quase impensável. Qualquer candidato a craque, aos 15 anos ou menos, já possui empresários que vivem especulando contratos com outros clubes do Brasil e até do exterior, dando a impressão de que esses garotos são craques, antes mesmo que se tornem profissionais. O próprio Neymar já recebia salário de profissional aos 16 anos de idade. Muitos jornalistas e torcedores acusam Neymar de ser um jogador mimado, sem pensar que, mais do que uma característica individual do jogador, todo o mimo em torno dele talvez seja fruto de um futebol cada vez mais mercadológico e distante de suas tradições populares. O nosso futebol é cada vez menos moleque e mais mimado.
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Brasil é ouro no Tênis de Mesa em Cuba
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Alex Carvalho Divulgação / ITTF
m Cuba, a dupla brasileira Eric Jouti e Lin Gui venceu a final do Campeonato LatinoE Americano de Tênis de Mesa. Na quinta (8), eles ganharam dos chilenos Juan Lamadrid e Paulina Veja, na final de duplas mistas. Na quarta (7), a equipe feminina
brasileira, formada por Li, Bruna Takahashi e Jéssica Yamada, foi campeã latinoamericana, após bater a Argentina por 3 a 0 na decisão. Também a equipe masculina, com Thiago Monteiro, Vitor Ishiy, Eric Jouti e Humberto Manhani Jr, faturou o ouro no mesmo dia, ao vencer o México por 3 a 1.
“Vivemos um momento ditatorial sem ser ditadura. É a ditadura do Poder Judiciário, político, da imprensa. Quem tem poder está usando em benefício próprio” Vanderlei Luxemburgo, ex-jogador e treinador de futebol
Gol de placa O Atlético lançou a campanha “Não se cale”, que, com apoio do Tribunal de Justiça de Minas e do Instituto Maria da Penha, visa combater a violência contra a mulher. A própria Maria da Penha esteve no Independência no domingo (4), antes do clássico contra o Cruzeiro.
Gol contra O apagão de 50 minutos para 37 mil pessoas durante o clássito entre Santos e Corinthians, domingo (4), no Pacaembu, foi o terceiro no estádio em 2018. O incidente é fruto administração do prefeito João Dória Jr., que quer privatizar o Pacaembu, patrimônio do povo paulistano e brasileiro.
Decacampeão
É Galo doido
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Embora ainda com necessidades e possibilidades de melhorias, o América fechou bem o primeiro turno do Campeonato Mineiro, ao garantir a segunda colocação, algo que não acontecia desde 2004. Agora, entra em vantagem nas quartas, decidindo em Decacampeão casa e jogando por resultados iguais. Nesta primeira fase, o América só perdeu para Atlético – embora com interferência da arbitragem – e Cruzeiro, algo que poderia, ser normal caso não fossem adversários de mesma divisão no Brasileiro. Portanto, para ser competitivo nas finais do Mineiro e em toda a Série A, o Coelho precisa achar um time titular ideal, melhorar a saída de bola, evitar os espaços na defesa e caprichar nas finalizações.
No clássico, o Atlético mostrou desconforto para pressionar o adversário. A equipe se habituou a atrair o rival e sair com rapidez no contra-ataque. O esquema funcionou, em parte, e parecia o ideal. No entanto, em alguns momentos, a opção correÉ Galo doido!Ficou claro ta será encurralar o oponente. que o elenco precisa de alternativas na defesa, meio-campo e ataque. Contudo, avaliar desempenho pelo Campeonato Mineiro é discussão bizantina. Das quartas-de-final em diante, veremos quem tem competência para ser campeão. Não posso deixar de registrar: é revoltante mais um massacre de torcedor e a liberação dos envolvidos, mesmo que alguns tenham antecedentes criminais. Onde vamos parar desse jeito?
La Bestia Negra Leo Calixto
Anúncio Avante, La Bestia Negra! Em resposta ao resultado ruim trazido da Argentina, o Cruzeiro foi ao Independência enfrentar o arquirrival. Em uma partida bem disputada, com lances duros e boas jogadas de ambas as partes, sobressaiu mais uma vez a orgaBestia Negra nização e o La entrosamento do time celeste. Já na última quarta (7), no Mineirão, a torcida presenciou mais um lindo jogo, dessa vez da equipe alternativa. Para além da vitória por 3 a 0 sobre a URT, o torcedor pôde acompanhar uma série de ações feitas pelo clube em relação ao dia das mulheres. A campanha é uma boa iniciativa, mas está longe de contribuir objetivamente para a luta contra a qualquer tipo de violência contra a mulher.