Edição 231 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Minas Gerais

O guerrilheiro que virou lenda

Senta que lá vem transgênico!

Mineiro de Passa Quatro, Osvaldão se tornou um verdadeiro mito durante a Guerrilha do Araguaia

A coluna de Ciências explica por que alguém resolveu mudar a genética das plantas. Você sabe? Agora pode descobrir!

Cultura 14

Ciências 12

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio de 2018 • edição 231 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg EBC

1º DE MAIO: RELEMBRE OS DEPUTADOS MINEIROS QUE APROVARAM FIM DA CLT

Há dois anos, eles disseram “sim” ao impeachment de Dilma. Desde então, ajudam Temer a aprovar reformas que retiram direitos. Há um ano, foi a vez da reforma trabalhista. Saiba quem são os 28 mineiros que aprovaram a precarização das relações de trabalho I Brasil 8 Rodolfo Oliveira / Ag Para

Resíduos também são riqueza, mas catadores precisam de incentivo Entrevista 11 Reprodução de vídeo

Greve de professoras de BH continua, mesmo depois de repressão Cidades 4


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Os times em campo na política brasileira Se a luta de classes no Brasil hoje fosse comparada a uma partida de futebol, teríamos um empate, onde de um lado estaria o Real Madrid, mandante do jogo e atuando em seu estádio, e do outro lado o América de Teófilo Otoni. Nosso querido Mecão Maravilha é um time com limitações em algumas posições, porém uma raça enorme dentro de campo. Já o time merengue, com grande parte de seu elenco composto com craques de todo o mundo, ainda pos-

ESPAÇO DOS LEITORES “Precisamos muito destas iniciativas” Deborah De Gracia Araújo escreve sobre a matéria “Pedreira Prado Lopes forma comitê para Congresso do Povo” “Exatamente, me lembrei de 1979. Eu era criança, mas na ocasião eu fiquei impressionada com a cena. Hoje impressionada e triste com o retorno do pior” Giselle Amorim comenta a cobertura da repressão da PM a um protesto dos professores da rede municipal “O pior de tudo que é essa farsa do triplex é que povoa a mente de milhões de pessoas, e acreditam nessa mentira deslavada e ainda dizem que o juiz do PSDB não iria prender o Lula na base da mentira. Eles conseguiram seu intento e isso é revoltante. Justiça para o Lula urgentemente.” Angel Castro comenta o artigo de Makota Celinha publicado no site do Brasil de Fato: “Pensam os golpistas que meus neurônios são idiotas” “Às vezes acho que o silêncio precisaria ser realmente ensurdecedor e que talvez os ‘monstros’ [em vez de nós] ficassem preocupados com isso. Seria inquietante” Marina Wade escreve sobre o artigo de João Paulo Cunha, “Grito parado no ar”

Elites conseguiram vitórias como a retirada dos direitos sui um banco de reservas invejável. O juiz que está apitando a partida foi indicado pelo time espanhol. Contudo, o placar permanece num fantástico empate. Na luta política no Brasil, a máxima se tornou a luta ideológica. As elites conseguiram emplacar algumas vitórias como a retirada dos direitos dos mais pobres, a ação da mídia golpista, um congresso comprometido com a entrega da nação aos estrangeiros e um judiciário subserviente à manutenção do golpe de 2016. Porém, a favor da esquerda, temos a impopularidade gigantesca do governo Temer, uma crise econômica que não foi resolvida, a falta de um nome de direita para concorrer à presidência em 2018, e a existência do maior líder popular formado na nossa historia recente, Luís Inácio Lula da Silva.

Lula uniu as esquerdas Lula uniu as esquerdas brasileiras em torno da campanha por sua liberdade, contra sua perseguição política e, consequentemente, na luta em defesa da democracia. A tática dos inimigos do povo agora é invisibilizar a prisão de Lula, e utilizar da narrativa do fato de Aécio Neves ter se tornado réu pelo STF, como prova da imparcialidade do Judiciário. Os dados das ultimas pesquisas para a disputa presidencial indicam que Lula venceria no primeiro e no segundo turno, em qualquer cenário. Os saqueadores da democracia não conseguem mais esconder da população e da opinião publica internacional suas pretensões. Desta forma, há um empate nesta disputa, pois não há hegemonia de um projeto de país que tenha convencido a classe trabalhadora. Vencerá aquele

Esquerda construiu unidade na luta pela democracia projeto que colocar os trabalhadores em movimento. Isso nos deixa otimistas, tal qual uma partida de futebol - e por isto é tão empolgante - que por várias vezes, times menores já surpreenderam os grandes times, e ao final chegaram a conquistar vitórias. Na disputa política brasileira, parece que a torcida da classe trabalhadora pode decidir sair das arquibancadas e ocupar o campo, desempatando, assim, esta partida para o nosso lado.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Felipe Marcelino, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra, Thainá Nogueira. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Apenas feriado ou um dia simbólico? O 1º de maio – Dia do Trabalhador – foi uma data marcada pelo protesto pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e depois se transformou em feriado em diversos países, inclusive o Brasil. Hoje a história é pouco lembrada, mas a comemoração permanece!

E você, o que vai fazer no 1º de maio?

Todo 1º de maio, em Ibirité, sempre tem a corrida. Começa às 9h e termina por volta de 13h. Vai muita gente, de Belo Horizonte, de Ribeirão das Neves. É muito bom! Maira Cristina, chefe de cozinha

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

GERAL

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Declaração da Semana “A ideia é que o legado dela não se perca, com ações diárias de luta, levando as pautas contra o racismo, contra a homofobia, contra o genocídio às pessoas negras, levando a bandeira do feminismo”

Manoel Marques /Imprensa MG

Disse Mônica Tereza Benício ao receber a Medalha da Inconfidência, no último dia 21, em Ouro Preto, em nome de sua esposa Marielle Franco, assassinada em março deste ano.

Mulheres ainda fazem mais trabalho doméstico do que homens

EBC

É um dia muito bom, que valoriza quem trabalha no Brasil. Pelo menos a gente é reconhecido. Mas eu vou trabalhar na terça, não sei nem que hora eu vou parar. Frederico de Araújo, pipoqueiro

MACHISMO Em pesquisa recente, divulgada pelo IBGE, homens trabalham menos em casa mesmo quando estão desempregados. Mulheres que trabalham fora de casa se dedicam cerca de 18,1 horas por semana aos cuidados com a casa, filhos e pessoas idosas. Os homens desempregados ou inativos se dedicam somente 12 horas por semana a essas atividades. Quando empregados, os homens gastam 10,3 horas semanais com essas atividades, ou seja, metade do tempo das mulheres, que se dedicam 20,9 horas.

Conheça alguns benefícios do chá de hibisco

Reprodução

ALIMENTO É SAÚDE Seja gelado ou quente, o chá de hibisco é sempre uma boa opção. Além de saborosa, a planta possui propriedades antioxidantes e vitamina C, reduzindo os radicais livres, prevenindo o envelhecimento e melhorando a imunidade. Além disso, o chá de hibisco também pode auxiliar na redução do colesterol, no controle da diabetes, na diminuição da pressão arterial e na prevenção de doenças cardiovasculares. Para quem quiser emagrecer, o chá também é um bom aliado, pois tem efeito diurético e anti-inflamatório.


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CIDADES

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Repressão aos professores mineiros lembra episódio da ditadura VIOLÊNCIA Profissionais da educação infantil decidem continuar greve após repressão e governo abre sindicância para investigar o caso Reprodução de vídeo / Felipe Castanheira

Já o prefeito Alexandre Kalil (PHS) afirmou que não aceitará mais “baderna”. “Se querem a desordem e provocar as cenas que interessam a eles politicamente, toda vez que fizerem [a cena], nós vamos proporcionar a cena para eles”, finalizou.

Raíssa Lopes

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a segunda-feira (23), Belo Horizonte se assemelhava à capital mineira de 1979. Na data, quando era ditadura militar, professores da rede pública – a maioria mulheres – foram atacados pelas autoridades com bombas, gás lacrimogêneo e jatos d’água na Praça da Liberdade, enquanto manifestavam por melhores salários e condições de trabalho. Quase 40 anos depois, a forma de repressão usada pela Polícia Militar foi praticamente a mesma da escolhida para o ato dos professores da educação infantil. O protesto era para reivindicar a principal pauta da greve da categoria: um salário equivalente ao que os profissionais do ensino fundamental recebem. Hoje, trabalhadores da educação infantil ganham 65% menos, mesmo com formação acadêmica igual. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educa-

O protesto, com mais de 3 mil servidores, teve adesão dos pais e crianças, que escreveram cartazes contra a violência

ção da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (SindREDE-BH), o pedido de negociação foi enviado à Prefeitura de Belo Horizonte no dia 6 de abril. Mas, como os pedidos de negociação não eram atendidos, decidiram ocupar a avenida Afonso Pena. “Fomos surpreendidos com uma chuva de bombas de efeito moral, gás, nem sei bem ao certo por que foi uma coisa violenta”, diz Maria da Conceição Oliveira Silva, presidenta do SindREDE, que foi detida

no dia, com outro professor. A polícia teria pedido para eles desobstruírem a via e mesmo quando o pedido estava sendo atendido, segundo a professora, o choque entrou em ação. Polícia e Kalil se pronunciam Em coletiva de imprensa, a PM declarou que a dispersão dos manifestantes “obedeceu aos critérios e protocolo padrão” e que “não foi ordenada nem pela PBH nem pelo governo do Estado”.

Manifestar não é crime V

ários órgãos se posicionaram contra o tratamento da PM. Diva Moreira, uma das diretoras do Instituto Pauline Reichstul, instituição que promove os direitos humanos no país, lembra que a manifestação também estava focada no direito das crianças de receberem uma boa educação. “O direito de manifestação está fincado na nossa Constituição de 1988. É inaceitável ver o total des-

Reprodução de vídeo

monte de uma Constituição considerada cidadã, fere a democracia”, analisa. A legislação do país estabelece, em seu Artigo 5º, a livre manifestação de pensamento e a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura. Também assegura à população os protestos nas ruas, assim como chama de delito o abuso de autoridade.

Trabalhadores da educação infantil ganham 65% menos que os do ensino fundamental A presidenta do SindREDE afirma que a ação marcou a gestão de Kalil como “truculenta e pouquíssimo preparada para uma cidade com a complexidade de Belo Horizonte”. “Professora da educação infantil ganha, com os descontos do contracheque, aproximadamente R$ 1200. Essas mesmas professoras, que

constroem uma educação que ele gosta de falar que é exemplar, o prefeito chamou de arruaceiras”, critica. Investigação O governo de Minas solicitou uma sindicância para apurar se houve excessos na ação PM. Se confirmadas, as arbitrariedades serão punidas. Como fica a greve Na quarta-feira (25), os trabalhadores da educação infantil de BH realizaram um novo ato e assembleia, quando decidiram manter a greve por tempo indeterminado. A manifestação contou com o apoio e presença dos profissionais da rede pública estadual, que estavam paralisados desde o dia 8 de março e suspenderam temporariamente as mobilizações no dia 18 de abril. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) levou flores para as professoras da educação infantil.

Rede particular também em greve Os professores da rede privada de Belo Horizonte e interior do estado também declararam greve na quarta-feira (25). De acordo com o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), a reunião contou com cerca de 2 mil profissionais, de mais de 60 escolas. A entidade reforça que a campanha salarial acontece desde novembro do ano passado e entre as reivindicações estão o reajuste de 3% a título de valorização dos professores, aumento do adicional extraclasse e a unificação salarial para a educação base.


Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

MINAS

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Opinião

Imprensa brasileira na segunda divisão João Paulo Cunha A divulgação do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras, confirma o Brasil na zona de rebaixamento, amargando mais uma vez a 102ª posição entre 180 países. Qualquer comparação que se faça desse índice com outros indicadores evidencia uma desconfiança de que, no Brasil, civilização e imprensa não caminhem na mesma estrada. O país está léguas à frente de sua comunicação. As explicações dos jornais sobre o papelão brasileiro omitem o significado dessa derrota moral. As notícias publicadas mentem de forma descarada. Todos os jornais fizeram questão de afirmar que a posição brasileira se deve aos assassinatos de jornalistas no país, que só fica atrás do México. A realidade é outra. A imprensa brasileira é uma das menos livres porque é monopolizada, pouco plural e sem independência. São esses – e também a seguran-

ça dos profissionais – os aspectos analisados na pesquisa. Publicado desde 2002, o ranking do Repórteres sem Fronteiras é referência internacional, utilizada pela Organização das Nações Unidas.

Uma das piores imprensas do mundo acaba de ficar ainda pior com ataque à EBC Como registra a página do Repórteres sem Fronteira: “A finalidade do ranking é avaliar a situação da liberdade de imprensa nos 180 países listados. Baseada na apreciação do pluralismo, da independência dos meios de comunicação, do quadro legislativo e da segurança dos jornalistas”. A esses itens se incorporam “o ambiente midiático e a autocensura”, jornalistas submetidos a relações com empresas que fazem da comunicação uma agenda

Não é pelo direito dos outros. É pelo direito de TODOS. O seu também. A Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) foi criada pelo Governo do Estado para garantir e ampliar os direitos de toda a população de Minas Gerais. Uma importante iniciativa para a construção da justiça social, do respeito à diversidade e de uma cultura de paz. Afinal, fazer do mundo um lugar de todos é a melhor forma de fazer dele o lugar de cada um.

direitoshumanos.mg.gov.br

política. Como se vê, a imprensa brasileira vai mal em todos os quesitos. Estatal Temer enterrou de vez o projeto de uma comunicação pública no país, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Já havia afastado o presidente legítimo e extinguido o Conselho Curador. Agora, ataca o coração. Retira da missão da empresa o compromisso com a comunicação pública, que ganha a meta de fazer comunicação estatal. A EBC passa a funcionar de forma compósita com a NBR, responsável pela divulgação das ações do governo federal, perdendo sua independência. A capitulação cumpre os propósitos de culto ao poder e defesa do mercado da informação e da cultura para as emissoras privadas, que ficam libertas de qualquer possibilidade de contraponto. Não precisamos esperar o ano que vem. Já podemos antecipar a humilhação. Uma das piores imprensas do mundo acaba de ficar ainda pior.

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SEDPAC

Feita pra você. E para cada um de nós. direitoshumanos.mg.gov.br (31) 3270-3616

Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania


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MINAS

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Desaldeados comemoram Dia do Índio em Uberlândia DIREITO Entre as principais reivindicações dos indígenas sem aldeia está a criação de reserva Jose Renato Resende

José Renato Resende

comunidade dos A índios desaldeados de Uberlândia e região

comemorou, no dia 19 de abril, o dia do índio, com confraternização e rodas de conversa.

O evento foi promovido pelo Movimento dos Indígenas não Aldeados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (MInA), composto por aqueles indígenas que foram forçados a emigrar de suas comunidades de origem.

Indígenas também cobram reconhecimento étnico

Entre as principais reivindicações do MInA está a demarcação de uma reserva na região do Triângulo, onde os índios possam construir uma “casa de rezas” e um centro de cultura e educação indígenas, além de aproveitar a terra para o cultivo. Além disso, lutam pelo di-

reito ao reconhecimento. A maioria dos desaldeados não tem o documento emitido pelo governo que “comprova” a identidade étnica, o Registro Administração de Nascimento Indígena (RANI), que é restrito àqueles que nasceram e cresceram em aldeias. Os desaldeados também não têm,

na certidão de nascimento ou na identidade, o reconhecimento de sua origem étnica. Assim, não podem concorrer, por exemplo, a cotas nos vestibulares, que costumam exigir o registro oficial. Mulheres à frente Embora as funções de cacique e pajé sejam, tradicionalmente, ocupadas por homens, não é o que ocorre em Uberlândia. O MinA tem como líder a Cacique Maria de Lourdes Tupinambá, que, desde 2017, está à frente da associação. Ela sucedeu a outra cacique, Kaun Poti, que fundou o movimento e o liderou por mais de dez anos. A pajé, por sua vez, é Maria Cândida Tupinambá, responsável por conduzir as orações e cultivar as ervas utilizadas nos rituais.

Dia do trabalhador(a) será de combate na RMBH

O

dia 1º de maio deste ano é marcado por protestos contra a prisão política do ex-presidente Lula, a retirada de direitos trabalhistas, a terceirização ilimitada e outras medidas do governo Temer. Construída por trabalhadores e movimentos, a programação vai até Curitiba (PR), onde os manifestantes fortalecem a vigília Lula Livre. Em Contagem, na Pra- ção começa às 7h30, com a ça da Cemig, a manifesta- tradicional missa dos traba-

Isis Medeiros

lhadores. Em Venda Nova, na Escola Municipal Pedro

Guerra, haverá atividades das 8h às 11h. “Precisamos nos unir contra a reforma trabalhista e previdenciária, por tudo o que conquistamos durante anos, e para defender nosso Sistema Único de Saúde (SUS), que corre o risco do desmonte e privatização”, declara Glória Capistrano, uma das participantes e secretária geral do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte. (Raíssa Lopes)

Não é pelo direito dos outros. pra você. d i r e i t o s h u m a n o s . m g Sedpac. . g o v . b Feita r É pelo direito de TODOS. E para cada um de nós. O seu também.

O QUE É O Congresso do Povo é uma iniciativa da Frente Brasil Popular, que deseja escutar as demandas dos brasileiros , e transformá-las em reivindicações, além de envolver a população na luta pela democracia, defesa dos direitos e soberania. A proposta conta com etapas locais – partindo de organizações de bairro –, municipais, estaduais e nacional. VOCÊ JÁ PARTICIPA? Minas sai na frente e já possui o maior número de comitês regionais formados no Brasil! Só na região metropolitana, já são 14, e no estado já são 25, que estão em fase de formação de formadores e reuniões organizativas. Cinco desses comitês já marcaram data para o Congresso Municipal! Já pensou, pessoas de todo canto trazendo suas demandas para criar um projeto de país que atenda ao povo trabalhador? Se você gostou da ideia e quer participar, escreva para frentebrasilpopularminas@gmail.com e acompanhe pelo endereço: facebook.com/frentebrasilpopularmg

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frentebrasilpopularmg@ gmail.com


Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018 Reprodução

OPINIÃO

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Makota Célia Gonçalves Souza

Pensam os golpistas que meus neurônios são idiotas

44 anos da Revolução dos Cravos Meu nome é Aton Fon Filho. Em 1974, abril, eu estava preso na Ilha Grande. No dia 23, fui levado para o Presídio Hélio Gomes, no Rio de Janeiro e, no dia 24, para a Polícia do Exército da Barão de Mesquita. No dia 25, fui trazido para São Paulo e, já à noite, levado para o quartel da Polícia do Exército na Abílio Soares, onde fiquei isolado numa cela no corredor dos presos, que estava vazio. Ficou claro que o contato comigo era proibido e até para entrega das refeições vinha até a cela o sargento comandante da guarda acompanhado de outros praças. No final da manhã, houve uma discussão sobre a limpeza do corredor e das celas e um grupo de soldados entrou no corredor. Na passagem, um deles jogou uma laranja dentro de minha cela, sem que eu pudesse ver quem fora. Eles saíram e tornaram a entrar no corredor das celas carregando baldes, vassouras e esfregões. Na passagem — e, de novo, sem que eu visse quem o fazia — outra laranja foi jogada na cela e um pão em cima da cama. Terminada a lavagem, eles foram se retirando enquanto um deles, um cabo, fazia a vistoria do trabalho realiAs mais ferozes zado. Ao passar em frente da cela em que eu estava, esse ditaduras podem cabo, um jovem, se aproximou e me perguntou se o pão ser derrubadas tinha caído no chão. Eu respondi que não, que tinha caído na cama e agradeci pelas laranjas e pelo pão. Aí esse rapaz, esse cabo, me perguntou se eu tinha visto o que tinha acontecido em Portugal. Eu disse que não e ele explicou: “Esse povo de vocês, de lá, ontem derrubou o governo, um ditador que tinha lá.” Foi só o que eu soube do 25 de abril, no dia 26 de abril, graças à solidariedade de um jovem cabo que escamoteou para minha cela e me deu de presente duas laranjas, um pão e a certeza de que as mais ferozes ditaduras podem ser derrubadas. Aton Fon Filho é advogado e integrante da direção nacional da Consulta Popular.

Makota Célia Gonçalves Souza é jornalista e coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB).

ACOMPANHANDO

Aton Fon Filho

Passados alguns dias desde que assisti ao vídeo do “triplex” do edifício Solaris na Praia das Astúrias, é que consegui escrever algo sobre ele e o absurdo que é esse processo que condenou o presidente Lula. Confesso que fiquei estarrecida em ver aquilo, um “muquifo” danado, uma coisa feia, mal acabada, que serviu de pretexto para a (IN) “justiça” brasileira condenar o mais popular e querido presidente de nosso país. Lula, apesar de todo achincalhamento que vem sofrendo, continua sendo o mais amado e idolatrado líder político de nosso país. O que vi no vídeo me deixou assim meio esquisita, abismada, até mesmo sorumbática. O tal triplex que “custou”, segundo o juiz Sérgio Moro, cerca de R$2,2 milhões em propinas, pagos pela OAS, através da entrega e de sua reforma e que acabou por produzir em suas mentes a tal “convicção” de culpa do presidente Lula, é algo surreal. Minha gente, eu nunca entrei num triplex, e imaginava que era algo assim, bonito de se ver e confortável pra viver, mas se aquilo ali for o tal triplex, eu prefiro meu barraco na minha comunidade. É mais arejado, mais colorido, todo mais bonito e bem mais aconchegante. Com Lula, as pessoas passaram a se alimentar, a estudar, a ter uma vida mais digna. Só que esta mudança incomoda, pois a consciência das pessoas se transformam quando se sentem dignas. Daí a condenação por “convicção”. Por isso, Lula está preso, mas não sabe essa gente mesqui- Hoje há uma nha, que há em nosso país, franca produção hoje, uma franca produção de de Lulas que Lulas que pensam, sonham, pensam, sonham andam, cantam e encantam e que vão à luta. A prisão de Lula e vão à luta é muito pouco pra quem se tornou um mito. Leia íntegra em brasildefato.com.br

Na edição 117.... Azeredo condenado à prisão E agora... Tribunal mantém condenação de 20 anos de prisão para Azeredo O ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) teve a sua condenação referendada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, na terça (24). Ele é acusado de ser um dos articuladores do “Mensalão Tucano”, que desviava verbas de empresas estatais para a sua campanha à reeleição. Por 3 votos a 2, o Tribunal negou recurso da defesa de Azeredo e manteve a condenação de 20 anos e 10 meses. Os desembargadores decidiram ainda que o político não pode ser preso enquanto não se esgotarem os recursos no TJMG.


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BRASIL

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Deputados que aprovaram reforma trabalhista também votaram “sim” contra Dilma INTERESSES O impeachment deu a Temer a presidência e a base parlamentar para retirar direitos Antonio Cruz Agência Brasil

aprovou lei permitindo mudança de partido sem justificativa em ano eleitoral, dentro de determinado período. Em 2018, a data-limite para a troca foi o dia 7 de abril. Outros quatro deputados mineiros que aprovaram a reforma não trocaram de si-

Wallace Oliveira

C

om o 1º de maio, surgem mensagens de parlamentares saudando os trabalhadores pelo seu dia. Há um ano, porém, a Câmara dos Deputados aprovou a reforma trabalhista (Lei Federal 13.467/17), que retira direitos de quem precisa trabalhar. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) criticou a medida em um relatório, mostrando que as mudanças na lei desrespeitam tratados internacionais e violam direitos. Em ano de eleição, é preciso lembrar os nomes dos que aprovaram a reforma trabalhista. O projeto passou pela Câmara no dia 26 de abril de 2017, com 296 votos a favor e 177 contra. Entre os que votaram pela aprovação, 29 são representantes de Minas (o estado tem 53 cadeiras na Câmara). A maioria tem contribuído com Temer (MDB) desde a derrubada de Dilma (PT). Alguns aparecerão na campanha eleitoral em um partido diferente. Do impeachment às reformas Dos mesmos deputados que aprovaram a reforma trabalhista, 28 haviam votado “sim” ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em abril de 2016. Em outubro, 24 deles ajudaram a aprovar a entrega do pré-sal para empresas estrangeiras; em novembro, 28 votaram a favor da PEC 241, que congelou os gastos em saúde, educação, habitação e outras áreas por 20 anos. “Eles fizeram o impeachment para fazer essas reformas. Esse projeto não foi escolhido nas urnas”, explica Clemente Ganz Lúcio, asses-

gla, mas seu partido mudou de nome. O PT do B de Luís Tibé agora é Avante. O PMDB de Leonardo Quintão, Mauro Lopes e Newton Cardoso Jr. passou a se chamar MDB, nome do partido na época em que surgiu, na ditadura militar.

Confira a lista dos deputados mineiros que aprovaram reforma trabalhista Parlamentares que votaram “sim” contra Dilma votaram com Temer outras vezes

sor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (DIEESE). Ele acrescenta que a reforma trabalhista, tal como aprovada no governo não eleito de Temer (MDB), não teria passado no governo eleito de Dilma (PT). “Mesmo se Dilma quisesse, não teria condição política de fazer, pois sua própria base não aprovaria. Talvez nem mesmo a oposição a apoiasse em uma proposta dessas”, ventila. Perda de apoio A retirada de Dilma permitiu a Temer ocupar a presidência. Na Câmara, o processo do impeachment foi aceito por 367 votos a favor, ou seja, mais de três quintos da casa. Desde então, o número de deputados que votam com o governo só diminui, o que o obrigou a adiar a reforma da Previdência. “Ele perde votos pela crise e também porque a sociedade acompanha esses temas mais do que outros. A reforma trabalhista foi feita em uma velocidade recor-

de. Já a Previdência é um assunto com mais visibilidade. Em ano eleitoral, um assunto desses não caminha. Isso não quer dizer que os deputados não topem encaminhar a reforma da Previdência em 2019. Eu acho que encaminham”, adverte Clemente Ganz. Trocando a embalagem Dos mineiros que aprovaram a reforma trabalhista, cinco mudaram de partido. Bilac Pinto, que era do PR, foi para o Democratas, mesmo destino de Rodrigo Pacheco, que era do MDB de Temer e do senador Zezé Perrella. O Democratas perdeu o deputado Misael Varella para o PSD. O deputado Jaime Martins migrou do PSD para o PROS. Do PSB saiu Tenente Lúcio, que foi para o PR. Segundo a legislação, em ano eleitoral, só se poderia mudar de partido após fusão de legendas, criação de legenda nova ou quando se constata desvio no programa ou discriminação ao filiado. Em 2015, antes de derrubar Dilma, o Congresso

Votou pela reforma trabalhista

Partido anterior

Partido atual

Aelton Freitas

PR

PR

Bilac Pinto

PR

Democratas

Brunny

PR

PR

Caio Narcio

PSDB

PSDB

Carlos Melles

DEM

Democratas

Delegado Edson Moreira

PR

PR

Domingos Sávio

PSDB

PSDB

Eduardo Barbosa

PSDB

PSDB

Fábio Ramalho

PMDB

PMDB

Franklin Lima

PP

PP

Jaime Martins

PSD

PROS

Leonardo Quintão

PMDB

MDB

Luis Tibé

PTdoB

Avante

Luiz Fernando Faria

PP

PP

Luzia Ferreira

PPS

PPS

Marcelo Aro

PHS

PHS

Marcos Montes

PSD

PSD

Marcus Pestana

PSDB

PSDB

Mauro Lopes

PMDB

MDB

Misael Varella

DEM

PSD

Newton Cardoso Jr.

PMDB

MDB

Paulo Abi-Ackel

PSDB

PSDB

Raquel Muniz

PSD

PSD

Renzo Braz

PP

PP

Rodrigo de Castro

PSDB

PSDB

Rodrigo Pacheco

PMDB

Democratas

Saraiva Felipe

PMDB

MDB

Tenente Lúcio

PSB

PR

Toninho Pinheiro

PP

PP


Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

BRASIL

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Justiça decide que Moro não tem competência para julgar outros casos de Lula POLÍTICA Processos devem ser mandados para São Paulo, lugar onde supostos crimes aconteceram. Advogados denunciam a mesma irregularidade no caso do triplex Marcelo Camargo Agência / Brasil

Da Redação

U

ma decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tomada na terça (24) pode colocar em xeque a condenação do ex-presidente Lula. Por maioria, os magistrados decidiram retirar das mãos do juiz Sérgio Moro duas ações: uma suposta reforma de um sítio de Lula em Atibaia (SP) e outra da compra de um terreno que seria para a construção do Instituto Lula. A decisão é baseada no conceito de “juiz natural”. Um processo deve ser julgado pelo juiz do local onde o crime teria ocorrido, de acordo com o artigo 70 do Código de Processo Penal. Sérgio Moro é juiz em Curitiba, estado do

Paraná, e fazia uma investigação a nível nacional relacionada com a Petrobras quando passou a trabalhar nos casos de Lula. Tanto o caso do triplex quanto as duas ações retiradas da sua competência aconteceram no estado de São Paulo.

Pedido para rever condenação A decisão dos ministros da 2ª Turma do STF diz respeito somente às duas ações mencionadas (sítio de Atibaia e Instituto Lula). Porém, os advoga-

dos de Lula afirmam que o caso do Triplex teve a mesma irregularidade e a condenação deve ser revista. A defesa entrou com recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando além dessa, outras irregularidades no processo que levou à condenação do ex-presidente. Lula preso em uma solitária e proibido de receber visitas A prisão do ex-presidente completa 20 dias no sábado (27). Lula está na sede da Polícia Federal, em Curitiba, e vem recebendo apoio de centenas de pessoas que acampam no local desde que ele se

entregou. Os apoios têm chegado por meio de cartas também. Segundo o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) o ex-presidente recebeu mais de 10 mil cartas de brasileiros e estrangeiros. A atual preocupação é seu isolamento. A juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara de Execução Penal de Curitiba, tem recusado inúmeros pedidos de visita ao ex-presidente. Ciro Gomes, Gleisi Hoffmann, Dilma Rousseff, Leonardo Boff, Adolfo Pérez Esquivel e governadores do Nordeste foram alguns dos que foram impedidos de visitar Lula. Conforme denunciam pessoas próximas, o ex-presidente está preso em uma solitária, sem contato com nenhum outro preso.

Encontro Nacional de Agroecologia promete reunir 2 mil pessoas em Minas Gerais ALTERNATIVA Encontro reunirá envolvidos na construção de outras relações com a terra e com a produção de alimentos ASA / Pernambuco

Da redação*

C

om o lema ‘Agroecologia e Democracia Unindo Campo e Cidade’, o quarto Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), promete reunir 2 mil pessoas de todos os estados do Brasil, em Belo Horizonte, 31 de maio a 3 de junho. A expectativa é de que 70% dos participantes sejam agricultores familiares, camponeses, povos indígenas, comunidades quilombolas, pescadores, assentados da reforma agrária e coletivos da agri-

cultura urbana envolvidos na construção da agroecologia. “Quando falamos de agroecologia, estamos falando de tecnologias mui-

to avançadas, e, ao mesmo tempo, do resgate de tradições muito antigas, quando não havia armas químicas combatendo as pragas, nem a geração de

tantas pragas”, explica a atriz, cantora e militante da causa Letícia Sabatella, que empresta voz e imagem ao vídeo de apoio ao evento. Os organizadores do encontro lançaram uma campanha de financiamento coletivo e esperam arrecadar a meta de R$ 100 mil até 15 de maio. Preparação Diversos encontros locais e estaduais fazem parte da preparação do ENA. Na última semana, a cidade de Poço Fundo, no Sul de Minas, reuniu mais de

150 agricultores, técnicos, estudantes e consumidores no Encontro Regional de Agroecologia (ERA). O evento aconteceu na comunidade de Cachoeirinha, zona rural. Foram debatidos temas com a atuação das mulheres na produção de alimentos, relações entre campo e cidade, e problemas que afetam a agricultura, como a mineração. O encerramento contou com uma feira agroecológica aberta à população. (*Com Jaqueline Deister)


10 10

MUNDO

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Ortega propõe diálogo e bispos se oferecem para mediar NICARÁGUA Nos últimos dias, protestos da oposição causaram dezenas de mortes no país Prensa Latina

C

entenas de nicaraguenses saíram às ruas da capital Managua, na terça (24), clamando por paz no país. Eles protestam contra a onda de violência provocada por grupos de direita nos últimos dias, que causou dezenas de mortes e inúmeros prejuízos ao patrimônio público. No ato, os manifestantes também expressaram seu apoio ao presidente Daniel Ortega, eleito em 2016 com 70% dos votos. Os protestos violentos tiveram a participação de estudantes de alta renda da Universidade Politécnica e foram mobilizados pela

classe patronal e o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep). O Conselho defendia uma reforma agressiva da Previdência, semelhante à que Temer (MDB) tenta aprovar no Brasil, com aumento

Direita queria reforma da Previdência agressiva

do tempo de contribuição e idade mínima para aposentadoria, repassando o custo para os trabalhadores. No domingo (22), Ortega aboliu uma reforma moderada da Previdência, feita no país, que reduzia as aposentadorias em 5% e aumentava as contribuições de empresas e trabalhadores. A Assembleia Nacional da Nicarágua convocou a população a se somar ao diálogo nacional proposto por Ortega, envolvendo governo e patrões. A Conferência Episcopal da Nicarágua se pôs à disposição para mediar o diálogo. (Da redação)

Cuba tem o parlamento mais representativo do mundo A nova Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, principal órgão legislativo do país, elegeu seus novos representantes no último mês. As eleições acontecem a cada dois anos. Segundo o presidente Raúl Castro, mais da metade da casa é composta por mulheres, negros e mestiços e sua participação no parlamento deve aumentar nos próximos anos. Já o Conselho de Estado composto por 31 pessoas, possui maioria feminina, com 16 mulheres. Além disso, 45% das cadeiras são ocupadas por negros e mestiços.

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Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

ENTREVISTA 11

“Se estou desempregada, com baixa escolaridade, vou para a catação” DIREITOS Marli Beraldo, da Acamares, conta as dificuldades enfrentadas por catadoras de materiais recicláveis Wallace Oliveira

O

resíduo sólido não é apenas um problema para as cidades, mas também fonte de riqueza. Sua exploração conta com um saber que foi desenvolvido pelo povo, mas está sendo apropriada por grandes empresas. Há oito anos, o Brasil possui uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas a concretização dos direitos dos catadores ainda depende de muita luta. Esses direitos podem estar sob ameaça, justo quando, em meio ao desemprego, mais pessoas passam a encontrar

É importante ter uma associação. O catador solto não tem garantias” nessa atividade uma opção de sobrevivência. Para refletir sobre essa situação, o Brasil de Fato conversou com Marli Beraldo, integrante da Rede Sol. Quem são os catadores de materiais recicláveis? Marli Beraldo: Eu pertenço

à associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (Acamares) e sou integrante da Rede Sol, que nasceu com base na economia solidária e na luta de mulheres na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Elas estavam desempregadas e foram para a reciclagem como opção de renda. Hoje, a Rede Sol tem 14 cooperativas ou associações na Grande BH. Entre 70% e 80% são mulheres, a maio-

Arquivo pessoal

se organize, mas o incentivo para isso é muito pouco. As prefeituras teriam que dar incentivo à organização de catadores. O nosso movimento defende a contratação por prestação de serviços. Há várias empresas no Brasil que querem se apropriar do trabalho dos catadores. É uma luta resistir. É o capital versus trabalho, bem desigual.

Isso é um marco, tem um antes e um depois. A aplicação da lei no Brasil é uma conquista diária. E vamos continuar seguindo pelo cumprimento dessa política. A gente evita que o lixo vá para o aterro sanitário, aumenta a vida útil do aterro, contribui para que tenhamos córregos e cidades mais sustentáveis, a saúde pública.

Como é a situação dos trabalhadores desse setor?

E qual a situação dos catadores em Minas?

No caso do trabalhador que está organizado na associação, tem a coleta seletiva feita por catadores, Marli Beraldo: “Eu sou da segunda geração de catadoras na família” que passam de manhã com o caminhão nas casas das ria negras. O Movimento E existem tentativas de pessoas. Ele conhece o maNacional dos Catadores de privatizar essa fonte de terial, cria uma relação pessoal, sensibiliza o moraMateriais Recicláveis (MN- riquezas? Há toda uma cadeia pro- dor. É o que a gente defenCMR) é nossa ferramenta dutiva. Nós, os catadores, de: o catador em contato de organização e luta. ganhamos menos, infeliz- com a população. Aí, vem A que você atribui essa mente, mas a cadeia da re- a triagem: separação de vipresença tão marcante ciclagem gera milhões. Há dro, papelão, vários tipos de das mulheres negras na várias tecnologias de rea- plástico, etc. Esse trabalho proveitamentos, geração é demorado. Depois, vem Rede Sol? uma equipe que prensa o É um reflexo das caractematerial separado. Alguns rísticas do nosso povo e da produtos a gente consegue falta de acesso. Se eu estou vender direto para a indúsdesempregada, com baixa tria, mas grande parte ainescolaridade, vulnerabili- Com a perda de dade social, vou para a ca- direitos, é o povo da é vendida para aparistas (empresários que compram tação. Principalmente as pobre e negro e revendem os resíduos), mulheres negras, às vezes quem mais sofre” que é quem ganha dinheiro, na verdade. No caso do catador que de muito emprego e renda, não está associado, ganham apesar do pouco incentivo. aquele dinheiro diário na A gente contribui Para nós, catadores, é uma informalidade, sem pagar para que luta manter-se organizado. INSS, em condição muito tenhamos cidades É importante ter uma asso- insalubre. O preço é muito mais sustentáveis” ciação. O catador solto, tra- baixo. balhando precariamente, separadas, sozinhas, com passa o resíduo para o dono Em 2010, o ex-presidente filho. Foi o caso da minha do ferro velho, o atravessa- Lula assinou uma lei crianmãe, por exemplo. Eu sou dor, a um preço baixo, e não do a Política Nacional dos da segunda geração de ca- tem garantias de trabalho. Resíduos Sólidos. O que tadoras na família. É muito importante que ele mudou desde então?

Em Minas Gerais, temos a política da Bolsa Reciclagem, que é uma recompensa por serviços prestados, definida em lei estadual. Ela está atrasada, o governo do estado já não paga nossa bolsa há mais de um ano. Isso é muito sério. Como o golpe de 2016 afeta os catadores?

Antes a gente era recebido com polícia. No governo Lula, entramos na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), tivemos acesso a Cadastro Único, Minha Casa Minha Vida. Com a perseguição do governo Temer (MDB), a gente pode perder o espaço conquistado. Você participa da construção do Congresso do Povo. Como essa construção pode envolver as lutas dos catadores?

Tem tudo a ver. Com a perda de direitos, é o povo pobre e negro quem mais sofre. Quem está na periferia sofre ataques diretos. O Congresso do Povo para a gente é uma ferramenta para a gente se articular, conversar, trocar experiência, dar as mãos e seguir a luta.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Amiga da Saúde

CIÊNCIA, COISA BOA!

O QUE É UM ALIMENTO TRANSGÊNICO?

Reprodução

Por que é tão comum as mulheres serem traídas quando estão grávidas ou no período após o parto? Vitória Sophia, 23 anos, professora.

Transgênicos são seres vivos modificados geneticamente que contêm em seu DNA genes pertencentes a outras espécies. Esses genes são introduzidos artificialmente para que o organismo apresente alguma característica que ele naturalmente não possuía. Os primeiros transgênicos foram usados na agricultura em 1994. De lá pra cá, essa utilização se tornou uma grande polêmica. Entender esse complexo debate é uma ótima forma de analisar a relação entre a ciência e a sociedade. A produção mundial de transgênicos é hoje monopólio de seis grandes empresas. 99% dos transgênicos produzidos por elas são de quatro espécies - soja, milho, algodão e canola - e de dois tipos básicos. O primeiro tipo visa à produção de plantas resistentes a herbicidas. Um grande produtor de soja não quer que outras plantas cresçam em sua lavoura. Assim, ele usa uma substância tóxica que mata as plantas, o herbicida. Só que, para o azar dele, a soja também é afetada pelo veneno. Os cientistas então pegaram de uma bactéria que era imune à toxina o gene que lhe dava essa resistência e o introduziram na soja, tornando-a imune ao herbicida. Sempre que Agora o produtor pode jogar o agrotóxicomemos algo co à vontade em sua plantação e só a soja que tenha soja, sobreviverá. algodão, milho O segundo tipo cria plantas que proou canola, duzem toxinas inseticidas. Se você é um comemos também agricultor, você não quer que sua lavoura inseticidas seja comida por insetos, não é mesmo? O gene que produz essas toxinas foi retirado de uma bactéria e introduzido nas plantas, que passaram a produzir o veneno em seu corpo. Quando o inseto come a lavoura transgênica, acaba morto pela toxina. Sempre que consumimos um alimento industrializado que contenha em sua composição soja, milho, algodão ou canola, provavelmente comemos um transgênico. Logo, ingerimos de tabela o veneno herbicida ou inseticida envolvido na produção que expliquei acima. Pesquisas para se criar outros tipos de alimentos transgênicos são realizadas. Por exemplo, para se produzir arroz rico em vitamina ou feijão imune a vírus. Até mesmo animais transgênicos estão em desenvolvimento. A lei brasileira obriga desde 2005 que todo alimento transgênico apresente em sua embalagem um triângulo amarelo com um T. É um direito do consumidor. Porém, o projeto de lei 34/2015, já aprovado na Câmara e que tramita no Senado, quer eliminar essa obrigação. Agora que você já sabe o que é um alimento transgênico podemos discutir se eles são bons ou ruins pra gente. Mas isso fica pra próxima coluna! Um abraço e até lá! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Essa é uma dura realidade que atinge em cheio a autoestima das mulheres. Creio que o pano de fundo dessa situação seja a cultura machista ainda marcante nos relacionamentos. Nessa cultura, a mulher gestante é ligada ao sagrado. Isso modifica o desejo do homem em relação a ela. Somam-se a isso as mudanças no corpo, o medo de machucar o bebê, o que gera, em grande parte dos casos, um ambiente nada propício ao sexo. Além do mais, há ainda hoje uma aceitação da traição dos homens como algo natural. Precisamos avançar em nossa cultura. A gravidez faz parte da

natureza, assim como o prazer sexual. Os casais podem ter uma ótima vivência da sexualidade durante e após a gravidez. Para isso, é preciso entender que o prazer passa pelo toque, o carinho, o respeito à vontade do outro, a intimidade, o cuidado. Embora haja, durante a gestação, hormônios que podem reduzir o desejo sexual, isso é compensado pelo aumento da sensibilidade da mulher. Há casos em que o interesse da mulher aumenta. Recomenda-se usar preservativo, pois a mulher fica mais suscetível a contrair doenças. Menos machismo e mais prazer! Sagrado é ser feliz!

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Nossos direitos Afinal, quem pode visitar pessoa presa? A Lei de Execuções Penais diz quais são as regras para que se possa visitar uma pessoa presa. Lá está escrito, no artigo 41, que são direitos da pessoa presa a visita do cônjuge, da companheira ou companheiro, de parentes, amigos e amigas. O dia da visita varia conforme regra interna de cada prisão, e a limitação desse direito só pode acontecer por decisão da direção da unidade, com motivo justo. No caso de ocorrer rebelião, por exemplo, a direção pode, nesse dia, impedir a visita. As limitações

não podem ser eternas, pois a visita é direito garantido em lei. Os locais de detenção devem ter condições para receber todas as visitas que a lei autoriza. É ilegal e abusivo impedir que pessoas presas recebam visita de amigos e parentes, alegando que não têm estrutura para isso. A Polícia Federal, que deveria ser a primeira a cumprir a lei, está impedindo que o ex-presidente Lula receba visita das amizades que fez durante a vida, e não há motivo justo para isso. Se a lei autoriza, por que estão impedindo?

Fernando Prioste é advogado popular da Terra de Direitos


Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas MAIONESE DE CENOURA Reprodução

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

De (?): muito Imposto Fator que influencia na obtenção tranquilo (gíria) declarável de bolsa universitária Cargo de on-line Interjeição James Gordon, na po(?) do Sol, rodovia (sigla) de alegria lícia de Gotham (HQ) litorânea potiguar

Jornalista ítaloProcedimen- brasileiro to invasivo para evitar furtos em uma empresa Principal curso d'água da Venezuela

Planta têxtil Três (?), município

Substâncias (?): amônia e metano

Cargo de Kubitschek após deixar a Presidência 2ª pessoa do plural (?) plástico, poluente que ameaça a vida marinha

James (?): o 007 (Cin.) Peça do banheiro

Cova extensa Atletas como Bolt

Formato da antiga lira (Mús.) Referência vaga Ósmio (símbolo) Santos (?): Papas (Catol.)

Profissional que traça o horóscopo

Para quem está procurando fazer uma maionese mais leve e saudável, essa receita retira os ovos e os substitui pela cenoura! Experimente! Para uma alternativa vegana, é possível substituir o leite por 3 colheres de vinagre branco.

Pacote de dinheiro falso (pop.)

O de pagamentos gera multas (?) adversa: réu A babosa, pela consistência

O embutido ocupa menos espaço Satélite de Marte Períodos econômicos

Morrer, em inglês (?) elétrico, veículo Dar o (?): revidar Incolor Época histórica Cartão, em inglês

Aladim, em relação Flagelo do ao Gênio (Cin.) Nordeste Partícula que irrita os olhos Enfurecer Gracejas

(?) turcos: baklava e halva

Ingredientes Amplitude Modulada (sigla)

Ordem do (?), lar das freiras carmelitas

Grande tumulto (pop.)

(?) Clapton, cantor de "Tears in Heaven"

Pão de (?), massa de bolos de festa Banda de forró do RN

3/die — ris. 4/bond — card — rami. 6/acromo — deimos. 9/mino carta.

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Solução M R I S E N V O I C S A AS T R A T P A E V S C I S I D O C S A L L O S

AI

B O O R I N A D O R S T R V A L A C O A L O L O G O R A S O R TE A RM D E I MO S O S A T R A R E S C I S E I R O C AR MO A R O D

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2 cenouras 2 colheres de sopa de leite 1 limão (suco) ½ xícara de óleo de canola ou girassol Sal

Modo de preparo 1. Cozinhe as duas cenouras 2. Bata as cenouras, o leite (ou vinagre) e o suco de limão no liquidificador até que fique uma massa homogênea 3. Coloque o óleo aos poucos, até que fique no ponto 4. Adicione sal

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Osvaldão, um herói brasileiro PERFIL Conheça a trajetória deste mineiro que fez história na luta pela liberdade do povo Reprodução

Amélia Gomes

N

este 27 de abril de 2018, uma das grandes figuras da história brasileira completaria 80 anos. O legado deixado por Osvaldo Orlando da Costa é inestimável, embora sua trajetória seja ainda pouco conhecida. Negro, vindo de uma família humilde de Passa Quatro, no sul de Minas Gerais, Osvaldão era o caçula de oito irmãos. Foi boxeador e tenente do Exército. Do pai, o padeiro José Orlando, Osvaldo herdou a coragem na vida, a dedicação no estudo e a nobreza no coração. A luta Aos 20 anos foi para o Rio de Janeiro estudar na Escola Técnica Nacional e lá começou sua militância. Entrou para o movimento estudantil em 1958 e se filiou ao Partido Comunista do Brasil. Em 1960 foi convidado para estudar engenharia em Praga, antiga Tchecoslováquia. E lá se especializou em mineração. O homem Em 1966 Osvaldão volta ao Brasil e vai para o Araguaia, no Pará. Na comunidade estabeleceu laços de amizade e confiança. A relação com os ribeirinhos era tão estreita que eles o tinham como um membro da família e não como alguém de fora. No final da década de 60, início de 70, começam os trabalhos na guerrilha. Como conhecia bem o local, era Osvaldão quem orientava e guiava os novos integrantes. Nas terras do Araguaia, ele mapeava e encontrava regiões de mineração. Extraiu pedras precio-

sas que ajudavam a financiar os custos com a guerrilha. Militantes e moradores da região afirmam que Osvaldão foi o primeiro a explorar o local que mais tarde ficou conhecido como Serra Pelada.

O comandante era temido pelos soldados e generais do Exército. Documentos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos relatam que solda-

dos tremiam e desmaiavam quando ouviam o nome do guerrilheiro. Alguns o chamavam de “O gigante invencível”. Pela importância política e simbólica, capturar Osvaldão significava o fim da guerrilha no Araguaia. Inúmeras foram as investidas do Exército contra ele. Os generais descobriram que Osvaldo teve um filho com uma ribeirinha. O garoto, que se chamava Geovani, tinha 4 anos de idade quando foi sequestrado pelos militares e desde então desapareceu. A mãe do menino, Maria Viana ou Maria Castanheira - como era conhecida na região, infartou e faleceu uma semana após Reprodução

O mito Com mais de 2 metros de altura, porte de atleta e uma pontaria implacável, Osval-

Do pai, o padeiro José Orlando, Osvaldo herdou a coragem na vida, a dedicação no estudo e a nobreza no coração” dão era literalmente uma barreira contra o ataque do Exército à guerrilha. Nos vilarejos do Araguaia, ainda hoje, correm as histórias sobre o negro, que ele era um ser mítico. Os ribeirinhos contam que ele era capaz de se transformar em pedra, árvore, vento, e de se tornar invisível.

o sequestro da criança. Depois de inúmeras investidas, em 1974, dois anos após o início das caçadas do exército, um mateiro - que havia sido cooptado pelos militares - atira e mata o comandante da Guerrilha do Araguaia. O corpo de Osvaldo foi exposto nos vilarejos da região. Os moradores relatam que durante todo o dia um helicóptero sobrevoou o Araguaia içando seu corpo, para exibir a derrocada do guerrilheiro. Mas, na memória de militantes e ribeirinhos, Osvaldão segue imortal. Nos vilarejos do Araguaia, ainda hoje, correm as histórias que Osvaldão era capaz de se transformar em pedra, árvore, vento, e de se tornar invisível’.

CONHEÇA MAIS... FILME Documentário “Osvaldão” - direção Ana Petta e Vandré Fernandes LIVRO “Osvaldão e a saga do Araguaia” - autor Bernardo Joffily Osvaldão com colegas de estudo na antiga na Tchecoslováquia

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ESPORTE

Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

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Profissão treinadora: por que não? Alexandre Loureiro / Inovafoto CBV

Jordânia Souza

O

domingo (22) foi de decisão na Superliga Feminina de Vôlei e trouxe uma conquista inédita para o time mineiro Praia Clube, que venceu o SESC/RJ, quebrando a hegemonia do time carioca na competição. Além do título inédito, a data tam-

bém marcou o último jogo da ex-líbero da seleção brasileira e bicampeã olímpica Fabi, que jogou a temporada pelo SESC/RJ. Emocionada, a jogadora, considerada uma das melhores líberos do vôlei feminino mundial, encerra uma carreira admirável. São duas medalhas de ouro com o Brasil,

nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e nos jogos de Londres, em 2012. Agora, ela inicia uma nova jornada como comentarista de vôlei e avalia uma possibilidade futura: ser treinadora em algum clube. Fabi, que demonstrou ser guerreira das quadras, certamente seria uma presença interessante do outro lado,

como técnica. Além disso, ela também abriria espaço em uma função na qual as mulheres pouco atuam, mesmo em competições das ligas femininas. Sim, não vemos mulheres treinadoras. Para se ter uma ideia, nenhum dos 12 times participantes da Superliga Feminina 2018 foram comandados por mulheres. Essa é uma situação mundial. No último Grand-Prix, por exemplo, entre as 32 seleções que participaram da disputa, apenas as equipes do Japão e Austrália foram treinadas por mulheres. A questão não se restringe ao vôlei. No futebol, tivemos recentemente a passagem de Emily Lima, que comandou a seleção brasileira feminina por nove meses e foi a primei-

ra mulher a chegar ao posto. Porém, teve uma demissão conturbada, na qual ela e as jogadoras denunciaram o abismo de diferença de investimentos na modalidade para homens e mulheres. Ocupar uma posição de liderança é um desafio para nós mulheres em qualquer mercado. Enfrentamos desconfiança, somos subestimadas e sempre é necessário provar mais vezes por que chegamos lá. Entretanto, é importante que cada vez mais as mulheres busquem essas posições e não se intimidem. Afinal, líder é uma palavra sem gênero. Fica o desejo de que a Fabi do vôlei amadureça essa ideia e prove que, sim, nós podemos!

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Belo Horizonte, 27 de abril a 3 de maio 2018

Grandes de Minas com dificuldades financeiras

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Chris Shaw / Liverpool

Alfredo Malagolin / Cruzeiro Esporte Clube

“Vamos treinar nus porque ninguém vai reparar. Eles só estão olhando para o Salah”

O

s três grandes de Minas discutem seus balanços financeiros do último ano. O Coelho terminou 2017 com um déficit de R$ 5 milhões. O Galo teve déficit de R$ 25 milhões. A situação da Raposa foi diferente, pois o time apresentou superávit de R$ 30 milhões. Porém, o assunto rendeu polêmica na reunião de conselheiros, na quarta (25). Isso porque o presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, disse que o lucro se deve a um adiantamento de R$ 96 milhões nos direitos de transmissão de TV. O assunto gerou bate-boca entre Perrella e o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Jürgen Klopp, treinador do Liverpool (Inglaterra), comentando, com bom humor, a incrível temporada do atacante egípcio Mohamed Salah.

Gol de placa A Seleção Brasileira feminina de futebol conquistou, no domingo (22), o heptacampeonato da Copa América. O título veio após a vitória por 3 a 0 sobre a Colômbia. O Brasil fechou a competição com 100% de aproveitamento e é presença garantida na Copa de 2019 e nas Olimpíadas de 2020.

Gol contra A PM do Paraná proibiu torcedores do Corinthians de visitarem o Acampamento Lula Livre usando as vestimentas do clube, em Curitiba, no domingo (22). Os uniformizados só conseguiram a liberação para entrar no acampamento quando tiraram as vestes corintianas.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Giovanna Fantoni

Contra o Flamengo, apesar da derrota, o América criou várias chances de gol, obrigou o goleiro do 7 a 1 a fazer defesas importantes e podia ter saído com melhor resultado, mas esbarrou na falta de confiança dos jogadores, na ineficiência do ataque Decacampeão e na inoperância de atletas que precisam ir para o banco, especialmente Luan, Rafael Moura e Juninho. Nas finalizações, precisam confiar mais em si próprios e na capacidade da equipe em vencer os “grandes”. Precisam chutar a gol, arriscar mais, cruzar com mais precisão, concluir melhor as boas jogadas. E a zaga precisa se recompor mais rápido e ser mais compacta e incisiva na obstrução dos ataques adversários.

A vitória, após três derrotas e um empate, traz alento para os atleticanos. Porém, a dúvida quanto à capacidade da equipe persiste. As falhas acontecem com frequência. O time tem lampejos de talento e vacilos inexplicáveis em todos os seÉ Galo tores. O elenco parecedoido! pouco afeito à consistência e prefere viver perigosamente. As oscilações no futebol costumam ser punidas. Veremos, contra o Corinthians, no fim de semana, se é possível confiar em estabilidade no restante da temporada. O interessante é que elegeram um herói de ocasião: Gustavo Blanco. Oh, têmpora! Oh, mores! (Oh, tempo! Oh, costumes), digo eu, citando Cícero. Expressão bem afeita a esses tempos sombrios.

Anúncio Escrevo esta nota a poucas horas do jogo entre Cruzeiro e Universidad de Chile. O resultado define nosso futuro na Libertadores 2018. Uma vitória ressuscita o Cruzeiro, ao passo que a derrota ou o empate diminuem bastante nossas chances de LaNaBestia Negra classificação. sequência, enfrentamos o Inter no Beira Rio, domingo (29), pelo Brasileirão. É preciso não acumular maus resultados. Porém, considerando que o jogo com o Vasco já é quarta-feira (2), vale escalar a equipe pensando no torneio continental, no qual o Cruzeiro nunca foi eliminado na primeira fase. Cair logo de início e, ainda por cima, com mau desempenho, é uma mancha difícil de apagar da história do clube.


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