Edição 258 do Brasil de Fato MG

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Nilmar Lades

ESPECIAL

Três anos de lama e luta

Atingidos pelo crime da Samarco sofrem com lentidão da Justiça, problemas de saúde e reparações insuficientes

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro de 2018 • edição 258 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Euller Jr

Fotografando a cidadania Exposição retrata vida de pessoas que tiveram o direito de ter luz em casa garantido CULTURA 6 Iago Proença

Um Temer piorado Mal se elegeu presidente, Bolsonaro já deixa claro que aquelas ameaças que ele fazia em campanha não eram bravata de candidato. Em resumo, ele chega ao Planalto para terminar o que Temer começou, só que com mais força bruta, violação de direitos e perseguições políticas. Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo prometem organização e resistência

Ginástica aeróbica Atletas da UFMG conquistam títulos na Bulgária ESPORTE 16


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

Editorial | Brasil

Diga-me com quemandas e te direi quem tu és Bolsonaro não é somente as atrocidades que ele se orgulha de repetir. Ele é também os absurdos que seus homens de confiança negociam. Durante toda a campanha, escutamos pelas ruas que o próximo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não iria fazer tudo aquilo que ele dizia. Que eram exageros de campanha e que ele não queria soar de maneira ofensiva. Pois bem, enquanto isso, nos bastido-

ESPAÇO DOS LEITORES “O problema é que a lei existe, mas ela não é cumprida e nem são penalizados aqueles que a descumprem. Bolsonaro fez o que quis nessa eleição e a Justiça brasileira se calou” Martha da Silva comenta a matéria “Se continuar agredindo movimentos depois de empossado, Bolsonaro cometerá crime”, publicada no site do Brasil de Fato “Isso era óbvio. Deve ter muito mais sujeira escondida” Mirian Clemen escreve sobre a matéria com o título: “Ex-assessora de Sérgio Moro: “A imprensa comprava tudo”” “Beleza de resistência, exemplo de firmeza de lealdade às suas convicções” Celina Lemos, sobre a matéria “Vigília Lula Livre resiste, em defesa de um projeto popular” “Parabéns, que Deus te de muita saúde e paz para governar. Mulher guerreira, estamos com você” Maria Gonçalves Rozon escreve sobre a matéria “Única mulher eleita, Fátima Bezerra é a nova governadora do Rio Grande do Norte”

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Bolsonaro quer aprovar antirreforma da Previdência de Temer res, seus principais articuladores, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, estavam negociando com os ricos e empresários toda aquela insensatez que o candidato afirmava no seu perfil no Facebook. Isso significa que quando ele afirmava que iria expulsar Paulo Freire das escolas, seus assessores já estavam negociando com a bancada evangélica a aprovação da Lei da Mordaça, para revogar a liberdade de professores e estudantes. E se, durante a campanha, ele apresentou um plano de governo vago e pouco explicativo, agora eleito ele já mostra a que veio. Junto com Onyx anuncia a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Para o país que vê passar impunemente os autores do crime da Samarco/Vale/BHP em Mariana, que afundou o Vale do Rio Doce em lama, essa medida pode ferir de morte as próximas

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

gerações. Benefícios a grandes empresários E não para aí. Enquanto deputado federal por quase 30 anos não propôs praticamente nada, e apoiou os ataques aos trabalhadores. Foi contra a regulamentação da profissão das empregadas domésticas e votou a favor da antirreforma trabalhista. Além de ter votado contra as investigações a Michel Temer. Agora, ele e Paulo Guedes propõem um “super-Ministério” da economia, que vai juntar o da Fazenda, do Planejamento e o da Indústria e Comércio Exterior, isso tudo para garantir que vai diminuir os impostos e juros para as grandes empresas. Enquanto abre caminhos para os ricos, Bolsonaro afirma que quer enxugar mais direitos e pretende agir ainda este ano para passar o máximo possível da antirreforma da Previdência de

Novo governo coloca em risco defesa do meio ambiente Michel Temer. Eles precisaram desviar a atenção de quem eram seus reais parceiros de negócios para terem chegado onde estão. Nosso desafio é grande, o mar da história está agitado. Não devemos nos isolar e nem desacreditar, é cercando-se de gente compromissada com a classe trabalhadora que cultivaremos nossa coragem e faremos renascer a democracia.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes, Thainá Nogueira e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Bruno Mateus, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia, Souza, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

Declaração da Semana

O Brasil de Fato foi às ruas perguntar: de quem você sente saudades?

Minha avó materna faz muita falta, sinto muita saudade. Eu era criança, tinha 9 anos. Foi uma perda muito rápida: ela teve um diagnóstico de problema de coração e veio a notícia de que tinha outra doença. Isso assustou a todos nós, principalmente os netos, que éramos muito apegados a ela.

Efigênia de Jesus, aposentada

Meiriele Fabiana Dias, diarista

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Paulo Pinto / Fotos Publicas

“Eu coloco a minha vida à disposição deste país. Não tenham medo, nós estaremos aqui. Nós estamos juntos. Nós estaremos de mãos dadas com vocês. Nós abraçaremos a causa de vocês. Contem conosco. Coragem, a vida é feita de coragem. Viva o Brasil!”

Dia 2 de novembro é dia de finados. Desde o século XII, esse momento é celebrado pela Igreja Católica. Em alguns países, como o México e o Brasil, o dia é feriado oficial, quando muitas pessoas cessam a rotina para recordar as pessoas queridas que se foram, visitar o cemitério e fazer orações.

Minha mãe, meu marido e meu filho. Um eu perdi há 8 anos, o outro há 15 e minha mãe há 12 anos. Não tenho nenhuma lembrancinha deles, só da minha mãe que eu tenho um retratinho. Eu fico muito triste, às vezes, até choro. Eu sempre vou ao Cemitério da Saudade, acendo vela, rezo.

GERAL

Declarou Fernando Haddad, na segunda (29) Ricardo Stuckert

Boa sorte no Enem!

USP Imagens

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já está chegando! As provas começam às 13h30, no horário de Brasília, nos dias 4 e 11 de novembro. Para não se atrasar, saia de casa com antecedência. Não esqueça de levar caneta esferográfica de tinta preta e fabricada com material transparente e documento oficial de identificação original com foto. Qualquer dúvida, acesse o site enem.inep.gov.br.

Dia 31 de outubro: Saci ou Halloween?

A festa de Halloween, celebrada nos Estados Unidos no dia 31 de outubro, é famosa entre os jovens, que saem às ruas perguntando “gostosuras ou travessuras?”. O costume chegou ao Brasil com as escolas de inglês voltadas para a cultura estadunidense. Como forma de se contrapor a essa imposição cultural, muitos pesquisadores reivindicam que, no Brasil, o 31 de outubro deve ser considerado o dia do Saci. Nada mais brasileiro, não é mesmo? Em janeiro de 2014, o estado de São Paulo oficializou o 31 de outubro como Dia do Saci com a Lei nº 11.669. Depois disso, outras cidades adotaram a ideia, como as mineiras Poços de Caldas e Uberaba.


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MINAS

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

Apesar de resultado desfavorável nas eleições, frentes apontam ações para futuro UNIDADE Plenária para organizar a resistência em Minas Gerais reúne mais de 80 entidades Amélia Gomes / Brasil de Fato MG

PBH

Amélia Gomes

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m plenária unificada, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo reuniram, no último dia 30, mais de 350 pessoas de 88 entidades, em Belo Horizonte. Em pauta, estavam análises dos resultados das eleições e um plano de ação. O governador recém-eleito, Romeu Zema, do Novo, se posicionou publicamente como eleitor de Bolsonaro e seu plano de governo traz propostas pareadas com as do presidente eleito, como a privatização de empresas públicas e a retirada de direitos sociais. Para Beatriz Cerqueira, eleita deputada estadual pelo PT e integrante da Frente Brasil Popular, o próximo período vai exigir

muita disposição, luta e organização popular. “Corremos o risco de tornar a política um espetáculo, como o Big Brother. E isso é muito grave, porque quando você desqualifica a política, você está desqualificando a coletividade, a representatividade e a organização”, avalia. Durante toda a campanha, Zema afirmou que pretende vender estatais, como a Cemig e a Copasa, além de

Contra propostas privatistas de governador eleito, movimentos propõem mobilizações

privatizar a saúde e a educação. Nas primeiras entrevistas após a vitória, o governador recém-eleito já anunciou a fusão das secretarias de Administração Prisional com a pasta de Segurança Pública e também da Agricultura com a de Meio Ambiente. Com essa proposta de administração agressivamente privatista e de desmonte dos direitos sociais, os mineiros devem construir uma grande agenda de lutas e mobilizações. É o que afirma Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragens. “Em Minas, temos um amplo movimento de resistência. Aqui no estado nós temos algumas âncoras institucionais que proíbem as privatizações das empresas públicas, como [a necessidade de] plebiscito

popular e aprovação na Assembleia. Então, não tenhamos dúvidas de que este governo terá muitas dificuldades para implementar todas essas propostas que ele tem prometido”, pondera. No próximo dia 5, o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que causou a contaminação de toda a Bacia do Rio Doce, completa três anos. A tragédia deixou para o Brasil as feridas abertas do maior crime socioambiental do mundo: injustiça e impunidade. “Esse é um crime que não pode ser esquecido porque ele explicita na prática o que é a privatização de uma empresa pública, o desmonte e a fragmentação da legislação ambiental e a falta de fiscalização do Estado. Nós não podemos permitir a privatização de nenhum setor estratégico como a energia, a mineração e os recursos hídricos. Então é importantíssimo que a população não permita que nossos bens sejam privatizados”, declara Joceli. Ações para o próximo período Um dos encaminhamentos da plenária foi a reabertura da tenda da democracia na Praça Sete. Também estão previstas a criação de comitês para atuação nas periferias da capital. A próxima data de luta dos movimentos é a Marcha de três anos do crime cometido na bacia do Rio Doce. Também está prevista a construção de um ato unificado para o próximo dia 20, Dia da Consciência Negra.

Frente nacional antifascista Como resposta imediata de resistência contra as ameaças de Jair Bolsonaro – como a criminalização de movimentos populares, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo já articulam a criação de uma Frente Nacional Antifascista. As Frentes também articulam uma greve geral para barrar a aprovação da contrarreforma da Previdência. Outro setor que também já foi atacado na primeira semana após o resultado eleitoral foi a educação. Nesta semana, a deputada eleita pelo PSL de Santa Catarina, Ana Carolina Campgnolo, criou um canal de denúncias anônimas contra professores. Além disso, um vídeo de Bolsonaro ameaçando professores progressistas da Fundação João Pinheiro também circulou nas redes sociais nesta semana. Em resposta, sindicatos, movimentos estudantis e populares vão organizar para o próximo período uma rede de luta unitária em defesa da educação. Com a série de ataques que a esquerda vem enfrentando, também foi ventilada na plenária unificada a possibilidade da criação de uma rede de juristas em defesa dos direitos humanos e contra as perseguições e violências políticas.


Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

Livia Bacelete

MINAS

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Opinião

Um bando de covardes João Paulo Cunha Não há nada mais vergonhoso que o comportamento da imprensa brasileira depois da vitória do candidato da extrema-direita nas eleições presidenciais. Lamentado em todas as línguas e latitudes, considerado a consagração do mais radical retrocesso democrático do Ocidente (e olha que não são poucos...), o resultado das urnas foi tratado pela mídia comercial com a mesma naturalização com que cobriram a campanha. Até nomear a filiação ideológica explícita parecia ferir os manuais de redação. A imprensa empresarial cumpriu o roteiro. O fascismo foi descartado por razões teóricas chinfrins, o autoritarismo interpretado como uma excentricidade personalista e os apelos antidemocráticos tomados apenas como excessos compreensíveis da disputa. A cobertura confirmou seu papel de protagonista. Sua trajetória antipopular foi da aliança com setores conservadores do empresariado e do Judiciário e a criminalização dos movimentos populares, subsidiou o impeachment e celebrou a pri-

A imprensa burguesa nunca esteve ao lado da democracia e da justiça social são de Lula e o impedimento de sua candidatura. Na hora de colher seus ganhos, no entanto, esbarrou com o monstro que ajudou a cevar, embora não tenha sido sua opção de origem. Torna-se submissa à pauta do novo governo, dois meses antes de sua posse. Desta forma, com covardia vergonhosa, leva adiante a onda de desinformação. A fusão das pastas da Agricultura e Meio Ambiente é tratada pelo foco da redução de ministérios e contenção de gastos. Poucas palavras sobre o ataque ao desenvolvimento sustentável, derrubada de matas para expan-

são do agronegócio, fim da demarcação de terras indígenas e descumprimento de protocolos internacionais sobre o clima. O avanço sobre as universidades, em ações violentas e coordenadas, é reduzido à ação de uma parlamentar obtusa, não do programa explícito de esvaziamento da crítica no campo da educação, patrulhamento ideológico e ações violentas. O apetite do setor militar para abiscoitar metade das vagas da equipe de transição é tomado como uma pura regra matemática, não como a recomposição do autoritarismo e reacionarismo das forças armadas. A quantidade de militares faria inveja à ditadura militar. O anúncio de que a primeira medida do governo será a tentativa de armar a população não é apresentada como porta de entrada da barbárie. A imprensa pode ficar com suas submissões e ignorância política. A força popular brasileira já está em luta permanente em defesa da democracia, da liberdade e da justiça social. A imprensa burguesa nunca esteve deste lado. Mas não precisava se mostrar tão covarde.

Movimentos e advogados populares reivindicam a criação da ouvidoria da Defensoria Pública JUSTIÇA Ouvidor pode contribuir com a melhoria do atendimento à população Larissa Costa

Divulgação / Def. Pública

xiliar da Defensoria Pública do estado na promoção da qualidade dos serviços prestados pela instituição”, explica Maria do Rosário Carneiro, que também é advogada popular da Renap. No caso da legislação estadual, Rômulo conta que em 2016 foi realizada uma reforma na Lei Complementar 65/2003, que organiza a Defensoria Pública do Es-

M

ovimentos populares, organizações e entidades da sociedade civil que lutam pelo acesso a direitos e ao Sistema de Justiça reivindicam a criação da Ouvidoria Externa da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPE/MG). Um manifesto foi entregue ao Defensor Público-Geral, Dr. Gério Patrocínio Andrade. A ouvidoria contribui com um melhor atendimento à população, uma vez que o ouvidor é aquela pessoa externa à instituição que representa a sociedade. “Ele traz um olhar plural para qualificar nosso trabalho, de modo que a gente consiga prestar um melhor serviço público para toda a população mi-

neira carente e vulnerável”, afirma o defensor público Rômulo de Carvalho. Previsão Legal A criação da Ouvidoria Externa está prevista na

Lei Complementar Federal 80/1994. Alguns estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Paraná já possuem ouvidores atuantes. “Essa lei prevê a criação da Ouvidoria Geral Externa como órgão au-

Criação do novo cargo depende da melhora da condição financeira do estado

tado, define sua competência e, entre outras providências, dispõe sobre a carreira de Defensor Público. “Com essa atualização, aprovada pela Assembleia Legislativa, já temos a previsão na lei da ouvidoria, mas, hoje, a gente está enfrentando resistência e limitações fiscais para a criação do cargo de ouvidor”, explica. Ainda segundo o defensor, essa barreira orçamentária está relacionada com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limites de gasto público dos governos para garantir o pagamento da dívida pública. Nesse sentido, a criação do novo cargo de Ouvidor fica sujeito à melhora da condição financeira do estado de Minas Gerais.


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CULTURA

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018 Euler Jr

12ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos de BH Marcelo Camargo / Agência Brasil

A vida das pessoas ao conquistarem luz em casa

Para discutir mobilidade e cultura, “A Ocupação #11” acontece no domingo (23), na região do Viaduto Santa Teresa e da Praça da Estação. O evento, que é gratuito e vai das 10h às 22h, também comemora os cinco anos do Tarifa Zero e os dez anos do Movimento Nossa BH. A programação conta com roda de conversa, feira, shows, performances, oficinas, jogos, e apresentação dos blocos de carnaval. Mais informações em goo.gl/DvoRp6.

FOTOGRAFIA Em cartaz em BH, imagens registram nova rotina, autoestima e cidadania de quem teve um direito garantido Raíssa Lopes

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magine acompanhar o processo de instalação de energia elétrica em uma comunidade que há muito tempo - ou nunca - havia convivido com esse direito básico. Essa foi a ideia que culminou na exposição do fotógrafo Euler Jr., que está em cartaz até o dia 5 de novembro, na Galeria de Arte Cemig, em Belo Horizonte. Na capital, Euler pôde vivenciar a chegada da luz às ocupações Irmã Dorothy e Camilo Torres, iniciadas em 2010 na região do Barreiro, e no bairro Élisson Pietro, antigo Assentamento do Glória, criado em 2012, na cidade de Uberlândia. O resultado do olhar do artista se materializou em dez imagens que mostram não os equipamentos, fios ou os postes, mas a intimidade da casa dos moradores e como ter a energia garantida impactou suas vidas. “Nesse trabalho, ouvi coisas que nunca imaginaria. Por exemplo, ter a fatura de luz para eles era uma felicidade. ‘Quem quer pagar conta?’, a gente pensa. Mas

é porque isso acaba por torná-los mais cidadãos... Muitos me disseram que nunca tiveram um comprovante de endereço e assim perderam oportunidades. Hoje, eles têm”, reflete o fotógrafo. Realidade do povo Euler lembra que, para muitos brasileiros, não ter energia significa ficar sem TV, sem som, sem internet. No entanto, para outros, é questão de sobrevivência. Ele conta o caso de Ana, criança com uma doença rara no coração que depende do inalador em casos de crise. Ela fica diariamente ao lado do aparelho e pode morrer sem seu uso. Outra moradora, que utilizava ‘gato’ (energia irregular), perdeu toda a insulina que tinha pegado no posto de saúde para um período de três meses. A luz caiu por quatro dias e o medicamento não foi conservado. De acordo com dados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), ligações clandestinas representam a segunda maior causa de mortes com eletricidade no Brasil, atrás apenas de

acidentes fatais na construção civil. Para além do risco à saúde, o fotógrafo percebeu de perto a diferença de autoestima, postura e semblante das pessoas quando recebem o que lhes é de direito. “Mexeu muito comigo... O impacto é violento. Você precisa ver quando os caminhões, os postes chegavam. Era o assunto da comunidade. É ali que eu vi gente começar a se sentir gente, se sentir igual”.

Serviço Exposição

“Cemig nas Comunidades” Local Galeria de Arte Cemig Endereço Av. Barbacena, 1.200 Santo Agostinho, BH Quando até 5 de novembro Horário segunda a sexta, de 8h às 19h

Mostra Cantautores em BH Heder Novaes / Divulgação

O projeto consiste em apresentações solo e intimistas de cantores e compositores do Brasil. De 3 a 10 de novembro, se apresentam artistas como Ângela Ro Ro, Cátia de França e Zélia Duncan. A programação e os preços podem ser vistos no site: www.mostracantautores.com.br.

Aprendendo forró Reprodução

O Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) da UFMG está com um programa de aulas de forró a preços populares. É toda quarta, às 17h30, e as aulas experimentais são gratuitas. Para mais informações, acesse: www.facebook.com/piraescoladedanca.


Larissa Helena / A Sirene

MG

ESPECIAL

LAMA E LUTA 3 ANOS APÓS O CRIME, RIO DOCE FICOU NA MEMÓRIA Minas Gerais

Belo Horizonte, novembro de 2018 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO (Samarco/Vale/BHP Billiton) 3 anos depois: O que querem os atingidos? Mulheres enfrentam duras consequências Reparações são decididas pelas mineradoras

MAB prepara mobilizações em toda a bacia

Nilmar Lage


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ESPECIAL

Belo Horizonte, novembro de 2018 Nilmar Lage

Lentidão e injustiça mantêm abertas feridas após 3 anos do crime À ESPERA Reparações são decididas quase exclusivamente pelas mineradoras responsáveis pelo rompimento Rafaella Dotta

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om a chegada do dia 5 de novembro de 2018, os atingidos pela barragem têm uma triste tarefa: fazer o balanço de tudo o que aconteceu depois do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco/ Vale/BHP Billiton. E a palavra que mais aparece é “frustração”. Depois das mortes e das perdas em 2015, a vida de milhares de pessoas mudou para pior e, afirmam, as mineradoras pouco fizeram para consertá-las.

Só uma casa construída

As comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, em Minas Gerais, foram as que tiveram o maior número de casas atingidas ou destruídas pela lama. O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) calcula que pelo menos 410 famílias precisarão ser reassentadas, e mais de 300 aguardam a reforma ou reconstrução de suas casas.Apenas uma foi efetivada até o momento, no distrito de Ponte do Gama, zona rural de Mariana. As casas de Bento Rodrigues – o povoado que foi totalmente

destruído - foram prometidas para março de 2018, mas o prazo foi prorrogado para junho de 2019. Outra marca da lentidão é a falta de soluções para o uso da água, a plantação e criação de animais em lugares por onde a lama passou. Letícia Oliveira, integrante do MAB, explica que os moradores pressionaram a Fundação Renova- criada pelas mineradoras para fazer as reparações - para realizar estudos mais aprofundados, mas acabaram retomando as atividades por sua conta e risco. “Mesmo aqui em Mariana, que tem muita contaminação, o pessoal está comendo e criando peixe”, diz Letícia. Os moradores criam peixes em tanques naturais na terra – um buraco escavado e cheio d’água –, que pode ser contaminado através do solo.

O desleixo com a contaminação

Já em Barra Longa, a incerteza deu lugar aos sintomas. O Instituto Saúde e Sustentabilidade, em parceria com o Greenpeace, entrevistou 507 pessoas e 37% delas relatou que sua saúde piorou depois do desastre. Dor de cabeça, tosse

e dor nas pernas são os mais recorrentes e 83% afirmam ter adquirido problemas emocionais ou comportamentais. Dentre as crianças, as doenças respiratórias foram 60% das reclamações. Os mesmo sintomas são sentidos em toda a bacia, da foz ao litoral do ES. A filha de Simone Aparecida, de 4 anos, apresenta dificuldades para respirar, manchas vermelhas e queda de cabelo. “Tem três anos que eu estou denunciando esses problemas de saúde”, lamenta. Uma receita médica aconselha que a família deixe a cidade, para que a criança não fique próxima da lama, porém, a Fundação Renova não fornece nova moradia nem o benefício do cartão mensal, pois não considera que a criança seja atingida.

Indenizações injustas

As reclamações sobre as indenizações também são muitas. Atingidos se dizem indignados com a falta de transparência e a demora dos ressarcimentos. Pessoas com problemas iguais estariam recebendo valores diferentes, famílias que requerem indenização ainda esperam resposta e os valores seriam abaixo do espe-

rado. Para Thiago Alves, do MAB e morador do médio Rio Doce, os casos mostram uma desorganização da Renova. O Movimento de Atingidos por Barragens calcula que quase 2 milhões de pessoas foram atingidas pelo crime da Bacia do Rio Doce. Dessas, 30 mil foram cadastradas, 8.537 foram indenizadas por danos gerais e 254 mil indenizadas por desabastecimento de água, que pagou em média mil reais por pessoa. O programa de auxílio financeiro emergencial assiste atualmente 10 mil famílias, com um salário mínimo por mês, mais 20% por dependente e cesta básica.

Respostas A Fundação Renova declara que contratou 80 profissionais que se integraram aos órgãos do SUS na região e está em andamento a Avaliação de Risco à Saúde Humana, fiscalizada pelo Comitê Interfederativo. Declara ainda melhorias nas Estações de Tratamento de Água em cidades atingidas, e que a água do Rio Doce “pode ser bebida com segurança desde que seja tratada”.

Raio-x da Fundação Renova A Fundação Renova foi criada em 2016 para cuidar das indenizações e outras reparações após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. As mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton não podem “cuidar das vítimas”, já que foram as responsáveis pelo crime. A Fundação Renova seria uma entidade neutra a fim de fazer valer os direitos dos atingidos, porém, os próprios atingidos passaram a se atentar para “quem manda” na fundação. O site da Renova mostra sua organização, com seis órgãos principais e seis órgãos indiretos, sendo que o Conselho Curador é quem bate o martelo do que será feito. Até setembro deste ano, o conselho era composto por: três indicados pela Vale S.A., três indicados pela BHP Billiton e uma pessoa indicada pelo Comitê Interfederativo. Ou seja, 85% do conselho formado pelas empresas responsáveis pelo crime, que com este número conseguiam aprovar ou desaprovar o que fosse do seu interesse.


Belo Horizonte novembro de 2018

O que querem os atingidos? á três anos em luta por seus direitos, os atingidos e atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BHP desde a foz do Rio Doce ao litoral no Espírito Santos rea-

lizam reuniões, encontros, debates, manifestações e assembleias para debater e conquistar soluções para seus problemas. Atingidos contam ao Brasil de Fato MG suas principais reivindicações:

Maíra Gomes

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“Já tem gente em Barra Longa que está com exame que mostra a contaminação. Tem que fazer os exames em todo lugar que teve lama e que recebe essa água suja até hoje. A rede de saúde tem que ampliar, porque hoje tem muita gente precisando de assistência e a ReAmelia Beatriz Mendes, nova que deve pagar isso”. atingida do município de Patrícia Ambrósio do Val, Barra Longa do município de Periquito

Sem trabalho estamos todos nós, eu, meu marido e milhares de pessoas depois do crime! Queremos ação da Renova, que a gente tenha onde trabalhar, ganhar o sustento da nossa família, e voltar à vida como era antes da lama”.

“Que sejam contratadas todas as Assessorias Técnicas na Bacia do Rio Doce para que a gente possa dizer dos nossos próprios problemas. Elas nos ajudam a entender o que passamos e quais as melhores formas de resolver. Não é a Renova que tem que vir aqui e dizer isso, somos nós, e a Assessoria Técnica serve pra isso”. Valdirene Alves Naduro, atingida do município de Itueta

“Nossas terras têm que ser reconhecidas pela Renova, pra gente receber os cartões, já que não pode pescar. A Renova está enrolando, porque até o CIF [Conselho Interfederativo] reconheceu que isso tudo aqui foi atingido pela lama e eles nem consideram que a gente existe” João Carlos, da comunidade de de Nazaré, no Espírito Santo

ESPECIAL

Mulheres enfrentam descaso e falta de renda

Rafaella Dotta

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osilene Luíza Bento é de Gesteira e trabalha como agente comunitária de saúde em Barra Longa. Ela foi para o local da lama horas depois do rompimento da barragem e ajudou inúmeras pessoas nos seus primeiros cuidados. “A vida lá está uma bagunça. Tem hora que a gente chega e é a mesma sensação do dia depois da lama”, define. O número de problemas de saúde estourou, segundo relato de Rosilene, e as mulheres passaram a ficar mais sobrecarregadas. “Aumentou o problema de pele, antes eram quatro casos, hoje são mais de 40. Praticamente todo mundo agora tem problema de vista, com a secura e a poeira da lama. O número de problema psiquiátrico também ficou grave”, conta. Uma moradora de Gesteira que já tinha problemas psi-

quiátricos estava há 26 anos sem surto. A tragédia de 2015 a levou novamente a estado grave. Em 11 de outubro, ela quis atravessar o rio para chegar no outro lado, onde antes ficavam as casas que foram destruídas pela lama. “Levei um psiquiatra para conversar e ela contou que estava indo fazer almoço para a mãe”, diz Rosilene.

Difícil até pra dormir Em Paracatu de Cima os casos são parecidos. A atingida Maria do Carmo D’Angelo conta que o número de mulheres deprimidas é muito grande. “Essa lama continua nos matando. Inclusive eu estou com depressão muito forte e com síndrome do pânico. Fiquei muitos dias sem dormir por medo da outra barragem se romper”, lamenta.

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Nilmar Lage

Renda vai para o marido Os problemas financeiros também bateram na porta. Thiago Alves, integrante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), relata que os cartões de subsistência e as indenizações têm sido entregues pela Fundação Renova, em 90% dos casos, aos homens das famílias. São 70% das mulheres cadastradas sem resposta, ou seja, sem o reconhecimento da Renova. “A Renova prejudica milhares de mulheres na sua condição econômica dentro de casa, submetendo-as ao mando do marido, que agora controla o cartão e a indenização”, analisa. Mulheres que tinham renda com a pesca ou agricultura passaram a depender do cartão que o marido controla, e maridos que usam o dinheiro para outros fins, deixando esposa e filhos à míngua, descreve Thiago.

EXPEDIENTE Esta edição especial é uma produção do Brasil de Fato MG, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) CONTATOS: (31) 3309 3314 / 3213 3983 / redacaomg@brasildefato. com.br/ facebook.com/brasildefatomg


ESPORTES

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CPmÌDIAS

3 anos de lama e luta

Protesto vai passar por 14 cidades de MG e ES P essoas que foram atingidas pelo rompimento da barragem organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) irão realizar ações ao longo de toda a Ba-

cia do Rio Doce. A intenção é denunciar os problemas pelos quais estão passando nestes três anos depois do crime. Em 4 de novembro, a marcha tem início em Mariana, com o

Encontro das Mulheres e Crianças, que vai discutir as consequências do crime na vida das mães, avós, filhas e dos pequenos. A marcha segue para mais 13 cidades: Ipatin-

ga, Naque, Cachoeira Escura, Governador Valadares, Colatina, Resplendor, Itueta e Regência. Nesses locais estão programados uma série de eventos sobre as questões de cada lo-

cal, como feiras de saúde, caminhadas, atos culturais e missas. As ações duram dez dias e terminam no encontro com o mar capixaba. (Da redação)


Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

ENTREVISTA

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“Programa de Bolsonaro não vai resolver problemas concretos do povo” PÓS ELEIÇÕES Liderança do MST, João Pedro Stédile fala sobre quais são os próximos passos da esquerda Guilherme Santos / Sul21

Da redação

Eloá Oliveira

“S

aímos desse processo aglutinados, com capacidade e força organizada para resistir à pretensa ofensiva fascista”. A afirmação é de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sobre o resultado das eleições presidenciais. Confira os principais trechos da entrevista.

Brasil de Fato - O que dizer para as mais de 46 milhões de pessoas que votaram no candidato Fernando Haddad, apoiado pelo MST?

João Pedro Stedile - Precisamos, acima de tudo, ter muita serenidade e entender o contexto da luta de classe e não nos considerarmos derrotados por esse resultado. Ainda que as urnas tenham dado legitimidade ao Bolsonaro, não significa que ele teve a maioria do apoio da população. Há um alto índice de abstenção, 31 milhões. O Haddad teve 45 milhões. Só aí são 76 milhões de brasileiros que não votaram no Bolsonaro. Como um breve balanço, a última semana consagrou uma vitória política da esquerda e dos movimentos populares. Tivemos inúmeras manifestações de todas as forças organizadas.

76 milhões de brasileiros que não votaram no Bolsonaro

Precisamos reconstruir uma unidade popular em torno de um projeto. Um programa de soluções para o povo, porque do lado do governo não virá.

Sindicatos, intelectuais, estudantes, universidades. Nós sofremos uma derrota eleitoral, mas saímos desse processo aglutinados, com capacidade e força organizada para resistir frente a pretensa ofensiva fascista. O presidente eleito já disse que tem a intenção de tipificar o MST e o MTST como organizações terroristas. Você acha que há a possibilidade real e institucional que isso aconteça?

Eu acho que o governo Bolsonaro vai se assemelhar, se fizermos um paralelo, com que foi o governo Pinochet no Chile. É um governo que vai usar todo o tempo a repressão, as ameaças, o amedrontamento. Vai liberar as forças reacionárias que estão presentes na sociedade. Por outro lado, ele vai tentar dar liberdade total ao capital em um programa neoliberal. Porém, essa fórmula é inviável, não dá coesão social e não resolve os

Não nos assustemos. As contradições que eles vão enfrentar serão muito maiores do que as possibilidades de eles reprimirem impunemente problemas fundamentais da população. O Brasil vive uma grave crise econômica que é a raiz de todo esse processo. Desde 2012 o país não cresce. Portanto, ao não crescer, ao não produzir novas riquezas, os problemas sociais, econômicos e ambientais só vão aumentando. Ele com seu programa ultraliberal, não vai resolver os problemas concretos da população, como emprego, renda, direitos trabalhistas, previdência, terra, mora-

dia, isso vai aumentando as contradições. Não nos assustemos. As contradições que eles vão enfrentar serão muito maiores do que as possibilidades de eles reprimirem impunemente. Como fica a articulação da unidade da esquerda e a defesa da libertação do ex-presidente Lula?

Para a esquerda e movimentos populares, temos um desafio enorme daqui pra frente de organizar comitês populares em todo Brasil, organizar um verdadeiro movimento de massas, e organizar uma verdadeira campanha internacional pela libertação de Lula. Evidentemente haverá outros desafios sobre os quais nós, da esquerda e movimentos populares, teremos que nos debruçar no próximo período para nos aglutinarmos. Quem sabe nos juntarmos todos, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo, em uma Frente Popular pela Demo-

cracia e Antifascista. Temos muita luta pela frente. A luta de classes é assim. É muito parecida com um jogo de futebol em um longo campeonato. Tem domingo que se perde uma partida, tem outro em que se ganha. Mas o fundamental é ir acumulando força e organizando nosso povo. É isso que muda a correlação de forças. Ficou claro durante essa campanha: nós temos que retomar o trabalho de base, que até o Mano Brown puxou a orelha. Finalmente, temos que fazer um novo debate no país, sobre um novo projeto soberano para uma sociedade igualitária e justa. Como essa campanha foi baseada na mentira e na luta contra a mentira, nós não discutimos programa, não discutimos um projeto estrutural para o país. Agora temos que recuperar esse debate e nos próximos meses e anos, reconstruir uma unidade popular em torno de um projeto. Um programa de soluções para o povo, porque do outro lado, do governo, não virá.


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MUNDO

Belo Horizonte, 1 a 8 de novembro 2018

Com Bolsonaro, Brasil volta a ser subalterno aos Estados Unidos DIPLOMACIA Falas de futuro ministro revelam equívocos sobre funcionamento do Mercosul Reprodução de vídeo

“Únicos derrotados são os que baixam a cabeça”, lembra Mujica Da Rede Brasil Atual

O presidente eleito Jair Bolsonaro bate continência à bandeura estadunidense em evento na Flórida

Rafael Tatemoto De Brasília (DF)

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condução das relações internacionais do Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro (PSL) deve aprofundar a posição traçada pela gestão de Michel Temer (MDB): alinhamento passivo aos países ricos através do bilateralismo, ou seja, retirando o enfoque em blocos regionais no subcontinente e/ou com países em desenvolvimento. As recorrentes mensagens de Bolsonaro a favor dos EUA, incluindo um vídeo em que presta continência para a bandeira do país estrangeiro, são sinais desta linha. Somam-se a esses gestos as recentes declarações de Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda, sobre o Mercosul. Segundo ele, o bloco não será mais uma prioridade para o Brasil. Além disso, a fala apresentou diversos equívocos sobre o funcionamento do bloco.

Karen Honório, professora de Relações Internacionais na Unila, explica que a visão esposada por Guedes e Bolsonaro pode ser classificada como neoliberal na política externa. Ela alerta, entretanto, para os erros do primeiro em relação ao Mercosul. Segundo ela, esta corrente analisa a diplomacia como viés distorcido. “O que chama atenção na declaração é até que ponto está servindo a fins eleitorais do que de fato representa conhecimento do Mercosul. Ele desconhece que a Bolívia não faz parte do Mercosul, que a Venezuela está suspen-

Para futuro ministro da Fazenda, Mercosul não será prioridade para o Brasil

sa. Grande parte do comércio do Brasil é de produtos industrializados”, pondera.

Relações do Brasil com bloco são superavitárias Assim, a fala de Guedes sobre a bolivarianização do bloco é insustentável. De outro lado, lembra Honório, as relações comercias do Brasil no Mercosul são superavitárias. A indústria de carros brasileira, por exemplo, encontra grande mercado consumidor no bloco. Sandra Quintela, integrante da Rede Jubileu Sul e da coordenação do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, indica, portanto, que são os interesses da grande indústria brasileira que Bolsonaro terá de enfrentar se levar a cabo a posição de Guedes. Da mesma forma que terá de enfren-

tar mineradoras brasileiras se mantiver a linha de afastamento da China. Ela aposta também que a participação do Brasil nos Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) será prejudicada, pelo possível afastamento de China e EUA, e afirma que a opção pelo bilateralismo significará uma política externa “de joelhos”, já que, pragmaticamente, é mais razoável negociar com os países desenvolvidos estando em blocos regionais. “Essa postura bilateral de negociar o Brasil sozinho com a União Europeia inteira: que posições vão prevalecer? Obviamente não serão as nossas. Apesar de ser uma potência, o Brasil é um país periférico do capitalismo global. Não temos as mesmas condições”, afirma. Jair Bolsonaro ainda não apresentou nome para o Ministério das Relações Exteriores.

“Os únicos derrotados são os que baixam a cabeça, que se resignam com a derrota”, disse o senador e ex-presidente uruguaio José Alberto Mujica, conhecido popularmente como Pepe Mujica, no domingo (28), acerca do resultado eleitoral no Brasil. Mujica lembrou: “a vida é uma luta permanente, com avanços e retrocessos”. Com a experiência de uma liderança que viveu altos e baixos, ele disse que “é (preciso) aprender com os erros que cometemos e começar de novo”. “E tampouco achar que quando vencemos tocamos o céu com as mãos e que chegamos a um mundo maravilhoso. Não, apenas subimos um degrau.” Para Mujica, é preciso “ter humildade, do ponto de vista estratégico”. Não há derrota definitiva, nem vitória”, acrescentou. Presidente da República Oriental do Uruguai entre 2010 e 2015, e eleito à cadeira de senador, cargo que renunciou este ano por motivos pessoais, Mujica teve importante papel no combate à ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985) e em decorrência de sua atividade política passou 14 anos na prisão, de onde só saiu no final da ditadura, em 1985.


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BRASIL

O que esperar do próximo governo

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PERSPECTIVAS Bolsonaro e seu anunciado ministro da economia, Paulo Guedes, já mostram o que pretendem fazer Fábio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil

Fusão de Ministério da Fazenda e do Planejamento foi tentada no governo Collor e deu errado

Frédi Vasconcelos* De Curitiba (PR)

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o ganhar a eleição para presidente, Jair Bolsonaro (PSL) trouxe grande grau de incerteza em diversas áreas, por sempre ter sido um político de pouco destaque no Congresso Nacional, aparecendo apenas em pautas contra direitos humanos, gays, negros e pela defesa do armamento da população. Para entender o que pode representar seu governo, foram pesquisadas declarações e programa de governo em áreas essenciais como política, economia e liberdade de comunicação para traçar um possível cenário do que vem por aí nos próximos quatro anos. Uma incógnita na política Jair Bolsonaro passou por sete mandatos no Congresso Nacional, não tendo grande destaque como deputado federal. Seu partido, o PSL, conquistou 10,1% das cadei-

ras da Câmara dos Deputados e 4,9% no Senado. Com esse quadro, o professor do Departamento de Ciência Política da USP Rogério Bastos Arantes diz que seu governo terá três caminhos. O primeiro ir contra o discurso de campanha e aderir ao presidencialismo de coalizão. O outro é fazer o que chama de autoritarismo legal ou legalidade autoritária, modo de atuação parecido com o regime de 1964. Governando pela força, mas sempre buscando algum grau de legitimação processual. A terceira

Medidas anunciadas incluem privatização das estatais e reforma da Previdência

via seria o que chama de “um governo errante, porém mobilizador, estimulador da violência na sociedade e beligerante internacionalmente”. Fusão do Ministério da Agricultura com do Meio Ambiente A fusão anunciada na terça-feira (30) pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, representa uma ruptura com toda a política de controle urbano desenvolvida ao longo dos últimos 30 anos. A medida pode dar início a uma flexibilização da legislação ambiental em nome dos interesses do agronegócio, na análise do professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro. “Parece que ele (Bolsonaro) não conhece os temas, está indicando pessoas que

têm o viés de classe, não a visão de público e do que é a gestão de um país. Nós estamos assistindo, de fato, a retrocessos que são bastante preocupantes”, critica Ribeiro. Economia liberal e entrega do patrimônio público As medidas declaradas até agora pelo provável futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, vão na direção de substituição de impostos, diminuição dos gastos públicos, reforma da Previdência Social, privatização de estatais e abertura econômica. Uma das medidas já anunciadas é que pretende vender estatais para diminuir a dívida pública e o pagamento de juros. Para se ter ideia, uma das medidas sinalizadas é a possível venda das áreas de petróleo concedidas à Petrobras, chamadas de “cessão onerosa”. Outra é a fusão do Ministério do Planejamento e da Fa-

zenda no superministério da Economia. O ex-ministro da Previdência de Dilma, Ricardo Berzoini, declarou que é um “erro brutal juntar Fazenda e Planejamento, instituições de natureza diferente. O último que fez isso foi Collor. As declarações de Paulo Guedes, não sei por quê, me fazem lembrar da Zélia Cardoso de Melo”, diz. Ataque à imprensa e controle de verbas A relação conturbada de Bolsonaro com a imprensa ficou clara na sua carreira política e também na campanha eleitoral, principalmente por não aceitar matérias críticas como a da Folha de S. Paulo que mostrava que empresários estavam disparando mensagens clandestinas em massa por WhattsApp, configurando caixa 2. Para Júlio Cesar Carignano, diretor executivo do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, há grande preocupação com a forma de Bolsonaro encarar sua relação com a imprensa. “Logo na primeira entrevista, diz que usará verbas públicas como instrumento de barganha e pressão a veículos de comunicação”, conclui. (*Com Rede Brasil Atual)


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Amiga da Saúde

BAFAFÁ “NAZARETH” DE VOLTA EM “SEGUNDO SOL”

Reprodução

Minha filha de 2 anos adora café. Pode fazer algum mal? Priscila Ribeiro, 29 anos, psicóloga.

Apesar de ser muito presente na alimentação dos brasileiros, o café não deveria ser consumido por crianças menores de 6 anos, Priscila. Ele tem efeito estimulante, podendo prejudicar o sono das crianças. Além disso, pode atrapalhar a absorção do ferro dos alimentos e levar à anemia. Mesmo para as crianças maiores de 6 anos, se for usado em excesso (mais que uma xícara ao dia), pode causar insônia, agitação, irritabilidade e dores no estômago. O café não é um vilão, ele traz benefícios também, desde que usado na medida certa e idade adequada. Em sua reta final, a novela “Segundo Sol” trouxe uma grande surpresa para os telespectadores: foi o encontro de duas atrizes em cena que interpretaram as duas vilãs mais famosas dos últimos anos. Falo de Adriana Esteves, que interpretou Carminha na saudosa “Avenida Brasil”, e Renata Sorrah, que interpretou Nazareth Tedesco, em “Senhora do Destino”. Na última semana, Renata Sorrah surgiu como Dulce, a mãe misteriosa de Laureta e está agitando a trama, nos brindando com ótimas cenas com Adriana Esteves. Aguinaldo Silva, o criador da vilã Nazareth, lembrou ainda que as duas atrizes também interpretaram a mesma personagem: “As duas Nazarés juntas? Ah, João, essa foi Encontro de vilãs é histórico demais. Eu quis trazer a Naza de volta e não consegui e você me traz as duas june ainda vai tas, a madura e a novinha?... Adorei”, posrender muito tou Silva, provocando o autor de “Segundo Sol.” O surgimento de Dulce está trazendo o passado de vários personagens à tona. Laureta revela a Remy (Vladimir Brichta) que é seu irmão, já que Nestor (Francisco Cuoco) é pai dos dois. No passado, Nestor abandonou a mãe Laureta para ficar com Naná (Arlete Sales), mãe de Remy. Isso explica o ódio da cafetina pela família Falcão. Outro passado que será revelado é o de Karola (Déborah Secco). Dulce contará para ela que Laureta é sua mãe, além de ela descobrir que Severo (Odilon Wagner) é seu pai. Essas duas vilãs, agora que descobriram que são mãe e filha, ainda aprontarão na novela. Nos capítulos finais, Dulce irá morrer num acidente de trânsito ao tentar fugir das garras da filha, que trama contra ela. Morta, Dulce terá o seu corpo enterrado numa cova, com sua aliança de ouro roubada pela própria filha, com a ajuda da neta, Karola. A novela ainda promete muitas surpresas nos seus últimos capítulos. A mais aguardada, com certeza, é o destino da megera Laureta. Vamos ver o que acontecerá, com mais essa brilhante e inescrupulosa vilã interpretada por Adriana Esteves. Mais uma trama para a história da TV brasileira. Felipe Marcelino é professor de filosofia.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos DICAS PARA O ENEM Trazemos dicas aos que vão fazer as provas do ENEM, o Exame Nacional do Ensino Médio, nos dias 4 e 11 de novembro. A prova serve para o ingresso ao ensino superior em universidades públicas brasileiras. Porém, todos os anos, muitos candidatos são desclassificados por desconhecerem as normas do edital. A primeira dica é se programar para chegar ao local da prova com pelo menos uma hora de antecedência, lembrando que mais de 5 milhões de pessoas farão as pro-

vas, e com isto, em alguns lugares, o trânsito pode ficar mais difícil. Outras dicas importantes são: comparecer ao local da prova portando documento de identidade válido e cartão de inscrição emitido pela página do ENEM na internet e utilizar somente caneta esferográfica de tinta preta, fabricada com material transparente para preencher o cartão de resposta e elaborar a redação. Os candidatos devem ler todo o edital para não marcar bobeira!

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


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www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas ARROZ DE BRÓCOLIS COM ALHO Reprodução

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Solução

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Ingredientes • • • • • • •

500 g de arroz cozido em alho 2 maços de brócolis fresco 100 g de alho 3 colheres (sopa) de azeite 20 g de bicarbonato de sódio 3 litros de água Sal a gosto

Modo de preparo O primeiro passo é limpar e higienizar bem os brócolis. Na sequência, descasque os talos e remova a pele com ajuda de uma faca. Coloque o brócolis para cozinhar em uma panela com água, sal e bicarbonato de sódio até que os talos fiquem bem macios. Assim que eles estiverem macios, escorra a água e reserve o brócolis. Refogue um pouco do alho com o arroz cru em uma panela por alguns segundos. Em seguida, encha a panela com água e deixe cozinhar até secar. Quando estiver pronto, reserve. Aqueça uma panela com o azeite e coloque o restante do alho para dourar. Quando ele estiver levemente dourado, acrescente o brócolis e refogue por alguns minutos até dourar. Adicione o arroz já cozido e misture bem até que ele fique bem verdinho.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


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Ginástica aeróbica: atletas da UFMG brilham em mundial

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Assessoria / CBF

Iago Proença / Assessoria EEFFTO

O

s ginastas Lucas Santiago e Tamires Rebeca conquistaram o título de duplas da Copa do Mundo de Ginástica Aeróbica da Bulgária. Lucas também faturou o ouro no indi-

vidual masculino, do World Series. Os dois são formados pelo projeto de extensão de Ginástica Aeróbica da Universidade Federal de Minas Gerais. O projeto é gratuito e atende a crian-

ças de diversas idades e tem apoio da Escola de Educação Centro de Treinamento Esportivo (CTE), a Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e do Centro Esportivo Universitário.

“Muitos brasileiros não acreditam que o novo presidente ponha em prática os terríveis preconceitos que ele falou em público. Espero que eles estejam certos... Mas, para termos certeza disso, precisamos de uma forte resistência da sociedade civil e da oposição” Raí, ex-jogador tetracampeão do mundo, em entrevista ao jornal francês L’Equipe.

Gol de placa Corinthians faturou o título de campeãs brasileiras da séria A1 feminina. Sexta (26), no Parque São Jorge, as alvinegras bateram o Rio Preto por 4 a 0, com gols de Milene, Yasmin, Marcela e Maga. Elas já tinham vencido o jogo de ida por 1 a 0, no dia 20, em São José do Rio Preto.

Gol contra Torcedores do Arsenal insultaram e ameaçaram o atacante marfinense Wilfried Zaha, do Crystal Palace. Eles proferiram palavras racistas contra o jogador, após a marcação de um pênalti duvidoso. O incidente ocorreu no domingo (28), em empate por 2 a 2 entre as equipes, pelo Campeonato Inglês.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Após um bom início de trabalho, o treinador Adilson Batista parece ter perdido o controle da equipe alviverde. A insistência em inventar escalações incomuns, bem como a manutenção de atletas que não têm rendido o suficiente, como os meias Gerson MaDecacampeão grão e Ruy e o atacante Luan, ajudam a explicar a incrível sequência de oito jogos sem vencer no Campeonato Brasileiro. Nada justifica Adilson Batista querer manter a escalação de um time que não ganha de quase ninguém e de jogadores que não se entreguem ou não estejam bem. Ainda são boas as chances de se manter na Série A. Mas é preciso que o professor pardal seja menos inventivo e escute o clamor da torcida.

Avaliar a situação do Atlético é tarefa árdua para qualquer comentarista. Em quatro rodadas, já foram demitidos o treinador e o diretor de futebol, Alexandre Gallo, vítima da hora. Torcedores pediram a saída do presidente Sérgio Sette Câmara. E, para piorar, saÉ Galo doido! lários atrasados. Trocando em miúdos: uma baderna completa. Já tem gente aposentando o goleiro Victor, detonando o Chará, escrachando o Luan, amaldiçoando Maidana e Leonardo Silva. Muitos já olham Levir Culpi meio de lado. O elenco, antes suficiente – pois tinha Róger Guedes –, virou uma baba. E o projeto de disputar as competições da temporada fez água. Sejamos sinceros, o clube precisa projetar o futuro sem vender ilusões.

Salve, salve, nação azul! Um destaque da vitória sobre o Paraná foi o retorno de Fred. Após oito meses fora de combate, ele tem um bom motivo para encerrar bem o ano: está a três gols de se tornar o segundo maior goleador La Se Bestia Negra dos brasileiros. conseguir a façanha, superará Edmundo (153 gols) e Romário (154), ficando atrás apenas de Roberto Dinamite (190). Eu não aprovei a contratação dele pelos valores do salário e pelo tempo de contrato. Pesou também a passagem pelo rival. Isto posto, tomara que o jogador feche em alta a temporada. Para quem acredita na lei do ex, o clássico contra o América, domingo (4), pode ser boa oportunidade para Fred voltar de vez ao caminho dos gols. Abraços!


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