Breno Pataro / PBH
Minas Gerais
R$ 4,50: tá caro demais
Suco gelado e verde
Aumento é contestado com cálculo que toma como base fórmula usada em outras capitais
Aprenda uma receita saudável, fácil e refrescante para os dias de calor
CIDADES 4
VARIEDADES 12
MG
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro de 2019 • edição 266 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita MOHD RASFAN / AFP Maximino Cerezo Barredo
MAUS SINAIS Salário bem mínimo
Ministros investigados
Escanteio da cultura
Bolsonaro decreta menor reajuste em 24 anos. Mudança foi abaixo do aprovado pelo Congresso
Nove dos 22 escolhidos por presidente estão enrolados em denúncias que vão de corrupção a ações trabalhistas
Enquanto Bolsonaro extingue ministério, Zema faz exonerações que deixam área quase paralisada
ENTREVISTA, 11
BRASIL 8
BRASIL 9, MINAS 5
2
OPINIÃO
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Editorial | Brasil
Arregacemos as mangas: governo, de sacanagem, vem de fuleragem
ESPAÇO DOS LEITORES “Viva o verão! Igor Sá comenta a coluna de ciências, com o título “Como escolher o protetor solar?” “O que mais é preciso acontecer para o brasileiro se revoltar?” Sidney Dias comenta a matéria “Saiba quanto você perdeu por cobrança abusiva da passagem de ônibus em BH” “Eita, tá começando a reação!” Frei Éderson Queiroz escreve sobre a matéria no site “Juristas pela Democracia repudiam ideia de Bolsonaro de extinguir Justiça do Trabalho” “Prática recorrente antes de privatizar. Demoniza, sucateia e argumenta que não funciona e dá prejuízo. Depois vende a preço de banana pros “amigos” Rita Reis escreve sobre a notícia “Trabalhadores da Caixa repudiam declarações de Paulo Guedes e denunciam privatização” “Eu ouvi a entrevista ontem, muito boa e compartilhei” Lee Santos comenta sobre a entrevista com João Pedro Stedile: “A militância não pode ter medo algum, porque estamos lutando por justiça”, na rádio Brasil de Fato
Quem acompanha o Brasil de Fato já sabe do nosso posicionamento editorial e político: somos um veículo comprometido, desde a origem, com a luta pela redução das desigualdades, por mais direitos, pelo avanço e aprofundamento da democracia. Se defender esses valores significa ser de esquerda, então nos colocamos desse lado, junto aos movimentos populares, organizações políticas e pessoas que defendem um estado, um país e um mundo com mais justiça.
Onda conservadora não é invencível Não precisamos listar neste editorial o imenso rol de barbaridades que estão em marcha no país, desde o golpe de 2016 e ainda mais radicalizados com a eleição e posse de um governo de extrema direita que parece ter orgulho da própria estupidez. Sobre esses assuntos, nossos instrumentos de comunicação – página na internet, redes sociais, programas de rádio e as edições impressas, como este tabloide – seguem com o firme objetivo de denunciar cada passo dado no rumo da retirada de direitos, do avanço do conservadorismo. Assim como seguimos ainda mais convictos do nosso compromisso em trazer não só as lutas organizadas, mas também as opiniões e sentimentos das pessoas alijadas dos espaços de poder.
Não tenhamos medo Em um período turbulento e doloroso como este, a tentação de embrenhar em disputas fraticidas pode crescer. Não caiamos neste poço. Precisamos reconhecer nossos erros: de análise, de prática, de comodismo, de ilusão, de descrença. Mas também precisamos saber fazer a leitura de correlação de forças e perceber que o avanço do capital – com seus contra-valores, como o egoísmo, o consumismo, a ignorância – se dá em todas as brechas da vida em sociedade, da economia ao modo de pensar. Não tenhamos medo. É preciso conhecer o inimigo, como ele se organiza, como se infiltra na cultura, como espalha suas ideias, como nos oprime. Ele não é invencível. Enquanto espalha suas mentiras, sentimos no corpo os efeitos das suas perversidades. E o corpo reage ao que o mata.
Nossas armas são a palavra, a cultura e a alegria É preciso recolocar na ordem do dia: trata-se de luta de classes. Se um lado está em ofensiva, o outro, o nosso, precisa reorganizar suas forças e preparar com todas as armas – as palavras, o trabalho de base, a cultura, a alegria, a fé – a contra-ofensiva. É trabalhoso, talvez lento, mas é o único processo que faz sentido em um momento como este.
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Em seu primeiro ato de governo, no dia 1º de janeiro, Bolsonaro decretou um reajuste do salário para R$ 998, ou seja, R$ 8 abaixo do aprovado pelo Congresso. Com isso, os trabalhadores perdem pelo menos R$ 104 por ano. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:
O que você pensa sobre esse reajuste?
Eu acho triste, lamentável e preocupante. Ao longo de um ano, pra quem ganha salário mínimo, uma pessoa vai deixar de ganhar R$ 100. Isso vai gerar desaquecimento da nossa economia como um todo, principalmente para trabalhadores de baixa renda, em cidades do interior e aposentados. Luís Fernando, professor de sociologia
GERAL
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
3 Divulgação
Declaração da Semana “Foi só uma coincidência o filho do Mourão ter dobrado o salário e recebido uma mega promoção num banco de capital misto oito dias depois do pai virar vice-presidente do Brasil”
Ironizou o youtuber Felipe Neto em referência à nomeação do filho do vice-presidente Hamilton Mourão, Antonio Mourão, como assessor especial do Banco do Brasil. O salário dele passou de R$ 14 mil para R$ 36 mil
Ninguém fora da escola!
Agência Brasil
É péssimo, não é representativo do que custam as coisas. Qualquer pessoa que vai ao supermercado sabe que com menos de R$ 150 você não compra nada. Então, como o trabalhador que ganha esse salário e que, aqui em BH, tem que pagar ônibus, com a tarifa mais cara do Brasil, vai ter uma vida digna? Bernadete Trigo, professora aposentada
Quem deseja retomar os estudos deve ficar atento: até 25 de janeiro acontece o cadastramento escolar para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Minas Gerais. As inscrições são realizadas por meio de um formulário eletrônico, que está disponível no portal da Secretaria de Estado de Educação (SEE). Acesse o link: www.goo.gl/eAxDXK.
Todo mundo no ensino superior!
Reprodução Facebook
O cursinho Pré-Enem gratuito oferecido pela UFMG está com matrículas abertas. O projeto se chama Humanizar e atende alunos de baixa renda de Belo Horizonte e da Região Metropolitana da capital. As inscrições vão até o dia 25 de janeiro. Mais informações: www.facebook. com/humanizarfafich.
4
MINAS
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Movimento sai às ruas contra tarifa a R$ 4,50
Breno Pataro / PBH
BELO HORIZONTE Cálculo mostrou que passagem poderia custar R$ 3,45, incluindo cobradores e lucro dos empresários Divino Advincula / PBH
Outros aumentos
Wallace Oliveira
D
urante a semana, o Movimento Tarifa Zero saiu às ruas para protestar contra o preço da passagem de ônibus em BH, que foi reajustado acima da inflação. Na terça-feira (8), o movimento fez uma reunião pública no viaduto Santa Tereza para discutir ações contra o reajuste. Na quarta (9), em aula pública em frente à Prefeitura, o Tarifa Zero apresentou um cálculo indicando o preço da passagem a R$ 3,45. Na quinta-feira (10), o coletivo realizou um ato no fim da tarde, com concentração na Praça Sete. Mesmo com a retirada de cobradores pelas empresas e a diminuição de horários em várias linhas, as tarifas subiram de R$ 4,05 para R$ 4,50 (linhas municipais) e de R$ 2,85 para R$ 3,15 (circulares e alimentadoras). O aumento foi definido no dia 26, após reunião da BH-
Trans com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH). O Tarifa Zero obteve liminar na Justiça Federal suspendendo a medida, mas o desembargador Carlos Levenhagen, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, derrubou a decisão, garantindo o novo preço. “O preço atual em BH é alto para um serviço bem ruim. Tem horários que não são cumpridos, principalmente no início da noite, quando o pessoal está mais cansado, querendo voltar para casa e o ônibus não passa”, critica o usuário Renato Colotto, que compareceu ao aulão do Tarifa Zero na quarta (9). “Não dá para administrar uma cidade com as portas fechadas, sem discutir com a população. Então, já que o prefeito não discute, o pessoal está aqui tentando ver uma alternativa”, acrescentou.
Cálculo da tarifa Em 2008, durante a gestão do então prefeito Fernando Pimentel (PT), entrou em vigor um novo contrato, concedendo o direito de operar
“O preço é caro para um serviço bem ruim”, diz usuário o serviço na capital a 40 empresas, em quatro diferentes consórcios, por 20 anos. Essas empresas passaram a controlar diretamente, sem intermediação da Prefeitura, o dinheiro pago pelos usuários. Antes, o recurso era recolhido pela BHTrans, empresa de economia mista que regula o serviço em BH, e depois repassado às concessionárias. O contrato estabeleceu uma nova regra para reajus-
tar a passagem, a “paramétrica”. Por essa regra, a tarifa aumenta anualmente com base em alguns índices, como o preço do diesel, rodagem, veículos, impostos, mão de obra e despesas administrativas. Desde então, houve 11 reajustes, passando de R$ 1,90 aos atuais R$ 4,50. Segundo o movimento Tarifa Zero, essa fórmula não considera o que as empresas realmente gastam e não permite baratear a tarifa quando os custos diminuem. Em 2013, por exemplo, empresas tiveram isenção de PIS e Confins, mas essa economia não foi repassada para o usuário. O Tarifa Zero criou um site com uma calculadora para contabilizar quanto cada pessoa perde com a cobrança abusiva da tarifa, a metodologia do cálculo e uma análise técnica do sistema de transporte coletivo de BH. Confira: vocepodepagarmenos.com.br.
Em Contagem, na segunda (7), a Prefeitura aumentou a passagem municipal para R$ 4,50. Quem usa cartão Ótimo paga R$ 4,35. Na Grande BH, os ônibus metropolitanos sofreram reajuste de 6,4% e os intermunicipais de 6,78%. Em Santa Luzia, uma manifestação foi marcada para o dia 14, às 7h, em frente ao terminal Brt Move São Benedito, contra a tarifa de R$ 5,35.
Mais cara que São Paulo e Rio Com as mudanças, a capital mineira ficou com uma das passagens mais caras do país, à frente de cidades maiores, como São Paulo, que reajustou de R$ 4 para R$ 4,30 no dia 7; Rio de Janeiro, que passou de R$ 3,60 para R$ 3,95 em junho do ano passado; Salvador, com tarifa a R$ 3,70, os coletivos integrados com o metrô, e o usuário podendo pegar dois ônibus pagando uma só vez.
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
MINAS
5
Exonerações de Zema geram paralisação e insegurança na cultura de MG TRANSIÇÃO? Governo admite que há setores operando com 20% dos funcionários Nilson Bastian / Festival de Dança de Joinville
Rafaella Dotta
A
exoneração de 6 mil profissionais do governo de Minas Gerais gerou polêmica nos primeiros dias de trabalho de Romeu Zema (Partido Novo) como governador. Entre elogios e críticas, a administração justifica que está realizando o equilíbrio do pessoal contratado. A medida trouxe prejuízo do funcionamento e insegurança para diversas áreas, em especial para a cultura. O Palácio das Artes, que é um museu-teatro-escola-cinema referência em BH, pode ter sido um dos mais lesados. Estima-se que dos 400 profissionais ficaram apenas 32. Fernando Cordeiro é bailarino da companhia de dança do Palácio,
Ballet Jovem do Palácio das Artes teve metade dos funcionários exonerados
onde trabalhava como comissionado, e foi exonerado junto a 11 colegas. O que equivale à metade dos funcionários do balé.
“Há sempre um temor nas mudanças de governo, mas não me lembro de ter tido uma exoneração assim. Mudavam o nome do nosso car-
go, exoneravam e recontratavam no mesmo dia”, ressalta. O balé atualmente está em férias coletivas. Os trabalhadores retornariam em 4 de fevereiro. Até lá, esperam ter sido recontratados. Já no Instituto do Patrimônio Cultural e Artístico (IEPHA) os profissionais não estavam de férias, e quase tudo parou. Cerca de 50% dos funcionários foram demitidos. A reportagem procurou a diretoria para mais informações, e a assessoria respondeu que não há pessoas para dar entrevistas, pois a presidência e coordenadores foram todos demitidos. O IEPHA tem 47 anos de existência e é o órgão que cuida dos patrimônios ma-
teriais e imateriais de Minas. Por exemplo, em dezembro o instituto fez reformas em igrejas e 52 casas tombadas em Conceição do Mato Dentro, além de reconhecer o artesanato de barro do Jequitinhonha como patrimônio. Biblioteca e Lei de Incentivo Em situação ruim estão também a Biblioteca Pública Luiz de Bessa, que está funcionando apenas para receber livros, e o setor que cuida da Lei de Incentivo à Cultura, em que mais da metade dos profissionais teriam sido exonerados. O governo Zema não confirma os números, mas assume que há órgãos operando com 20% da equipe anterior.
“Pode ser que as instituições funcionem com dificuldade, mas funcionem”, avalia vereadora P
ara a atriz e vereadora de Belo Horizonte, Cida Falabella (PSOL), os órgãos culturais foram tratados com descaso pelo governador, como um serviço menos importante que a educação, a saúde e a segurança. Porém, acredita que as instituições vão ser mantidas. “A ideia do governo Zema é de enxugar, privatizar e isso afeta a cultura. Mas o fato de ter um vice- ficuldade, mas funcionem”. -governador da área [Paulo Paulo Brant (Partido Brant] pode ser que as insti- Novo) é irmão do músituições funcionem com di- co Fernando Brant, faleci-
Karoline Barreto / CMBH
e novamente a secretaria de cultura. Dia 12 Sábado (12) é a data limite para que todas as instituições do estado enviem à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) quem deve ser recontratado. O governo ainda não informou a data da recontratação.
do em 2015, e foi Secretário Estadual de Cultura no governo Aécio Neves (PSDB). Brant ocupa o vice governo
Quem são os demitidos por Zema? O bailarino Fernando
Cordeiro, do Palácio das Artes, conta que seus colegas comissionados têm em média 15 anos de contratação. Eles desempenham funções como ensaiar, coreografar e dançar. No IEPHA foram demitidos profissionais de até 30 anos de contratação, que desempenhavam funções técnicas e operacionais. “A imensa maioria nem foi contratada no governo Pimentel”, sublinhou um funcionário que não quis se identificar.
6
MINAS
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Opinião
Quem é mal-educado? João Paulo Em meio a um governo que erra muito, bate cabeça sem parar e volta atrás toda hora, um episódio menor talvez tenha sido o mais expressivo da postura antidemocrática que tomou conta da República. O personagem da semana recheada de lambanças foi o “superministro” da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. Ele fazia compras quando foi abordado por um cidadão com uma bandeira do Brasil nos ombros, que perguntou: “E o Queiroz? Ele não é pauta?”. O caso, como todos sabem, se refere ao motorista e ex-PM lotado no gabinete do filho de Jair Bolsonaro, que teve movimentações financeiras suspeitas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. Queiroz viu passear por sua conta muito mais dinheiro do que ganha legalmente, recebeu depósitos de assessores do então deputado estadual do Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro, hoje senador, que sugerem, pelas datas coincidentes, um pedágio cor
Quem ocupa cargo público é servidor do público, deve a ele deferência. Moro parece não ter aprendido essa lição laranja. Além disso, foi detectado depósito na conta da primeira-dama. Um buquê de malfeitos. Nada foi explicado. O homem de confiança da família foi convidado a depor duas vezes e não compareceu, tendo depois passado por uma cirurgia, da qual já recebeu alta. Seus familiares, igualmente convidados a prestar esclarecimentos, posaram de egípcia e o parlamentar, que pode escolher data e local para falar, ainda não se manifestou. O cidadão do supermercado, por isso, fez uma pergunta importante e oportuna. Acostumado a ser aplaudido em aeroportos e
premiações da mídia corporativa, Moro mandou do caixa onde pagava suas compras um muxoxo chateado: “Você está sendo mal-educado com todos”. Juiz de sentenças duras, Moro errou no julgamento. O homem desempenhava com denodo seu papel de cidadão. Se foi indelicado, paciência, faz parte do jogo. Quem ocupa cargo público é servidor do público, deve a ele deferência. Não responder a um pedido de informação legítimo, ainda que incisivo e malcriado, no entanto, vai além da falta de educação por parte do ministro: é caso de improbidade. Para Paulo Freire, a etapa mais importante da educação não está nas respostas, mas na capacidade de fazer as perguntas certas. Para o educador, nenhuma ordem opressora sobreviveria se as pessoas passassem a perguntar: “Por quê?”. Quem pergunta muito, sobretudo as questões mais difíceis, ao contrário do que Moro pensa, deve ser considerado o mais bem-educado dos cidadãos.
Como ficam a Rede Minas e a Rádio Inconfidência com o novo governo PATRIMÔNIO Com demissões em massa, população se preocupa com o fim de tradicionais meios de comunicação mineiros Raíssa Lopes
C
om o início do governo Zema (Partido Novo) e junto com as exonerações que com ele vieram, surgem muitas especulações sobre o futuro da comunicação pública em Minas Gerais. O período é de incertezas: algumas comuns a cada início de mandato e outras de preocupações mais novas.
Rádio Inconfidência vai fechar? Na “Brasileiríssima” 100,9, a única exoneração até agora foi do presidente, o jornalista, radialista e professor Elias Santos, que também comandava a Empresa Mineira de Comunicação (EMC). Medidas como essa, em relação a funções de confian-
ça, são de praxe e já esperadas em transições de governos. No entanto, a saída de Elias gerou pesar entre profissionais da área e ouvintes. Apesar da mudança e dos rumores de fechamento da Inconfidência, a jornalista Lina Rocha, que trabalha no local e é diretora do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, informou que as atividades se-
guem normais, sem ameaças de interrupção. “Os programas estão em andamento, tanto no AM quanto no FM. A programação não foi alterada. Continuamos exigindo que a comunicação seja pública, seguindo a base da cidadania e informação e com linha editorial independente, mas ainda não fomos procurados pela equipe do
Zema para saber como isso diretora do Sindicato dos Jortudo será conduzido”, afirma. nalistas, Zema prometeu um posicionamento sobre os proE como está a blemas emergenciais até o Rede Minas? próximo sábado (12). Em caForam exonerados todos os que ocupavam cargos comis- ráter de urgência, os funciosionados, o que tirou da TV nários pedem que servidores mais de 70 pessoas, cerca de que preenchiam postos indis35% dos funcionários. As de- pensáveis e de conhecimenmissões não ficaram restri- tos específicos sejam readmitas às ocupações da presidên- tidos. cia e das diretorias. Os setores mais prejudicados são o de Minimizando danos Uma das principais reivinprodução e técnica, responsáveis pela parte operacional, de dicações dos trabalhadores manutenção e de transmis- da rádio e da TV é a realização são. Assim, programas estão de concursos públicos para os tendo que ser reprisados e al- veículos. Isso evitaria que tanguns funcionários trabalham tos funcionários fossem exode forma voluntária para evi- nerados em passagens de governos, além de promover a tar que a emissora saia do ar. Segundo a jornalista con- valorização dos servidores e cursada da Rede Minas Bren- otimizar a continuidade das da Marques, que também é tarefas.
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019 Reprodução
OPINIÃO
7
Leonardo Koury Martins
Sem trocador nos ônibus
A farsa do Queiroz e o jornalismo farsante do SBT O SBT vem sendo chamado de Sistema Bolsonaro de Televisão, tamanha a desfaçatez com a qual a emissora aderiu ao governo. Foi se livrando de jornalistas mais sérios e contratando aqueles que fazem qualquer coisa para “subir na vida”. A entrevista com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, foi o encontro desses projetos. O dos interesses do dono do veículo, do governo que vai assumir Por que os e de uma profissional que tem feito qualquer coisa para R$ 1,2 milhão do aparecer, mesmo que seja jogar os fundamentos básicos Queiroz foram do jornalismo no lixo. Tão bizarras quanto as respostas de Queiroz foram as depositados por perguntas e as não-perguntas da repórter Débora Berga- assessores? masco. A entrevista já começa num jogo de cena sobre a doença do entrevistado. Ele fala que está defecando sangue, e a jornalista diz voltar ao assunto mais tarde. Alguém que está fugindo de depoimentos e é acusado de participar de um esquema de corrupção envolvendo o futuro presidente da República insinua estar com câncer, você pede autorização para tratar do assunto com ele depois? A entrevista segue com perguntas dóceis e sem qualquer contestação. O entrevistado diz que comprava carros de segurados para vender. A jornalista não pergunta quantos carros ele comprou e vendeu e se tem esses registros, afinal carros são adquiridos com documentos de compra e venda. Ela pergunta o nome do médico, ele diz se lembrar só do primeiro nome. Ela não insiste. Se os R$1,2 milhão que circularam na conta dele são de compra e venda de carros, por que eram depositados por assessores da ALERJ e retirados do banco em quantias menores do que R$ 5 mil? Por que eram depositados em dias próximos aos pagamentos desses servidores? O que se deu com Fabricio Queiroz não foi uma entrevista. Foi um encontro negociado entre o Sistema Bolsonaro de Televisão e o presidente da República. Renato Rovai é jornalista e autor de “Midiático poder – o caso Venezuela e a guerrilha informativa”
Leonardo Koury Martins é assistente social, professor e militante da Frente Brasil Popular
ACOMPANHANDO
Renato Rovai
Começou como um ajuste ou teste, mas a partir de 2016 os ônibus da região metropolitana de Belo Horizonte gradativamente passaram a circular sem o agente de bordo, conhecido popularmente como cobrador de ônibus. Uma tendência? Uma mudança? Economia? Era útil ou não este trabalhador? Perguntas cujas respostas ficam óbvias para passageiros na falta deste profissional nos coletivos. Algumas pessoas acham que a tecnologia avançou e, portanto, não seria mais necessário um trabalhador presente paraestafunção.Outrosrespondemcomaafirmaçãodequeo custo do transporte passa pelo número de servidores e, a partir do momento que não há mais um cobrador, este custo não ficaria para quem paga as passagens. Mas e aquele ser humano, que tem uma vida, família e estava presente no cotidiano do transporte público? Os motoristas têm dado prova de que não é verdade a afirmação de que a tecnologia resolveu o problema das cobranças. Os motoristas viraram também cobradores, passaram a ter as duas funções. O resultado desta pressão ao longo dos últimos anos se expressa nos vários acidentes Transporte de trânsito (alguns com morpúblico não te) que ocorreram por conta da dupla atribuição imposta pe- deve servir ao las empresas. Quanto ao custo, lucro não houve o repasse por meio da diminuição do valor das passagens para quem utiliza o transporte público. O trocador tinha como atribuição profissional garantir, por exemplo, o acesso das pessoas com deficiência aos coletivos seja no manuseio do elevador para usuários de cadeira de rodas, ou mesmo no diálogo e orientações aos usuários. Passados dois anos, fica explícito o verdadeiro interesse das empresas privadas na intermediação na exploração de um serviço público: o lucro. Ônibus devem servir à coletividade e não ao lucro.
Na edição 261.... Saída de profissionais cubanos pode gerar catástrofe na saúde E agora... Cerca de 30% dos inscritos no Mais Médicos não se apresentaram no local de trabalho Após o governo de Cuba decidir retirar seus médicos do país, 30% dos profissionais brasileiros inscritos no programa não compareceram às localidades de atuação. As áreas haviam sido escolhidas pelos próprios médicos durante a inscrição. A maioria das vagas não preenchidas está em distritos indígenas, principalmente na região Norte. O contrato prevê três anos de trabalho.
8
BRASIL
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Governo esquarteja Ministério do Trabalho e gera confusão administrativa DESMONTE Na prática, medidas correspondem ao fim da pasta, criada em 1930 no governo Vargas Agência Brasil
Da redação, com Rede Brasil Atual
A
Medida Provisória 870, assinada por Bolsonaro no dia 1º de janeiro, espalhou as atribuições das superintendências do Ministério do Trabalho. Na prática, é praticamente o fim da pasta, após 88 anos de existência. Uma das funções mais modificadas foi a inspeção do trabalho, que ficou sob responsabilidade do “super” Ministério da Economia, Paulo Guedes. O secretário, Claudio Secchin, foi substituído por um provisório. A Convenção 81 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) orienta que essa área seja composta por servidores com estatuto próprio, estabilidade no emprego e independência frente ao governo. Não é o que está acontecendo. Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamen-
tar (Diap), o ex-deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) é o “homem forte do governo Bolsonaro no mundo do trabalho”. Ele entra com a finalidade de aprofundar o desmonte começado com a reforma trabalhista iniciada por Temer (MDB). O tucano, aliás, foi relator na Câmara da reforma. Como não conseguiu se reeleger em 2018, ganhou o cargo de secretário
Ao menos 9 dos 22 ministros de Bolsonaro são réus ou investigados em processos na Justiça
especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Entre suas atribuições, estão a fiscalização do trabalho e políticas de segurança e saúde. Ainda no Ministério da Economia, a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade tem como titular o economista Carlos Alexandre da Costa. Cabe a ele formular políticas públicas de emprego e renda. Ex-diretor Juntamente com o inexplicado R$ 1,2 milhão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, a lista de ministros enrolados com a Justiça desconstrói o discurso anticorrupção do capitão da reserva. São eles: Ricardo Salles (Meio Ambiente); Tereza Cristina (Agricultura); General Heleno (Segurança Institucional); Onyx Lorenzoni (Casa Civil); Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos); Luiz Henrique Mandetta (Saúde); Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia); Marcelo Álvaro Antônio (Turismo); Paulo Guedes (Economia);
do BNDES, Costa atuou na equipe de transição como assessor econômico de Bolsonaro. Segundo a assessoria do antigo Ministério do Trabalho, todos os cargos comissionados serão extintos, e a composição dos conselhos totalmente alterada. Caso do Conselho Deliberativo do FGTS, agora também sob comando do “super” Ministério. Já o Ministério da Cidadania e da Mulher, Família e Direitos Humanos ficará com outras tarefas, antes concentradas no Trabalho. Uma delas seria o combate ao trabalho escravo.
O registro de entidades sindicais ficará a cargo do Ministério da Justiça, de Sergio Moro
Sindicalismo como “inimigo” Para entender o funcionamento dessa área, o analista do Diap propõe um resumo: o governo Bolsonaro tomou como base o documento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 101 propostas. O registro de entidades sindicais caberá ao Ministério da Justiça, de Sergio Moro. Para o analista, a lógica será tratar o movimento sindical como inimigo. “O sucateamento afetará gravemente as estruturas regionais, que passarão a sofrer a ingerência de vários órgãos, sem uma política e direção unificadas. Tudo isso facilitará a ação do governo no sentido de tornar os temas do trabalho cada vez mais distantes dos interesses dos trabalhadores e cada vez mais submetidos aos interesses do empresariado”, avalia Antônio Augusto.
Em nove dias, governo Bolsonaro voltou atrás pelo menos sete vezes A julgar pelos primeiros dez dias, o mandato do presidente Jair Bolsonaro (PSL) promete muitas idas e vindas. O histórico mostra problemas de relação no alto escalão do governo. As primeiras trapalhadas que o Brasil já assistiu na era Bolsonaro, foram:
1. Edital sobre livros didáticos; 2. Queda do chefe da Apex; 3. Paralisação da Reforma agrária; 4. Base militar dos EUA no Brasil; 5. Subir a alíquota do IOF; 6. Despediu e teve que recontratar funcionários da Casa Civil; 7. Presidente da CEF recuou do aumento dos juros para classe média.
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
99
BRASIL
“Política cultural do Bolsonaro é anticultural”, afirma ex-secretário Especialistas dizem que extinção de Ministério da Cultura ameaça principais ações do setor Arquimedes Santos / PMO
nomia e da estrutura administrativa não mudou muita coisa, na prática, o que mudou foi a perda de credibilidade para o tema no governo”, critica João Brant. A unificação de várias áreas administrativas em um único ministério também pode travar a operação das políticas culturais com os entes federados, como estados e municípios, prevê o ex-secretário. O desaparecimento da figura do ministro da Cultura, segundo Brant, é o mesmo que “desaparecer” com o tema no debate público.
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
C
umprindo uma promessa de campanha, o presidente da República Jair Bolsonaro confirmou a extinção do Ministério da Cultura (Minc) em seu governo. A pasta, que já vinha sofrendo um forte desprestígio desde 2016, ainda com Michel Temer, que também tentou extingui-la, agora se transformou em uma Secretaria Especial dentro da estrutura do Ministério da Cidadania, que abriga ainda os antigos ministérios do Esporte e do Desenvolvimento Social. “O Brasil já teve diferentes concepções de políticas culturais nos governos anteriores, mas a concepção de política cultural do governo Bolsonaro é anti-cultural. É um desastre em relação a qualquer tipo de concepção cultural que o país já teve”, afirma João Brant, ex-secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC).
O novo ministro da Cidadania, Osmar Terra, que já disse que não entende nada de cultura, afirmou, ao tomar posse na semana passada, que os ministérios anteriores não teriam desaparecido, e que a estrutura básica foi mantida. “Os ministérios (Cultura, Esporte e Desenvolvimento Social) se fundiram, não desapareceram. Estamos aqui para celebrar um ministério grande”, afirmou. “A fusão dos ministérios não vai tirar a força que cada ministério tem. As estruturas básicas estamos mantendo”, complementou.
Nem gerou economia, nem trouxe avanços No caso do antigo Minc, agora Secretaria Especial da Cultura, a estrutura de quatro sub-secretarias e diretorias foi preservada, o que, na prática, não gerou economia aos cofres públicos do governo federal, como se prometia. “Se do ponto de vista da eco-
Falta consolidar Para a artista e gestora cultural Daniela Ribas, diretora da Semana Internacional da Música (SIM) de São Paulo, é um erro extinguir o ministério sem que as políticas do setor estivessem consolidadas. “Nesse caso, você está rebaixando o estatuto institucional da pasta sem ter consolidado essas políticas. Se fôssemos um país desenvolvido, com 40 ou 50 anos de tradição em políticas culturais fortes, independente da estrutura administrativa, essa alteração poderia não ter feito tanta diferença, mas não temos isso. A sociedade ainda não compreende a cultura como parte de uma agenda política de desenvolvimento do país”, observa. Para ela, o Brasil só passou a diversificar os mecanismos de política cultural nos últimos 16 anos. Antes disso, havia a Lei Rounet como única grande política cultural, que, apesar dos problemas, foi o que conseguiu garantir
acesso à cultura e incentivar a produção artística no país.
Pontos de Cultura serviram de exemplo para o mundo “A cultura tem que ser entendida como a fronteira intangível, a nacionalidade se define mais pela cultura do que pelo território, pelas fronteiras”, afirma o historiador Célio Turino, ex-secretário de Cidadania e Diversidade Cultural do Minc e um dos principais idealizadores do programa Cultura Viva, dos Pontos de Cultura, criado durante a gestão de Gilberto Gil à frente do ministério, no governo Lula. Considerado um dos programas mais relevantes das últimas décadas, os Pontos de Cultura inspiraram políticas semelhantes em pelo menos outros sete países. No Brasil, foram implantados mais de 3,5 mil pontos, em 1,1 mil municípios, abran-
gendo uma população de 9 milhões de pessoas. “Manter uma política como essa, nos casos dos pontos de cultura, em que a discussão da cultura vai num sentido mais amplo, é praticamente improvável em um governo com um viés ideológico tão anti-cultural quanto esse”, aponta Turino. Na opinião de Daniela Ribas, a cultura tem uma função crucial no desenvolvimento econômico e humano da sociedade, e não apenas com o viés acessório com que o novo governo indica que tratará o tema. “Nesse novo ministério, a cultura passa a ser vista apenas como uma ferramenta, para melhorar a desigualdade social, por exemplo, mas a cultura é muito mais do que isso. Ela é a identidade de um povo, contribui para o crescimento educacional. Se está subordinada a uma pasta que vê a cultura apenas como uma ferramenta para um fim específico, como assistência social, é uma perda grande para a sociedade”, conclui. Reprodução
Encontro dos Pontos de Cultura da Paraíba, em 2014
14 MUNDO 10
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Em 2019, Argentina, Bolívia e Uruguai vão às urnas para eleger novos presidentes DEMOCRACIA Eleições podem definir rumos da política progressista na América Latina Da redação
T
rês importantes vizinhos do Brasil, além de outros países da América Latina, como El Salvador, Guatemala e Paraguai, passam por eleições presidenciais neste ano. O resultado desses pleitos pode representar o aprofundamento da onda conservadora na região ou o aumento da resistência.
Bolívia
À frente do governo há mais de uma década, Evo Morales tenta sua reeleição na Bolívia. Após enfrentar um referendo popular que rejeitou sua tentativa de reeleição, Evo conseguiu se candidatar, evocando a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com a aprovação do Tribunal Superior Eleitoral, o presidente segue na disputa para o quarto mandato e deve enfrentar 7 chapas de oposição. As eleições primárias estão previstas para o próximo dia 27, no entanto contará apenas como trâmite judicial, já que não há disputas internas nas coligações. Durante a última década, sob o comando de Morales, a Bolívia, que sempre esteve entre os países mais pobres das Américas, manteve o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto em 5%. Depois da nacionalização dos recursos naturais e da recuperação de empresas estratégicas - antes nas mãos de companhias estrangeiras -, o país atingiu soberania econômica e política. Houve crescimento do salário mínimo (de 57 para 298 dólares) e da esperança de vida.
Uruguai
Outra referência progressista na América Latina é o Uruguai. O país enfrenta um desafio diferente nas eleições presidenciais: cativar a juventude. As figuras mais conhecidas da Frente Ampla, coalizão de esquerda e centro-esquerda que há 15 anos governa o país, estão em idade avançada e não conseguem projeção entre os jovens. Os nomes cotados para a disputa presidencial são o do atual prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez, 61, (centro-esquerda) que já se anunciou como pré-candidato e Carolina Cosse, 57, candidatura preferida pelo ex-presidente Mujica. Na oposição as especulações apontam para o liberal Luis Lacalle, 45, que volta a concorrer na disputa e é filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle. Outro pré-candidato pelo partido Nacional é Juan Sartori, um multimilionário do setor do agronegócio.
Argentina
Já em uma situação bem mais complicada está a Argentina. Desde 2015, quando decidiu pelo fim do kirchnerismo e elegeu o liberal Mauricio Macri, o país vive uma séria crise política e econômica. O peso argentino enfrenta uma grave desvalorização, e a inflação está em 45%. Como consequência as taxas de desemprego e pobreza só aumentam. Com um baixo índice de aprovação popular (30%), Macri já anunciou que tentará reeleição. Mas, caso sua rejeição inviabilize a candidatura, dois nomes já estão sendo cotados pela direita argentina: o da governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, ou o do chefe de governo da capital, Horacio Rodríguez Larreta. Para tentar reverter a crise que assola o país, a esquerda argentina tem duas fragmentações para a disputa. A primeira é o peronismo moderado, no qual três nomes disputam a candidatura: Sergio Massa; o líder do Senado, Miguel Ángel Pichetto; e o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey. A segunda força será o kirchnerismo liderado pela senadora e ex-presidenta Cristina Kirchner. Se ela confirmar seu interesse para a disputa, não haverá primárias dentro da força, já que o nome da ex-presidenta é unânime entre os aliados e dentro de seu partido, Unidade Cidadã. Kirchner foi a responsável por retirar a Argentina da crise que assolou o país em 2002.
Venezuela acusa Grupo de Lima de incentivar golpe de Estado com apoio dos EUA No último dia 10, Nicolás Maduro, eleito com mais de 67% de votos em maio de 2018, iniciou seu segundo mandato na Venezuela. Na semana que precedeu a posse, o país, que vem enfrentando uma série de ataques do EUA, sofreu mais uma retaliação. Um documento divulgado pelo chamado “Grupo de Lima” declarou que o governo de Maduro e as instituições venezuelanas não serão reconhecidas pelos países signatários do texto. O documento pedia que Maduro não assumisse o cargo e que transferisse o governo do executivo para a Assembleia Nacional. O documento foi contestado pelo governo venezuelano, que afirmou, por meio do Ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, que o pleito no país foi legítimo. “A Venezuela expressa sua maior perplexidade diante da extravagante declaração de um grupo de países que, após receber instruções do governo dos Estados Unidos por meio de uma videoconferência, acordaram em incentivar um golpe de Estado na Venezuela” declarou Arreaza. Criado em 2017 o Grupo de Lima é formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. O México, que desde de dezembro de 2018 está sob comando de López Obrador, da coligação de esquerda Movimiento Regeneración Nacional - Morena, se posicionou contra o texto.
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
11 ENTREVISTA 15
R$ 3,9 mil seria o necessário para manter uma família de quatro pessoas, afirma economista SALÁRIO MÍNIMO No dia 1º, Bolsonaro decretou um aumento menor do que tinha sido aprovado pelo Congresso USP Imagens
Denise Viola, do Rio de Janeiro
D
esde 1º de janeiro de 2019, o salário mínimo no Brasil é de R$ 998. Esse valor representa um aumento de 4,5% sobre os R$ 954 que vigoraram em 2018. Em seu primeiro ato de governo, Bolsonaro (PSL) decretou um reajuste R$ 8 abaixo do que foi aprovado pelo Congresso na última legislatura, que deixaria o salário no valor de R$ 1.006. Com isso, trabalhadores perderão pelo menos R$ 104 por ano, contando o décimo terceiro. Para entender o que isso representa, o Brasil de Fato conversou com o economista Paulo Jäger, mestre em estudos populacionais e pesquisas sociais e assessor do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Brasil de Fato – Como se deu a criação da política de valorização do salário mínimo no Brasil? Paulo Jäger – Essa história é longa. No início dos anos 2000, com a posse do presidente Lula (PT), as centrais sindicais exerceram
O custo de vida é alto, e o poder de compra é baixo; as pessoas ganham pouco e esse é o maior motivo para a insatisfação”
O mínimo necessário para uma família de dois adultos e duas crianças, em novembro de 2018, seria de R$ 3.960” uma grande pressão sobre o governo. Essa pressão gerou, a cada ano, reajustes importantes do salário mínimo, que estava muito defasado desde os anos 1990. Quem tem mais idade deve lembrar que era uma novela: a cada ano, havia uma longa discussão se haveria ou não a correção. A partir de 2007, as negociações resultaram em um acordo entre governo e centrais, de fazer uma correção automática do salário mínimo anualmente. A partir de então, o reajuste passou a ser garantido, com base na
inflação do ano anterior e no crescimento da economia de dois anos antes. Isso não estava definido em lei, mas passou a valer como regra informal entre 2008 e 2011. Em 2011, o governo Dilma (PT) aprovou uma lei para que a correção fosse automática, definida no texto legal, até 2015. Depois, houve uma lei estabelecendo mais quatro anos de correção, de 2016 até janeiro de 2019. Agora, daqui para frente, em princípio, não há mais nenhuma regra garantindo a valorização do salário mínimo. Para o Dieese, qual é o valor do salário mínimo em 2019 que atenderia às necessidades da população, levando em conta as perdas inflacionárias? A inflação é uma variação, que pode ser positiva ou negativa. Então, fica sempre a sensação de que a inflação está corroendo o salário das pessoas. Mas o que causa desconforto é que o cus-
to de vida é alto, e o poder de compra é baixo, as pessoas ganham pouco e esse é o maior motivo para a insatisfação. Além disso, chamam mais a atenção os preços que sobem do que os que caem. [O valor do salário mínimo] é muito baixo. Fazemos uma conta mostrando que o mínimo necessário para uma família de dois adultos e duas crianças, em novembro de 2018, seria de R$ 3.960. É quase quatro vezes o mínimo oficial. Mesmo assim, o que aumentou desde 2004 foi significativo. Aproximadamente 48 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo. R$ 27,1 bilhões será o incremento de renda na economia com o novo reajuste e R$ 14 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo. Mesmo sendo um aumento pequeno, por que o impacto é tão grande? No geral, a economia brasileira paga salários muito baixos. E também há um contingente muito grande
Há uma série de itens que as famílias deveriam poder gastar para ter uma vida minimamente digna”
de aposentados que recebem apenas um salário mínimo. Essas pessoas, que têm renda baixa, poupam muito pouco, elas consomem quase tudo o que ganham. Ao consumirem e pagarem impostos, geram um impacto positivo na arrecadação dos governos. Com o salário mínimo atual e a cesta básica estimada em R$ 450, é possível comprar pouco mais que duas cestas por mês. E ninguém vive só de cesta básica, há várias outras despesas. As famílias têm necessidades diferenciadas. Se você tem crianças na escola, você tem um perfil de despesas. Se você tem alguém doente, tem outro perfil, por exemplo. Cada coisa dessas faz diferença. Por isso, estimamos que algo em torno de R$ 3.960 seria o mínimo necessário para que uma família adquirisse não só a cesta básica, como também as ou-
No geral, a economia brasileira paga salários muito baixos” tras despesas que a própria Constituição Federal diz: alimentação, transporte, higiene, roupas, lazer, educação. Então, há uma série de itens que as famílias deveriam poder gastar para ter uma vida minimamente digna.
14 VARIEDADES 12
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
CHEGA AO FIM O “VÍDEO SHOW” Um dos programas mais clássicos da TV brasileira chega ao fim após 35 anos contínuos de exibição. Na sexta-feira (11), será transmitido o último “Vídeo Show”. Depois de seguidas derrotas na audiência para o quadro de fofocas “A hora da venenosa”, da TV Record, de trocas de apresentadores e formato, a Globo decidiu encerrar o programa. Passou pelo seu comando figuras famosas como Miguel Falabella, Cissa Guimarães, Angélica, Ana Furtado, Mônica Iosi, Otaviano Costa entre outros. O Vídeo Show deixa a sua marca na história, sempre revelando os bastidores da TV, as curiosidades dos pro-
Reprodução
gramas, as falhas das gravações e diretamente do “Túnel do tempo”, as melhores cenas e atrações dos arquivos da televisão. O programa que sempre foi visto como um guardião da memória da TV, dando oportunidade para o telespectador rever ou conhecer muita coisa boa que já foi produzida. Para preencher
esse vazio na grade, a Globo adiantará a exibição da “Sessão da Tarde” e há a expectativa da reexibição do seriado “A Grande Família”. Se até jornalista é tratado assim... E um alerta no jornalismo (e para nós também)... Repercutiu em vários meios de
BAFAFÁ
comunicação a forma como foram tratados os jornalistas (somente foram convidados os da grande imprensa comercial) na posse de Bolsonaro, no dia 01 de janeiro. Denúncias de cerceamento da cobertura, de maus-tratos e de intimidação dos repórteres não faltaram. Alguns jornalistas chegaram a fazer comparações com o período da Ditadura Militar. Da parte do novo governo, até o momento, tudo indica que a relação não será das mais amistosas com a imprensa. Vem
muita confusão pela frente. Numa democracia, esse tipo de relação não é positiva para o país. No entanto, grande parte de nossa mídia não soube, nos últimos anos e governos, lidar bem com o conceito de pluralidade, do contraditório, elementos fundamentais para um bom jornalismo e uma democracia. Fizeram apostas altas, jogaram muito pesado... Aguardemos atentos os desdobramentos disso! Um abraço, E um 2019 iluminado para nós!
Um pedaço da memória da TV sai do ar
Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Anúncio
Aqui você tem voz!
Segunda-feira Rádio Autêntica Favela 11h às 12h 106,7 FM BELO HORIZONTE E RMBH Rádio Comunicativa 9h às 10h 87,9 FM JOÃO MOLEVADE - CENTRAL
Terça-feira Rádio Web Brasil de Fato www.brasildefato.com.br 15h às 16h
Quarta-feira Rádio Alternativa 87,9 FM 17h às 18h CABECEIRA GRANDE - NOROESTE
Quinta-feira
A D Rde Conversa
Sábado Rádio Sertão FM 8h às 9h 87,9 FM CHAPADA GAÚCHA - NORTE Rádio Planalto FM 12h às 13h 87,9 FM BRASILÂNDIA DE MINAS - NOROESTE Rádio Divinópolis FM 12h às 13h 720 AM DIVINÓPOLIS - CENTRO OESTE Rádio Bom Sucesso FM 17h às 18h 95,5 FM MINAS NOVAS - ALTO JEQUITINHONHA Rádio 98 FM 17h às 18h 98,5 FMDIAMANTINA
Sexta-feira
Rádio Quintal FM 20h às 21h 105,9 FM VIÇOSA - ZONA DA MATA
Rádio Liberdade FM 9h às 10h 87,9 FM RIACHINHO - NOROESTE
Rádio Vale FM 17h às 18h 96,7 FM ARAÇUAÍ - JEQUITINHONHA
Rádio Formoso FM 16h às 17h 87,9 FM FORMOSO - NOROESTE
Rádio Cidade FM 18h às 19h 87,9 FM TURMALINA - JEQUITINHONHA
Rádio Líder FM 16h às 17h 87,9 FM BONFINÓPOLIS DE MINAS - NOROESTE
Participação:
(31) 9 7146-7456
Realização:
Curta a nossa página fb.com/rodadeconversanoradio
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
13 VARIEDADES 15
www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas SUCO VERDE REFRESCANTE Reprodução
INGREDIENTES • • • • •
1 maçã 3 folhas de couve Suco de um limão 400 ml de água Gengibre (pedaço pequeno, se for em pó, uma colher de chá)
MODO DE PREPARO • Lave bem todos ingredientes. Depois os coloque no liquidificador e bata até que fiquem bem batidos. Se preferir, coe.
POR QUE TOMAR SUCO VERDE? Ele ajuda a manter nosso organismo em bom funcionamento, sobretudo o aparelho digestivo. Auxilia no combate de toxinas e melhora a circulação. No verão, é uma ótima opção refrescante para iniciar os dias quentes!
Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
Lucas Gato
Filmaços de graça
Engraxate mais antigo de BH, Seu João ganha grafite em sua homenagem Festival de Cinema
Você conhece o MIS Cine Santa Tereza? No mês de janeiro o museu exibe filmes brasileiros quase todos os dias da semana. Você pode assistir, por exemplo, “Macunaíma” e “Narradores de Javé”. De terça a sexta às 19h30, sábado e domingo às 17h e 19h. Todo sábado às 17h é especial sessão infantil. Rua Estrela do Sul, 89, Belo Horizonte. Gratuito.
ARTE URBANA Trabalhador virou símbolo vivo da rua da Bahia Rafaella Dotta
F
oram quase 60 anos trabalhando no mesmo ponto. Quem nesse tempo passou na esquina da rua da Bahia com Carijós, no Centro de Belo Horizonte, viu um senhor sentado no seu banquinho de engraxate, aos pés da cadeira alta de quem senta para ser atendido. Seu João Firmo da Silva, de 80 anos, é considerado o engraxate mais antigo da capital mineira. De lá ele viu a cidade crescer e se desenvolver, distribuindo prosas a quem passava e se dava à conversa. “Eu acho o meu trabalho muito bom. Eu já nasci trabalhando e até perdi minha perna trabalhando, com 24 anos, em uma mineradora. O serviço é uma coisa que eu gosto. Eu levanto todo dia 5h30 ou 6h pra vir pra cá [rua da Bahia]”, disse Seu João ao Brasil de Fato em 2014. Seu João também teve, certamente, o maior leque de amizades da rua. Alexandra Melo o conhece há 40 anos, quando ela ainda era criança e seu pai engraxava sapato junto com ele. Ela
se emociona ao contar: “Ele não era só engraxate, era muito mais. Vigiava a minha filha pra comprar lanche do outro lado da [rua] Bahia e quando eu passava ele falava ‘sua menina passou aqui’”, relembra. Porém, em meados deste ano o engraxate mais antigo da cidade teve que parar de trabalhar. A sua partida fez os ânimos se agitarem. “Que aconteceu? Ele não vem mais?”, se perguntavam os vizinhos e comerciantes. A diabetes e a dificuldade de locomoção - que era de ônibus fizeram Seu João se recolher ao lado da família e deixar de ver diariamente os amigos e conhecidos da rua. Como parte do evento Intervenção 573, no Estacionamento Para Motocicletas, bem em frente ao ponto de engraxar, surgiu a saudade e a homenagem. “Logo demos falta dele. Ficou tempo sem aparecer, justo o trabalhador mais antigo da rua da Bahia”, conta Felipe Gato, um dos organizadores da Intervenção. “Encontramos empecilhos, que sempre existem, mas no final conseguimos as tintas, o espaço, quem fizesse, conseguimos trazer o Seu João e a
família. Foi bem legal ver eles emocionados”, conta. No lugar da caixinha de engraxate, nasceu um desenho do grafiteiro Caio Ronim. O rosto enorme, as chuteiras penduradas, porém rei da Rua da Bahia. “Eu estive quase 60 anos ali e pra mim é uma tristeza não poder vir mais. Só tenho a agradecer as pessoas que sempre passaram, às vezes me ajudavam, traziam um suco, um cafezinho. São tudo gente boa”, agradeceu Seu João emocionado. A homenagem foi feita à porta de um comércio, na rua da Bahia 570. Homenagens a personalidades negras em BH O grafite entra para a lista das poucas homenagens a personagens negros e à cultura afro-brasileira existentes em Belo Horizonte. Um inventário realizado pela Prefeitura mapeou cerca de 150 monumentos, bustos e esculturas da capital. Entre eles, muitos italianos, espanhóis, portugueses e militares, mas apenas três negros.
de Tiradentes
A partir do dia 18 a cidade de Tiradentes tem mais um atrativo. Começa o Festival de Cinema de Tiradentes, que tem uma longa programação de longas metragem, curtas metragem e oficinas totalmente gratuitos. O evento vai até 26 de janeiro. Mais informações em: mostratiradentes.com.br
Caminhadas ecológicas na UFMG
A Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais está oferecendo atividades como trilhas, ponte de cordas, brincadeiras e cinemas para crianças e adultos. A estação fica no campus Pampulha. Inscrições pelos telefones 3409-2296 e 3409-2295 ou pelo e-mail eeco@reitoria.ufmg.br. As caminhadas são R$ 5 e outras atividades são R$ 20.
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
na geral
Brasileiras faturam ouro nos EUA
ESPORTE
UFMG seleciona meninas para ginástica artística Levi Schultz
Divulgação FIVB
No vôlei de praia feminino, a mineira Ana Patrícia e a cearense Rebecca foram campeãs da etapa de Haia (Holanda) do Circuito Mundial, a primeira do ano. O título veio no domingo (6), após a dupla bater, na final, as estadunidenses Sarah Sponcil e Kelly Claes por 2 sets a 0 (21/10, 21/18). Com o resultado, as brasileiras recebem 800 pontos no ranking internacional e R$ 75 mil em premiações.
Paratleta brasileiro concorre a prêmio internacional Marcio Rodrigues / MPIX CPB
O rondoniense Cristian Ribera, atleta do esqui de fundo (o cross-country), concorre ao prêmio de atleta do mês de dezembro de 2018 pelo Comitê Paralímpico das Américas. A modalidade, que compõe o programa dos Jogos Paralímpicos de Inverno, foi criada no século XVIII. Nela, competidores percorrem grandes distâncias, em terrenos planos ou ondu-
lados, tentando completar o percurso no menor tempo possível. No fim do ano passado, o brasileiro conquistou uma prata e um bronze em etapa realizada na Finlândia. A votação do prêmio vai até o dia 14 de janeiro. Para votar, basta acessar o link: paralympic.org/americas-paralympic-committee. (Com informações do CPB).
15 15
O Projeto de Extensão de Ginástica Artística da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG seleciona meninas de 5 a 8 anos para integrar sua equipe de competição. Não é necessária experiência na modalidade. As crianças devem participar de uma avaliação física gratuita, acompanhadas de responsável, com cabelos presos e roupas confortáveis para praticar esporte. O teste acontecerá no Ginásio de Ginástica Artística da EEFFTO. Onde: Av. Carlos Luz, S/N. Pampulha, BH Quando: 14 de janeiro, a partir das 14h Mais informações: (31) 3409-2343
Jogadoras tentam organizar sindicato
Fenapaf
O caminho para fortalecer e organizar o futebol feminino também passa pela garantia de direitos para as atletas. Para que isso ocorra é necessário um sindicato atuante, que fiscalize e cobre o tratamento digno para essas trabalhadoras do esporte. Cada estado tem seu sindicato de atletas, que integram a Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). E a novidade definida em assembleia da Fenapaf, no último mês, é que a entidade tenta agora abarcar também as jogadoras, que podem se organizar em sindicatos mistos ou em sindicatos femininos. A goleira do Santos e ex-Seleçao, Thais Picarte, é a responsável pelo Departamento de Futebol Feminino e terá a difícil tarefa de organizar uma categoria que passa por dificuldades e que tem poucas atletas profissionalizadas.
16
Belo Horizonte, 11 a 17 de janeiro 2019
ESPORTES
16
Libertadores: Conmebol quer torcedores sentados em 2021 REGULAMENTO Estádios terão wi-fi, todas as cadeiras numeradas, venda integral de ingressos por internet e Fan ID Sahaquiel
L
ibertadores agora é ópera. Não satisfeita com a criação de final em campo neutro, com jogo único, a Conmebol fez mais mudanças em seu regulamento. Entre as principais medidas, a proibição de tecidos, faixas, banners, bandeiras e bandeirões com mais de 1,5m de comprimento e 1m, o veto a bandeiras e faixas amarradas às cercas dos estádios, a
obrigatoriedade de assentos marcados, a venda de ingressos apenas por internet. O texto não faz referência a estádios onde há setores para a torcida ficar em pé, como no Beira Rio. O regulamento também passa a prever uma “identida-
de de torcedor”, em modelo semelhante ao Fan ID, empregado pela Fifa na Copa da Rússia. A partir de 2021, torcedores deverão assistir aos jogos sentados. A norma também exige wi-fi nos estádios.
DECLARAÇÃO DA SEMANA Steindy
Gol de placa O Paysandu resolveu inovar neste início de ano: agora, todas as entrevistas coletivas realizadas no estádio da Curuzu terão tradução em Libras, a fim de facilitar a comunicação com os torcedores do Papão que tenham deficiência auditiva.
Gol contra Uma das últimas medidas do governo golpista de Temer, que será mantida pelo golpista Bolsonaro, foi o corte em mais de 50% do Bolsa Atleta, subsídio ao esporte olímpico. Os atletas de base, que tinham como único auxílio a Bolsa, deixaram de recebê-la. Os atletas de elite mantiveram o benefício.
Decacampeão
“Sempre se desconfia dos treinadores negros. Somos vistos como seres de segunda classe. Ganhei a Europa como jogador, tenho que ganhar a Europa como treinador” Samuel Eto’o, atacante camaronês, campeão da Champions League em 2006 e 2009 pelo Barcelona. Atualmente, ele joga no time do Qatar SC.
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
O América se movimentou bem no mercado de transferências e precisa apenas de algumas peças, em especial um armador, para iniciar o Campeonato Mineiro com um time competitivo, que seja a base de toda a temporada. Das contratações, destaque paDecacampeão ra os atacantes Marcelo Toscano, Neto Berola e Júnior Viçosa, bem como o zagueiro Diego Jussani. Da equipe do ano passado, é de se comemorar a manutenção das crias da base - Messias, Zé Ricardo, Christian e Matheuzinho – e a saída de medalhões como Rafael Moura, Luan e Leandro Donizete. Quem irá fazer falta é o goleiro João Ricardo, titular e destaque do América desde 2014, ajudando em dois acessos à Série A e no título mineiro de 2016.
Embora tenha planejado contratações no atacado, o Atlético apresenta-as no varejo. Dessa forma dá a ideia de reforçar o elenco. Na verdade, pouco muda. Apenas Igor Rabello e Réver são significativos. Eles vieram, sairá Gabriel, Maidana vai para a reserva (talÉ Galo doido! vez se desligue do clube) e Leonardo Silva, para a aposentadoria premiada. Guga nem ao menos tem posição garantida. Bom mesmo foi escapar da Florida Cup deste ano, torneio sem o menor significado para quem tem pela frente Campeonato Mineiro – desculpem a ironia; Pré-Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. A diretoria promete mais reforços. Pelo histórico dos últimos três anos, não esperem grande coisa.
Salve, nação azul! Um 2019 de muita força para todos! No fim do ano, escrevi sobre as carências da equipe. A principal notícia foi a perda de Arrascaeta. É impossível que um jogador recuse uma proposta para triplicar seu salário. Porém, existem maneiLa Bestia ras mais profissionais de Negra se conduzir o negócio. Quando o atleta abandonou os treinos de pré-temporada, ficou claro que sairia da toca. Ele, que construiu uma bela trajetória com a camisa celeste, poderia ter saído de uma maneira menos traumática. Certamente, o Cruzeiro é maior que qualquer jogador, e o foco agora é o nosso elenco. Rodriguinho, ex-Corinthias, pode ser boa opção para recompor o setor ofensivo. Saudações celestes!