Divulgação
Olha o boi
Reprodução
Carnaval que cuida do verde
Folia de reis, congado, maracatu, boi do Maranhão, carimbó e samba são ritmos do grupo Boi Luzeiro
Grande Bloco do Encontro faz seus ensaios em locais que exigem preservação
CULTURA 14
CIDADES 4
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro de 2019 • edição 271 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Mídia NINJA
MINÉRIO NÃO DÁ DUAS SAFRAS
População se organiza e para mineração Moradores de Sarzedo conquistam suspensão das atividades de mineradora Itaminas MINAS 5
Na mira do MP Vinnicius Silva / Cruzeiro
Segundo acusação, vide presidente de futebol do Cruzeiro teria ameaçado de morte seu antecesor Mineração muda a vida das pessoas, suga recursos públicos, desgasta infraestrutura, paga poucos impostos, gera impactos ambientais, enriquece acionistas e depois vai embora. O que fica no lugar? Sem controle popular, é impossível construir alternativas econômicas BRASIL 9
ESPORTE 16
Se é público, é para todos Proposta do governador Zema (Novo) ataca quem cuida da população: serviços públicos e estatais ENTREVISTA 11
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
Editorial | Brasil
Da lama ao caos, do caos à lama, um homem roubado nunca se engana A frase acima é da música do grupo Nação Zumbi, que se chama Da lama ao caos, e começa assim: posso sair daqui para me organizar, posso sair daqui para desorganizar. Uma mensagem simples que serve bem a reflexão para essas primeiras semanas de 2019.
ESPAÇO DOS LEITORES Que lindo! Isabela Tannus Grama comenta sobre a matéria “Comunidade conta suas próprias histórias em livro” Tempos horríveis, só destruicão do pouco que conquistamos! Miriam Fátima Santos comenta matéria “Governo de Minas apresenta projeto de lei que extingue a Escola de Saúde Pública A cara da privatização... saúde pública não dá lucro.. formação, pesquisa.. não dá lucro... Sorangela Sol comenta a mesma matéria sobre o fim da Escola de Saúde Pública Não se pode perder tantos gols Daniel Tibúrcio Silva Filho comenta artigo de Rogério Hilário sobre atuação do Atlético Mineiro
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
Brasil precisa da CPI da mineração e da reestatização da Vale É preciso nos organizarmos para não permitirmos o falso cálculo do déficit previdenciário divulgado pelo governo. Ao mentir, o governo e as forças econômicas que o sustentam buscam destruir uma das maiores conquistas da Constituição de 1988. Temos o papel de anunciar a verdade: não existe déficit, como ficou comprovado no relatório final da CPI da Previdência em 2017. Ao fazer um cálculo honesto, verificamos que, se existe problema, esse se encontra nas desonerações, como as dadas ao agronegócio, e nas sonegações, realizadas pelas grandes empresas como a Rede Globo. É preciso impedir novos crimes da Vale Só organizados vamos impedir que novos crimes da Vale ocorram. O massacre de Brumadinho
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
joga por terra a proposta de campanha de Bolsonaro de flexibilização da legislação ambiental. Escancarou-se o medo de dezenas de municípios mineiros que estão localizados abaixo de barragens de rejeitos, como os moradores de Barão de Cocais, que tiveram de evacuar as pressas suas casas na última semana. Cabe aos trabalhadores dessas comunidades se organizarem para exigir seus direitos e preservar a segurança de suas famílias. É necessário um projeto de mineração soberano para o nosso país. Fortalecer a CPI da mineração no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais é um passo. Lutar pela reestatização da Vale é outra medida. Também é preciso nos organizarmos para impedir postura tão conivente com uma invasão militar a um vizinho, como faz o governo brasileiro. Ao aliar-se aos interesses
Governo coloca em risco o Brasil ao se alinhar com os EUA imperialistas americanos, na sua sanha por abocanhar o petróleo venezuelano, coloca-se em risco nossa própria soberania. Em um futuro breve, os brasileiros olharão para trás e se arrependerão das consequências do desgoverno Bolsonaro.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello, Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou, na quarta-feira (13), a discussão para decidir se a LBGTfobia – ou seja, a violência contra pessoas LGBT – deve se tornar crime ou não. O Brasil de Fato MG foi às ruas e perguntou:
Você defende a criminalização da LGBTfobia?
“Sou a favor, porque uma das funções do Estado é garantir os direitos fundamentais de qualquer cidadão. Não tem que fazer distinção da orientação sexual, religião... O que é diferente do que a gente está vendo agora, que é retrocesso e negação de todos os direitos”. Daniel Dias, arquiteto
“Sou a favor. Infelizmente, tem gente que olha para esse assunto com outros olhos. Mas todo mundo é igual. Todo mundo segue sua vida. A gente tem que se preocupar mais com a vida da gente do que a dos outros. A vida é um livre arbítrio e você faz o que você quiser”.
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
GERAL
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Declaração da Semana Nós vivemos no país que mais mata LGBTs no mundo. Pode ser um filho seu, um irmão, que pode ser morto...” A cantora Daniela Mercury condena inexistência de lei contra a violência a LGBTs. STF decide sobre o assunto na próxima semana
Hospital fornece perucas para mulheres em tratamento de câncer
Ana Luíza Braga /Hospital Felício Rocho
Matheus Reis, atendente
Uma parceria entre o Hospital Felício Rocho e a ONG Fio de Luz vai fornecer perucas a mulheres que estejam fazendo tratamento de câncer, o que ajuda a aumentar sua autoestima. Quem quiser contribuir pode doar cabelos diretamente aos hospitais. É necessário que o fio tenha no mínimo 20 cm, cortado seco e amarrado. Mais informações 3514-7000
Cursinho Popular abre inscrições
As aulas do cursinho gratuito para o ENEM já vão começar na Pedreira (BH). Quem organiza o curso é o movimento Levante Popular da Juventude, e este é o segundo ano do projeto. As pessoas interessadas podem fazer inscrição no endereço: tinyurl.com/y28dvojw. É gratuito. As aulas começam em 18 de março.
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MINAS
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
Carnaval ativo: blocos ensaiam e revitalizam áreas verdes de BH FOLIA E MEIO AMBIENTE Mutirões de limpeza e plantio já passaram por terrenos da região Oeste Divulgação
Rafaella Dotta
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locos de carnaval de Belo Horizonte decidiram usar a alegria para um objetivo ambiental. Há um ano, o Grande Bloco do Encontro faz seus ensaios em terrenos abandonados, reservas, parques e praças com o objetivo de chamar a atenção para preserva-los. O Bloco do Encontro age nos bairros da Região Oeste, que é uma das regiões de BH com menor número de área verde por habitante. Por exemplo, há uma semana eles foram até o bairro Betânia e escolheram ensaiar no terreno abandonado da Associação Cristã de Moços (ACM), onde há 16 anos funcionava um clube e hoje tem entulho e focos de dengue. O coordenador do Arrasta Bloco de Favela, Thia-
Envolvimento é riqueza O trabalho de mutirão é um dos tesouros do Grande Bloco, afirma Rômulo Dinn, articulador do Movimento Agroecológico de Transformação Urbana (MATU). Esse é o método de trabalho para as faxinas, as pinturas e a construção das hortas onde o bloco ensaia. O Grande Bloco já ensaiou na Reserva do MATU, no Nova Granada; no Largo Ecológico da Vila Ante-
“É preciso uma área para respirar e se sentir mais livres”
go Tàs̩ẹ (lê-se Taxé), conta que eles já revigoraram espaços que antes eram lixões e local de venda de drogas. “Esse grupo chama atenção da comunidade para valorizar a área e difundir outros trabalhos”, descreve.
Thiago, que é morador da Vila Antena no Morro das Pedras, lembra que as áreas verdes têm uma importância ativa para os aglomerados. “É preciso uma área onde a gente possa respirar, se sentir um pouco mais livre”, reflete.
Comunidade é convidada a valorizar a área na, no Morro das Pedras; no terreno da antiga ACM, no Betânia; no Parque Jardim América e no Salgado Filho.
POR QUE “BLOCO DO ENCONTRO”? Em 2018, seis blocos de carnaval se uniram para anunciar o Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), veja matéria no endereço encurtador.com.br/BHO18. Desde então, continuou existindo. É formado pelo Arrasta Bloco de Favela, da comunidade Morro das Pedras, Bloco Betânia Custosa, do bairro Betânia, Bloco Parque Jardim América, Bloco Unidos do Oeste e Bloco Paixão Junina, do bairro Salgado Filho, e MATU, do bairro Nova Granada.
COLE NO PRÓXIMO ENSAIO!
Dia 17 de fevereiro (domingo), das 8:30 às 13:30, na Rua Gama Cerqueira, 1038, Jardim América. Entrada gratuita!
Prefeitura de Contagem já gastou 2 milhões em viagens, apontam documentos TRANSPARÊNCIA Brasil de Fato teve acesso a planilhas que mostram destinos como China, França e Los Angeles Reprodução/ Prefeitura de Contagem
Guilherme Jorgui e Rafaella Dotta
O
time do alto escalão da prefeitura de Contagem tem viajado bastante. Desde que o prefeito Alex de Freitas assumiu o cargo, já foram gastos R$ 2,167 milhões em passagens e diárias, como mostram planilhas analisadas pelo Brasil de Fato. Entre os gastos há absurdos, como o Secretário Municipal de Comunicação e Transparência, que usou R$ 60 mil na Finlândia, Portugal e França - sem contar as passagens.
Prefeito (à esquerda) visita a embaixada brasileira em Londres
A maioria das viagens aconteceu em 2017, em que a prefeitura pagou R$ 832 mil em diárias (hotéis, restaurantes, táxis). Nesta via-
gem, Alex de Freitas gastou, sozinho, R$ 56 mil em 14 dias, de acordo com o portal da transparência da prefeitura. No mesmo ano, o prefeito
passou 11 dias em Portugal, onde gastou R$ 22 mil. Em outubro voltou a Portugal e passou ainda pela França, somando R$ 24 mil. Sem contar as passagens. Em 2018, a prefeitura pagou R$ 354 mil em diárias. Por meio da Lei de Acesso à Informação, foi informado gasto de R$ 762 mil com pagamento de passagens de avião em 2017. Já em 2018 o valor caiu para R$ 218 mil. Críticas O vereador Daniel do Irineu (PP) vem denunciando o va-
lor gasto e diz não ver resultados para a cidade. “Esse prêmio que foram receber [na Conferência Internacional de Cidades, na Finlândia] foi um trabalho da última gestão. Esse programa está encerrando gradativamente. Foram gastar dinheiro por um programa que eles estão acabando”, indigna-se o vereador. Daniel garante que, caso a prefeitura não comprove os benefícios à cidade, irá solicitar a devolução do dinheiro aos cofres públicos. “Até que se prove o contrário, isso foi turismo”.
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MINAS
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Moradores de Sarzedo se mobilizam contra mineração LUTA População exige informações sobre a situação da barragem e cobra plano de ações de mineradora local Coletivo de Comunicação do MAM
Raíssa Lopes
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s habitantes de Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte, se organizam para cobrar que a barragem em atividade na região, da mineradora Itaminas Comércio de Minérios S.A., seja retirada da cidade. Após o crime de proporções gigantescas da Vale
em Brumadinho, no mês passado, os moradores se preocupam com a segurança e procuram respostas sobre a situação da barragem. As comunidades mais apreensivas são aquelas da zona rural de Capão da Serra, que está localizada logo abaixo do terreno onde ocorre a mineração.
De acordo com os moradores, a Itaminas já realizou um cadastro de famílias e um levantamento de bens materiais em caso de rompimento. Além disso e apesar de funcionar há 59 anos no município, a empresa ainda não teria instalado uma sirene de emergência e não estaria sendo transparente quanto aos processos realizados.
Risco A barragem que funciona na cidade é a do tipo jusante, uma estrutura mais segura que a montante, modelo que operava em Brumadinho e em Mariana, o que não tranquiliza os sarzedenses. “Como existe barragem, existe alarde, porque ela nunca é 100% segura. A gente precisa saber quais são os lugares que podem ser atingidos. Onde serão as áreas de salvamento, e o tempo que cada um tem para correr. Quando vão divulgar isso?”, questiona Janaína de Freitas, filha de dois idosos que moram perto da barragem. Outra coisa que preocupa é o prazo que a Itaminas deu para um possível encerramento das atividades. Seriam três anos para finalizar o processo de desinstalação e mais seis para esvaziar completamente a barragem. “É um período mui-
População conquistou suspensão das atividades da barragem to longo. Tem gente aqui que está tendo que tomar remédio para conseguir dormir por causa do medo”, ressalta. Justiça intervém Após se organizarem, o povo de Sarzedo conquistou a realização de uma audiência pública e também a suspenção das atividades da barragem via Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Além disso, o órgão estipulou uma série de obrigações que a Itaminas deve cumprir nos próximos meses, como a contratação de uma auditoria técnica independente.
Comunidades de Itatiaiuçu e Barão de Cocais seguem desabrigadas após toque de sirene DESESPERO Moradores de Itatiaiuçu e Barão de Cocais se dividem em hotéis e casas de parentes por causa do risco de rompimento de barragens
H
á mais de uma semana mais de 500 pessoas seguem vivendo fora de suas casas após o toque de duas sirenes de emergência em Minas Gerais. Os sinais sonoros, emitidos na sexta (8), denunciaram o risco de rompimento de duas barragens diferentes, uma na cidade de Barão de Cocais, na região Central do estado, e outra em Itatiaiuçu, região do Quadrilátero Ferrífero.
Google Earth
A barragem de Barão pertence à Vale. Lá, três comunidades - Socorro, Tabuleiro e Piteiras - foram evacuadas. A de Itatiaiuçu é da ArcelorMittal e a co-
Não há previsão de retorno às casas
munidade afetada foi a de Pinheiros. Os moradores dos dois locais foram distribuídos em hotéis ou decidiram ir para casas de familiares. Eles tiveram que deixar suas casas durante a madrugada, com a roupa do corpo e sem seus animais de estimação. Ainda não se sabe quando os laudos, que atestarão ou não a segurança das barragens, serão concluídos.
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MINAS
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
TV Record ignora critérios jornalísticos ao atacar crianças sem-terra CRIMINALIZAÇÃO Reportagem divulgada no domingo (10) é parcial, não ouve o outro lado e apresenta falhas na apuração Reprodução
Leonardo Fernandes
U
ma reportagem veiculada no programa “Domingo Espetacular” da TV Record, emissora de propriedade do bispo Edir Macedo, no último domingo (10), mostrou um alinhamento com o novo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em sua batalha ideológica contra os movimentos populares. Ignorando critérios éticos fundamentais para o exercício do jornalismo, como escutar o outro lado, a reportagem intitulada “A Polêmica dos Sem Terrinha” arremete con-
Protagonismo infantil é um direito tra o encontro dasas crianças filhas de trabalhadores rurais sem-terra. A matéria apresenta “especialistas” em direitos da criança, mas não entrevista qualquer representante. “O Brasil é referência de entidades promotoras e de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, no entanto, nenhuma dessas entidades com reconhecimento internacional foi ouvida”.
“O que nós fazemos é exatamente assegurar o direito das crianças à terra, o direito à escola. Se existem hoje escolas públicas, gratuitas, em territórios rurais, isso se deve à organização dos trabalhadores e das próprias crianças. O protagonismo infantil é um dos direitos que está assegurado pelo ECA”. “Todo o encontro esteve baseado nas leis que regem encontros dessa natureza com crianças. Foi observada desde a autorização dos pais com reconhecimento em cartório, a companhia de educadores. Foram 1200 crianças e mais de 400 adultos com a tarefa de cuidá-las”. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019 Midia Ninja
OPINIÃO
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Jô Moraes
A Agência Brasileira de Inteligência e o interesse nacional
Os novos desafios na defesa da escola pública Na história da luta pela educação, a classe dominante sempre buscou transferir recursos do fundo público para o setor privado. A Organização Mundial do Comércio (OMC) definiu a educação como serviço comercializável e o Banco Mundial (BM) vem desde o fim da década de 90 investindo nas parcerias público-privadas como estratégia de privatização. Organizações da sociedade civil (think tank’s), com destaque para o “Todos pela Educação”, “Movimento pela Base” e “Movimento Brasil Competitivo” são os principais protagonistas dessa lógica. São responsáveis pela elaboração da política do ensino fundamental e reforma do ensino médio, que engessam a liberdade pedagógica e padronizam o ensino. Com o golpe de 2016, essas organizações assumem os rumos da educação em aliança com as corporações do ensino superior, os setores conservadores arcaicos da sociedade e os militares. Assim, o avanço privatizante está vinculado também à ideologia patriarcal. Escola Sem Partido e ensino em Escola sem casa (homeschooling) são formas de fortalecer o pri- partido fortalece vado, ao invés do público. Para eles, deve haver um a educação mercado educacional sem interferência do Estado. Ao mesmo tempo a proposta de militarização vem se am- privada pliando, um modelo de alto custo e seletividade. A ofensiva na educação faz parte da ofensiva mais ampla de domínio do capital financeiro internacional sobre o público. Uma ofensiva sobre a formação da classe trabalhadora, atendendo aos interesses de uma imensa indústria de serviços que apostam na terceirização para ampliar a acumulação, adequando definitivamente o Estado brasileiro ao neoliberalismo. Para conter o avanço da privatização precisamos retomar uma unidade, como a realizada na Constituinte de 88 com o Fórum em Defesa da Escola Pública. Fábio Garrido é professor da rede estadual e diretor estadual do Sin-UTE/ MG
Jô Moraes foi deputada federal pelo PC do B e presidenta da Comissão de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso Nacional. Na edição 268...
ACOMPANHANDO
Fabio Garrido
A cada dia, o governo que assumiu em janeiro surpreende a sociedade brasileira pelo desconhecimento da realidade e desvirtuamento das funções a desempenhar. Tem obsessão em encontrar ‘um inimigo interno’. Desta vez, matéria publicada no domingo (10) diz respeito a documentos que teriam circulado em Brasília, sobre o próximo Sínodo que reunirá bispos de todos os continentes, ainda neste ano, e cujo tema central é a Amazônia. Essas informações teriam sido coletadas por funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Segundo o que foi divulgado, “militares do GSI avaliaram que setores da Igreja (...) pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro”. Para começar, é preciso lembrar que os “sínodos” são reuniões dos bispos de todo o mundo, com o Papa. Essas reuniões acontecem com frequência e têm como temas as urgências da sociedade. O último, realizado em outubro de 2018, foi o Sínodo dos Jovens, o de 2014, foi o da Família. O Documento Preparatório do Sínodo para a Amazônia foi aprovado pelo Vaticano em abril de 2018. Esta é a prova concreta de que o tema em pauta nada tinha a ver com o resultado das eleições. O mais importante a destacar é que serviços de inteligência existentes na maio- Governo ria dos países têm como censurpreende pelo tro de suas preocupações a defesa dos interesses nacio- desconhecimento nais e da salvaguarda da so- da realidade berania. A criação da ABIN, em 1999, foi fruto das mobilizações democráticas que sucederam o fim da ditadura. No seu artigo 6º, previu “o controle e fiscalização externos da atividade de Inteligência serão exercidos pelo Poder Legislativo na forma a ser estabelecida em ato do Congresso Nacional”. É hora de a Comissão de Controle da Atividade de Inteligência intensificar a defesa do Estado Democrático de Direito.
Três semanas de um governo já em crise E agora... Partido de Bolsonaro é investigado por usar candidaturas falsas Uma série de denúncias sobre a campanha eleitoral do PSL afirmam que o partido teria cinco candidaturas “laranjas” – falsas – com objetivo de angariar dinheiro público. A denúncia envolve o ministro da Casa Civil, Gustavo Bebianno, braço direito de Bolsonaro no governo, mas que foi chamado de “mentiroso” pelo presidente em seu Twitter. A situação segue tensa no Planalto.
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BRASIL
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
Governo Bolsonaro incentiva eletrochoques e propõe a volta dos manicômios
Cena do filme “Um estranho no ninho”, de 1976, do diretor Milos Forman
Cecília Figueiredo
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hospitalização em manicômio terá centralidade no Ministério da Saúde do governo de extrema direita de Bolsonaro (PSL). A nota técnica do Ministério da Saúde, divulgada na quarta-feira (6), reorientou as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental. Entre as alterações, também constam a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia – eletrochoques – para o Sistema Único de Saúde (SUS) e internação de crianças em hospitais psiquiátricos. Com 32 páginas, o documento retira o protagonismo da política de redução de danos, adotada há 30 anos no país, após esforços do movimento de sanitaristas e de luta antimanicomial. Para o médico psiquiatra Roberto Tykanori, liderança da Luta Antimanicomial e professor adjun-
Internação de crianças e adolescentes são incentivadas
Fim da taxa antidumping ameaçou 1,17 milhão de produtores de leite
Marcello Casal Jr /Agência Brasil
O governo federal decidiu extinguir uma sobretaxa que existia para encarecer a importação de leite em pó e desnatado vindos da Europa e Nova Zelândia. Mas teve que recuar mais uma vez na terça-feira (12) e vai compensar a própria decisão com uma sobretaxa das importações. A extinção da taxa antidumping pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL) foi bastante criticada. Para proteger o mercado bra-
sileiro, o país tem uma taxa antidumping desde 2001, que consistia em uma tarifa de 14,8% para o leite oriundo da União Europeia, além dos 28% já praticados pela importação. Mais de 1 milhão de pequenos agricultores produtores de leite no país sairia prejudicado com a medida. “Significaria uma quebradeira para a agricultura familiar”, afirmou o produtor Sebastião Vilanova, presidente da Cooperoeste.
to da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a nota técnica é mais um ataque à democracia: “A Política Nacional de Saúde Mental e a Reforma Psiquiátrica foram lançados após 12 anos de debate no Congresso e na sociedade. Não há governo que tenha legitimidade para mudar o rumo unilateralmente. A nota técnica é mais um ato de desrespeito à democracia”, lamenta.
Minas Gerais perdeu em média R$ 1 bilhão por ano em impostos da mineração
Incentivo à hospitalização Na avaliação da psicóloga Lumena A. C. Furtado, da Unifesp, a nota técnica “fere a Lei 10. 216, que fala claramente que a internação em qualquer de suas modalidades no artigo 4º só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes”. No ano passado, houve a suspensão de centenas de contratos de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e serviços de residência terapêutica, que poderão servir meramente para moradia, segundo ela, sem foco na desospitalização. Internação de crianças e adolescentes em hospitais psiquiátricos também são incentivadas na nota técnica, outro ponto que infringe o artigo 4º da Lei 10. 216.
A Vale e as outras empresas do setor de mineração que exploram os recursos naturais de Minas Gerais se aproveitaram de uma lei de isenção fiscal e outras estratégias para pagar menos ou nenhum imposto. A base do mecanismo é a lei Kandir, criada em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, que dá isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para qualquer tipo de produto que seja destinado à exportação – seja matéria prima ou produto manufaturado. “Os estados ‘minerados’, são profundamente prejudicados pela lei Kandir. Entre 1997 e 2013, as perdas estimadas para Minas Gerais foram de R$ 16,9 bilhões”, disse Tadzio Coelho, da Universidade Federal de
Da redação
Juiz de Fora (UFJF). Ou seja, durante 17 anos, o estado deixou de arrecadar R$ 17 bilhões – R$ 1 bilhão a menos por ano. O levantamento do potencial de perdas foi feito pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos). Para Márcio Zonta, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a prática é um saque dos bens brasileiros. “Ela pega grande parcela do lucro público e coloca como lucro privado das mineradoras, analisa. Além disso, as mineradoras usam o Poder Judiciário para não pagar tributos. Desse modo, as prefeituras e estados arrecadam cada vez menos. Segundo Zonta, isso acontece, por exemplo, “quando a mineradora recebe a cobrança do município referente à Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), e ela não concorda em pagar, dizendo que está sendo cobrado a mais”.
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Fim do ciclo da Vale em Minas é inevitável ECONOMIA A tendência é que a mineradora deloque sua produção para Carajás e Amazonas Mídia NINJA
operações a seco”, declarou. De fato, empresas como a Vale adquirem tecnologias que permitem maior aproveitamento do material, com extração de riqueza do próprio rejeito. “A barragem 1 passaria por um processo de recuperação de finos e ultrafinos. Mas, mesmo com esses avanços, ela não consegue compensar a queda do teor de pureza”, pondera o pesquisador. O que compensa, segundo ele, é a exploração de minério em Carajás.
Wallace Oliveira
A
pós o crime em Brumadinho, a Vale anunciou a desativação de dez barragens, quatro atividades em Nova Lima, três em Congonhas, uma em Sarzedo, uma em Ouro Preto, uma em Itabirito, além de Brumadinho. Com a medida, a empresadeixaria de produzir 40 milhões de toneladas de minério no estado. Existe, segundo analistas, uma tendência a que a mineradora desloque sua produção para o sistema Norte, em Carajás e Amazônia. De acordo com Tádzio Coelho, pesquisador do Centro Ignácio Rangel de Estudos do Desenvolvimento, o motivo é o envelhecimento das minas e a queda na qualidade do material explorado. “O teor de pureza do minério de ferro
Mineração causa impactos na água, na agricultura, no setor imobiliário
vem caindo ao longo do tempo. Já estava ocorrendo essa mudança, mas ela é acelerada pelo rompimento da barragem”, afirma. Em depoimento à Câmara dos Deputados, na quinta (14), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, negou
essa possibilidade. “Nós não temos intenção de sair ou diminuir nossa atividade em Minas Gerais. Antes, pelo contrário, a atividade vai se modificando e o que estamos investindo é no sentido de introduzir práticas mais modernas, com o máximo de
Sabotagem de alternativas A mineração causa impactos na água, na agricultura, no
Outras atividades não são incentivadas e atrofiam
setor imobiliário. Governos criam infraestruturas para atender aos interesses da atividade. Cresce a pressão sobre serviços públicos como saúde, educação e estradas, sobrecarregadas pela logística de transporte das mineradoras. Ao mesmo tempo, a atividade gera arrecadação para prefeituras e empregos. Tádzio explica que, embora esses ganhos sejam pequenos, se comparados a outros países, a mineração torna o município totalmente dependente. Outras atividades deixam de receber incentivos e atrofiam. “Há uma sabotagem sistemática às alternativas econômicas. Uma alternativa de Brumadinho seria o turismo, por conta do museu do Inhotim. Mas isso é afetado diretamente. Morreram turistas, estradas e a energia elétrica foi afetada”, exemplifica.
Para além da mineração Mídia NINJA
U
m estudo do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) mostrou que a suspensão das atividades da Vale tem impactos na economia. Em até três anos, 15.414 postos de trabalho deixariam de ser gerados. De impostos indiretos (ICMS, IPI), Minas perderia R$ 575 milhões no curto prazo (confira o documento completo: goo.gl/ o8WdB2). Com a desativação de minas e barragens, municípios ficam órfãos e se instala o temor entre prefeitos e moradores. Não se pode dizer, porém, que esse pro-
cesso é imprevisível. “O minério de ferro uma hora vai acabar e não dá duas safras”, lembra Luiz Paulo Guimarães, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Ele acrescenta que não há política nacional prevendo um plano de fechamento das minas e a construção de alternativas no Brasil. Como saída para esse impasse, o MAM defende, entre outras
medidas, a disputa dos recursos de um dos poucos impostos pagos pelas mineradoras, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). “Hoje, não há possibilidade de participação popular para definir onde serão investidos os recursos. Se depender das prefeituras, vai tudo para políticas variadas,
Não há política nacional com plano de fechamento das minas
que não visam à superação da dependência”, alerta. Durante a votação do novo código da mineração, no governo Temer (MDB), o MAM propôs a criação de comitês populares com poder para decidir o destino do recurso, mas a proposta não passou. “Tem que construir um modelo de mineração sob controle do povo brasileiro, aliado a um projeto de desenvolvimento nacional, mo qual quem vai decidir as taxas e ritmos da exploração, áreas que serão exploradas e territórios livres de mineração será a sociedade brasileira”, conclui.
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Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019 Resumen Latinoamericano
Cuba: o desafio do mais socialista país mais socialista da atualidade CONSULTA Prestes a referendar a nova Constituição, país do Caribe reafirma socialismo, mas de olho nos investimentos da iniciativa privada Zuzileison Moreira
Turistas tiram foto em frente à Baia de Santiago de Cuba
Zu Moreira, Especial de Havana
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m meio à crise da Venezuela, instabilidade nas relações com o norte-americano Donald Trump e o governo de Jair Bolsonaro e a passagem de um tornado, Cuba se prepara para referendar, no domingo (24), a nova Constituição, que substituirá a vigente desde 1976. No ano em que se comemoram os 60 anos da revolução liderada por Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto Che Guevara, os moradores da ilha caribenha devem reafirmar por meio do voto o caráter socialista do regime, mas com um detalhe. A nova carta magna admite a convivência com a iniciativa privada e o direito à propriedade, embora o modelo de negócio esteja ainda sob a tutela do Estado por meio das sociedades de economia mista. O texto reafirma o caráter socialista do país e re-
flete as mudanças na estrutura do Estado, a expansão dos direitos e garantias individuais, o fortalecimento do poder popular na base (municípios), o Estado Laico e o reconhecimento de várias formas de propriedade, incluindo a privada. Apenas oito artigos foram mantidos da última carta magna do povo cubano,
Estamos aperfeiçoando nosso sistema: um socialismo próprio, moderno, sustentável e solidário” promulgada em 1976, afirma Luiz Caballero Fernandes, cientista político e ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias. Pela nova lei, a idade máxima para ocupar o cargo
de presidente é de 60 anos, com mandato de cinco anos para o presidente, com direito a uma reeleição, totalizando dez anos, mesmo período que Raul Castro, sucessor de Fidel, permaneceu no cargo (2008-2018). Ele destaca o papel das mais de 2 mil organizações não-governamentais que participaram das discussões. “Essa foi a maior democracia que se pode haver no mundo. E se tornou uma constituição mais moderna, mais integrada ao século 21”. “O mais importante é que o povo se formou em uma constituinte. Não foi uma reunião de deputados. Estamos aperfeiçoando nosso sistema: um socialismo próprio, moderno, sustentável e solidário”, afirmou Luiz. “Nós cubanos não somos comunistas dogmáticos, mas sim práticos. Somos hipercríticos. Não há uma obra humana perfeita, todos os dias há de se aperfeiçoá-la”, completou.
Movimentos argentinos protestam contra “políticas de fome” de Macri Movimentos argentinos foram às ruas de todo o país na quarta (13). Com o lema “Terra, teto e trabalho, contra a fome e os tarifaços”, os manifestantes denunciam que a atual crise econômica no país é uma consequência das políticas que o governo de Maurício Macri tem aplicado nos últimos quatro anos. É a mesma política econômica do governador de Minas, Romeu Zema, e do presidente Jair Bolsonaro. Em 2018,
o govenro solicitou um empréstimo de 56,3 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional. A Argentina sofre com a alta da inflação. Movimentos reivindicam a criação de postos de trabalhos formais, aumento de 54% na verba para programas sociais, distribuição de kits escolares, concessão de obras públicas a cooperativas de trabalhadores e o decreto da Lei de Emergência Alimentar.
Governo venezuelano diz que “suposta ajuda humanitária é show midiático” Diversas ações de distribuição de alimentos e medicamentos ocorrem em comunidades do estado venezuelano de Táchira, fronteira com a Colômbia. A iniciativa é do governo do presidente Nicolás Maduro (PSUV), como resposta às tentativas de infiltrar caminhões vindos da Colômbia, a mando dos Estados Unidos. Segundo Freddy Bernal, representante do governo em Táchira, os caminhões estão parados do lado colombiano e transportam 90 toneladas de alimentos, o que só alimentaria 5 mil
pessoas durante dez dias. “É um show midiático, pois essa quantidade de alimentos não tem impacto na região. É uma fraude humanitária. O povo da Venezuela não é mendigo. Todos os meses, distribuímos 6 mil toneladas de alimentos para centenas de famílias no Estado”, destaca. Moradores de ambos os países parecem ignorar por completo as divergências. Em um vai e vem constante, centenas de pessoas cruzam diariamente a fronteira. O comércio bilateral continua intocável.
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ENTREVISTA 15 11
“É um modelo de governo que ignora questões essenciais para o povo”
Governo apresenta projeto que extingue a Escola de Saúde Pública
Mídia NINJA
Precisamos reagir agora porque senão será difícil reverter perdas”
Amelia Gomes
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esde que assumiu o governo, Romeu Zema (Partido Novo) já foi alvo de inúmeras polêmicas que colocaram em xeque sua capacidade de administrar o estado. Para avaliar os reflexos que estas medidas trazem para a população, entrevistamos o Secretário Geral da Central Única dos Trabalhadores - CUT-MG, Jairo Nogueira. Brasil de Fato - Já nos primeiro dias de governo, Zema adotou medidas que interferem diretamente na situação dos trabalhadores no estado. A CUT já tem um balanço? Jairo Nogueira - Nós ainda não conseguimos dialogar com esse governo, porque ele só dialoga por rede social. Além de não falar com os sindicatos, ele também não dialogou com o funcionalismo, mantém o parcelamento dos salários e adotou esta medida absurda que é o parcelamento do 13° dos servidores. Fez mui-
ta promessa de ser o novo, mas na prática, o que nós estamos vendo é que de novo não tem nada, até porque a própria composição do governo é baseada no que foi a gestão de Aécio Neves e Anastasia. O que a gente sente é que ele não tem plano de governo. Ele não está discutindo a questão da
O pacote do Zema não deu certo na década de 90” fome em Minas Gerais, que voltou a assombrar o estado. Ele não está discutindo o desemprego. Ignora questões essenciais para o povo, como a questão das barragens e da mineração em Minas Gerais. Um dos principais debates encampados por Zema é a questão orçamentária do estado, como a proposta pode afetar a população? A forma como está proposta a renegociação da dívida do estado, colocada
primeiramente por Temer e agora pelo Bolsonaro, é algo muito prejudicial para a população. O único estado que aceitou essa renegociação foi o Rio de Janeiro e a gente vê que isso não adiantou nada para a população. O Rio está um caos. Porque essa solução que é colocada, de venda das concessionárias de saneamento e energia, não resolve a crise econômica. Nós mineiros, mais do que todos, sabemos muito bem o que a privatização traz para a população. Estamos vendo de novo um crime cometido no estado por uma empresa privatizada. A Cemig e a Copasa são essenciais para a população. Trará perda da renda para o estado. É um pacote que não deu certo na década de 90 e que agora está sendo implantado de novo. Zema foi ao Supremo Tribunal Federal pedir aprovação da Ação Direta de Inconstitucionalidade, que autoriza os governadores a rebaixar o salário dos servidores, que será votada no próximo dia 27. Como a CUT avalia isso? É uma continuidade ao ataque contra os servidores; contra o bombeiro que está lá em Brumadinho, contra a professora que dá aula para o seu filho, contra a enfermeira que nos atende no hospital, contra esses trabalhadores. São trabalha-
Quem presta serviço para o povo são os servidores públicos e as estatais
dores que já estão recebendo pouco, com salários parcelados e que mesmo assim continuam atendendo à população de Minas Gerais. Ele deveria estar discutindo era outro processo, como listar as empresas que devem o estado e que não pagam suas dívidas. Ou discutir o imposto sobre a mineração e a Lei Kandir. O governador tem declarado repetidas vezes sua intenção de vender as estatais. Como essa proposta afetará os mineiros? O Zema vem construindo, desde a sua campanha eleitoral, essa demonização do setor público e dos servidores. Nós precisamos é de mais serviços públicos e não menos. Precisamos de mais postos de saúde, mais bombeiros, mais escolas, etc. E quem faz isso não são as empresas, é o estado. A privatização é um risco muito grande para nós mais pobres, porque o setor privado quer saber é de lucro. Ele não vai colocar um posto de saúde em Ribeirão das Neves, que é onde precisa, ele vai colocar é onde dá lucro. Se acontecer a venda da Cemig e da Copasa, vai ser um crime. Quais ações a Central Única dos Trabalhadores tem adotado para resistir a essas medidas? Estamos fazendo debates com os trabalhadores. Agora no dia 20 vamos realizar um ato contra a reforma da Previdência. Estamos participando da construção do 8 de março, que é o Dia Internacional de Luta das Mulheres. A gente precisa reagir agora porque senão, depois vai ser difícil reverter as perdas.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), apresentou à Assembleia Legislativa projeto de lei que prevê a extinção da Escola de Saúde Pública do Estado (ESP-MG) e sua incorporação à estrutura da Secretaria de Estado de Saúde SES-MG. Fundada em 1946, a ESP já formou mais de 300 mil trabalhadores. Em 2017, recebeu o certificado de excelência na formação de sanitaristas no SUS. Hoje a ESP-MG tem uma carteira diversificada de cursos técnicos e de pós-graduação e é referência para todos os trabalhadores do SUS. O projeto de lei, se aprovado, pode levar à perda da sua estrutura física, à realocação de seus servidores, prejuízos à carreira, perda de autorizações junto ao MEC e fomento à pesquisa, o que seria mais um capítulo do desmonte do SUS.
14 VARIEDADES 12
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CIÊNCIA, COISA BOA! VIVEMOS MAIS. MAS, VIVEMOS BEM?
Amiga da Saúde O que é sífilis? Como me proteger? Fabio Dias, 16 anos, jovem aprendiz.
Até o século XIX, as pessoas morriam principalmente devido às doenças infecciosas. Tal cenário mudou quando basicamente passamos a lavar as mãos, a higienizar os alimentos e a água que ingerimos, a nos vacinar e a usar antibióticos. Desde então, outro tipo de mal passou a ocupar o posto de inimigo número 1 da humanidade. Problemas cardíacos e pulmonares, AVCs, diabetes e câncer são exemplos das chamadas doenças crônicas, principais causas de mortes humanas atualmente. Esse tipo de doença não é causado por outros seres, e sim por fatores relativos à história de vida do indivíduo. Sedentarismo, tabagismo, obesidade e predisposição genética são exemplos de coisas que podem levar você a ter uma doença crônica. A boa notícia é que já sabemos em grande medida como evitá-las, e isso não custa caro. Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e não fumar já ajuda muito. Acontece que nossa medicina hoje está Vida estressante muito mais preocupada em tratar os sintoe trabalho intenso mas do que em evitar as doenças. Para a inprejudicam saúde dústria farmacêutica é muito mais interessante vender medicamentos cardíacos para alguém durante 20 ou 30 anos do que evitar que essa pessoa se torne um cardiopata. Somos ótimos em manter um doente vivo. Apesar da humanidade hoje viver mais, parece que aproveitamos o tempo extra de uma forma um tanto quanto errada. Nos entupimos de remédios para tratar nossas dores, que são fruto de péssimos hábitos decorrentes de uma vida estressante e de trabalho intenso. Assim, não há corpo que aguente. E nem mente que aguente. O diagnóstico de transtornos psiquiátricos como a depressão e o uso de drogas para tratá-los só aumentam ano após ano. Por isso, nosso maior desafio hoje em termos de saúde pública é fortalecer uma medicina que eduque para a prevenção. Somos hoje 7,6 bilhões de pessoas. A biologia nos ensina que geralmente o crescimento populacional de uma espécie acompanha uma curva em forma de S. Há uma primeira fase longa de baixo crescimento, seguido de um boom exponencial, que dura até que a população atinja um tamanho limite, quando, então, tende a se estabilizar. Ao que tudo indica, estamos agora na segunda metade da fase de boom. As estimativas mais correntes indicam que, se nada muito anormal ocorrer, a população humana se estabilizará em torno dos 12 bilhões de habitantes, em algum momento do século XXII. Nossa expectativa de vida aí será de algo em torno dos 90 anos de idade. Será que até lá conseguiremos aproveitar melhor esse tempo? Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela inicialmente provoca uma ferida indolor na região genital ou na boca, que logo some. Depois de alguns meses aparecem feridas na pele. Mais tarde, após meses ou anos, toma o corpo inteiro e pode levar à morte. A melhor proteção é usar camisinha em toda relação sexual, pois a sífilis é uma DST (doença sexualmente transmissível) e tem enorme chance de transmissão num único contato sexual. Também passa de mãe para filho na gestação. Nesse caso, pode causar má formação do feto. Isso tudo pode ser evitado com um tratamento simples. Vá ao centro de saúde e peça um teste rápido, o resultado sai na hora. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Nossos direitos USUCAPIÃO O usucapião é uma forma de regularizar quem tem a posse de uma área particular, mas não tem o título de propriedade desse terreno. Para entrar com uma ação judicial é preciso ocupar a área com a certeza de que lhe pertence, por isso não cabe nos casos de imóvel emprestado. Outro requisito é que não tenha havido nenhum questionamento sobre a posse do imóvel, ou seja,
nunca ter recebido notificação da Justiça ou do proprietário. Por fim, é preciso comprovar a posse ininterrupta, ou seja, durante o período exigido por lei, não ter abandonado e depois voltado. Se isso acontecer, o tempo será contado desde o retorno. Cada tipo de usucapião exige um tempo diferente de posse. Em caso de dúvida, procure um advogado ou a Defensoria Pública.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019
13 VARIEDADES 15
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Dicas Mastigadas DANONINHO CASEIRO
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CAÇA-PALAVRA
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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
Soja, a favorita dos vegetarianos
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Devido, principalmente, ao seu alto teor de PROTEÍNA, a SOJA se tornou um dos ingredientes preferidos dos VEGETARIANOS. Nessa culinária, não é permitido o consumo de alimentos de origem ANIMAL, que são uma das melhores FONTES das proteínas completas. Isso porque apresentam, em sua COMPOSIÇÃO, todos os AMINOÁCIDOS essenciais para o nosso organismo que não são SINTETIZADOS naturalmente e, por isso, precisam vir dos ALIMENTOS. A soja é uma ótima opção para substituílos, pois, em alguns casos, possui um teor proteico até maior que o dos “concorrentes”. Para se ter uma ideia, enquanto 100 g de carne de GALINHA oferecem aproximadamente 1.810 mg do aminoácido LISINA, essa mesma QUANTIDADE do GRÃO conta com 2.414 mg. Além disso, ela é FÁCIL de ser cultivada e pode ser TEXTURIZADA an rn fe o: ã para imitar o SABOR e a MACIEZ da CARNE. ç t ra i lu s
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Solução
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1 lata de leite condensado 2 latas de creme de leite 1 pote de iogurte natural 1 saquinho de suco em pó de morango
Modo de Preparo
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Ingredientes
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1. No liquidificador, bata o leite condensado, o creme de leite, o iogurte e pozinho do suco. 2. Distribua em potes individuas ou em uma travessa e leve à geladeira até firmar. 3. Sirva bem gelado.
Dica: varie o sabor da sobremesa preparando com suco em pó de maracujá, limão ou uva. Rende 20 porções.
A L I M E N T O S T E X T U R I Z A D A E D A D I T N A U Q A N I E T O R P S O D A Z I T E T N I S O Ã Ç I S O P M O C
Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019 Mariana Fonseca Laterza
Êeeeeeeee boi! PERFIL Grupo Boi Luzeiro mistura música, resistência, denúncia e valorização dos ritmos e mestres populares Larissa Costa
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olia de reis, congado, maracatu, boi do Maranhão, carimbó e samba são ritmos presentes nas músicas do grupo Boi Luzeiro, que desde meados de 2018 se apresenta em circuitos culturais de Belo Horizonte. O nome, inspirado no grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado, traz elementos da vida e da luz que guia. Formado por seis integrantes que cantam e estudam a cultura popular – Militani de Souza no violão, João Vitor Romano no violino e baixo, Pedro Pessoa, Anna Luiza Magalhães, Laís Fernandino e Sara Marques na percussão) – o grupo foi se juntando e trazendo também conhecimentos das artes visuais, do design de moda e gráfico, da arquitetura, da geografia e da música erudita. Como resultado, canções que exaltam os mestres e fortalecem as tradições que vem sendo perdi-
das com o avanço da indústria da música e com a política retrógrada que retira direitos, ameaça quilombos e que destrói o Ministério da Cultura. “Uma coisa que eu defendo é isso: a gente está se fortalecendo para poder não deixar que acabe de vez. Porque se não tiver união, de quem estuda, de quem é da raiz, acaba da noite para o dia. A arma que a gente tem é a arte, é um instrumento na mão, um microfone para falar. E falar da importância de cada espaço, cada grupo, cada nação, cada quilombo”, conta Militani.
Seis integrantes estudam a cultura popular Música é manifesto, os ritmos são resistência Militani compõe as letras no violão, leva para o grupo, que ajeita a melodia, insere mais instrumentos e finaliza a obra. As poesias dizem
sobre as belezas do “ser-tão” de Guimarães Rosa, do canto da cigarra, da saudade e da simplicidade do ser humano imerso em paisagens rurais e urbanas. São músicas-manifesto que defendem a vida, mas que também denunciam crimes contra a humanidade. “Ictiofauna” traz em sua letra a lembrança dos peixes que se acabaram depois que a lama da Samarco tomou conta de todo o rio Doce. Depois de Brumadinho, em que a lama da Vale destruiu centenas de vidas em toda a bacia do rio Paraobepa, nasceu a canção “Não Vale Nada”: “o que era farturento, a lama transformou em miséria”, diz um trecho. “Eu fico muito triste de falar desse assunto. Mas o vento sabe o que sopra no ouvido da gente”, relata Militani.
Boi Luzeiro no Spotify Saiba mais em goo.gl/sW95nZ
CARNAVAL DAS MINA
Divulgação /Bloco Bruta Flor
Domingo (17) é dia do Carnaval das Mina em Belo Horizonte. A terceira edição do evento junta o Bloco Bruta Flor, As Panderista e os blocos Tapa de Mina e Truck do Desejo em uma festa que celebra com muita música a autonomia e visibilidade feminina. A concentração começa às 13h em frente ao Centro de Referência da Juventude (CRJ), na Praça da Estação. Vá de verde e com muitas flores na cabeça!
ENSAIO NA PEDREIRA
Divulgação/ Alô Abacaxi
Todas as semanas, a ocupação Pátria Livre (R. Pedro Lessa, 435) recebe ensaios abertos dos blocos de carnaval de Belo Horizonte. As baterias do Alô Abacaxi, Tchanzinho Zona Norte, Bloco dos Hermanos, Cavalo Marinho, Pata de Leão, Lua de Cristal, Fofoca estão confirmadas. As próximas datas agendadas são sábado (16), quarta (20), sábado (23) e domingo (24), as 16 horas. Mais informações no link goo.gl/zNVvqr.
CINEMA E CARNAVAL
Divulgação
Entre os dias 20 e 25 de fevereiro, acontece no MIS Cine Santa Teresa a 3ª Mostra de Cinema, Samba e Carnaval. Serão exibidos filmes, documentários, ficções e imagens de sambistas e desfiles da maior festa de rua do país. Após as sessões, haverá rodas de conversa que vão relacionar o tema com negritude e diversidade. A mostra é gratuita e a programação completa você confere no link goo.gl/oFi1zk.
Belo Horizonte, 15 a 21 de fevereiro 2019 Divulgação
na geral
ESPORTE
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Vistorias apontam problemas em CTs Divulgaçã o América
Paratletas mineiros são ouro em Dubai
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tuando pela Seleção Brasileira de Halterofilismo na Copa do Mundo de Dubai, Emirados Árabes, três atletas de Uberlândia subiram ao topo do pódio. A competição aconteceu entre os dias 10 e 12 de fevereiro. No primeiro dia de provas, a uberlandense Lara Aparecida de Lima conquistou o título da categoria até 41kg, erguendo 73kg. Com essa marca, a menina de 15 anos
também faturou o bronze da categoria adulto. No segundo dia, Vinícius Freitas sagrou-se campeão da categoria júnior até 80 kg, com 112 kg levantados. Por fim, no último dia, Maria Rita Martins levantou 76 kg na categoria até 86 kg, ficando com o ouro e o recorde das Américas na modalidade. Já Mateus Assis ficou em 5º lugar na categoria 107 kg. (Com informações do CPB)
Arthur Zanetti conquista dois ouros nos EUA
Fernando Frazão /Agência Brasil
Os centros de treinamento de Cruzeiro, Atlético e América receberam vistorias do corpo de bombeiros e das prefeituras de BH e Contagem. Apenas o Atlético estava com a documentação em dia. A Toca I, onde o Cruzeiro aloja 35 atletas, e o CT Lana Drummond, com 60 garotos da base do América, não tinham alvará e auto do corpo de bombeiros. As vistorias aconteceram após a imensa repercussão do incêndio no Ninho do Urubu, onde estavam alojados
atletas da base do Flamengo, no dia 8 de fevereiro. O incêndio matou dez adolescentes e deixou outros três feridos. No Rio de Janeiro, o Botafogo anunciou a retirada de sua base do Estádio Caio Martins, em Niterói, por falta de documentação. No CT do Fluminense, uma vistoria acusou falta de alvará e certificação do corpo de bombeiros. No CT do Vasco, em Vargem Pequena, estava em andamento uma obra que não foi licenciada. A prefeitura embargou a obra e multou o clube. ANÚNCIO
No torneio Woga Classic, realizado em Dallas (Estados Unidos), o ginasta paulista Arthur Zanetti subiu ao topo do pódio duas vezes. Ele venceu as disputas nas argolas e no salto. O Woga Classic foi o primeiro desafio de Arthur Zanetti em 2019. Nos dias 21 e 24, ele participará da etapa da Copa do Mundo em Melbourne (Austrália). O paulista é considerado um dos maiores ginastas do Brasil, o primeiro a conquistar um ouro em olimpíadas. O feito aconteceu nos Jogos de Londres 2012. Nas Olimpíadas do Rio, em 2016, ele ficou com a prata na modalidade.
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ESPORTES
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Vinnicius Silva / Cruzeiro
DECLARAÇÃO DA SEMANA Lucas Uebel / Grêmio FBPA
MP pede a prisão de vice-presidente de futebol do Cruzeiro O
Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) apresentou, na última segunda-feira (11), denúncia contra o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, o empresário Itair Machado. Ele é acusado de ameaçar de morte seu an-
tecessor no cargo, o também empresário Bruno Vicintin. A ameaça teria ocorrido no dia 13 de novembro de 2017, por telefone, pós eleição da nova gestão do Cruzeiro. Dez dias depois, Vincintin registrou ocorrência na polícia. Ago-
ra, o MP pede detenção de um a seis meses para Itair ou multa. Um mês antes do suposto incidente, em outubro de 2017, Bruno Vicintin pediu desligamento do Cruzeiro.
Estou feliz pela oportunidade de voltar ao Brasil e começar um novo ciclo no Grêmio. Vim para a equipe certa. É um time montado, que briga por títulos todos os anos” Diego Tardelli, ex-atacante do Atlético-MG, durante entrevista coletiva em sua apresentação ao Grêmio, na quarta (13)
Gol de placa 50 mil pessoas foi o recorde de público na Espanha para uma partida de futebol feminino! O jogo foi disputado entre Athletic de Bilbao x Atlético de Madrid, pela Copa da Rainha, no estádio de San Mamés. A partida terminou em 2 a 0 para as madrilenhas.
Gol contra Seguranças da Minas Arena, administradora do Mineirão, retiraram faixas da torcida cruzeirense Comando Rasta com palavras críticas à Vale e de solidariedade às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. O fato ocorreu no domingo (10), na vitória celeste contra o Tupynambás.
Isso é teimosia
Dentro e fora de campo
Cilada
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Jogando na distante Roraima, o América não conseguiu aplicar seu estilo de jogo contra o São Raimundo, mas segurou o empate, passando da primeira fase na Copa do Brasil. Apesar das longas viagens, jogar em estados de pouca tradição nas primeiras diDecacampeão visões do Campeonato Brasileiro é uma ótima oportunidade para dar visibilidade e refletir sobre as desigualdades no futebol nacional. A propósito, a realidade desses times, que beiram o amadorismo, com salários mínimos e estruturas básicas, é, na verdade, a mesma da maioria dos atletas e times profissionais no Brasil. O América e os clubes de maior expressão têm o dever de valorizar e respeitar essas partidas e esses times.
Para a felicidade atleticana, Ricardo Oliveira faz a diferença. Contra o Danúbio e em alguns jogos do Estadual, o atacante foi decisivo. Infelizmente, ele não tem reserva à altura, mesmo com 38 anos. Tardelli supostamente negociou com diretoria; o acordo dependia É Galo doido! de patrocinador; o empresário e o clube chinês impuseram condições. Por fim, ele acertou com o Grêmio. É bom reconhecer que dificilmente uma equipe consegue manter o ritmo durante 90 minutos. Além disso, é preciso combinar com o adversário. Não foi o Atlético que piorou, foram os uruguaios que melhoraram. Os confrontos com o Defensor prometem emoções fortes. Antes, sábado (16), temos o Tupi, no Independência.
Salve, nação azul! Nesta semana, veio a público a notícia de que o conselho do Cruzeiro aprovou um empréstimo de R$ 300 milhões. A situação financeira do cabuloso não é das melhores, especialmente após o mandato de Gilvan Tavares. Esse emprésLa Bestia Negra timo, na realidade, aliviará uma situação emergencial que, no fim das contas, fará com que a Raposa tenha basicamente um único credor. Logo, além de financiar o futebol, nós teremos que arcar com o pagamento dessa dívida monstruosa. É fundamental que o Cruzeiro desenvolva formas mais autônomas de garantir sua saúde financeira, buscando, na medida do possível, uma rediscussão do contrato com a Minas Arena. Saudações celestes!