Edição 272 do Brasil de Fato MG

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Alberto Cabello

Break nas olimpíadas

Midia NINJA

30 blocos no 8 de março

Modalidade pode estrear nos Jogos de Paris, em 2024

Ato do dia da Luta das Mulheres manifesta pautas feministas com carnaval

ESPORTE 16

CULTURA 14

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro de 2019 • edição 272 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

APOSENTADORIA INALCANÇÁVEL

João Jesus

Venezuela à beira de invasão EUA usam desculpa de ajuda humanitária para iniciar guerra. Brasil, Colômbia e vizinhos participam de empreitada assassina MUNDO 10 Eduardo Elias Camponez

Ameaça ao símbolo de BH Relatório da CPI pede fim da mineração na Serra do Curral e punição aos envolvidos CIDADES 5 Proposta da reforma da Previdência chega à Câmara sob protestos. Especialistas apontam que população mais pobre, entre trabalhadores, idosos e pensionistas serão os mais prejudicados I BRASIL 8

30 dias depois... Crime da Vale em Brumadinho se renova e barragens continuam ameaçando população ENTREVISTA 11


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

Editorial | Brasil

Só pra castigar Em meio a áudios vazados e brigas com seus ministros e o escândalo do laranjal na assessoria, Jair Bolsonaro apresentou hoje o seu projeto para a reforma da Previdência. Travada desde o governo Temer pelo povo, essa pauta tem sido o centro da disputa entre a classe trabalhadora e os grupos que hoje estão no governo. Entre Projetos de Lei e Proposta de Emenda Constitucional, a proposta apresentada diretamente a Rodrigo Maia é um ataque profundo aos direitos conquistados e, se aprovada, tornará a aposentadoria inalcançável!

ESPAÇO DOS LEITORES Que absurdo!! Dilke Fonseca comenta matéria Governo Zema apresenta projeto que extingue a Escola de Saúde Pública A matéria está muito boa, parabéns Brasil de Fato MG! Thainá Nogueira comenta a matéria Fim do ciclo da Vale em Minas é inevitável Vale assassina. É preciso estatizar a Vale. Diego Gonçalves sobre a matéria Mais de 200 pessoas são evacuadas de maneira “caótica” pela Vale em Macacos (MG) A desconfiguração da Constituição Federal de 1988 é um dos objetivos do golpe. É chamada de constituição cidadã por garantir a seguridade social e educação como direitos fundamentais do povo. Para os golpistas, “contém muitos direitos “ e para o patronato, o único “direito do povo é trabalhar até morrer” Andrea Hermogenes sobre o artigo Os novos desafios na defesa da escola pública

Mais tempo, mais trabalho, menor remuneração Resumindo, ficaremos mais tempo pagando e trabalhando para receber menos! Além disso, ao igualar a idade mínima, em muitas situações, para homens e mulheres, Bolsonaro e sua equipe desconsideram a vitória histórica de ter-se reconhecido na Previdência Social que mulheres têm jornadas duplas, triplas e até quádruplas de trabalho, ao serem quase sempre as únicas responsáveis pela manutenção da casa e pelas tarefas do cuidado com a família. Em meio a tantas crises muitas vezes nos vemos afirmando que Jair Bolsonaro está perdido ou não sabe

Aposentadoria será inalcançável Com essa reforma, um trabalhador precisa contribuir no mínimo 20 anos para passar a ter acesso ao benefício, e mesmo assim, só receberá o correspondente a 60% da renda sobre a qual era calculado o valor da contribuição. Para poder receber 100% da renda, serão necessários 40 anos de contribuição previdenciária! Além disso, aumenta a idade mínima para trabalhadores e servidores urbanos para 65 anos para homens e 62 para mulheres. Professoras e professores precisarão contribuir 30 anos para poderem se aposentar e a idade sobe para 60 anos e iguala homens e mulheres. As trabalhadoras rurais também sofrerão; a proposta de Bolsonaro aumenta para 60 anos a idade mínima para mulheres do campo se aposentarem.

Presidente sabe qual é o seu time o que faz, mas ao apresentar essa reforma da Previdência fica bem explícito que ele sabe sim com quem anda e de qual lado está jogando. Ao atingir a Previdência Social dessa maneira, o presidente praticamente destrói um direito histórico do povo e forçará trabalhadores a buscar outras maneiras para financiar sua aposentadoria, isto é, a buscar a iniciativa privada e os bancos para poder deixar de bater cartão um dia. Não podemos nos enganar pelas confusões entre ministros, filhos e pelas frases de efeito, Jair Bolsonaro sabe muito bem qual é o seu time e já mostra o quanto sabe jogar com os ricos e poderosos.

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello, Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

No início da semana, Alexandre Kalil, prefeito de BH e ex-presidente do Atlético, defendeu os altos preços dos ingressos de futebol e disse que “rico vai ao estádio, pobre assiste ao futebol na TV”. Esqueceu-se de dizer que os estádios foram financiados com dinheiro público e que a maioria dos torcedores que apoiaram seu time nos últimos anos são pessoas de baixa renda.

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

GERAL

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Declaração da Semana “Lula está preso por acusações fabricadas pelas elites no Brasil”

O Brasil de Fato foi às ruas perguntar: você concorda com Alexandre Kalil?

Eu discordo! Os ricos só vão no estádio para tirar foto, quem torce são os pobres. Estádio agora virou isso, é só para rico. O preço está ótimo para quem tem dinheiro, para nós que somos pobres está caro demais. Eu mesmo não vou. Antônio Eustáquio, motociclista

Declarou Roger Waters, lendário músico e fundador do Pink Floyd, ao blog estadunidense Brooklyn Vegan

Praticidade e Saúde

Reprodução

Eu discordo! Já está tudo muito caro. Eu acho que tinha que ser uns 15 reais ou então de graça. Se fosse mais barato com certeza eu iria mais vezes ao estádio. Eu não pago R$100 em um ingresso! Laryssa Yanka, manicure e cabeleireira Na correria do dia a dia nem sempre dá tempo de passar no sacolão. Uma boa dica para manter sua casa abastecida é congelar frutas e verduras. Para que os alimentos não percam nutrientes e nem textura, basta fazer o que os nutricionistas chamam de branqueamento. Passar o alimento em água fervente e logo em seguida colocar em uma bacia com água gelada e gelo. Depois retirar toda água e colocar em sacos plásticos, retirando todo o ar de dentro das embalagens.

NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS Reprodução

Se você tem alguma dívida com os bancos e deseja quitar o débito, os Procons da Assembleia Legislativa e da Prefeitura de BH estão promovendo um mutirão de negociação. O evento acontece entre 11 e 15 de março. Mas para participar os consumidores devem se cadastrar até 28 de fevereiro. Basta ligar para (31) 2108-3460, das 13h às 17h, ou enviar mensagem para mutirao.dividas@almg.gov.br, informando nome completo, CPF, telefone de contato e o banco com o qual pretende negociar a dívida.


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MINAS

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

Ato do Dia das Mulheres reúne mais de 30 blocos de carnaval em BH 8 DE MARÇO Além das pautas feministas, manifestação cobra justiça para Marielle e vítimas de Brumadinho Mídia Ninja

salta Lorena Lemos, do Levante Popular da Juventude, um dos movimentos que estão na organização.

PBH

Raíssa Lopes

Q

ue o Carnaval de Belo Horizonte é político não é novidade. E mais uma vez a folia vai além do período oficial da festa e se soma a debates importantes para a sociedade. É o caso do ato do Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março (sexta-feira), que conta com a par-

ticipação de mais de 30 blocos e acontece na Praça Raul Soares, centro da cidade. A bateria será composta apenas por mulheres. O tema de 2019 denuncia o crime da Vale em Brumadinho e um ano do assassinato de Marielle Franco, ex-vereadora do Psol eleita no Rio de Janeiro, executada a tiros no dia 14 de março de

2018. O intuito é fazer da manifestação, que é organizada pela Frente Brasil Popular, um evento de combate e de unidade, além de positivo, bonito e colorido. “Não tem como não pensar no impacto na vida das mulheres com o crime social e ambiental que aconteceu em Mariana e agora em Brumadinho. O lucro, acima de tudo, significa as nossas mortes”, res-

De mãos dadas Um dos blocos participantes é o Truck do Desejo, que já nasceu com o objetivo de ser um espaço para dar voz às mulheres lésbicas e bissexuais. Usando o deboche para ironizar o estereótipo da “caminhoneira” e da “sapatão”, o grupo reafirma o discurso pelo fortalecimento e emancipação das mulheres e contra qualquer tipo de violência. “É muito poderoso se unir com as outras companheiras para construir atividades com as frentes e blocos. Não existe transformação se não for des-

sa forma”, declara uma das integrantes, Lara Sousa. Mais de 50% das mulheres do bloco Então Brilha!, um dos maiores da capital mineira, também se somam à mobilização. Uma delas, Paula Silva, explica que não tem como falar de carnaval belo-horizontino sem falar de política. “Não faz sentido desvinculá-lo de qualquer luta. É assim que a festa daqui renasceu. E já que o bloco tem um grande alcance, cada vez mais precisamos usá-lo como ferramenta para questões que precisam de atenção”.

8M

Belo Horizonte O lucro não vale a vida Concentração às 17h Praça Raul Soares Trajeto até a Praça da Estação Acompanhe o evento no Facebook: www.bit.ly/2V7uP6P

Bateria terá apenas mulheres

Comida saudável será distribuída à população para criticar fim de Conselho de Segurança Alimentar IRREVERÊNCIA Manifestação é chamada de ‘Banquetaço’ e acontece em todo o país. Em BH, ocorre no Viaduto Santa Tereza Reprodução

Redação

M

ais de 15 cidades brasileiras recebem o Banquetaço na quarta-feira (27), um ato que cobra a continuidade do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), extinto pelo governo de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL). O órgão foi criado para defender o valor da ali-

mentação saudável e sem agrotóxicos. Na capital mineira, a ação acontecerá no Viaduto Santa Tereza, das 12h às 16h. A iniciativa vai distribuir mais de 15 mil refeições no país, todas preparadas com produtos da agricultura familiar e da agroecologia. No evento de Belo Horizonte, serão realizados debates e apresentações culturais.

O Banquetaço foi criado em 2017, na cidade de São Paulo, como protesto à farinata, ou ração humana, proposta pelo então prefeito João Dória (PSDB). Atualmente, a população também se organiza pela internet, coletando assinaturas contra a extinção do conselho. Acesse: bit.ly/FIANPetição


Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

MINAS

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Vereadores pedem investigação dos culpados pela situação da Serra do Curral Reprodução

Rafaella Dotta

H

á sete meses, vereadores de Belo Horizonte estudam a situação da Serra do Curral. A montanha, que foi eleita símbolo da cidade em 1997, apresenta desmoronamentos no pico. O lado da serra voltado para BH é tombado como patrimônio natural, já o lado voltado para Nova Lima (MG) tem uma antiga cava de mineração e ainda hoje, segundo a CPI, está sendo minerado ilegalmente. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) entregou seu relatório final na terça (19), na Câmara Municipal de BH. Apurou que a mineradora Empabra começou a trabalhar no local em 2008, para fazer as recuperações ambientais, porém, não realizou as obrigações antigas (condi-

cionantes), não fez novas recuperações ambientais e está minerando em área proibida. O vereador Gilson Reis (PCdoB) criticou a atuação da Empabra e de outras mineradoras que não realizaram o Estudo de Impacto Ambien-

tal (EIA RIMA) e o licenciamento para minerar. “Nós não podemos permitir que mineradoras, à revelia de todos os processos legais, entrem para recuperar a área, mas na prática façam mineração sem EIA RIMA”, comentou.

Parar a mineração e punir os culpados O relatório pede que todas as minerações na Região Metropolitana de BH sejam suspensas. Indica ainda o bloqueio dos bens da Empabra e de seus sócios, para pagar os compromissos ambientais e trabalhistas. A avaliação geral foi de que órgãos ambientais privilegiaram a mineração, ao invés de protegerem a Serra do Curral, e recomenda que o Ministério Público denuncie três órgãos do governo estadual e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para Luiz Paulo Guimarães, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a melhor saída é a demarcação de toda a serra como “área livre de mineração”. “É

um absurdo você permitir a mineração no símbolo de BH”, critica.

CPI

estadual e federal “CPI tem o papel de verificar aquilo que as mineradoras mentem”, defendeu a deputa estadual Beatriz Cerqueira. No estado, 74 deputados assinaram o pedido de abertura da CPI, mas aguardam aprovação. Já na Câmara Federal, deputados tentam realizar uma CPMI, englobando também os senadores.

Vale terá que pagar a todos os moradores de Brumadinho

AUXÍLIO Mineradora pretendia que auxílio fosse apenas para atingidos de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira Isis Medeiros

Da redação

A

mineradora Vale deverá pagar um auxílio emergencial a todos os moradores de Brumadinho (MG) e de outras cidades, que tenham casas até 1 km de distância das margens do rio Paraopeba. A decisão foi tomada durante a terceira audiência de conciliação entre instituições do sistema de Justiça e a Vale na tarde da quarta-feira (20), no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em BH. Mais de 200 pessoas atingidas pelo crime socioambiental da Vale

em Brumadinho se reuniram em frente ao TJMG. “Ela enrolava, se recusava, manipulava e tomou uma

lição hoje. É uma nova esperança”, disse Joceli Andreoli, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). A pro-

posta da Vale era de fazer um “pagamento extraordinário” apenas para as pessoas das comunidades de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira. Os atingidos devem receber R$ 1 mil por adulto, e R$ 300 por criança e adolescente. Para quem mora

Ela enrolava, se recusava, manipulava e tomou uma lição hoje

em outros municípios afetados a 1 km do rio está garantido o direito à Assessoria Técnica Independente, escolhida pelos atingidos. O TJMG determinou que a Vale não participará mais do registro dos atingidos. Uma empresa independente será contratada. Essa mesma entidade ficará encarregada de fazer o levantamento das dívidas das famílias que, em razão do crime, não conseguem pagá-las. O objetivo é que a Vale assuma a responsabilidade do pagamento, mas essa possibilidade ainda será objeto de negociação.


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MINAS

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

Opinião

Matar os jovens, deixar morrer os velhos João Paulo Cunha Em poucos dias o governo de Jair Bolsonaro proferiu duas sentenças anunciadas de genocídio contra o povo brasileiro. A primeira, com o pacote anticrime de Sérgio Moro, cujo projeto se fundamenta no aumento da violência penal, na desconsideração das causas da criminalidade e na licença para matar dada à polícia, sustentada em critérios subjetivos. A segunda é resultado da extinção da Previdência Social, retirando nada menos que 40% da renda dos idosos em condição de insegurança social, além de dificultar a aposentadoria rural e diminuir drasticamente as pensões para órfãos e viúvas. No primeiro caso, a juventude pobre das periferias é colocada literalmente na linha de tiro. No segundo, os mais velhos são abandonados ao relento da falta de políticas de seguridade. O que une as duas pontas da barbárie é nitidamente um corte de classe, preconceito e exclusão.

Saem perdendo os mais pobres, os idosos e os pensionistas O pacote anticrime é perpassado de problemas identificados por especialistas nos campos constitucional, penal, penitenciário, policial e social. Não considera a situação carcerária brasileira, as causas da violência, as estratégias policiais de enfrentamento, a inteligência do setor e as alternativas penais. O projeto traz ainda inconsistências constitucionais, como a prisão depois do julgamento em segunda instância. O projeto mira a população pobre e periférica, que será objeto de caçadas policiais chanceladas pela impunidade. Já sobre a Previdência, a discussão substantiva, que é o sentido real da segurida-

de social não foi colocada em pauta. A tarefa da Previdência é garantir a seguridade dos brasileiros. Prover condições para que todos vivam com saúde, dignidade e assistência devida em todas as fases da vida. A forma de financiar esse direito é outra tarefa. Em nome das finanças públicas e do equilíbrio fiscal não se pode deixar a população insegura. O primeiro dever de casa é resolver as dívidas com o sistema por parte das empresas e as desonerações. Isso nunca foi feito. Não se pode barganhar direitos inalienáveis em troca de equilíbrio fiscal. Além de aumentar os prazos para a aposentadoria e o tempo de contribuição, aumentou-os exatamente no período em que a informalidade vira regra do mercado. Os dois projetos favorecem a abertura de novos negócios no campo privado, incremento no mercado de armas e da previdência privada. Mais que nunca, a resistência precisa ser determinada e radical. Trata-se de defender a juventude e os idosos. Lutar pela vida. Nas ruas. ANÚNCIO

Aqui você tem voz!

Segunda-feira Rádio Autêntica Favela 11h às 12h 106,7 FM BELO HORIZONTE E RMBH Rádio Comunicativa 9h às 10h 87,9 FM JOÃO MOLEVADE - CENTRAL

Terça-feira Rádio Web Brasil de Fato www.brasildefato.com.br 15h às 16h

Quarta-feira Rádio Alternativa 87,9 FM 17h às 18h CABECEIRA GRANDE - NOROESTE

Quinta-feira

A D Rde Conversa

Sábado Rádio Sertão FM 8h às 9h 87,9 FM CHAPADA GAÚCHA - NORTE Rádio Planalto FM 12h às 13h 87,9 FM BRASILÂNDIA DE MINAS - NOROESTE Rádio Divinópolis FM 12h às 13h 720 AM DIVINÓPOLIS - CENTRO OESTE Rádio Bom Sucesso FM 17h às 18h 95,5 FM MINAS NOVAS - ALTO JEQUITINHONHA Rádio 98 FM 17h às 18h 98,5 FMDIAMANTINA

Sexta-feira

Rádio Quintal FM 20h às 21h 105,9 FM VIÇOSA - ZONA DA MATA

Rádio Liberdade FM 9h às 10h 87,9 FM RIACHINHO - NOROESTE

Rádio Vale FM 17h às 18h 96,7 FM ARAÇUAÍ - JEQUITINHONHA

Rádio Formoso FM 16h às 17h 87,9 FM FORMOSO - NOROESTE

Rádio Cidade FM 18h às 19h 87,9 FM TURMALINA - JEQUITINHONHA

Rádio Líder FM 16h às 17h 87,9 FM BONFINÓPOLIS DE MINAS - NOROESTE

Participação:

(31) 9 7146-7456

Realização:

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Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019 Ass. Comunicação Social / Secretaria de Estado de Cultura

OPINIÃO

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Harlei Julio de Lima

Qual o valor dos seus dados pessoais?

O“Regime de recuperação fiscal” deixará Minas de joelhos Minas Gerais é um dos estados que mais devem à União. O estado precisa honrar a sua história e tem a obrigação de liderar um movimento nacional para a revisão justa dos Contratos de Renegociação. Não pode ir correndo assinar um Contrato que privatiza, impõe duras penas ao funcionalismo público e à sociedade. O peso que essa dívida representa para o estado tem inviabilizado investimentos tornando o estado de Minas um dos mais desiguais do país. O montante pago pelo estado mensalmente não é suficiente para quitar juros e amortizar o principal, o que acaba gerando nova dívida. O único estado que assinou o RRF foi o Rio de Janeiro e de nada adiantou. A situação financeira do Rio é tão grave que foi colocado na UTI. As 21 condicionantes do Regime de Recuperação Fiscal-RRF são um ataque à sua soberania. Haverá suspensão dos pagamentos da dívida por três anos e mais nada - os valores suspensos serão acrescidos dos encargos, mensalmente, e adicionados ao saldo devedor. A soberania da administração financeira Não somos do estado será afetada porque será criado um Conse- devedores, lho de Supervisão, uma tríade interventora da União. somos credores Vai governar sem ser eleito. Os custos dos contratos assinados em 1998 são maiores que os empréstimos feitos pelos bancos oficiais ao setor privado. Se aplicados corretamente os princípios constitucionais que regem o sistema federativo, não somos devedores, somos credores. Precisamos também levar em conta os créditos do estado decorrentes da Lei Kandir. Se Minas aderir ao RRF, vai abrir mão da discussão judicial; do patrimônio público; vai cortar gastos com a saúde e educação; penalizar os funcionários públicos e, no final, não vai resolver o problema da dívida com a União. Eulália Alvarenga é economista, especialista em Gestão Pública

Harlei Julio de Lima é consultor de segurança da informação em soluções open source Na edição 271...

ACOMPANHANDO

Eulália Alvarenga

Dados pessoais podem ser utilizados para obter lucro. Tema discutido nos últimos anos, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um marco regulatório importante no Brasil. O objetivo dessa lei é reforçar a segurança jurídica para os dados pessoais dos indivíduos. Está nascendo uma nova cultura em tratamento de dados. É necessário que os usuários tenham consciência do altíssimo valor econômico de seus dados. Trata-se de proteção e privacidade dos usuários. Os dados pessoais devem ser compreendidos de duas maneiras. Dados pessoais sensíveis e não sensíveis. Não sensíveis é qualquer informação que identifique uma pessoa, como por exemplo CPF, RG, endereço residencial e afins. Já os dados sensíveis são toda informação que diz respeito às preferências e convicções do indivíduo, que tem a ver com sua intimidade. Por exemplo, convicções religiosas, questões de saúde, vida e preferências sexuais, informações genéticas e biométricas, etc. Fornecemos dados a todo momento. Quando você participa de algum sorteio no supermercado e tem que preencher uma ficha. Ou quando você instala um aplicativo no celular que pede autorização para gerenciar a câmera fo- Pergunte tográfica. Quando se compra o que farão algum produto e solicitam o com seus dados CPF. É preciso então questionar. Qual a necessidade e qual a finalidade disso? A LGPD vem garantir aos titulares do dado o poder de dizer não. Essas informações de grande valor econômico às vezes são vendidas para outras empresas. Quantas vezes não recebemos ligações indesejadas nos oferecendo produtos diversos? A LGPD garante ao titular o direito à informação. As empresas precisam dizer para que precisam dos seus dados e que tipo de tratamento irá realizar com eles.

“Você defende a criminalização da LGBTfobia?” E agora... Supremo volta a votar ADO 26 Na quinta-feira (21), o Supremo Tribunal Federal retomou o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, apresentada pelo PPS. A ação considera crimes condutas de preconceito e discriminação exercidas contra lésbicas, gays, bissexuais e trans. No dia 13 de fevereiro, o relator do caso, ministro Celso de Mello, tinha dado voto favorável à ADO. O julgamento foi retomado com o voto do ministro Edson Fachin, que também se mostrou favorável. Ao todo, 11 ministros participam da votação, que ainda não foi concluída.


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BRASIL

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019 Marcos Santos / USP

Explicação para violência estrutural Fernando Frazão /Agência Brasil

Feminicídio: uma inaceitável epidemia brasileira ALERTA Todo dia pelo menos 13 mulheres morrem vítimas de violência Pedro Rafael Vilela

N

o último fim de semana, mais um caso de violência contra a mulher chocou o país. A paisagista Elaine Caparróz, de 55 anos, foi espancada durante quatro horas, em seu próprio apartamento, no Rio de Janeiro, após um jantar. Ela e o agressor, Vinícius Batista Serra, de 27 anos, se conheciam há pelo menos oito meses, a partir de contatos nas redes sociais. “Ele não falava, ele só gritava e me xingava, e me dava vários murros. Eu tentava me defender, mas eu sentia os murros me acertando. A cada murro que ele me dava, eu pensava que ia morrer”, declarou a vítima, com inúmeras escoriações no corpo e fraturas na face. O caso de Elaine Caparróz, felizmente não resultou em sua morte, mas ilustra um quadro epidêmico do assassinato sistemático de mulheres no país, em um claro contexto de desigualdade de gênero. Um levantamento recente aponta que 107 casos de feminicídio foram registrados já este ano no Brasil,

contando apenas as primeiras três semanas do mês de janeiro. O estudo foi feito pelo professor Jefferson Nascimento, doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), com base no noticiário nacional, e divulgado na imprensa. Dados da pesquisa mostram que 68 casos foram consumados, resultando em assassinato, e outros 39 foram configurados como tentativas de

107 casos de feminicídio em janeiro de 2019 feminicídio. Há registros de ocorrências em pelo menos 94 cidades, em 21 estados. Mais da metade dos episódios (55%) ocorreram no fim de semana, entre sexta-feira e domingo. Outro dado alarmante: o Mapa da Violência de 2015, publicado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), revelou que cerca de 13 mulheres são

assassinadas por dia no Brasil. Segundo o estudo, 50,3% das mortes violentas são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros. Desde 2015, o feminicídio, assassinato de mulheres em decorrência de questões de gênero, é tipificado como crime hediondo no país, com penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão. Também do ponto de vista legal, a Lei Maria da Penha, promulgada em 2006, durante o governo do ex-presidente Lula, é considerada um marco importante no enfrentamento da violência contra a mulher. Mesmo com esse quadro normativo mais favorável, as estatísticas continuam deixando o Brasil entre os países mais violentos para as mulheres no mundo. Só em 2017 foram registrados 2.795 feminicídios no continente, de acordo com um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Em termos absolutos, o Brasil lidera esta terrível lista, com 1.133 vítimas confirmadas, o que representa mais de 40% do total.

A

explicação para essa violência estrutural está na formação social do país, explica a advogada criminalista Clarissa Nunes, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). “Somos um país que não trabalha sua memória, por isso a gente tende a ignorar como se deu a formação da mulher na sociedade brasileira. Falamos de mulheres que foram escravizadas, estupradas e tratadas como mercadoria durante muito tempo. E, por não trabalharmos nossa história, ela se repete tragicamente. A cultura de violência contra as mulheres é enraizada principalmente na questão econômica. Mulheres que até há pouco tempo eram escravizadas e hoje desempenham trabalhos informais na sociedade”, argumenta. Segundo ela, a autonomia financeira das mulheres ainda é muito restrita no Brasil, principalmente entre as mulheres negras, o que as coloca em um patamar de vulnerabilidade ainda maior. “Não à

toa, os dados mais recentes no Brasil demonstram que o índice de violência contra mulheres brancas diminuiu, enquanto o índice de violência de mulheres negras aumentou. A crise política e econômica que o Brasil vive atingiu (e ainda atinge) primeiro as mulheres. Elas seguem perdendo empregos, entrando no trabalho informal. Com isso, as mulheres vão cada vez perdendo mais sua autonomia e por isso acabam se mantendo em relações abusivas, que podem resultar no feminicídio”, explica Clarissa. Sobre a efetividade da legislação no país, como a Lei Maria da Penha, a advogada explica que faltam métodos que garantam a aplicação de medidas protetivas. Clarissa Nunes reforça também que são necessárias medidas de mais longo prazo. “As crianças precisam ser educadas. Falar sobre gênero na escola, tanto para as meninas se compreenderem enquanto sujeitas da sua vida, quanto para os meninos entenderem que mulher não é objeto, não é inferior e nem é recipiente para se despejar ódio e desprezo”, acrescenta.


BRASIL

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

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Conheça os principais pontos da reforma da Previdência e como impactará sua vida INALCANÇÁVEL Conjunto de medidas que alteram a Constituição dificultam o acesso à aposentadoria e não enfrenta privilégios Antonio Cruz / Agência Brasil

Juca Guimarães

A

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019 de Jair Bolsonaro (PSL) e do ministro da Economia Paulo Guedes, apresentada ontem na Câmara dos Deputados, desmantela as garantias mínimas de direitos dos trabalhadores previstas na Constituição de 1988. Além disso, deixa a porta aberta para reformas futuras, que podem tirar ainda mais direitos. Confira, abaixo, alguns dos pontos mais polêmicos da reforma da Previdência: - A reforma estabelece no artigo 201-A, a adoção do modelo de capitalização, com contas individuais para o regime de Previdência, ou seja, uma ruptura radical com o atual modelo de participação, em que o trabalhador da ativa e as empresas financiam os beneficiários. Isso deve gerar um aumento do gasto público durante o período de transição entre os dois modelos e um futuro incerto sobre o valor das aposentadorias.

Idoso de 60 anos teria benefício de R$ 400

- Também ficou determinada a idade mínima de aposentadoria: de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres, e um período mínimo de contribuição, de 20 anos. No entanto, para que o valor da aposentadoria seja equivalente à renda média do trabalhador, o tempo de contribuição salta para 40 anos. Por exemplo, um trabalhador homem, hoje, com 51 anos de idade e que poderia

- Para os servidores públicos, o governo Bolsonaro, determina que o direito à aposentadoria só pode ser concedido se forem comprovados 25 anos de contribuição, com, no mínimo, dez deles no serviço público e cinco no último cargo. - Em relação aos trabalhadores rurais, a PEC criou a idade mínima de 60 anos, porém, com a exigência de 20

se aposentar com 61 anos, em 2029, completando 35 anos de contribuição, só poderá pedir o benefício em 2034, quando chegar aos 65 anos.

anos de contribuição, em um novo modelo de recolhimento mensal em dinheiro, o que é incompatível com o modo de vida e produção dos agricultores familiares, responsáveis por mais de 70% dos alimentos que são consumidos no Brasil inteiro. - O governo também vai alterar as alíquotas de contribuição obrigatória para o INSS. Os servidores serão descontados em até 22% da renda. Para os trabalhadores da iniciativa privada, a alíquota passa a ser progressiva. - Os professores terão que pagar o INSS por, no mínimo, 30 anos e só poderão se aposentar depois dos 60 anos. - O governo também estabelece que o aposentado que continua trabalhando pode-

rá ser demitido sem o pagamento de multa de 40% sobre o saldo do FGTS. Fragilização da assistência social Com isso, a PEC de Bolsonaro fragiliza a proteção so-

Professores terão que contribuir por 30 anos cial, que é a base do conceito de Previdência e Assistência Social, pois desconstitucionaliza diversas regras, determinando que elas sejam estabelecidas por meio de uma lei complementar – que deverá ser aprovada posteriormente pelo Congresso Nacional. Enquanto essa legislação não

entra em vigor, seriam adotadas normas temporárias, que o governo incluiu no trecho das chamadas “disposições transitórias” da Constituição. Na prática, a ideia é deixar a porta aberta para reformas mais duras no futuro e com tramitação mais fácil de ser aprovada. Sobre o artigo 203 da PEC, que menciona assistência social, o jurista Marcus Orione observa que as alterações que dificultam o acesso aos benefícios assistenciais podem levar o país a um cenário alarmante de miséria extrema. “Há uma intensificação enorme da impossibilidade de assistência social para aqueles que são os mais assistidos no Brasil, que são as pessoas com deficiência e os idosos que não podem prover a sua subsistência. Eles pegaram vários requisitos que são piores, que já tinham sido até ultrapassados pelo Judiciário, e colocam esses requisitos na Constituição, piorando o acesso à Assistência Social. Eles fizeram um cerco de enxugamento de prestações do Estado”, disse o jurista. Pela nova regra, um idoso com 60 anos e renda mensal inferior a um quarto do salário mínimo, teria direito a um benefício de valor equivalente a R$ 400.

Modelo de capitalização torna incerto valor da aposentadoria


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

Governo venezuelano se prepara para a guerra com o objetivo de garantir a paz SEGURANÇA Reportagem do Brasil de Fato acompanhou o trabalho das patrulhas de fronteira Madelein García /Telesur

Fania Rodrigues

N

o estado venezuelano de Táchira, na fronteira com a Colômbia, o Exército bolivariano se prepara para a possibilidade de uma guerra. A ameaça, segundo o governo do país, vem encoberta no discurso de ajuda humanitária. Apesar da tensão que corta a região, “o objetivo é manter a paz”, como declarou um dos comandantes da guarda fronteiriça, o general M. Castillo. Nicolás Maduro tem afirmado que: “quem deseja a paz, deve se preparar para se defender”. A reportagem do Brasil de Fato acompanhou o trabalho das patrulhas de fronteira do lado venezuelano da divisa. Era 1h da madrugada quando os militares começaram a se preparar para a missão. Um comboio de seis carros partiu por uma estrada de terra e pedras, cercada pela vegetação de um cerrado denso, que termina em um riacho. Entre um país e outro não há barreiras naturais nem artificiais. Em alguns ca-

sos, há apenas uma cerca de arame farpado. Em toda a zona de fronteira, o clima nas ruas é de uma tensa calma. Entre os militares, o ambiente é de devoção à pátria. “Nós estamos sempre patrulhando e desativando as trilhas ilegais, que

China, Cuba e Rússia enviaram 933 toneladas de remédios

são utilizadas para o contrabando de extração de gasolina. É importante que saibam que os soldados de Bolívar, de Chávez, estamos sempre alertas”, disse o general Castillo. “Chávez vive”, entoa o general. “A luta segue”, responde o soldado. A expressão é usada como uma saudação. Mesmo em ligações telefônicas, é assim que os militares se cumprimentam nessa região do país. O general Castillo assegura que “nesse momento de

ameaça, quando a pátria de Simón Bolívar, de Hugo Chávez, se vê ameaçada, aqui está sua Força Armada Nacional Bolivariana para defendê-la”, afirmou o oficial. Fronteira Impedir uma possível ação militar protagonizada por Estados Unidos e Colômbia é a tarefa principal do Exército bolivariano. Na semana passada, o presidente Nicolás Maduro anunciou um “plano de deslocamento especial” na fronteira, contra o que chamou de “planos de guer-

ra” dos governos de Donald Trump (EUA) e Iván Duque (Colômbia). O governo também enviou alimentos e remédios, que se somam às 300 toneladas enviadas pela Rússia. Além de 933 toneladas de remédios enviados por China, Cuba e Rússia.

Venezuela denuncia possível invasão no sábado (23) Caravana opositora O líder opositor Juan Guaidó anunciou que fará uma caravana da capital Caracas até a fronteira com a Colômbia para fazer uma força-tarefa para a entrada de ajuda humanitária dos EUA no sábado, 23 de janeiro. Como resposta, o governo venezuelano realizará shows e eventos culturais do lado venezuelano nos dias 22 e 23 de fevereiro, além de uma “ocupação cultural” nas principais cidades do país.

Maduro fecha fronteira da Venezuela com Brasil O

presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na quinta-feira (21) o fechamento da fronteira com o Brasil. O presidente venezuelano também pode vir a fechar a fronteira com a Colômbia. Antes o governo brasileiro havia anunciado uma força-tarefa para entregar ajuda humanitária à Venezuela junto com os Estados Unidos. Nicolás Maduro considera a entrega de ajuda

Juan Barreto /AFP

Na foto, fronteira entre Venezuela e Colômbia

humanitária internacional como uma intervenção na política interna do país. No dia 23 de fevereiro completa-se um mês que Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela, e é a data limite anunciada por ele para a entrada de ajuda humanitária dos EUA. Maduro vê a atitude como pretexto para uma invasão e tem afirmado que a Venezuela já recebe ajuda humanitária da Rússia com frequência.

Rússia acusa EUA de provocações na fronteira O vice-representante russo na ONU, em reunião do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira, denuncia “um frenesi provocativo”. Para ele, os EUA, “estão preparando uma provocação flagrante na fronteira colombiana-venezuelana, marcada para 23 de fevereiro”, disse Polyansky.


Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

ENTREVISTA 15 11

Em Mariana e em Brumadinho, empresa faz o que quer, diz MAB MINERAÇÃO Rompimento de barragem da Vale completa um mês Gustavo Ferreira

Wallace Oliveira

N

o dia 25 de janeiro, o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho deixou centenas de mortos, desaparecidos e desabrigados, matou o Rio Paraopeba e prejudicou comunidades que dependem da pesca e captação da água. O caso guarda profundas semelhanças com outro crime recente: o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, em Mariana. Para Pablo Dias, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), as inúmeras barragens de rejeitos são verdadeiras bombas-relógio sobre a cabeça da população.

O que há em comum entre o crime da Samarco (Vale e BHP Billiton) em Mariana e o crime da Vale em Brumadinho? A primeira semelhança é a força e liberdade da empresa em fazer o que bem entende. Ela é quem escolhe os atingidos que vão receber recursos, as ações que vai fazer. Também há um controle do território, sobre os direitos que vão ser garantidos, os que não vão ser garantidos, o ritmo da ação das empresas. No início, a Samarco teve um controle muito grande, que depois foi transferido para a Fundação Renova, que é controlada pelas mineradoras. Outra semelhança é a fragilidade do poder público. No início, alguma preocupação, mas, agora, já colocam a Vale como uma empresa contra a qual não se pode fazer nada. Há uma postura de submissão ao in-

As barragens são bombas-relógio sobre a cabeça da população teresse das mineradoras. Neste primeiro momento, as mineradoras e seus defensores estão acuados, sem moral diante da sociedade. Porém, no apagar dos holofotes, essas empresas vão voltar a atuar com seus lobistas no estado, na Assembleia Legislativa, vão comprar os meios de comunicação, intervir na Justiça. Outro fato comum é a cena do crime, as motivações e o que está por trás do rompimento da barragem.

Tanto a Samarco quanto a Vale aumentaram a produção para garantir os lucros. É aterrorizante que isso continue acontecendo. Vocês têm uma avaliação dos impactos do crime da Vale nas populações ribeirinhas? Ainda não temos a dimensão do conjunto dos impactos, mas já aparecem sintomas de danos à saúde, como doenças de pele.

Há uma postura de submissão ao interesse das mineradoras

As pessoas que dependiam da pesca como fonte de renda não a têm mais. Existem agricultores nos primeiros 270 quilômetros sem acesso à água. A cidade de Betim foi muito prejudicada. Eles acionaram outros reservatórios. Enquanto chove bastante, tudo bem. Mas, com a seca, os 40% de água que vinham do Rio Paraopeba podem fazer falta. Três municípios que dependiam da captação de água do Paraopeba e outros da Região Metropolitana estão prejudicados. As hortas e o abastecimento de água para o gado foram comprometidos. Acampamentos de reforma agrária já não têm mais água. Os pescadores da represa de Três Marias estão apavorados. E, abaixo de Três Marias, no Rio São Francisco, há cinco estados atingidos, caso a lama chegue ao rio. Já estamos fazendo um trabalho na Bahia, em Pernambuco, Sergipe e Alagoas.

proibida. Em Paracatu, existe uma barragem de mineração de ouro que também pode atingir o São Francisco e mais de 500 famílias que moram logo abaixo, com nível tóxico maior.

Podemos dizer que as barragens atingem não apenas os moradores das imediações, mas a toda a população? Sem dúvidas. As barragens são bombas-relógio sobre a cabeça da população. Temos visto as últimas evacuações. Muitas pessoas que moram no entorno dos rios sequer sabem que a lama pode chegar até elas. Temos acompanhado cidades que foram evacuadas. Em Congonhas, famílias teriam só oito segundos para fugir, em caso de rompimento da barragem. Em Sarzedo, a barragem foi

Privatizar é uma solução mágica que não resolve nada

O secretário de Desestatização de Bolsonaro, o empresário Salim Mattar, disse que quer “reprivatizar a Vale”. Como vocês interpretam essa declaração? É uma visão equivocada. A Samarco é controlada pela Vale e a BHP, as duas maiores mineradoras privadas do mundo. As duas atuam com lógica privada, fundamentada por seus acionistas. Nenhuma delas foi capaz de limitar o processo de produção e garantir estruturas eficientes para impedir o rompimento da barragem de Fundão. É muito simples essa equação: quando a lógica de construção de uma empre-

sa é definida por acionistas privados, ela vai acelerar o processo de exploração e flexibilizar as garantias de segurança. Somente uma empresa controlada pelo povo tem a possibilidade de fazer mineração e não deixar que essas coisas aconteçam. “Reprivatizar” é uma solução mágica que não resolve nada. A solução passa por reestatizar e colocar sob controle popular.


14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

EU: MERA PROFESSORA NA ERA BOLSONARO

Amiga da Saúde Quero parar de gritar com meus filhos, mas é maior que eu. Alguma dica? Marina Melo, 34 anos, esteticista.

Esta foi a minha primeira semana de aula depois que tivemos Bolsonaro eleito. Que o mundo está mudando – e, a meu ver, para pior – estamos todos percebendo. O que para mim se mostrou como novidade foi o que eu vi em sala de aula nesse início do ano letivo. Sou professora de física, matéria considerada – pelo senso comum – uma ciência exata. Não acredito em verdades incontestáveis com um livro de física aberto. Pelo contrário. Pelas dúvidas, crescemos todos. Nas certezas, congelamos nosso raciocínio. Expliquei a turma que iríamos trabalhar de um jeito inusitado com a cinemática. No lugar de exercícios, debateríamos alguns questionamentos de Galileu. Em que contexto ele realizou essa façanha? Esse sonho, Um aluno terraplanista começou a quesnem Bolsonaro tionar tudo. Mas não de uma forma saudável para o debate. Veio de forma agressiva vai tirar dizendo que tudo não passa de opinião e de mim que eu deveria respeitar a dele. Atrás deste jovem, surgiu mais uma galera. Outro aluno, no meio da aula, puxou um papel cheio de contas feitas de forma confusa. E “me provou” que a teoria do Big Bang e da Evolução não fazem o menor sentido. Foi aplaudido por vários. Veja bem. Nada contra ter ideias diferentes em sala de aula. Isso é absolutamente saudável. O que estou estranhando é a falta de vontade de ouvir e a dificuldade de entender que, no diálogo, crescemos todos. O riso no canto dos lábios de deboche enquanto falo segurando o livro de Galileu se fez presente em meninos e meninas de 14, 15 anos. Outra coisa a observar é que eles estão muito bem informados. É fato. O que não percebem é que informação não é conhecimento. Não adianta comer se não conseguir digerir e reter vitaminas. Saber pensar sobre o que ouve e lê é algo bem diferente. Não estou desanimada. Se eu der as costas para esse muro que se agiganta, morro como educadora. Da minha parte, serei o que sempre fui: uma mera professora dessas que vemos em qualquer escola pública que, a despeito de tanta pedra que sempre recebeu dos governantes e, agora, da sociedade, acorda todo dia com aquela esperança de melhorar o mundo pela educação. Esse sonho, nem Bolsonaro vai tirar de mim. Elika Takimoto é vencedora do Prêmio Saraiva Literatura e doutora em filosofia pela UERJ. Leia íntegra desse artigo em elikatakimoto. com/quem-sou-eu/

Todos nós aprendemos desde a infância como reagir diante de emoções como raiva, medo, alegria etc. Essas reações, por repetição, formam conexões cerebrais bem sólidas, que determinam um comportamento quase automático quando as emoções aparecem. Mas temos total capacidade de estabelecer novas conexões se evitarmos aquele comportamento e passarmos a agir de outra forma. Repetindo muitas vezes uma reação nova ela chegará também no automático. Tente relacionar seus gritos a dor e medo de seus filhos. Assim será mais fácil se controlar e ir treinando novas formas de agir. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos Danificar o meio ambiente é crime e preservá-lo é dever do Estado No ano de 2018 foi criada a Agência Nacional de Mineração (ANM), que tem por função planejar a exploração mineral e o aproveitamento dos recursos minerais, assegurando, controlando e fiscalizando o exercício das atividades de mineração. A preocupação do Estado mostra-se ainda mais urgente após os rompimentos das barragens de Mariana e de Brumadinho, ambas em Minas Gerais. Ainda assim, Jair Bolsonaro insis-

te no que chama de “desburocratização” da exploração de empresas estrangeiras sobre mineração, articulando em seu governo a flexibilização nas leis ambientais e redução da importância de ação de agências reguladoras, tais como a ANM. Danificar o meio ambiente é crime e preservá-lo é dever do Estado. Assegurá-lo é mais importante que garantir a venda das riquezas naturais do Brasil. Ao menos deveria ser.

Clarissa Nunes é advogada criminalista e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)


Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas SALADA TROPICAL PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Faixa (?): indicação Massagem em um filme que atenua o inchaço Empresário e presidente dos EUA corporal

Diretriz da Política Nacional de Tipo de Humaniza- cheque ção (SUS) (red.)

Comprador Lástima do produto de um Desforra; crime vingança Criador do espaço em uma peça teatral

Jornal esportivo argentino Gênero musical de Madonna Apoio (fig.) Aflita; angustiada

Mem de (?), colonizador português

Não, em francês Aspira

Ingredientes

Lúgubres (fig.) Perna, em inglês

Local de atuação do agrônomo

"(?) Ching", livro oracular

Alexandre Dumas, romancista francês

Formato de módulos de sofá

Cão usado para vigilância de gado

Sucesso de Gonzaguinha (MPB)

O "outro lado" do disco de vinil Interesse "Metade do (?)", meme da Bovino da exagerado Black ilha de Indicação Friday Marajó do CEP

Interjeição mineira O mesmo

Modo de Preparo Saco, em francês

Apêndice membranoso de morcegos

Indica o Norte, na rosa dos ventos

"(?) de Baixo", antigo humorístico (TV) Abreviatura de "Clube", em siglas

Transfere (realização de) evento

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1. Cozinhe o grão de bico em panela de pressão por cerca de 40 minutos, em seguida descasque o grão. 2. Coloque o grão de bico em um recipiente, adicione o palmito picado em cubos, o tomate cereja (partido ao meio ou inteiro), a mussarela picada em cubos e a cebola ralada. 3. Tempere com azeite, orégano e sal a gosto, também pode ser acrescido pimenta do reino em pó. 4. Sirva fresco.

Solução

R C E A V A A N C H N E

E E P T A G R A F E R P I N O S A P O C M A S B N A R A I D E P O R O S O S S N A A D I C I E N

D D O R O E N O N A L A L E G D E T I M R L U A I M N P I FA R T S A I A C C I A

BANCO

Deixa de funcionar (pop.)

Em que lugar

P A E C N O A L H S I A M E O N T R O U A M A E I N S

Dia da (?) Negra: celebra-se em 20/11

A favor de Introduz o grau superlativo

3/leg — non — sac. 6/mastim. 9/cenógrafo. 11/acolhimento.

"Dança dos (?)", quadro do "Domingão do Faustão" (TV) Dar (?) luz: parir Norma elaborada pelo Poder Legislativo

1 xícara de grão de bico cozido 300 gramas de tomate cereja 300 gramas de mussarela 300 gramas palmito 1 cebola ralada 1 colher azeite 1 pitada de orégano 1 pitada de sal

Desejo de vingança

Conversa informal

D B O U F A L C O

Letreiro luminoso de campanhas publicitárias

Siderúrgica situada em Volta Redonda (RJ)

• • • • • • • •

Dica: Se quiser deixar a salada agridoce basta acrescentar frutas como abacaxi, manga ou morango. Serve 6 pessoas. Receita enviada pela nossa leitora Wanda Lúcia. Envie a sua também! redacaomg@brasildefato.com.br Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019 Divulgação

Blocos convidam foliões a carnavalizar na periferia DIVERSÃO Experiências da Região Noroeste estimulam comunidades e economias locais Rafaella Dotta

P

ara se divertir no carnaval tem que ir para o centro? Os blocos que saem nos bairros da periferia de Belo Horizonte dizem que não. Eles estão criando grupos que se apresentam no bairro de origem, fortalecendo os laços da comunidade e estimulando a economia local. Que tal? Garota, eu vou pro Califórnia Nem precisa dizer de onde eles são, né. O Garota Eu Vou Pro Califórnia existe há três anos, levando muita gente para o bairro Califórnia I e sendo uma das principais atrações para os moradores. “Temos um público fiel. Não existia um evento no bairro que juntava todo mundo assim. Agora, o povo fica até magoado quando não tem ensaio”, conta Nathália Silva Baeta, integrante do bloco. Quase toda a bateria é formada por moradores do próprio Califórnia, e isso faz com que o bairro se envolva muito. Nathália comenta

que todos os gastos são pagos pela comunidade e por comerciantes locais. No bairro São Salvador, também na região Noroeste, o comerciante Alexandre Lopes, do ABC do Espeto e Burguer, empresta o estabelecimento para os ensaios e reuniões do Bloco Transborda. A troca gera bons frutos para a economia local. “Desenvolve não só os bares, também os ambulantes têm a oportunidade de conseguir uma renda extra”, comenta.

Blocos têm baterias com moradores locais Conectar as periferias Os blocos querem fortalecer um circuito entre os bairros. Rafael Gregório, integrante do Transborda, diz que o próximo desafio é que os blocos periféricos não fiquem apenas em seus bairros, mas façam conexões entre si. O Bloco Transborda estreia neste carnaval já

com um “transbordamento”. No dia 9 de março, eles concentram às 12h e às 18h fazem um cortejo de alguns quarteirões até a cidade de Contagem. Depois, o inverso. “Quero convidar os moradores de periferia para que venham conhecer os blocos periféricos de outros bairros. Incentive esse movimento, porque ele desenvolve a sua região”, anima Rafael.

Dicas na Noroeste de BH Bairro Califórnia I tem o Bloco Garota Eu Vou Pro Califórnia: 23 de fevereiro (sábado), às 14h - Avenida dos Clarins No São Salvador tem o Bloco da Língua: 2 de março (sábado), às 12h - Rua Tigre, 175 e o Bloco Transborda: 9 de março (sábado), às 12h – Rua Monte Verde, 364 No Novo Glória vai ter Bloco Oficina Tambolelê: 2 de março, às 16h - Rua São Cosme, 26

FOLIA PRA MOLECADA!

Patrícia de Sá

O carnaval já está na rua! E para ninguém ficar de fora da festa, tem um roteiro especial só com bloquinhos para as crianças! A programação para os mini-foliões também conta com oficina de adereços e fantasias e bailinhos. As dicas foram produzidas pelo grupo Na Pracinha e estão disponíveis na página http://napracinha.com.br.

UM OLHAR SOBRE BH Wilson Batista / Divulgação

Dos dias 27 de fevereiro a 25 de maio, a Casa da Fotografia de Minas Gerais recebe a mostra Wilson Baptista – Urbano Fotográfico. A exposição conta a história da capital mineira de 1930 a 1960. Na mostra, o fotógrafo belo-horizontino retrata as transformações urbanas, arquitetônicas e sociais que ocorreram no centro da capital. Visitação: De terça a sábado, 9h30 às 21h, na Casa da Fotografia de Minas Gerais, Av. Afonso Pena, 737, Centro - BH.

ROLÊ DE PESO! Divulgação

No sábado (23) acontece a primeira edição do Rolê de Peso! O projeto vem para afirmar que todos os corpos são perfeitos e não tem essa de corpo ideal para o verão ou carnaval. Para participar, basta chegar sem gordofobia, machismo, racismo ou LGBTfobia. No encontro, a opressão não tem vez, mas a rebolação sim! O evento conta com apresentações de Dj’s e acontece no Bar Santa, rua Capitão Bragança, n°15, no Horto. Mais informações na página do Coletivo Rolê de Peso no Facebook.


Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

ESPORTE

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Reprodução / Santaportal

CURTO E GROSSO

na geral

Paixão de muitos, privilégios de alguns, desrespeito para muitos Pedro Cíndio

Vanessa Cristina é campeã e recordista em SP A paratleta Vanessa Cristina de Souza venceu a Meia Maratona de São Paulo, realizada no último fim de semana. Na categoria para cadeirantes, ela concluiu a prova em 58 minutos e 57 segundos.

Com o feito, Vanessa tornou-se a primeira mulher com tempo menor que uma hora na Meia Maratona. A paulista também é bicampeã da São Silvestre e venceu a última edição.

Bia Ferreira é ouro na Bulgária

Arquivo pessoal

Fabrício Farias Salve, moçada! O calendário do futebol brasileiro começa invariavelmente de maneira morna: campeonatos estaduais com vários jogos que, no fim, não servem de muita coisa. Esta temporada também já teve episódios bastante lamentáveis. O Flamengo viu dez garotos de sua base mortos em um incêndio em seu próprio CT. Semanas antes, no domingo seguinte ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, disputou-se um clássico entre Cruzeiro e Atlético, demonstrando-se total falta de sensibilidade da federação mineira com a realidade que nos cerca. Nesta semana, em entrevista ao portal UOL, Kalil voltou a dizer que o futebol no estádio deve ser coisa para quem tem dinheiro, alegando que, no fim, o futebol seria um luxo que não faria falta a quem não tem condições de pagar por ele.

Repare, meu caro leitor, que todos esses elementos se unem em torno de uma coisa só: o afastamento do futebol de tudo aquilo que o cerca. Se devemos olhar para o futebol como negócio, para que considerar a paixão do torcedor? Se a fiscalização é falha, talvez valha a pena improvisar acomodações para os jovens jogadores. Afinal, nem profissionais ainda são. Ocorreu uma tragédia com a morte de trabalhadores? Então, que tenhamos um clássico para a distração dos que podem pagar por ele. Afinal, não podemos perder tempo com lamentações e não temos tantas datas para remarcação dos jogos. Uma pena que em nosso país algumas pessoas queiram valorizar o futebol desvalorizando justamente aquilo que o faz existir: os seres humanos, com suas paixões e anseios, que não podem ser medidos com a régua fria do cálculo financeiro. Até a próxima!

SUGESTÕES, CRÍTICAS, COMENTÁRIOS?

ESCREVA PARA NÓS Baiana radicada em Juiz de Fora (MG), a pugilista Beatriz Iasmin Soares Ferreira é campeã do Torneio de Boxe de Strandja, na Bulgária. Na terça-feira (19), ela derrotou a sueca Agnes Alexiusson, na final da categoria 60 kg, garantindo a medalha de ouro na competição, considerada uma das mais importan-

tes da Europa. Bia precisou de três rounds para vencer a oponente. A luta terminou com placar geral de 5 a 0 para a brasileira, decisão unânime dos árbitros. No mesmo torneio, os brasileiros Abner Teixeira (91kg), Douglas Andrade (52kg) e Wanderson Oliveira (64kg) conquistaram um bronze, cada.

esportemg@brasildefatomg.com.br


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Belo Horizonte, 22 a 28 de fevereiro 2019

ESPORTES

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Reprodução

DECLARAÇÃO DA SEMANA TJ / UFSC

Breakdance pode estar nas Olimpíadas de 2024 O

Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 anunciou uma lista de esportes adicionais. Na lista, constam o surfe, o skate e a escalada esportiva, modalida-

des previstas para estrear em Tóquio em 2020. A novidade foi breakdance, um estilo de dança de rua da cultura do hip-hop, criado por afro-americanos e latinos nos anos 70.

A confirmação do break nas Olimpíadas ainda depende da palavra final do Comitê Olímpico Internacional, que deve ser dada em junho.

“Olha, Fernando, se você se incomoda com o que os outros fazem com o c*, frágil é a sua masculinidade” Lívia Laranjeira, repórter do SporTV, respondendo ao comentário homofóbico de um seguidor no Twitter.

Gol de placa O pequeno Talleres, da Argentina, eliminou o poderoso São Paulo na fase preliminar da Copa Libertadores. Em 2014, o clube de Córdoba disputou a terceira divisão do Campeonato Argentino, e só voltou à série A em 2017.

Gol contra A direção do Fluminense não pagou 13º, férias, direitos de imagem e premiações aos atletas de futebol do clube. Por essa razão, e como forma de reivindicar seus direitos, os jogadores do tricolor carioca não treinaram na terça-feira (19).

De igual para igual

Só desastre tira o Galo

A segunda chance

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Izabela Xavier

Com superioridade na posse de bola e nas finalizações, em uma atuação corajosa e competitiva, o América jogou de igual para igual com o badalado Cruzeiro, que tem um dos melhores elencos do Brasil e vinha de uma semana de descanso. Assim, o Coelho mostrouDecacampeão que pode surpreender nas fases finais do Campeonato Mineiro e que o time, embora em processo de reconstrução, tem evoluído bem e pode entrar na Série B como um dos favoritos ao título. Mesmo a dupla de zaga, que ainda não vinha bem, mostrou mais segurança e velocidade de recomposição. O destaque mais uma vez fica por conta do incansável volante Zé Ricardo. Na frente, ainda falta ao quarteto se entrosar e caprichar nos passes finais.

Mesmo ressaltando: quem comemora de véspera é torcedor, o Atlético já pode planejar a estratégia para a fase de grupos da Copa Libertadores. Valeu, em novo confronto no estádio Luís Franzini, mais o aproveitamento das oportunidades que o desempeGalo doido! nho. Sofrível,Écomo sempre, ainda mais no segundo tempo. Pelo menos não levou gol. Até o Patric, tão rejeitado pela massa e adjacências, se salvou. Somente um desastre eliminaria o Galo. Disse, anteriormente, e reitero: ainda precisa melhorar. À mamata inicial se sucedem embates contra Nacional, do Uruguai; Cerro Porteño, do Paraguai; Zamora, da Venezuela. Pedreiras, sem dúvida. Mas, quem sai na chuva não pode ter medo de se molhar. E tenho dito.

Quem o vê sorridente não sabe as dificuldades do atacante Raniel. Sua história não foge à de outros jovens, que superaram a infância difícil para vislumbrar no futebol uma vida melhor. Quando criança, viveu o drama familiar do abandono até que, na Laacabou Bestia adolescência, porNegra se aproximar das drogas. Em 2015, foi punido pela Fifa por uso de entorpecentes. Porém, os esforços do atleta, somados à confiança do treinador e do clube, mudaram seu destino. Hoje, todos colhem os frutos. Antes promessa de risco, Raniel tornou-se realidade, fazendo parte da família que buscará o tri da Libertadores. Fica a lição: o esporte é essencial para transformar a vida de jovens. Quantos camisas 9 se escondem por aí?


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