Edição 280 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Bebê com intolerância à lactose

Amiga da Saúde explica se bebês com intolerância à lactose podem ou não se alimentar com leite materno

VARIEDADES 12

Divulgação

Petrobras para quem? Entenda o que está em jogo com desmonte da empresa e os riscos de fechamento de usina de biodiesel em Montes Claros ENTREVISTA 11

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 26 de abril a 02 de maio de 2019 • edição 280 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Douglas Magno/AFP

3 MESES DEPOIS Edição especial traz detalhes sobre o maior acidente de trabalho da história do Brasil, que matou mais de 230 pessoas e destruiu a bacia do Rio Paraopeba. Promotor afirma, em entrevista, que Vale sabia dos riscos. Leia histórias de pessoas que convivem com as consequências do crime a e buscam se organizar coletivamente para enfrentar a situação


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 26 de abril a 02 de maio de 2019

Editorial | Brasil

Bancos: 48 Povo: 18 Na terça-feira (23) a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a reforma da Previdência. Na manhã do mesmo dia, o governo de ultradireita de Jair Bolsonaro anunciou que liberaria R$ 40 milhões em emendas parlamentares para cada deputado que votar a favor dela. 18 votaram contra a proposta. Mas os deputa-

BPC vai diminuir de R$ 998 para R$ 400

ESPAÇO DOS LEITORES

“Piorou” Carlos Roberto responde à pergunta da semana da edição 279 “Sua vida melhorou nesses três meses da derrubada de Dilma Rousseff?” “Nunca dá para generalizar...” Rosana Maria Zica escreve sobre a matéria “Museu conta a história dos militares que não apoiaram o fascismo” “Praticando a ideia de quem não é visto não é lembrado, e assim vão arquivando cada processo dele” Neila Batista comenta a publicação “Sumido do cenário nacional, Aécio Neves tem mais um processo arquivado”

dos da direita que compõem a CCJ, pelo visto, aceitaram a oferta. Até agora, 48 deputados votaram a favor da reforma e, portanto, dos bancos – que serão os principais beneficiados. Desses, seis são mineiros: Bilac Pinto (DEM); Delegado Marcelo (PSL); Lafayette Andrada (PRB); Luis Tibé (AVANTE); Marcelo Aro (PP) e Paulo Abi-Ackel (PSDB). Quem votou nesses aí deveria pressionar para que mudem o voto quando a proposta for para votação na Câmara dos Deputados. Se isso não for feito e a reforma for aprovada em definitivo, ficará impossível se aposentar. Vejamos por quê: Aposentadoria distante O modelo que a reforma propõe de capitalização da aposentadoria - faz com que cada trabalhador tenha que fazer sua própria poupança em contas geridas por entidades privadas. Diferente do atual modelo, em que o patrão e o Estado também contribuem e formam um fun-

do único. Há mais de 30 anos alguns países adotaram o modelo de capitalização e estão voltando atrás pelos sérios problemas causados. A proposta exige para aposentadoria integral 40 anos de contribuição e idade mínima de 62 para mulheres e 65 para homens. Como dificilmente uma pessoa consegue ter carteira assinada por 40 anos ininterruptos, dificilmente alguém conseguirá ter aposentadoria integral. O projeto aprovado na CCJ diminui o Benefício de Prestação Continuada (BPC), para quem tem entre 60 e 70 anos, pessoas com necessidades especiais ou que ficaram incapacitadas, de R$ 998 para R$ 400. Com a reforma, deixa de existir a aposentadoria por tempo de contribuição. A idade mínima para aposentadoria de professores passa de

Reforma, se aprovada, vai levar o país ao caos e à miséria 50 anos (para as mulheres) para 60 anos, independente do sexo. E o tempo de contribuição para as mulheres professoras passa de 25 para 30 anos. Ainda é tempo de barrar Essa reforma, se aprovada, vai levar o país ao caos e à miséria. Promova debates, rodas de conversas, difunda a verdade, pressione os deputados e participe das mobilizações.

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Luiz Lagares e Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Primeiro de maio é Dia Internacional do Trabalhador. No Brasil, o contexto é de desemprego, ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários. O Brasil de Fato saiu às ruas e perguntou:

O trabalhador e trabalhadora têm o que comemorar neste dia?

“Eu acho que nunca teve o que comemorar. Os trabalhadores, a cada ano, ao invés de ganhar direitos estão perdendo. Com a crise, a gente tem que aceitar algumas condições bem baixas de trabalho”

“Acho que não tem o que comemorar, a gente está num momento bem difícil, estamos com vários desempregados. A minha opinião é que têm que melhorar algumas coisas para os trabalhadores”

Bruna Perez

Ícaro Portela

Belo Horizonte, 26 de abril a 02 de maio de 2019

GERAL

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Número da Semana

13,1 milhões

Essa é a quantidade atual de desempregados no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa diz respeito ao período que vai de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019. O total representa um aumento de 7,3% em relação ao trimestre anterior.

É OFICIAL: VIRADA CULTURAL DE BH EM 2019 Divulgação/PBH

Ela voltou! O evento propõe 24 horas de atividades culturais gratuitas, sem interrupção e distribuídas pela cidade para que a população a explore. Tem shows, artes visuais, teatro, dança, circo... Demais,

né? As datas serão 20 e 21 de julho. Ainda não há programação, mas o município já recebe inscrições de artistas que queiram se apresentar. Basta acessar o portal: viradacultural.pbh.gov.br.

CAPITAL COLORIDA

BH vai ganhar mais arte. A pintura do Shopping Xavantes, no Centro, fica pronta nesta sexta (26). Será um grande mural na fachada, com cores fortes e traços geométricos que

Área de Serviço/Divulgação

retratam o povo do Brasil, além de desenhos na superfície do prédio. Tudo foi criado pelo grafiteiro Fhero, em comemoração aos 15 anos do shopping popular.


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CIDADES

Belo Horizonte, 26 de abril a 02 de maio de 2019

Ocupações urbanas acampam na Prefeitura de Belo Horizonte DIREITO De acordo com movimento, imóvel da ocupação Carolina Maria de Jesus tem dívida milionária com o Município Wallace Oliveira

M

ais de 100 moradoras de seis ocupações urbanas da capital acamparam na entrada da Prefeitura, no Centro. Elas reivindicam o calçamento na comunidade Eliana Silva - existente há sete anos - licença ambiental para a Copasa fazer a ligação de água nas comunidades Paulo Freire, Vila da Conquista e Vila Esperança, construção de casas, com infraestrutura, em terreno da ocupação Manoel Aleixo, doado pelo Estado, e a regularização da ocupação Carolina Maria de Jesus, situada na rua Rio de Janeiro, no Centro. “É um prédio privado, que estava abandonado há 17 anos. O proprietário deve R$ 1,5 milhão de IPTU à Prefeitura. A nossa reivindicação é que a Prefeitura adquira esse imóvel [onde está

a ocupação Carolina Maria de Jesus] para que as famílias possam, de fato, fazer melhorias lá”, explica Poliana de Souza Pereira Inácio, da coordenação nacional do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). De acordo com Poliana, o movimento protocolou um pedido de reunião junto à Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte – Urbel, empresa pública responsável pela política de habitação no município, e vai se reunir com o presidente da companhia, Claudius Vinícius Leite Pereira, e a Secretária de Habitação, Maria Caldas, no dia 10 de maio. Porém, ainda não havia sido recebido pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS). “É uma obrigação do prefeito receber o povo. Ainda mais um prefeito que diz que dialoga, que é um prefeito do povo. A gente, então, está aqui para ter diálogo. Hoje, nós protocola-

Wallace Oliveira/Brasil de Fato MG

mos mais um ofício na Prefeitura”, afirma Poliana. Prisão na sala de negociação A ocupação do prédio da Prefeitura de Belo Horizonte começou na tarde da quarta-feira (24). Durante a ocupa-

ção, Leonardo Péricles, Poliana Souza e Maura Rodrigues, do MLB, foram presos pela Polícia Militar, enquanto passavam pela sala de negociação, e só foram liberadas seis horas depois. “Falaram que nós estávamos com menores e idosos ali e que íamos responder

por esse crime. Ameaçaram nos algemar, sendo que nós não apresentamos resistência, mas fomos arrastados e jogados no camburão. Além disso, disseram para as famílias que já tínhamos feito a negociação, o que era mentira”, relata Poliana Souza, do MLB.

FATOS EM FOCO

Metrô a R$ 4,25?

Reprodução

Tarifa do metrô de BH pode chegar a R$4,25 em março do ano que vem. A decisão foi do Tribunal Regional Federal (TRF-1), em Brasília, e afeta também os passageiros de João Pessoa, Maceió, Natal e Recife. Em nota, a companhia afirmou que o reajuste será “aplicado no momento exato após as mudanças que a empresa precisa realizar em suas bilheterias”. Em BH, duas liminares ainda seguram o aumento da tarifa.

Vitória para a população de rua Prefeitura de Belo Horizonte não pode recolher pertences de moradores de rua. Essa foi a decisão da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Denúncias afirmam que agentes da PBH estavam recolhendo pertences como colchões, carrinhos e cobertores de moradores de rua, o que é proibido por lei desde 2012. Para acabar oficialmente com a proibição, a PBH entrou com uma apelação na Justiça pedindo o fim da lei. Na quinta (25), o TJMG negou o pedido da prefeitura, mantendo o direito da população de rua.

Adão de Souza


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OPINIÃO

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Opinião

Os adultos saíram da sala João Paulo Só pode haver uma coisa pior que o governo Bolsonaro: a incapacidade em combatê-lo com as armas da razão e da força da mobilização popular. Em quatro meses o país ficou mais pobre, mais burro, mais autoritário, mais violento e mais isolado no concerto das nações democráticas. Não se trata de um descaminho, mas de um projeto. A agenda parece tomada pelos termos ditados pelo ambiente fascista cevado por personalidades autoritárias e politicamente infantis. Os adultos saíram da sala e deixaram a arena pública ser tomada pelo descontrole e grosseria. Não se trata apenas de familiares desequilibrados, de religiosos fundamentalistas, ideólogos ensandecidos e milicianos à espreita de novas oportunidades de negócio. O núcleo do governo são figuras como a de um juiz notoriamente parcial, um economista comprometido com o mercado financeiro e militares com histórico de apoio a regimes de exceção.

Brasil está mais pobre, mais burro e menos democrático O Brasil está menos justo socialmente. O desemprego nunca foi tão alto e próximo de todos os brasileiros. A renda média do trabalhador jamais foi tão baixa e o índice de confiança na retomada tão capenga. A população acompanha o aumento da pobreza extrema, da fome e do desalento dos trabalhadores. O país está também menos crítico e inteligente. As pesquisas foram brecadas em nome de uma noção de produtividade tacanha, a universidade se tornou local de perseguição ideológica. Não é apenas a ditadura militar que é negada pelos novos sábios, até mesmo a teoria da evolução, a forma da Terra e o aquecimento global sofrem ameaça de revisionismo.

Mais pobre e mais burro, o Brasil também está menos democrático. Entre as mais recentes ações contra a participação da sociedade está a extinção, por decreto, da rede de conselhos e entidades ligadas a temas como combate ao racismo, defesa dos direitos de minorias, proteção do meio ambiente, órgãos de fiscalização de políticas públicas, entre outras. A relação espúria e clientelista com políticos retorna, com a promessa de compra de votos de deputados que votarem pautas antipopulares, como a da reforma da Previdência. Na soma de mazelas emanadas do governo está também o incremento da violência. As medidas do ministro Moro intensificam a guerra civil que faz do país um triste líder em assassinatos de jovens trabalhadores, pobres e negros e também de policiais em serviço. Se a história mostrou que não é possível se pensar no socialismo sem democracia, já estamos vivendo um tempo em que não há democracia possível distante do socialismo. Os adultos precisam voltar para a sala. ANÚNCIO

ESCOLA INTEGRAL |

PL 653/19

Foto: Daniel Protzner/ALMG

Em defesa da Escola Integral, a deputada estadual, Beatriz Cerqueira, apresenta o Projeto de Lei 653/19, para obrigar o Estado a manter o programa na rede estadual de ensino público.

m O governo do Estado está acabando co adores 81 mil vagas, demitindo 9 mil trabalh estabee retirando a escola integral de 1.140 lecimentos de ensino.

Deputada Estadual


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BRASIL

Belo Horizonte, 26 de abril a 02 de maio de 2019

“Condenação de Lula é uma loucura histórica”, diz Celso Bandeira de Mello PRISÃO Para juristas, STJ perdeu oportunidade de anular a condenação do ex-presidente e reverter uma grande injustiça Emerson Leal/STJ

Da Redação

C

om o julgamento que reduziu a pena do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva de 12 anos e um mês para 8 anos, 10 meses e 20 dias de prisão pelo caso do tríplex de Guarujá, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) perdeu a chance de fazer história e justiça. A opinião é do advogado Celso Antônio Bandeira de Mello e do criminalista André Lozano. “A condenação é uma loucura sem prova. Enfim, reduzir a pena é o mínimo diante do que deveria ser feito”, diz Bandeira de Mello. Lula está preso há mais de um ano, desde 7 de abril de 2018. Além do pedido principal, a anulação da

Defesa de Lula argumenta que processo deveria ser enviado para Justiça Eleitoral deixar de praticar ato de ofício. Os ministros foram muito claros: não existe um ato de ofício para ser indicado”, explica Lozano. condenação de 12 anos e um mês pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o que traria a liberdade para Lula, os ministros da Quinta Turma rejeitaram a maioria dos pedidos dos advogados de Lula, entre os quais a prescrição dos crimes ou a argumentação

de que o processo deveria ser enviado e julgado pela Justiça Eleitoral. Para Bandeira de Mello, a manutenção da prisão de Lula é “uma coisa que só seria possível num país onde já não há Poder Judiciário”. O jurista acredita que, no Supremo Tribunal Federal (STF), os

rumos da situação de Lula podem mudar. O criminalista André Lozano tinha expectativa de que o STJ barrasse, pelo menos, a acusação de corrupção contida na condenação. “A lei diz que corrupção é a pessoa solicitar vantagem indevida para praticar ou

1º de maio terá atos em todo Brasil contra propostas de Bolsonaro Leonardo Fernandes São Paulo (SP)

m decisão inédita, E todas as centrais sindicais do Brasil

decidiram realizar atos unificados no 1º de Maio, Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores. Com posições historicamente divergentes sobre determinados temas, a proposta de reforma da Previdência e o crescente nível de desemprego motivaram a unidade. É o que explica Bernadete

Menezes, da Direção Nacional da Intersindical. “Bolsonaro nos uniu, né? [risos] A gravidade do que é esse governo e a implementação dos seus planos – porque todos dizem que ele não tem projeto, mas ele tem projeto isso obrigou, inclusive àqueles mais resistentes, que houvesse uma unidade nesse primeiro de maio”. Na convocatória para o 1º de Maio, as centrais anunciam a construção

de jornadas unificadas Na avaliação de de luta. A convocatória Menezes, embora o de uma greve geral é governo Bolsonaro tenha colocado a reforma da Previdência como central para o seu governo, não há articulação suficiente Convocatória para aprová-la no de greve geral é Congresso. consenso entre Além das centrais as centrais, sindicais, os atos do mas sem data 1º de Maio contam também com o apoio e definida convocatória das frentes Brasil Popular e Povo Sem consenso entre as centrais, Medo, que reúnem ainda embora ainda não tenha partidos e movimentos data definida. populares de todo o país.

Outros julgamentos

Ainda haverá no Supremo Tribunal Federal (STF) julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADC) sobre o mérito da prisão em segunda instância.

Agenda do 1º de maio em MG Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a tradicional Missa do Trabalhador acontecerá a partir de 8h na Praça da Cemig, em Contagem. De lá as centrais sindicais partirão em marcha até a Praça do Trabalhador, onde ocorrerão várias atividades culturais e de esclarecimento da população sobre a reforma da Previdência. Em Venda Nova (BH), acontecerá uma carreata com concentração marcada para as 9h, em frente à praça da Matriz.


Larissa Costa BRasil de FAto / MG

ESPECIAL

Minas Gerais

Belo Horizonte, abril de 2019 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita

“O QUE ELES ‘ERRARAM’ É QUE PREVIRAM A MORTE DE 20 PESSOAS. E FORAM 300” diz promotor em entrevista

O maior acidente de trabalho do Brasil Desde 2002, Vale sabia dos riscos Empresa já calculava valor por cada morte, diz André Sperling 32 barragens da Vale estão paralisadas em MG Conheça histórias de moradores que começam a se recuperar Frente Brasil Popular organiza curso sobre a realidade do país


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ESPECIAL

Belo Horizonte, abril 2019

Rompimento em Brumadinho foi o maior acidente de trabalho do país PRECARIZAÇÃO Mineradoras são as empresas com maior número de mortes de trabalhadores Douglas Magno/AFP

ta aconteça”, critica.

Amélia Gomes

“A

primeira coisa que escutei foi um estouro, depois disso o local onde eu estava começou a balançar muito e eu corri. Olhei para trás e vi meus colegas sendo soterrados e eu não podia ajudar”. Passados três meses, a cena do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão ainda é latente na memória do armador Luiz Sávio Castro, de 60 anos. Hoje o sobrevivente do maior acidente de trabalho do Brasil convive entre o alívio por ter escapado da lama e a sensação de impotência pela perda dos companheiros. Quando a barragem se rompeu, os primeiros alvos dos 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram as instalações da mineradora e o refeitório da empresa, que estavam no pé da barragem, matando mais de 200 funcionários. A tragédia se tornou o maior acidente de trabalho do Brasil, ultrapassando o desabamento de um pavilhão de exposições no Gameleira (BH), que também aconteceu em Minas Gerais, em 1971, e deixou 75 mortos. O rompimento da barragem da Vale revela uma informação triste sobre o Brasil: quando se trata de fatalidades envolvendo trabalhadores, o país se desta-

ca. Segundo o Observatório Digital Saúde e Segurança do Trabalho, a cada 3 horas é registrada uma morte por acidente de trabalho no Brasil. A cada 48 segundos acontece um incidente com trabalhadores brasileiros. Um balanço da Organização Internacional do Trabalho aponta que, por ano, 321 mil pessoas morrem em acidentes de trabalho e o Brasil

A cada três horas é registrada uma morte por acidente de trabalho no Brasil

Esta edição especial é uma produção do Brasil de Fato MG em parceria com a Frente Brasil Popular Médio Paraopeba. Mais informações em www.brasildefatomg.com.br ou facebook. com/brasildefatomg

é o 4º colocado nesse ranking. O setor mineral tem destaque. Segundo levantamento do extinto Ministério do Trabalho, o setor mineral é o que mais mata trabalhadores no país. “As estatísticas mostram que em 2017 a taxa de mortalidade de trabalhadores na indústria extrativa mineral foi superior aos demais setores de atividades em 2,6%”, afirma Mário Parreiras de Farias, auditor fiscal do trabalho. Empresas negligentes A advogada popular Juliana Benício Xavier, integrante da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, discorda do termo “acidentes” de trabalho, pois, para ela, os casos são fruto da negligência dos empregadores. “As empresas sempre minimizam custos em saúde e segurança, reduzem salário e aumentam jornadas de trabalho. Esses ingredientes juntos são um explosivo. Não dá para a gente sair de uma receita dessa sem que alguma coisa nefas-

Desmonte trabalhista A reforma trabalhista, aprovada no governo de Michel Temer, deve contribuir para que as indenizações para as famílias que perderam parentes sejam desiguais. A lei criou uma tarifação do dano, que estabelece um valor máximo de indenização por morte, que é de 50 vezes o valor do salário que a vítima recebia quando faleceu. Portanto, famílias de técnicos mortos poderão receber bem menos que as famílias de engenheiros. Até mesmo familiares de turistas podem conseguir indenizações maiores que as de funcionários, se a mineradora se utilizar da lei.

Vale sabia dos riscos desde 2002 Investigações realizadas pela auditoria do trabalho de Minas Gerais revelaram que desde 2002 relatórios já apontavam problemas graves na estrutura da barragem. Os alertas teriam começado a aparecer um ano após a Vale adquirir o complexo minerário de Córrego do Feijão. As investigações dizem ainda que a mineradora agia de maneira duplamente irresponsável, fazendo explosões próximas à barragem. Veio à tona também, por meio do Ministério Público do Trabalho, que a empresa já calculava o valor de 2,6 milhões de dólares para possíveis indenizações por morte de funcionário (10 milhões de reais). Isso resultou na campanha “Quanto Vale a Vida?”, que critica que a mineração coloque um preço na vida de seus funcionários.

IMPACTOS NA ÁGUA

500 km

é o tamanho do Rio Paraopeba

6 x MAIS TURVA

Segundo estudo que analisou a água em 11 pontos do Paraopeba, em março

400 vezes

maior que o permitido chegou a concentração de cobre no Rio Paraopeba, em março

75%

dos pontos de coleta tinham água de qualidade ruim

Informações: Fundação SOS Mata Atlântica


Belo Horizonte, abril 2019

ESPECIAL

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“Eles sabiam do risco e deram preço para as mortes”, denuncia promotor ENTREVISTA André Sperling, promotor de Justiça, critica modelo que beneficia mineradoras e deixa população em risco Reprodução

Geanini Hackbardt Especial para o BdF

A

ndré Sperling nasceu na periferia de São Paulo, mas atua como Promotor de Justiça em Minas Gerais há 19 anos. Após investigar os responsáveis pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, foi conferida a ele a força tarefa da promotoria estadual no crime da Vale no Córrego do Feijão. Confira principais trechos da entrevista (a versão completa está em www.brasildefato.com.br). Diante da grande quantidade de barragens em risco, podemos dizer que há um colapso na mineração? André Sperling - Para as mineradoras, não tem colapso nenhum. Elas continuam lucrando. A Vale tem lucrado constantemente, inclusive no último trimestre.

O fato das duas barragens que já se romperam serem da Vale pode ter relação com a privatização da empresa? Eu acho que o modelo de mineração de Minas Gerais, de forma geral, é extremamente exploratório. Eu não posso falar única e exclusivamente da Vale, porque tudo é feito visando maximizar ao extremo o lucro das empresas. E um dos caminhos que eles encontram para isso é diminuir

o custo da manutenção das barragens. Eles calculam o nível de risco? Sabiam do risco do rompimento? Eles trabalham quase como se fosse um cassino. Eles apostam que mesmo que a barragem esteja com nível de segurança inadequado, ela não vá romper. Eles precificam. A gente tem provas de que eles precificaram, por exemplo, o custo da vida humana no

rompimento da barragem de Brumadinho. Cada vida humana teria um custo para eles de 2 milhões e 600 mil dólares, mais ou menos. Eles tinham isso nos boletins internos. Engraçado que agora, nos processos de reparação, eles não estão oferecendo esse dinheiro todo para as famílias. Ou seja, eles sabiam do risco e queriam saber quanto isso custaria para a empresa. O que eles “erraram” é que eles previram, em Brumadinho, a morte de 20 pessoas. E morreram mais de 300. Qual é a orientação para os cidadãos da região que buscam por justiça e indenização? Como as organizações populares podem contribuir? Para que as demandas sejam atendidas, o povo precisa estar organizado, consciente dos seus direitos. O caminho é esse, caminho coletivo. Os atingi-

dos têm que ficar cientes que existe, sim, um processo da Vale para buscar dividi-los, para transformar as

Para que as demandas sejam atendidas, o povo precisa estar organizado causas coletivas em meramente individuais. Esse caminho tomado pela Vale ficou muito claro para nós num recente acordo que a mineradora firmou junto à Defensoria Pública, no qual pretende pagar indenizações individuais para as pessoas. Esse acordo criou uma tabela de danos, que diz quanto vale cada coisa. Se os atingidos aceitarem esse padrão de indenização, eles não terão direito mais de discutir os valores que receberam individualmente.

32 barragens da Vale estão paralisadas em MG . Barão de Cocais: 1 . Brumadinho: 3 . Itabirito: 2 . Itabira: 3 . Mariana: 1 . Nova Lima: 4 diques e 6 barragens . Ouro Preto: 9 . Rio Piracicaba: 1 . Sabará: 2 Fonte: ANM e Vale

A mineradora Vale S.A. declara que 31 das suas barragens no estado estão paradas, por três motivos: não tiveram Declaração de Condição de Estabilidade da Agência Nacional de Mineração (ANM), ou por ações civis ou da Secretaria de Meio Ambiente, e duas por decisão da empresa. A ANM mostra que 22 barragens de outras mineradoras também estão instáveis ou não apresentaram sua Declaração de Condição de Estabilidade até 31 de março e, por isso, estão interditadas. De todas as barragens paralisadas no Brasil, 64% está em território mineiro.


14 ESPECIAL

Belo Horizonte, abril 2019 Isis Medeiros/MAB

Frente Brasil Popular se fortalece no Médio Paraopeba

Brumadinho resiste: histórias de quem aos poucos se recupera MINERAÇÃO Três meses depois, moradores tentam retomar a vida em meio ao luto coletivo Wallace Oliveira De Brumadinho

T

rês meses do rompimento da barragem da Vale em Córrego do Feijão, Brumadinho, na Grande BH. Na cidade, a 15 km do distrito onde tudo começou, um interminável luto é vivido coletivamente. Praticamente todos, uns mais, outros menos, tiveram perdas econômicas e a rotina alterada. Todos perderam parentes, amigos, conhecidos. Todos perderam o Rio Paraopeba, embora nem todos vivessem dele, e são obrigados a presenciar diariamente o cadáver do rio marrom sob a ponte. Apesar de tudo, moradores ressaltam que Brumadinho não é só mineração, tampouco a lama da barragem da Vale.

Bruna Penna tem uma clínica de estética no centro da cidade. Das pessoas que ela conhecia, 80 morreram vítimas da lama, 30 eram clientes suas, 12 ainda não foram encontradas. A clínica quase parou de funcionar. “Eu tento me aproximar ao máximo das pessoas

Todos perderam amigos, conhecidos, parentes. Todos perderam o Rio Paraopeba, agora marrom com terapias integrativas, acupuntura, serviços de desintoxicação, é mais na área da saúde mesmo, porque a cidade não está com clima pra cuidar da beleza. Então, sem essas alternativas, a clínica não estaria aberta”, afirma.

Raquel Andrade é agente de pastoral da paróquia de São Sebastião, composta por 14 comunidades católicas. Todas as pastorais perderam integrantes, mortos pela lama da barragem. “Meus conhecidos, entre amigos de infância, amigos da igreja, amigos de escola, eu consegui contar 45 e depois não quis contar mais, parei, porque dói demais”, recorda, aos prantos. Segundo Raquel, a forma encontrada pela paróquia para reagir à tragédia foi organizar a comunidade para enfrentar o problema. “A gente, rapidamente, conseguiu estruturar uma acolhida, a organização das entregas de donativos. Nos primeiros dias, foram comida, cesta básica, roupa. Agora, nosso trabalho é visitar as pessoas e ver como elas estão”. Gilmar Cândido é proprietário de um viveiro que pro-

duzia e vendia, todo mês, cerca de 800 mil mudas de folhosas, jiló, pimentão, tomate e outras plantas para produtores rurais de Brumadinho, Sarzedo, Ibirité e Mário Campos. A lama da Vale matou o Rio Paraopeba, diminuiu a produção agrícola local e prejudicou diretamente o empreendimento de Gilmar. O produtor acredita que serão necessários de dois a três anos para retomar o empreendimento, mas prevê um caminho muito difícil. “Acho que o meu comércio de mudas não vai voltar a ser como antes. A maioria das pessoas que trabalhavam na horta e vão pegar indenização não vão querer ter mais horta. E outras pessoas, mesmo tendo horta, vão ter sua própria estufa. Então, eu vou ter que achar outros clientes”, conclui.

A história de exploração do minério na região, que levou ao rompimento da barragem em Brumadinho, é denunciada há anos por movimentos e instituições locais. Porém, a denúncia isolada foi insuficiente para evitar as consequências da exploração. Por isso, as organizações populares da região decidiram unir forças na busca por justiça e proteção contra outras mineradoras que ameaçam as famílias do entorno do Rio Paraopeba. No dia 16 de março, foi realizada a 1ª Assembleia da Frente Brasil Popular do Médio Paraopeba, em Brumadinho. A principal bandeira da Frente local é “Somos todos atingidos”. Outra ação proposta é o Curso Realidade Brasileira, que visa estudar os principais pensadores brasileiros e debater sobre as alternativas possíveis ao atual modelo de mineração. A Frente Brasil Popular é a união de 80 organizações populares nacionais. Ela se propõe a apontar soluções para que o país avance e transforme para melhor a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, como o Plano Popular de Emergência e o Congresso do Povo. Para saber mais, acesse frentebrasilpopular.org.br ou entre em contato: facebook.com/ frentebrasilpopularmg


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ENTREVISTA 15 11

“Querem um desmonte da Petrobras comprometendo a empresa e os interesses da população” AMEAÇA Alexandre Finamori, do Sindipetro MG, fala sobre as consequências de um possível fechamento da usina de biodiesel em Montes Claros (MG) e do desmonte da Petrobras Mídia Ninja

Larissa Costa

A

lém de cortes de direitos, o projeto de governo de Jair Bolsonaro (PSL) é baseado em privatizações. Representando esses ideais, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou em março deste ano que a venda da estatal e de outras companhias públicas “sempre foi um sonho”. Além da privatização da distribuidora, venda de refinarias e entrega do Pré-sal a empresas estrangeiras, a Petrobras Biocombustíveis (PBio) também corre risco de encerrar por completo as atividades. A PBio é a principal empresa brasileira do setor, com três usinas de biodiesel, no Ceará, na Bahia e em Minas Gerais. No estado, a Usina Darcy Ribeiro, localizada em Montes Claros, está sob ameaça de fechamento. Nesta entrevista, Alexandre Finamori fala sobre os ataques à Petrobras e da importância da Usina Darcy Ribeiro para o desenvolvimento do Norte de Minas. Brasil de Fato- A usina Darcy Ribeiro completou 10 anos neste mês. Qual o contexto em que ela foi criada e qual o papel que ela cumpre? Alexandre Finamori - O Brasil, apesar de ser um país produtor de petróleo, sempre teve um déficit de diesel, o que faz a gente importar. Em 2004, foi criado um plano de desenvolvimento da produção de biodiesel. Essa

Usina de biodiesel aumentou a renda em Montes Claros iniciativa trazia também a ideia de implantar uma produção sustentável, promovendo a inclusão social, que seria a agricultura familiar, a garantia de preços competitivos, e a produção a partir de diferentes fontes oleaginosas, como a mamona e a soja. O governo Lula tinha esse foco de desenvolvimento regional e o Estado entrou como um investidor em três regiões do semiárido: em Quixadá (Ceará), em Candeias (Bahia) e Montes Claros (Minas Gerais). Essas regiões possuem baixa industrialização e potencial para a agricultura familiar. Então foi possível aumentar a produção de biodiesel, com desenvolvimento de uma indústria local, e geração de empregos diretos e indiretos, além de ser um incentivo para a agricultura familiar. Atualmente, qual é a importância da Usina para a região? A Usina de Biodiesel Dar-

Privatizações foca no imediato mas gera prejuízos a longo prazo

cy Ribeiro utiliza a produção da agricultura familiar do Norte de Minas. Hoje existem várias famílias e coletivos de agricultores produzindo para a Usina, o que gerou renda para a agricultura familiar e para os trabalhadores locais da cidade. Além disso, foi surgindo uma indústria para suprir as necessidades e as demandas da Usina, como manutenção, transporte, logística. Houve um aumento no produto interno da cidade, tanto fiscal quanto salarial. A Petrobras como um todo está sob ameaça do governo federal, que possui uma política privatista. O que está acontecendo com a empresa? A Petrobras, como as maiores empresas de petróleo do

Biodiesel representa 10% da produção de diesel nacional mundo, é integrada. Ela atua desde a exploração, que é quando se retira o petróleo bruto, até o refino, onde há a transformação do petróleo em derivados, como gasolina, gás de cozinha, querosene e diesel. O que eles querem fazer com a empresa hoje é um desmonte, transformá-la em apenas uma empresa de exploração, vender todo o refino, vender todos os ativos que não são de exploração. O problema disso é que, numa eventual va-

riação do preço do petróleo, se fragiliza tanto o refino quanto a exploração, isso porque em alta do petróleo a exploração dá lucro, em valor baixo do petróleo é o refino que dá lucro. Tendo essas duas partes da cadeia, sempre tem lucro. Para a Petrobras é muito ruim, pois ela fica exposta à variação do mercado. A ameaça de fechamento da Usina Darcy Ribeiro está relacionada com a política privatista do governo federal? Totalmente relacionada. Essas privatizações têm um foco de suprir necessidades imediatas do governo, de ajustes fiscais, mas vão gerar prejuízos a longo prazo, tanto econômicos quanto sociais. Porque é uma usina que não dá prejuízo. Isso para região é muito prejudicial, pois não é um ambiente em que outra usina de biodiesel irá se instalar. Quais são as ações que o sindicato vai promover para discutir esse assunto? Estamos convocando uma plenária em Montes Claros com parlamentares da região para mostrar os números, os dados e informações que estamos coletando. Em BH, estamos organizando duas audiências públicas com parlamentares estaduais e federais para dar mais clareza sobre a importância dessa usina. Porque o biodiesel hoje representa 10% da produção de diesel nacional.


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DE OLHO NA MÍDIA

FIQUE Divulgação

BEM TACA REPELENTE!

Na coluna de hoje vamos falar sobre a rádio Inconfidência e as mobilizações pela sua permanência e fortalecimento. Vocês já devem ter ouvido a história: nem bem assumiu o cargo, o novo secretário de cultura e turismo do governo de Minas, Marcelo Matte, anunciou que fecharia a frequência AM da querida Brasileiríssima e ameaçou a FM. Por trás de supostos argumentos técnicos, se esconde uma equivocada posição política de incompreensão do papel e importância da comunicação pública. Desde então, intensas mobilizações têm pautado o direito das mineiras e mineiros de manterem seu patrimônio no ar.

Em defesa da comunicação pública Na segunda audiência pública sobre o tema na Assembleia Legislativa, o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais distribuiu uma nota reforçando que a migração das emissoras AM não é obrigatória e não caberia ao caso da Inconfidência, que tem um alcance regional muito grande, cobrindo todo o estado, parte do Sudeste e Sul do país e até da América Latina. O sindicato informa: o Brasil tem 10.492 emissoras de rádio e apenas 6% delas são públicas ou educativas. Nota completa em: tinyurl.com/yxdd2fbr. O comitê mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação também repudia os argumentos apresentados pelo governo e solicita um “relatório técnico independente para analisar o estado do transmissor AM e propor soluções orçadas de renovação a serem apresentadas aos conselhos”. A nota destaca ainda a importância de fortalecer – inclusive com novas formas de fomento e patrocínio – a Empresa Mineira de Comunicação. (Leia: tinyurl.com/yyxtdv52)

#FicaInconfidência Segue a todo vapor a campanha em defesa da rádio, com depoimentos de diversas pessoas – artistas, trabalhadores, jogadores e ouvintes. Confira e mande seu recado: facebook.com/ficainconfidencia

Livro conta história Em 2016, a Inconfidência comemorou 80 anos no ar. Com grande reconhecimento de sua trajetória – seja por divulgar a produção artística e mineira, seja por chegar a todo o estado com programação de qualidade – a rádio se modernizou, digitalizou seu acervo, ganhou nova sede e conta com programação 24h. Em 2014, foi lançado o livro “O gigante do ar – a história da Rádio Inconfidência narrada por Ricardo Parreiras e convidados”. É possível baixar o conteúdo no link: tinyurl.com/y3dx3ed3 Joana Tavares – Escreva suas sugestões e impressões para: joana@brasildefato.com.br

Quem já teve dengue sabe que não é brincadeira. Quanto mais evitar, melhor. Na terça-feira (23), o Governo de Minas decretou situação de emergência no estado por conta da epidemia que atinge as regiões Norte, Central, Noroeste, Oeste e Triângulo. Já foram registrados mais de 140 mil casos da doença. As melhores dicas de prevenção são evitar o acúmulo de água, seja nas plantinhas, lajes e calhas, além de apelar para o famoso repelente de insetos.

AMIGA DA SAÚDE

Bebê que tem intolerância à lactose pode mamar no peito da mãe?

Roberta Silva, 36 anos, representante comercial Oi, Roberta, pode sim! A intolerância é causada pela dificuldade na digestão da lactose, pela baixa quantidade da enzima que atua nesse processo (lactase). Ela é mais comum em adultos e pode causar sintomas intestinais como diarreia, cólicas, gases, distensão abdominal (barriga estufada) e outros. O leite materno também tem lactose, porém ele possui outros componentes que facilitam a digestão. Por isso, não provoca esses sintomas no bebê. O ideal é que o bebê se alimente exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade.

Nossos direitos DIREITO À LIBERDADE RELIGIOSA Você sabia que ter ou não ter uma religião é um direito humano universal? Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, seja qual for. Esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestá-la, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Porém, a intolerância religiosa ainda é uma realidade no mundo e no Brasil. Muitas pessoas so-

frem perseguição e preconceito por expressar em sua religiosidade. Outras até mesmo tentam impor suas próprias crenças aos outros. Por isto, pela lei brasileira, a discriminação religiosa é considerada crime. Defender e respeitar o direito à liberdade religiosa, mesmo daqueles que pensam diferente de você, é um direito e um dever. Onde há respeito pela liberdade religiosa há dignidade humana. Onde não há respeito pela liberdade religiosa não há paz.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


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www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas SUCO DE INHAME Reprodução

RECEITA 1: Ingredientes • • • • •

1 xícara de inhame cru, descascado e picado; 1 pedaço de gengibre; 1 laranja; 500 ml de água; Mel.

Modo de Preparo Bata todos os ingredientes no liquidificador e use o mel para adoçar. Se preferir, pode coar.

RECEITA 2: Ingredientes • • • • • •

1 xícara de inhame cru, descascado e picado; 1 maçã; 2 folhas de couve; 500 ml de água; Hortelã; Mel.

Modo de Preparo Pique as folhas de couve e a maçã e bata no liquidificador com o inhame, a água e folhinhas de hortelã a gosto. Adoce com o mel. Se preferir, pode coar. Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


Divulgação

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Roteiro

Segunda tem cinema de graça Divulgação/Galpão Cine Horto

O Galpão Cine Horto, em BH, voltou a ser cinema e tem programação para todas as segundas-feiras até o final de novembro. A próxima sessão será na segunda (29), com o filme brasileiro “Canção da Primavera”. Mais informações: facebook.com/galpaocinehorto.

Festival do Ora-pro-nóbis

Gosta de chorinho?

Divulgação/Prefeitura de Sabará

Pedro Alvarez /Divulgação

A festa acontece desde 1997 na cidade de Sabará, Região Metropolitana de BH. O evento é tradicional pela sua gastronomia, que leva a hortaliça como ingrediente principal. Será de 3 a 5 de maio, no bairro Pompéu. Entrada franca.

Fique ligado: até sábado (27) rola em BH o Circuito do Choro, com diversas apresentações de chorinho pela cidade. Algumas são pagas, outras totalmente gratuitas. Veja a programação: facebook.com/circuitodochorobh.

ANÚNCIO


ESPORTE

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CURTA E GROSSA

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DECLARAÇÃO DA SEMANA

Sinal de alerta na seleção feminina

Noam Galai /Getty Images North America /AFP

Lucas Figueiredo/CBF

“Acredito que temos que mudar o jeito que tratamos as mulheres Isso não é uma opção” Mohamed Salah, seguidor da religião mulçumana e atacante do Liverpool e da seleção egípcia

Gol de placa Jordânia Souza Salve, meu povo!

F

altando pouco mais de um mês para a Copa do Mundo de Futebol Feminino na França, a Seleção Brasileira preocupa. Apesar do elenco qualificado e a presença da atacante Marta, a melhor do mundo na atualidade, a equipe não vem se encontrando em campo. Já são nove derrotas consecutivas, a última para a Escócia por 1 a 0, em amistoso realizado na Espanha. Além disso, o início da temporada de 2019 não foi nada animador. A seleção feminina foi eliminada da Copa SheBelieves ainda na fase de grupos, sem nenhuma vitória. A sequência de resultados negativos acende o sinal de alerta e põe em xeque a atuação do técnico Vadão. Desde que reassumiu o comando da seleção feminina, em setembro de 2017, o treinador acumula 12 vitórias, um empate e 10 derrotas. Em 10º lugar no ranking da Fifa, a seleção não consegue evoluir. São muitos os problemas. Centralizar as forças do time somente nas referências como Marta e Formiga pode ser preocupante, já que futebol é um conjunto. Além disso, algumas escolhas táticas do técnico Vadão têm recebido fortes críticas. Uma delas foi improvisar a meia atacante Andressa Alves, do Barcelona, na lateral esquerda, setor onde a jogadora não tem costume de atuar.

Além disso, antes do retorno de Vadão, a CBF não demonstrou a mesma tolerância com os resultados apresentados pela ex-técnica Emily Lima. Primeira mulher a comandar a seleção feminina, Emily sequer completou um ano à frente do time. Em 13 jogos, a treinadora conseguiu 7 vitórias, um empate e amargou 5 derrotas, durante dez meses de trabalho. Na época, a saída de Emily causou polêmica e desestruturou as jogadoras, que apoiavam seu trabalho. Apesar do saldo negativo de Vadão, é possível que a CBF queira dar mais tempo para a seleção evoluir com o treinador. A troca de técnicos sempre é um momento tenso nos times, principalmente diante de partidas importantes. Trocar Vadão agora seria muito arriscado, já que o Mundial está prestes a começar. Mas, além disso, é importante observar que tanto seleções europeias quanto asiáticas investiram no futebol feminino, estruturando equipes, inclusive times de base. O Brasil ainda está engatinhando nesse processo. Sem resultados expressivos, infelizmente, a busca por investimentos no futebol feminino torna-se ainda mais difícil. Uma atuação negativa no Mundial só pioraria esse cenário. É preciso acordar e a CBF tem, de fato, que comprar essa ideia.

O boxeador mexicano Francisco Vargas derrotou o estadunidense Rod Salka, em luta na California. Para provocar o rival, o boxeador dos Estados Unidos usava um calção com o desenho de um muro, em referência à proposta do presidente Trump de erguer uma barreira entre os dois países.

Gol contra O senador Major Olímpio (PSL-SP) entregou ao Corinthians as medalhas de campeão paulista de 2019, repetindo o gesto de 2018, quando entregou as medalhas do título brasileiro ao Palmeiras. Nas duas ocasiões, o político bolsonarista usava uma camisa do Brasil com o número 17.

SUGESTÕES, CRÍTICAS, COMENTÁRIOS?

ESCREVA PARA NÓS Rodolfo Ataíde

esportemg@brasildefatomg.com.br


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Se você não lutar, a sua aposentadoria vai acabar! Bolsonaro (PSL), que se aposentou aos 33 anos e recebe acima do teto do INSS, quer aprovar uma reforma que vai acabar com o seu direito.

uição: ib r t n o c e d o p m e t aos 65, posentadoria por

Fim da a

e homens s o n a 2 6 s ó p a aposentarão o. mulheres só se nha contribuíd te o p m te to n a não importa qu

os: n e m r e b e c e r a r a osentadoria de, para ter ap rabalhar mais p

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formalida in e o g re p m e s e s. mesmo com d uir por 40 ano ib tr n o c e u q terá integral, você

no: r e v o g o d e r o d a ada mais. heiro do empreg

Sem din

idual e n iv d in a ç n a p u rá uma po ó! Até quem já p a ir v o ir cada pessoa te e h in ebrar, o seu d Se o fundo qu ai perder. v u to n e s o p a se

OAS: L C P B a r a p o s. Isso vai ir e o n h a in 0 6 d e s d o ir n Me a part ra idosos a p io c fí e n e b s pobres. o ir só R$ 400 de e il s ra b e d milhões prejudicar 4,5

dos: a iv r p s o d n u f e bancos a r a p o já está ir e h in d ais re para quem

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a e quem precis d ra ti a rm fo re a crise. lucrando com

Quer saber quando vai se aposentar? Acesse a calculadora: tinyurl.com/y6nj7xrv

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Defenda seu direito: cole este cartaz na sua porta e participe da luta!


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