Reprodução
É menino ou menina?
Lucas Figueiredo / CBF
Copa Mundial Feminina
Formato da barriga da grávida pode indicar qual é o sexo do bebê? Descubra
Pela primeira vez, TV aberta brasileira vai transmitir campeonato das mulheres
VARIEDADES 12
ESPORTE 15
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 17 a 23 de maio de 2019 • edição 283 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Thiago Morandi
Mídia NINJA
Reforma psiquiátrica em risco Governo federal retrocede em políticas para a saúde mental e protestos marcam Dia da Luta Antimanicomial BRASIL 9
DE VOLTA ÀS RUAS O governo Bolsonaro é colocado em xeque após mobilizações gigantescas. Estudantes e professores levaram mais de um milhão de pessoas às ruas em 15 de maio e conquistaram apoio da população. Confira como foram os protestos e a preparação para a greve de 14 de junho, contra a reforma da Previdência I BRASIL 9
Banda de Brumadinho faz 90 anos São Sebastião usa a música para manifestar solidariedade e luta da cidade CULTURA 14
Candidato a presidente da Zâmbia fala sobre ideias socialistas para a África ENTREVISTA 11
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 17 a 23 de maio 2019
Editorial | Brasil
1 milhão nas ruas: é possível barrar retrocessos Os atos em centenas de cidades, sobretudo em todas as capitais do país, em 15 de maio de 2019, serão registrados como o dia em que o povo brasileiro assumiu para si a responsabilidade de lutar pela educação pública, gratuita, laica e de qualidade.
Paralisação nacional acende a chama da esperança ESPAÇO DOS LEITORES “Jornal popular, apresenta a realidade dos fatos, informativo, veículo de comunicação da classe trabalhadora” Andrea Hermogenes escreveu sobre a capa da edição 282 do Brasil de Fato MG: “Onda de manifestações pela educação” “Para que a paz reine na América Latina e no Brasil.Parabéns aos professores, alunos e trabalhadores” Flavio Silva Morais sobre a manifestação em defesa da educação em todo o Brasil dia 15 de maio “Com absoluta certeza” Flavio M.C. Travassos sobre a matéria “Surto de dengue pode ter sido agravado por crime da Vale em Brumadinho “Essa entrevista tá incrível!” Larissa Shayana, sobre entrevista com Manuela D’Ávila, na página do Brasil de Fato
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O atual contexto político contribuiu para instigar a relevante participação popular nos atos, com ênfase ao protagonismo da juventude. Já seria justa a luta pela não adesão ao corte de 30% das Universidades e Institutos Federais. Contudo, a declaração do atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que as universalidades são palco de balbúrdias, além das ameaças de encerramento dos cursos de sociologia e filosofia, e a declaração de quarta, em meio às manifestações do próprio presidente da República em classificar os manifestantes como “idiotas”, resultaram na combinação para uma das maiores paralisações pós-abertura democrática da década de 1980. Greve geral pela aposentadoria está prevista para 14 de junho É preciso considerar também que ter tantos estudantes, professores
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
e servidores nas ruas reivindicando é resultado das políticas educacionais dos últimos 14 anos durante os governos petistas, que criaram 18 universidades, 173 campi universitários e 360 institutos federais. O ensino superior no país cresceu com mais investimentos e com uma descentralização destas instituições, sobretudo, com a expansão das universidades para médias cidades. As manifestações desse dia 15 de maio agitaram o centro do governo e sua gelatinosa base aliada. Foram muitas as declarações criticando a postura desrespeitosa do presidente e do governo ao tratar desse legítimo exercício democrático.
Nova paralisação está prevista para 30 de maio Para os trabalhadores surge um suspiro de esperança. Á repercussão da luta pelas garantias dos recursos para a educação, e contra a reforma da Previdência ainda desencadearão muitas iniciativas. Parece que as próximas semanas serão férteis para dialogar com a população sobre a próxima paralisação nacional da educação no dia 30 de maio, e sobre a importância da greve geral chamada para dia 14 de junho. A resistência está mais ativa do que nunca.
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? PERGUNTA DA SEMANA
Sexta-feira é dia de dar uma pausa no trabalho para aproveitar o fim de semana. Descansar, esquecer do trabalho e ficar renovado!
Por isso, o Brasil de Fato saiu às ruas para perguntar: O que você faz para se divertir?
Eu gosto muito de ir para o cinema, às vezes vou também aos parques, mas o que eu mais faço é ir ao cinema.
Barbara Carolaine desempregada
Eu costumo frequentar praças e parques, os que eu mais vou é o Parque Municipal e a Praça do Papa. Outra coisa que faço é ir ao cinema.
Leandro do Carmo Silva desempregado
Belo Horizonte, 17 a 23 de maio 2019
GERAL
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Número da Semana
62%
Este é o contingente de famílias endividadas no Brasil. Em abril deste ano, a parcela de devedores chegou a 62,7%, sendo o patamar mais expressivo desde setembro de 2015, quando o número de endividados foi de 63,5%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
CAQUI: A FRUTA MAIS DOCINHA DO OUTONO
O caqui é originário da Ásia, mas se adaptou muito bem ao clima brasileiro. A fruta tem uma boa quantidade de carboidratos e fibras, o que ajuda na sensação de saciedade. Auxilia também no controle dos níveis de colesterol e glicemia, além de me-
Gabriella Mesquita
lhorar o funcionamento do intestino. O caqui também é rico em cálcio, potássio e vitamina A, importante elemento para a visão e a saúde da pele. Outra vitamina presente na fruta é a C, um antioxidante fundamental para nossa imunidade.
Michel Jesus / Câmara dos Deputados
Declaração da Semana “13 de maio é dia de denunciar a permanência de um passado colonial em que os senhores de engenho matavam, escravizavam os nossos corpos. Esse passado não terminou”.
Declarou Talíria Petrone, deputada federal (PSOL) do Rio de Janeiro no plenário da Câmara Federal, por ocasião da data que lembra a Lei Áurea de 1888.
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CIDADES
Belo Horizonte, 17 a 23 de maio 2019
Prevenção contra dengue não pode ser só individual SAÚDE Carência de saneamento básico e falta de infraestrutura nas cidades são fatores de risco muito mais sérios do que pratinho com água parada
Sinais de alerta e vacina Divino Advincula
Gercom / CS
23% da população do estado não tem esgotamento sanitário
Joana Tavares
P
ratinhos de planta, garrafas, pneus, tambores de água... Todo mundo sabe que é preciso ficar de olho nesses recipientes para evitar a proliferação de focos de mosquito, especialmente do Aedes aegypti, transmissor de doenças como zika, dengue e chikungunya. Em Minas Gerais, já são 247 mil casos prováveis de dengue apenas em 2019. Trinta e oito pessoas já morreram e outras 92 mortes estão em investigação. A Secretaria Estadual de Saúde declarou situação de emergência de saúde pública em municípios das regiões Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo Norte e Triângulo Sul. Um estudo – chamado Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRa) - mostra que os principais fatores para proliferação dos criadores são “depósitos domiciliares”, “lixo” e “depósito de água”. Ou seja, grande parte do problema depende de questões da cidade e de políticas públicas.
“É muito mais importante o cuidado público - da Prefeitura, do governo - do que o individual. Os espaços de responsabilidade do Estado, como terrenos abandonados, lixões, lotes vagos, são muito maiores e mais relevantes do que o interior de cada casa. Além disso, quando se vive num lugar descuidado pelo Estado, as pessoas acabam cuidando menos também”, sublinha Aline Bentes, pediatra infectologista da rede pública e professora da UFMG. Aline destaca que a concepção de saúde precisa ir
Espaços de responsabilidade do Estado são maiores e mais relevantes além da dimensão do cuidado pessoal e perpassa condições de vida que, muitas vezes, estão fora do arco de ação dos indivíduos. “Por
exemplo, a falta de fornecimento de água leva as pessoas a armazenarem como podem. Ao fazerem isso, para sobrevivência, elas muitas vezes guardam a água de forma inadequada, em tambores sem tampa”, pontua. Menos infraestrutura, mais dengue Segundo pesquisa da Fundação João Pinheiro, 23% da população do estado não tem acesso à rede de esgotamento sanitário, que inclui os serviços de abastecimento de água, esgoto, manejo de resíduos sólidos e de água da chuva. Os dados são de 2014. A professora da faculdade de arquitetura da UFMG Jupira Gomes de Mendonça reforça que os espaços urbanos precários, sem infraestrutura, sem saneamento, levam a diversos problemas sociais, inclusive de saúde. “No caso da dengue, é fácil ver que onde há menos casos é em lugares onde há mais infraestrutura, maior índice de limpeza urbana, como coleta de lixo e varrição das ruas”, destaca.
Ela chama a atenção para a questão da moradia: como muitas pessoas precisam dividir a residência com outras famílias ou têm gastos excessivos com aluguel, acabam buscando alternativas como ocupações urbanas, em locais sem estrutura. “E esse problema vai piorar. Estamos vendo um refluxo nas políticas habitacionais. Não que antes elas fossem as ideais, mas havia uma produção de moradia subsidiada, em regiões com alguma infraestrutura. Agora, nem isso há e a situação toda vai se agravar”, alerta. Ela chama atenção também para o risco de privatização do saneamento básico, o que vai excluir ainda mais pessoas desse direito e impactar todo o espaço urbano. “A dengue não respeita os limites da propriedade. Todos que vivem na cidade são afetados. Enquanto a gente achar que apenas medidas individuais – cada um cuidando do seu vasinho de planta – serão suficientes, teremos surtos. Cada um fazer sua parte é importante, mas só vamos conseguir combater a dengue quando entendermos que a cidade é de todos. Se os problemas são coletivos, as soluções também precisam ser”, reforça a médica Aline Bentes.
Há apenas um tipo de vacina contra a dengue, mas ela é restrita a quem comprovadamente já teve a doença e tem mais de 9 anos de idade. Ela está presente apenas na rede particular de saúde. Há estudos da Fiocruz para desenvolvimento de uma outra vacina, que possa ser dada para quem nunca teve dengue, mas ainda sem previsão de lançamento. É importante ficar atento aos sinais– dor de cabeça, febre, mal-estar – e beber muita água. Aline recomenda observar a urina: o xixi bem clarinho indica boa hidratação. Em caso de sangramento, dor abdominal, vômitos persistentes, tonteiras, alteração de comportamento, a recomendação é procurar imediatamente uma unidade de saúde.
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MINAS
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Pressionado, Zema fracassa ao tentar mudar diretoria da Copasa ABASTECIMENTO SOB RISCO Além de desconhecer a máquina pública, governador é acusado por deputado federal de indicar uma direção “amiga” da Vale Heldner Costa / CMBH
Empreender : isso é coisa de mineiro. “Empreender está no meu sangue. Minas também.” Rodrigo Cartacho
Rodrigo Cartacho é mineiro e fundador da Sympla. Saiu daqui para buscar seus sonhos na Europa, mas voltou para Minas Gerais e criou a maior plataforma de venda de ingressos e gestão de eventos do país. Gerando empregos e desenvolvimento, ele ajuda Minas a se reinventar. E não há crise que possa esconder a nossa criatividade. Somos nós que fazemos a Minas que a gente quer. Faça parte deste movimento!
Isso é Minas Gerais. Isso é Minas demais.
Saiba mais
almg.gov.br
Larissa Costa
O
governador Romeu Zema (Novo), indicou na última semana, uma nova composição para a diretoria da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O nome de peso que apareceu na lista é de Ricardo Simões, que chegou a presidir a estatal entre 2009 e 2015, durante a gestão de Aécio Neves e Antonio Anastasia, do PSDB. A decisão, segundo Wagner Xavier, assessor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua), foi tomada de forma rápida e atropelada. A reunião do Conselho de Administração, órgão responsável por votar a nova diretoria, foi convocada para quarta (15), mas foi cancelada pelos seus membros no dia anterior. “O governo não conseguiu mudar a diretoria porque fez com tanta pressa que não cumpriu o ritual. É um desconhecimento (dele) completo da máquina pública”, explica Wagner. O Conselho de Administra-
ção atual possui composição constituída por Fernando Pimentel (PT), sendo que cinco membros são indica-
Paraopeba abastecia 51% da região metropolitana ções do governo e os outros dois representam trabalhadores e sócios minoritários. Para indicar uma nova diretoria, Zema terá que destituir o Conselho e indicar novos nomes que se encaixem em critérios previstos em lei – por exemplo, não ser filiado a partido político e possuir experiência de atuação técnica na empresa –, processo que dura no mínimo 30 dias. Abastecimento em risco
Após o rompimento da barragem em Brumadinho, a Vale tem sido pressionada pela Copasa para construir novos pontos de captação de água no Paraopeba, que foi destruído pela lama de rejeitos. A medida pode impedir o racionamento, já que o rio
era responsável pelo abastecimento de quase 30% de BH e 51% da região metropolitana. Esse seria o motivo da mudança da diretoria da Copasa, conforme denúncia publicada em rede social pelo deputado federal Rogério Correia (PT). “Essa captação deve ser custeada, obviamente, pela própria Vale, afinal é ela a responsável pelo prejuízo. A empresa, porém, não dá demonstrações de boa vontade. E poderá contar com uma diretoria “amiga” na Copasa, retardando a obra, que é fundamental para abastecer BH e região”, afirmou o deputado. No dia 9 de maio, em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, foi fechado um acordo em que a Vale irá construir um novo sistema de captação de água do Paraopeba, que deve ficar pronto no segundo semestre de 2020. No entanto, a Copasa alerta que devem ser tomadas outras medidas para evitar o desabastecimento. O tema será debatido em uma audiência marcada para o dia 21 deste mês.
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 17 a 23 de maio 2019
Opinião
Gritar com raiva e ouvir com calma
Coordenador da chacina de Felisburgo é condenado a 195 anos de prisão
Reprodução / MST
Maíra Cabral
João Paulo De volta às ruas, de onde nunca deveria ter saído. Essa é a sensação que fica do estrondoso grito de indignação da sociedade em relação aos drásticos cortes na educação. O choque de realidade, literalmente com o pé no chão, tem tudo para esfumaçar a covardia do radicalismo das nuvens que segregam ódio. Mas se as ruas deram de novo o tom da política, é preciso saber escutá-las com sabedoria e, sobretudo, ter capacidade de levar a voz adiante. Se a voz das ruas é clara, a escuta precisa ser também astuta. Não se deve cair no erro da avaliação eufórica de que há um levante contra o governo e que tudo agora é questão de tempo. Falta convencer ainda muitos interlocutores e dialogar com todos os segmentos sociais insatisfeitos. Construir uma saída. O movimento pela educação não tem dono e precisa ser respeitado em sua diversidade. A esquerda, entretanto, não tem mais o direito de ser ingênua.
A educação pública de qualidade sempre foi uma bandeira universal, capaz de
Todos defendem a educação como a única saída viável para reverter o grau de injustiça da sociedade brasileira unir a sociedade. Todos defendem o setor como a única saída viável para reverter o grau de injustiça e incivilidade da sociedade brasileira. No entanto, a pauta regressiva da escola sem partido e de outras distorções moralistas vingou nos setores mais ideológicos e desinformados, como estratégia para radicalizar o processo de divisão social. Até que chegou dentro de casa. Ninguém gosta de ver seu filho ser chamado de idiota e imbecil. Uma coisa é defender barbaridades como o ensino doméstico, a terra plana, o cria-
cionismo, o revisionismo histórico e a crítica a Paulo Freire. Outra coisa muito diferente é atacar a educação em si e seus valores. O presidente cruzou a linha. Abrir fogo contra alunos e professores, além de ameaçar a pesquisa e o conhecimento, são atitudes obscurantistas que envergonham o cidadão. Esse é um movimento que tem tudo para crescer, desde que tenha capacidade de recompor a aliança perdida com setores da classe média, que hoje percebem, constrangidos, que embarcaram numa furada. As jornadas de maio podem ser o primeiro ensaio para afinar o coro dos descontentes. É esse sentimento que precisa ser despertado: a percepção de que há um projeto contra o país, contra o meio ambiente, contra o trabalhador, contra os direitos humanos, contra a saúde pública, contra a cultura, contra o povo e contra a civilização. A educação é um bom começo para harmonizar a revolta. A disputa da previdência deve ser o próximo passo.
Na segunda-feira (13) Calixto Luedy Filho foi a julgamento acusado de ser responsável pela chacina em 2004, em Felisburgo (MG), no Vale do Jequitinhonha, quando cinco pessoas foram assassinadas. Em decisão de um júri popular, Calixto foi condenado a 195 anos e 9 meses de prisão, após 13 horas de julgamento. Para Kelly Gomes Soares, filha de uma das vítimas fatais e moradora do acampa-
mento Terra Prometida, a condenação de Calixto significa diminuir o medo que as famílias continuam sentindo. “Se ele fosse absolvido, a gente sentiria uma impunidade e continuaria com medo de um novo massacre. Nossa região é de coronelismo. Ele ou outro poderia voltar e fazer alguma coisa”, explica. Outros quatro homens já foram julgados e condenados pelo massacre. Restam nove réus a serem julgados.
Nossos direitos SOU OBRIGADO A PAGAR MULTA PARA O BAR SE EU PERDER MINHA COMANDA? Em muitos bares, restaurantes e outros estabelecimentos do gênero, há avisos na comanda alertando sobre a existência de multa em caso de sua perda. Na verdade, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), esta é uma conduta abusiva. O estabelecimento é obrigado a fazer o controle da consumação, não podendo o cliente ser penalizado pela perda da comanda. Em casos extremos, a ameaça, o constrangimento ou a detenção no local, podem causar ao
estabelecimento implicações penais. Resumindo, em caso de perda da comanda, você pode exigir que o estabelecimento apresente o CDC para apontar o artigo 39, inciso V, que dispõe sobre a proibição da vantagem excessiva sobre o consumidor. Caso haja persistência na cobrança, o PROCON pode ser acionado. Outra alternativa é ajuizar um processo, situação na qual será de direito a devolução em dobro do valor pago.
Jonathan Hassen é advogado popular
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OPINIÃO
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Amélia Gomes
Justiça para Filipe Reis
Flexibilização do porte de arma abre caminho para uma nova Suzano? Imagine! No dia 13 de março, os assassinos Guilherme Tauchi Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, atacaram alunos, professores e servidores da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, no interior paulista, mataram 10 pessoas e feriram outras 11. Se eles tivessem armas automáticas, o número de pessoas mortas seria bem maior. O decreto assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, flexibilizando o porte de armas, vai facilitar a chegada às mãos de pessoas como Monteiro e Castro de armas automáticas e outros tipos de armamentos. O Brasil ainda não chegou ao nível dos Estados Unidos, onde esse tipo de ataque é quase uma epidemia. Mas o númePrecisamos ro vem crescendo nos últimos anos. O Estatuto do Desarmamento virou lei em 2003 depois explicar o que de uma longa e acirrada disputa. O Estatuto é um mar- está em jogo co civilizatório no Brasil. Mas Bolsonaro sempre foi contra ele. Coisas como o massacre de Suzano não tem como evitar. Mas tem como dificultar o acesso às armas de pessoas como dois atiradores. Não é por outro motivo que há várias campanhas no mundo, inclusive nos EUA, tentando dificultar o acesso às armas. Portanto, ao flexibilizar o porte de armas, o presidente Bolsonaro colocou o Brasil na contramão do mundo. O que está se discutindo não é o direito de usar ou não usar armas. É o dever das autoridades de dificultar o acesso a armamentos para atiradores homicidas. A vinculação do presidente aos grandes fabricantes de armas nunca foi escondida. A questão é que precisamos questionar a legalidade do decreto. Precisamos pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para verificar sua constitucionalidade. Precisamos explicar o que está em jogo. Carlos Wagner é repórter e recebeu 38 prêmios de jornalismo.
Amélia Gomes é jornalista do Brasil de Fato.
ACOMPANHANDO
Carlos Wagner
Filipe Reis era um jovem de 24 anos, daqueles que trazem nos olhos o brilho e a alegria da vida. Negro e vindo da periferia de Belo Horizonte o rapaz viu do outro lado do Atlântico melhores oportunidades de trabalho e moradia. Vivia em Lisboa, Portugal, e lá conseguiu abrir uma barbearia que começou a despontar na região. No dia 21 de abril foi brutalmente assassinado após sair de uma boate. Seu corpo ficou desaparecido e só foi encontrado uma semana depois, boiando em um estaleiro. Testemunhas afirmam que ele foi vítima de uma briga e teria sido espancado e esfaqueado. Mas as causas, circunstâncias e os responsáveis do crime ainda são uma incógnita para a família. O assassinato de Filipe nos faz refletir sobre o nível de intolerância que estamos vivenciando. De tamanha xenofobia, que torna impossível a convivência com o outro, com o diferente. O extermínio da juventude negra brasileira é um projeto que ultrapassa fronteiras. Todos os dias nossos jovens são assassinados, no Brasil ou fora dele. A falta de oportunidades e a ilusão de um futuro com mais qualidade de vida nos leva a deixar nossa pátria e nos submetermos à violência e ao preconceito daqueles que acreditam ter mais valor do que nós. Tão assassino quanto aqueles que tiraram a vida de Fili- Filipe segue pe é também o Estado brasilei- vivo nos que ro, que a cada dia retira os in- lutam por suficientes, mas fundamentais educação avanços que conseguimos nos pública últimos anos, para que nossos jovens tenham condições de viver dignamente em nosso país. Acalenta saber que Filipe segue vivo em cada um dos milhares de jovens que saíram às ruas no último dia 15, para protestar contra os cortes que ameaçam a educação no país e para defender o futuro de várias gerações.
Na edição 257... BH está cada vez mais perto de eliminar posto de trocador E agora... Ônibus de BH circulam sem cobradores Apesar da Lei 10.526 permitir o trânsito de coletivos sem operadores de bordo apenas em horário noturno, domingos e feriados e nos veículos Move, as empresas da capital seguem colocando ônibus para circular sem cobradores. No último dia 10, deputados visitaram as estações Barreiro e Diamante e verificaram denúncias dos usuários. Durante a visita, todos os veículos estavam sem operador de bordo. De janeiro a março deste ano, a BHTrans alega ter aplicado mais de 1.655 multas.
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BRASIL
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Um milhão foram às ruas em defesa da educação e pela aposentadoria PARALISAÇÃO Em todos os estados, brasileiros manifestaram repúdio ao corte de 30% no orçamento das universidades federais Manoel Carvalho
“A nossa luta unificou: é estudante junto com trabalhador
Rafaella Dotta
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governo de Jair Bolsonaro (PSL) passou pelas suas primeiras grandes manifestações de crítica à sua administração. Na quarta-feira (15), milhares de pessoas protestaram durante o Dia Nacional de Defesa da Aposentadoria e Greve na Educação e, contra o corte de 30% da verba das universidades públicas, anunciado pelo Ministério da Educação. Houve manifestações em mais de 200 municípios do Brasil e, segundo a apuração da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), mais de um milhão de pessoas participaram das manifestações. Em Minas, 34 cidades tiveram manifestações grandes e em outras dezenas houve ato ou panfletagem. Um dos maiores atos do país aconteceu em Belo Ho-
Houve manifestações em mais de 200 cidades rizonte, que na manhã de quarta reuniu 250 mil pessoas na Praça da Estação, de acordo com os organizadores. A multidão caminhou até a Praça Raul Soares. Em São Paulo, o protesto reuniu também 250 mil e no Rio de Janeiro contabilizou-se 200 mil, segundo organizadores. Durante os atos, manifestantes cantavam: “Não é mole não, tem dinheiro pra milícia, mas não tem pra educação”, “Tira tesoura da mão e investe na educação” e “Não é balbúrdia, é reação, é estudante defendendo educação”. Os protestos criticavam também a reforma da Previdência.
A resposta do presidente No Rio de Janeiro, Jessy Dayane, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou que o dia foi histórico. “Milhares de estudantes ocuparam as ruas do país inteiro junto com professores e trabalhadores. Está lindo de ver”. Já o presidente da República, Jair Bolsonaro, estava em viagem aos Estados Unidos, na cidade de Dallas. De lá ele comentou que as manifestações tinham apenas “idiotas” e que os estudantes e professores, presentes na manifestação, são “imbecis”. A atitude foi criticada inclusive pela base aliada e integrantes do governo e de seu partido.
BH teve um dos maiores protestos, com 250 mil
Decreto, no dia dos protestos, ataca universidades Assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e publicado na quarta-feira (15), dia dos protestos, o decreto 9.794, avaliza a nomeação de reitores de universidades federais, vice-reitores, pró-reitores e outros cargos de gestão, acabando com a autonomia universitária. “É mais uma tentativa de atacar enfraquecer as universidades. Isso vai ter o efeito contrário: os protestos vão crescer”, afirmou, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).
Estudantes organizam novo ato para 30 de maio Os alunos das instituições federais pretendem continuar os atos políticos. A União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a Associação Nacional dos Pós-graduandos convoca novo protesto para dia 30 de maio, uma quinta-feira. Atos já estão marcados para 12 capitais, incluindo Belo Horizonte.
Contra reforma da Previdência, greve geral em 14 de junho Outro tema do momento é a proposta do governo Bolsonaro para a Previdência. Especialistas dizem que a proposta é pior que aquela apresentada por Michel Temer, em 2017. Para barrar a reforma, os trabalhadores apostam em uma greve geral, com a paralisação de todos os trabalhos incluindo ônibus, metrô, hospitais e postos de saúde, escolas, fábricas e demais empresas. A greve está marcada para 14 de junho, uma sexta-feira.
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Organizações lutam contra a volta dos manicômios no país 18 DE MAIO Governo Bolsonaro publicou diretrizes que incluem eletrochoques e internação de crianças Mídia NINJA
no Brasil, mas esse número representa apenas um quarto do que o país necessita, que seriam ao menos 10 mil centros em todos os estados.
Pedro Rafael Vilela De Brasília
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governo de Jair Bolsonaro quer retomar a lógica que estava em desconstrução no Brasil, que é internação de pessoas com transtornos mentais, inclusive crianças e adolescentes, em hospitais psiquiátricos, os chamados manicômios. Também voltou com força a perspectiva de se priorizar as internações nas chamadas comunidades terapêuticas, formada por grupos privados que recebem dinheiro público para tratar dependentes químicos por meio de uma lógica de abstinência e de isolamento social e familiar. Com a aproximação do dia 18 de maio, que celebra o Dia Nacional de Luta Antimanicomial no país, o Brasil de Fato entrevistou especialistas e usuários dos serviços de saúde mental para analisarem os perigos da proposta do novo governo. A partir dos anos 1970, começou um forte debate no Brasil de crítica ao modelo até então vigente, focado em internações hospitalares. “A loucura era coloca-
da como algo que justificava a anulação de qualquer outro direito, de circulação, de desejo, de habitar a cidade”, afirma a assistente social Halina Cavalcanti, que atua na Rede Nacional Internúcleos de Luta Antimanicomial (Renila). Essa lógica foi sendo trocada, após muita luta do movimento pela reforma psiquiátrica, pelo chamado modelo substitutivo. Tem esse nome porque buscou substituir as internações em unidades fechadas pela estruturação de uma ampla rede de base comunitária, que tem como principal referência os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), vinculados ao Sistema Único de Saúde, com equipe multidisciplinar, e voltado exclusivamente para a saúde mental e tratamento de dependência de álcool e drogas. “Muito mais do que tratar o sintoma de uma doença, é cuidar de um cidadão, alguém que está precisando de ajuda em vários pontos diferentes dentro do que um ser humano precisa”, explica Laura Fusaro Camey, usuária da rede antimanicomial do SUS em Belo Ho-
rizonte. Laura também é vice-presidente da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental (Asussam) e conselheira municipal de saúde da capital mineira. Ameaças à saúde mental começaram com Temer A política de saúde mental baseada nos Caps já vinha sob ameaça desde 2017, no governo Temer que já havia publicado uma resolução e algumas portarias buscando retomar a lógica manicomial no país. Um dos efeitos diretos dessas medidas foi a diminuição de recursos que deveriam ser utilizados para equipar e ampliar os Caps no país. “Houve implementação de fato dessas portarias e teve repercussões tenebrosas dentro do cenário da saúde mental do Brasil, principalmente uma falta de recursos para os serviços substitutivos, falta de ampliação desses serviços. A gente tem muito menos serviços do que se precisa”, aponta Laura Camey. Centros de Atenção Psicossocial Há cerca de 2,5 mil Caps
Maus tratos e Reforma psiquiátrica A Lei 10.216, de 2001, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, que estabeleceu diretrizes para o cuidado à saúde mental no Brasil com base na Constituição Federal. Até então, o tratamento dos transtornos mentais estava vinculado aos processos de internação em manicômios que registram, no país, um triste histórico de violência e isolamento. Um dos casos mais emblemáticos foi a do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, que funcionou entre 1903 e 1980. Lá, mais de 60 mil pacientes foram internados e acabaram morrendo em decorrência de maus-tratos e tortura.
Desfile em BH “Direitos às diversas gentes: de mãos dadas contracorrentes” é o tema do desfile da Escola de Samba Liberdade Ainda Que Tam Tam, que celebrará o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A atividade, que será na sexta (17) é realizada pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental e pela Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM), e está na sua 22ª edição. A concentração será às 14h, na Praça da Liberdade
BRASIL
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Acidentes de trabalho devem aumentar Luciana Console O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que o governo federal vai realizar mudanças nas Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho a partir de junho. A justificativa é de que as leis estariam defasadas e travando a indústria. Em um país onde os acidentes de trabalho têm números alarmantes, a flexibilização traz como principal consequência a fragilização do trabalhador e aumento da precarização. Nos últimos sete anos, foram registrados 4,5 milhões de acidentes de trabalho, dos quais 16,9 mil foram fatais. Além disso, o próprio Estado também sofre as consequências de um ambiente de trabalho inseguro, na dimensão da saúde pública, com atendimento dos acidentados pelo SUS e pensões pelo INSS. O supervisor do Núcleo de Políticas Públicas do Dieese, Nelson Karam, avalia que ambientes de trabalho mais seguros significam a possibilidade de produção com mais eficiência e produtividade. “Ao que tudo indica, a intenção do governo não vai na linha de proteger o trabalho, e a produtividade das empresas. Ao contrário, olha pra essas normas unicamente como custo”.
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RELATÓRIO
Sanções dos EUA arrasaram Venezuela e mataram 40 mil
Marvin Recinos / AFP
PÓS-APARTHEID
Partido de Mandela vence eleições na África do Sul
Wikus De Wet / AFP
Venezuela registrou aumento de mortalidade após sanções dos EUA
As sanções impostas pelo governo de Donald Trump contra a Venezuela para fragilizar o presidente Nicolás Maduro têm causado prejuízos graves à vida humana e à saúde da população, tendo como resultado estimadas 40 mil mortes entre 2017 e 2018 no país. A conclusão
é do estudo “Sanções Econômicas como Punição Coletiva: O Caso da Venezuela”, publicado neste mês pelo Centro de Pesquisas Econômicas e de Políticas Públicas (CEPR), nos Estados Unidos. A estimativa do estudo se baseou em dados da Pesquisa Nacional de Condi-
ções de Vida (Encovi), levantamento anual realizado por três universidades venezuelanas. O documento aponta que as sanções do governo Trump reduziram a oferta de alimentos e medicamentos e aumentaram a incidência de doenças e a mortalidade no país.
Eleitores acompanham apuração da votação em Pretória
Com menor índice de participação desde 1994, a África do Sul realizou, na semana passada, a sexta eleição geral desde o fim do apartheid no país. Apesar de sair vitorioso, o Congresso Nacional Africano (CNA), partido do atual presidente Cyril Ramaphosa, registrou
seu pior desempenho em eleições gerais desde o fim do regime de segregação racial. Com 57,5% dos votos válidos, o resultado refletiu o aumento da insatisfação da população com a desigualdade, o desemprego e as políticas do governo. ANÚNCIO
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ENTREVISTA 15 11
“Os esforços que estamos fazendo vão produzir uma nova África” ÁFRICA Editor por 26 anos de um jornal de oposição e herói mundial da liberdade de expressão, Fred M’Membe é fundador do Partido Socialista da Zâmbia Joana Tavares
Joana Tavares
“A
queles que exploram os trabalhadores no Brasil não querem que as pessoas conheçam sobre a África”, resume Fred M’Membe, pré-candidato pelo Partido Socialista à presidência da Zâmbia, nas eleições de 2021. É fundador do primeiro partido de esquerda do país e foi condecorado como “Herói Mundial da Liberdade de Imprensa” pelo Instituto Internacional de Imprensa (IPI). A Zâmbia, um dos países com maiores índices de pobreza do mundo, tornou-se independente da Inglaterra em 1964 e enfrentou uma política de partido único até 1991. Nas próximas eleições, será a primeira vez que um candidato de esquerda concorrerá ao principal cargo do Executivo. Brasil de Fato - Você foi o fundador de um jornal - o Zambia Post - e foi responsável por sua edição por 26 anos. Por essa atuação, você foi preso algumas vezes. Como foi essa experiência? Fred M’Membe - O que me fez lançar o jornal foi o contexto político do período. A União Soviética tinha colapsado. A política de partido único (que vigorou na Zâmbia de 1972 a 1991) tinha sido desacreditada. E o processo de o país se tornar multipartidário não foi fácil. Toda a mídia estava concentrada nas mãos do Estado. Rodamos sem dinheiro, no crédito, torcendo para que o jornal vendesse bem nas ruas. Aprendi com ami-
Se as pessoas pobres do planeta soubessem o que o MST faz, esse mundo não seria o mesmo Fred M’Membe : Esse período difícil nos exige mais princípios, compromisso, lutas, unidade e mais solidariedade internacional
Fui preso muitas vezes. Mas quanto mais nos perseguiam, mais o jornal ganhava prestígio gos, estudei muito, fiz cursos de jornalismo no mundo todo. Depois de alguns anos, o jornal se tornou diário, chegando a empregar mais de mil pessoas. Com o sucesso da edição, veio o desafio da política. O jornal se tornou muito forte, e isso gerou conflitos com os donos do poder. Fui preso muitas vezes. Mas quanto mais nos perseguiam e me prendiam, mais o jornal ganhava prestígio nas ruas. Começamos a receber muitos prêmios internacionais, como o prêmio de Herói Mundial da Liberdade de Imprensa, concedido pelo Instituto Internacional de Imprensa. Você será o candidato a presidente pelo parti-
do nas eleições de 2021. Quais são os principais desafios para um governante da Zâmbia? O principal é a pobreza. Temos níveis muito altos de pobreza, 76,6% da popula-
Somos o 3º ou 4º país mais faminto do mundo hoje ção, que chegam a 80% em algumas regiões. Somos o 3º ou 4º país mais faminto do mundo hoje. E isso traz consequências. Aumenta as taxas de mortalidade infantil, diminui a expectativa de vida, aumenta a quantidade de doenças, sobrecarrega os serviços de saúde. Significa também que a educação é pobre. Nossa infraestrutura é um desastre. 62% da população tem menos de 25 anos. E essa população deveria estar na escola. Temos taxas altíssimas de desemprego. Há muita migração para as áreas urbanas, que significa cidades congestionadas, sem educação, sem mora-
dia, pouco acesso à água, saneamento. O neoliberalismo aprofunda o problema. Ele foca no lucro, não nas pessoas. O número de crianças vivendo na rua está crescendo. Que tipo de sociedade se cria com crianças morando nas ruas? Você acha que tem chance de ganhar a eleição? Nossa chance é muito alta. Claro que tudo depende do que faremos daqui até 2021. Como nos organizaremos, como faremos a campanha. Nunca houve um partido de esquerda na Zâmbia. Havia o Partido Comunista do Sul da África, mas é a primeira vez que temos um partido nacional de esquerda. A gente achou que as pessoas não iam ser tão receptivas às ideias socialistas. Mas têm nos aceitado muito bem. A credibilidade de quem promove os projetos importa. A clareza do programa também. Por que você acha que os brasileiros sabem tão pouco sobre a África em geral e sobre a Zâmbia em particular? Aqueles que exploram os trabalhadores no Brasil não querem que as pes-
soas conheçam sobre a África. E não são só vocês que são deixados na ignorância. Eles também deixam a África ignorante sobre o Brasil. O que todos sabem sobre o Brasil é futebol. Como se o país fosse só isso. Mas a luta de vocês é muito importante. Imagina se o mundo todo soubesse, por exemplo, sobre apenas metade das coisas que o MST faz? Se as pessoas pobres do mundo soubessem. Eles não querem que tenhamos essas visitas, essas trocas. Isso tudo é perigoso para o capitalismo. Os esforços que estamos fazendo vão produzir uma nova África nas próximas décadas. Você quer deixar um recado para nossos leitores? O Brasil está passando por um período difícil de sua história. A parte progressista do Brasil, os trabalhadores, os camponeses. Mas o mundo todo está passando por um período desafiador. Esse período nos exige mais princípios, mais ideias, mais compromisso, mais lutas, mais unidade, mais solidariedade internacional. Precisamos unificar todas nossas lutas. Inclusive a luta pela liberdade de Lula, pela sua saída de uma prisão ilegal, fascista. Precisamos internacionalizar a campanha por Lula livre. A luta continua! Contra o capitalismo. ENTREVISTA COMPLETA NA PÁGINA wWW. BRASIL DEFATO.COM.BR
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CIÊNCIA, COISA BOA!
Barriga pontuda é menino e redonda é menina?
FIQUE
BEM SAIA (PELO MENOS UM POUCO) DAS REDES
Outro dia fui a um chá de bebê de um casal de amigos. Rapidamente, o assunto era o sexo da criança. Alguém logo afirmou que com certeza se tratava de um menino. “Claro! Com uma barriga pontuda dessa!” Apesar de já ter ouvido essa história mil vezes, nunca havia pesquisado sobre o tema. Fiquei curioso em saber o que a ciência diz sobre essa e outras crenças populares que envolvem a gravidez. Mas, antes de falar sobre isso, um parêntese. Eu simplesmente não entendo que fixação é essa que temos com o sexo do bebê. Que diferença faz se será menino ou menina? Eu hein... Um ser humano novinho está pra chegar ao mundo. Ele terá uma personalidade própria, uma história própria! Será um indivíduo único e, por isso, especial. Há coisas bem mais importantes com que se preocuDesejos par, não? Por que temos sempre tanta presalimentares sa em enfiar as coisas em nossas caixinhas? e formato da Desabafo feito, voltemos ao assunto. barriga: saiba o HáBom. evidências científicas que atestem a reque é crença e o lação entre o formato da barriga da mãe e o que é ciência sexo do bebê? Não. A barriga de cada mulher terá um formato próprio, a depender de sua genética e da estrutura do seu corpo. Além disso, pode mudar ao longo da gravidez, que é um processo dinâmico, em que os órgãos da mãe e a posição do bebê se alteram constantemente. Assim, se a curiosidade é tão grande que não pode esperar os nove meses, saiba que a ciência já desenvolveu métodos para identificar o sexo do bebê. O exame sanguíneo e o ultrassom são os mais usados e confiáveis. Outra dúvida comum é em relação aos desejos alimentares da grávida. Aqui, os estudos científicos ainda não têm uma conclusão. Provavelmente, três fatores atuam em conjunto para dar origem àquela vontade de comer jaca às 2 da manhã: os psicológicos, os hormonais e os nutricionais. As intensas alterações hormonais e as pressões psicológicas que a futura mãe sofre parecem influenciar nessas vontades. Também há estudos que apontam que o desejo por certo alimento pode se relacionar à carência de algum nutriente. Por exemplo, a vontade de comer carne, sangue ou terra pode ser uma resposta inconsciente do organismo a um quadro de anemia. Mas, é mito que se a vontade não for atendida isso causará algum efeito na criança. Como ela nascer com cara de algo, ou que isso influenciará em suas preferências alimentares futuras. Gostamos ou não de um alimento porque fomos ensinados a isso. Seja pela família, seja por nossa cultura. E não porque não rolou de achar a jaca no meio da madrugada. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Um levantamento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, divulgado em outubro de 2018, mostrou que os brasileiros passam em média 9 horas e 14 minutos nas redes sociais. Ou seja, gastamos mais de um terço do dia verificando o zap, Facebook ou Instagram. É verdade que é preciso ficar bem informado, mas é bom colocar um freio e estabelecer um tempo máximo para as redes sociais. E quando passar pela internet deixe um tempinho reservado para os memes engraçados e vídeos de gatinho, relaxe!
FRIO CHEGANDO...CUIDE DA PELE O outono chegou com tudo! Além do clima mais ameno, a estação também trouxe aquele pôr do sol especial. A estação exige alguns cuidados com a pele, que vai ficando um pouquinho mais ressacada. Pra você não passar aperto e aproveitar a estação com a pele linda, aí vai uma dica: faça hidratações com azeite de oliva, aquele mesmo da sua cozinha! É só misturar 4 colheres de azeite com 2 colheres de açúcar cristal. Vai passando na pele, principalmente em regiões como cotovelos e joelhos. Ao mesmo tempo que esfolia, a mistura também hidrata.
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Tomei a pílula do dia seguinte e não senti nada. Será que funcionou? Anônima Todo método contraceptivo tem uma pequena chance de falha. No caso da pílula de emergência (ou pílula do dia seguinte), esse risco é em média de 2%, mas aumenta se você demora a tomar. O correto é até 72 horas após a relação, mas nas primeiras 12 horas a chance de funcionar é maior. Outro problema é usar o método muitas vezes. O uso repetido da pílula de emergência reduz a sua eficácia. Fique atenta e caso sua menstruação não desça no tempo esperado, faça um teste de gravidez. Procure usar um método anticoncepcional regular e use sempre a camisinha, pois ela te protege também das doenças sexualmente transmissíveis.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
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Dicas Mastigadas TAPIOCA COM GELEIA DE MARACUJÁ www.coquetel.com.br
CAÇA-PALAVRA
© Revistas COQUETEL
Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
O bicho-da-seda Conhecido há cinco mil anos na CHINA, o bicho-da-seda é a LAGARTA de uma MARIPOSA. Ao nascer, ela se alimenta de folhas de AMOREIRA. Quando está pronta para fazer o CASULO secreta um fluido, rico em FIBROÍNA e SERICINA, os principais componentes da SEDA, substância com a qual são tecidos os casulos, que chegam às fábricas e passam por um processo de SECAGEM, que mata as larvas. Em seguida são cozidos em ÁGUA fervente e depois transferidos para máquinas fiandeiras, onde são desfeitos, transformados em fios, colocados em carretéis e prontos para a CONFECÇÃO. Para produzir um quilo de seda, são necessários TRÊS mil bichos-da-seda e 104 kg de FOLHAS de amoreira. Como alternativas, existem a seda SINTÉTICA, chamada RAIOM, e a VEGETAL, feita de BAMBU.
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Ingredientes 2 unidades de maracujá 4 colheres de sopa de açúcar 500 ml de água Canela em pau 100 g de goma de tapioca
Modo de Preparo Recheio 1. Retirar a polpa do maracujá, guardando as cascas; 2. Retirar a parte amarela da casca e cortar a parte branca, sem a película interna, em cubos bem pequenos; 3. Levar ao fogo a polpa, o açúcar, a parte branca cortada em cubinhos, a água e a canela em pau; 4. Cozinhar até reduzir à metade; 5. Esperar esfriar.
Solução A N I O R B I F S E R I C I N A F O L H A S
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Tapioca 1. Peneirar a goma; 2. Em uma frigideira, fazer uma cama com a goma e levar ao fogo por 2 minutos; 3. Virar o lado e esperar mais 2 minutos; 4. Rechear a tapioca com a geleia e dobrar formando um leque. Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 17 a 23 de maio 2019 Divulgação
Roteiro
Feijoada da Diversidade em BH
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São Sebastião fez o que o povo brasileiro sabe fazer: resistir e dar novo significado ao sofrimento
Banda São Sebastião traduz dor de Brumadinho com música FORÇA Grupo existe há 90 anos na cidade e realiza apresentações para unir população Raíssa Lopes e Wallace Oliveira
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019 seria um ano de comemoração para a banda São Sebastião. O grupo, que desde 1929 ensina música de forma voluntária a jovens e crianças da cidade de Brumadinho, completou 90 anos de existência em 13 de maio. Só que, no meio do caminho, houve um crime. O dia 25 de janeiro, data do rompimento da Barragem da Vale no Córrego do Feijão, era para ter sido um dia normal de ensaios. Os músicos se preparavam para planejar uma apresentação gratuita para toda a população, mas a conversa não aconteceu. “Recebemos a notícia e foi um impacto enorme pra todo mundo, e nem sabíamos se alguém daqui tinha perdido a família. Perdemos três ex-participantes da banda e muitos, muitos conhecidos nossos”, recorda Renata Vilaça, coordenadora do grupo.
A tristeza tomou conta do município, mas a São Sebastião fez o que o povo brasileiro sabe fazer de melhor: resistir e dar novo significado ao sofrimento. Mesmo com o luto doído da semana seguinte, os integrantes se reuniram e saíram pelas ruas de Brumadinho fazen-
Foi o jeito que encontramos de dizer ‘estamos todos juntos’ do música. “Tocar fortalece a gente. A gente queria fortalecer a comunidade também. A música é incrível, tem um poder muito forte de transformação, de recomeço”, diz Renata. A banda esteve presente em igrejas nas muitas missas e apresentações em memória e em homenagens aos que se foram e aos que
salvaram vidas. O maestro da São Sebastião, Anderson Cordeiro, acredita que essa foi uma maneira de unir os atingidos. De dizer, quando as palavras não dão conta, um “estamos todos juntos”. “Foi o jeito que encontramos de passar por cima disso, de fazer uma oração. Santo Agostinho dizia que quem canta e toca está orando duas vezes”, conta.
O evento acontece para arrecadar fundos para a 22ª Parada do Orgulho LGBT da capital. Será no domingo (19), das 12h às 18h, no Mercado Ferro e Fogo (av. Arthur Bernar-
Feira de brechós em Contagem
Já se programe: é no próximo domingo (26), de 10h às 16h, na rua Norberto Mayer, 1759 – Eldorado. O
Reprodução
preço máximo das peças será de R$ 24,90. A entrada é gratuita.
Museu dos Brinquedos Divulgação
História Todos os membros da banda São Sebastião, da diretoria à orquestra, são voluntários. A banda se viabiliza, na maioria das vezes, por inscrição de projetos na Lei de Incentivo à Cultura. Centenas de crianças da cidade se tornaram adultos profissionalizados em música a partir do trabalho desenvolvido pelo grupo. Conheça: www.fb.com/ bandasaosebastiaomg.
des, 60 – Vila Paris). Os ingressos custam R$ 20 e podem ser comprados na internet com uma taxa de R$ 2,50. O endereço é www. bit.ly/feijoadadadiversidade2019.
Até o dia 9 de junho, o Centro Cultural Salgado Filho (rua Nova Ponte, 22 – Salgado Filho, BH) recebe o acervo itinerante do Museu dos Brinquedos, com peças que retratam as mais diversas formas de brincar desde
os primeiros anos do século 20. Além disso, o espaço terá oficinas, atrações culturais e cursos de formação. Todas as atividades são gratuitas. Acesse a programação: www.fb.com/museudosbrinquedos.
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ESPORTE
CURTO E GROSSO
na geral
Brasil conquista três medalhas no Grand Prix IBSA de Judô, no Azerbaijão
Copa do mundo das mulheres, TV e álbum de figurinhas Divulgação
Cleber MendesMPIXCPB
O Brasil faturou três medalhas no Grand Prix de Judô da Federação Internacional de Esportes para Cegos (sigla IBSA, em inglês), que aconteceu entre os dias 13 e 14, em Baku,
no Azerbaijão. Alana Maldonado conquistou a prata na categoria até 70 kg e Rebeca Silva e Meg Emmerich levaram medalhas de bronze na categoria acima de 70 kg.
CTE promove peneira para seleção de Atletas Paralímpicos Rodolfo Vilela / Rede do Esporte
Salve salve, meu povo! Tudo bem aí? A Rede Globo já está anunciando em sua programação que transmitirá em junho o mundial de futebol feminino, que será disputado na França. Será a primeira vez que o principal veículo de televisão do Brasil vai transmitir o evento. No início do mês, a TV Bandeirantes divulgou que transmitirá os jogos do campeonato brasileiro feminino, torneio que estará pela primeira vez na TV aberta. Aos poucos, o futebol
feminino vai ganhando mais espaço na mídia, o que é fundamental para o desenvolvimento da modalidade. Mas falta também infraestrutura, a consolidação de clubes com a modalidade e, claro, a presença do torcedor no estádio. Cada passo deve ser dado e pensado para que o futebol jogado pelas mulheres alcance melhores condições para existir. Mesmo que os eventos televisionados representem um grande avanço e sejam a prova de como existem pessoas comprometidas com a modaliMG
dade, o preconceito ainda é um grande obstáculo. A editora Panini, famosa por vender álbuns dos mais diversos campeonatos de futebol, lançou neste ano o álbum do mundial feminino. Bastou o anúncio ser feito nas redes sociais para que comentários machistas e tacanhos inundassem a página da editora. Que mais jogos do futebol feminino ocupem a programação de TV para que um álbum de figurinhas da Copa das mulheres seja tão natural quanto os álbuns dos marmanjos. Saudações! ILUSTRAÇÃO / FREEPICK
Fabrício Farias
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ANUNCIE AQUI MG
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG está selecionando atletas paralímpicos para integrar equipes de atletismo, natação e halterofilismo. Os interessados devem ter deficiência elegível pelos critérios de
classificação esportiva paralímpica e mais de 10 anos de idade. Para participar, o atleta deve realizar sua inscrição prévia. A seleção será no dia 8 de junho, no CTE-UFMG. Mais informações: (31) 34093337/(31) 99533-0431.
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ESPORTES
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Lucas Figueiredo /CBF
DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução
Técnico convoca jogadoras para a Copa do Mundo O
técnico da Seleção Brasileira Feminina convocou nesta quinta-feira (16), as 23 atletas que vão disputar a Copa do Mundo da França. A maior parte das jogadoras atua em clubes do exterior e nove em equipes nacionais. Nenhuma nos times mineiros.
Um dos destaques da convocação é a volante Formiga, que aos 41 anos vai disputar sua sétima Copa do Mundo, um recorde entre homens e mulheres. Eleita seis vezes e atual melhor jogadora do mundo, a atacante Marta também está na lista. O Brasil estreia no dia 9 de junho contra a Jamaica. No
grupo, estão ainda Austrália e a Itália. Na coletiva de imprensa, o técnico Vadão cometeu uma gafe ao ser questionado sobre a equipe da América Central. Ele disse que a seleção jamaicana “não foge da característica do futebol africano, uma equipe muito forte, muito veloz, com boa estatura”.
“Somos goleiros. Com muito orgulho! Heróis ou vilões, é do jogo. Mas, numa boa, tudo o que a gente pede é respeito”.
Gol de placa
Manifestação de diversos goleiros brasileiros, como Alisson Becker, Rogério Ceni, Cássio e Fábio, em solidariedade ao goleiro Sidão, do Vasco. Na última rodada do Campeonato Brasileiro, Sidão falhou e recebeu, de forma constrangedora, o prêmio de “Craque do Jogo” entregue pela Globo.
O Palmeiras de Felipão alcançou uma invencibilidade de 27 jogos no Brasileiro, superando o recorde da Academia de Futebol, que ficou 26 jogos sem perder entre 1972 e 1973. Além disso, o time continua com a defesa menos vazada do Brasil na temporada, com oito gols sofridos.
Gol contra A Rede Globo humilhou o goleiro Sidão, do Vasco, ao lhe entregar o prêmio Craque do Jogo, mesmo após falhar em dois gols da vitória do Santos, no domingo (12). O desrespeito do Grupo Globo com atletas já é comum: no Sportv, o quadro Inacreditável FC caçoa de esportistas que cometem erros bizarros.
Barbieri em bom caminho
A inconstância voltou
Pela porta da frente
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Com poucos dias de treino e apenas um jogo à frente do comando do América, o técnico Maurício Barbieri demonstrou que conhece de futebol e de organização tática e que não se acomoda enquanto o time não corresponde. Alterações de peças e da esDecacampeão trutura do time foram acertadamente realizadas antes e durante a última partida. A entrada do jovem Christian no meio-campo no segundo tempo contra o Criciúma, mudando o esquema de 4-3-3 para 4-4-2, melhorou a compactação, a posse de bola e a efetividade, comprovando que a insistência do técnico anterior na manutenção do mesmo esquema era um erro. Agora, é necessário que o time internalize as novas formatações e consiga concluir essa melhora em gols e vitórias.
Era esperado, sabíamos. Porém, otimistas, pedíamos, encarecidamente, o contrário. A inconstância voltou. Contra Palmeiras, no Brasileiro, e o Santos, pelas oitavas da Copa do Brasil, o óbvio ressurgiu: elenco precisa ser reforçado ou, pelo menos, renovado. E já tem gente É Galodedoido! pedindo a contratação um treinador de fato - segundo se informa, há negociação com o colombiano Osorio. Taticamente, o Atlético está manjado e depende da garra de alguns abnegados, pois tecnicamente o time é deficiente. Falta um armador de ofício. Elias, Luan, Cazares e Xará se revezam na função sem ser especialistas. Com isso, Ricardo Oliveira se transformou em um eremita dentro da área. Neste fim de semana outra briga de foice, em Belo Horizonte, contra o Flamengo. Depois, vem Grêmio, lá no Sul. Miserere nobis.
Rafinha se despede do elenco. Mais do que nunca, o meia vinha sendo contestado e nem seu protetor Mano Menezes o estava utilizando como antes. Mesmo com seu feijão com arroz, o jogador nos ajudou muito nos bicampeonatos da Copa do BraLa Bestia Negra sil e Mineiro e, com 35 anos, nunca se escondeu do jogo. Claro que a torcida sempre quer os melhores jogadores, em time grande é assim. Mas mais vale um atleta honrado com defeitos que certos craques ingratos – vide um uruguaio aí – que são indignos de carregar as cinco estrelas no peito. Rafinha sai pela porta da frente. Boa sorte pra ele!