Edição 285 do Brasil de Fato MG

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Bianca Aun /Tanto Expresso

João Ripper

Abrace a Serra do Curral

Fotos do Brasil do povo

Em ato simbólico manifestantes denunciam mineração. Artistas renomados participarão

Conheça a arte do fotodocumentarista João Ripper sobre a vida dos trabalhadores

VARIEDADES 5

CULTURA 14

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho de 2019 • edição 285 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Bárbara Bichuette / Mídia NINJA

Tainá Xávier / Mídia NINJA

DIA 30 FOI MAIOR

CUCA da UNE

CUCA da UNE

Midia NINJA / Brasília

CUCA da UNE SP

Felipe Milanez / Salvador

Mídia NINJA / RJ

Em Minas, mais de 40 municípios tiveram protestos contra os cortes nas universidades federais e em repúdio à reforma da Previdência. Em BH, ato reuniu mais de 250 mil pessoas. Mobilizações terminaram com convocação para a greve geral dia 14 de junho I BRASIL 9


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Editorial | Brasil

Vitória do povo venezuelano Ao que parece, depois de semanas de intensos ataques, ameaças e sanções, o ímpeto golpista dos Estados Unidos contra a Venezuela deu uma diminuída. Certamente que não por um lapso de democracia por parte do presidente Donald Trump e seus aliados. Mas pela brava resistência do povo venezuelano, que não sucumbiu e permaneceu de pé, apesar da crise e das dificuldades insta-

ESPAÇO DOS LEITORES “A gang da Vale em atividade. Além de matar, fazem outros negócios...” Sidney Dias sobre a matéria “Presidente da Fundação Renova é denunciado por comércio ilegal de madeira na Amazônia” “É uma quadrilha” Dilke Fonseca também sobre a matéria “Presidente da Fundação Renova é denunciado por comércio ilegal de madeira na Amazônia” “Concordo plenamente! Acho loucura essa ansiedade da sociedade de saber o sexo do bebê. E a partir disso já começam a definir as coisas e as cores que a criança deve gostar, tudo por causa do que um bebê tem entre as pernas. Isso priva as crianças de muita coisa”. Carol Garcia comentando o artigo “Barriga pontuda é menino ou menina?” “Hoje recebi em casa o meu primeiro Brasil De Fato MG! Assina lá gente, paga anuidade com o valor do correio e fique informado com qualidade sem sair de casa!” Laísa Silva

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Solução passa longe das vontades de Trump ladas naquele país. A Venezuela vive uma crise e não é de hoje. Há anos o país vive sob ataques e ameaças. E há várias raízes para esta crise. A principal delas é uma brutal guerra econômica imposta ao país e que vem de dentro, e de fora. De dentro podemos citar o intenso contrabando de produtos básicos, como higiene e alimentação para países vizinhos, como a Colômbia, por exemplo. Tal contrabando objetiva, entre outras coisas, promover o desabastecimento dos mercados locais. De fora, houve a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional que atingiu em cheio a Venezuela, mas também outros países considerados desafetos pelos EUA, como o Irã e a Rússia. O desrespeito à democracia ficou ainda mais evidente quando deram condições para que o político venezuelano Juan Guaidó se autoproclamasse presidente no dia 23 de ja-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

neiro. Esperava com isso receber amplo apoio popular, de países aliados e do próprio exército venezuelano. Nada disso aconteceu como esperado. Apesar do apoio de setores da elite, o povo não embarcou nessa aventura. No Exército, foram mínimas as deserções. E no cenário internacional, poucos países reconheceram, como foi o caso do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro no Brasil. Como se ainda fosse possível, no dia 30 de abril, Juan Guaidó e as forças que queriam derrubar Maduro foram para o tudo ou nada, apostando num levante popular. Chegaram ao cúmulo de libertar Leopoldo López, fiel símbolo das elites venezuelanas, golpista assumido, mas que também tentou e não conseguiu derrubar o governo.

É preciso permanecer alerta É preciso que se diga que defender a democracia venezuelana e o governo de Nicolás Maduro não se trata somente de concordar com todas as suas ações ou afirmar que não houve erros. Quem deve definir o futuro da Venezuela é o povo venezuelano. A solução para a crise passa longe de ser a partir das vontades e dos desejos de Donald Trump, seus secretários, ou qualquer outro presidente ou empresa estrangeira. Não é possível afirmar que o risco de golpe foi dissipado completamente. É preciso permanecer alerta.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laisa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Este ano a televisão aberta irá transmitir pela primeira vez a Copa do Mundo de futebol feminino. A competição começa no dia 7 de junho e acontecerá na França.

Você vai assistir aos jogos da Copa do Mundo feminina?

“Eu não vou assistir porque eu não ligo pra jogo. Mas sei que as mulheres têm muita capacidade de jogar bem. Exercendo qualquer profissão, não somos diferentes do homem. Temos exemplos de mulheres que já trouxeram troféu pro Brasil, e não só no esporte, muitas já fizeram muitas coisas boas pelo país”.

“Vou assistir com certeza, sou admirador de futebol independente do sexo. Sem machismo, mas acho que as mulheres não jogam bem. Acho que falta interesse e estrutura, um centro de treinamento bom igual o futebol masculino tem. Acho que aí o nível do futebol feminino cresce”.

Terezinha Rocha, ascensorista

Gilmar de Araújo, bancário

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

GERAL

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Número da Semana R$ 76,4 milhões

É o número de produtos agrotóxicos comercializados no Brasil. Desde o início do governo Jair Bolsonaro, 169 novos registros de agrotóxicos foram aprovados. Do total, 48 têm a classificação “extremamente tóxicos”. O Brasil é o líder mundial no consumo de agrotóxicos. Para acompanhar as novas liberações, a Agência Pública e Repórter Brasil lançaram a ferramenta chamada “O Robotox” que pode ser acessada no Twitter.

QUEM NÃO ADORA UM PÃOZINHO COM MANTEIGA LOGO PELA MANHÃ? Reprodução

O pão de sal é um dos alimentos mais populares do mundo e extremamente importante na cultura alimentar dos trabalhadores do Brasil. Por ser uma massa elástica – com base de farinha de trigo, água, sal, açúcar e óleo – os pães permitem variadas formas de preparos e sabores. Na publica-

ção “Alimentos Regionais Brasileiros” (que pode ser encontrada no link https://tinyurl.com/y8ok5hcp) é possível conhecer novos jeitos de comer pães com ingredientes riquíssimos para o organismo, como o pão de beterraba, de macaxeira, batata-doce e até mesmo de açaí e cará. Loic Venance /AFP

Declaração da Semana “Bom lembrar que nenhum país sobrevive sem Cultura. Além de ser a identidade de um país, a cultura é também indústria”

Disse o cineasta Kléber Mendonça Filho, que, junto com Juliano Dornelles, dirigiu o filme “Bacurau”, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes. A produção de “Bacurau” gerou mais de 800 empregos diretos e indiretos e foi filmado no sertão do Seridó, no Nordeste do Brasil.


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CIDADES

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

Cowan e Odebrecht estarão à frente da construção de 40 centros de saúde em BH PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA A preocupação, segundo especialistas, é confiar em empreiteiras com “reputação comprometida” para obras tão importantes Amira Hissa /PBH

A PBH também afirma que as obras, que já começaram, irão incrementar a oferta de serviços nos próximos anos e ampliar o aten-

dimento à população em situação de vulnerabilidade social. A previsão é que os centros de Saúde sejam entregues até o final de 2021.

Empresas com reputação comprometida

Larissa Costa

A

s empreiteiras Cowan e Odebrecht serão responsáveis pela construção e reconstrução de 40 centros de saúde da capital mineira. As obras serão realizadas por meio do consórcio Saúde Primária BH S.A., formado pelas empresas em 2016. O anúncio foi feito no final de março pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS), quando foi assinado o primeiro termo aditivo ao contrato de Parceria Público-Privada (PPP), firmado em 2016, ainda na gestão de Marcio Lacerda (PSB). Para Bruno Pedralva, Secretário Geral do Conselho Municipal de Saúde (CMS) essa decisão do prefeito levanta dois questionamentos. O primeiro é relacionado à confiança nas empreiteiras. “O Conselho está analisando os contratos, mas estamos preocupados com o fato de essas obras de grande importância serem realizadas por empresas com a reputação comprometida”, aponta. O segundo questiona-

mento, como pontua Bruno, está relacionado à sustentabilidade a longo prazo do modelo de PPP adotado, que, inclusive, é o mesmo colocado em prática no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, na região do Barreiro. “A gente avalia que com esse mesmo recurso, a PBH talvez conseguisse construir mais centros de saúde [do que o previsto], porque as PPPs acabam encarecendo os empreendimentos e onerando os cofres da Prefeitura durante um prazo muito longo. Isso significa, em outras palavras, 20 anos de lucro

Escolas ficaram três a quatro vezes mais caras usando modelo PPP garantido para as empresas”, discute Bruno. O contrato para a construção dos centros de saúde tem valor estimado de

R$ 1,417 bilhão. O vereador Gilson Reis (PCdoB) critica as PPPs por se tratarem de uma transferência de recurso público para a iniciativa privada. “A nossa experiência na construção de PPP na educação infantil foi uma tragédia. As escolas ficaram três ou quatro vezes mais caras do que se a rede fosse construída pela própria Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com as construtoras conveniadas”, questiona. Pelo modelo de PPP, a PBH pagará prestações mensais ao consórcio, por 20 anos, referentes à construção e gestão não assistencial, como manutenção predial, vigilância, central de atendimento, higiene e limpeza, lavanderia, rouparia e outras demandas. Esse valor mensal é corrigido anualmente conforme inflação e reajustes salariais dos funcionários. Segundo nota da Prefeitura, o investimento, considerando apenas obras e equipamentos, é da ordem de R$ 215 milhões e o pagamento terá início somente após a conclusão das obras.

Gilson Reis explica que o edital de convocação das empresas para assumirem a PPP é restritivo, o que acaba eliminando boa parte das concorrentes. Para o vereador, o que acontece na prática é um direcionamento para as maiores construtoras do país, que são Andrade Gutierrez e da Odebrecht, que eventualmente se articulam com outras empresas, no caso da PPP dos centros de saúde, a Cowan. “A Odebrecht é sempre uma preocupação, porque ela é financiadora de campanha eleitoral”, ressalta. A Odebrecht é protagonista de casos de corrupção vividos no Brasil e, segundo pesquisadores, a empresa foi das que se consolidaram durante a ditadura militar em um sistema baseado no pagamento de propinas [veja matéria a respeito aqui: https:// tinyurl.com/y5doscov /]. Em outros países, como no Peru, a empresa também aparece como pivô de escândalos. Em abril

deste ano, por exemplo, o ex-presidente peruano Alan García se matou após ter sido decretada sua prisão. O mandatário era investigado por dois casos relacionados à Odebrecht, em que a construtora teria pago US$ 200 mil ao ex-presidente durante a corrida presidencial de 2006, ano em que ele foi eleito. A Cowan é a responsável pela construção do Viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou na tarde do dia 3 de julho de 2014 [veja aqui: https://tinyurl.com/ y4ucrqw6 ], na Avenida Pedro I, atingindo quatro veículos, dois caminhões da obra, um carro de passeio e um micro-ônibus. O acidente causou a morte de duas pessoas, a motorista de ônibus Hanna Cristina dos Santos e o pedreiro Charlys Frederico Moreira do Nascimento, que conduzia o veículo atingido, além de 23 feridos.


Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

MINAS

Contra mineração predatória, população abraça Serra do Curral

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PATRIMÔNIO Evento conta com atrações artísticas e programação infantil Gil Sotero

Rubinho do Vale, Dona Jandira, Ladston Nascimento e outros se apresentam domingo no Parque das Mangabeiras

Wallace Oliveira

D

omingo (2), acontece em Belo Horizonte a segunda edição do abraço simbólico à Serra do Curral. O evento acontece pela segunda vez. Este ano, o lema é “Mineração Predatória, não”. O objetivo é alertar a população de Belo Horizonte sobre as ameaças que pairam sobre a Serra do Curral. O evento começa no Parque das Mangabeiras, às 8h

da manhã, e segue em caminhada até o Pico Belo Horizonte. Depois, haverá apresentações musicais e outras atividades artísticas, programação para crianças e o lançamento do livro “Desmineração”, do escritor Euler de Carvalho Cruz. Entre as atrações, os músicos Rubinho do Vale, Dona Jandira, Ladston do Nascimento e outros. “Este evento vem para que a gente frequente o lugar, conheça, ajude a preservar. Sa-

bemos que o Parque das Mangabeiras existe para preservar esse local. A Serra do Curral faz parte do maciço do Espinhaço, que vem desde a região Sul, e é responsável pela captação de águas para as bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba”, explica a professora e ambientalista Vera Baumfeld. Mineração: a grande ameaça Em fevereiro, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Belo Horizonte divulgou um relatório sobre a mineração na Serra do Curral. O relatório recomendou a suspensão definitiva das atividades da Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) no local e o aumento da fiscalização sobre obras emergenciais e de recuperação da área degradada, entre outras medidas (confira o relatório: tinyurl.com/y2l7dss6).

Nossos direitos MEU PATRÃO COBRA O TRABALHO EXCESSIVAMENTE E PERDE A PACIÊNCIA MUITO FÁCIL. COMO LIDAR? Na verdade, na maioria das situações em que isso ocorre se trata da prática de assédio moral. Existe assédio quando há, repetidamente, cobrança excessiva do trabalho, acusação do trabalhador de erros que não existem, insultos, xingamentos, brincadeiras ofensivas ou cons-

trangedoras, humilhação, apelidos vexatórios ou pejorativos, dentre outras práticas. Por meio de um processo judicial, na Justiça do Trabalho, é possível requerer indenização por danos morais. Para a análise da situação, é importante que sejam reunidas provas que consistem em: no-

Jonathan Hassen é advogado popular

mes de pessoas envolvidas, horários, datas, local, prints de conversas e testemunhas das situações. O máximo de detalhamento e registros das situações contribuirá com o convencimento do juiz sobre as situações de assédio. É necessária a contratação de advogado para dar entrada na ação.

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Nosso desafio é contra a dengue. Nossa luta é pela vida dos mineiros. Minas vive um de seus maiores surtos de dengue. Só os casos registrados já são mais de 247 mil. Vidas estão sendo perdidas, deixando lacunas irreparáveis no coração de muitas famílias. A Assembleia está preocupada com as pessoas e participando do enfrentamento da epidemia. E faz um alerta: aos primeiros sinais de náusea, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor muscular, dor nas articulações, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, procure uma unidade de saúde e elimine os focos do mosquito. Entre nessa luta pela vida dos mineiros.

almg.gov.br


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

Opinião

Zema é preposto do mercado João Paulo Cunha Com quase seis meses à frente do governo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confessou em entrevista recente que se surpreendeu com a vitória nas eleições. Talvez esse susto explique parte da falta de empenho em governar o estado. Ele está onde não queria, exercendo uma função para a qual não é preparado, convivendo com pessoas que parece não respeitar e tendo como patrão o povo, do qual certamente não gosta. Nem faz força para gostar. O governador despreza a política, não dialoga com os representantes do legislativo, com as forças políticas ou com os movimentos sociais. Seu ouvido está licitado para as entidades produtivas e para o capital. Como governador, viajou mais aos Estados Unidos que ao interior de Minas. Ganham destaque ações de desmonte de políticas públicas ou de tentativa de abrir as portas do setor público para o mercado. Ameaças à educação, segurança, empresas estatais, cultura, meio ambiente e, mais recentemente, no esporte, deixam clara a inspiração

Missão de Zema é destruir o Estado fiscalista do executivo: tudo é cortável para garantir fluxo de caixa. O que está por trás não é a austeridade ou contenção de gastos, mas o projeto de transferência do patrimônio e serviços públicos para o mercado. Zema detesta o Estado. O que se observa em Minas Gerais é uma completa negação da função do Estado, com vistas à abertura de um mercado altamente lucrativo para a iniciativa privada. Ultraliberal, Zema não governa, atua como emissário do mercado. Seu papel é facilitar a vida de quem quer empreender. E tirar o Estado da reta. Nessa lógica, se torna mais importante flexibilizar a legislação ambiental do que combater a destruição do meio ambiente. O empenho em retomar a mineração ganhou muito mais

dedicação do governador do que a apuração e punição exemplar dos criminosos que mataram dezenas de pessoas em Brumadinho e que hoje seguem com o rastro de mortes anunciadas em Barão de Cocais. Ele sofre muito mais no bolso do que no coração. Em vez de se debater políticas públicas, o governo tem se esmerado em propor cortes, privatizações e anunciar restrições nos programas sociais. Zema afirmou que a Cemig emperra o desenvolvimento do estado. Quando o governo se propõe a se retirar da execução, passando para o mercado a operação da riqueza social, estão dadas as condições de destruição do sentido solidário e emancipador de desenvolvimento como projeto coletivo. O Estado, para Zema, não existe para o cidadão, mas para o empresário. O trabalho de Zema é limpar a área para os interesses do mercado, privatizando, retirando controles, retraindo investimentos sociais. Preposto do mercado, ele não se preocupa com desgastes, por que só deve obediência ao projeto entreguista que representa.

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Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019 Bruno Peres/Min. Cidades

OPINIÃO

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Antônio de Paiva Moura

Decadência econômica

Direito de morar. Morar com direitos O governo Bolsonaro está prestes a acabar com o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) - o maior programa de habitação popular do Brasil - que em 2019 completa dez anos de efetivação de uma política pública voltada para a construção de habitação popular. Um decreto bloqueou e cortou os investimentos sociais. No entanto, a Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano destina 40,9% do orçamento para pagamento de juros e amortização da dívida pública aos bancos, enquanto que para habitação popular não atingiu 0% de repasse de recursos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, os recursos para o MCMV vão só até junho. Os escassos R$ 4,5 bilhões destinados ao programa são o menor repasse do governo federal desde a criação do Minha Casa, Minha Vida. No país onde há um exorbitante número de 7,7 milhões MCMV tem de famílias sem moradia própria, se faz necessário retomenor mar o diálogo incessante nas periferias, vilas e favelas das grandes e médias cidades do Brasil. E convidá-las a par- orçamento ticipar das mobilizações de caráter amplo, a exemplo da desde mobilização nacional do dia 30 de maio, convocada pela sua criação UNE e da greve geral do dia 14 de junho, contra as medidas impopulares do governo Bolsonaro. É preciso alinhar as pautas de caráter urbano a estas mobilizações. A mobilização do dia 15 de maio demonstrou nas ruas o descontentamento com a política econômica neoliberal do governo Bolsonaro. Mostrou ainda que, em tempos de defensiva, é possível constituir frentes que têm objetivos comuns e mesmo assim trazem pautas específicas, atraindo os diversos setores da sociedade. É preciso construir as lutas pela melhoria das condições de vida da imensa maioria da população. São lutas econômicas da base social que historicamente votou nos governos progressistas. A moradia e os direitos que envolvem ter um teto no Brasil interessam a todo o povo brasileiro. Cleiton Neto é militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD)

Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de História do Unibh e mestre em história pela PUC-RS Na edição 273...

ACOMPANHANDO

Cleiton Neto

A economia do estado de Minas Gerais amarga, na atualidade, uma lamentável decadência. O governo Benedito Valadares (1933-1945) criou a Cidade Industrial de Contagem, mas não havia produção de energia elétrica e os meios de transportes eram precários. Os governos de Milton Campos e Juscelino Kubistchek (1947-1955) desenvolveram esforços no sentido de criar infraestrutura, especialmente nos campos de energia e transportes. Os investidores mineiros não tinham tradição de investimentos a longo prazo. O estado teve que atuar criando a Cemig, a Telemig e fortalecendo o Banco do Estado e Caixa Econômica Estadual. Em 1962 foi criado o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, o BDMG. Para a produção de bens duráveis e de consumo, os investidores estrangeiros exigiam a garantia de alta lucratividade. Para tal, as matérias primas deveriam ter um custo mínimo; mão-de-obra barata; preços reduzidos de energia e incentivos fiscais. Com isso, o estado e a sociedade tornaram-se reféns do capital estrangeiro. A derrocada da economia em Minas Gerais teve início no governo Eduardo Azeredo (1995-1999), agravado com a Lei Kandir, de 1996, que isenta de tributos estaduais os pro- Minas está dutos exportados. A privatiza- subordinada ao ção do Bemge, da Caixa Eco- capitalismo nômica Estadual, da Cemig e selvagem da Telemig tiraram do Estado poder de iniciativa econômica. No governo Aécio Neves (2002-2010), enquanto vigorava o arrocho salarial e a precariedade dos serviços de saúde pública e educação, o estado deixou enorme dívida aos seus sucessores. O governo Antonio Anastasia (2011-2014), elevou ainda mais a dívida do estado. Desta forma, a recuperação econômica de Minas Gerais fica cada vez mais difícil de se concretizar.

Agricultura familiar e produção de queijo estão ameaçadas por mineração no Serro (MG) E agora... Declaração de conformidade para Herculano foi anulada pelo Codema O ex-presidente do Conselho de Desenvolvimento do Meio Ambiente da cidade de Serro renunciou ao cargo e Vanessa de Fátima Terrade assumiu. Em um dos seus primeiros atos ela anulou, na quarta (29), a reunião do conselho, de 17 de abril deste ano, que concedeu a declaração de conformidade para a empresa Herculano. Esse documento, que ainda seria analisado pelo prefeito, permitia à mineradora abrir a cava para extração de minério de ferro na cidade.


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BRASIL

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

O que significa o STF criminalizar a LGBTfobia? ORGULHO Entenda o que está sendo julgado e conheça grupos que combatem o problema no dia a dia, com criatividade e afeto Guilherme Santos /Sul21

Revertendo uma realidade de preconceito Divulgacão Bharbixas EC

A

Raíssa Lopes

A

criminalização da LGBTfobia avança no Supremo Tribunal Federal (STF). Com julgamento previsto para ser retomado no dia 5 de julho, a maioria da corte já sinalizou que deve aprovar a pauta. Dos 11 votos possíveis, 6 seriam a favor. Caso seja concretizada, a criminalização será enquadrada na Lei de Racismo, já que ainda não existe no Brasil qualquer legislação que trate de crimes motivados pela orientação sexual. A ideia é que a Lei de Racismo ampare o tema até que o Senado e o Congresso Nacional decidam tratar especificamente da LGBTfobia. O que isso significa? Criminalizar a LGBTfobia quer dizer que todos os crimes considerados comuns, como calúnia e difamação, lesão corporal ou homicídio, se cometidos por causa da identidade de gênero ou da orientação sexual da vítima,

serão julgados a partir dessa lei em particular que define as penas para condutas discriminatórias. Como avalia Carlos Magno, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Pessoas Intersexo (ABGLT), a criminalização demonstraria que o Estado deve agir. “Até o momento, o Congresso e o Senado foram omissos. O

Até o momento, o Congresso e o Senado foram omissos julgamento no STF escancara que eles precisam responder a essa situação gravíssima. Nós temos estatuto do idoso, da juventude, Lei Maria da Penha e até um estatuto do torcedor, mas nenhuma lei se quer que garanta nossa cidadania”, declara.

Senado começa a discutir tema Após a ampla repercussão do julgamento que corre no STF, o Senado Federal começou a avançar com uma proposta de criminalização da homofobia. O projeto (PL 672/2019) foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na quarta-feira (22), um dia antes de uma das sessões do STF que deliberou sobre a pauta. Para Carlos Magno, “essa proposta foi aprovada no Senado em ‘toque de caixa’, e lá e na Câmara já existem vários projetos de lei que lutamos para que sejam votados, mas que nunca foram para frente. Nada assegura que esse PL seja encaminhado”, comenta.

LGBTfobia causou, em 2018, 420 mortes de lésbicas, bis, gays e pessoas trans no país, sendo 320 homicídios (76%) e 100 suicídios (24%). Os dados são do relatório do Grupo Gay da Bahia, que recolhe estatísticas há 39 anos. Os números são tristes, mas, frente à falta do Estado, também existe muita gente que tenta reverter essa realidade no dia a dia, em coletividade e das mais diversas formas. Bharbixas Esporte Clube Um exemplo é o Bharbixas E.C., uma equipe de futebol de BH formada só por pessoas LGBT. Todo ano, o time participa do campeonato nacional Ligay – que conta com a presença de aproximadamente 500 jogadores do Brasil – e foi o primeiro grupo LGBT do mundo a jogar em um estádio da Copa. “É uma luta saudável que a gente faz com a inserção do LGBT no esporte, principalmente no futebol, que é palco de muito preconceito. Chamar de ‘gay’ e ‘bixa’ é considerado ofensivo para todos os times”, diz o bharbixa Leonardo Vieira. “Temos visto mudança. Jogamos em muitos campeonatos que chamamos de héteros [risos], e o legal é que os times reconhecem o nosso trabalho e veem que não

tem diferença alguma entre um jogador gay e um jogador heterossexual”, continua. Mães pela Diversidade A ONG atua em vários estados, organizando atos e pressionando o governo federal, assembleias legislativas e órgãos internacionais. Tudo isso com afeto, como declarou em entrevista ao Brasil de Fato a coordenadora do coletivo em Minas, Myriam Salum. [https:// tinyurl.com/yy56yz82]

Frente à falta do Estado, coletivos buscam fortalecer LGBT´s LGBT sem terra Esse é um coletivo dentro do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), que além de defender todos os valores do MST, reafirma a visibilidade das diferentes orientações sexuais. “Hoje em dia temos travestis assentadas que desenvolvem várias atividades importantes, e isso é reflexo do fortalecimento dos sujeitos LGBT. Nossa tarefa é ocupar mais espaços”, assegura a travesti e sem terra Sereia. Confira a entrevista na página https://tinyurl.com/ y2zh86mw.


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BRASIL

CUCA da UNE

30M: Brasil em luta pela educação e contra a reforma da Previdência REAÇÃO Segundo ato em crítica ao governo Bolsonaro teve protestos de rua do Norte ao Sul do Brasil Luiz Rocha / Mídia NINJA BH

Mais de 250 mil estudantes, professores e cidadãos protestaram em BH

Da redação

O

30M, segundo Dia Nacional em Defesa da Educação, promovido por diversos movimentos populares, estudantes e professores, contou com atos por todo o país nesta quinta-feira (30). Centenas de cidades de 22 estados, mais o Distrito Federal, registraram paralisações e mostras de força e solidariedade. Os atos são uma sequência do 15M, quando mais de 2 milhões de pessoas foram às ruas protestar contra o corte de verbas na Educação promovido pelo mi-

Os atos são uma sequência do 15M, quando mais de 2 milhões foram às ruas

nistro Abraham Weintraub (MEC) e pelo presidente Jair Bolsonaro, que na ocasião chamou os manifestantes de “idiotas úteis”. A mobilização surtiu efeito e o governo teve que responder: no último dia 22 de maio, foi anunciado que o MEC desistiria de novos cortes orçamentários na Educação e liberaria uma verba de R$ 1,6 bilhão. Em entrevista ao Brasil de Fato, Esther Dwek, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que não houve recuo, mas sim uma manobra do governo para simular uma repatriação do valor. “O governo fez um corte que não contou para ninguém, em 2 de maio, de mais R$ 1,6 bilhão, além dos R$ 5,8 bilhões anunciados em março. Eles fizeram esse bloqueio preventivo sem anúncio. Em 22 de maio, quando saiu o relatório bimestral, que avalia o

O corte está mantido, não houve recuo”, afirma economista que está acontecendo com as receitas e despesas como um todo, eles viram que não era necessário fazer esse bloqueio extra de R$ 1,6 bilhão e devolveram esse valor. O corte está mantido, não houve recuo. O governo usou isso, na minha opinião, para tentar esvaziar as manifestações contra os cortes”, afirmou Dweck. Parece que não surtiu efeito: até o fechamento desta edição, mais de 300 cidades haviam registrado atos massivos nas ruas. Em Minas Gerais, atos em 40 cidades Foram pelos menos 44 cidades mineiras: Belo Ho-

rizonte, Almenara, Araçuaí, Barbacena, Diamantina, Divinópolis, Governador Valadares, Ituiutaba, Montes Claros, Muriaé, Nova Lima, Poços de Caldas, Pouso Alegre, São João Del Rey, Teófilo Otoni, Ubá, Uberlândia, Viçosa, Capelinha, São Lourenço, Uberaba, Betim, Cataguases, Varginha, Congonhas, Ibirité, Ipatinga, Lavras, Leopoldina, Mariana, Ouro Preto, Patos de Minas, Ponte Nova e Sete Lagoas. Só campi universitários foram 25. Em Belo Horizonte, estima-se que mais de 200 mil pessoas lotaram as ruas do Centro da cidade. A manifestação partiu da Praça Afonso Arinos em direção à Praça da Estação, seguindo pela Avenida Afonso Pena. Quando a primeira ponta chegou à Praça Sete, a outra ainda não havia saído do local de concentração, a mais de 2 km. Diferentemente do dia 15, quando a maioria dos atos começaram pela manhã, desta vez as manifestações foram marcadas para o fim da tarde, permitindo que várias pessoas saíssem do trabalho para participar. “A educação é global. A gente pensa que a educação é um coisa pontual e pequena, mas ela envolve e mexe no macro. A gente está aqui hoje para defender esse espaço que é nosso”, comentou Rafaela Carvalho, farmacêutica, residente em saúde do idoso no Hospital das Clínicas da UFMG.

São Paulo (SP) 300.000 Felipe Milanez

Salvador (Bahia) 70.000

Comunicação FPB

Belém (Pará) 40.000 William Fernandes

Fortaleza (Ceará) 100.000


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Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

Papa escreve sobre as duras provas pela qual Lula tem passado SOLIDARIEDADE Papa envia carta a ex-presidente em que ressalta a política como o respeito pela dignidade das pessoas

Da redação

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apa Francisco, autoridade máxima da Igreja Católica, enviou neste mês uma carta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de 400 dias na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. No documento, em resposta a uma carta de Lula enviada em 29 de março, o pontífice se solidariza com ex-presidente, que, segundo ele, tem passado por “duras provas”, como a morte de sua esposa, Marisa Letícia, de seu irmão, Genival Inácio, e de seu neto, Arthur.

No dia 11 de junho de 2018, Juan Grabois, consultor argentino do Papa Francisco, foi impedido de visitar o ex-presidente na superintendência da PF, apesar de trazer um terço abençoado e enviado pelo pontíficie. Confira a íntegra da carta do Papa Francisco a Lula Estimado Luiz Inácio Recebi sua atenciosa carta do passado 29 de março, com a qual, além de agradecer a minha contribuição para a defesa dos direi-

Especial multimídia sobre reforma da Previdência O que muda? Como ela afeta a sua vida? Se reformar a Previdência vai ter mais dinheiro para a educação? Quem vai lucrar? Confira vídeos que explicam o que está em jogo e quem sai perdendo. Acesse: previdencia.brasildefato.com.br

tos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação, me confidenciava seu estado e ânimo e comunicava sua avaliação sobre o contexto sócio-político brasileiro, o que me será de grande utilidade. Como assinalei na mensagem para o 520 Dia Mundial da Paz, celebrado no passado 1 de janeiro, a responsabilidade política cons-

titui um desafio para todos aqueles que recebem o mandato de servir ao seu País, de proteger as pessoas que habitam nele e de trabalhar para criar as condições de um futuro digno e justo. Tal como meus antecessores, estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, liberdade e dignidade das pessoas. Nesses dias, estamos celebrando a ressurreição do senhor. O triunfo de Jesus Cristo sobre a morte é a esperança da humanidade. A sua Páscoa, sua passagem da morte à vida, é também a nossa Páscoa. Graças a Ele, podemos passar da escuridão para a luz, das escravidões deste mundo para a liberdade da terra prometida. Do pecado que nos separa de Deus e dos irmãos para a amizade que nos une a Ele. Da incredulidade e do desespero para a alegria serena e MG

profunda de quem acredita, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a salvação vencerá a condenação. Tenho presentes as duras provas que o senhor viveu ultimamente, especialmente a perda de alguns entes queridos, sua esposa Marisa Letícia, seu irmão Genival Inácio e, mais recentemente, seu neto Arthur, de somente 7 anos - quero lhe manifestar a minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus. Ao assegurar-lhe minha oração a fim de que, neste tempo pascal de Júbilo, a Luz de Cristo ressuscitado o cumule de esperança, peço-lhe que não deixe de rezar por mim. Que Jesus o abençoe e a Virgem Santa lhe proteja. Fraternalmente.

ANÚNCIO ILUSTRAÇÃO / FREEPICK

Prensa Total via Flickr Creative Commons

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Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

ENTREVISTA 15 11

“Agenda ultraneoliberal do governo, postura autoritária e conservadorismo, POLÍTICA Deputado aborda a situação da oposição em Brasília, proposta de alternativas econômicas para o país e desafios para barrar a Reforma da Previdência Gustavo Bezerra

Joana Tavares

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ogério Correia (PT) é deputado federal por Minas Gerais eleito em 2018, tendo sido deputado estadual por quatro mandatos. Na entrevista abaixo explica as iniciativas da oposição para barrar as pautas antipopulares, como a reforma da Previdência, e propor saída para a economia brasileira retomar o crescimento e distribuir renda. Relata a atuação apagada de Aécio Neves na casa legislativa e critica a política de privatizações e arrocho do governador Romeu Zema. Brasil de Fato - Como a oposição ao governo Bolsonaro se articula na Câmara dos Deputados? Rogério Correia - Na Câmara estamos unificando uma oposição mais programática, a partir dos deputados e deputadas do PT, PSOL, PCdoB, PSB, também do PDT - embora não seja o conjunto dos parlamentares do partido - e da Rede. A agenda econômica ultraneoliberal do governo, sua postura política autoritária e seu conservadorismo nos costumes, juntou esses setores de oposição com uma pauta mais programática. Temos feito reuniões e buscado organizar uma disputa política mais ampla. Um exemplo é a reforma da Previdência: todos nós, desses partidos, tiramos posição fechada contra a proposta, assim como o corte de gastos. O PT vai lançar esta semana um programa. Tem saídas, como taxar as grandes fortunas, taxar o capital que distribui dividendos, cobrar

Aécio não fez nenhum pronunciamento no plenário até hoje

Rogério Correa: “Zema agora retoma a lógica privatista”

Tem alternativa à reforma da Previdência, como taxar grandes fortunas das empresas imposto de renda. A defesa da educação pública e gratuita, a defesa do Sistema Único de Saúde, geração de emprego e renda, a partir do crescimento do mercado brasileiro, outras alternativas inclusive para a segurança pública. Pelo que você tem observado junto a seus colegas, qual a possibilidade de a Câmara aprovar a proposta de reforma da Previdência, que é a grande pauta do momento, tanto para o governo como para a população? Essa proposta da reforma da Previdência é mais radical à direita que aquela do Temer. A anterior previa cortes muito grandes nos direitos. A atual, além de cortar os direitos, privatiza. Mas

esses seis partidos que citei, em torno de 120 deputados, não são suficientes para barrar a reforma: para isso precisaríamos de mais ou menos 210. Precisamos também de outros deputados e deputadas, do chamado centrão. Bolsonaro não tem o número para aprovar como está. O importante é: dependendo da força do movimento social organizado, temos chance de derrotar a proposta. Como os deputados mineiros têm atuado em Brasília? Há alguma pauta convergente? O caso de Brumadinho unificou boa parte da bancada mineira. A tragédia foi tão grande que levou a uma preocupação comum. O povo cobra uma resposta daquilo. Já é o segundo crime da Vale, envol-

Extinção da Lei Kandir daria de R$ 3 a R$ 4 bilhões ao ano para Minas

vendo muitas mortes. Fizemos uma comissão grande, com quase todos os deputados mineiros e conseguimos aprovar lá nove projetos de lei, que podem mudar muito a legislação brasileira sobre mineração se forem aprovados. O único partido que se negou a assinar foi o Novo. Os PLs ampliam a segurança das barragens, garantem políticas públicas para os atingidos, e várias outras medidas. Uma delas é a extinção da Lei Kandir, passando a cobrar imposto para empresas minero-exportadoras. Elas voltariam a pagar imposto em Minas, o que daria de R$ 3 a R$ 4 bilhões ao ano para Minas Gerais. Isso ia reverter uma política equivocada do governo Fernando Henrique, que não só privatizou a Vale, como aprovou essa lei que dá à Vale e outras empresas esse presente de não pagar impostos para a exportação. Então essas empresas ganham rios de dinheiro, lucros de R$ 15 a R$ 20 bilhões por ano. Como é atuar perto do seu grande opositor na política mineira, o deputado federal Aécio Neves (PSDB)? Ele tem alguma projeção na Câmara? Ele é um deputado fantasma. Ele não fez nenhum pronunciamento no plenário até hoje e mesmo nos

bastidores não se tem notícia de que ele tenha alguma influência. Acho que ele apenas se defende dos crimes que cometeu e paga pelos erros políticos, como não ter aceitado a derrota para Dilma em 2014 e ter quebrado Minas Gerais. É muito mal visto. O governo Zema propôs à Assembleia Legislativa o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias que trata da venda das estatais e congelamento de pagamento de servidores. Essa política liberal em Minas - que agora o Zema quer fazer de forma ultraliberal - vem desde o governo Azeredo, junto com o Fernando Henrique, que era o presidente. Eles implantaram em Minas Gerais essa política vendendo o Bemge, o Credireal, a própria Cemig, fizeram a lei Kandir e de quebra negociaram uma dívida de forma vantajosa para o governo federal e desvantajosa para Minas. O Zema agora retoma a lógica privatista, com os mesmos erros. Como a situação agora é mais apertada financeiramente, ele acha que vai resolver o problema aceitando o ajuste fiscal do Bolsonaro - assim como Azeredo aceitou o ajuste do FHC - agravando a situação vendendo a Cemig, a Copasa, arrochando os trabalhadores, tirando escola do povo, acabando com a saúde pública. ENTREVISTA COMPLETA NA PÁGINA wWW. BRASIL DEFATO.COM.BR


14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

CIÊNCIA, COISA BOA!

Como o seu celular afeta sua saúde mental?

FIQUE

BEM PERNAS PRO ALTO

O lançamento do iPhone, em 2007, é considerado o marco inicial da era dos smartphones. Antes disso, já existiam celulares dotados de recursos computacionais. Mas, sem dúvida, foi a última década que proporcionou uma verdadeira revolução tecnológica, ao enfiar um computador no bolso de cada um de nós. Em muito pouco tempo o smartphone se popularizou e possibilitou grandes mudanças de hábitos. Junto dele, se proliferaram também as redes sociais e demais aplicativos que oferecem um sem fim de praticidades para o nosso dia. Algo que exigirá bem mais tempo será compreender os efeitos dessa combinação sobre nossas vidas e corpos. A ciência apenas começou a entender como o uso contínuo dessa tecnologia afeta a nossa saúde. Os primeiros estudos já apontam perspectivas preocupantes. Há indícios de que o uso Última década contínuo das redes ao longo do dia traz efeienfiou um tos prejudiciais aos nossos cérebros. Algucomputador no mas pesquisas demonstraram a associação bolso de cada entre depressão, ansiedade e distúrbios do

Se você trabalha grande parte do dia sentada ou sente as pernas e pés inchados, vai uma dica preciosa: deite de barriga pra cima no chão (pode ser em cima de uma toalha, esteira ou direto no chão mesmo) e encoste as duas pernas na parede, buscando um ângulo de 90 graus. Fique assim de 15 a 20 minutos. O ideal é fazer isso todos os dias. Lembre-se de usar uma roupa confortável, que não aperte sua cintura ou barriga. Não é exatamente um exercício físico, mas é uma prática que vai te trazer muitos benefícios. O mais imediato deles é maior calma mental, pois essa postura favorece a oxigenação do cérebro. Além disso, a circulação melhora, a contenção de líquidos diminui e até a digestão fica melhor.

DÊ UM ABRAÇO

um de nós

sono com o uso prolongado das redes. Ferramentas como o Instagram possibilitam uma interação social exageradamente mediada. Diferentemente da vida real, nela eu mostro aqueles aspectos que quero evidenciar. Pra quem recebe essa informação, parece que minha vida é ótima e que possuo muitas qualidades. O peso da contínua comparação dessas vidas artificiais com a nossa dura vida real parece estar por trás desses processos de adoecimento mental. Além disso, muitos aplicativos se baseiam em mecanismos que tentam garantir que o usuário se mantenha conectado por longos períodos. A chamada “rolagem infinita”, que oferece conteúdos novos indefinidamente, e o uso de notificações que chamam a atenção do usuário a todo momento são exemplos. Há inclusive quem já compare o uso das redes ao vício em drogas. De modo geral, uma pessoa viciada é aquela que se acostuma a determinado estímulo, seja ele criado por uma substância ou por alguma prática (como sexo ou jogo). Tais estímulos criam no cérebro uma resposta de recompensa disparada por neurotransmissores. É nosso organismo e milhões de anos de evolução dizendo “Ei, isso que você fez foi legal! Tome aqui um prêmio!” E logo buscamos repetir o estímulo para ganhar a recompensa de novo. As curtidas, comentários e matchs que conquistamos nas redes parecem funcionar como gatilhos para esses prêmios neuroquímicos viciantes. E você? Como está sua relação com o celular? Em nosso próximo encontro continuaremos esse papo, para falar sobre outros problemas e como podemos enfrentá-los. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Para lembrar do dia do abraço – celebrado dia 22 de maio – ficamos com a tira do cartunista argentino Ricardo Liniers Siri.

AMIGA DA SAÚDE

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Fiquei sabendo que estalar os dedos pode causar problemas nas articulações. É verdade? Laura Helen, 19 anos, estudante Apesar de causar uma certa aflição, os estalos nos dedos não provocam nenhum problema. O barulho parece ser de atrito entre os ossos, porém, já se sabe que não é bem assim. Quando os dedos são estalados, há um deslocamento brusco do líquido que está presente nas articulações, gerando então o barulho. Após alguns minutos tudo volta ao normal. O mesmo não pode ser dito dos estalos no pescoço. Nesse caso, devido ao posicionamento dos músculos que sustentam o pescoço, há risco de gerar torcicolos.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br


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www.malvados.com.br

13 VARIEDADES 15

Dicas Mastigadas BOLINHO DE MANDIOCA

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

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Solução

Ingredientes

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1 mandioca pequena 2 ovos 1 xícara de leite 2 dentes grandes de alho Sal a gosto 2 colheres de manteiga ou banha de porco Cebolinha e coentro picado 500g de trigo fermentado 2 espigas de milho 400g de catupiry 1 colher de orégano

Modo de Preparo • Cozinhe a mandioca e deixe esfriar. Bata no liquidificador a mandioca, sal, um dente de alho, leite e ovos. Numa vasilha, despeje a massa, acrescente uma xícara de cebolinha e coentro picado. Vá engrossando com o trigo e sovando até formar uma massa homogênea.

Recheio • Com uma faca, retire os grãos da espiga de milho. Em uma panela, refogue o milho com azeite, sal e alho, catupiry, cebolinha e coentro. Pode usar outro recheio do seu gosto. • Corte a massa em pequenos pedaços, faça um bolinha e abra com o rolo. Coloque o recheio e enrole no formato que desejar. Pode ser bolinho, esfirra ou rolinhos. • Fritar em óleo bem quente e não mexer até que comece a dourar.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 31 de maio a 6 de junho 2019

“O Brasil carece de um mergulho na sua própria população” ENTREVISTA Fotógrafo João Ripper lança projeto em BH, fala sobre seu acervo e sobre a força do povo brasileiro João Ripper

triste ao se ver, eu deleto do meu acervo e deixo fotografias com as pessoas e movimentos. Você trabalhou em muitos jornais da mídia comercial. Isso foi algum problema para a liberdade do seu olhar como fotógrafo? A mídia é subserviente às elites. O discurso da imparcialidade por si só já oculta a realidade que a gente vive. A parcialidade deveria ser assumida.

Raíssa Lopes

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magens poéticas e de sutileza única, mas que retratam alguns dos maiores sofrimentos e opressões do Brasil. O fotógrafo documentarista João Ripper rodou todo o país registrando a “beleza dos fazeres das pessoas”, como ele caracteriza seu trabalho. Ele conversou com o Brasil de Fato no lançamento em Belo Horizonte do projeto “Bem Querer o Brasil”. Brasil de Fato - Em seu trabalho, você sempre procurou retratar a vida da classe trabalhadora, dos indígenas, dos quilombolas, das mulheres, movimentos populares. Por quê? João Ripper - Eu acho que isso tem alguma inspiração de berço, minha família tinha um respeito muito grande pelos outros. Quando eu comecei a fazer jornalismo e me decepcionei com o trabalho e a postura dos jornais, eu comecei a pensar maneiras de documentar essas populações

e mostrá-las com histórias diferentes, mostrá-las sem o perigo, o estigma da história única. O povo é mostrado pela violência ou pela ausência, como se fossem pessoas que nada fizessem. Por exemplo, as favelas são criticadas pelas moradias, porque a maioria não tem assinatura de engenheiros e arquitetos. Se olharem de outra forma, veriam que os pedreiros, junto com as famílias, em mutirões, conseguiram diminuir um problema que o Estado não conseguiu, que é a habitação. É muito importante mostrar as belezas dos seus fazeres. O Brasil carece de um mergulho na sua própria população. Você fotografa situações horríveis que acontecem no Brasil: seca, trabalho escravo e infantil, negligência... Como retratar essa realidade respeitando a dignidade das pessoas fotografadas? A primeira coisa é estar aberto a aprender. Eu aprendi. Eu tinha pena das

A gente precisa ser feliz e socializar essa felicidade pessoas oprimidas. De repente, eu vi elas, depois de sofrerem violência, festejarem o aniversário de uma criança, dançarem. E eu vi que tinha muito mais pra aprender do que pra dar. Eu aprendi a olhá-las como igual. Tire a pena, porque a pena é uma soberba e uma arrogância bem-intencionada, e a substitua pela solidariedade. Uma vez minha mãe me disse: ‘filho, deixa a dor e a agonia terem só o tamaninho delas’. E essas pessoas definem isso, fazem isso. Deixam a dor ter o tamaninho dela e vivem com uma força, uma imensidão muito grande. Eu defendo uma fotografia compartilhada. Antes de ir embora, as fotos são projetadas. Se alguma imagem fere alguém, se a pessoa fica

O que é o projeto Bem Querer o Brasil? O Bem Querer o Brasil é um projeto em que eu tenho de doar todo o meu acervo para a Biblioteca Nacional, um órgão público, como também doar para várias organizações de

direitos humanos. A gente vem trabalhando nisso há quase três anos e foram levantadas mais de 140 mil imagens para tratar, escanear e distribuir. É fundamental que cada vez mais as organizações que lutam por direitos tenham o uso da imagem, que é muito forte nas novas mídias. Dessas suas andanças pelo país, o que de melhor aprendeu com o povo brasileiro? Um povo que me surpreendeu pela capacidade de resistir mantendo o amor. O brasileiro tem uma deliciosa teimosia de ser feliz. Eu aprendi que não importa o que venha, a gente precisa ser feliz. E socializar essa felicidade. Eu me transformei para o contrário do ódio. João Ripper


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Paratletismo: na geral Brasil fatura nove medalhas nos EUA Divulgação / CPB

ESPORTE

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CURTA E GROSSA

O futebol feminino tem graça, sim!

Ministério da Defesa

A equipe brasileira de atletismo participou, na última semana, da etapa do Grand Prix do Arizona, Estados Unidos. O Brasil terminou a competição com sete medalhas de ouro e duas de prata. Destaque para o mineiro de Bocaiúva, Claudiney dos Santos, que faturou o ouro no lan-

çamento de disco e a prata no lançamento de dardo; e a baiana Raissa Rocha, ouro no lançamento de dardo e prata no lançamento de disco. Ambos competem na classificação F56, para atletas cadeirantes com sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações.

Mulher quebra tabu e apita jogo do Brasileirão

Kin Saito /CBF

Jordânia Souza No dia 7 de junho começa, na França, a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino. Ao todo, serão 24 seleções em busca do título mundial, divididas em seis grupos de quatro equipes. Presente em todas edições, o Brasil busca sua primeira conquista no Mundial e estreia contra a Jamaica, no dia 9, em Grenoble. Embora longe do prestígio da versão masculina, a Copa feminina mostra a força das mulheres no futebol. É comum ouvir, principalmente de homens, que “ah, o futebol feminino não tem graça”. E como vai ter graça,

quando o incentivo e o apoio são completamente desproporcionais em relação ao futebol masculino? A “graça” de ver uma mulher jogando bola é algo que vem sendo conquistado com luta. Até o final dos anos 70, o futebol feminino era proibido no Brasil. O artigo 54 do decreto-lei 3199, de 1941, dizia que o esporte era “incompatível com a natureza feminina”. Em bom português, “futebol não era coisa para mulher”. Um pensamento antigo e machista, que até hoje é replicado por muita gente. Após a mudança na lei, o futebol feminino continuou sendo alvo de preconceito e descaso. O que se viu foi pouca profissionalização e

investimento no cenário nacional. Em 2004, quando a seleção feminina conquistou sua primeira medalha de prata, nas Olimpíadas de Atenas, começaram a perceber nossas mulheres. Nomes como Marta, Formiga e Cristiane despontaram, ficando conhecidas além dos campos. O ápice veio nas Olímpiadas do Rio 2016. Mesmo sem medalhas, o início arrasador fez com que, pela primeira vez, substituíssem Neymar por Marta nos destaques da época. Este ano, os jogos da Seleção serão transmitidos em emissora aberta. Essa é a melhor oportunidade de olharmos para o futebol feminino com o respeito que nossas jogadoras merecem. Apesar do início de temporada tumultuado em 2019, é costume dizer que, no futebol, a torcida é a camisa 12 que um time precisa. Tanto para ganhar, quanto para sobreviver. Portanto, tire seu preconceito de campo. O futebol feminino tem graça, sim! ANÚNCIO

Após 14 anos, uma partida da Série A do Brasileirão masculino foi apitada por uma mulher. A paranaense Edina Alves foi a árbitra do jogo CSA 2 x 1 Goiás, no estádio Rei Pelé, em Alagoas, na última segunda-feira (27). Os auxiliares Neuza Back e Emerson Augusto de Carvalho completaram o trio de arbitragem, que só não foi totalmente feminino porque a Tatiane Sacilossi sofreu uma lesão. Edi-

na foi muito elogiada pelo desempenho, especialmente quando anulou corretamente um gol do CSA. O trio formado por Edina, Neuza e Tatiane representará o Brasil na Copa do Mundo Feminina da França, que começa dia 7 de junho. O último jogo da elite arbitrado por mulher ocorreu em 2005, quando Silvia Regina, hoje supervisora do árbitro de vídeo (VAR), apitou o confronto entre Fortaleza e Paysandu.


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ESPORTES

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Vinnicius Silva /Cruzeiro

Cruzeirenses fazem reunião para debater futuro do clube

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Movimento Somos o Cruzeiro convocou uma reunião aberta para discutir o futuro do clube. O coletivo também lançou uma petição online reivindicando mudanças no estatuto (disponível em: tinyurl.com/y32bo5bh). O Somos Cruzeiro é um movimento que reivindica o

direito de voto dos sócios torcedores e um estatuto democrático para o clube. No dia 26, uma reportagem da TV Globo revelou que a Polícia Civil investiga dirigentes do Cruzeiro por suspeita de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Um dos pivôs

do escândalo é o vice de futebol, Itair Machado. As denúncias geraram revolta na torcida e azedaram de vez a relação com o clube. Onde: Centro de Referência da Juventude (CRJ). Rua Guaicurus, 50. Centro, BH Quando: Sexta-feira (31), 19h

DECLARAÇÃO DA SEMANA Kin Saito/ CBF

“Sei que ainda existe o preconceito, mas estamos rompendo barreiras” Edina Alves, árbitra do quadro Fifa que apitou o jogo CSA 2 x 1, para o Goiás, na última segunda-feira (27). Ela quebrou um jejum de 14 anos sem mulheres apitando jogos da série A do Brasileirão masculino.

Gol de placa O ginasta Diego Hypólito assumiu ser homossexual. O ato corajoso, em função de toda a violência física e simbólica da sociedade machista contra os homossexuais, pode até não derrotar de vez a homofobia, mas, como disse Diego, foi “muito libertador” para ele. Já vale.

Gol contra O VAR, que seria a panaceia para todas as injustiças do futebol, tem provocado dúvidas. No fim de semana, o recurso eletrônico decidiu um pênalti a favor do Palmeiras e a anulação de outro em favor do Santos, ambos em lances bastante discutíveis.

Vontade de vencer

Agonia e êxtase

Ano perdido?

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

O início de Série B do América é desastroso. São quatro derrotas em cinco jogos e apenas dois gols marcados. A consequência, por enquanto, é a amarga lanterna da competição. Como ainda é o início do campeonato, há tempo de se recuperar aos poucos e fazer valer aDecacampeão força e a história desse clube centenário. Mas, para isso, é preciso que a diretoria tenha sabedoria e capacidade de agir com rapidez e correção. Aos atletas, cabe honrar a camisa, caprichar nos detalhes e jogar com mais vontade de vencer. À comissão técnica, é preciso escalar melhor as peças, organizar o time e parar de insistir em jogadores que não estão rendendo, como João Paulo, Leandro Silva, Felipe Azevedo e Marcelo Toscano.

De repente, o Atlético acordou para a Copa Sul-America na e, mesmo assim, o sofrimento foi intenso. Sufoco do princípio ao fim. Gol só no segundo tempo. Pelo que o técnico Rodrigo Santana tem em mãos, Alerrandro e Victor fizeram história. Um impediu a eliminação É Galo doido! no tempo normal. O outro garantiu a classificação defendendo três pênaltis. Agora, é seguir em frente numa competição que rende ao campeão a vaga na Libertadores e um bom dinheiro. No final de semana, tem o CSA. À primeira vista, não assusta. Mas ninguém também punha fé no Unión La Calera. O STJD tirou três pontos do Palmeiras, por irregularidade do VAR, e a diferença caiu para um ponto no Brasileiro. Afinal, uma semana promissora.

Salve, nação azul! Como se não bastassem os péssimos resultados em campo, o último domingo terminou com o Cruzeiro sendo destaque em uma matéria nada agradável no Fantástico. Não é segredo para ninguém que as finanças do cabuloso foram parar nas alLachocante Bestiaé Negra turas. E o mais que o déficit não é puro resultado da crise, incapacidade de arrecadação e resultados ruins dentro de campo. Ele tem como causa, ao que parece, negócios ilegais e corrupção de dirigentes que usam o clube para obter vantagens financeiras. As investigações prosseguirão e a diretoria recebeu o prazo de cinco dias para apresentar a documentação. A verdade é que, salvo uma grande reviravolta, a temporada da equipe está liquidada.


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