MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho de 2019 • edição 286 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Mídia NINJA
APOSENTADORIA: ENTENDA O QUE ESTÁ EM JOGO
Como é hoje a Previdência A quem interessa a reforma? História de quem não sabe se vai se aposentar A Previdência é viável: o que falta ser feito Greve geral dia 14 por aposentadoria, educação e emprego
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
Opinião
Lucro com o sofrimento humano João Paulo Cunha
ESPAÇO DOS LEITORES “Vamos resistir!” Gilson Ferreira Silva comenta notícia “Moradores de Milho Verde se mobilizam contra mineradora” “Ótima entrevista” Rosangela Ferreira Diniz a respeito da entrevista do deputado federal Rogério Correia “Triste Minas Gerais. Tão diversa, tão criativa e alegre, submetida a uma gestão medíocre, desgovernada, sem graça e sem poesia... Mas nós reexistiremos a ele aqui e a eles lá!!” Maria Aparecida Rodrigues de Miranda sobre o artigo “Zema é preposto do mercado” “Resistamos aos tempos sombrios: BOLSONARO e ZEMA. São o pior que nossa Minas e nosso Brasil já vivenciou: incompetência, limitação, desrespeito, descompromisso e descaso com nosso povo, animais e meio ambiente!” Adriana Araújo comentando artigo “Zema é preposto do mercado”
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
O presidente Bolsonaro tem se aperfeiçoado na capacidade de gerar atos contra o povo, chegando a formas radicais. Em sua cruzada necropolítica – quando a morte é o resultado esperado para parte da população, considerada descartável por motivos morais ou ideológicos – liberou a posse de armas, propõe ampliar o porte nas ruas, exclui ações assassinas de policiais contra civis do império da lei e anuncia que vai banir parte dos radares das estradas e ampliar a tolerância com quem dirige de forma violenta. Outra atitude anunciada pelo presidente mira agora as crianças. Sem medo de usar as palavras exatas: trata-se de infanticídio programado. O presidente defende que a desobediência do transporte dos pequenos de forma segura, nas conhecidas cadeirinhas, não gere outra penalidade que não a mera advertência. Se isso não é um incentivo a acidentes graves é, no mínimo, uma prova de ignorância acerca dos dados registrados por estatísticas médicas e de segurança em todo o mundo. O ataque à indústria das multas é uma operação de autodefesa de um contraventor contumaz. A mais recente estratégia da necropolítica foi sancionada na quinta-feira, dia 6, alterando as diretrizes nacionais para as políticas públicas sobre drogas. A nova lei é resultado de um projeto do atual ministro da cidadania, Osmar Terra, apresentado em 2013, quando era deputado federal. O ministro já demonstrou sua ignorância sobre o tema, ao desqualificar a mais importante pesquisa sobre o uso de
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
drogas já feita no Brasil. Atenção aos números: 500 pesquisadores da Fiocruz, uma das mais importantes instituições de pesquisa em saúde pública no mundo, ouviram mais de 16 mil pessoas durante quatro anos. O resultado constatou a gravidade da questão do uso de drogas no país, mas descartou a existência de uma epidemia. O conhecimento científico, como é de se esperar, deveria servir de base para se traçar políticas efetivas para a questão. No entanto, Terra, em sua fissura ideológica, vomitou que a pesquisa estava errada e, do alto do seu achismo terraplanista cravou a existência de
Fazer pouco do conhecimento é prática do atual governo uma epidemia. O passo seguinte foi interromper o trabalho dos pesquisadores e inviabilizar o acesso aos dados. Fazer pouco do conhecimento é prática do atual governo. Desconhecer os fatos em nome de verdades reveladas ou da pura ignorância tem sido o método. O que é considerado em todo o mundo um problema de saúde pública se torna no Brasil neofascista uma questão de polícia e encarceramento forçado. Com isso assistiremos à ampliação da rede de comunidades terapêuticas para fornecimento de consumidores cativos, pegos a laço. O traficante ganha com a droga; o governo e seus satélites com a abstinência.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laisa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
GERAL
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Número da Semana
DE OLHO NA MÍDIA Reprodução
100 mil
Reflexões sobre as tais guerras híbridas
É o número de infrações ambientais paradas no governo de Minas Gerais, de acordo com levantamento do portal Lei.A (blog.leia.org.br). O volume de autuações representaria mais de R$ 2,2 bilhões que deveriam entrar no caixa do estado.
QUEIJOS DE MINAS CONQUISTAM 50 MEDALHAS NA FRANÇA Divulgação / Armazém São Roque
Esse conceito foi empregado pelo analista político russo Andrew Korybko para explicar as novas táticas dos Estados Unidos para desestabilizar e derrubar governos oponentes. No livro lançado pela editora Expressão Popular, ele analisa especificamente o caso da Síria e da Ucrânia, mas ficam muitas reflexões sobre casos mais atuais e próximos, como o do Brasil. Para comprar o livro, acesse tinyurl.com/ yygu6bpg. Outra dica é ouvir o podcast Granma. No episódio específico sobre guerras híbridas, são entrevistados o professor Sérgio Amadeu, professor da UFABC e especialista no tema das guerras digitais e a pesquisadora Olívia Carolino, do Instituto Tricontinental. Você pode baixar o podcast em: tinyurl.com/y6l653ma Aliás, o Instituto Tricontinental lançou umdossiê sobre guerras híbridas na Venezuela. O estudo aponta a prevalência de guerras híbridas em territórios ricos em petróleo, como a Venezuela. Leia em: tinyurl.com/ y4rjv4um
Outro golpe na comunicação pública mineira
É isso mesmo! Foram 50 medalhas para os produtores mineiros no Concurso Mundial de Queijos, realizado na cidade de Tours, na França. O resultado foi divulgado na última segunda
(3). Minas trouxe para casa 3s superouros, 5 ouros, 20 pratas e 22 bronzes. Dois dos três queijos superouro são de São Roque de Minas e o outro é de Delfinópolis. É muito orgulho, né?
FALANDO DE QUEIJO... Reprodução
Depois de escolher um conselho curador para a Rede Minas sem a participação da sociedade (confira nota do Sindicato dos Jornalistas e do FNDC em: tinyurl.com/yygoesmw), Romeu Zema vetou emenda parlamentar que destinava o mínimo de 3% da publicidade oficial para a TV e para a rádio Inconfidência. Parece que ele prefere anunciar na mídia comercial. Muito estranho, né?
Tá chegando! No dia 14 de junho, às 19h, será a abertura do curso “Jornalismo e democracia: ideias para enfrentar a crise”, com palestra do colunista do Brasil de Fato, João Paulo Cunha, e do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, no teatro da UNA (rua Aimorés, 1451, Lourdes, BH). No dia 15, começam as aulas, com os temas “Jornalismo investigativo” e “Radiojornalismo”. Confira a programação completa em: tinyurl.com/ y3sgrf8g Um abraço e não deixe de mandar suas sugestões! Joana Tavares é editora do Brasil de Fato MG Escreva suas sugestões e impressões para: joana@brasildefato.com.br
Você sabia que ele pode ser um grande aliado contra a osteoporose? Apesar da fama de “gorduroso”, o alimento traz uma série de benefícios para o nosso corpo. Pela quantidade de leite que tem, é um bom suplemento de cálcio, além de conter proteína e vitamina A. Mas claro, é preciso consumir com cautela. Há
tipos de queijo, como os mais amarelos (gorgonzola e cheddar, por exemplo), que levam mais gordura e sódio e são contraindicados para quem possui problemas cardíacos ou de colesterol. Para ter os benefícios dessa delícia, a recomendação é consumir em média de 20 a 25 gramas por dia, o que equivale a duas fatias.
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CIDADES
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019 ME /Portal da Copa
Plano para renegociar dívida de Minas vai atingir diretamente servidores públicos Economia Rio de Janeiro aderiu ao plano em 2017 e agora está prevendo terminar o ano no vermelho, com déficit de até R$ 10 bi Renato Cobucci /Imprensa MG
Wallace Oliveira
O
governador Romeu Zema (Novo) já anunciou repetidas vezes que quer aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) dos estados e Distrito Federal. O RRF foi criado pelo governo Temer em 2017. Aderindo a ele, estados podem suspender o pagamento de sua dívida com a União por três anos, prorrogáveis por mais três. Depois, terão que voltar a pagar, com encargos (juros e correções monetárias) que só vão aumentar a dívida. Porém, o mais importante é que, para o governo estadual aderir ao plano e ter sua dívida temporariamente suspensa, terá que cumprir 21 duras exigências. A maioria delas vai afetar diretamente os servidores públicos. Círculo vicioso Os primeiros a sentir os impactos vão ser os servidores públicos estaduais, civis e militares, ativos e inativos. Minas terá que privatizar empresas estatais, cortar benefícios do funcionalismo e congelar salários. Não poderá mudar a estrutura das carreiras, com progressões e promoções, e não fará concursos públicos. O regime próprio de Previdência estadual deverá ser alterado, adotando regras semelhantes às da reforma do governo Bolsonaro (PSL). As medidas serão acompanhadas por interventores da União que, na questão financeira, podem ter mais poder
PLANO DIRETOR DE BH É APROVADO EM SEGUNDO TURNO
que o próprio governador. Ao retirar direitos, contudo, o Regime não vai resolver o problema e pode jogar a economia mineira em um círculo vicioso. É o que adverte a economista Eulália Alvarenga. “Ele tinha que apresentar um planejamento total, tanto do lado das despesas quanto das receitas. Como ele vai fazer para incrementar as receitas? Como ele vai promover o desenvolvimento regional? Se só cortar salários, nos municípios que dependem muito dos salários dos servidores, vai também diminuir o comércio local. E, ao diminuir o comércio local e o poder de compra da população, com a economia estagnada, vai diminuir a arrecadação de ICMS”, prevê. A economista destaca o problema das aposentadorias dos servidores. “A Previdência foi paga pelos funcionários. Eles pagaram 11% para o Tesouro, que deveria assumir uma parte. Quando criaram o fundo de Previdência, os funcionários con-
Acordo levaria a cortar benefícios e congelar salários tinuaram pagando e o Estado lançou mão do fundo, tirou dinheiro, além de não colocar. Então, o fundo foi sucateado e depois falam que não têm dinheiro”, critica Eulália Alvarenga, que é integrante da Rede de Justiça Fiscal na América Latina e Caribe.
Na quinta (6), a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou, em segundo turno, por 35 votos a 5, o novo Plano Diretor da capital (Projeto de Lei 1749/15). O texto agora segue para sanção do prefeito Alexandre Kalil. A proposta foi construída pela população na 4ª Conferência Municipal de Política Urbana, em 2014. A Conferência contou com a participação de mais de 6 mil pessoas. Em 2015, o projeto foi enca-
minhado ao Legislativo e, desde então, sofreu dezenas de modificações. “O geral do Plano foi respeitado: a questão do coeficiente 1 e outros avanços importantes. Agora, a forma como foi conduzido, com substitutivos vindos de vereadores em comissões, juntar emendas para diminuir discussões, é que não é positivo. Mas o balanço geral é que o Plano é muito importante”, avalia o vereador Pedro Patrus (PT), que votou a favor.
ANÚNCIO
{SUA APOSENTADORIA ESTÁ EM RISCO} Se aprovada, a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro será o maior confisco da aposentadoria e da seguridade social da história do País.
Reaja! Reaja!
Lute conosco contra o roubo dos nossos direitos enquanto há tempo.
Sind-Saúde MINAS GERAIS
CNTSS
Edição Especial Nº 11 / 2019 Circulação nacional Distribuição gratuita
REFORMA DA
PREVIDÊNCIA
BOLSONARO QUER IMPEDIR SUA
APOSENTADORIA
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
PREVIDÊNCIA SOCIAL
COMO É HOJE NO BRASIL
Tá na lei!
Art. 194
▶▶A Previdência Social é uma con-
1988
quista da Constituição de 1988. A lei garante que, quando uma pessoa perde a capacidade de trabalhar, ela terá recursos necessários para uma vida digna.
...assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social.
De onde vem o dinheiro da Previdência Social?
Se todo mundo contribuir... Além disso, mais de 3,8 mil municípios brasileiros dependem dos valores recebidos por aposentados e pensionistas para movimentar a economia local. De acordo com a Frente Nacional de Prefeitos, em 2017, os R$ 557,2 bilhões recebidos por meio da Previdência Social nos municípios foi 5,6 vezes maior que os R$ 96,2 bilhões que o governo federal repassou para as cidades pelo Fundo de Participação.
...todo mundo consegue se aposentar. Hoje, a Previdência funciona com o sistema de repartição simples. Ou seja: o dinheiro utilizado para pagar as aposentadorias vem dos trabalhadores, dos empregadores e do governo. Esse é um sistema solidário, em que todos são responsáveis pelo bem-estar daqueles que não podem trabalhar. Por exemplo: idade avançada, doença e licença maternidade.
SISTEMA DE REPARTIÇÃO SIMPLES
▶▶A Seguridade Social é como um guar-
da-chuva em que estão a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que se trata da principal política pública brasileira para a redução das desigualdades sociais. Esse sistema tem uma fonte própria de receitas por meio de tributos exclusivos, além de outras fontes como o PIS/Pasep. E ainda tem a parte dos trabalhadores e dos empregadores.
Dos 5.570 3.800
Empresas
Trabalhadores
Governo
municípios brasileiros dependem dos aposentados e pensionistas para movimentar a economia
A REFORMA DA PREVIDÊNCIA 1
SÓ INTERESSA AOS BANCOS
Na proposta de Bolsonaro, o dinheiro arrecadado dos trabalhadores seria entregue para os bancos
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Os bancos administrariam esses fundos, reaplicando esse montante em outros mercados
A Previdência privada
E quando o trabalhador atingir os requisitos mínimos para se aposentar, o banco seria responsável pelo pagamento de sua aposentadoria
Só o trabalhador paga
▶▶A Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) nº 6 proposta por Jair Bolsonaro quer passar a aposentadoria dos brasileiros para os bancos. É o chamado sistema de capitalização. A Previdência, portanto, seria privatizada. O texto da PEC prevê esse sistema, mas ele seria detalhado somente depois, com uma lei complementar.
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E como funciona?
▶▶Com a capitalização, outros benefícios garantidos pelo Sistema de Seguridade Social estariam descobertos, como seguro doença ou acidente.
▶▶Enquanto na Previdência
Social todos contribuem - trabalhador, empregador e governo-, na Previdência privada haverá contribuições apenas do trabalhador. Além disso, o banco cobrará taxas para administrar a “poupança”.
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
O Brasil pode garantir aposentadoria para todos
E por que o governo diz que a conta não fecha?
E tem mais!
▶ Até 2015 a Previdência sempre ar- ▶ De um lado, o governo federal fala recadou mais do que precisava para pagar as aposentadorias. Mas, com a crise econômica, aumentou o desemprego e a informalidade, reduzindo a contribuição por parte do Estado, dos empregadores e dos trabalhadores. Mas, se o governo tivesse guardado o dinheiro que sobrou durante 25 anos do que era arrecadado para a Previdência, haveria um fundo de mais de R$ 1 trilhão para usar agora na crise, conforme cálculos do economista Eduardo Moreira.
que já está faltando dinheiro para as aposentadorias e os benefícios do INSS. Por outro, especialistas da Associação Nacional de Auditores Fiscais dizem que esse cálculo está errado. Veja por que: o governo pode retirar 30% do dinheiro arrecadado para a Seguridade Social, onde está a Previdência, para outras despesas. É a chamada Desvinculação dos Recursos da União (DRU).
92 bi
do Congresso Nacional, foram retirados cerca de R$ 500 bilhões da Seguridade Social. Só em 2017, foram R$ 113 bilhões. O governo, por sua vez, diz que o déficit da Previdência em 2017 foi de quase R$ 182 bilhões. Se falta dinheiro, portanto, ele é menor do que o valor retirado nos últimos anos (R$ 500 bilhões).
as dívidas previdenciárias das empresas do agronegócio com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). O valor estimado em sonegação desse imposto pode chegar a R$ 17 bilhões. O projeto tramita no Congresso Nacional.
Qual o verdadeiro rombo?
58 bi
63,4 bi
63,1 bi
têm o valor do INSS descontado todo mês na folha. Alguns empresários, por sua vez, não pagam seus impostos.
61 bi
Grandes empresas devedoras da Previdência Social no Brasil:
45,8 bi 38 bi
▶ Desde 2008, segundo levantamento ▶ Jair Bolsonaro quer perdoar
▶ Trabalhadores com carteira assinada
Recursos retirados da Previdência para pagar juros aos bancos
52,4 bi
Latifundiários também não pagam
38,7 bi
R$ 448,9 milhões
Itaú Unibanco
R$ 79,7 milhões Marfrig (indústria alimentícia) R$ 22,2 milhões Frigorífico JBS 2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: ANFIP
Fonte: Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
Quem lucra?
▶ Estimativa da Associação Nacional dos
Fiscais da Receita Federal (Unafisco) aponta que o lucro dos bancos com essa reforma da Previdência chegaria a R$ 388 bilhões por ano. Em 2018, mesmo com a crise econômica, os quatro maiores bancos do país bateram lucro recorde: R$ 69 bilhões, um crescimento de quase 20% (Economatica).
Em cenários de crise...
▶ Especialmente quando a economia está em
Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil
baixa, o desemprego aumenta e cresce também a informalidade. Os trabalhadores podem não conseguir poupar para pagar o banco. O país tem hoje 13,4 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais de 1,2 milhão de pessoas entraram para a lista de desempregados nos primeiros três meses deste ano, em comparação com os últimos meses de 2018.
Propostas de Paulo Guedes para Previdência falharam em diversos países • De 193 países, apenas 30 privatizaram seus sistemas de Previdência Social, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Desses países, 18 já reverteram a privatização para o modelo estatal. • No Chile, a privatização da aposentadoria foi implantada em 1981. As mudanças foram coordenadas por José Piñera, que estudou na Universidade de Chicago, na mesma época que Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro. • Atualmente, os chilenos estão se aposentando com apenas um terço do salário mínimo. Se fosse aqui no Brasil, seria como receber em torno de R$ 300. As taxas de suicídio de idosos no Chile subiram e hoje estão entre as maiores do mundo. Fontes: Organização Internacional do Trabalho e Anfip | Foto: José Cruz/Agência Brasil
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
Histórias de quem não sabe como vai se aposentar Katarina de Lima Fernandes
Nádia Cristina
Tempo de contribuição: Katarina passou a contribuir para a Previdência Social em 2018, quando assumiu uma vaga de residência em Psicologia. Ela começou trabalhar, no entanto, aos 15 anos, mas só teve carteira assinada aos 25 anos.
“Comecei a trabalhar aos 15 anos, dando aulas particulares na adolescência. Aos 20, passei a trabalhar vendendo doces”. Como é hoje: É possível se aposentar por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) ou após cumprir 35 anos de contribuição, no caso de homens, ou 30 anos, no caso de mulheres.
Se a reforma for aprovada: Não haverá mais aposentadoria por tempo de contribuição. Foi determinada uma idade mínima de aposentadoria, sendo 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres, além de um período mínimo de contribuição de 20 anos. Se atender esses requisitos, o trabalhador terá direito a 60% da contribuição média. Se quiser receber 100% do valor, ele terá que contribuir ou ter carteira assinada durante 40 anos. No caso de Katarina, se ela conseguir ficar empregada com carteira assinada todos os anos até a aposentadoria, ela terá que trabalhar até os 62 anos, mas só receberá 60% da média de contribuição. Na regra atual, ela trabalharia até 57 anos e receberia 100% da média de contribuição.
Enzo Araújo de Melo
51 anos, professora de história da rede estadual do Paraná
25 anos, psicóloga em Cabo de Santo Agostinho (PE)
Nunca contribuí. Comecei a pensar nisso ano passado”
O Brasil de Fato conversou com pessoas que estão apreensivas com as possíveis mudanças na Previdência Social. Confira alguns cenários de aposentadoria:
Eu nem fiz o cálculo ainda por medo do que me espera” Tempo de contribuição: Nádia é professora há 22 anos. A primeira carteira assinada foi em 1987, aos 20 anos de idade, trabalhando em outras áreas.
Como é hoje: Professoras do serviço público podem se aposentar com benefício integral com 25 anos de contribuição e 50 anos de idade. Para professores, é 30 anos de contribuição e 55 anos de idade.
Se a reforma for aprovada: Para novos professores, sejam homens ou mulheres, a aposentadoria será a partir dos 60 anos de idade e 30 anos de contribuição. Nesse caso, porém, o valor será reduzido para 80% da média das contribuições previdenciárias. Para receber o valor integral, só contribuindo por 40 anos. No caso de Nádia, se a reforma for aprovada este ano, ela só poderá se aposentar a partir de 56 anos, mesmo quando atingir, pelas regras atuais, a idade e o tempo de contribuição.
21 anos, estagiário e garçom em Bangu (RJ)
Eu nunca vou aposentar na minha vida. É isso que eu estou vendo” Tempo de contribuição: Começou a trabalhar aos 16 anos, mas nunca teve carteira assinada. Mesmo assim, tinha planos de se aposentar quando completasse 50 anos.
“Depois de muitos anos de trabalho, nós merecemos a aposentadoria para que possamos aproveitar o resto de nossas vidas e descansar o corpo e a alma”. Como é hoje: É possível se aposentar por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) ou após cumprir 35 anos de contribuição, no caso de homens, ou 30 anos, no caso de mulheres.
Se a reforma for aprovada: Não é possível prever os termos da aposentadoria de Enzo ou mesmo se ele irá se aposentar, pois ele ainda não começou a contribuir para a Previdência Social.
E no campo...
Para os idosos
Trabalhadores rurais, mulheres e homens, passam a ter a mesma idade para aposentadoria: 60 anos. Hoje, as mulheres no campo podem pedir aos 55 e homens, aos 60. No lugar de ter de provar 15 anos de atividade rural, terão de contribuir por 20 anos com, no mínimo, R$ 50 mensais por pessoa.
A proposta enviada pelo governo Bolsonaro quer que idosos sem meios de se sustentar aguardem até os 70 anos para receber integralmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Hoje, é pago um salário mínimo a partir de 65 anos. Bolsonaro quer pagar R$ 400 a partir dos 60 anos de idade, e não o mínimo.
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
Antonio Cruz | ABr
A Previdência é viável:
o que falta ser feito
Especialistas e entidades, como as centrais sindicais e a Associação Nacional de Auditores Fiscais (Anfip), apontam alternativas que podem garantir os recursos necessários para que a Previdência atenda a todos
Calcular contribuição pelo faturamento ▶
Hoje as empresas pagam a Previdência Social sobre o valor da folha de pagamento, considerando o total de trabalhadores. Muitos setores da economia, no entanto, por conta do desenvolvimento tecnológico, conseguiram aumentar o faturamento e cortar postos de trabalhos. Os bancos e as montadoras de carros são exemplos dessa situação. A Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap) defende que uma solução para a Previdência seria calcular a contribuição previdenciária das empresas pelo faturamento delas, e não pela folha de pagamento. Assim, setores com um pequeno número de trabalhadores, mas com alta produtividade média, pagariam um valor maior para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
ESPECIAL REFORMA DA PREVIDÊNCIA Para saber mais sobre Previdência Social e as mobilizações contra a proposta do governo, acesse o site especial do Brasil de Fato
Taxar grandes fortunas ▶ O Imposto de Renda também aprofunda a
desigualdade entre ricos e pobres. Esse imposto possui caráter progressivo para quem recebe até 40 salários mínimos. Isso significa que, após atingir o valor de aproximadamente R$ 39 mil, o tributo passa a ser regressivo. Quer dizer que quanto maior o salário, menos a pessoa paga. Se houvesse tributação sobre grandes fortunas e patrimônio, os ricos pagariam mais ao Estado. Essa arrecadação poderia ser destinada ao fortalecimento da Previdência e outros gastos sociais.
Cobrar contribuições do agronegócio ▶ Defendidas arduamente pela bancada rura-
lista no Congresso Nacional, as empresas desse setor, atualmente, concentram suas vendas no exterior, e não precisam recolher a contribuição previdenciária. Quando a venda é para o mercado interno, elas pagam uma alíquota de 2,6% sobre o faturamento. Tais exportações atingiram um recorde de mais de R$ 408 bilhões em 2018.
Cortar isenções das empresas ▶ Grande parte das empresas brasileiras foram
liberadas de parte da contribuição previdenciária patronal na folha de pagamento. Essa desoneração é dada aos empresários com a justificativa de que a diminuição da carga tributária das empresas irá potencializar a economia. Empresas com grandes lucros, no entanto, acabam contribuindo muito menos do que deveriam. Segundo cálculos da Receita Federal, as isenções custam à Previdência cerca de R$ 242 bilhões por ano.
Cobrar mais dos mais ricos ▶ Quase 50% da carga tributária brasileira está
concentrada nos impostos indiretos, que são taxas inseridas nos preços de toda e qualquer mercadoria. Por exemplo: ao comprar um quilo de arroz, um trabalhador paga o mesmo imposto que um grande empresário. Ou seja, essa compra pesa mais no bolso de quem tem menos dinheiro. Além disso, desde 1996, os impostos sobre lucros e dividendos das pessoas físicas são isentos na declaração do imposto de renda. Ou seja, ao declarar determinado bem como lucro ou dividendo, não há tributação. A maior parte dos endinheirados recorre a essa opção.
Não pagar
juros aos bancos ▶ Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, a dívida pública pode chegar a R$ 4,3 trilhões em 2019. No ano passado, o governo pagou R$ 352,2 bilhões com juros da dívida. Entre 2011 e 2014, nove bancos se revezaram entre os cinco principais credores da dívida pública brasileira: Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal, HSBC, Goldman Sachs (EUA), Itaú, Unibanco e Citibank. Ou seja: todos os anos, o governo se compromete a pagar uma fortuna a bancos que já possuem uma margem de lucro enorme, submetendo-se aos juros abusivos do mercado financeiro.
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Quem são os estudantes das universidade federais
70%
são de famílias de baixa renda
Corte em pesquisas
▶ Não é só a assistência estudantil que poderá
62%
Mauro Pimentel | AFP
ser impactada pelos cortes. A diminuição de bolsas de pesquisa pode interromper estudos sobre câncer, dengue e HIV no Rio de Janeiro. A Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro estão entre as instituições de referência que serão prejudicadas com as medidas do Ministério da Educação.
Redução do orçamento atinge diferentes áreas, como assistência estudantil, custeio das instituições e pesquisas científicas
▶ Natural de Cabo Frio, na região dos Lagos,
Thaís Marques, 19 anos, se mudou para Niterói, no Rio de Janeiro, para estudar Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). Para se manter na universidade e ajudar a irmã, que é estudante do curso de Biomedicina, ela compartilha seu único ganho: uma bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no valor de R$ 400. “Entramos numa fase bem difícil financeiramente porque meu pai ficou desempregado. Em 2018, começamos a fazer ‘coisas por fora’, vender bolo, fazer trança. Já aconteceu de a gente pegar o dinheiro e ir direto para o mercado comprar o que comer”, conta. Recorrer aos “bicos” para se manter na universidade é um caminho comum de muitos estudantes da graduação. “E essa situação pode piorar. O corte de verba anunciado pelo Ministério da Educação traz a perspectiva de que o orçamento do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) não avance”, alerta Cassiana Simões, coordenadora de assistência estudantil da universidade. Ela aponta que o perfil socioeconômico ainda é determinante para permanência na universidade. Ainda que tenha impacto direto nas verbas que são destinadas a pagar contas de água, luz e serviços terceirizados, o corte no MEC também poderá atingir os alunos que fazem parte do Pnaes. O programa, criado em 2008 pelo governo Lula, apoia a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação das instituições federais de ensino superior com auxílio moradia, alimentação, transporte e creche.
Educação sob ataque
▶ Para o professor aposentado Paulo Arantes,
do departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), “depois dos cortes, virá a privatização do ensino". Ele aponta que, com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), a educação pode ser atingida pelos planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que defende a transferência das políticas de Estado para a iniciativa privada. A irmã do ministro, Elizabeth Guedes, é presidenta da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup), entidade que representa monopólios educacionais privados.
Manobra
▶
Após anunciar cortes em torno de 30% do orçamento da Educação, Bolsonaro disse que liberaria uma verba de R$ 1,6 bilhão para que fossem reinvestidos no setor. A professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Esther Dweck, afirma, no entanto, que não houve recuo, mas sim uma manobra do governo para simular uma devolução do valor. “Em 2 de maio, o governo fez um corte que não contou para ninguém. Foram mais R$ 1,6 bilhão, além dos R$ 5,8 bilhões anunciados em março. Eles fizeram esse bloqueio preventivo sem anúncio. Em 22 de maio, quando saiu o relatório bimestral, que avalia o que está acontecendo com as receitas e despesas, eles viram que não era necessário fazer esse bloqueio extra de R$ 1,6 bilhão e devolveram esse valor. O corte está mantido, não houve recuo”, apontou a professora.
são filhos de mães que não têm curso superior
51%
são negros
Concluíram o ensino médio em escola pública:
2003
2019
37%
60%
Cortes na educação 30 DE ABRIL
Governo anuncia corte de 30% no orçamento de três universidades públicas (UnB, UFBA e UFF) com justificativa de “balbúrdia”.
1° DE MAIO
Ministro da Educação, Abraham Weintraub, estende cortes para todas instituições federais. Um total de R$ 5,8 bilhões.
2 DE MAIO
Bolsonaro bloqueia mais R$ 1,6 bilhão sem fazer anúncio. Corte total chega a R$ 7,4 bilhões.
15 DE MAIO
Greve Nacional da Educação reúne milhões de pessoas em todos os estados.
22 DE MAIO
Governo desbloqueia R$ 1,6 bilhão do orçamento da Educação. Corte de R$ 5,8 bilhões é mantido.
30 DE MAIO
Novo ato nacional mobiliza 1,8 milhão de pessoas contra cortes na educação e reforma da Previdência.
Fonte: Andifes
Bolsonaro ameaça a educação pública
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
Paulo Freire: mestre da educação ▶ O educador pernambucano, autor de quase
Ato em São Paulo em frente ao MASP, no dia 15 de maio, contra cortes em universidades públicas
Mídia NINJA
Atos lotam ruas em defesa da educação ▶ Dois grandes atos em defesa da Educa-
ção, nos dias 15 e 30 de maio, mobilizaram juntos mais de 3 milhões de pessoas em cerca de 200 cidades em todos os estados. O Levante pela Educação reagiu aos cortes de mais de 30% em instituições federais de todo o país. Os manifestantes também protestaram contra a proposta de reforma da Previdência, que ameaça o direito à aposentadoria. A próxima mobilização está marcada para 14 de junho com a greve geral contra a reforma da Previdência. “Não é só [corte] nas universidades públicas. Vai desde a educação infantil até a pós-graduação. O que está por trás? A privatização. Pagar mensalidades nas universidades. Isso nós não vamos permitir. Quem produz ciência e tecnologia para a sociedade são as universidades públicas. Elas são um patrimônio público porque são pagas com impostos”, disse a deputada estadual Maria Izabel
Manifestações reivindicam prioridade do governo para educação
Noronha, a Bebel (PT), que é presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Cortes na educação básica ▶
Em 2007, os investimentos no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) eram de R$ 6 bilhões. Em 2013 e 2014, o orçamento chegou a R$ 17,5 bilhões, incluindo também construção de creches e escolas em tempo integral. Hoje, o orçamento está em R$ 5 bilhões. “Essa foi a maior queda proporcional, sem dúvida alguma”, apontou Esther Dweck, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nelson Almeida | AFP
40 obras, é um dos brasileiros mais homenageados no mundo. Paulo Freire ganhou dezenas de títulos de doutor honoris causa de universidades da Europa e da América. Em 1986, recebeu o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para a Paz. O modelo educacional de Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira, parte do princípio da humanização do ensino e do reconhecimento da história e da cultura do aluno que, junto com o professor, vai construindo o processo de aprendizagem. Em vez de cartilhas, ele trabalhava conceitos da realidade. Para um trabalhador rural que pouco cultivou as letras, mais do que juntar as sílabas e compreender que está escrito ‘tijolo’, por exemplo, era necessário entender quem faz o tijolo, quem são os que constroem as casas e quem são os donos delas. Durante a ditadura civil-militar brasileira (1964 - 1985), o método de alfabetização do pedagogo foi considerado uma ameaça à ordem. Paulo Freire precisou ficar exilado durante 16 anos em outros países. A obra revolucionária do educador faz com que ele seja o terceiro cientista brasileiro mais citado em trabalhos acadêmicos da área de humanas no mundo, segundo levantamento do Google Scholar.
Arquivos Paulo Freire
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ED. ESPECIAL Nº 11 / CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
Trabalhadores farão greve geral em 14 de junho Mais de 40 milhões cruzaram os braços contra a reforma da Previdência em 2017
▶▶Pesquisa do Instituto Datafolha, de abril,
aponta que 51% dos brasileiros são contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n°6 apresentada ao Congresso Nacional por Jair Bolsonaro (PSL). Nos últimos anos, apesar da insistência dos governos de Michel Temer
ARMANDINHO
(MDB) e Bolsonaro para aprovar mudanças na aposentadoria, as mobilizações de trabalhadores têm resistido às alterações. Um exemplo é a greve geral de 2017, que impediu que o texto proposto por Temer fosse à votação. Uma nova greve está marcada para 14 de junho. Todas as centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo se uniram com a promessa de parar inúmeras categorias e mobilizar movimentos populares, assim como foi em 2017. Alexandre Beck
Algumas categorias que vão parar: ▶▶ Motoristas de ônibus, ferroviários e metroviários
▶▶ Metalúrgicos
▶▶ Professores de instituições públicas
▶▶ Trabalhadores da construção civil, da indústria têxtil e da alimentação
▶▶ Petroleiros
▶▶ Químicos
COMO PARTICIPAR →→ Enviar mensagens nas redes sociais →→ Conversar com amigos e familiares →→ Participar de atividades das centrais sindicais ou de movimentos populares →→ Formar comitês de mobilizações na escola ou no trabalho →→ Participar de assembleias da sua categoria →→ Paralisar atividades no dia 14 de junho Fonte: Frente Brasil Popular
Ato em defesa da educação no dia 15 de maio em Brasília. Manifestações mobilizaram milhões de pessoas em todos os estados contra cortes de 30% em instituições federais. Entidades sindicais e movimentos populares apostam que os protestos reforçam a adesão à greve geral de 14 de junho. A ideia é repetir a greve contra o fim da aposentadoria em 28 de abril de 2017, quando 40 milhões de trabalhadores paralisaram as atividades. Sérgio Lima | AFP
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Expediente: Edição especial. Circulação nacional gratuita. Junho/2019 | Reportagem: Ana C aldas, C amila Maciel, Clívia Mesquita, Juca Guimarães, Lu Sudré, Mariana Pitasse e Vinícius Sobreira | Edição: C amila Maciel e Nina Fideles | Revisão: Bia Pasqualino | Jornalista responsável: Nina Fideles (MTB 6990/DF ) | Artes e diagramação: Fernando Badaró, Fernando Bertolo e Michele Gonçalves | Contato: brasildefato.com.br / jornalismo@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
BRASIL
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Quem mais morre no Brasil Nossos são jovens e negros do direitos DESCONFIO QUE MEU EMPREGADOR NÃO Norte e Nordeste ESTÁ DEPOSITANDO MEU INSS E FGTS... ATLAS DA VIOLÊNCIA Estudo ressalta risco de violência aumentar com flexibilização do uso de armas de fogo
O
Atlas da Violência 2019, estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que o Brasil teve 65,6 mil assassinatos em 2017, ano ao qual se referem os dados, obtidos via Ministério da Saúde, a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Por ser mais amplo do que outros estudos ancorados apenas em informações das polícias e secretarias de segurança, o Atlas revela algumas novidades. Entre elas, que os
homicídios cresceram mais nas regiões Norte e Nordeste. Quem mais morre de forma violenta no país, constata o estudo, são jovens e negros dessas regiões. O estudo alerta ainda para o aumento da violência contra mulheres e população LGBT. Armas de fogo Na coletiva de lançamento do Atlas na quinta-feira (6), o coordenador do estudo e pesquisador do Ipea, Daniel Cerqueira, destacou que os decretos pela flexibilização do
porte de armas ampliam os riscos de homicídio no país. No caso da violência contra as mulheres, o estudo mostra que 28,5% dos assassinatos ocorreram dentro de casa, o que indica o uso de armas de fogo. Pesquisa do Ipobe divulgada no começo de junho mostra que 73% da população brasileira é contra a liberação do uso de armas. Na coletiva, o presidente do Ipea, Carlos von Doellinger, discordou das conclusões do estudo e defendeu a posse de armas “ao cidadão de bem”.
A C O V N O C G M / TE
SIND-U
E V E GR L A R E G
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As obrigações de pagamento do INSS e FGTS são mensais, e a não realização prejudica o Fundo de Garantia do Trabalhador e a contabilização das suas contribuições ao INSS para fins de aposentadoria e recebimento de outros benefícios. Se você tem dúvidas, ou quer acompanhar a realização dos depósitos, é possível fazer o acompanhamento pela internet, pelos seguintes portais: https://meu.inss.gov.br e http://www.fgts.gov.br.
Jonathan Hassen é advogado popular
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S A D L A T O T O Ã Ç A S I L PARA S E R S E S A ESCOL IS A N IO G E R E IS A C O L ATOS
A D A 9 1 M 0 2 R O JUN/ F E R A I A C R T N N E D I O C V E R P CONCENTRAÇÃO 9h30 Praça Afonso Arinos /BH
Em ambas as páginas, faça o cadastro de acesso. Para o cadastro do acompanhamento do FGTS, tenha em mãos o número do NIS/PIS/PASEP para cadastrar a senha. Para o acompanhamento do INSS, clique em “Login” e em seguida em “Criar conta”. Preencha os dados pessoais. Feito o cadastro, será possível visualizar as informações de depósito de todos os empregadores em todos os meses.
PARTICIPE!
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Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
Encontro reúne mais de 20 mestres populares em Lagoa Santa
Roteiro
Blues e Jazz na Praça JK
Divulgação
TROCA DE SABERES Lapinha Museu Vivo reúne cultura de matriz africana e indígena, de 14 a 16 de junho Divulgação
Neste domingo (9) rola o 5º Festival BB Seguros de Blues e Jazz em BH. É das 11h às 19h, na Praça JK (rua Prof. Melo Cançado, 76). Além de
grandes nomes da música mundial, estão programadas atividades para as crianças. Saiba mais: festivalbbseguros.com.br. Gratuito.
Quarteirão do Soul Rafaella Dotta
C
om a recepção de quase 20 mestres e mestras populares, acontece, nos dias 14, 15 e 16 de junho o Lapinha Museu Vivo no Mês de Santo Antônio 2019, em Lagoa Santa (MG). O evento é organizado anualmente e proporciona vivências com a capoeira, a medicina popular, dança, tambor de crioula, candombe, samba e mais uma enorme gama da cultura indígena e negra brasileira. Quem organiza o evento é a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (Acesa) e a Irmandade dos Atores de Pândega. Construído há 16 anos, o encontro estimula as trocas de saberes. O anfitrião é o Mestre João Angoleiro, que recebe Mestre Dunga, Mestre Bigo (Bahia), Mestra Cristina (Maré, RJ), Mestre Zequinha (Goiás), Mestre Índio, Mestre Jurandir, Mestre Leo, Mestre Gercino, o brincante Mestre Faria, Mestre Chico Broca e Mestre Paulo (Maranhão) do tam-
bor de crioula, o compositor e dançarino Mestre Mamour Ba, o sambista Mestre Conga, Dona Elisa e outros. Também estarão presentes o Candombe do Mato do Tição, o Candombe da Várzea, o Reinado de Nossa Senhora do Rosário e os índios xacriabás, pataxós e maxacalis. “Este ano vamos homenagear o mestre Pastinha, com 130 anos de capoeira angola, que é o ancestral maior da nossa linhagem, e a Luzia, que é o fóssil de 12.500 anos encontrado na gruta da Lapinha”, afirma Mestre João. Tudo na base da cooperação O encontro deste ano é feito sem nenhum recurso financeiro governamental, explica a contramestra da Acesa, Flavia Soares. “Estamos fazendo tudo na base da cooperação, inclusive pra fortalecer a cozinha, que é o coração do evento”, afirma. Ela defende que o evento não seria cancelado devido a dificuldades que “o sistema im-
põe”, e que o Lapinha será fruto da militância cultural. Mestre João destaca ainda que o evento foi feito por meio de bioconstrução, usada para levantar os banheiros secos, a cozinha, os móveis e toda a estrutura do evento. “Nós acreditamos que a revolução vai vir daí, dos novos valores de cooperação e de entendimento. Assim vamos salvaguardar o Brasil de um colapso”, defende.
O grupo é tradicional na cultura de BH e no dia 16 terá encontro marcado no Parque Municipal (av. Afon-
Perifeira
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so Pena, 1377). Dançarinos e dançarinas curtem a música negra das 9h30 às 14h. Gratuito.
Divulgação
AGENDE-SE Lapinha Museu Vivo no Mês de Santo Antônio 2019 Dias 14 a 16 de junho Local Praça Dr. Lundi, Lagoa Santa (sexta) e Gruta da Lapinha, Sítio do Luís (sábado e domingo) Informações facebook.com/ lapinhamuseuvivo
A feirinha acontece na terça (11), no CRJ (rua Guaicurus, 50), e conta com expositores, flash tattoo, trança-
deiras e muito mais. Vai ter música ao vivo e correio elegante para os solteiros, hein? É das 16h às 21h. Gratuito.
Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
ESPORTE
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Creative Commons
CURTA E GROSSA
Mídia comercial: os melhores advogados de Neymar Mauro Pimentel / AFP
Mariana Pitasse, do Rio de Janeiro
Se juntas já causam, imagina U juntas! Mulheres se unem para ver Copa Feminina Raíssa Lopes
É
aquela história: imagina que lindo ver mulheres, junto de outras mulheres, torcendo por mulheres na Copa das mulheres! A empolgação é grande porque, embora seja a 8ª Copa feminina da Fifa, é a primeira vez que o torneio será exibido em TV aberta no Brasil. Os jogos começam na sexta (7) e vão até o dia 7 de julho, na França. A seleção canarinha estreia contra o time da Jamaica, domingo (9), a partir das 10h30. “É histórico levar o rosto das mulheres para o futebol. Neste esporte só falam dos mesmos nomes, que são de homens, além de ser uma atividade que reproduz inúmeras violências contra nós”, relata Letícia Peret, da Marcha Mundial das Mulheres, movimento que organiza transmissões em Belo Horizonte. O encontro acontece na Casa Socialista, às 9h. Letícia conta que é para ir todo mundo – homens, meninas, meninos. A ideia é celebrar,
movimentar a cidade e os espaços públicos. As mulheres jogam e assistem muito futebol. Natália Andrade faz parte do núcleo mineiro do Movimento Feminino de Arquibancada, que representa torcedoras e amantes do esporte em todo o país. Elas se juntam sempre que possível para analisar, discutir sobre seus clubes e curtir os jogos. Natália lembra que falta incentivo e há muito descaso da Confederação Brasileira de Futebol. “O Vadão [técnico da seleção] perdeu os últimos nove jogos e está levando o time para a Copa do Mundo. É impossível isso acontecer na Seleção masculina, que troca de técnico quando perde a Copa América. Já a Emilly Lima, que era uma treinadora com projeto consistente a longo prazo, perdeu quatro jogos e foi
demitida”, reflete. O receio, segundo a torcedora, é que, caso a comissão técnica fracasse, a culpa recaia sobre as jogadoras. “Fora isso, é muito legal ver tanta mulher se reunindo para acompanhar o futebol feminino, apoiando, cobrando valorização. Essa união importa muito, são mulheres por mulheres”, comemora Natália.
ESCOLHA UM LOCAL TRANSMISSÃO BRASIL X JAMAICA OURO PRETO DCE da UFOP (embaixo do RU), 9h30 VIÇOSA Bar do Cabelo (av. Santa Rita, 07), 10h JUIZ DE FORA DCE da UFJF, 9h30
As mulheres jogam e assistem muito futebol
BELO HORIZONTE Casa Socialista (av. Bernardo Monteiro, 60), 9h
ma mulher registra ocorrência por estupro. Em depoimento, diz que o parceiro teria ficado subitamente agressivo e usado de violência para praticar relação sexual não consentida. O laudo médico apresenta sinais de agressão e estresse pós-traumático. O acusado desmente a história. Esse poderia ser apenas mais um entre os 135 casos de estupro registrados por dia. Porém, o acusado é Neymar, um dos jogadores mais bem pagos do mundo. Por isso, o caso tomou as páginas dos jornais. A acusadora foi exposta de diferentes formas. Para “sensibilizar” a opinião pública, Neymar divulgou vídeo dizendo ser inocente, além de conversas pelo Whatsapp e imagens íntimas da acusadora. Isso não foi um equívoco, mas uma escolha. Neymar preferiu cometer crime virtual para dialogar com pessoas que acham que mulher que envia fotos íntimas pela internet é necessariamente “aproveitadora” e “interesseira”. Nessa leitura rasa, ignora-se que a intimidade exposta para milhões de pessoas não diz nada sobre a acusação de estupro. Jornalistas passaram o recibo de que a acusadora tenta se aproveitar do “menino Ney”.
O Jornal Nacional trouxe um panorama do caso e ressaltou o depoimento de um ex-advogado da mulher. Ele disse que o estupro não ocorreu. A reportagem divulga o nome da nova advogada de defesa da mulher, ainda que ela não tenha dado autorização para isso, desrespeitando o sigilo das fontes. A Globo também expõe frases soltas da conversa. A invasão de privacidade por jornalistas, com a justificativa de mostrar a “real versão dos fatos”, não terminou aí. Em reportagem do jornal O Globo, a família da moça é procurada e sua mãe informada sobre o caso a partir da repórter. Dias depois, uma matéria do portal UOL evidencia que o filho da mulher, de cinco anos, está sofrendo com chacotas por conta da repercussão do caso. A mulher teve sua versão contestada de forma pública. Mas tudo parece legítimo quando a motivação é “dar o furo” de reportagem. Na lógica do jornalismo, é necessário apresentar respostas antes mesmo das investigações. Tudo com base na “isenção e imparcialidade”. Comprovada ou não a acusação, a sentença já está dada: a mulher é sempre a ponta vulnerável. Não à toa, segundo o Atlas da Violência, são cerca de 1300 estupros por dia no país – dos quais apenas 135 são notificados.
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Belo Horizonte, 7 a 13 de junho 2019
Mulheres fazendo história!
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA CBF
Ricardo Stuckert /CBF
“Acho que essa vai ser a Copa do Mundo mais difícil de todas, as seleções estão muito equilibradas e o nível do futebol feminino cresceu muito. Essa Copa vai ser a mais bonita, em termos de transmissão e de jogos”
Izabela Xavier
N
este mês, começa a Copa do Mundo Feminina, na França, com o ponta pé inicial marcado para 7 de junho. A anfitriã abre a competição contra a Coréia do Sul, no imponente Parque dos Príncipes, estádio em Paris onde o PSG manda os seus jogos. Essa edição já está fazendo história! Além de os franceses terem se preparado como nunca para receber a festa, com recorde de ingressos vendidos, a transmissão dos jogos será a maior registrada para o evento, tanto pela TV aberta, jornais, canais por assinatura e redes sociais.
No Brasil, diversos canais contam com grande equipe jornalística para cobrir as partidas, além de que algumas empresas, inclusive, irão liberar seus funcionários para assistir às brasileiras. Repercussão mais do que merecida às nossas atletas, ainda tão negligenciadas por aqui. Quanto à equipe brasileira, os últimos resultados não fo-
Mais do que nunca, estamos na torcida
Erros que se acumulam
ram bons. A equipe comandada pelo contestado técnico Vadão engatou nove derrotas consecutivas, mas, ainda assim, nossa Seleção tem a força do elenco para ir longe: Marta, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo, Formiga, a atleta, entre homens e mulheres, que mais disputou edições de Copa, Andressa, craque do Barcelona, Cristiane, artilheira e camisa 9 do São Paulo, a goleira Bárbara, dentre outras. Então, anota aí: Brasil joga dia 9, às 10h30, contra a Jamaica. Mais do que nunca, estamos na torcida!
Andressa Alves, atacante da Seleção Brasileira, sobre a Copa do Mundo feminina, que começa na sexta-feira (7). A estreia do Brasil é dia 9, contra a Jamaica.
Grandes responsabilidades
Mais cautela
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Elenco limitado, falta de testes e contratações durante o Campeonato Mineiro, escalação precipitada de reforços recém-chegados, erros na escolha do time titular e desentrosamento estão fazendo o desempenho do América ser bem abaixo do esperado, perdendoDecacampeão pontos que futuramente serão preciosos. A escolha por contratados que sequer tinham jogado em 2019, como o goleiro Thiago e o volante Luiz Fernando, são um menosprezo aos atletas da base, que há tempos esperam suas oportunidades. Também não faz sentido insistir com laterais que não correspondem, com volantes que não acrescentam ofensivamente, com atacantes que só aguentam jogar um tempo e com um centroavante que nunca finaliza.
Dois confrontos com o Santos em menos de quatro dias – na quinta-feira (6), pelas oitavas de final da Copa do Brasil, e no domingo (9), pela oitava rodada do Brasileirão. A primeira vale a vaga nas quartas-de-final e, a outra, a liderança ou o segundo lugar. Uma semana É Galo decisiva, depois de dois doido! triunfos, na Sul-Americana e no Brasileiro. Contra o CSA, no último final de semana, o time desencantou e fez muitos gols. O adversário ajudou, é bom ressaltar, mas o Galo não se valeu apenas da raça. Esperamos que a evolução técnica e tática se consolide, mesmo que os desafios, a partir de agora, se tornem ainda mais árduos. Visibilidade e potencial trazem grandes responsabilidades.
Salve, nação azul! Na quarta (5), diante do Fluminense, o cabuloso ensaiou uma verdadeira catástrofe no Mineirão. Após uma jogada estabanada de Dedé, o Flu converteu a penalidade e saiu na frente. Em desvantagem, o Cruzeiro pressionou e virou com LaA torcida Bestia Negra Thiago Neves. não contava era com o empate, muito em função de termos dado espaço ao adversário. De todo modo, seguimos vivos na Copa do Brasil. Nos últimos jogos, a equipe mostrou boa capacidade de reação. A parada para a Copa América vem aí e não podemos deixar a peteca cair. O caos administrativo pode prejudicar nosso ano. Mesmo com a classificação, o momento exige mais cautela que comemoração. Saudações celestes!