Área de Serviço
Reprodução
Ciência na periferia
Se aqueça neste inverno Confira dicas baratas e fáceis para manter sua casa quentinha na estação mais fria do ano
Com tecnologia, arte e um bocado de gambiarra, jovens dão aula de robótica e eletrônica
VARIEDADES 12
CIDADES 4
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019 • edição 288 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Tânia Rêgo / Agência Brasil
TRABALHAR DOMINGOS E FERIADOS, SEM RECEBER MAIS
EBC
Agência Brasil
Lava Jato dissolveu um projeto de desenvolvimento que tinha a Petrobras no seu centro ENTREVISTA 11 Rafaella Dotta
Funcionários poderão ser convocados aos domingos e feriados, sem receber dobrado. Trabalhadores do comércio e do turismo serão os mais impactados BRASIL 9
Depois de aumentar a tarifa, governo Bolsonaro tenta privatizar metrô CIDADES 5
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Editorial | Brasil
Nos estádios, isto se chama “roubo” “O que mais ele pode fazer? Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz o jornalista de The Intercept Brasil. Moro está condenado a ser supliciado como supliciou centenas de pessoas, aí incluídos inocentes, culpados, suspeitos, acusados, condenados e suas famílias. É o peixe fisgado que se debate no anzol. Que o pescador
Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz Glenn
ESPAÇO DOS LEITORES “Vale a leitura” Lucas Botelho comenta a coluna de ciências “Meu celular me faz mal! O que fazer?” “Gosto muito da palavra ‘mãe ‘. Tem tanto jeito diferente de pronunciar, cada um mais gostoso que o outro. Eu também adoro ser mãe, agradeço a Deus por ter me proporcionado esta honra.” Maria Goulart fala qual sua palavra favorita na língua portuguesa, que foi a pergunta da semana da edição 287 “Viva a resistência, especialmente, a espiritual. Que vença o bem, a fé e o amor” Vanda Maciel comenta sobre a matéria “Povos de terreiro do Brasil se reúnem em MG para pensar estratégias de resistência” “Sempre esperei por isso. Tudo evidenciava um grande conluio entre a Lava Jato e a imprensa” Creuza Pires escreve sobre o artigo de João Paulo Cunha “Imprensa golpista leva furo”
puxa, sujeita e concede linha. Para novamente puxá-lo. Incansavelmente. As trocas de mensagens com procuradores da República no Telegram mostram que Moro construiu uma farsa. Sob as luzes, posava de paladino da justiça. Nas sombras, trabalhava para sabotá-la. A Lava Jato custou a devastação da indústria nacional, a explosão do desemprego, a criminalização da política, o colapso da soberania e a ascensão do neofascismo. Tudo com a complacência das cortes superiores e a cumplicidade da mídia corporativa. Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa. Como um árbitro que, numa partida de futebol, discutisse táticas, jogadas e a escalação de jogadores com o técnico de uma das equipes visando a prejudicar o adversário. E sempre posando de imparcial. Nos estádios, isto se chama “roubo”. E todas as torcidas sabem muito bem – e gritam – o nome de quem age assim. E ele – como Moro – nada pode fazer.
Lava jato: a democracia em perigo As revelações do submundo da Lava Jato confirmam o que se denunciava há tempos: a atuação parcial e militante do ex-juiz Sérgio Moro junto com procuradores para condenar sem provas o presidente Lula e retirá-lo da eleição de 2018. Os diálogos entre Moro, Dallagnol e outros procuradores eliminam qualquer ilusão. Em nome do suposto combate à corrupção, cometeram-se crimes como prevaricação, formação de quadrilha, corrupção passiva e violação de sigilo funcional. Eis porque a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu o afastamento de Dallagnol e demais procuradores e a demissão de Sérgio Moro do ministério da Justiça, já que a Polícia Federal, responsável pela investigação, não pode seguir subordinada ao ex-juiz acusado. Até parte da imprensa comercial abandonou o ex-
OAB pediu afastamento de Dallagnol e Moro -juiz. Restou apenas a Globo, afinal, a promiscuidade entre Lava Jato e Globo no vazamento seletivo de informações sigilosas é notória. Por isso a tentativa de desqualificar The Intercept, dando como certo que sua fonte seria um hacker, que o material seria ilegal e não poderia ter sua autenticidade averiguada. Greenwald, todavia, apenas preserva o sigilo da fonte, um dos princípios do jornalismo.
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Luiz Lagares e Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Anarriê, as festas juninas e julinas estão aí! Época de brincar de quadrilha, pular fogueira e comer as delícias de quitutes. E pra entrar no clima, responde pra gente:
O que você mais gosta na festa junina?
Tem muitas coisas que eu gosto, mas o que eu mais gosto é canjica e quentão. Eu fico esperando chegar essa época porque lá no meu bairro a quadrilha é super animada e também tem muitas brincadeiras.
A comida! Sem dúvidas. Eu gosto da canjica, quentão, caldos... Tudo de comer é muito bom! Eu vou com a minha família num restaurante que tem lá perto de casa, eles fazem comidas típicas, a gente adora.
Weverton Batista Operador de caixa
Bianca Stephanie Desempregada
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GERAL
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Número da Semana É a quantidade de cocaína encontrada na mala de Manoel Silva Rodrigues, sargento da Aeronáutica brasileira, na terça (25), na Espanha. O oficial estava em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que fazia parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que participará da reunião do G20 em Osaka, no Japão.
39 quilos
PLANTAS MEDICINAIS DE MINAS
O livro digital “Tratado das plantas medicinais mineiras”, organizado pela farmacêutica Telma Sueli Mesquita Grandi, reúne 1200 páginas com informações sobre plantas medicinais de Minas Gerais. Além de ilustrações em aquarela, a publicação apresenta informações sobre toxicidade, melhor forma de preparo, nomes populares e até contraindicações das plantas. O acesso é livre pelo link: tinyurl.com/y4y76h3j
CADASTRO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL DE BH Até o dia 5 de julho está aberto o cadastro para o ingresso de crianças na Educação Infantil de Belo Horizonte para o ano que vem. Além da pré-escola, também podem ser inscritas crianças entre 0 e 2 anos. O formulário está disponível no link tinyurl.com/yxsqxp9y e o resultado será divulgado no final de agosto. Divulgação
Declaração da Semana “Comecei a gravar ‘Democracia em Vertigem’ nas ruas. Vi o julgamento de Dilma. Aí Temer foi indiciado. Lula, preso. Veio a eleição. Com as revelações do Intercept, pergunto: onde começa e onde termina essa história?”
Twittou Petra Costa, diretora do documentário lançado na última semana no Netflix.
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CIDADES
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Crianças do Alto Vera Cruz aprendem ciência, tecnologian e a arte da gambiarra FAÇA VOCÊ MESMO Projeto desenvolvido na favela incentiva a criatividade e ensina princípios da eletrônica e da robótica fotos / Área de Serviço
Larissa Costa
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Eu animei e vi as ideias crescerem. As ideias vêm, né?” Foi assim que Hiago Wenderson, de 13 anos, começou a contar sobre seu projeto desenvolvido no Favela Hacklab, iniciativa que junta iniciação à robótica e à eletrônica com improvisação e muita gambiarra. Fruto da parceria entre a plataforma Gambiologia e a ONG Arebeldia, o Favela Hacklab é um clube de arte, ciência, tecnologia e diversão no Alto Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte. Durante 11 encontros, cerca de 15 crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos participaram de oficinas nas quais aprenderam ligação direta, ligação paralela, solda. Essas e outras técnicas foram usadas para construir lanternas e robôs a partir de materiais recicláveis. Inspirado pela cultura maker, em que qualquer pessoa pode construir, consertar, modificar e fabricar diversos objetos com as próprias mãos, a última etapa do Favela Hacklab consiste em cada criança construir um projeto próprio que fará parte de uma exposição na última semana de agosto deste ano. O projeto de Hiago é uma televisão, feita com pedaços de madeira, bonequinhos aproveitados e muitas luzes de led que ele mesmo fez. “Vão ter três bonecos dentro, um goleiro de um time e outro de outro time. As luzes de led vão ficar atrás do goleiro para dar um ‘tchan’, como se fossem holofotes.
A ARTE DA GAMBIARRA
Na última etapa do Favela Hacklab, em agosto, cada criança vai construir um projeto próprio que fará parte de uma exposição Por cima, vai ter uma luz igual à de um museu. Vai ter também um controle e umas luzes que vão piscar, para fi-
car tipo as câmeras”, explica detalhadamente. Seu projeto simula um jogo de futebol transmitido pela TV. Fred Paulino, que se apresenta como catalisador do Gambiologia, é uma das pessoas que conduzem as crianças nas oficinas. Ele – que atua na área há mais de dez anos – conta que o Favela Hacklab foi pensando, desde o início, para ser um programa que permitisse um aprofundamento de conteúdo, agregando outros elementos para além da arte e da eletrônica, como empreendedorismo, moda e ecologia.
A expectativa é que o projeto continue no próximo semestre, o que vai depender de financiamento. Na opinião de Fred, o resultado do projeto foi surpreendente. “Foi mais lúdico do que eu imaginei, mais inspiracional, e com pinceladas de conteúdo bem básicos, que é onde eles conseguem chegar. A gente viu que ia ser importante educá-los eles não só ensinando coisas de gambiologia, mas sobre lida, cuidados com o espaço, com os materiais, com quem está do lado. E isso foi muito bem-sucedido”, avalia.
Gambiologia é uma plataforma, surgida em Belo Horizonte, em 2008, que propõe projetos relacionados à tradição da gambiarra, que envolve cultura brasileira e arte eletrônica. Como ações, são realizadas exposições coletivas, como a “Gambiólogos/Maquinações” e a publicação da “Facta – revista de Gambiologia”. Além disso, a plataforma propõe ações educativas, como o Favela Hacklab. “A favela é o espaço original da gambiarra. E o projeto, de certa maneira, tem o caráter de estabelecer pontes entre universos. É a gente vir aqui e aprender um pouco do contexto deles e também trazer uma pouco da nossa experiência”, conta Fred.
SAIBA MAIS Para mais informações acesse www.instagram. com/gambiologia.oficial
ANÚNCIO
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MINAS
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Depois de aumentar a tarifa, governo Bolsonaro agora tenta privatizar metrô
MOBILIDADE Até março de 2020, preço da passagem vai chegar a R$ 4,25 Taís Alves
A Assembleia Legislativa busca caminhos para Minas superar a crise. Os mineiros têm 135 bilhões* de reais a receber do Governo Federal. Com esse acerto de contas, Minas quita sua dívida de 87,2 bilhões** e terá a receber 47,8 bilhões. Desses, 33,6 bilhões são dos municípios. Agora, a Justiça decidiu que essa conta deve ser paga, e a União terá que compensar o estado de Minas e seus municípios por todas as perdas de arrecadação causadas pela Lei Kandir. Essa é uma decisão importantíssima para a retomada do desenvolvimento do nosso estado.
Isso é Minas Gerais. Isso é Minas demais. *Estimativa do Poder Executivo/MG sobre o valor que deixou de ser arrecadado entre 1997 e 2015 em decorrência da Lei Kandir. **Fonte: Balanço Geral do Estado/dezembro 2016.
Saiba mais
almg.gov.br
Wallace Oliveira
A
pós os aumentos escalonados na tarifa do metrô de BH, que vai chegar a R$ 4,25 em março do ano que vem, o governo de Jair Bolsonaro indica que pretende mesmo privatizar o serviço. Na segunda-feira (24), foi publicada a Resolução nº 60 do Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) da Presidência da República. O documento opina a favor da inclusão da CBTU, empresa responsável pelo metrô de BH e de outras quatro capitais, no Programa Nacional de Desestatização. Para André Veloso, do Movimento Tarifa Zero, o governo federal já tem adotado medidas para sucatear e encarecer o serviço, a fim de entregá-lo aos empresários. “Os trens já estão bem mais lotados e espaçados, a tari-
Uma tarifa subsidiada, como tivemos durante 13 anos, com o preço a R$ 1,80, é algo que não vai se repetir”, diz secretário do governo fa está aumentando. Isso é para tornar bem mais lucrativo esse serviço. Então, já há uma movimentação para privatizar”, recorda. Qualidade pode piorar Na Resolução 60, o governo alegou que, com a privatização, pretende ampliar oportunidades de investimento e emprego e melhorar a qualidade do serviço no país. André Veloso discorda desses argumentos. “No mundo inteiro, uma
série de serviços foram privatizados e a qualidade piorou. Agora, sobre a possibilidade de ampliar postos de trabalho, isso não faz sentido. A quantidade de empregos que o metrô gera seria a mesma no serviço público ou privado”, pontua. O Secretário de Obras Estratégicas e Fomento do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), José Carlos Medaglia Filho, em entrevista à Rádio Gaúcha, salientou que “uma tarifa subsidiada, como tivemos durante 13 anos, com preço de R$ 1,80, é algo que não vai se repetir”. “Não são pretendidas tarifas subsidiadas e também não podemos pensar em trabalhar com tarifas que sejam superiores às do sistema de integração”, afirmou José Carlos Medaglia. Seguindo as indicações da Resolução 60, o governo deve leiloar a CBTU no segundo semestre de 2022.
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Opinião
Zema quer cassar o povo
Deputados aprovam lei com direitos para atingidos por barragens
Flávia Bernardo
João Paulo Renato Cobucci/ Imprensa MG
Não há limite para a desfaçatez do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Depois de cortar mais de 81 mil vagas de tempo integral nas escolas públicas estaduais e sofrer uma merecida repulsa dos alunos, pais, professores, deputados e movimentos populares, resolveu divulgar esta semana que está reabrindo cerca de 30 mil vagas. A secretária de educação do estado, Júlia Sant’Anna, fez o anúncio como se apresentasse um avanço e não um recuo. Para a secretária, trata-se agora de uma nova modalidade de ensino integral, com maior qualidade, que será levado a mais escolas ainda este ano, embora não chegue perto do número de cortes feitos. Bem sintonizada com a retórica do chefe, obcecado com cortes e fluxo de caixa, a carioca Júlia Sant’Anna parece não conhecer a riquíssima trajetória da educação em Minas. Nem a força do setor. O impacto na vida dos alunos e de suas famílias é imediato. São jovens que perdem referência, conteú-
dos formais e convivência em ambiente saudável. Milhares de mães não têm com quem deixar os filhos e com isso tiveram suas rotinas destroçadas, muitas delas pararam de trabalhar.
Governador quer privatizar sem consulta ao povo O divórcio com o povo, marca da gestão Zema, registrou novo tento com o anúncio do governador de que encaminhará para a Assembleia Legislativa uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limar a exigência de referendo para privatizar estatais. Na mira, também sob a retórica da recuperação fiscal, a venda da Cemig, Copasa e Codemig, que fazem parte do pacote de sonho de consumo do mercado. O fato de a necessidade de consulta ao cidadão para a venda das estatais constar na Constituição é algo cristalino e imperativo: as em-
presas não são do governo, são do povo. O referendo é o instrumento incontornável e cabe à Assembleia manter sua obrigatoriedade. As empresas estatais existem para gerar desenvolvimento, não para equilibrar o caixa. O governador, como comerciante de origem e formação, marcado pela lógica do consumo, não gosta do setor público, dos funcionários púbicos, das políticas públicas. Comete dois equívocos típicos de seu meio empresarial: o imediatismo dos ganhos que se dissipam sem deixar nada no lugar e o desconhecimento da gestão pública, voltada não para o lucro pontual, mas para o desenvolvimento, no sentido amplo e solidário. O governador de Minas desponta para a irrelevância por características próprias: promete e não cumpre, não respeita a política formal nem a cidadania organizada, não tem dimensão da tarefa para a qual se propôs.
Deputados dos partidos Novo e PSL disseram não ao Projeto de Lei 2.788, que prevê direitos às pessoas atingidas por barragens de mineração e hidrelétricas. Apesar disso, a votação teve a ampla maioria dos votos dos deputados e a lei foi aprovada. A lei fala dos casos de licenças para barragens e de emergências no caso de vazamen-
tos ou rompimentos. O PL é fruto da Comissão Externa de Brumadinho, realizada pelos deputados federais logo após o rompimento e que fez fiscalizações e ouviu dezenas de especialistas e vítimas. A aprovação aconteceu em 25 de junho, dia que se completaram cinco meses do rompimento da barragem da Vale da mina Córrego do Feijão.
Nossos direitos TEMOS UMA CASA DA FAMÍLIA PARA DIVIDIR ENTRE HERDEIROS. O QUE PODE E O QUE NÃO PODE? Não é incomum situações em que os familiares definem que somente determinadas pessoas farão parte da divisão dos bens, em função de conflitos pessoais, preferências, pela situação econômica mais desfavorável de alguns familiares, dentre outros motivos. Entretanto, essas relações de preferência nem sempre são permitidas. O Código Civil determina quem são os herdeiros necessários (descenden-
tes, ascendentes e cônjuge), e, em uma partilha de bens, ainda que haja testamento, eles terão direito a uma parte, mesmo que haja o desejo do falecido pela partilha em outros termos. Se o herdeiro que foi excluído da partilha, ou que tenha recebido cota menor, renunciar ao seu direito, tudo bem. Entretanto, se não houver esse acordo, ele pode reivindicar judicialmente a cota parte à que tem direito.
Jonathan Hassen é advogado popular
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019 artigo Leninha - Mídia Ninja
OPINIÃO
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André Barreto
Reforma da Previdência: mudanças nas regras do FGTS de trabalhadores aposentados
Além de novo, inexperiente O que se espera de um gestor público? Um profundo conhecimento das políticas que melhorem a vida da população. Na última semana, nós, deputados estaduais, tivemos a oportunidade de debater com os secretários de estado as políticas que pretendem adotar nos próximos quatro anos. A primeira impressão é de que os gestores do Governo Zema não têm a familiaridade necessária com o setor público e muito menos entendem a complexidade de se fazer políticas públicas. Ouvimos o presidente da Cemig dizer que não conhece o programa Luz para Todos e o secretário de Desenvolvimento Econômico admitir que não domina o quão Governo não importante é a titulação de terras para a redução das de- apresenta sigualdades regionais. A secretária de Desenvolvimento medidas para Social ainda não conseguiu colocar sua experiência a ser- o povo viço dos mineiros e projetos importantes continuam “em revisão” após seis meses de governo. Como representante da Comissão de Direitos Humanos, apresentei a eles minha preocupação com a oferta de serviços de proteção social aos mais vulneráveis. Em 2017, a ALMG aprovou a Lei 4736, que instituiu o Plano Estadual de Enfrentamento da Pobreza no Campo e organizou uma ação continuada para a superação da extrema pobreza em Minas. Reconhecendo a pobreza como multidimensional, mais de 20 secretarias e órgãos foram envolvidos. Infelizmente, o atual governo não disse até agora o que será feito deste importante instrumento. Não é possível assumir um governo e sepultar iniciativas que são responsabilidades fundamentais de Estado. O que nos parece é que o jeito “novo” de governar não inclui os mais pobres. Do ponto de vista do desenvolvimento social e dos direitos humanos, essa paralisia do governo do estado significa um retrocesso para Minas Gerais. É hora de ultrapassar o discurso de campanha e governar. Leninha é deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da ALMG.
ACOMPANHANDO
Leninha
Um dos temas específicos da proposta da reforma da Previdência, hoje em debate na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, é a mudança nas regras do FGTS para trabalhadores aposentados. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa, mediante a abertura de uma conta vinculada ao contrato de trabalho. O FGTS é constituído pelo total de depósitos mensais feitos pelo empregador e esses valores pertencem aos empregados que, em algumas situações, podem dispor do total depositado em seus nomes, dentre elas, nos casos de aposentadoria e demissão sem justa causa. Quando o trabalhador se aposenta, mesmo que voluntariamente, a empresa paga a multa de 40% e se ele continua trabalhando, a empresa necessita continuar a depositar o valor mensal relativo ao FGTS. Ou Medida reduz seja, tudo isso são direitos trabalhistas, previstos em lei es- recebimento de valores na pecífica. Porém, a reforma da Previ- velhice dência traz uma mudança nessas regras. O governo de ultradireita de Jair Bolsonaro quer que aquele trabalhador que se aposentou voluntariamente e continuar trabalhando, não tenha o direito de que o FGTS continue sendo recolhido e nem o pagamento da multa de 40%. Essa proposta contida na reforma da Previdência se intromete em matéria estranha à questão previdenciária. Seu efeito prático é a redução de direitos trabalhistas e a negação do recebimento de valores, por menores que sejam, importantes no momento de velhice. André Barreto é advogado trabalhista e membro da Associação Brasielira de Juristas pela Democracia Na edição 255... Ato em defesa à Vargem das Flores se une ao FAMA E agora... Moradores de Contagem e Betim se reuniram na segunda-feira (24) para discutir o futuro da Área de Proteção Ambiental (APA) Vargem das Flores. A área abriga um dos três grandes reservatórios que abastecem a Grande BH. Cerca de 50 entidades estiveram presentes. No sábado (29), moradores realizam um trabalho de conscientização da comunidade, com distribuição de material informativo. No dia 2 de julho, está prevista a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal de Contagem, na qual a Copasa vai explicar para a comunidade os impactos das mudanças do Plano Diretor na vida útil do reservatório.
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BRASIL
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Juristas internacionais pedem libertação de Lula e anulação do julgamento
Quase 500 juristas brasileiros já pediram cancelamento da prisão de Lula Matheus Alves
MANIFESTO Juízes e advogados denunciam ao mundo que ex-presidente é preso político Filipe Araujo Redação “Conspiração política”, é esse o nome que juristas de renome internacional deram à relação entre o ex-juiz Sérgio Moro e a força tarefa da Lava Jato. Treze juízes, professores universitários e advogados escreveram um manifesto classificando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um preso político, e pedem a anulação da sua condenação. O texto afirma que a luta contra a corrupção é tão importante quanto a democracia. “Mas no caso de Lula, ela [luta contra a corrupção] foi usada para alimentar estratégias que o eliminassem do jogo político, a fim de permi-
tir que Bolsonaro chegasse ao poder e, em seguida, ‘recompensasse’ Sérgio Moro, nomeando-o ministro da Justiça”, afirma o manifesto. “O Supremo Tribunal Federal tem agora o dever de retirar todas as consequências destas gravíssimas irregularidades que conduziram a uma
condenação injusta e ilegal e, consequentemente, libertar Lula e anular a sua condenação”, diz ainda o documento. Entre as pessoas que assinam a carta estão juízes, professores universitários e advogados da Espanha, México, França, Estados Unidos, Alemanha e Bélgica.
STF mantém prisão de Lula Ricardo Stuckert
A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva teve mais um capítulo nesta semana. Mesmo após as conversas divulgadas pelo The Intercept, os ministros do
Supremo Tribunal Federal decidiram que Lula deve continuar preso, numa votação que ficou em 3 a 2. O julgamento sobre a suspeição do ex juiz Sergio Moro
para julgar Lula foi adiada para agosto. Para requerer a liberdade provisória, os advogados de Lula afirmam que o ex-juiz Sérgio Moro estava envolvido com uma das partes, a acusação de Lula, e, portanto, alegam sua suspeição. Caso acatado, a condenação de Lula pode ser anulada. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) divulgou nota discordando da decisão do STF. “Se dúvidas persistem sobre o grau de implicação do juiz, o correto seria que o réu aguardasse o debate de mérito em liberdade. A dúvida sempre será em benefício do réu, diz nossa doutrina”, diz o texto. O julgamento do habeas corpus de Lula já estava suspenso desde dezembro.
No final de março, 464 juízes, advogados e professores de direito entregaram ao Superior Tribunal de Justiça um documento requerendo a liberdade do ex-presidente. O texto afirma que Lula é vítima de injustiça por ter sido condenado em um julga-
mento parcial e sem provas. Assim como os juristas internacionais, eles também afirmaram que a condenação de Lula teve um objetivo político, que era banir Lula das eleições. Eles afirmam que Lula está passando por uma “perseguição política”. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Com decisão de Bolsonaro, mais pessoas terão que trabalhar aos domingos e feriados
BRASIL
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Segundo sindicalista, medida não gera mais empregos Reproduçãao
Decisão do governo amplia para 78 os setores autorizados a convocar empregados nesses horários Marcelo Camargo /Agência Brasil
Pedro Rafael Vilela
O
secretário especial de Previdência e Trabalho do governo federal, Rogério Marinho, assinou na semana passada uma portaria que ampliou para 78 setores da economia a autorização permanente para que funcionários trabalhem aos domingos e feriados. Até então, eram 72 setores que tinham essa autorização. A portaria publicada inclui seis novos segmentos: indústria de extração de óleos vegetais e de biodiesel; indústria do vinho e de derivados de uva, indústria aeroespacial, comércio em geral, estabelecimentos destinados ao turismo em geral e serviços de manutenção aeroespacial. Na prática, o que o governo faz é ampliar as exceções à regra, já que o trabalho aos domingos e fe-
riados é proibido na maioria das profissões. O trabalhador tem assegurado o direito de descanso semanal de 24 horas consecutivas, sendo que, com exceção “de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte”, como estabelece o artigo 67 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Essa portaria amplia as categorias que podem tra-
Com a autorização, os trabalhadores não vão mais receber dobrado, mas apenas a compensação de um dia de folga
balhar aos domingos. O mais importante é que torna de caráter permanente e não eventual. A maioria das convenções coletivas diziam que precisava de autorização [para o trabalho aos domingos e feriados] e agora não precisa mais dessa autorização”, explica a advogada trabalhista Lariane Del-Vechio, do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados. Para Lariane, os trabalhadores desses novos setores serão prejudicados pela mudança na regra. “Agora, como fica autorizado o trabalho no domingo, tornando esse um dia ‘normal’ para essas categorias, os trabalhadores não vão mais receber dobrado por trabalhar aos domingos, mas apenas a compensação de um dia de folga durante a semana”, argumenta.
Na opinião de Graça Costa, que é secretária de Relações Trabalhistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a portaria mostra um viés autoritário do governo. “A CLT determina a jornada de trabalho e os setores liberados para trabalho aos domingos e feriados. E agora o governo Bolsonaro vem com essa novidade de legislar por portaria. A gente considera a medida ilegal”. Um dos argumentos usados por Rogério Marinho no dia do anúncio da medida foi que ela geraria mais empregos, num país que amarga cerca de 13 milhões de desempregados. A previsão é contestada por Graça Costa. “Na nossa visão, a medida não gera emprego e não vai melhorar a questão do desenvolvimento do país. Para tirar o Brasil do desemprego vai, aumentar a carga de trabalho desses que já estão trabalhando?”, questiona. A advogada Lariane Del-Vechio também duvida dos efeitos positivos da portaria para a economia. “A gente precisa ver o reflexo disso na prática, porque a reforma
trabalhista também tinha a ideia de criar mais empregos e a gente que viu que não gerou mais empregos”, afirma. Mesmo com autorização para que mais empregados trabalhem aos domingos e feriados, Lariane Del-Vechio destaca que, do ponto
Para tirar o Brasil do desemprego vai, aumentar a carga de trabalho desses que já estão trabalhando? de vista jurídico, prevalece o disposto na CLT sobre descanso preferencial e mesmo esses novos setores deverão garantir pelo menos um domingo de folga por mês aos seus funcionários. “A cada três domingos trabalhados, deve ter um domingo de folga. E a empresa deve fazer uma escala de revezamento”, explica.
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Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Tráfico internacional de cocaína em comitiva de Bolsonaro: o que se sabe até agora? “MULA QUALIFICADA” Militar, pego com 39 quilos da droga, foi qualificado assim pelo vice-presidente Hamilton Mourão José Cruz Agência / Brasil
drogas foram encontradas. Rodrigues já esteve presente em outras viagens internacionais como integrante do governo, entre elas, uma em fevereiro deste ano, quando acompanhou Bolsonaro a São Paulo.
Da redação
U
m sargento da Aeronáutica brasileira foi detido na terça-feira (25) no aeroporto de Sevilha, na Espanha, após autoridades locais encontrarem 39 quilos de cocaína em sua mala. O oficial estava em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que fazia parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que participa da reunião do G20 no Japão. O Tribunal de Instrução número 11 de Sevilha ordenou a prisão provisória do militar, sem fiança, na quarta-feira (26).
A identidade do militar foi já foi revelada? O sargento detido foi identificado como Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos. O ofi-
cial fazia parte de uma comitiva que contava com a participação de outros 21 militares. A aeronave fez uma escala na Espanha, onde as
Como ocorreu a prisão? O militar foi detido pela Guarda Civil de Sevilha, após ser constatado que ele portava 39 quilos de cocaína. O brasileiro será acusado de tráfico de drogas, descrito como crime contra a saúde pública no Código Penal da Espanha.
Qual foi a reação do governo? Bolsonaro divulgou uma nota em seu Twitter afirmando que determinou “ao Ministério da Defesa imediata colaboração com a Polícia Espanhola na pronta elucidação dos fatos”. Ainda segundo o presidente, “caso seja comprovado o envolvimento do militar nesse crime, o mesmo será julgado e condenado na forma da lei”. O vice Hamilton Mourão, que ocupa a presidência enquanto Bolsonaro está no Japão, disse que Silva trabalhava como uma “mula qualificada”. Ele defende a investigação do caso.
Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
ENTREVISTA 15 11
“A Lava Jato criminalizou a Petrobras e prejudicou o desenvolvimento nacional”, avalia cientista político DESMORONAMENTO Para William Nozaki, os impactos já podem ser percebidos no aumento do desemprego e na perda da arrecadação dos estados e municípios Dino Santos /Mídia Consulte
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esde o início do mês de junho, quando o portal The Intercept Brasil publicou reportagens que indicam a interferência do ex-juiz Sérgio Moro na condução da Operação Lava Jato, a discussão sobre o caráter parcial das investigações voltou ao noticiário. Em entrevista ao Brasil de Fato, o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) William Nozaki afirma que a denúncia explicita o direcionamento da Lava Jato: criminalizar uma força política. Junto com esse objetivo, dissolveu-se um projeto de desenvolvimento que tinha a Petrobras no seu centro. “Os impactos disso tudo a gente pode ver com o aumento do desemprego e uma perda de arrecadação dos estados e municípios”, explica. Brasil de Fato - Na sua avaliação, qual o grau de influência do petróleo e do pré-sal nas crises econômica e política estabelecidas no Brasil atualmente? William Nozaki - A descoberta do pré-sal está diretamente relacionada com a maneira como o Brasil, a partir de então, começou a entrar no cenário geopolítico, geoeconômico e energético internacional. Isso nos colocou na lista dos dez maiores países com reserva de petróleo. Portanto, na rota de interesses internacionais em torno dos nossos recursos naturais estratégicos. Isso mobilizou um conjunto de interesses internacionais, empresa-
Pré-sal nos colocou na lista dos 10 maiores países com reserva de petróleo”
riais e políticos, que em certa medida jogaram água no moinho da instabilidade política que a gente vive na conjuntura hoje. Desde a descoberta do pré-sal nós temos notícias de intensas pressões das petrolíferas, sobretudo norte-americanas, e das grandes empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos, para que houvesse mudanças regulatórias do setor. Há aí um conjunto de interconexões entre os interesses das petrolíferas estrangeiras e o desmonte da Petrobras e do marco regulatório do pré-sal que acontecem desde 2006. A operação Lava Jato prejudicou a Petrobras? A Lava Jato instaurou um conjunto de procedimentos de investigação no sentido de criminalização da política e das empresas estatais. Foi muito além da busca de corrupção no interior da empresa. Ao organizar seu modus operandi por meio das delações premiadas, dos vazamentos seletivos, e diversas formas de acordo não con-
vencionais, a Lava Jato acabou criminalizando ou ajudando a criminalizar o investimento público e o papel das empresas estatais. Os vazamentos que já foram publicizados até aqui vão cada vez deixando mais explícita a parcialidade e um certo direcionamento na condução desse processo. Ao criminalizar uma força política e específica durante a investigação, junto se criminalizou um projeto de desenvolvimento que tinha a Petrobras no centro. Isso surtiu seus efeitos na perspectiva de que a Petrobras deveria ser
Há uma espécie de efeito dominó que faz com que o desmonte da Petrobras também produza o próprio desaquecimento na economia”
uma empresa privatizada, enxugada e desmontada. Como você avalia a última decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir a venda de subsidiárias de estatais sem a necessidade de licitação ou autorização do poder legislativo? Essa medida deu o aval para que as privatizações aconteçam sem o controle público e político que deveria ser exercido pelo legislativo e sem os procedimentos transparentes da condução da gestão pública. Isso tudo cria uma possibilidade de aceleração da venda de ativos importantes, como aqueles relacionados não só ao pré-sal, mas também ao refino e à distribuição. E essa possibilidade é um ataque frontal contra a Petrobras porque, sobretudo no que diz respeito ao parque de refino, [não privatizar] é fundamental não apenas do ponto da segurança energética nacional, mas também para manter a própria lucratividade da empresa.
Que impactos que já podem ser sentidos com a mudança na política de gestão da Petrobras nos últimos anos e quais serão os impactos futuros para a população? Já existe um desmonte que afeta as áreas de exploração e produção, gás, biocombustíveis e fertilizantes, e agora isso caminha para a privatização do refino da empresa. Os impactos podem ser divididos em diretos e indiretos. Vender a Petrobras significa diminuir o investimento feito no país, porque a lógica histórica mostra que os níveis de investimentos privados não acompanham os níveis de investimentos de uma empresa gerida com um espírito público. Essa diminuição do investimento vem acompanhada do aumento do desemprego e uma perda de arrecadação por parte da União, estados e municípios. Além disso, você tem uma espécie de efeito dominó que faz com que o desmonte da Petrobras também produza o próprio desaquecimento na economia.
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Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
CIÊNCIA, COISA BOA! OS BRASILEIROS CONFIAM NA CIÊNCIA?
FIQUE
BEM DRIBLE O FRIO DO INVERNO
A instituição inglesa Wellcome Trust divulgou nos últimos dias um interessante estudo que abordou a relação da sociedade com a ciência. Em seu Monitor Global 2018, a ONG entrevistou mais de 140 mil pessoas de 144 países sobre temas como ciência, saúde e religiosidade. No Brasil, foram entrevistadas mil pessoas entre os meses de julho e agosto de 2018. Vejamos alguns resultados no país: 67% afirmaram não conhecer ou conhecer pouco sobre ciência, e 69% gostariam de conhecer mais sobre o tema. 80% não buscaram informações científicas nos últimos 30 dias. 64% dos brasileiros disseram confiar na ciência, e 58% afirmaram que a população se beneficia dos conhecimentos científicos. Ou seja, parece que a ciência não é algo muito presente na vida das pessoas, apesar de elas se interessarem e confiarem Pesquisa nela. mostra que 93% dos entrevistados concordaram que brasileiros estudar sobre doenças é parte da ciência. E gostam e 80% gostariam de conhecer mais sobre meconfiam na dicina/saúde/doenças, apesar de 61% não ciência, mas ter em buscado informações sobre a área que ela ainda é nos últimos 30 dias. Os brasileiros veem a distante relação da ciência com a medicina, mas parecem se interessar mais pela última do que pela primeira. Os entrevistados confiam mais nos médicos e enfermeiros (72%) e nos cientistas (59%) para obter informações. E o maior nível de desconfiança para isso foi em relação ao governo (84%) e aos curandeiros tradicionais (77%). Ou seja, novamente resultados que atestam a credibilidade da ciência perante a população. 91% dos participantes afirmaram possuir uma religião. 46% acham que a ciência entra em choque com sua fé. E, nesse caso, 75% disseram que, entre ciência e religião, ficam com a segunda. Os resultados encontrados para o Brasil não diferem muito dos resultados globais. Ou seja, a tendência existente por aqui é de que há uma credibilidade razoável da ciência, apesar de ela ainda se mostrar distante das pessoas. Isso, até o momento em que ela discorde da religião. Nesse caso, a população tende a não abrir mão da fé. É preciso aguardar novos estudos semelhantes nos próximos anos para que possamos ver como esses dados evoluem. Contudo, saio animado desse diagnóstico! Ao mesmo tempo, que desafiado a seguir na busca por formas de aproximar a ciência da realidade do povo. E você, o que achou dos resultados? Que conclusões tira desse estudo? Acha que ele reflete mesmo a realidade do país? O que podemos fazer para melhorar? Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Esta estação é uma delícia pra ficar em casa, no cobertor e ver um filminho, não é mesmo? Pra ficar melhor ainda, e para você não passar aperto, aí vão algumas dicas. Aproveite o sol: abra as cortinas durante o dia e deixe o calor entrar. Se você perceber algumas frestinhas nas janelas, tape com fita isolante. Tapetes, velas e cortinas também são fortes aliados. Para sua cama ficar sempre quentinha, deixe seu cobertor sobre ela depois de arrumar. Você também pode usar bolsas térmicas ou dar uma passadinha com o ferro sobre o lençol antes de dormir. Capriche nos chás e comidas assadas. Além de agradar o estômago, o uso do fogão também aquece a casa.
DICAS NATURAIS PARA DESCONGESTIONAR O NARIZ Para aliviar o entupimento nasal, alguns procedimentos rápidos e caseiros podem ser uma mão na roda. A vaporização é uma delas: basta esquentar um pouco de água, despejar em uma bacia e respirar o vapor. Para aproveitar melhor o calor é bom cobrir a cabeça com uma toalha. O óleo essencial de eucalipto também é infalível. É só adicionar 10 gotinhas na água da sua vaporização. Você também pode pingar algumas gotas do óleo em um lenço e inalar. Massagens ao redor do nariz também podem ajudar. Além disso, fazer exercícios físicos, tomar sol e caminhar aliviam o incômodo.
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Minha médica disse que toda grávida tem tendência a ter anemia. Por que isso acontece? Mariza, 29 anos, garçonete. É comum as grávidas terem anemia por carência de ferro. Ela é frequente porque na gestação a mulher tem o volume sanguíneo aumentado em cerca de 50%. O ferro faz parte da constituição do sangue, então, há um gasto muito grande de ferro nesse processo. Por conta disso, recomenda-se, além da alimentação rica no componente, tomar sulfato ferroso, especialmente a partir da 20ª semana de gestação, que é quando a anemia tende a piorar. Além de causar desânimo, em casos mais graves, a doença pode gerar baixo peso no bebê e aumentar o risco de anemia nos primeiros meses de vida da criança.
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Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
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Dicas Mastigadas PAÇOCA DE COLHER www.coquetel.com.br
CAÇA-PALAVRA
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divulgação: disney
Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
Filmes para crianças de todas as idades Foi-se o TEMPO em que ANIMAÇÕES eram produzidas com FOCO apenas no público INFANTIL. Arrecadando milhões de DÓLARES em BILHETERIA — BILHÕES, algumas vezes — e diversos prêmios no mundo inteiro, as animações fazem parte do CIRCUITO cinematográfico de ADULTOS e crianças. Além do prêmio ESPECÍFICO para Melhor Animação, o Oscar também já colocou animações para disputar o PRÊMIO de Melhor FILME com LONGAS com PESSOAS reais: é o caso de “A Bela e a Fera” (1991), por exemplo, primeiro longa-metragem inteiramente animado a DISPUTAR o prêmio. “A BELA e a FERA” foi indicada a um total de cinco ESTATUETAS e venceu duas: Melhor Trilha SONORA e Melhor CANÇÃO Original. O D T F H R E S A O S S E P
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Solução
Ingredientes • • • • • •
500 gramas de amendoim sem pele tostado 1 lata de leite condensado 1 1/2 xícara (chá) de leite 1 colher (sopa) de manteiga 1 lata de creme de leite sem soro Amendoim moído para decorar
Modo de Preparo
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Triture todo o amendoim. Em uma panela, coloque o leite condensado, o leite e a manteiga. Cozinhe em fogo brando (160 ºC), mexendo sem parar até começar a desgrudar do fundo da panela. Retire do fogo, misture o amendoim e o creme de leite. Distribua em copinhos e decore com amendoim moído. Sirva quente ou fria.
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Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 28 de junho a 4 de julho de 2019
Roteiro Arraiá da Ocupação Pátria Livre Reprodução
A festança será neste domingo (30), das 14h às 20h, de graça. O evento acontece para arrecadar fundos para a reforma do sistema elétrico do prédio, que corre risco de incêndio. Vai ter música com o bloco Pisa na Fulô, quentão, canjica, caldos, cachorro quente, cervejinha gelada... Não vai perder, né? O endereço é rua Pedro Lessa, 435 – Santo André, BH
Noturno nos Museus
Festa do Rosário no Serro
Filmes de Almodóvar Divulgação
Divulgação
Divulgação
De 27 de junho a 18 de julho, o Cine Humberto Mauro recebe a mostra do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Serão exibidos 19 longas e todas as sessões têm entrada gratuita. Acesse a programação: fcs.mg.gov.br. O endereço é Av. Afonso Pena, 1537 – Centro, BH.
Criado em 1728, o evento mistura e valoriza a fé, a tradição e a cultura popular do Brasil. Em 2019, acontece no fim de semana que vai de 6 a 8 de julho. O município do Serro fica na região da Serra do Espinhaço. Conheça a história da festa: tinyurl.com/y2fdzgts.
Será no dia 5 de julho, das 18 às 23h, a 6ª edição do evento que convida os cidadãos de Belo Horizonte para conhecer museus, centros de referência e centros culturais no período da noite. A prefeitura vai oferecer vans gratuitas para que todos possam participar. Saiba mais em: www. noturnonosmuseus.pbh.gov.br ANÚNCIO
Reprodução
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ESPORTE
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CURTO E GROSSO
Um dia o sorriso vem! CBF
Jordânia Souza “Chorem no início para sorrir no fim”. Essas foram as palavras da atacante Marta ao sair de campo, após a eliminação da seleção feminina, na Copa do Mundo da FIFA. Mais uma derrota, mais uma chuva de críticas. Apesar da atuação honrosa diante da forte equipe francesa, o Brasil não era favorito. Como torcedora, a gente sempre acredita, mas grandes competições não são vencidas somente com raça e vontade. É preciso planejamento. Não somente para um jogo ou uma competição, mas para o futuro da modalidade no país.
Todo o retrocesso que o futebol feminino brasileiro viveu segue cobrando sua dívida. Se hoje Marta, aos 33 anos, desafia o mercado do
futebol ao exigir equidade de gênero no esporte, é porque ela sabe o quanto ainda é necessário vencer barreiras no país. Se para um menino que
está começando uma carreira nos campos é difícil, imagina para uma menina? De quantas peneiras ela terá possibilidade de participar? Quantas bases estão formadas para que ela jogue? Qual vai ser o incentivo que ela terá ao longo da vida para não parar? O sistema é cruel, ele quer vitórias, mas, diante de países que investiram no futebol feminino, quando vamos trazer títulos para o Brasil? O exemplo vem da própria anfitriã e algoz do Brasil, a França. Nos últimos anos, os grandes clubes franceses investiram em suas equipes, fortaleceram a liga nacional e atraíram grandes nomes.
Qual a receita desse sucesso? Apoio. De todos os lados. É fato que os clubes brasileiros começaram a criar suas equipes femininas, pressionados pela CBF, que, por sua vez, é pressionada pela Fifa. O objetivo é ter renovação, algo comum no futebol masculino. Afinal, não terá mais Marta, Cristiane e Formiga para sempre, como bem destacou a camisa 10. Por isso, ela foi incisiva ao sair de campo. Não culpou ninguém, mas direcionou seu recado às meninas: se valorizem, treinem mais, estejam prontas para o tempo que for. A tarefa segue sendo difícil, mas ser mulher é sinônimo de ir à luta. Um dia o sorriso vem! ANÚNCIO
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Belo Horizonte, 13 a 27 de junho de 2019
ESPORTES
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Washington Alves Light / Press
DECLARAÇÃO DA SEMANA CBF
Crise: volante Williams e um fornecedor levam Cruzeiro à Justiça O mau momento político e financeiro do Cruzeiro Esporte Clube parece não acabar. O volante Williams processou o clube, reclamando do não pagamento de R$ 1,7 milhão em direitos tra-
balhistas. O valor é referente ao período em que Williams defendeu as cores do clube, entre 2015 e 2016. Outra ação, no valor de R$ 2 milhões, foi ajuizada pela Aubury Dade, empresa respon-
sável por captar recursos para uma excursão da equipe sub-18 em 2017. A empresa alega que o clube não pagou os 20% a que ela teria direito pelas negociações de quatro atletas da base.
“Não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês! Valorizem mais! (...) A gente tem de chorar no começo para sorrir no fim” Marta, seis vezes melhor do mundo, logo após a eliminação do Brasil para a França, no domingo (23).
Gol de placa A Seleção Brasileira derrotou a Argentina por 7 a 5 e conquistou seu primeiro título no Campeonato Mundial de Futsal para pessoas com Síndrome de Down. O torneio foi disputado no ginásio da Cava do Bosque, em Ribeirão Preto (SP).
Gol contra Das 24 seleções da Copa do Mundo feminina de futebol, na França, 15 são treinadas por homens e apenas 9 por mulheres. Destaque para a inglesa Jill Ellis, que comanda a equipe dos EUA. Na terça (11), ela estreou no torneio vencendo a Tailândia por 13 a 0.
Tempo para renascer
A responsabilidade cresce
Nas batalhas pelo Cruzeiro
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
O intervalo na Série B para a Copa América, com um mês para treinamento intensivo, testes, contratação e recuperação de atletas, é uma oportunidade de ouro para treinadores que não participaram da pré-temporada e da montagem inicial do elenco, como é oDecacampeão caso de Maurício Barbieri no América. A torcida espera que o jovem técnico esteja aproveitando bem essa chance, sobretudo para corrigir os erros de posicionamento da defesa, montar um meio de campo mais criativo e aprimorar as finalizações e a eficiência no ataque. E a tabela pode ajudar: dos quatro próximos jogos após o retorno do campeonato, três são em casa, contra Figueirense, Oeste e Atlético-GO. É hora de iniciar a arrancada!
Em meio ao recesso, Rodrigo Santana é confirmado como técnico efetivo. O time apresentou evolução tática com ele. E, apesar do fantasma Thiago Larghi, escutei esta semana uma frase que contrapõe os clichês do futebol: retrospecto não ganha jogo. Aliás, tabu é lemÉ Galo brado somente quandodoido! favorável. Assim como as generalidades da vida. Dois meses, oito vitórias em 17 jogos, seis derrotas e um aproveitamento de 53% foram necessários para a promoção. A responsabilidade cresce. Outra novidade é o retorno do venezuelano Otero. Onde encaixá-lo na equipe é desafio para o treinador. Por enquanto, fica restrito ao recondicionamento físico. Há tempo de sobra para isso. Algo raro na temporada.
Salve, nação azul! Essa parada para a Copa América não poderia ser mais amarga. Estamos estacionados na zona de rebaixamento. De acordo com nosso vice-presidente Granata, o Cruzeiro vive a maior crise institucional de um clube no mundo. O La Bestia Negra Independiente del Valle promete reclamar na Fifa o dinheiro referente ao zagueiro Caicedo... Difícil acreditar que tantos problemas deixarão de refletir em campo no segundo semestre. A torcida tem se mobilizado para exigir punição dos envolvidos. Não se trata de má gestão, trata-se de enriquecimento ilícito às custas do clube. A famosa frase “nas batalhas com o Cruzeiro” já pode ser substituída por “nas batalhas pelo Cruzeiro”. Saudações celestes!
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