Agência Brasil
Copa América
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Kilombu modas
Estádios vazios, público elitizado e muito dinheiro
Marca fortalece as mulheres e combate o êxodo rural
ESPORTES 15
CULTURA 14
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019 • edição 289 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados
MAIS UM PASSO RUMO AO FIM DA APOSENTADORIA Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou a terceira versão do projeto que destrói direitos da Previdência. O relatório mantém diretrizes do governo Jair Bolsonaro, como o aumento da idade mínima e do tempo de contribuição I BRASIL 9 Leo Lara /Universo Produção
CIDADES
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Trabalhadores de cidades históricas de MG atuam em condições precárias
UE
Acordo com União Europeia coloca em risco a economia e o desenvolvimento do Brasil ENTREVISTA 11
CPI no Senado pede indiciamento da Vale e de 14 pessoas BRASIL 8
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
Editorial | Brasil
Encontrar caminhos, construir saídas É um grande desafio para aqueles que sonham com um Brasil para os brasileiros, enfrentar o labirinto no qual nossa história foi colocada pelas forças conservadoras da elite. O estado de Minas Gerais tem sido conduzido por quem quer privatizar empresas como Cemig, Co-
ESPAÇO DOS LEITORES “Poderia ter um link com mais explicações, ajudaria a muitos que passam por estes problemas” Dorotea Gonçalves comentando o artigo da seção “Nossos Direitos” sobre a divisão entre herdeiros “Todos nós sabemos que Lula está sequestrado” Reginaldo Conceição Anastacio sobre a matéria “Moro é confrontado por deputados na Câmara e repete argumentos contraditórios” “Essa reforma é fachada. Não pode passar. Aos invés de reforma da Previdência, vamos fazer uma reforma tributária” Rodolfo Rosa sobre a matéria “Relatório da reforma da Previdência não abrange estados e municípios” “Está claro o projeto de extermínio do povo brasileiro: liberação do envenenamento dos alimentos. Retirada dos médicos dos locais mais distantes. Suspensão dos remédios aos pacientes crônicos. 15 milhões de desempregados e nenhuma medida para empregá-los. Tudo isso somado ao fornecimento de armas, liberação de multas no trânsito, etc. Vocês acham que as nossas vidas valem o que para um governo de milícias?” Marilua Lucineia Almeida sobre a matéria “Pacote do Moro é licença para matar”
É preciso construir com o povo as saídas pasa e Codemig (setores estratégicos como água, energia e minério), em um cenário onde as empresas mineradoras privatizadas na década de 1990, como a Vale, têm provocado pânico na maioria da população. A empresa é responsável pelo maior crime sócio ambiental da história do país, com um absurdo número de trabalhadores assassinados, além de ter contaminado a água de milhões de pessoas e colocado em risco o abastecimento de toda a região metropolitana de BH. No Brasil os ataques à educação, as ameaças às aposentadorias por meio da reforma da Previdência, as privatizações de setores estratégicos em andamento e o abandono das políticas sociais, são mais do que cortes de direitos, são uma conspiração de destruição do futuro do Brasil. Visam inviabilizar o Brasil como nação, nos colocando como a escória do mundo e submissos aos interesses dos EUA e elite aliada no Brasil.
O que fazer? Neste labirinto de horrores é muito fácil pegar caminhos errados, ou chegar em becos sem saída, mas nossa história nos mostra que sempre há saídas e em geral elas não são encontradas, mas sim construídas. Já é possível identificar algumas pistas no caminho: Aqueles que querem destruir Minas e o Brasil têm muitas fragilidades e limites. Suas medidas são profundamente contra a grande maioria da população, que tem percebido e respondido com mobilizações. As mentiras contadas durante o golpe em curso vêm sendo desmascaradas, como a imoralidade intencional da prisão de Lula. A solidariedade entre pessoas e lutas, e a construção de valores humanos têm grande relevância num contexto em que o ódio é institucional. Somente uma forte união dos que acreditam
Medidas visam inviabilizar o Brasil como nação que o Brasil é possível viabilizará encontrar os melhores caminhos para sair deste labirinto. Somente o povo organizado e consciente será capaz de construir a porta de saída. É necessário a união de todos os que acreditam que o Brasil é possível, para resistir aos ataques e denunciar quem são os inimigos do povo, mas é preciso ir além, unificar as resistências e construir com o povo as saídas.
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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? PERGUNTA DA SEMANA
Você sabia que o cidadão brasileiro fica em média nove horas na internet por dia? Um estudo da “Hootsuite e We Are Social” mostra que somos o terceiro país do mundo que fica mais tempo na internet, com consequências para a saúde e as relações sociais.
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GERAL
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Número da Semana 762,3 Km2
Foi a área derrubada da floresta Amazônia em junho deste ano, um aumento de 60% em comparação com junho de 2018. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área corresponde a mais de duas vezes o tamanho de Belo Horizonte.
E você, passa muito tempo na internet?
Com certeza. Atualmente eu preciso do meu telefone para tudo, trabalhar, estudar, quando estou sem computador, faço tudo no telefone, e uso internet o tempo inteiro. E eu acredito que atrapalha a saúde sim... principalmente nos ossos das mãos e na visão.
Brenda Norrane, pedagoga
FÉRIAS ANIMADAS Divulgação
Às vezes eu passo, mas geralmente é uma hora e meia por dia. Eu procuro fazer só o necessário, em relação ao meu emprego e falar com a família mesmo.
Gabriel Vieira, auxiliar de produção No mês de julho, BH recebe a primeira edição do projeto “Férias nos teatros”, com várias atrações baratas ou de graça voltadas para o público infantil e jovem. Estão em cartaz espetáculos de circo, dança, música, além de oficinas e brincadeiras. A programação acontece nos teatros Marília (avenida Alfredo Balena, 586, região hospitalar), Raul Belém Machado (Rua Jauá, 80, bairro Alípio de Melo) e Francisco Nunes (Parque Municipal). Programação completa em: tinyurl.com/yydx8m94 Vincenzo Pinto / AFP
Declaração da Semana
Dos juízes dependem decisões que influenciam os direitos e os bens das pessoas. Sua independência deve ajudá-los a serem isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar” Disse o papa Francisco em vídeo divulgado pelo Vaticano no dia 4
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CIDADES
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Cursinho em BH Sob ameaça de despejo, moradores do Santa Tereza recebe oficina sobre jornalismo resistem à investida de empresários
Divulgação
#RESISTETEIXEIRA Ordem de despejo está marcada para o próximo dia 25. Defesa denuncia que processo que pede reintegração de posse é repleto de irregularidades Divulgação / Teixeira Resiste
Guilhermina Alves
A Amélia Gomes
N
a Rua Teixeira Soares, n° 985, Gláucia Vieira, de 56 anos, nasceu, cresceu e formou sua família. A vida, a história e a memória da moradora estão ali. Além da família de Gláucia outras 15 também estão sob ameaça de perderem suas casas. No começo do ano, os moradores da rua Teixeira Soares, no bairro Santa Tereza, região Leste de Belo Horizonte, foram notificados com uma ordem de despejo. A ação é fruto de um processo de demarcação de posse originado em 1970. Em 2011, o pedido foi julgado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que decidiu pela reintegração de posse, sem que haja possibilidade judicial de das famílias recorrerem
da decisão. Para Luiz Fernando, advogado das famílias, o processo contém várias ilegalidades, uma delas é de não ter, em momento algum, a participação dos moradores. “Quem está reivindicando o terreno nunca teve posse dele. Os moradores têm o título de contrato de compra e venda e ainda têm direito por usucapião. Além disso, essas famílias pagam IPTU desde 1975. Esse é um dos casos mais absurdos que nós já vimos nesses anos de luta pela moradia”, diz o advogado. A defesa entrou com um pedido de impugnação do
Quem está reivindicando o terreno nunca teve posse dele
julgamento, que foi rejeitado pelo Tribunal. Outros três processos em defesa das famílias também foram protocolados e estão parados na Justiça. Além das 16 famílias, parte do terreno do Clube Oásis, o terreno da Caixa Econômica Federal e uma escola estadual também estavam no processo. Tanto o banco quanto a escola foram retirados da ação de reintegração, mas não se sabem ainda os motivos desta decisão. A ordem de despejo, que estava marcada para acontecer entre os dias 7 e 12 de julho foi remarcada para o dia 25, após negociações com o prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS). Quem quiser apoiar os moradores e conhecer mais a luta #TeixeiraResiste é só acessar a página www. facebook.com/teixeiraresiste.
lunos do cursinho gratuito Podemos +, organizado pelo Levante Popular da Juventude, foram desafiados a criar pautas jornalísticas com assuntos da sua vida cotidiana. A proposta é fruto de uma oficina implantada pela jornalista do Brasil de Fato MG, Rafaella Dotta, em que os alunos foram introduzidos aos pormenores da atividade jornalística. Os estudantes foram pro-
Aprendemos a olhar a notícia sabendo que por trás existe um interesse” vocados a pensar um tema para uma matéria, priorizando o lugar onde moram, a Pedreira Prado Lopes, estabelecendo, assim, diálogos com a sua comunidade. Surgiram temas variados, como a valorização das vilas de moradia popular, os motivos dos jovens que acabam entrando nas drogas e dificuldades da ju-
ventude quilombola. O que dizem os alunos Yago Silva Fernandino, de 18 anos, é aluno do Podemos + e pretendente a uma das vagas no curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Além de você ter um conhecimento a mais sobre a área de jornalismo, também te ajuda em outras matérias, como redação e português”, relatou. Já a aluna Priscila de Abreu Evangelista Machado, de 34 anos, argumenta que as disciplinas do cursinho como um todo têm trazido mudanças na sua vida pessoal. “Isso tem transformado não só a minha vida, mas da minha filha e de minha mãe. Parte do conhecimento que eu recebo eu levo para a família”, conta. “Hoje eu acompanho muito mais de perto o desenvolvimento da minha filha na escola do que nos anos anteriores, por exemplo”, diz. *Guilhermina Alves é aluna do Cursinho Podemos + e escreveu a matéria como um dos exercícios da oficina de jornalismo do Brasil de Fato MG
MINAS
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Turismo: os bastidores do trabalho nas cidades históricas de MG EXPLORAÇÃO Funcionários de restaurantes relatam irregularidades recorrentes, como jornadas de 15 horas e a proibição de se alimentar José Cruz /Agência Brasil
guição”, relata o rapaz. Ainda mais sério, o garçom conta que geralmente recebe o almoço antes das 11h e “depois dessa refeição o funcionário está proibido de comer, mesmo que leve de casa, até o seu horário encerrar. Já me peguei no banheiro, comendo um pedaço de carne que um cliente não comeu, que eu tinha escondido no avental, e sempre ouço coisas desse tipo dos colegas”, confessa. Elis Almeida
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isitar as cidades históricas de Minas Gerais é um desejo de muitos. O frio da montanha, acompanhado de uma boa comida e de belíssimos patrimônios são atrativos de cidades como Ouro Preto e Tiradentes. Mas atrás das cortinas do turismo, como será que vivem os trabalhadores que fazem esse cenário mágico acontecer? Samira (nome fictício) trabalhou um ano e meio em um restaurante na praça central de Tiradentes. A cidade tem uma arquitetura antiga, ruas de paralelepípedos, uma grandiosa serra, a São José e, somado a isso, bares e restaurantes que oferecem um turismo gastronômico. Samira se interessou pelo potencial da cidade, mas, quando contratada para garçonete, descobriu um trabalho exploratório. Além de atender às mesas, ela teria que participar da faxina do restaurante no seu dia de folga, “que não era moleza”, diz; os seus horários eram controlados pelos patrões e os 10% da taxa de serviço nunca chegaram inteiros
até o seu bolso. A ex-garçonete, que depois trabalhou em outros restaurantes e lanchonetes na cidade, afirma que casos assim acontecem na maioria dos estabelecimentos. “Dos 10% que você deveria receber, o funcionário recebe 8%, pois 2% equivalem a tudo que você acidentalmente pode quebrar ou estragar. E os funcionários mais recentes chegam a receber até 6%”, indigna-se. “Em alguns lugares, eles te pagam a hora extra, mas não pagam os 10% dessas horas a mais, ou o contrário. Eles ainda dividem os 10% entre garçons e cozinheiros e se acham muito justos. Certo? Não! Eles fazem isso para não pagar um salário melhor para os cozinheiros, que seguram o nome do restaurante”. A Lei Federal 13.419, aprovada em 2017, diz que a gorjeta ou a taxa de serviço deve ser repassada integralmente ao garçom e só pode ser dividida mediante um acordo formal. Só em um caso o patrão pode reter a comissão: se a quantia for anotada na carteira de trabalho e, assim, tiver descontados 2% ou 3% para o pagamento de
encargos. Se for recebida em mãos, ela deve ser integral. “Dobradinha” obrigatória A 170 quilômetros dali,situações parecidas acontecem em bares e restaurantes de Ouro Preto. Diego (nome fictício) mora na cidade há dois anos e combina o trabalho de garçom com os estudos na UFOP. Ele denuncia que as “dobradinhas” – as jornadas duplas de trabalho que podem chegar a 15 horas – são exaustivas e obrigatórias.
Lei federal estabelece que taxa de serviço deve ser repassada integralmente ao garçom “Quando você é contratado, o patrão diz que você pode fazer um extra para ganhar mais. Porém, depois de um tempo você descobre que é obrigado a fazer o extra, senão eles te mandam embora ou ficam de perse-
Um presente precário e um futuro desregulado A turismóloga Laiaane Ozolio Mayrink afirma que as denúncias não são exceção e que os profissionais do turismo estão mais expostos a afazeres precários, sem carteira assinada, sem recolhimento de INSS e, inclusive, com maiores riscos de acidentes de trabalho. “Os empregadores têm medo de que o trabalhador peça um salário mais alto, ou procure emprego melhor. Deixam de fazer uma qualificação que serviria a ele, aos funcionários e também aos clientes”, critica. O presidente da Associação dos Garçons e Profissionais Similares de Minas Gerais, Ramon Gomes, afirma que a contratação através de “diárias” – autônomo - é um dos maiores problemas da categoria, e a maior reivindicação é a contratação via CLT. Ele defende que os garçons recebam seus direitos sobre a jornada trabalhada, como adicional noturno e hora extra.
TURISMO EMPREGA 8% DOS TRABALHADORES DE MG
De acordo com a Secretaria de Turismo de Minas Gerais, em 2017 o estado possuía 381 mil trabalhadores empregados no turismo.
10 DICAS PARA O TURISTA QUE QUER VALORIZAR O TRABALHADOR
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Taxa de serviço não é gorjeta
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Pague os 10% diretamente ao garçom
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Seja educado sempre, pois os trabalhadores fazem grandes jornadas em pé
4 Pergunte o nome e se apresente, isso ajuda! 5
Tente fazer todo o pedido de uma vez
6 Trocar
de ideia é legal, mas não “alugue”, pois outros serviços podem ficar atrasados
7 Sempre que for reclamar de um serviço, primeiro tente resolver com o funcionário 8 Agradeça sempre 9 Atenção ao horário de fechamento, pois os funcionários também querem descansar 10 Alguns restaurantes
cobram 10% de couvert. Taxa de serviço é cobrada sobre o que foi consumido na mesa, mas o couvert deve ser cobrado à parte ou pago diretamente ao músico!
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OPINIÃO
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Opinião
O juiz, o eclipse e a coragem
Estudo aponta violação ambiental pela Usiminas Nilmar Lage
João Paulo Lula Marques / Agência PT
Nilmar Lage
Bruno Soares
A
João Paulo O reconhecimento da atuação de Sérgio Moro como juiz da Lava Jato vai ficar para a história como o eclipse do Sol registrado ao sul do continente: vai durar dois minutos. Com a luz jogada pelas reportagens do Intercept Brasil, que revelou o conluio espúrio, antiético e criminoso entre julgador e acusação, a bruma da mentira logo se dissolveu. Muitos, no entanto, vão continuar afirmando a realidade das sombras. São mentes formadas nas masmorras da mentira, acostumadas ao mofo dos interesses e dos conchavos antipopulares. A enumeração dos ilícitos de Moro no julgamento de Lula é vasta e variada: oferta de testemunhas de acusação, antecipação de julgamentos, conselhos sobre a oportunidade de operações, censura ao desempenho de procuradores e consequente sugestão de afastamento, indicação de alinhamento com setores da imprensa para moldar a opinião pública. E segue com a preservação de investigação de suspeitos aliados ou
simpatizantes, adiamento de concessão de entrevistas de modo a interferir na eleição pela desinformação proposital do eleitor, beligerância e sarcasmo em relação ao trabalho da defesa.
Ao não afirmar que é tudo mentira, Moro atesta veracidade das denúncias O ex-juiz e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública (e ministro exatamente porque ex-juiz) mentiu, prevaricou, feriu a ética, descumpriu o devido processo legal, foi parcial e politicamente orientado. Moro tem nas mãos a mais direta e incontestável das defesas: basta negar assertivamente as informações das reportagens. Dizer: é tudo mentira. Não precisa provar ainda, por ora é suficiente dizer que são informações falsas. O fato de não fazê-lo é mais que suficiente para atestar que são verdadeiras ou no mínimo veros-
símeis. Por isso a defesa do ex-magistrado se volta para dois argumentos capengas: o de que podem não ser totalmente verdadeiras (risco de manipulação) e de que foram obtidas ilegalmente. Em vez de tratar do conteúdo, apela para a forma e o modo de obtenção. A terceira linha de defesa é ainda menos responsável e perigosa: a acusação do mensageiro pelo teor da mensagem. Moro resolveu atacar o Intercept Brasil e seu fundador, o jornalista Glenn Greenwald, detentor de um Pulitzer, um Esso e um Oscar. Antes dele, a coragem dos colegas brasileiros, que arriscaram a pele, abriram caminho e já está registrada na história do jornalismo brasileiro. Às vezes o desacato destemido é a única saída capaz de preservar laços mínimos de honra e dignidade. Na vida como no jornalismo. Ou então, só nos restaria aceitar que a escuridão do eclipse das liberdades é nosso destino inevitável e que a vida não vale mais do que dois minutos.
siderúrgica Usiminas, em Ipatinga, é considerada a maior produtora de aços planos da América Latina. O lucro líquido da empresa no primeiro trimestre foi de R$ 76 milhões. O metalúrgico Reinaldo de Oliveira (nome fictício) tem sua fala interrompida pelo som do trem. “Quem dera nosso problema fosse o barulho. O que incomoda mesmo é o ar que respiramos. Eu trabalho lá e sei bem como é. A fuligem do minério chega a brilhar flutuando no ar”, disse. Em Ipatinga, a Usimi-
Concentração do pó preto é 56 vezes maior que o recomendável nas tem 13 mil funcionários – 7 mil contratados e cerca de 6 mil terceirizados – e é a maior empregadora da cidade. O incômodo com a qualidade do ar ultrapassa os muros da empresa, como conta Júlio César Batista, que vive no bairro Cariru, um dos 13 que cercam a siderúrgica. “O pó preto é muito forte. Qualquer vento forte é suficiente para fazer subir um nevoeiro metálico que logo se espalha sem controle algum por praticamente toda a cidade”, reclamou. As falas de Reinaldo e Júlio César refletem uma percep-
ção comum na cidade, confirmada por pesquisa feita pela própria siderúrgica entre maio e junho de 2017. A pesquisa não foi divulgada, mas o Brasil de Fato teve acesso ao resultado. O levantamento aponta que 89% das pessoas se incomodam, e muito, com o “pó preto”, nome popular dado ao material particulado emitido pela Usiminas. Um monitoramento concluído em dezembro do ano passado, e que também permanece desconhecido da população, revelou que a concentração do poluente na área interna da usina é 56 vezes maior do que o recomendável. Do lado de fora, ou seja, nos bairros, a concentração do poluente atingiu dez vezes o recomendável, sobretudo na região central do município. A dispersão do “pó preto” em Ipatinga é alvo de um inquérito civil que tramita no Ministério Público do Estado. Outro lado A assessoria de comunicação da Usiminas informou que a empresa “observa a legislação ambiental vigente nas suas operações e investe no controle ambiental com foco, entre outros, na mitigação das emissões de material particulado”.
MATÉRIA COMPLETA NO SITE WWW. BRASIL DEFATO.COM.BR
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019 Reprodução
OPINIÃO
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Paulo Roberto Bretas
Seis meses de Bolsonaro
Mariana Lacerda
Lúcia Skromov e o soco inglês de Carlos Alberto Brilhante Ustra Em 1967, o Banco do Estado realizou o primeiro concurso público que permitia a participação de mulheres. Entre as aprovadas no concurso, estava a jovem Lúcia Skromov, com 21 anos de idade. Ao entrar no banco, Lúcia relata que recebia um salário menor que o de seus colegas do sexo masculino, ainda que tivessem o mesmo cargo. Isso gerou revolta entre as trabalhadoras, que passaram a ser cada vez mais presentes dentro do Sindicato dos Bancários. Nesse período, a ditadura Não permitam, militar vigiava qualquer tipo de reivindicação. vocês serão as Um ano após começar a trabalhar no Banco do Esta- vítimas do, Lúcia foi presa pela primeira vez em uma passeata e amanhã” levada ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Lá teve sua primeira experiência com a violência e a repressão. Em 1973, Lúcia teve o desprazer de conhecer as instalações do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna), e ao chegar, um homem se aproximou e acariciou sua face suavemente. Logo em seguida, o mesmo desferiu um golpe contra o seu rosto. Este era Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar homenageado pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro. “Dele eu recebi um tapa, mas não foi um tapa qualquer, foi um tapa com soco inglês”, relata. Fazia cerca de três dias que Lúcia estava confinada, sem poder vestir nenhuma roupa e sem se alimentar: “Eu estava completamente nua. Era obrigada a ficar nua, em pé com as costas em uma parede. Ficava 24 horas completamente estática, sem poder dar um passo ou mudar de posição. Não podia comer e nem beber’’. E ainda havia os choques, o pau de arara, estupros e outros tipos de torturas. Lúcia segue atuante até os dias de hoje. Em 2016 participou da Marcha Antifascista, quando falou: “não permitam! Porque vocês serão as vítimas amanhã”, discursou Lúcia, sobre o avanço do autoritarismo no Brasil. Mariana Lacerda é formada em Comunicação Social pela Universidade São Judas Tadeu
Paulo Roberto Bretas é economista, presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais
ACOMPANHANDO
A sindicalista Lúcia Skromov foi torturada pelo líder do regime militar
Após quase seis meses de governo, não se podem esperar boas coisas para o futuro do Brasil. O país desejado pelos brasileiros é um país com desenvolvimento econômico; com distribuição de renda e consumo ao alcance das pessoas; cuidados adequados com as crianças, adolescentes e idosos; justiça social e tributária; além de uma democracia forte e respeitada. Este país, desafortunadamente, está longe de existir nos próximos anos. A pouca certeza que se tem é a de termos que conviver com um governo do improviso, alicerçado em ideologias fundamentalistas, situado à direita no espectro político, envolto num conservadorismo radical, quase medieval, que muitas vezes expressa sua ignorância e estupidez como quem advoga as falsas verdades do pensamento único. O presidente não constrói nenhuma estabilidade administrativa, na medida em que ministros e dirigentes de estatais seguem sendo trocados todos os meses, pelos mais inusitados motivos. Verdades científicas vêm sendo negadas continuadamente pelos novos expoentes da República. Atuam com desprezo às instituições democráticas e com impaciência em relação às diferenças. Fica claro um desejo íntimo autoritário de po- Que futuro tem der governar por decretos, em este governo? continuar em guerra eleitoral com os opositores e com os demais poderes da República. As conexões com ideologias que advogam combater a violência com mais violência, traduzidas pelo incondicional apoio à liberação de armas, transfere as políticas de segurança da esfera pública para a esfera privada. Minorias são tratadas a ferro e fogo, indígenas e quilombolas que o digam. O Brasil vai voltando ao mapa da fome, enquanto a renda se concentra nas mãos de uma elite rentista e retrógrada. Num cenário como este qual o futuro para a maioria dos brasileiros? Que futuro tem este governo?
Na edição 94... Rodeado por polêmicas, Uber conquista usuários E agora... Em protesto contra projeto de Kalil, motoristas de apps fazem carreata no centro de BH Cerca de 300 carros seguiram em carreata pelas ruas de BH na terça (2). O protesto é contra o Projeto de Lei 490/2018 que está prestes a ser votado em segundo turno na CMBH. O texto, de autoria do executivo, impõe diversas restrições para os trabalhadores. O PL estabelece que apenas veículos sedan, com potência de 85 cavalos e com no máximo cinco anos de fabricação ofertem o serviço. A restrição retira das ruas cerca de 30 mil motoristas de aplicativo que hoje atuam na capital, o que representa 70% da frota.
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BRASIL
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
“Punição da Vale é importante, mas mineração vai seguir matando”
Modelo predador Mídia NINJA
SENADO Relatório final da CPI recomendou o indiciamento por homicídio de 14 pessoas, da Vale e da Tuv Sud Agência Brasil Pedro Rafael Vilela, de Brasília
A
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a tragédia de Brumadinho recomendou o indiciamento de 14 pessoas por homicídio por dolo eventual, quando se assume o risco de cometer o crime. Considerado um dos maiores desastres ambientais ocorridos no país, a queda da barragem em Brumadinho, ocorrida há mais de cinco meses, causou a morte de 246 pessoas, deixou 23 desaparecidos e poluiu o Rio Paraopeba, afluente do São Francisco, atingido pela lama de rejeitos da estrutura rompida. O relatório final da CPI, com 398 páginas, foi aprovado esta semana e agora será encaminhado aos demais órgãos que estão investigan-
O ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman
do a tragédia, como Ministério Público, Polícia Federal e Polícia Civil de Minas Gerais. Entre os 14 nomes citados no documento, estão 12 funcionários da Vale e dois da empresa de auditoria Tuv Sud. A lista é encabeçada por Fábio Schvartsman, que era presidente da mineradora quando ocorreu o desastre. O relatório da CPI também recomenda que Vale e
Tuv Sud sejam indiciadas por crimes ambientais. Além de indiciar diretores e agentes vinculados à tragédia, o relatório da CPI sugeriu projetos de lei, um que tipifica novos crimes ambientais, outro que estabelece novas regras para barragens de mineração e um que cria uma tributação da exploração de minérios no país, semelhante ao que ocorre com os royalties no setor de petróleo.
Liderança analisa relatório da CPI
P
ara Joceli Adrioli, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a punição é importante, mas o relatório ainda deixa lacunas para a superação de todos os efeitos do desastre. “É importante pedir o indiciamento das pessoas e indicar uma política de segurança de barragem mais efetiva, mas tem uma lacuna pós-crime, que é como resolver um problema gerado, uma indicação clara de uma política de garantia dos direitos das populações atingidas para uma plena reparação”, afirma. “A dor continua muito grande, a poluição está es-
cancarada no rio Paraope- dida que os crimes ficam baba e a reparação longe de ser ratos, mais crimes acontecem”, argumenta. concluída”, acrescenta. Andrioli espera que o Congresso Nacional acelere a aprovação do Projeto de Lei 2788/19, que institui a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) e lista os direitos dessas pessoas. A matéria foi aprovada na Câmara na semana passada e agora vai tramitar no Senado. “Seria uma forma de ter uma política estrutural para enfrentar esse problema. O que acontece hoje é que esses crimes ficam baratos para as empresas, e na me-
Para Joceli Andrioli, os “bens naturais, como os minérios, são patrimônio público, deveriam dar uma retorno para toda a sociedade, mas esse patrimônio segue submetido a uma ação ambiental predatória, sob a ótica do lucro, da exportação de matérias-primas baratas, com uso intensivo de energia e de água. Quem acaba pagando é a sociedade brasileira, através do dano ao meio ambiente, da poluição e das mortes”. Para o dirigente do MAB, o processo de ex-
ploração mineral no Brasil deveria estar associado a uma estratégia de industrialização, para gerar empregos de qualidade e renda, com promoção do desenvolvimento sustentável. “É necessário rever o modelo, ter um outro princípio em que o bem natural sirva a uma estratégia de desenvolvimento, que seja base para a reindustrialização do país, que a renda desse setor seja revertida para saúde e educação. Não é proibir a mineração, mas que ela sirva um modelo sustentável de desenvolvimento”, aponta. ANÚNCIO
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BRASIL
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Sob pressão governista, comissão da Câmara aprova relatório da reforma da Previdência APOSENTADORIA Projeto que destrói direitos de trabalhadores deve ser votado na próxima terça-feira (9) no plenário da Casa Pablo Valadares /Câmara dos Deputados
Regra transitória
Da redação A Comissão Especial da reforma da Previdência aprovou na quinta (4), por 36 votos a 13, a terceira versão do texto do relator do projeto na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Há grande pressão do governo, com apoio do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para que seja votada na próxima terça (9) no plenário da Casa. Para ser aprovada, precisa de no mínimo 308 votos (2/3 dos parlamentares). A versão aprovada trouxe mudanças pontuais, sem alterações significativas em relação ao apresentado anteriormente. O substitutivo mantém algumas diretrizes do governo Jair Bolsonaro – como o aumento da idade mínima e do tempo de contribuição, além de regras de transição para os atuais segurados. Alterações na reforma O relator retirou alterações na competência da Justiça Federal sobre ações envolvendo acidentes de trabalho, de forma que fica preservado
o texto atual da Constituição. Outra mudança trata do aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), de 15% para 20%, a ser aplicado somente para os bancos. Em relação ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago a idosos de baixa renda, o substitutivo insere na Constituição o critério de vulnerabilidade de 25% do salário mínimo de renda familiar per capita para acesso ao programa. O relator decidiu manter na Constituição a idade mínima para aposentadoria de servidores da União, de 65 anos para homens e 62 para mulheres – esses patamares são, hoje, de 60 e 55 anos, respectivamente. Conforme o texto, a mesma regra terá de constar na legislação dos estados e municípios.
Relatório mantém aumento da idade mínima e tempo de contribuição
O texto propõe uma regra geral transitória, com idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. Até que lei específica trate do tema, o tempo de contribuição no setor privado será de pelo menos 15 anos para mulheres e 20 para o homens; no setor público, 25 para ambos os sexos. Há ainda regras para grupos específicos, como professores. O substitutivo prevê uma fórmula para cálculo dos benefícios – média de todas as contribuições até o dia do pedido – que poderá ser mudada por lei futura. A proposta diminui o valor do benefício, já que, hoje, o cálculo é feito pela média apenas dos maiores salários. Na proposta, a aposentadoria corresponderá a 60% da média de todos os salários – se for a única fonte de renda é assegurado o valor do salário mínimo (atualmente, R$ 998). A partir dos 20 anos de contribuição, o percentual subirá 2 pontos percentuais por ano, até chegar a 100% com 40 anos. O relator criou uma regra de transição para os atuais segurados do setor público e privado, com pedágio de 100% do tempo de contribuição que faltar na data da promulgação da futura emenda constitucional, mais idade mínima (60 se homem, 57 se mulher) e tempo de contribuição (pelo menos 35 e 30, respectivamente).
VEJA COMO VOTARAM OS DEPUTADOS E AS DEPUTADAS NA COMISSÃO A FAVOR DA REFORMA E CONTRA OS TRABALHADORES
CONTRA A REFORMA E A FAVOR DOS TRABALHADORES
Deputados de Minas Gerais: Bilac Pinto (DEM) Dr. Frederico (Patriota) Greyce Elias (Avante) Lafayette Andrada (PRB) Outros estados: Alex Manente (Cidadania-SP) Alexandre Frota (PSL-SP) Artur Maia (DEM-BA) Beto Pereira (PSDB-MS) Capitão Alberto Neto (PRB-AM) Celso Maldaner (MDB-SC) Daniel Freitas (PSL-SC) Daniel Tzerciak (PSDB-RS) Darci de Matos (PSD-SC) Darcísio Perondi (MDB-RS) Delegado Eder Mauro (PSD-PA) Fernando Rodolfo (PL-PE) Filipe Barros (PSL-PR) Giovani Cherini (PL-RS) Guilherme Mussi (PP-SP) Heitor Freire (PSL-CE) Joice Hasselmann (PSL-SP) Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) Marcelo Moraes (PTB-RS) Marcelo Ramos (PL-AM) Paulo Ganime (Novo-RJ) Paulo Martins (PSC-PR) Pedro Paulo (DEM-RJ) Ronaldo Carleto (PP-BA) Samuel Moreira (PSDB-SP) Silvio Costa Filho (PRB-PE) Stephanes Jr (PSD-PR) Toninho Wandscheer (Pros-PR) Vinicius Poit (Novo-SP) Diego Garcia (Pode-PR) Evair de Melo (PP-ES) Flaviano Melo (MDB-AC)
Alice Portugal (PCdoB-BA) Aliel Machado (PSB-PR) André Figueiredo (PDT-CE) Carlos Veras (PT-PE) Gleise Hoffmann (PT-PR) Heitor Schuch (PSB-RS) Henrique Fontana (PT-RS) Israel Batista (PV-DF) Joenia Wapichana (Rede-RR) Jorge Solla (PT-BA) Lídice da Mata (PSB-BA) Paulo Ramos (PDT-RJ) Sâmia Bonfim (PSOL-SP)
Com informações da Agência Câmara
14 MUNDO 10
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
EUA barram declaração na ONU que condena ataque contra migrantes na Líbia PERIGO Bombardeio em centro de detenção causou a morte de pelo menos 44 migrantes e deixou mais de 100 feridos UN
Opera Mundi
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morte de pelo menos 44 migrantes em um bombardeio aéreo contra um centro de detenção na Líbia provocou comoção internacional. Em uma reunião na quarta (3), o Conselho de Segurança da ONU, entretanto, não condenou por unanimidade o ataque, ocorrido na terça (2). Os Estados Unidos impediram a adoção de uma declaração, proposta pelo Reino Unido, condenando o bombardeio, depois de mais de duas horas de reunião. O ataque aconteceu em Tajoura, perto da capital
Trípoli, e foi atribuído pelo governo às forças rivais de Khalifa Haftar, um ex-marechal líbio, engajado em uma ofensiva para tomar a capital desde a queda de Muamar Khadafi,
em 2011. Mas o porta-voz das forças pró-Haftar, Ahmad al-Mesmari, desmentiu qualquer envolvimento no ataque, acusando o governo de “fomentar um complô”.
Mais de 600 migrantes moravam no centro de detenção, a maioria do Sudão e da Eritreia. Segundo o responsável pelo local, 120 migrantes estavam no prédio número 3, que foi atingido em cheio pelo bombardeio. “Havia cadáveres, sangue e pedaços de pele espalhados para todos os lados”, contou Al-Mahdi Hafyan, um marroquino de 26 anos que ficou ferido no ataque. Ele veio à Líbia para tentar atravessar o mar Mediterrâneo e chegar clandestinamente na Europa. Esta é a segunda vez que o centro é atingido desde a ofensiva pró-Haftar, no dia 4 de abril.
ONU pede investigação independente
O emissário da ONU, Ghassan Salamé, condenou uma “carnificina ignóbil e sangrenta”, em um comunicado da Missão da ONU na Líbia. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu uma “investigação independente” sobre o ataque e reiterou seu apelo pedindo um “cessar-fogo” imediato no país. A Organização das Nações Unidas se diz preocupada com o destino de cerca de 3,5 mil migrantes e refugiados que estão “em perigo em centros de detenção situados perto das zonas de combate. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
ENTREVISTA 15 11
“Acordo com União Europeia ameaça desenvolvimento do país”, diz ex-executivo dos BRICS ECONOMIA Paulo Nogueira Batista Jr. lamentou acordo ter sido fechado em momento em que países latino-americanos passam por crise Roque de Sá /Agência Senado
Mercosul, principalmente do Brasil, que tem um porte especial. Há um outro aspecto. Se os europeus conseguirem essas vantagens todas aqui, os norte-americanos, os canadenses, os japoneses vão querer o mesmo. Se todos conseguirem acordos desse tipo, acabou a política de desenvolvimento do Brasil. Não estou exagerando. Esse é um assunto potencialmente desastroso para o Brasil.
Tiago Angelo
A
pós 20 anos de negociação, o Mercosul e a União Europeia anunciaram o fechamento de um acordo de livre-comércio. O acordo irá incluir os 28 países da UE e as quatro nações do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Os dois blocos reúnem cerca de 750 milhões de consumidores. Os congressos dos países latino-americanos e o Parlamento Europeu ainda devem ratificar o pacto para que ele passe a valer e o caminho para isso ainda pode ser dificultado. A França é um dos países mais reticentes. Alguns setores da indústria brasileira também expressaram discordâncias com respeito à possibilidade de criação do acordo. Em entrevista ao Brasil de Fato, o economista e ex-vice-presidente do Banco dos BRICS, Paulo Nogueira Batista Jr., contestou os supostos efeitos positivos do pacto que, segundo ele, oferece pouco acesso adicional aos mercados da União Europeia e amarra muito as políticas de desenvolvimento dos países do Mercosul, principalmente do Brasil. Brasil de Fato: Dentro do que se sabe até agora, o acordo é benéfico ao Mercosul? Paulo Nogueira Batista Jr.:
Pelo que se sabe até agora, e ainda faltam muitas informações importantes, o acordo favorece mais os eu-
Acordo favorece mais europeus do que países do Mercosul ropeus do que os países do Mercosul. É difícil avaliar, porque é muito abrangente, possivelmente o acordo mais abrangente que o Brasil já assinou – pela quantidade de temas e tópicos que estão envolvidos. É muito enganoso chamar de acordo de livre-comércio. Porque não é só comércio – de bens, de mercadorias – e não é livre. Não é livre porque os europeus – mas também o Mercosul – se reservam ao direito de manter sua forte defesa co-
mercial na área da agricultura. Não é comércio, porque cobre uma vasta gama de temas. Por exemplo, serviços, investimentos, propriedade intelectual, patentes, designações geográficas, barreiras sanitárias, temas ambientais, entre outros. Por que não é bom para nós? Porque oferece pouco acesso adicional aos mercados da UE e porque amarra muito as políticas de desenvolvimento dos países do
Europeus aproveitaram fragilidade atual da Argentina e do Brasil
As discordâncias a respeito dos termos deste acordo foram resolvidas ou o país flexibilizou suas demandas? Tudo indica que, nos pontos mais difíceis, o Mercosul cedeu para poder concluir o acordo. Há uma razão para imaginar que não seja favorável a nós: ele foi fechado em um momento em que o governo argentino [de Mauricio Macri] está muito fraco, e o governo Bolsonaro está muito despreparado para enfrentar negociações complexas. Despreparado técnica e politicamente. Os europeus naturalmente quiseram aproveitar essas fragilidades. Entrar em um acordo que beneficia mais a UE coloca os países do Mercosul em uma espécie de posição subalterna? Tudo indica que foi uma negociação desequilibrada, principalmente para o Brasil. É ruim perder tanto espaço de manobra. Exemplos estão nas licitações e
Brasil não mais poderá discriminar a favor de empresas nacionais em relação à empresas da UE compras governamentais. O Brasil não mais poderá discriminar a favor de empresas nacionais em relação à empresas da UE. Fala-se muito que a quase totalidade das exportações de manufaturas do Mercosul com a UE estarão livres de tarifas. Mas não se explica – como se deveria explicar – que as tarifas sob produtos industriais já são muito baixas na UE. Então o ganho adicional de passar, digamos, de 2%, 3% de tarifas para 0, é muito pequeno. Já as tarifas brasileiras sobre exportações industriais da UE para cá são muito altas, chegam a 35% no caso de automóveis. E elas serão, ao longo do tempo, eliminadas. Fico preocupado. Espero que o Brasil se organize para discutir a fundo esse acordo e ver se não é o caso de rejeitá-lo no Congresso brasileiro.
ENTREVISTA COMPLETA NO SITE WWW. BRASIL DEFATO.COM.BR
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Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
DE OLHO NA MÍDIA
FIQUE Divulgação
BEM AJA COMO SE FOSSE MUDAR DE CASA NA SEMANA QUE VEM!
Em um cenário de crise permanente para os jornalistas e o jornalismo – de sentido da profissão, de precarização das relações de trabalho e de aumento do desemprego, é motivo de esperança e alegrias as notas desta quinzena aqui no “De olho na mídia”. #LuteComoUmJornalista Que o exemplo de Alagoas nos inspire: depois de uma decisão absurda das três maiores empresas de comunicação do estado em diminuir em 40% o piso salarial dos jornalistas, a categoria se juntou em assembleia e, segundo o sindicato, nada menos que 95% dos trabalhadores aderiram à greve, que durou nove dias. Na quarta (3), o Tribunal Regional do Trabalho decidiu manter o piso e determinou o reajuste salarial pelo índice parcial da inflação, ou seja, não só não houve corte como houve aumento de 3% nos salários. O TRT determinou o pagamento dos dias parados e garantia de estabilidade por três meses. A unidade e solidariedade também são lições que vêm de lá: estudantes e professores da Universidade Federal de Alagoas paralisaram as atividades acadêmicas e aderiram ao comando de greve. Diversos sindicatos do estado e de todo o país também manifestaram apoio. Os comerciantes de Maceió ajudaram doando água e alimentos.
Novos ares na ABI A Associação Brasileira de Imprensa anunciou no final de junho uma votação histórica, repleta de disputas – inclusive judiciais - que levou à vitória a Chapa 2, com o lema “ABI: Luta pela democracia”. O presidente eleito, Paulo Jerônimo de Sousa, o Pagê, declarou que a entidade precisa recuperar seu lugar na trincheira da luta pela liberdade de imprensa, pelo respeito, pelo trabalho e pela democracia.
Apoio ao Intercept e ao jornalismo Ao mesmo tempo em que a direita, a extrema-direita e alguns idiotas buscam desconstruir e impedir o trabalho de Glenn Greenwald e do Intercept, diversas manifestações em todo o Brasil e no mundo atestam o direito à informação e a defesa da permanência do jornalista e da garantia de trabalho a ele e ao site. Em resposta à investigação de Sergio Moro sobre as contas de Glenn, a Associação de Correspondentes Estrangeiros lançou carta em que denunciam “abuso de poder” do atual ministro da Justiça.
Cursos para refletir e trocar ideias Cobertura política e fotojornalismo são os próximos temas do curso promovido pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Detalhes da programação em: tinyurl.com/y3sgrf8g. Outra iniciativa de formação é promovida pelo Brasil de Fato MG e tem como tema o sindicalismo. Programação completa e inscrições em: tinyurl.com/y4on2c9f Um abraço e até a próxima! Joana Tavares – Escreva suas sugestões e impressões para: joanatavaresc@gmail.com
Quem já passou pelo processo sabe: quando a gente precisa mudar, se dá conta do tanto de coisa que acumula sem nunca usar. Então para que esperar? Aproveite um fim de semana ou uma noite livre e investigue aquele armário cheio de papel, seu guarda-roupa ou dispensa. O que você não reconhecer, não usar nunca e guardar apenas “porque pode precisar um dia”, considere refletir se isso é verdade mesmo. Você pode aproveitar a oportunidade para presentear pessoas queridas, para fazer doações para quem precisa ou até mesmo para fazer um dinheirinho vendendo o que não faz mais sentido para você. Além de fazer bem para outros, você certamente vai se sentir mais leve. Outro benefício: estudos dizem que espaços limpos e organizados deixam a mente mais tranquila...
REUTILIZE E COMPRE MENOS Depois dessa expedição pela sua casa, pode ser que você perceba que guarda muitas coisas que não usa, que tem alguns objetos repetidos ou que tem algumas louças – ou toalhas de mesa, roupas, ou o que for – eternamente na caixa, para uma ocasião especial que nunca chega. Aproveite para refletir sobre seus hábitos de consumo (pense no que jogou fora e se precisa mesmo comprar determinadas coisas) e também para colocar de volta ao uso objetos que estão, nas palavras de Chico Buarque, “cheirando a guardado de tanto esperar”.
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Fiquei sabendo que o clitóris é bem maior do que imaginamos. É verdade? Bárbara Justino, 38 anos, contadora É verdade sim, Bárbara. O clitóris é um órgão que tem cerca de 9 cm e serve exclusivamente para o prazer da mulher. Aquela pontinha que tem acima da uretra é somente a glande do clitóris e o corpo, que fica ereto quando a mulher fica excitada. Abaixo do corpo, descem duas raízes que “abraçam” os lábios vaginais nos dois lados. A estimulação do clitóris é fundamental para que a mulher tenha orgasmo. A gente normalmente não sabe disso, porque no mundo do machismo o prazer da mulher sempre foi desvalorizado e cheio de tabus. Devemos lutar pelos direitos das mulheres, inclusive o direito ao orgasmo.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
13 VARIEDADES 15
www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas COCADA DE COLHER PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Países Circunstância atenuante do crime asiáticos de posse de drogas, no Brasil separados pelo (?) Stout, estreito de Taiwan escritor Enfurecer Problema político explicitado pela Operação Lava Jato Protagonistas
Forma de relevo de chapadas (Geol.)
Substrato (?) do trá- Micareta instintivo fego aéreo, função da psique das quatro unidades (Psican.) do Cindacta
(?) Menor, constelação da Estrela Polar Língua de (?), brinquedo do Carnaval
(?) do chão: o térreo, em Portugal Diz-se do alimento enlatado (?) Abeba, a capital Possuir da Etiópia
Produtora que lançou em 1995 a franquia "Toy Story" (Cin.) Prostração (fig.)
Reprodução
Sensação minorada pelo analgésico
Itinerário A Dádiva do (?): o Egito (Ant.)
Ente vivido por Orlando Bloom no Cinema (?) Reserve: o banco central dos EUA
(?) mitzvah, ritual judaico Conseguir
Ingredientes
Idade, em inglês Santa (abrev.) Dá ânimo a
Dúvida retórica simulada no discurso O café que dispensa coador no preparo
O "fogo que 500, em arde sem algarismos se ver", pa- romanos ra Camões Regras cerimoniais praticadas numa religião
Um dos combustíveis do carro flex Canoa rústica Friccionar com óleo
Thomas (?), autor de "Utopia" (séc. XVI)
A primeira função trigonométrica (Mat.)
Uma das causas da endocardite bacteriana
Filósofo nascido na cidade prussiana de Kanigsberg Tão "A (?)", hino francês proibido por Bonaparte
1 e 1/2 xícara de chá de coco ralado 1 lata de leite condensado 1 xícara de chá de leite de coco 1 colher de sopa de manteiga 1 lata de creme de leite
Modo de Preparo
Blusa de ginástica Documento (abrev.)
Palavra sugerida ao repentista no desafio Sala, em inglês
3/age — rex. 4/room. 5/igara. 6/aporia. 7/federal. 10/crise ética.
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Solução K
1. Em uma panela antiaderente, leve o coco ao fogo médio e mexa até dourar por completo. Reserve mais ou menos 1/2 xícara do coco. 2. Na panela, junte o leite condensado, o leite de coco e a manteiga. Leve ao fogo médio e mexa até desgrudar do fundo. 3. Junte o creme de leite e deixe esfriar. 4. Transfira para copinhos ou refratários individuais, decore com o coco reservado e sirva em seguida.
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BANCO
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14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
Mulheres quilombolas criam marca de roupa de valorização da negritude
João Paulo Cunha lança livro que reúne textos dos seus últimos cinco anos de carreira
Reprodução
EMANCIPAÇÃO Além de gerar renda, projeto deseja combater êxodo rural, mostrando que é possível viver e trabalhar dentro das comunidades Raíssa Lopes O amor pela terra natal juntou sete mulheres negras e quilombolas na criação da marca de roupas Kilombu Modas, que nasceu em 2018 no Quilombo Santa Cruz, em Ouro Verde de Minas, no Vale do Mucuri. Elas, que têm entre 18 e 35 anos e diferentes formações escolares, procuravam um jeito de gerar renda para não trocarem o seu lar pela cidade. A Kilombu Modas acabou não sendo apenas uma alternativa, mas um projeto de união, integração com a comunidade e orgulho da cultura negra. Amaurisa de Souza, Denalha dos Santos, Jacqueline Lisboa, Josiany de Souza, Josicleia de Souza, Maria Nilza dos Santos e Vanuza Costa fazem tudo quanto é tipo de roupa customizada para diversas idades, assim como panos de prato, toalhas, almofadas, quadros, brincos, etc. A equipe se divide em setor de criatividade, vendas e encomen-
das, divulgação, contabilidade e análise de materiais além de trabalhar para expandir o serviço de costura. Os produtos são inspirados nas variadas vestimentas dos países da África. A Kilombu começou com dinheiro das próprias participantes. Além disso, a comunidade apoiou cada eta-
Queremos que todas as mulheres, crianças e jovens tenham a condição de ficar no campo pa, como conta Maria Nilza. “Fico emocionada de falar... É algo que iniciamos recentemente e se tornou grandioso porque as pessoas abraçaram”, lembra. O povo do quilombo também vendeu rifa, cedeu a casa para os eventos, ajudou nas tarefas da noite.
Reação em cadeia Todas as mulheres nasceram e foram criadas no Quilombo Santa Cruz, uma comunidade que resiste desde o tempo da escravidão. Elas relatam que um dos objetivos é mostrar que é possível viver com dignidade sem ter que dar adeus às origens. Querem que outros quilombolas, principalmente mulheres, se encorajem para criar empresas do que quiserem. “Nós queremos que todas as mulheres, crianças e jovens tenham a condição de permanecer no campo”, ressalta Josiany, uma das criadoras da marca. Conheça: Acesse a página da Kilombu Modas no Facebook: https:// tinyurl.com/yyyh9u9m
Raíssa Lopes “Penso, logo duvido” é o nome do novo livro do jornalista João Paulo Cunha, que será lançado na sexta (5), às 19h, na Casa do Jornalista (Av. Álvares Cabral, 400), em Belo Horizonte. A publicação reúne artigos publicados nos mais diversos veículos de imprensa durante os últimos cinco anos da carreira de João como comunicador. Uma parte contém textos políticos, que tratam da conjuntura brasileira e a outra aborda temas ligados ao jornalismo cultural. João Paulo conta que a iniciativa de juntar os escritos surgiu do incentivo de amigos, que viam nas obras uma boa oportunidade para construir registros históricos. Um dos principais impulsionadores foi o dramaturgo, diretor e escritor João das Neves, que faleceu em agosto de 2018. “Eu sempre dizia ao João das Neves que achava que os textos tinham uma vocação muito forte para o imedia-
to, para refletir o que estava acontecendo no momento, mas ele acreditava que existiam elementos importantes para ficarem documentados”, diz. Com análises aprofundadas, a ideia é que os leitores possam recorrer à publicação sempre que for necessário relembrar e compreender um pouco o passado recente e a atualidade do Brasil. Evento O lançamento irá contar com personalidades da música mineira, como a cantora Titane, Letícia Bertelli, Makely Ka e Hudson Lacerda, que irão se apresentar de maneira intimista, em uma espécie de roda de música. A entrada é gratuita. O autor João Paulo Cunha já trabalhou em jornais impressos, rádio e televisão. Foi diretor da Casa do Jornalista, professor da PUC Minas, pesquisador da Escola de Saúde Pública e presidente do BDMG Cultural. Atualmente é colunista do Brasil de Fato.
Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
Copa feminina: Holanda e EUA decidem o título Jamie Smed
Copa América, a última prova da elitização
Diego Silveira os destaques são a atacante Vivianne Miedema, de 22 anos, maior artilheira de todos os tempos da Holanda, e a ponta esquerda Lieke Martens, melhor da Eurocopa 2017. O time estadunidense vai recheado de estrelas: as meio-campistas Carli Lloyd (duas vezes melhor do mundo) e Megan Rapinoe, as atacantes Tobin Heath e Alex Morgan, entre outras.
Parataekwondo: brasileira é prata na Coreia do Sul Abelardo Mendes Jr.
A paratleta brasileira Débora Menezes participou, na quinta (4), do Aberto da Coreia de Parataekwondo. Débora derrotou a australiana Janine Watson e perdeu para a britânica Amy Truesdale, garantindo a medalha de prata na competição. A brasileira compete na classe K44, acima de 58 kg,
15 15
CURTO E GROSSO
na geral
A 8ª edição da Copa do Mundo feminina de futebol da França chega ao fim. No sábado (6), ao meio-dia, Inglaterra e Suécia disputam o terceiro lugar. Domingo (7), também ao meio-dia, o título da competição será decidido entre a seleção da Holanda, que joga uma final pela primeira vez, e as mulheres dos Estados Unidos, três vezes campeãs do torneio. Na equipe holandesa,
ESPORTE
para atletas com deficiência em ao menos um membro superior. Em 2018, Débora Menezes foi premiada como melhor do ano na modalidade. Em fevereiro de 2019, ela sagrou-se campeã mundial. Em maio, chegou à segunda colocação do ranking internacional de parataekwondo.
A
Copa América se transformou em caça-níqueis para a Conmebol. Os estádios vazios de vários jogos podem sugerir um fiasco de público e renda. Mas, de renda, os organizadores não podem reclamar. Duas partidas propiciaram as maiores bilheterias da história no país. O jogo de abertura, quando o Brasil venceu a Bolívia por 3 a 0, arrecadou R$ 22 milhões. Retiradas as despesas, lucro foi de R$ 16 milhões. O clássico contra a Argentina, no Mineirão, arrecadou R$ 18 milhões (ainda não foi divulgado o borderô da partida). A final do dia 7, no Maracanã, provavelmente superará as duas bilheterias citadas. Ao fim e ao cabo, o prejuízo de jogos como Uruguai 4 x 0 Equador será facilmente superado pelas receitas de jogos de maior apelo. O torneio demonstra a elitização do público. Do ponto de vista dos negócios, o objetivo é gerar mais receita. Com os preços dos ingressos lá em cima, a torcida assume um perfil de classe média, pele branca e poder de consumo alto. Essa mudança permitiu que a renda de bilheteria, que antes pouco contava no orçamento de clubes e federações, voltasse a ter relevância. Ao mesmo tempo, como boa
parte dos interessados em futebol permanece fora dos estádios, assistindo aos jogos pela TV, os negócios entre as instituições de futebol, canais de TV e patrocinadores alcançam cifras multimilionárias. Se vemos a imensa maioria do povo fora dos estádios,
Tânia Rego /Agência Brasil
é porque os agentes que operam os negócios do futebol ganham com isso. A Copa América talvez seja a última prova da elitização das arquibancadas nacionais, que só será desfeita com a luta organizada das torcidas. ANÚNCIO
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Belo Horizonte, 5 a 11 de julho de 2019
Brasil encara Peru por título e artilharia
A Copa América chega ao fim. Argentina e Chile, finalistas das duas últimas edições, disputam o terceiro lugar sábado (6), às 16, na Arena Corinthians. Domingo (7), às 17h, é a vez de Brasil e Peru fazerem a grande final no Maracanã.
A Seleção Brasileira tenta seu nono título, os peruanos lutam pelo bicampeonato. Em campo, cinco atletas também disputam a artilharia: os brasileiros Everton Cebolinha, Philippe Coutinho e Roberto Firmino e os peruanos Paolo Guerrero e
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Jamie Smed Lucas Figueiredo /CBF
Edison Flores. Cada um tem dois gols. Também com dois tentos anotados, outros três atletas que disputam o terceiro lugar podem ficar com a artilharia: o argentino Lautaro Martínez e os chilenos Alexis Sánchez e Eduardo Vargas.
Mantenho minha posição de não ir à Casa Branca. Em caso de vitória aqui, prefiro não ir por causa dos meus valores. Vou aconselhar minhas colegas a fazerem o mesmo” Megan Rapinoe, meio-campista da Seleção dos EUA, finalista da Copa feminina. Rapinoe é inimiga mortal do governo Trump e se recusa a encontrar com o presidente caso ganhe o Mundial.
Gol de placa O River Plate e o Inter de Porto Alegre abriram, respectivamente, os estádios Monumental de Núñez e Beira Rio para que moradores de rua se protejam do frio. As temperaturas em Porto Alegre e Buenos Aires estão próximas de 0°C, castigando as pessoas que não têm uma casa para morar.
Gol contra Jair Bolsonaro, feito o presidente na eleição do ano passado, esteve no Mineirão na terça (2), quando a Seleção Brasileira derrotou a Argentina. Seus apoiadores histéricos até tentaram gritar “mito”, mas foram abafados pelas vaias ensurdecedoras da maioria no estádio.
Um novo time
A sorte será lançada
Por um mês de julho melhor
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Preparando-se para retornar diferente à Série B, o América faz amistosos contra times mineiros. Até agora, venceu todos, inclusive contra o Cruzeiro, por 2 a 1, com gols de Bilu e Toscano. Mais do que os resultados, o importante é a oportunidade que a comisDecacampeão são técnica tem para testar diferentes formações e atletas, corrigir os muitos erros cometidos e dar ritmo de jogo a atletas que estavam parados. Caras novas, como Diego Ferreira e Michel Bastos, recém-contratados, e Lima, recuperado de lesão, podem pintar como titulares. Independentemente das peças, o importante é que seja um time com uma nova postura: mais organizado, seguro e eficiente e com mais apetite para vencer.
Em sua preparação para as quartas-de-final da Copa do Brasil, o Atlético, a meu ver, não deve se pautar pela crise do arquirrival. Tal tensão pode ter pouca ou nenhuma influência no desempenho do adversário. Nem mesmo o tropeço contra o América. E, quem sabe, o clásÉ mesmo Galo doido! sico serviria até como tábua de salvação ao conflito deflagrado fora de campo. Portanto, o mais importante é estar preparado para duas partidas equilibradas. O Galo tem seus trunfos: adquiriu padrão de jogo com Rodrigo Santana. Evoluiu defensivamente, na armação e na conclusão das jogadas. Acertos ainda precisam ser feitos. Mas ainda temos a metade da temporada pela frente. A sorte estará lançada na próxima semana.
Salve, nação azul! Em uma semana, teremos jogado a primeira partida decisiva do mês de julho. Além do momento conturbado fora de campo, temos a responsabilidade de começar a reverter um retrospecto desfavorável em mata-matas La Bestia Negranacionais contra o time de Vespasiano. A máxima de que o clássico iguala forças sempre funcionou. Cansei de ver nosso cabuloso jogar contra o Atlético em um momento de baixa e conseguir sair vitorioso. O contrário também já aconteceu. Sendo assim, vamos retomar a temporada cientes dos desafios, mas confiantes. Que o papel e a tinta que formam esse espaço sejam os veículos de celebração para todos nós neste mês que se inicia. Saudações celestes!
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