Edição 291 do Brasil de Fato MG

Page 1

FESTIVALE

Evento surgiu como arma política contra a ditadura. Conheça mais sobre o Jequitinhonha, as belezas e riquezas da região e de um povo que resiste e cria, apesar de toda a exploração I ESPECIAL 7-10

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019 • edição 291 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil

VAZA JATO DESMASCARA SERGIO MORO Reportagens publicadas pelo The Intercept Brasil evidenciam caráter parcial e político da operação Lava Jato e da atuação do Ministro da Justiça do governo Bolsonaro (PSL), Sergio Moro. No entanto, Judiciário segue ignorando informações e não responsabilizando envolvidos no escândalo. Entenda quais são as principais revelações divulgadas até o momento I BRASIL 9 Marcos Santos / Usp Imagens

Confira dicas para adultos e crianças no roteiro que o Brasil de Fato MG preparou para o recesso CULTURA 14

Desclassificados da Copa do Brasil, Palmeiras e Flamengo concentram maiores lucros do futebol ESPORTES 15

CIDADES

4

Ajuda na comida do mês Vereadores de BH aprovam projeto para que famílias necessitadas recebam cartão alimentação

Técnicas que controlam a respiração são alternativas contra a ansiedade VARIEDADES 13


2

OPINIÃO

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

Editorial | Brasil

Um Brasil de Terezas de Benguela

ESPAÇO DOS LEITORES

“Imensa gratidão por ter participado desse curso, aprendi muito. Obrigada Brasil de Fato e SindUTE” Marcelle Amador Dias escreve sobre o curso “Ideias de categoria comunicação e sindicalismo”, promovido pelo jornal nos dias 11 e 12 de julho “Maravilhoso. Já compartilhei” Christina Tavares comenta o o artigo de João Paulo Cunha “Bolsonaro não tem bossa” “Muita gratidão, obrigada senhor” Maria Pereira Dos Santos comenta a matéria sobre o Kilombu modas: “Mulheres quilombolas criam marca de roupa de valorização da negritude” “Segue a mil a preparação das mulheres mineiras para a Marcha das Margaridas, que acontece durante os dias 13 e 14 de agosto em Brasília (DF)” João Cláudio Fontes escreve sobre a postagem “Trabalhadoras rurais lançam Marcha das Margaridas em Belo Horizonte”

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Um território onde não tinha escravidão, onde não havia um patrão branco chicoteando negros e negras forçados a trabalhar. Ainda no século XVIII, mas com legislação complexa e participativa. O quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, existiu entre 1730 e 1795. Mais de 60 anos de resistência ativa, de de-

tamento, de coragem, de ação decidida e dirigente de pessoas oprimidas. Entre essas pessoas, negros, mulheres, negras. Por outro lado, um apagamento sistemático e interessado dessa tradição e a construção de um ilusório “povo pacífico”, uma mentirosa “democracia racial”, mito atrás de mito que escondem nossa formação violenta e resistente.

Tereza de Benguela foi liderança de resistência

25 de julho: memória histórica Em 1992, na República Dominicana, foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Afro-latinoamericanas e caribenhas, e instituído o 25 de julho como dia de luta. Em 2014, coube à primeira presidente mulher da história do Brasil, Dilma Rousseff, sancionar uma lei que colocava o 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

monstração de que era possível outra forma de organização social e do trabalho. Mas provavelmente você nunca ouviu falar dele. E talvez você não saiba, também, que ele foi comandado por uma mulher, Tereza de Benguela. Não há muitas informações certeiras sobre ela. Há quem diga que ela passou a liderar o quilombo após a morte do companheiro, José Piolho. Há outros registros que a colocam como a rainha do quilombo desde antes, que era ela quem presidia as reuniões daquilo que funcionava como um Senado. Outra incerteza é em relação ao seu nascimento, se na África ou já no Brasil. Também não se sabe ao certo se havia indígenas entre os habitantes do território livre, mas muitos indicativos levam a crer que sim. Sabe-se que Tereza liderava e inclusive organizou um exército em resistência à invasão bandeirante, violenta e assassina, que levou à sua morte. As dúvidas e o desconhecimento da história de Tereza falam muito sobre o Brasil. Por um lado, há uma intensa vivência de enfren-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

25 de julho é dia da Mulher Negra Essa homenagem mais que justa e tardia a uma heroína brasileira precisa ser lembrada e celebrada. Mais que isso, precisamos honrar a história de luta e seguir fazendo como Tereza. É preciso resistir ao opressor, seja ele um bandeirante armado, seja um presidente que faz apologia à violência e à morte. É preciso lembrar e contar nossa história, porque a memória e a verdade são revolucionárias. Tereza mostrou o caminho: é possível construir um território livre. Façamos como ela, todos os dias.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


? PERGUNTA DA SEMANA

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

3

Número da Semana

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu indicar seu filho Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil nos Estados Unidos. “Está decidido e [a nomeação] não é nepotismo”, afirmou na última terça-feira (16). Se o nome do deputado for publicado no Diário Oficial União, será apresentado à Comissão de Relações Exteriores do Senado, onde passará por sabatina. Depois, em votação secreta, os senadores da comissão decidem se ele é apto ou não ao cargo. Em caso de maioria, a indicação vai para votação no plenário do Senado.

845 mil

É o número de pessoas que já tinham se cadastrado na plataforma “Não me Perturbe” até as 20h do dia 16, o primeiro dia de funcionamento do site. Os clientes incluídos nesse grupo não poderão receber ligações para a venda de serviços das empresas de telemarketing via telefone. Para inserir seu número na lista, basta acessar o site naomeperturbe.com.br e efetuar o cadastro. Com isso, você evita ligações indesejadas das empresas Algar, Claro/Net, Nextel, Oi, Sercomtel, Sky, TIM e Vivo.

Virada Cultural

Você acha correto Bolsonaro indicar o filho para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA?

Não. Tem outras pessoas mais preparadas para esse cargo. O mesmo caso seria se meu pai, que tem uma empresa de elétrica, me colocasse na empresa como braço direito dele ou chefe. Vai estar tudo corrompido ali.

GERAL

Mais de 400 atrações tomam conta de Belo Horizonte neste sábado (20) e domingo (21). Com 24 horas de duração, a Virada Cultural promete muita música, teatro, dança, gastronomia, moda, literatura e diversos outros ti-

Não. Porque eu acho que ele tinha que indicar outra pessoa sem ser da família dele pra assumir esse cargo, né?

Divulgação Banzeiro / Célia Santos

pos de atividades. Daniela Mercury, Djonga, Moraes Moreira, Xenia França e Mamour Ba são alguns destaques da programação, que pode ser conferida na íntegra no link viradacultural. pbh.gov.br. O evento começa às 19h.

Dia de luta das mulheres negras

Mídia Ninja

Paula Evangelista, desempregada

Paulo Santos, auxiliar de elétrica

Reprodução

O Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, 25 de julho, marca a luta contra o racismo e a resistência das mulheres contra a violência e pelo bem viver. Em Contagem, entre os dias 24 e 28, acontece o 1º Congres-

so Mineiro de Direitos Humanos e da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. A programação é gratuita e conta com palestras, debates, feira afro e apresentações artísticas. Para mais informações, acesse: tinyurl.com/y37hgoca.

Declaração da Semana “Quem não acredita em democracia acredita em justiça com as próprias mãos” Disse Paulo Henrique Amorim, jornalista e escritor que faleceu no último dia 10.


4

CIDADES

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

Projeto aprovado na Câmara pretende ajudar famílias pobres a ter acesso à alimentação BELO HORIZONTE Texto, de autoriza do Poder Executivo, precisa ser sancionado pelo prefeito Alexandre Kalil Fora do Eixo

Wallace Oliveira

“F

az um ano que eu sou responsável pelo meu sustento, da minha mãe e do meu irmão de 11 anos. Antes, minha mãe trabalhava de doméstica, mas ela começou a ter crises de depressão e ansiedade, suspeitas de esquizofrenia, a tomar cinco remédios. Então, eu passei a cuidar da casa. A gente vive com R$ 476 por mês”, relata a estudante Sabrina Souza, de 17 anos, moradora da região Noroeste de BH. Um projeto do Poder Executivo municipal pretende atender famílias como a de Sabrina. O PL 754/2019, aprovado pela Câmara Municipal no dia 12 de julho, cria o Programa de Assistência Alimentar e Nutricional Emergencial (PAAN). O programa visa fornecer ajuda financeira, na forma de um cartão, durante seis meses, para famílias cadastradas no Serviço Único de Assistência Social (SUAS) e em situação de extrema pobreza. Serão priorizadas fa-

Mil famílias podem ser atendidas, se projeto for regulamentado ainda este ano mílias chefiadas por mulheres, com crianças e/ou adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, gestantes ou quilombolas.

i

Federação Interestadual dos Servidores Públicos Municipais e Estaduais

“O programa poderia ser melhor, mas já é muito importante para as pessoas que mais precisam na nossa cidade. O projeto precisa ser sancionado este ano, pois ano que vem tem um impedimento por ser ano de eleições”, avalia o vereador Pedro Patrus (PT). O Projeto aprovado na Câmara diz que o PAAN, além de fornecer ajuda financeira, fará o acompanhamento das ANÚNCIO

famílias. Os beneficiários serão acompanhados por funcionários de carreira de uma rede assistencial, envolvendo políticas de educação, saúde, alimentação saudável e emprego, entre outras. De acordo com a nutricionista Laureci Alves de Paula, presidenta do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Assistência Social (Consea), o PAAN é fruto de discussões da última Conferência Municipal de Assistência Social, em 2016. Ela ressalta que o papel do Conselho é fiscalizar para que o projeto seja implementado da melhor maneira Se for sancionado pelo prefeito Alexandre Kalil

(PSD), o PL 754 deverá ser regulamentado por decreto em até 80 dias após a publicação da lei. O projeto deve atender a cerca de mil famílias. A fome aumenta Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO-ONU) aponta que, em 2018, a fome associada à subnutrição atingiu 42,5 milhões de pessoas na América Latina e Caribe. Na América do Sul, a desnutrição saltou de 4,6% em 2013 para 5,5% em 2017, mantendo o índice em 2018. No mundo, mais de 820 milhões de pessoas passam fome hoje.

Nossos direitos ATENÇÃO! A REGRA PARA VIAGENS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESACOMPANHADOS MUDOU Anteriormente, era exigida autorização de viagem somente para crianças com idade de até 12 anos. Entretanto, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi alterado recentemente, e, pela nova regra, nenhum adolescente menor de 16 anos poderá viajar sem autorização judicial desacompanhado por responsável para cidades mais distantes de sua residência, ou para fora do estado. Ou seja, os adolescentes entre 12 e 16 anos que anteriormente conseguiam viajar sozi-

nhos sem autorização não conseguem mais. Algumas rodoviárias têm instalado um posto de atendimento à Infância e Juventude para emissão da autorização. Se em sua cidade a rodoviária não tem um desses, para obter a autorização, é necessário comparecer à Vara ou Juizado da Infância e Juventude. A autorização de viagem não retira a obrigatoriedade de apresentação do RG ou certidão de nascimento da criança ou adolescente no momento do embarque.

Jonathan Hassen é advogado popular


Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

MINAS

5

Opinião

Governo esconde dados sobre feminicídio João Paulo Desprezar o conhecimento parece ser a inspiração dos governos autoritários. No Brasil e em Minas Gerais. Na educação, o governador Romeu Zema cortou milhares de vagas do ensino integral das escolas públicas, e ainda comemorou sua ação destrutiva como um passo para a melhoria do setor. Enquanto isso, o Ministério da Educação acaba de apresentar um plano privatista para a gestão das instituições públicas de ensino e pesquisa, sem qualquer consulta à comunidade acadêmica. E com ataques frontais e grosseiros à história da universidade brasileira. No meio ambiente, Ricardo Salles tem traduzido com eficiência a perspectiva inculta de Bolsonaro, atacando conquistas ambientais, desprestigiando especialistas e criando impasses com países que financiam projetos de preservação no Brasil. Em Minas, a atitude do governo estadual frente aos crimes ambientais de Mariana e Brumadinho parece igualmente submetida aos interesses das empresas. O executi-

Ataques à educação, à ciência, ao meio ambiente e até a dados: Zema segue trilha de Bolsonaro vo mineiro apela para a recuperação da atividade minerária com sua melhor cartada. Em relação às estatísticas, a estratégia de fugir da verdade tem recebido especial atenção. O ministro da Economia quer desidratar o IBGE e tirar do Censo questões fundamentais para o planejamento consistente do país. Bolsonaro critica metodologia que mede índices de desemprego, questiona informações documentadas sobre desmatamento e duvida até mesmo do aquecimento global. Há quem diga que ele considera que a Terra é plana. Minas Gerais dá agora sua contribuição ao jogo feito para iludir o cidadão. Dados sobre

a criminalidade, divulgados esta semana pela Polícia Civil, comemoram a diminuição da violência no primeiro semestre. No entanto, os feminicídios aumentaram 3,2% no primeiro semestre de 2019, em relação ao mesmo período do ano passado. E, como explicam os especialistas, trata-se de dados subnotificados. Uma grave consequência da omissão dos dados é a naturalização da violência contra as mulheres. O feminicídio exige uma mudança estrutural nas formas de combate e controle. É preciso investir muito mais – e é papel do Estado – tanto nas políticas públicas de natureza cultural como na criação de novas estruturas, legislação, profissionais, conhecimento e mobilização social. Resumindo: educação sem conhecimento crítico; meio ambiente considerado obstáculo ao desenvolvimento; ciência sem compromisso com o saber e com a sociedade; desrespeito aos dados da realidade em nome da propaganda ideológica. Trazemos na consciência a vergonha histórica de ser um país injusto. Agora chegamos ao pior dos mundos: o orgulho de ser uma nação de idiotas. ANÚNCIO


6

OPINIÃO

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019 Reprodução

Robson Sávio Reis Souza

Fé e Política: opressão ou libertação

Aniversário de Mandela e a resistência negra e popular Apartheid significa “separação” em africâner, língua falada na África do Sul. Foi um sistema de segregação racial instituído no país em 1948 pelas elites brancas. Baseando-se na crença de que os europeus eram superiores aos negros e outras etnias, os brancos acreditavam que deveriam viver separados. Os não-brancos eram proibidos de frequentar os mesmos lugares, de ter a posse de terras, de circular livremente pelo território Mandela e, é claro, de participar das decisões políticas. A partir do início do apartheid, o comprometimento passou 27 anos de Nelson Mandela ao movimento pela liberdade se in- preso e tensificou. Sua atuação logo chamou a atenção do govermanteve sua no, que o incluiu na lista de líderes banidos. O banimento e a perseguição levaram Mandela a anos de trabalho na liderança clandestinidade e depois ao cárcere. Ele passou 27 anos de sua vida preso. Mas mesmo de dentro da prisão conseguiu manter a liderança do seu povo pela luta contra o sistema racista. Dia 18 de julho é seu aniversário. Caso vivo, Mandela completaria 101 anos em 2019. No Brasil, também é a população negra quem mais sente os retrocessos impostos em função do racismo estrutural. Os cortes e congelamento de investimentos públicos em educação e saúde, a destruição da política de aumento real do salário mínimo, o aumento do desemprego e a precarização das relações de trabalho, o aumento da exploração dos bens naturais, entre outras medidas, impactam diretamente no aumento da desigualdade racial e social. É preciso compreender que nossa história foi recheada de episódios sangrentos, brutais, mas também de muita resistência no enfrentamento à exploração e opressão. O exemplo de Mandela deve nos inspirar nesse processo e na construção de saídas democráticas e populares. Rosa Maria é educadora do campo e militante do MST

Robson Sávio Reis Souza compõe a equipe de assessores do Centro Nacional de Fé e Política

ACOMPANHANDO

Rosa Maria

O 11º Encontro Nacional de Fé e Política aconteceu em Natal (RN), entre os dias 12 e 14 de julho. Com o tema “Democracia, Políticas Públicas e Alternativas Sociais: Sinais dos Tempos na Construção do Bem Viver”, celebrou os 30 anos de fundação do Movimento Fé e Política, criado em junho de 1989 com o objetivo de alimentar a dimensão ética e espiritual que deve animar a atividade política de todos os cristãos. Baseado na espiritualidade político-libertadora e sem negar a realidade tenebrosa dos tempos atuais, o encontro congregou cerca de 700 militantes de movimentos sociais e eclesiais de todo o país, confirmando que há muitos sinais do bem-viver, ou seja, de experiências de inclusão, diversidade, solidariedade, paz e justiça. O encontro reforçou a necessidade da retomada da formação política nas bases sociais como elemento fundamental para a reconstrução de uma democracia de fato. Apesar do necrogoverno e suas políticas de morte e destruição, muitos Encontro naciosinais de esperança foram par- nal reuniu 700 tilhados em vários grupos de militantes de discussão. movimentos soFrei Betto, teólogo dominicano, um dos fundadores do Mo- ciais e eclesiais vimento e animador do encontro lembrou que “a religião, assim como a política, é uma faca de dois gumes: pode ser usada para libertar ou para oprimir. Então, há setores identificados com os privilégios dos mais ricos que utilizam a religião para consolidar essa desigualdade.” O encontro demonstrou que há uma extensa rede nacional de fé e política que anima os cristãos e cristãs que atuam em partidos políticos, sindicatos, associações, movimentos, cooperativas e outras organizações e coletivos populares, em favor de um outro mundo, onde é possível a utopia do Reino de Deus.

No site do Brasil de Fato:

BF

Pessoas transplantadas voltam à internação por escassez de remédios gratuitos E agora... 19 remédios terão distribuição suspensa

Jair Bolsonaro suspendeu contratos com sete grandes laboratórios públicos para produção de 19 remédios de distribuição gratuita pelo SUS. Entre eles estão a insulina e medicamentos para câncer e transplantados. No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas dependem desses remédios.


Minas Gerais

Rupestre

ESPECIAL

MG Belo Horizonte, julho de 2019 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita

RIQUEZA DO VALE

Você conhece o Festivale? História de exploração e resistência Entrevista com Rubinho do Vale Com a palavra, o povo


8

ESPECIAL

Belo Horizonte, julho de 2019

Vale do Jequitinhonha, História de exploração e uma terra em resistência desenvolvimento

Duarth Fernandes / Arquivo CAV

PRIORIDADES Pesquisadores afirmam que indicadores oficiais demonstram desigualdade, mas não captam a riqueza produzida na região Maurício Gomes /Idene

Maíra Gomes

C

ultura tradicional e de reconhecimento internacional, terras ricas e férteis, e um povo forte, criativo e trabalhador. Esse é o Vale do Jequitinhonha, uma região de desenvolvimento crescente. A afirmação pode parecer controversa, já que muito se fala da desigualdade da região – é pejorativamente chamada de “Vale da pobreza” – mas diversos estudiosos apontam o contrário. Davidson Afonso de Ramos, professor da Universidade Federal do Vale

do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e pesquisador do Projeto Veredas Sol e Lares, explica que a ideia de desenvolvimento está ligada, de forma geral, ao crescimento, que pode ser apontado por indicadores como PIB, IDH e outros.

Grande parte da população do Vale produz seu próprio alimento”, diz antropóloga

O projeto Veredas Sol e Lares, em andamento na região há mais de um ano, prevê a construção de uma usina fotovoltaica em Grão Mogol que deve ser gerida pela população Esta edição especial é uma produção do Brasil de Fato MG em parceria do Vale do Jequitinhonha. com a Frente Brasil Popular Médio Paraopeba. Mais informações em O Veredas chega à região www.brasildefatomg.com.br ou facebook.com/brasildefatomg

Veredas Sol e Lares

O Vale do Jequitinhonha é tido como região empobrecida se olhado por esses indicadores oficias. O PIB da região, por exemplo, representa apenas 1,4% do estado de Minas Gerais, segundo dados do IBGE de 2014. Mas a antropóloga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Flávia Maria Galizoni afirma que há valores não monetários produzidos no Vale do Jequitinhonha que não são computados no PIB e em outros indicadores. Um estudo realizado por Flávia em parceria com o também professor da UFMG Eduardo Magalhães Ribeiro, aponta que, entre as famílias de produtores rurais, de 45% a 81% se alimentam do que plantam. Se fosse definido o preço desses alimentos, corresponderia a valores entre 26% e 40% de um salário mínimo mensal. “Quando em 2002 se falava em garantir o direito a todo brasileiro de ter no mínimo três refeições por dia, a população do Jequitinhonha já comia quatro vezes ao dia, porque produz seu próprio alimento. Isso mostra a riqueza do Vale”, conta a antropóloga. com a proposta de construir um plano de desenvolvimento, mas desta vez ,em conjunto com a população, buscando a potencialidade do Vale e suas múltiplas formas de realização. Conheça mais em: www.solelares.com.br

M

ateus de Moraes Servilha, educador e escritor, explica que a ideia de desenvolvimento regional tem origem no fim da década de 1950, com a criação da Sudam, Sudene, IBGE e outros órgãos. Nasce aí a “vocação do Vale do Jequitinhonha”, como justificativa para empreendimentos de exploração da terra implantados desde então. A monocultura de eucalipto foi o primeiro grande projeto de desenvolvimento do Jequitinhonha, apenas o início dos muitos que estão no Vale atualmente, como a exploração de minérios diversos, criação de bovinos e pequenas e grandes hidrelétricas. Só é possível com o povo “Aqui ninguém foi consultado se queria eucalipto, veio de cima pra baixo. Se estamos tendo problemas hoje com as águas e outras questões é por causa desse tal desenvolvimento. Devia era ter mais envolvimento, o povo poder dizer a sua palavra”, indigna-se Geralda Chaves Soares, conhecida como Gera, ativista da causa indígena que atua na região há mais de 20 anos. Ela e outros entrevistados reforçam que a construção do plano de desenvolvimento do Vale do Je-

quitinhonha deve ser elaborada pelos próprios moradores do local, buscando-se compreender suas potencialidades e as melhores formas de realizá-las. “Existem cadeias produtivas e outras alternativas possíveis que não esses megaprojetos, que empregam pouco e ainda trazem impactos negativos do ponto de vista ambiental e social. O projeto Veredas Sol e Lares, por exemplo, não se baseia nos planos clássicos de desenvolvimento, pois busca uma construção de baixo pra cima, com participação popular em todos os pontos”, exemplifica Davidson. A antropóloga Flávia Maria concorda. “Dentro da diversidade do Jequitinhonha, vemos um conjunto de comunidades que constroem iniciativas muito ricas”, completa.

Aqui ninguém foi consultado se queria eucalipto, veio de cima pra baixo. Devia era ter mais envolvimento do povo”, diz ativista


Belo Horizonte, julho de 2019

“Altar da superstição e riquezas de pedras”: o Vale cantado por Rubinho Nilmar Lage

tadura militar, o presidente [João Figueiredo] estava lá e eu ganhei com duas músicas: “Voz do Jequitinhonha”, que está no meu primeiro disco e “Despertar”, uma parceria com Tadeu Franco, que depois entrou para outro projeto. Isso fortaleceu a minha identidade. Foi um processo de experiência, de perceber que era importante cantar a minha terra.

Nilmar Lage

P

ara esta edição especial do Brasil de Fato, conversamos com o músico Rubinho do Vale, com mais de 20 discos gravados e inúmeras canções sobre o Jequitinhonha, seus valores, seu folclore e seu povo. Brasil de Fato - No início de sua carreira, você teve alguns momentos especiais com músicas que abordavam o Vale do Jequitinhonha. Em especial, uma que lhe rendeu sua primeira premiação em festivais. Conta um pouco pra gente? Rubinho do Vale - Rapaz, você fez uma pergunta que pouca gente sabe. Antes de eu me assumir como músico, eu ainda estava na faculdade em Ouro Preto e participei do “Festival da Canção Brasileira”. Havia músicos de outros estados e eu, um desconhecido, que compôs uma música que falava da seca que havia

castigado o Vale naquela época e que tocou as pessoas. A letra emocionava, mas a melodia era ruim, duas ou três notas. Imagina, eu sou autodidata e estava começando. Você disse que passou um tempo sem conseguir premiação em festivais, mas quando voltou a falar do Vale, deu certo. Eu não tinha música. Queria ir pra estrada, mas não sabia o que cantar. De 1976 até 1980 foi um período de aprendizado, de ouvir e ver muitas coisas. Foi quando comecei a enviar músicas para os festivais, como foi o “Festival da Canção de Minas Novas”, em 1980. Ainda estávamos na di-

Foi um processo de experiência perceber que era importante cantar a minha terra”

Quando você percebeu que cantar a riqueza do Vale era necessário? O “Procurados” já sinalizava pra isso? Alguns momentos foram marcantes, mas quando aconteceu em Itaobim o “Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha – Procurados”, foi fundamental. “Despertar” é dessa época, “Viva meu povo”, “Folia de Reis”, “ABC do amor”, que é de domínio público. Tem umas canções desse período que eu ainda canto e outras que tenho vontade de revisitar. Já percebi ali uma canção de protesto, uma proposta de mensagem social de falar de nossa terra.

PROCURADOS Nas origens do Festivale, em 1979, vários músicos da região percorreram cidades mineiras apresentando um show, cujo cartaz trazia fotos 3x4 dos artistas, com o título de “Procurados”. Era assim que a ditadura militar, então vigente, tratava os revolucionários perseguidos pelo regime.

ESPECIAL

99

Qual a riqueza do Vale? Francisca Maria Souza, TRABALHADORA RURAL - INDAIABIRA

“Riqueza é tudo aquilo que o ser humano tem para poder viver feliz e em paz, sem faltar à sua alimentação, nem ao seu vestuário, nem à sua saúde. Muitas de nossas riquezas foram retiradas por outras pessoas, os estrangeiros. O povo estrangeiro destruiu todo o cerrado e colocou a monocultura do eucalipto. Mas nossa cultura não acabou” Adair Pereira de Almeida, GERAIZEIRO DO TERRITÓRIO TRADICIONAL DE VALE DAS CANCELAS – GRÃO MOGOL

“A classe política, a classe dominante fala que aqui é pobre, mas daqui eles tiram a riqueza: o diamante, o ouro, as pedras ornamentais. Tudo isso é cobiçado pelo mundo inteiro, mas a cultura e o modo de vida tradicional do povo geraizeiro é mais rica do que tudo isso” Lizian Martins, ASSISTENTE SOCIAL - ARAÇUAÍ

“A identidade cultural é nosso cartão postal. Mas claro que a gente tem outras riquezas, né? São vários rios, riquezas minerais, a agricultura familiar, as produções agroecológicas e as sementes preservadas. Mas a principal riqueza é a cultura, que perpassa várias dimensões, como artesanato, corais, grupos de folias de reis, feiras de economia solidária. A cultura nos faz ter amor e sentimento de pertencimento à região” Ana Lúcia ESTUDANTE - VIRGEM DA LAPA

“As pessoas aqui têm grandes tradições, como a festa de Nossa Senhora do Rosário, cultura indígena, comidas típicas, artesanato. Esses saberes são passados de geração em geração. Outro ponto de destaque é o carinho. A maneira como as pessoas se tratam, uma maneira familiar, em que todo mundo cuida de todo mundo” Francisco Moreira de Meireles, PESCADOR - VIRGEM DA LAPA

“O rio Araçuaí é uma grande riqueza, o mais incrível da região, onde eu pesco o peixe que eu vendo e sustento toda minha família. Mas também já foi retirado muito ouro do rio, aqui na região teve período que havia umas 60 pessoas por dia retirando ouro nele”


14 ESPECIAL 10

Belo Horizonte, julho de 2019

Festivale surgiu para promover a organização política do povo do Vale ORIGENS Idealizador do evento conta que viu na cultura uma poderosa arma para lutar contra a ditadura Itala Medina

Wallace Oliveira

A

bril de 1977. Quatro jovens filhos do Jequitinhonha começaram a percorrer a região para conhecer melhor sua própria terra. Eles não aceitavam que ela fosse vista como “vale da fome e da pobreza”. Ao mesmo tempo, esses caminhantes inquietos também queriam lutar contra a dita-

Jornal Geraes, criado em 1978, dava voz a associações de trabalhadores e casas de cultura

dura e acabaram descobrindo na cultura do Vale uma arma poderosa. Em março de 1978, eles criaram um jornal independente para chegar a toda a região, falando e dando voz a associações de pedreiros, lavadeiras, artesãos, sindicatos, casas de

cultura. Surgia, assim, o Jornal Geraes, que durou sete anos. Do seio do Geraes, em novembro de 1979, os estudantes Aurélio Silby, Carlos Figueiredo, George Abner e Tadeu Martins gestaram o 1º Encontro de Composito-

Para além da música

O

passo seguinte foi um novo evento, congregando também o folclore, a dança, o artesanato. “A ideia era reunir o que o Vale produz na cultura. Além de uma mostra de tudo, teríamos um momento de confraternização, mas também para aumentar a organização política e discutir avanços sociais”, relata o produtor cultural Tadeu Martins, idealizador do evento. Nascia, assim, o Festivale Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha. Tadeu pensou o slogan “a vida do Vale em verso e vio-

la”, que acabou virando “vida, Vale, verso e viola”. A primeira edição aconteceu em Itaobim, em 1980. A iniciativa frutificou. Desde o início, já foram 35 edições (só

O Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em quatro estados. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. Este especial é uma parceria do Brasil de Fato MG com o Projeto Veredas Sol e Lares.

Maria Ramalho

não ocorreu em 1997, 2001, 2005 e 2012). Inspirou outros eventos culturais na região e fora dela. Acolheu e projetou centenas de artistas para o Brasil e o mundo, como Ru-

REDE SOCIAL: CORREIO: PARA ANUNCIAR: TELEFONES:

FESTIVALE 2019

res do Vale do Jequitinhonha, em Itaobim. “Descobrimos ali que a música era um caminho a trilhar na organização política do Vale do Jequitinhonha. Foi um sucesso”, recorda Tadeu. O encontro reuniu 22 compositores de 15 cidades da região.

A 36ª edição do Festivale acontece dos dias 21 a 27 de julho, em Belmonte, na Bahia, com mostras de cultura popular, de fotografia, shows, oficinas, feira de artesanato, festival da canção e muito mais. Confira a programação completa em: tinyurl.com/yy6l2pld

binho do Vale, Paulinho Pedra Azul, Titane e Célia Mara, os poetas Gonzaga Medeiros e Cláudio Bento, os artistas plásticos Gildásio Jardim e Marcelo Brant, as artesãs Lira Marques e Dona Isabel, para citar alguns dos mais conhecidos.

cruze as fronteiras de Minas, junto com o rio, para celebrar a 36º edição junto à foz, em Belmonte (BA). Para Tadeu Martins, a intenção inicial dos criadores também está viva no papel político que o Festivale pode cumprir. “Durante um tempo, o Festivale saiu um pouco da linha, virou a festa pela festa. A partir de 2006, tentou-se uma retomada, aos poucos. Posso dizer que os dois últimos foram um retorno total ao que era nas origens: muito debate, palestra, as outras coisas todas acontecendo”, acrescenta.

Vale da riqueza Graças a um imenso trabalho coletivo do qual o Festivale é parte, a cultura do Jequitinhonha, com o tempo, passa a ser reconhecida como um dos grandes afluentes da cultura popular nacional. É natural, portanto, que o evento

facebook.com/brasildefatomg redacaomg@brasildefato.com.br publicidademg@brasildefato.com.br (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983


Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

ENTREVISTA 15 11

Élida Elena, estudante da federal da Paraíba, é a nova vice-presidenta da UNE MOVIMENTO ESTUDANTIL Congresso aconteceu em Brasília, neste mês, e contou com a participação de mais de 15 mil jovens de todo o país Divulgação / Levante

Redação BdF de João Pessoa

O

Brasil de Fato – Como será a condução do seu trabalho na UNE? Élida Elena – A gente quer construir unidade dentro da entidade. Recentemente, vivemos um movimento de massas protagonizado pelos

O movimento estudantil precisa ajudar a esquerda brasileira a vencer o atual momento político”

estudantes do Brasil, impulsionado pela UNE, e somos uma geração com muito desejo de luta. O movimento estudantil tem tarefas importantes a cumprir, que é ajudar a esquerda brasileira como um todo a vencer este momento político. E temos que apostar em mobilização, na organização do movimento estudantil para a gente retomar as lutas e conseguir enfrentar essa agenda conservadora e neoliberal imposta. Você é jovem, mulher e nordestina. Como você vê essa condição à frente da UNE? A gente vem construindo um processo aqui na direção do Levante e no movimento estudantil com muitas mulheres. Para mim, é um motivo de grande orgulho e espero que também estimule outras mulheres a ocupar o espaço da política. O processo de ampliação e democratização das universidades contribuiu para o fortalecimento do movimento estudantil do Nordeste e ajudou a forjar novas lideranças na nos-

sa região. Então é de se orgulhar uma mulher nordestina à frente da identidade, colocando as lutas em defesa do Brasil.

Para mim, é um motivo de grande orgulho e espero que também estimule outras mulheres a ocupar o espaço da política ANÚNCIO

57º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune) aconteceu em Brasília, de 10 a 14 de julho, e teve Iago Montalvão e Élida Elena à frente da chapa vencedora com 70,92% dos votos. A gestão, que fica na direção da entidade por dois anos, é eleita de forma proporcional, por meio do voto dos delegados eleitos nas instituições de ensino superior do país. Cerca de 15 mil estudantes participaram de debates, oficinas, reuniões e plenárias durante o evento. A estudante Élida Elena é estudante de história da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e foi indicada pelo movimento Levante Popular da Juventude. Em entrevista ao Brasil de Fato da Paraíba, ela faz um panorama político sobre a atuação da nova gestão e os desafios da conjuntura.

Quais são as medidas mais prejudiciais para a educação promovidas pelo governo federal? Bolsonaro representa um projeto de sociedade que não cabe à classe trabalhadora brasileira. Ele quer entregar as riquezas do país para o capital internacional e aumentar a superexploração. Além disso, ataca o financiamento das universidades, o que é um processo fundamental para o desmonte que vem acontecendo. E o terceiro ponto é a disputa da opinião pública sobre o que é a universidade e o seu papel. Precisamos convencer que a universidade não é balbúrdia. 90% da pesquisa brasileira é realizada pelas universidades. Os estudantes vão para a rua para demonstrar isso, seus trabalhos, suas pesquisas, e mostrar que serão profissionais para ajudar futuramente o nosso país. Na terça, os estudantes realizaram um ato no Ministério da Educação, em Brasília. Como foi? Nesse dia, o MEC realizou uma reunião com os reitores das universidades e Institutos

O programa ‘Future-se’, do MEC, quer quebrar a autonomia financeira das universidades Federais para apresentar um programa que eles estão chamando de “Future-se”, que visa quebrar a autonomia financeira das universidades. O MEC quer se desresponsabilizar pelo financiamento das universidades, quer criar fundos para captação de recursos, que é um processo de privatização e sucateamento das universidades. Depois do Congresso da UNE, fomos fazer uma mobilização no MEC com frases, cartazes, e fizemos uma carta para dialogar com os reitores sobre as propostas e colocar a nossa opinião contrária. E aí fomos recebidos com spray de pimenta. Eles bateram nos estudantes e fizeram um cerco com a gente lá. Não houve ninguém hospitalizado, mas houve estudante preso. Esse projeto não pode ser uma imposição. A gente precisa ser ouvido.


12 14

BRASIL

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019 Thaís Tostes / Mídia NINJA

Vaza Jato: resumo das reportagens que abalam a figura de Sergio Moro Material publicado pelo The Intercept Brasil atingiu em cheio a imagem pública do ministro da Justiça Lula Marques /AGPT

Da redação

13 de agosto: dia nacional de mobilização

M

udou tudo e não mudou nada. No dia 9 de junho, o The Intercept Brasil publicava as três primeiras reportagens de uma série de matérias sobre a operação Lava Jato. “As mensagens secretas da Lava Jato” ditaram um novo e conturbado episódio político no país e afetaram consideravelmente as percepções sobre a operação e principalmente sobre a figura do ex-juiz Sergio Moro. Até o momento, porém, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as devidas instâncias do Poder Judiciário não esboçaram movimento no sentido de apurar as informações nem de responsabilizar os envolvidos. Produzidas a partir de arquivos inéditos, obtidos de uma fonte anônima, as reportagens expuseram a atuação política e parcial do atual ministro da Justiça em conjunto com o procurador Deltan Dallagnol, que coordenou a força-tarefa da Lava Jato. O furo jornalístico trouxe à tona diálogos privados do aplicativo de mensagens Telegram, que ocorreram entre 2015 e 2018, e que evidenciam a articulação e cooperação entre o juiz e o promotor. Confira as principais revelações divulgadas até agora. Os editores do The Intercept garantem que ainda há mensagens inéditas que serão divulgadas. Há uma grande expectativa de como o desenrolar dos vazamentos podem impactar a condenação do ex-presidente Lula.

Troca de funções Moro, então juiz de primeira instância, colaborou ilegalmente com os procuradores na articulação da acusação contra Lula. Ele sugeriu a Dallagnol que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação. As reportagens ainda expuseram discussões e conversas internas entre os procuradores, que falavam abertamente sobre desejos e estratégias para impedir a vitória eleitoral do PT nas eleições. Chefe da operação No início de julho, repórteres da Veja e do The Intercept publicaram conteúdos inéditos após analisarem 649.551 mil mensagens. “Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave”, registra a matéria. A reportagem revelou que Moro agiu para evitar a delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), o que poderia levar o processo para o STF.

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

FHC não A conversa é do dia 13 de abril de 2017. Moro questionou Dallagnol sobre a gravidade das suspeitas contra FHC, afirmando, em seguida, não querer “melindrar alguém cujo apoio é importante”. Delação virou “jogo para plateia” A pressão ocorreu às vésperas das delações de executivos da Camargo Correa. Moro teria dito aos promotores que só homologaria os acordos se a proposta do MPF incluísse pelo menos um ano de prisão em regime fechado para os delatores. A conversa com esse teor foi divulgada pela Folha de S. Paulo no dia 18. Ministros do STF citados Os diálogos de 3 de agosto de 2016 mostram Moro e Dallagnol conversando sobre um jantar na casa de Luis Roberto Barroso, no Rio de Janeiro, após palestra que o ministro do Supremo daria sobre combate à corrupção. Esse é o terceiro ministro do STF que aparece nas conversas. Os outros foram Luiz Fux e Edson Fachin.

Contra os cortes na educação e o desmonte da Previdência, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), junto com diversas centrais sindicais, convocam para 13 de agosto mais um dia nacional de mobilização. Diversas ações, paralisações, assembleias e greves estão sendo articuladas pelas organizações estudantis e de trabalhadores de todo o país. A votação da reforma da Previdência está prevista para o dia 6 de agosto. Antes de ir para o Senado, a proposta do governo deve ser aprovada na Câmara em dois turnos.

Cada vez mais veneno Desde o início do mandato, o governo Bolsonaro já liberou 239 novos agrotóxicos, mais do que a União Europeia aprovou nos últimos oito anos. Os venenos causam intoxicação imediata, causada pela exposição a altos níveis, como náuseas, vômitos, diarreias, alergias, dores de cabeça e tontura. Além disso, causam também intoxicações crônicas, resultados de pequenas quantidades de agrotóxicos que se acumulam no organismo, podendo causar infertilidade, impotência, Alzheimer, autismo, cânceres e outras doenças.

Vale terá que pagar indenizações por danos morais Seis meses após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o Ministério Público do Trabalho e a mineradora firmaram um acordo de indenização por danos morais a famílias de 242 vítimas. Pais, filhos e cônjuges dos trabalhadores mortos receberão R$ 700 mil cada. Irmãos terão direito a R$ 150 mil cada. Dependentes das vítimas terão direito a pensão mensal até o ano em que o trabalhador completaria 75 anos de idade. O pagamento total por núcleo familiar pode chegar a R$ 3,8 milhões.


Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

FIQUE

BEM www.coquetel.com.br

DICA PARA SE ACALMAR NA HORA

CAÇA-PALAVRA

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Dança de salão As cortes europeias do século XIV abriam seus salões de BAILE para que a NOBREZA pudesse se divertir e, sobretudo, dançar. Os casais evoluíam ao ritmo de valsas, MAZURCAS e do, então famoso, MINUETO. A dança de SALÃO se espalhou pelos outros CONTINENTES e chegou ao Brasil com o colonizador português. Grandes FESTAS foram realizadas durante o Brasil-colônia. Após a Proclamação da República, a TRADIÇÃO prosseguiu nas comemorações de CASAMENTOS, aniversários e em datas especiais.

PESQUISE SOBRE MEDITAÇÃO

Durante algumas DÉCADAS, esse estilo de DANÇA ficou esquecido, porém nos anos 1980 o surgimento da lambada trouxe de volta a dança de salão, muito POPULAR no país. Existem ESCOLAS especializadas no ensino de RITMOS como BOLERO, salsa, MERENGUE, tango, SAMBA, entre outros. C Y D F

P

I

M N X

S A

L

à O C

L

B

I

N E D L W F

E

J

I

K M N M D K

I

G N S

X

E

C A W F

E

X O C

J

N

J

E

V

I

L

B

S

W P A

I

U L G X V D

I

L

E

R

F

I

A D T

J

Y Ã R W E

L

M U D R A

L

Z A S

C O F

D B A

I

C O N

L

E

X

T

I

W T M Z W M N T

N Y

T

C A R

J

S

X

J

S

N R

X R

E

V B

S

D K R

L

E

X

I

I

C A S A M E N T O S

R D G E D C B

T

Y

E

E

I

R N V

E G E

E N G B O L

E

R O L

Y V N H

C R R A B A X R R S

S O

T H K C

I

Y Z C C R R

L D E G T

C D D A N Ç A S A

I

T M O S

E

I

L G Z

R

I

J M E

R

L O C

S

E

X Y K

L

I

A Y

X Y G B

F M

R

Se você gostou da prática de respirar conscientemente e conseguiu repeti-la por alguns dias, procure informações sobre a meditação. Há vários tipos e muitos estudos que demonstram suas inúmeras qualidades para a saúde – falaremos disso em outra coluna. Mas um bom jeito de começar pode ser procurando aplicativos ou livros que oferecem práticas guiadas. Experimente!

V G O A

L W N W W G Z X R V

I

I

J

Ç

U R G L N

Bateu angústia, raiva, ansiedade, medo? Emoções fortes tendem a nos agitar e causam estresse ou sofrimento. Um exercício simples para se acalmar na hora, e, com o tempo e com a repetição da prática, até prevenir estados depressivos ou curar insônias, por exemplo, é a respiração. Existem inúmeras técnicas e benefícios que passam pelo controle da forma como o ar entra e sai do nosso organismo, mas agora vamos falar de uma só, que é tiro e queda. Sente-se com a coluna ereta ou se deite. Se quiser, coloque as mãos na barriga. Inspire profundamente, pelo nariz, expandindo a barriga. Tente contar até cinco. Pause. Expire lentamente, também pelo nariz, contando até seis. Repita pelo menos quatro vezes. Pronto, você já acalmou seu sistema nervoso. Procure fazer o exercício de 10 a 20 minutos por dia, quando for possível para você, e observe as mudanças em seu organismo e sua mente.

E N G U E J

Y R

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Fazer sexo anal é errado? Pode fazer mal pra saúde? Anônima

28

Solução M A Z U R C A S P O P U L A R

T

D M S E I C N B A U D E Ã A T S O Ç I D T A N R O C D A N Ç A S A L Ã O S A A I L E E B M T N O N A O E S B N R I C A S AME N T O S E Z B O L E R O A R I TMO S ME R E N G U

A L O C S E

Em se tratando de práticas sexuais entre adultos, não há certo ou errado, desde que sejam prazerosas e desejadas pelas pessoas envolvidas. O sexo anal necessita de alguns cuidados para evitar riscos à saúde. Usar camisinha é muito importante, pois a mucosa anal é bastante vascularizada e colonizada por microrganismos. Essa característica faz aumentar o risco de transmissão de infecções, inclusive DST’s. O lubrificante também é essencial, pois reduz o risco de lesões na região anal durante a penetração, além de facilitar o prazer. Já o uso de anestésicos reduz a sensibilidade, aumentando o risco de lesões e reduzindo o prazer para quem recebe a penetração.

F E S T A S

E

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

Roteiro Especial férias – Para crianças e adultos!

31º Inverno Cultural UFSJ

David Lynch no cinema

Férias com circo

Animação no CCBB Reprodução

Manara Henrique / Divulgação

Divulgação

André N. P. Azevedo

A mostra “DreamWorks Animation: A Exposição – Uma Jornada do Esboço à Tela” está em cartaz no CCBB (na Praça da Liberdade, 450) até o dia 29/07. Totalmente gratuita, a exposição conta com 400 itens sobre filmes e obras de arte originais de um dos maiores estúdios de animação do mundo. Além disso, serão exibidos 35 longas e três sessões terão recursos de acessibilidade. Mais informações:tinyurl.com/

O Teatro Raul Belém Machado recebe nos sábados 20 e 27 de julho a “Oficina de Circo Contemporâneo”, com o Grupo Trampulim. Nas atividades, que são gratuitas, os participantes conhecerão técnicas utilizadas no circo, como música, teatro, palhaçaria e improvisação. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (31) 3277-6437 e o endereço é rua Leonil Prata, Alípio de Melo.

Até o dia 06/08, o Cine Humberto Mauro exibe a mostra que homenageia David Lynch. Conhecido pelas obras surrealistas e misteriosas, Lynch é diretor, roteirista, produtor, artista visual e músico. Serão exibidas 14 produções audiovisuais, incluindo a última temporada da série Twin Peaks, lançada em 2017. A entrada é gratuita. Programação: fcs.mg.gov.br.

O festival começa neste sábado (20) e vai até o dia 28 de julho na cidade de São João del-Rei, região do Campo das Vertentes. São mais de 100 atrações totalmente gratuitas, entre shows musicais, teatro, literatura e muito mais. Só para curtir com a criançada, foram preparados 22 eventos. Mais informações e programação: invernocultural. ufsj.edu.br.

Cinema a R$ 10 e R$ 5

Conhecendo a tradição da Viola Caipira

Festival do Queijo Minas Artesanal

Festival de Cachaça na Zona da Mata

Reprodução

Elcio Paraíso

Divulgação

Ricardo Ferna

Durante as segundas-feiras 22 e 29 de julho, o Cine Theatro Brasil Vallourec recebe a mostra “Segunda no Cine”. Os filmes em cartaz serão, respectivamente, “Edward Mãos de Tesoura”, de Tim Burton, e “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, de Chris Columbus. As sessões são sempre às 19h30, com ingressos a R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia. O endereço é av. Amazonas, 315 – Centro. Mais informações: tinyurl.com/y6acy8d7.

A 2ª edição do festival “Viola de Feira”, que mostra o universo regado a cultura popular da viola caipira, acontece até 29 de setembro no Centro Cultural Padre Eustáquio (rua Jacutinga, 821). Em apresentações gratuitas, se encontram e compartilham momentos violeiros e cantores de Minas Gerais e também de outros estados do Brasil. Mais informações e programação: tinyurl.com/y2xepjgd.

O evento começa no dia 27/07, às 10h, e termina em 28/07, às 20h, na Serraria Souza Pinto (av. Assis Chateaubriand, 809, Floresta). Os visitantes poderão provar os queijos premiados na França, pratos feitos com queijo, além do sabor artesanal das cervejas, cachaças, vinhos, azeites, café e mel. Os ingressos estão R$ 15 inteira e R$ 7,50 a meia-entrada. Para comprar, acesse: tinyurl.com/yxvmlzef..

Está chegando a tradicional Festa da Cana na cidade de Presidente Bernardes, na Zona da Mata mineira. O evento está na 36ª edição, tem entrada gratuita e acontece de 26 a 28 de julho. A programação costuma reunir shows com duplas sertanejas e será divulgada em breve. Fique de olho: tinyurl.com/y23e9mbs.


Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

15 15

ESPORTE

CURTO E GROSSO

O velho novo bloco no poder Gilvan de Souza / Flamengo

Diego Silveira

N

a terça-feira (16), saiu o estudo anual do Itaú BBA sobre as finanças dos clubes de futebol brasileiros. O texto se baseia nos balanços divulgados pelas agremiações, com dados referentes a 2018. Chama a atenção a diferença entre as receitas de Palmeiras e Flamengo e as dos demais clubes. No ano passado, o alviverde paulistano obteve receitas totais de R$ 654 milhões; o rubro-negro carioca, de R$ 536 milhões. Para se ter uma ideia, o terceiro colocado nesse ranking, o São Paulo, obteve, em 2018, R$ 399 mi-

lhões, isto é, R$ 137 milhões a menos que o Flamengo. Segundo o estudo, o Palmeiras tem o nível de receitas mais equilibrado, isto é, a

maior diversificação das fontes de recursos. As duas maiores fontes do clube paulista, diz o Itaú BBA, são a venda de jogadores e a bilheteria de só-

cio torcedor. No caso do Flamengo, os direitos de TV são com folga sua maior fonte de recursos. Cruzeiro e Atlético, bastante endividados, tiveram receitas de R$ 322 milhões e R$ 230 milhões, respectivamente. Como na Europa, onde os clubes mais ricos quase sempre são os campeões, é possível que, em breve, o eixo Rio-São Paulo conquiste ainda mais títulos do que sempre conquistou. As zebras poderão até existir, e com mais frequência que no Velho Continente, dado o número de clubes grandes no Brasil e que os craques continuam jogando fora do país. Mas torcer para o equilíbrio do futebol brasi-

leiro significará cada vez mais torcer para gaúchos e mineiros, historicamente os que mais ameaçam a hegemonia das agremiações cariocas e paulistas. É preciso reafirmar: à medida que o negócio do futebol movimenta mais dinheiro, a vitória dos clubes de maior receita passa a ter relevância crescente para patrocinadores e agentes. E, se é assim, poderíamos hoje nos perguntar: o VAR, de fato, promove a justiça no futebol? E por que, em meio a gestões tão corruptas nos clubes, só o Cruzeiro é alvo de investigações judiciais? Não é mesmo só de futebol que se trata. ANÚNCIO

Sind-UTE/MG trabalhadores/as em educação, Superintendências Regionais de Ensino e Órgão Central para: CONVOCA

PARALISAÇÃO TOTAL DAS ATIVIDADES E

ASSEMBLEIA ESTADUAL

13 (terça-feira)

14h

PÁTIO DA ALMG R. Rodrigues Caldas, 38 - BH

CONTRA A O REFORMA DA PREVIDÊNCIA E AL REGIME DE RECUPERAÇÃO FISC

Acesse: www.sindutemg.org.br


16

Belo Horizonte, 19 a 25 de julho de 2019

ESPORTES

16

Flávio Florido / Exemplus COB

DECLARAÇÃO DA SEMANA Arquivo pessoal

Brasil conquista ouro inédito em mundial de esgrima A italiana naturalizada brasileira Nathalie Moellhausen conquistou um feito inédito nesta quinta-feira (18). Ela derrotou a chinesa Sheng Lin na decisão do Mundial de

Esgrima de Budapeste, Hungria, no Individual Feminino. Com a vitória, Nathalie garantiu a primeira medalha de ouro do Brasil na competição. A esgrimista defende as cores

verde e amarela desde 2012. Em 2015, após o Mundial da Hungria, ela ganhou o bronze nas disputas individual e por equipes, durante os Jogos Pan-americanos de Toronto.

“Eu nunca acreditei nesse personagem que ele [Sergio Moro] vestiu desde o começo, o super-herói. Isso sempre me incomodou muito. Está muito claro que ele não agiu como juiz que deveria ser, com imparcialidade, mas tomou um dos lados”

Milton Leite, narrador de futebol do SporTV (o “segue o jogo”), em entrevista ao jornalista Marcelo Bonfá.

Gol de placa A Copa do Brasil 2019 terminou como “Sul Minas”. Atlhético-PR e Internacional despacharam, respectivamente, os milionários Flamengo e Palmeiras, garantindo vaga na semifinal da competição. O Colorado pega o Cruzeiro, que eliminou o Galo, enquanto o Furacão encara o Grêmio.

Gol contra Integrantes da Drughi, torcida organizada da Juventus, foram flagrados pela polícia italiana com armamento pesado, como fuzis e um míssil, além de materiais com símbolos do nazismo. Ainda não se sabe se toda a torcida ou apenas alguns membros estão envolvidos no caso.

Substituição em hora errada

Ciladas em sequência

Foco e pé no chão

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

A demissão de Maurício Barbieri após a derrota para o Figueirense explicita os equívocos e a falta de planejamento da diretoria. Se o treinador já estava na corda bamba, por que deixá-lo no cargo durante toda a intertemporada e não trazer uma nova comissão Decacampeão com tempo de conhecer e organizar o grupo? E por que acatar as sugestões do técnico na contratação de diversos jogadores meia-boca? Agora, o novo técnico, além de não ter tempo para impor a sua concepção de jogo, terá que lidar com um elenco remendado sem a sua participação. E quando se trata de um treinador sem experiência na função, como é o caso do Felipe Conceição, a situação é ainda mais preocupante.

Se faltou pouco no segundo confronto contra o arquirrival, pela Copa do Brasil, é porque não houve nada no primeiro. Por isso, a torcida aplaudiu o empenho do time no Independência. Foi-se a Copa do Brasil 2019, mas salva-se a esperança em tempos melhores. AinGalo doido! da que o paísÉ seja lamento, indignação e injúria. O Brasileiro é chance de nova Libertadores e a Sul-Americana de título. Só que é bom ressaltar: o elenco continua deficiente. Olhem as alternativas que Rodrigo Santana tinha na situação. E, diante de um adversário encolhido, apelou para um esquema kamikaze. Dentro de um calendário com desafios constantes, são ciladas em sequência. E desilusões à vista.

Salve, nação celeste! Nas quatro linhas, teremos um segundo semestre parecido com os dois últimos anos. No Brasileirão, briga pelo meio da tabela, já que alguma chance de título ficará para as copas. Eliminamos nosso La rivalBestia passando aperto. Com o Negra VAR mais uma vez aprontando, perdemos no melhor estilo Mano Menezes, seguro na defesa e com poucas chances no ataque. Após o empate contra o Botafogo, ele disse que não poderia exigir demais da equipe. Esse é um pensamento perigoso, ainda mais pela situação em que nos encontramos no Brasileirão. O Bahia tem um bom time e será um adversário duro. O momento é de mais cautela e menos euforia. Foco e pé no chão. Saudações!

Para receber as matérias do BRASIL DE FATO MG diretamente no seu celular, envie uma mensagem para

31 98468-4731

/brasildefatomg


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.