Há 6 anos o Brasil de Fato MG chega às suas mãos
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019 • edição 295 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
É POSSÍVEL RESISTIR À MINERAÇÃO
MAM
RMBH pode ficar sem água Barragens ameaçam captação do principal sistema da região, no bairro Bela Fama, em Nova Lima CIDADES 4
A ousadia do Alvorada Coletivo promove ações de diálogo com a sociedade através da cultura CULTURA 14
Mulheres não podem morrer por serem mulheres
No Serro e em Teixeiras, população organizada conquista decisões judiciais que paralisam mineradoras. Confira, ainda, sete formas de dizer "não" às empresas. I BRASIL 8
Deputada destaca importância do 23 de agosto: Dia Estadual de Combate ao Feminicídio ENTREVISTA 11
cbm /ro
NÚMEROS MOSTRAM AUMENTO DE QUEIMADAS NO GOVERNO BOLSONARO Desde janeiro, foram 71 mil focos de queimadas, um crescimento de 82% I BRASIL 10 E 12
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
Esse sistema não Vale
ESPAÇO DOS LEITORES
“Vida longa pra vocês! Que jornalismo maravilhoso!” Vanessa Maia “Parabéns!” Claudia Santiago Ambas comentando a matéria “De colecionadores à sala de aula: Brasil de Fato completa seis anos em Minas Gerais” -------------------------------------Muito boa a matéria. Alessandra Mello avaliando a matéria “Para tratar rejeito tóxico, Vale atormenta moradores do bairro Pires, em Brumadinho”. -------------------------------------------Excelente filme, recomendo demais!! Eduardo Amorim sobre a “DICA DE FILME | Capitão Fantástico”
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No dia 7 de setembro, se comemorarão por todo país os 197 anos da independência do Brasil. Nesses quase 200 anos de Brasil, nossa história já viveu dias de muita luta, muita luz e, também, muita escuridão. Esta semana vimos estampar os jornais que a maior cidade brasileira, São Paulo, viu um céu escuro, quase noite, bem no início da tarde. O fenômeno que deixou tantos encucados foi resultado de uma enorme nuvem de fumaça produzida por queimadas na região amazônica, fruto do crescente desmatamento que viemos acompanhando, principalmente desde que o governo Bolsonaro começou. Os ataques aos nossos rios e florestas parecem não ter fim e dão sinais de que vão inundar os noticiários e a vida das trabalhadoras e trabalhadores de todo o país ainda por muito tempo. Só este ano o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aprovou 290 novos agrotóxicos altamente nocivos e cujos efeitos sobre a terra e quem nela trabalha podem ser irreversí-
Governo Bolsonaro provoca crescente desmatamento veis. Foi este ano também que vimos novamente a mineração sem freio matar mais uma bacia hidrográfica em Brumadinho e enterrar dezenas de vidas em nome do lucro da Vale. Entre tantos ataques ao meio ambiente e aos direitos garantidos na Constituição, esse governo mostra cada vez mais que seu compromisso não é melhorar a vida do povo.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
Grito dos Excluídos Mas este ano também vamos comemorar os 25 anos do Grito dos Excluídos, manifestação popular que ocorre todo ano no 7 de setembro e que ocupa as ruas de todo o país para dar voz a quem é oprimido por esse sistema sem misericórdia. Com o lema “Esse sistema não Vale: lutamos por justiça, direitos e liberdade”, o Grito mostra sua atualidade e sua responsabilidade com a defesa dos direitos conquistados com tanta luta e gar-
290 novos agrotóxicos altamente nocivos foram aprovados ra por quem constrói o Brasil levantando cedo todos os dias. Lado a lado com essa história, a União Nacional dos Estudantes (UNE) também chama a juventude às ruas em defesa da Educação e do futuro, contra as tentativas de privatização da universidade pública e de sucateamento do ensino básico, contidas no programa titulado, ironicamente, de “Future-se”. Resgatar a história dessa entidade e colocá-la junto ao povo organizado que resiste com o Grito dos Excluídos é sinal de que a nossa resistência contará com muitas mãos. Por isso, devemos marcar o 7 de setembro como dia de luta, semeando esperança para fazer renascer o país soberano necessário para solucionar os problemas do povo brasileiro.
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? PERGUNTA DA SEMANA
Agosto é mês da visibilidade lésbica no Brasil e o dia 29 é a data dedicada a esse tema. Nesse dia, há 23 anos, aconteceu no Rio de Janeiro o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), iniciativa do Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (Colerj). Há anos, várias mulheres de orientação lésbica se destacam em diversos ramos e tornam-se referência para outras mulheres em todo o mundo.
O Brasil de Fato foi às ruas perguntar: existe alguma mulher lésbica em quem você se inspira?
“Tem uma pessoa que eu admiro, a [jornalista esportiva] Fernanda Gentil. Ela me fez perceber que ninguém tem nada a ver com a vida do outro, só a gente pode tomar as nossas decisões”
Jô Anjos, analista de materiais
Várias foram importantes no processo de me identificar e de me entender enquanto sapatão. Mas, no Brasil, uma mulher que eu sempre busco conhecer e escutar é a Lecy Brandão, uma das primeiras lésbicas a se assumir no país”
Giselle Maia, gestora pública
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GERAL
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Número da Semana
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Segundo o Relatório da Desigualdade Global, o Brasil é segundo país que mais concentra renda no 1% da população mais rica. Essas pessoas, cerca de 1,4 milhão de adultos, recebem, em média, R$ 140 mil por mês e concentram 28,3% da renda do país. Os 50% mais pobres ficam com 13,9% da renda.
Jogo do SUS
Você pode ajudar um agente a controlar os focos de dengue, pode mirar no ponto certo para uma vacina e levar uma senhora até o posto, em um caminho complicado. O jogo SuperSUS foi desenvolvido para estimular as pessoas a conhecerem seus direitos e explicar como funcio-
Reprodução
na a rede de saúde hoje. Na página https://supersus.fiocruz.br é possível baixar o jogo para celular e ainda ler mais sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável e os princípios do sistema de saúde pública, com direito até a linha do tempo.
Declaração da Semana
Divulgação
Tenho recebido com desespero as mais recentes notícias sobre as queimadas no norte e centro-oeste do Brasil. Não podemos deixar o país virar cinzas, lama e devastação. Não deveriam existir dois lados quando estamos falando de preservação ambiental, apenas o lado da vida de todo o planeta” Escreveu a atriz Camila Pitanga em seu perfil no Instagram
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CIDADES
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CPI das barragens da Câmara de BH pede que Vale seja indiciada ABASTECIMENTO DE ÁGUA Relatório final pede que mineradora seja responsabilizada pela perda da estrutura de captação no Rio Paraopeba
“Estamos lutando para sobreviver” diz camelô de BH CRISE Sem arrecadação e com dívidas a quitar, ambulantes estão deixando shoppings populares Amélia Gomes / Brasil de Fato MG
Larissa Costa / Brasil de Fato MG
Amélia Gomes
Larissa Costa O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das barragens, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, foi entregue na terça (20) e aprovado por unanimidade pelos vereadores. Em seis meses de trabalho, a CPI realizou audiências, visitas técnicas, oitivas, reuniões e seminários para analisar documentos, ouvir a população e entrevistar as mineradoras que atuam na região. Motivada pela sociedade civil, a Comissão foi aberta após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho para investigar causas do crime e consequências para o abastecimento de água da Região Metropolitana de BH. Como prin-
Relatório recomenda paralisação da construção de outra barragem
cipal conclusão, o relatório de 500 páginas aponta que a atividade das mineradoras é uma ameaça real à segurança hídrica da região e que órgãos competentes devem tomar medidas urgentes para impedir que aconteça mais um crime dessa natureza. “Se houver o rompimento de alguma barragem que atinja o Rio das Velhas e o sistema em Bela Fama [distrito de Nova Lima], Belo Horizonte e a Região Metropolitana têm 6 a 8 horas de água”, alerta o vereador Irlan Melo (PL), relator da comissão. Segundo o relatório, o eventual rompimento das barragens de rejeitos de Forquilhas, Maravilhas II e Vargem Grande – todas de propriedade da Vale –implicaria a destruição da área de captação em Bela Fama, responsável pelo fornecimento de água potável para cerca de 43% da população da RMBH. Considerações O documento sugere ao Ministério Público de Mi-
nas Gerais o indiciamento da Vale pela perda e inutilização da estrutura da Copasa que captava a água do Rio Paraopeba. A obra, concluída em 2015, custou aos cofres públicos R$ 128 milhões e extraía cerca de 5 mil litros de água por segundo, abastecendo 2 milhões de pessoas na Região Metropolitana. Com a destruição da bacia do Rio Paraopeba pela lama, a captação de água nesse ponto foi suspensa. Entre outras recomendações, o relatório aponta para a necessidade de o poder público cobrar da Vale o imediato decomissionamento da barragem Maravilhas II e a paralisação da construção da Maravilhas III, projetada para ter uma capacidade de 108 milhões de metros cúbicos de rejeito. No dia 22 de setembro, os vereadores irão a Brasília entregar o relatório aos deputados federais e senadores. Posteriormente, haverá também a entrega para os deputados estaduais e para a Defensoria Pública.
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ois anos se passaram desde a realocação dos camelôs de Belo Horizonte para os shoppings populares. Nesse período, uma reclamação tem sido constante, a falta de clientes e a queda nas vendas. Desde julho de 2017, após serem expulsos das ruas com a Operação Urbana Simplificada, os ambulantes foram realocados para os shoppings populares UAI, no centro de BH e O Ponto, em Venda Nova. Na prática, as dificuldades que vinham sendo apontadas pelos trabalhadores se concretizaram. A falta de movimento dentro dos shoppings faz com que as vendas se tornem cada vez mais escassas. Com a arrecadação em baixa, os trabalhadores estão tendo dificuldades financeiras, inclusive para arcar com o aluguel dos boxes. Quem já está nos shoppings há dois anos gasta R$340 com o aluguel. Abandono Adejailson Severo decidiu devolver seu box para a PBH. Gilmar Carlos da Sil-
va ainda mantém o aluguel do seu espaço, mas não sabe por quanto tempo. “Meu box está vazio, porque eu não tenho como comprar mercadoria, aí estou trabalhando entregando panfleto para pagar o aluguel do espaço”, afirma. Na proposta da prefeitura, estava previsto que os trabalhadores receberiam auxílios como assessoria para
Prefeitura não cumpriu acordos do contrato de remoção dos ambulantes acessar linhas de créditos especiais e cursos gratuitos de qualificação. No entanto, nada disso aconteceu. Retorno da Prefeitura A PBH informou que “há duas comissões formadas por representantes da prefeitura, do shopping e dos participantes para dialogar sobre as deliberações acerca do programa”, e que “há diariamente contato por parte de representantes da prefeitura com os participantes”.
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De colecionadores à sala de aula: Brasil de Fato completa seis anos em Minas Gerais COMUNICAÇÃO POPULAR Com jornal impresso, rádio e redes sociais Bdf MG comemora aniversário com festa Mídia Ninja
Rafaella Dotta
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s jornalistas, colaboradores e editores escrevem os textos; os radialistas editam e montam os programas de rádio; a revisora corrige linha por linha; outra jornalista publica tudinho na internet; a gráfica imprime e os distribuidores entregam os jornais nas mãos de 40 mil pessoas, gratuitamente. Há seis anos essa tem sido a rotina no Brasil de Fato Minas Gerais, que é publicado e transmitido toda semana. Porém, uma grande parte do trabalho não é feito pela equipe profissional, mas sim por apoiadores. O jornal recebe fotos, depoimentos e seguidores das cidades mais distantes das Minas Gerais, que levam o Brasil de Fato a balcões de padarias, a sindicatos, a escolas e até a novenas. O colecionador de receitas Quando o Brasil de Fato completou dois anos em Minas Gerais decidiu se aventurar nas artes culinárias e a editoria de Varieda-
Programa de rádio do Brasil de Fato fala de coisas que atingem diretamente todos nós”, afirma ouvinte
Professora usa jornal em sala para contrapor outras mídias
Jornal impresso, que circula toda sexta-feira, chega a mais de 60 cidades do estado
des ganhou a coluna de receitas. E a coisa ficou ainda melhor quando descobrimos um livro dessas gostosuras. Antonio Martins de Moraes, de Uberlândia, guarda todas as receitas desde que conheceu o Brasil de Fato MG. “Eu gosto de pegar as receitas de bolo antigas. Eu recorto e prego num livro de receitas. São várias que eu testei e são boas mesmo”, garante. Antonio. Entre os muros da escola Já a professora de geografia Cida Moreira não guarda jornais, ela os interpreta com as turmas do ensino fundamental II, ensino médio e EJA. Ela é uma apoiadora firme da necessidade do Brasil de Fato Minas, que ela diz ser um dos raros materiais de qualidade e consistente sobre movimentos populares, identidade indí-
gena, quilombola, sindicatos e trabalhadores. “Como temos pouquíssimo tempo para ir à fonte, para entender a realidade dos fatos, nos resumimos ao livro didático com dados defasados. Precisávamos de um material com bons textos e fotos, imagens do agora, para contrapor com as informações do livro e de outras mídias, como a televisão”, diz a professora. Uma ouvinte no ar Encontramos também uma ouvinte fiel do nosso programa de rádio. Há dois anos, o Brasil de Fato entrou nas ondas do rádio por meio da Autêntica Favela FM, rádio educativa de BH. Todo sábado, às 11h, vai ao ar um programa noticioso de uma hora com notícias locais e nacionais. A partir dessa audiência foi que achamos a ouvinte
Edite Alkmin, ex-funcionária de rádio que acompanha o programa todos os sábados. “Não é que eu seja de direita ou de esquerda, mas simpatizo mais com o programa do Brasil de Fato, porque fala de coisas que atingem diretamente todos nós”, revela. “Tudo o que vocês fazem é muito bom. Essa luta contra o preconceito, contra essa falta de paz”, afirma. “Eu gosto de vocês porque vocês defendem muito os professores”, completa Edite.
COM TUDO ISSO... VAMOS COMEMORAR! O Brasil de Fato MG vai celebrar os seis anos de comunicação popular nas Minas Gerais com uma festa, gratuita. Te esperamos lá! Onde: Ocupação Pátria Livre (Rua Pedro Lessa, 435, Pedreira Prado Lopes, BH) Quando: na sexta-feira, dia 23 de agosto, a partir das 18h Atrações: Boi Luzeiro e os Tiozões do Pagode
MINAS
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Nossos direitos
DIVÓRCIO É SÓ COM PROCESSO? As pessoas costumam ter em seu imaginário que o divórcio é algo complicado, que o processo judicial é demorado, e por isso, há quem não oficialize a separação. Entretanto, é possível que seja realizado o divórcio extrajudicial, ou seja, sem a necessidade de um processo judicial. O procedimento é muito mais simples, e se dá somente por meio de registro em cartório. Para que essa modalidade de divórcio ocorra, há alguns requisitos, tais como, o consenso entre o casal sobre o divórcio e a ausência de filhos menores de idade ou incapazes. Porém, caso haja prévia resolução judicial sobre a guarda dos filhos menores e disposição de alimentos, poderá ser feito o procedimento para a separação em cartório. Caso haja bens a serem divididos, deverá ser descrita a partilha, bem como o acordo sobre a retomada do nome de solteiro ou não. Será necessário ao procedimento a assessoria de um advogado ou da Defensoria Pública.
Jonathan Hassen é advogado popular
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CIDADES
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Opinião
Escolha sua trincheira e vá à luta Mídia NINJA
João Paulo Já passou a hora da interpretação, do espanto e da denúncia. O governo Bolsonaro e seus satélites em vários estados e municípios já mostraram com sobra a que vieram. Prometeram na campanha e estão cumprindo. O programa neoliberal, de extermínio de direitos, de entrega do patrimônio público, de castração da soberania, de descarte das preocupações ambientais e de submissão aos interesses financeiros e dos Estados Unidos já está traçado e segue com vento pelas costas. Seus instrumentos são a destruição dos valores do conhecimento, da educação, da cultura, da solidariedade e dos direitos humanos. Uma certa visão miliciana da natureza humana: cada um por si e o medo acima de todos. Num cenário de extermínio da tolerância com a diferença, o outro é sempre o inimigo potencial a ser exterminado. Abatido, merece até mesmo comemoração monstruosa. Não é um programa que se exibe com orgulho. Ten-
do como garoto-propaganda uma figura que escorre ódio pelo canto dos lábios e adota táticas diversionistas enquanto seus sequazes tocam o que de fato interessa, o governo segue destruindo o Estado de direito e liquefazendo as instituições. A mídia comercial reage de forma canalha: como tem interesse no atacado material, se permite discordar no vare-
Governo Bolsonaro já mostrou a que veio jo dos símbolos. Celebra a destruição da Previdência e condena o cocô. A cada dia, com o ar parvo de sempre, o presidente dita a pauta para os repórteres amedrontados com sua grosseria habitual. Mente, despreza dados científicos e assaca acusações irresponsáveis. A isca é mordida e ganha a cena dos comentaristas de plantão pelo dia afora, enquanto a agenda econômica entreguista segue
seu rumo desimpedido. Um canastrão que faz a imprensa de palhaço. Ou o contrário. A mesma mídia corporativa, a cada notícia crítica ao atual governo passa a fazer referência ao período dos governos de Lula e Dilma (curiosamente, FHC está liberado desse método comparativo), fortalecendo a teoria não comprovada nos fatos de que “é tudo igual, mas com o sinal trocado”. O importante é buscar equivalências, já de olho na próxima eleição. O ideal é manter o antipetismo construído ao longo de muitos anos. Uma constatação que parece autoevidente entre os democratas de coração é que está na hora de defender ações conjuntas, o que implica modernizar as estratégias, atualizar as tecnologias, operar em redes. O volume da luta da sociedade vai ser, com certeza, o maior trunfo para o momento posterior de união em torno dos valores da democracia e da emancipação social. De tédio ninguém vai morrer. O pessimismo e a reclamação podem ficar guardados para dias melhores.
Do Vale do Jequitinhonha para o mundo Larissa Costa etapa mundial, os adoles-
centes de 14 anos subiram Seis estudantes da Es- ao pódio mais uma vez. cola Estadual Presidente Costa e Silva, de Minas Sem apoio do governo Novas, no Vale do Jequi- Na época da campanha tinhonha, ganharam me- de arrecadação, Adalgidalha de bronze na Olim- sio conta que o governapíada Internacional Ma- dor esteve em Minas Notemática Sem Fronteiras. vas, quando o professor O prêmio foi conquistado e as famílias lhe entregaram um ofício solicitando em Taiwan, em agosto. Para os alunos chega- apoio para a viagem, mas rem até lá, a cidade se a resposta foi negativa. “Se não tem importânmobilizou. O professor cia para o governo, para de matemática Adalgimim, para o país e para os sio Soares, que os acommeus alunos era imporpanhou na competição, tante. Meus alunos têm conta que foram levantados R$ 77 mil com ativi- um potencial inacreditável, mesmo passando por dades voluntárias. Os estudantes foram dificuldades, mesmo que convidados para repre- seja uma escola que não sentar o Brasil na Olim- tem laboratório, nem bipíada com mais 28 esco- blioteca, nem investimenlas do país. Nas etapas es- to. Esse prêmio foi uma tadual e nacional, leva- prova para quem duvida ram quatro medalhas, três da escola pública”, diz o ouros e uma prata, e na professor.
Unitri realiza demissão em massa Juliana Cabral demissão em massa dos
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o Centro Universitário do Triângulo (Unitri) realizou uma demissão em massa de trabalhadores no início do mês de julho. Foram dispensados em torno de 100 funcionários, entre professores e técnicos administrativos. Professores e sindicato denunciam que até hoje não foi paga a rescisão contratual devida. “Fizemos um ato para divulgar para os alunos e para a comunidade em geral a questão tanto da
professores e dos administrativos, quanto também de ninguém ter recebido nenhum acerto, nenhum”, conta a psicóloga Marisa Alves, uma das professoras demitidas. Em nota, o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas) apontou que a empresa não cumpriu os acordos e os demitidos não puderam sacar o FGTS nem entrar com pedido de seguro desemprego. O Brasil de Fato tentou contato com a Unitri e não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
OPINIÃO
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Deputada Leninha
As muitas lutas das Margaridas
23 de agosto: Dia Estadual de Combate ao Feminicídio Em Minas Gerais, desde dezembro do ano passado, o dia 23 de agosto passou a ser o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, instituído pela lei 23.144 de 14/12/2018, de autoria da deputada Marília Campos (PT). Mas o que é feminicídio? Feminicídio é a tipificação do assassinato de mulheres, nos quais as mulheres são assassinadas por serem mulheres. Em 2015, a então presidenta Dilma Rousseff promulgou a lei 13.104, na qual o feminicídio passou a ser considerado crime he- Nenhuma diondo, com aumento da pena mínima de 6 para 12 anos. a menos! Mas mesmo com o enrijecimento da legislação, continua- Seguiremos em mos vendo os feminicídios aumentarem. Segundo o mapa da violência, houve um aumento no marcha! Brasil de 6,3% em 2017, no número de feminicídios, sendo a maioria das vítimas mulheres negras. Em Minas, nos primeiros quatro meses deste ano, foram assassinadas 42 mulheres e em Belo Horizonte, os casos de feminicídio aumentaram 250%. A maioria dos feminicídios são cometidos por companheiros, ex-companheiros, pais, irmãos ou pessoas próximas, justamente reforçando a lógica de serem aqueles que “zelam” para que as mulheres não desobedeçam a ordem. Para enfrentarmos essa realidade, à qual todas nós mulheres estamos sujeitas, são necessárias políticas públicas que contribuam para a superação das desigualdades. Mas a vida das mulheres tem sido cada dia mais atacada, desde a retirada de direitos básicos, como o direito a se aposentar, até outros, como o acesso à assistência, à saúde, e à educação. Nós mulheres queremos viver em mundo livre de violência, onde o nosso “não” seja “não”, onde não sejamos consideradas propriedade dos homens e muito menos objetos. Por isso, é necessário ampliar a auto-organização das mulheres, fortalecer o feminismo popular e os movimentos de luta por um mundo igual, justo e livre de violência. Nenhuma a menos! Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres! Bernadete Esperança é militante da Marcha Mundial das Mulheres
Leninha é deputada estadual pelo PT Em 18/06/2019...
ACOMPANHANDO
Bernadete Esperança
Mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta e das águas se levantaram antes do sol nascer para uma tarefa diferente da lida diária de cuidar da terra. Eu estava lá, e pela sexta vez consecutiva marchamos em defesa da terra, da água e da agroecologia. Marchamos por autonomia econômica e trabalho decente. Mas, principalmente, marchamos para não morrer, seja por uma reforma da Previdência que nos tira a perspectiva de proteção na velhice, seja pelo feminicídio que se espalha no país sem ser coibido pelos governos. A principal causa de morte entre as mulheres brasileiras é o feminicídio e, dentre as milhares de vítimas, 66% são mulheres negras. Entretanto, ainda não há um recorte específico para a violência contra as mulheres do campo, o que deixa invisível e impune o sofrimento e assassinato de centenas de companheiras. Se conseguimos sobreviver 100 mil às relações abusivas e violen- mulheres tas, não escapamos da cesta de marcharam maldade preparada pelo gover- contra medidas no Bolsonaro em sua proposta do governo de reforma da Previdência. A começar pela idade mínima para Bolsonaro aposentadoria. Se as trabalhadoras urbanas poderão se aposentar aos 55 anos, por que as mulheres do campo, que têm um trabalho bem mais penoso, não podem se aposentar aos 50 anos? Não se pode tratar igualmente os desiguais, afinal 70 % das mulheres que vivem do campo começaram a trabalhar antes dos 14 anos. Outro aspecto cruel é a redução das pensões. Hoje, 83,7% deste tipo de benefício é pago às mulheres. Portanto, seremos mais uma vez prejudicadas caso se confirme no Senado que o pagamento da pensão será desvinculado do salário mínimo e seu valor será de 60% mais 10% a cada dependente. Como disse nosso presidente Lula: “As margaridas chegaram e eles não têm como deter a primavera”. Viva as mulheres desse país! Viva o povo brasileiro!
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População do Serro continua mobilizada contra abertura de mina da Herculano E agora... Decisão judicial estaciona projeto de mineração no Serro
O TJMG anulou a declaração de conformidade emitida à Herculano Mineração para a exploração de minério de ferro no Serro. Segundo especialistas, o projeto coloca em risco a Bacia do Rio do Peixe, principal fonte de água da região, e vai prejudicar a agricultura, a produção de queijo e o turismo. Em 26 de setembro, acontecerá uma audiência de conciliação entre o Ministério Público e a Herculano. A mineradora pode recorrer.
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7 formas de Em Muriaé, seminário reúne barrar a mineração diversas formas de dizer não à mineração
A pesquisadora Maiana Maia, da Faculdade de Órgãos para Assistência Social e Educacional, estuda os conflitos entre mineração e comunidades. Apesar de destacar que “não existe receita de bolo”, ela listou para o Brasil de Fato sete aspectos que mais podem contribuir para o sucesso da luta popular.
SOBERANIA POPULAR Comunidades de 15 estados estiveram representadas para trocar experiências de resistências locais Camunicação / MAM
1: FORTALECIMENTO DAS COMUNIDADES “Grandes empresas de mineração costumam ser muito parecidas na forma de atuação no território onde querem se implantar. São muitas estratégias de cooptação das lideranças, de ameaças, de violências, de espionagem. Para fazer frente a essas estratégias, precisamos de comunidades empoderadas e fortalecidas, com fortes atores locais fortalecidos e capazes de estabelecer alianças”. 2: DESCONSTRUIR AS PROMESSAS E DIVULGAR OS IMPACTOS “É a sabedoria de conseguir criar uma outra narrativa sobre os projetos de mineração. Iniciativas que consigam olhar para as promessas e questionar: será que os empregos vão ser gerados mesmo? Vai gerar renda? Que tipo de emprego vai gerar? O que acontece com a cidade depois que o minério acaba?” 3: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO “O terceiro acerto costuma ser a articulação de uma rede de saberes, tanto o saber da comunidade sobre o seu território, quanto o saber universitário de pesquisadores engajados e o saber técnico, de laudos de laboratório. Aglutinar uma série de iniciativas que produzem contrainformação. Conhecimento é poder e as informações não podem ficar só na mão das mineradoras”.
4: ALIANÇAS “A mineração mexe com o abastecimento de água das cidades, gera poeira, afundamento de terrenos, doenças que vão sobrecarregar os hospitais. Os impactos alcançam uma multiplicidade de atores. E esses atores têm que estar conectados. As alianças são uma chave de poder para a resistência”.
Rafaella Dotta
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obilizar-se contra um projeto de mineração não é fácil, mas há sempre quem tenha a ensinar e apoiar. Foi nisso que apostou o seminário “Diferentes Formas de Dizer Não: experiências de proibição, resistência e restrição à mineração”, realizado de 12 a 15 de agosto com 120 pessoas de 15 estados. A cidade escolhida para receber o seminário foi Muriaé, região da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, que passa por vitórias e conflitos com a mineração. “Não é porque tem minério no subsolo, que a região tem vocação para atividades minerárias. Muitas vezes o minério no subsolo cumpre um papel fundamental para o ambiente, para a agricultu-
ra, para a água, para o armazenamento hídrico. Quando você destrói o minério, está destruindo tudo”, explica Luiz Paulo Siqueira, dirigente estadual do Movimento pela Soberania na Mineração (MAM). As regiões sediaram também audiências públicas, atividades sobre espiritualidade ecológica e café da manhã na praça.
Encontro reuniu 120 pessoas de todo o país para enfrentar poder das mineradoras
5: MECANISMOS INSTITUCIONAIS “Em muitos dos relatos de resistência, o Estado (governo) não estava ao lado da população, pelo contrário, eles ficam ao lado da mineradora dizendo que a mineração é de ‘interesse nacional’. Mas existe na resistência a possibilidade de pressionar o governo e se mostraram capazes de construir leis, de influenciar o plano diretor, ou de conseguir jurisprudências que impeçam a mineração.” 6: DISPUTA DE NARRATIVAS E ARGUMENTOS “Dizer em alto e bom som o porquê do ‘não à mineração’. É muito interessante perceber que por trás da faixa que diz ‘não à mineração’ existe um monte de ‘sins’. É um sim à agricultura familiar, às nascentes e cursos d’água, um sim ao turismo ecológico, um sim à nossa biodiversidade enquanto país. Apresentar para a população coisas afirmativas é poderoso”. 7: MOSTRAR QUE HÁ OUTRAS ALTERNATIVAS “E o mais importante de todos os acertos: anunciar que existem outras possibilidades. A mineração é evitável, e ainda é uma das opções que talvez gerem menos riqueza”.
Comunidades conseguem liminar para paralisar mineração em Teixeiras www.brasildefato.com.br
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
Comissão da Câmara aprova entrega da Base de Alcântara (MA) aos Estados Unidos SOBERANIA AMEAÇADA Texto final permite aos EUA lançar foguetes, satélites e espaçonaves
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Edital do Ibama abre espaço para empresa dos EUA monitorar Amazônia Da redação No processo de esvaziamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o governo lançou na quarta-feira (21), via Ibama, edital que prevê a contratação de empresa privada para monitoramento da Amazônia. O edital permite que empresas estrangeiras participem da concorrência,
bastando que tenham representação legal no Brasil. Em seus ataques para desqualificar o Inpe, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem usado dados da empresa estadunidense Planet – que no Brasil é associada ao grupo Santiago & Cintra Consultoria. Entre outras métricas, o edital exige que o monitoramento forneça imagens com reso-
lução espacial “igual ou melhor que 3 metros”. Essa e outras métricascoincidem com a capacidade de fornecimento da Planet. A resolução espacial oferecida pelo Inpe em seu sistema de alerta é de 64 metros – o que tem servido ao propósito de monitoramento desde 2004. Os dados nunca foram contestados.
Governo Bolsonaro anuncia plano de privatização dos Correios e mais oito estatais Igor Carvalho O acordo que autoriza os Estados Unidos a explorar a Base de Alcântara (MA) foi aprovado pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados na quarta-feira (21). O projeto ainda precisa ser examinado nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e Ciência e Tecnologia, antes de ir a votação em plenário. Uma vez aprovado pela Câmara, o Senado analisará o tema. O texto aprovado autoriza o lançamento de foguetes, espaçonaves e satélites que tenham algum componente estadunidense. Porém, veda o lançamento de mísseis. O documento também prevê a possibilidade de ampliação do Centro de Lançamento de Alcântara, o que prejudicaria as comunidades quilombolas vizinhas à base, que lutam pela demarcação de seus territórios. O deputado federal Da-
vid Miranda (PSOL-RJ) criticou a aprovação. “O acordo não é interessante no campo econômico e muito menos no militar. O projeto de Bolsonaro é colocar o Brasil de joelhos diante dos Estados Unidos”, afirmou. O acordo foi firmado em março deste ano, durante a visita de Jair Bolsonaro (PSL) a Donald Trump, em Washignton. O filho do mandatário e presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tem interesse direto na aprovação do texto, que pode ser um trunfo em seu pleito à cadeira de embaixador brasileiro nos EUA. Partidos PT e PSOL votaram contra. Porém, PCdoB, PDT e PSB aderiram, com a ressalva de que o projeto tenha como apêndice um decreto legislativo que contenha cláusulas interpretativas do texto.
O governo Bolsonaro (PSL) anunciou um plano para privatizar nove empresas estatais. As nove empresas na rota da privatização são: Telecomunicações Brasileiras S/A (Telebras); Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios); Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp); Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev); Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro); Empresa Gestora de Ativos (Emgea); Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec); Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp); Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF). Desde as eleições, os Correios aparecem no dicionário bolsonarista atrelado a palavras como “sucateado”,
“crise”, “defasado” e “prejuízo”. No entanto, a estatal mantém 105 mil funcionários em uma estrutura que atende a 5.524 municípios, sendo que apenas 324 não são deficitários. Em 2017, o balanço da empresa foi positivo, com R$ 667 milhões de lucro. Os dados de 2018 ainda não foram divulgados. O ministro Paulo Guedes disse ainda que, este ano, serão privatizadas ao menos 17 estatais.
14 BRASIL 10
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
Fumaça de incêndios criminosos na Amazônia se espalha por todo o continente 118 ONGs assinam carta contra Bolsonaro e Rede pede impeachment de Ricardo Salles Gabriel Uchida / The Intercept
Da redação
O
Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A fumaça originada nas queimadas em ritmo acelerado na floresta amazônica atingiu São Paulo e foi potencializada pelos incêndios na Bolívia e no Paraguai. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se autointitulou “capitão motosserra”, segue brigando com os dados divulgados pelo
Inpe e já trocou o comando do Instituto, substituindo
o físico Ricardo Galvão por um oficial da Força Aérea.
118 ONGs desmentem governo
Impeachment de Salles
Após o presidente afirmar que os incêndios “podem ter sido potencializados por ONGs que perderam grana”, 118 Organizações Não Governamentais escreveram uma carta argumentando que o aumento das queimadas acontece por ações do próprio governo.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento do ministro. Contarato, que preside a Comissão de Meio Ambiente no Senado, afirma que Salles cometeu crime de responsabilidade ao perseguir agentes públicos.
?
Você sabia?
Desde janeiro, foram registrados 71.497 focos de incêndio, um número 82% maior do que o mesmo período do ano passado. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
ENTREVISTA 15 11
“Lutamos contra uma cultura que acha que violência é algo natural” 23 DE AGOSTO No Dia de Combate ao Feminicídio em Minas, Marília Campos analisa situação das políticas públicas que visam ao fim da violência contra a mulher Guilherme Dardanhan
Raíssa Lopes
M
ais de 64 mulheres foram mortas por serem mulheres neste primeiro semestre de 2019 em Minas Gerais, de acordo com balanço da Polícia Civil. Entre janeiro e julho, BH registrou um salto de 250% em relação ao mesmo período do ano passado. 23 de agosto é em Minas o Dia de Combate ao Feminicídio. A data foi instaurada no ano passado a partir de um projeto da deputada estadual Marília Campos (PT), a entrevistada desta edição, que é atualmente presidenta da Comissão de Mulheres na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Por que fazer do dia 23 de agosto uma data de combate ao feminicídio? Marília Campos - Foi em função de uma morte, um assassinato de uma trabalhadora do Ministério Público de Contagem. Ela foi morta nesta data e a suspeita recaiu sobre o marido, que ficou preso por um tempo, mas já está solto. O dia estadual é uma denúncia, mas também para cobrar a realização de campanhas, de mobilizações, e para contribuir com as políticas de prevenção e de combate às violências contra as mulheres e contra o feminicídio. Quais são as atividades previstas para este ano? Nós procuramos a Secretaria de Estado de Educação para articularmos uma campanha nas escolas públicas, e sugerimos que fosse feito um concurso de redação com essa temática sobre violência e feminicídio. A Secretaria abraçou a ideia e a inicia-
tiva será lançada nesta sexta (23), em toda a rede estadual de ensino. O objetivo é envolver os alunos, o corpo docente e a comunidade escolar com o assunto, conscientizando pela igualdade entre homens e mulheres e para o combate à violência. Como você avalia o tratamento que os órgãos públicos de Minas têm em relação à violência? Se na capital e na região metropolitana já é difícil, no interior é ainda mais. Lá, as políticas públicas são mais ineficientes. Em toda Minas Gerais, temos apenas 62 delegacias especializadas para os 853 municípios. E essas delegacias têm funcionamento muito precário, elas não dão conta de atender à demanda. Para se ter uma ideia, elas funcionam de segunda a sexta, durante o dia. A mulher que precisa recorrer a uma delegacia no fim de semana ou à noite não tem atendimento. Nós precisamos fortalecer essa política pública, melhorando administrativamente, do ponto de vista
A delegacia é importante, é o primeiro local que a mulher procura para ter amparo de pessoal, estrutura e logística, para que as mulheres vítimas de violência sejam acolhidas com dignidade nesse equipamento público. A delegacia é extremamente importante porque é o primeiro local que a mulher procura para ter amparo, para denunciar. Você acredita que desde o ano passado, quando a data foi instaurada, o tratamento com o tema melhorou nas instituições? É uma disputa permanente. Na assembleia, existem 77 deputados e, desses, apenas 10 são mulheres. Já começa assim, com essa subrepresentação de mulheres. A gente luta para dar visibilidade e prioridade à nossa agenda. Quere-
mos políticas públicas de amparo às mulheres, contra a violência obstétrica e doméstica, às violências patrimoniais, emocionais, psicológicas, físicas. A gente luta contra uma cultura que acha que a violência é natural, ou que é como se fosse qualquer outra violência. Ou que a morte de uma mulher, assassinada pelo fato de ser mulher, se mistura aos inúmeros homicídios e não precisa de tratamento específico. Você é presidenta da Comissão dos Direitos da Mulher na ALMG. Como estão os trabalhos e quais os principais projetos? Para focar este ano, nós elegemos o combate às violências. Estamos com essa política de prevenção e fazendo visitas técnicas em todas as delegacias de mulheres da região metropolitana. Conseguimos a instalação de mais uma vara de julgamento para casos de violência doméstica, da Justiça do Trabalho, implementada em Contagem. Só existia uma, em BH. Também é preciso dizer que a Comissão de Mulheres está à disposição para acolher denúncias, abraçar as lutas, e de portas abertas para que as mulheres participem das audiências públicas semanais. Toda quinta-feira de manhã é realizada uma reunião.
Em toda MG, temos apenas 62 delegacias especializadas para os 853 municípios
Reforma da Previdência atinge quem ganha pouco e poupa ricos Da redação Na última semana, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia apresentou um estudo mostrando que a PEC pode reduzir em até 40% o valor das aposentadorias para quem completar o tempo mínimo de contribuição. O governo de Jair Bolsonaro (PSL) também prometeu encaminhar ao Congresso, nas próximas semanas, uma nova Proposta de Emenda à Constituição. A proposta tem como objetivo criar o sistema de capitalização. Por esse modelo, o valor do benefício recebido vai depender da capacidade de o trabalhador poupar e do retorno do investimento. Dessa forma, sua aposentadoria vai se basear em uma conta particular, na qual o trabalhador vai investir sozinho, sem contribuições do Estado e dos empregadores. E, se o fundo que administra esse investimento falir, o dinheiro do trabalhador pode desaparecer.
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Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
CIÊNCIA, COISA BOA!
Dicas Mastigadas
OS RIOS VOADORES E A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA Prevfogo /Ibama
CALDO DE ANGU VEGETARIANO Reprodução
19 de agosto, o dia que virou noite em São Paulo. Um fato carregado de simbolismo para quem tem o mínimo de preocupação com o rumo das coisas. A maior cidade do país assistiu assustada aos efeitos da terrível crise ambiental que o capitalismo instaurou em todo o planeta. O céu se cobriu de partículas originadas de queimadas. É verdade que tal fenômeno pôde ser observado em outras cidades do país, e que seus maiores efeitos impactam a região Norte. Mas é muito simbólico que a grande metrópole perceba o que acontece na floresta, a milhares de quilômetros, de forma tão nítida. EscancaraOs problemas -se o fato de que o ambiente é um só. O que ambientais não ocorre em qualquer lugar da Terra afeta a todos. Os problemas ambientais não são coisa são coisa de de ecochato, e sim uma grave questão que ecochato diz respeito a toda a sociedade. As queimadas e o desmatamento da floresta amazônica são frutos da ganância do capital. Seus promotores são a elite econômica, o agronegócio e o setor mineral, que veem a floresta e seu território como fonte de lucro. O governo federal, representante desses setores, estimula o crime ao negar os dados científicos que o atestam e ao diminuir a fiscalização. É irresponsável ao elencar como inimigos os povos indígenas e ONGs ambientalistas. As regiões de latitude média do planeta, localizadas próximo aos trópicos, concentram grandes desertos. É assim por todo o globo, com raras exceções. A maior delas se localiza na América do Sul. Essa região do nosso continente, que engloba grande parte da Argentina, Paraguai, Uruguai, Sul do Brasil até o estado de São Paulo, pela lógica deveria ser um grande deserto. Isso não ocorre graças à floresta amazônica e a um enorme rio voador, maior que o Amazonas em quantidade de água, que sobrevoa essa região e a mantem úmida. Funciona assim. A água do oceano Atlântico evapora e é carregada pelo vento para o continente, onde cai na forma de chuva. Na Amazônia, as árvores absorvem a água do solo e a devolvem para a atmosfera como vapor. Estima-se que uma árvore de grande porte pode bombear cerca de mil litros de água por dia. O vento segue até encontrar a imensa Cordilheira dos Andes, que então o desvia para a região do trópico de capricórnio. Se a Amazônia for destruída, esse rio seca. E a região com maior densidade econômica e populacional do continente provavelmente se tornará um grande deserto. Ou seja, perdem simultaneamente os que vivem na floresta e os que vivem na metrópole. Tudo em nome do lucro. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Ingredientes • • • • • • • • • • •
1 colher de sopa de azeite 1/2 cebola picadinha 1 dente de alho 4 colheres de sopa de fubá 4 ou 5 folhas de couve Pimentão a gosto Meia berinjela 1 pitada de pimenta do reino 1 colher de chá de páprica defumada Cebolinha e coentro a gosto Queijo (opcional)
Modo de Preparo Em uma panela funda refogue a cebola, o alho e o pimentão, acrescente a berinjela e continue refogando até que ela absorva os temperos. Coloque a páprica, misture e acrescente dois copos cheios de água. Despeje a farinha de milho. Mexendo sempre para não empelotar, espere cozinhar. Vá acrescentando água para ficar com a textura mais próxima de um caldo. Coloque as folhas de couve picadas, a pimenta do reino e pedaços de queijo. Deixe mais cinco minutos no fogo, salpique cebolinha e coentro e sirva. Pode ser servido como entradinha ou prato principal. Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
13 VARIEDADES 15
www.malvados.com.br
FIQUE
BEM TENHA PLANTAS! PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Recibo indispensável na hora da troca de um produto Região de importância histórica para o Islamismo, Judaísmo e Cristianismo (?) Zombie, estrela do rock e ator de filmes de terror
Impossibilitar uma pessoa de trabalhar
(?)-preto, ave de bico curto e forte
Cheio de (?): presunçoso
O mundo após a terceira revolução tecnológica
MANTENHA SEU NARIZ ÚMIDO (?) Thurman, atuou em "Kill Bill"
Laboratório (abrev.)
Glutões; vorazes
Composição da Grécia antiga (pl.)
Tipo de medicação tópica O vinho ideal para o verão
Otto Rank, psicanalista austríaco
Nove, em romanos
Extensão de arquivo executável (Inform.)
(?) Piccoli, apresentador e radialista
Mesmo quando o tempo não está tão seco como agora, vale a pena manter o seu nariz úmido, e os efeitos positivos são notados muito rapidamente. É super simples: borrife algumas gotas de soro fisiológico, desse simples de farmácia, nas narinas, uma de cada vez, sempre que lembrar. Mas é importante ter uma rotina. Se seu caso for já de obstrução, convém buscar alguém que seja especialista no tema, mas se você quiser apenas respirar melhor, não tem erro.
Orlando Teixeira, poeta brasileiro Lista
Sucesso, em inglês Setor de portos
País da Península Arábica (?) Smith, cantor de "Stay With Me"
(?) Político, site de notícias independente
AMIGA DA SAÚDE
(?) que: subitamente Dalton Trevisan, contista paranaense Serviço Social da Indústria (sigla)
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
"Movimento", em MDB
Fiquei sabendo de uma morte por doença do pombo. Que doença é essa e como evitá-la?
3/exe — hit. 6/edazes — edgard — sálvia.
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Solução I N T E R I N E T V E X P G L O R E P R
P O M A D A I L O C O E
T A F R R A A N U B N A P A L A B H R A D A R O S C I B A L Ã E S I G A R G M A
I S S A L O V C I A U M E A D A I Z X E S D T I
P C A L N T A O C E N A T A R E E R O L N T E O T O R A D O E N E S I I C S M O
BANCO
"Pelé (?)", filme brasileiro
Ritual de oração comum para enfermos
Significa "errado", na correção da prova
De maneira disfarçada
© Revistas COQUETEL
Dela fazem Planta da família da Dispositivo que Navegador oficial da Exercer a Ácido ribo- parte o hortelã, usada no tra- informa o número de Microsoft profissão nucleico peixe-boi, o boto-cor- tamento de gols em estádios (sigla) (Inform.) de-rosa e o lobo-guará bronquites A sílaba sem acento
Mesmo em apartamentos ou casas sem quintais, existem inúmeras formas de ter muitas plantinhas. E elas não são apenas uma dica de decoração, mas de cuidado. Dizem que as plantas melhoram a energia do ambiente, e, além disso, elas nos ajudam a nos conectarmos um pouco com a natureza. Não só as regue: olhe para elas, pense sobre o que elas precisam, coloque vitaminas quando necessário. Replante e mexa na terra com a mão. É um exercício que ocupa a mente e é uma delícia! Quando a plantinha responder, você vai ver como é bom ver algo que a gente cuida crescer.
Maria da Piedade, 65 anos, aposentada. A “doença do pombo” é a criptococose, um tipo de micose. É grave e chega a matar 70% das pessoas infectadas. O fungo que provoca a doença vive em árvores, frutos, folhas secas e também nas fezes dos pombos. As pessoas se infectam ao inalar os fungos, que se instalam nos pulmões e, de lá, se disseminam para o sistema nervoso central. Os sintomas podem ser lesões na pele parecidas com espinhas, úlceras, além de confusão mental, febre, dor de cabeça, entre outros. A melhor forma de prevenir a doença é usar máscara e umidificar o chão antes de levantar poeira, além de evitar o acúmulo de fezes de pombos e controlar a proliferação do animal.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
Coletivo Alvorada aposta no diálogo a partir de materiais e ações pela democracia BELO HORIZONTE Surgido em 2016, grupo é formado por militantes que fazem e distribuem, de forma voluntária, adesivos, bottons e faixas por “Lula livre” Divulgação
Larissa Costa
U
m grupo de amigos que trabalha incansavelmente na produção de adesivos, bottons, faixas e camisetas com mensagens e dizeres em favor da democracia no país. O coletivo Alvorada, surgido em Belo Horizonte em meio à luta contra o golpe de 2016, reúne ativistas de esquerda na construção de ações de impacto nas ruas, nos shoppings, mercados e junto a outros movimentos populares. No carnaval de BH, em 2017, o coletivo virou referência nacional. Foram 200 mil adesivos “Fora Temer” distribuídos
e diversas faixas denunciando o golpe em meio aos blocos. “A nossa ideia sempre foi trabalhar com ações que pudessem criar imagens e uma possibilidade de furar a bolha, através da linguagem artística e da estética”, conta Mu-
nish, ator, diretor de teatro e um dos coordenadores do Alvorada. Furar a bolha, para ele, é ampliar o debate, sair das redes sociais e falar diretamente com as pessoas. “Nas redes sociais é tudo
muito direcionado e a gente fica falando para a gente mesmo: a esquerda fala para a esquerda, o clã Bolsonaro conversa entre ele. Foi criada uma forma da gente ser amigo dos iguais. A arte tem o poder de comunicar de uma forma maior, de ultrapassar esse limite”, explica. Próximas ações “Lula livre”, soberania nacional e democracia são as pautas principais do coletivo. Na terça (20), por exemplo, para marcar os 500 dias da prisão política, sem provas, do ex-presidente Lula, o coletivo realizou um ato em
frente ao Ministério Público e denunciou a parcialidade do Judiciário. No domingo (25), acontece a atividade “Parem Bolsonaro e salvem a Amazônia”, em denúncia ao desmatamento, às queimadas e às políticas destrutivas ao meio ambiente promovidas pelo governo federal. Será a partir das 10h, na Praça do Papa, em BH. Pode chegar todo mundo As ações organizadas pelo coletivo são abertas e para obter mais informações, é só acessar www.facebook.com/ AlvoradaB. ANÚNCIO
REDUZIR TURMAS É PROMOVER O DESMONTE DA ESCOLA PÚBLICA EM MINAS GERAIS. É SUCATEAR A ESCOLA
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Belo Horizonte, 23 a 29 de agosto de 2019
na geral
Copa Futel: inscrições terminam dia 26 Camunicação Futel
ESPORTE
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CURTO E GROSSO
Nós não esquecemos Divulgação Flamengo
Desde o dia 19 de agosto, a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel) recebe inscrições para a 17ª edição da Copa Futel de Futebol de Campo. Partici-
pam atletas com mais de 18 anos. Os jogos começam no dia 8 de setembro. Interessados têm que se dirigir até o Parque do Sabiá, das 8h às 17h. Cada equipe deve preencher a ficha de inscri-
ção, disponível no site da Prefeitura, e pagar a taxa de arbitragem, no valor de R$ 1 mil. Local: Avenida José Roberto Migliorini, 850. B. Stª Mônica, Uberlândia
Personagem da semana
Luiz Ferreira, do Rio de Janeiro
Na quarta (21), o futsal perdeu um de seus grandes mestres. Aos 57 anos, faleceu o multicampeão Milton Ziller, o Miltinho. Ele foi treinador do Atlético Mineiro, Minas Tênis Clube, Esporte Clube Banespa, Ulbra, Praia Clube de Uberlândia, Corinthians, GazpromUgra da Rússia e da Seleção do Azerbaijão. Em um dos grandes momentos de sua carreira em Belo Horizonte, Miltinho conduziu o Atlético à conquista da Liga Futsal e da Copa Intercontinental, em 1997 e 98, respectivamente. Também em BH, em 2002, ele foi campeão da Taça Brasil e vice da Liga Nacional de Futsal, pelo Minas Tênis Clube. ANÚNCIO
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Federação Interestadual dos Servidores Públicos Municipais e Estaduais
O torcedor do Flamengo deve ser um dos mais entusiasmados e eufóricos nesses últimos dias. Os estádios andam lotados, o time recheado de estrelas e o clube reconhecido como um dos mais endinheirados do país. Tudo aponta para um caminho de glórias e conquistas. Nem tudo. Uma das maiores tragédias do futebol completou seis meses. No dia 8 de fevereiro, um incêndio de grandes proporções atingiu o Ninho do Urubu, o CT do Flamengo na zona oeste do Rio de Janeiro. Dez garotos entre 14 e 16 anos morreram. Todos jogadores da base do clube. Não, amigos, eu não esqueci e nem vou esquecer o que aconteceu. De clube conhecido como devedor e bagunçado, o Fla tornou-se milionário. Contudo, as famílias das vítimas seguem reclamando e pedindo por justiça. É verdade que o dinheiro não
vai remediar a dor da perda de entes queridos. Porém, um acordo rápido com cada família e a assistência a todas elas e aos sobreviventes são o mínimo. A postura de alguns que se dizem “torcedores” é lamentável. Sempre que avistam qualquer repúdio à diretoria do clube, usam as redes sociais para despejar todo o chorume de quem está apenas interessado em ver seu time vencer a qualquer custo. “Sensacionalismo barato! Falem de futebol!”, é o que eles dizem. O mínimo que todo torcedor deveria fazer é exigir a punição dos responsáveis. É preciso preservar a memória desses meninos para que tragédias como essas jamais se repitam. É preciso reparar a dor das famílias e dar assistência a cada uma delas. Dinheiro pra isso não falta. A grandeza do Flamengo não está nos troféus e títulos, mas na relação que construiu com seus torcedores e atletas. E essa grandeza está dando lugar à politicagem e insensibilidade.
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ESPORTES
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Alê Cabral / CPB
DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução/ Sportv
Brasil começa o Parapan mirando o 1º lugar Na quinta-feira (22), começaram os Jogos Parapan-Americanos de 2019, em Lima (Peru). O Parapan de Lima é o maior evento multiesportivo das Américas para atletas com deficiências. Participam 1800 atle-
tas de 33 países, inscritos em 17 modalidades esportivas, sendo que 7 dão direito a vaga nas Paralimpíadas de 2020. A delegação brasileira quer repetir o bom desempenho das últimas três edições (2007, 2011 e 2015),
quando terminou em primeiro lugar no quadro geral de medalhas. A cerimônia de abertura é nesta sexta-feira (23), mas as primeiras partidas de tênis de mesa começaram na quinta (22).
“Paramos hoje pela sobrevivência do amanhã” Frase de protesto dos jogadores do Figueirense, que, na terça-feira (20), se recusaram a jogar contra o Cuiabá, pela 17ª rodada Série B do Brasileirão, em greve contra o atraso de seus salários.
Gol de placa O ex-jogador Petkovic defendeu o líder soviético Josef Stalin. Durante o programa Seleção SporTV, ele questionou o apresentador André Rizek, que chamou Stalin de “ditador sanguinário”. O sérvio questionou Rizek de onde o apresentador retirou a informação.
Gol contra O dono da rádio Itatiaia, Emanuel Soares Carneiro, afirmou no ar que “um atleticano antigo me disse que só tem uma solução pro Cazares: bota nele uma tornozeleira eletrônica”. O comentário racista gerou revolta nas redes sociais.
A vaga é possível
Oh, tempora! Oh, mores!
Feminino e masculino
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
A sequência de cinco jogos sem perder, com três vitórias e dois empates, fez o América deixar a zona de rebaixamento, respirar aliviado e até começar a sonhar com uma vaga na primeira divisão. E, realmente, a vaga não é tão impossível assim, já que o Coelho estáDecacampeão a apenas 11 pontos do quarto colocado e precisaria vencer duas de cada três partidas até o final do campeonato. Isso é plenamente possível, diante do baixo nível técnico de quase todos os adversários. Os principais destaques nessa arrancada recente foram o goleiro Jori, o volante Zé Ricardo, os atacantes Neto Berola e Júnior Viçosa e, claro, o técnico Flávio Conceição, que em pouco tempo conseguiu mudar totalmente a cara do time.
Na derrota para o Athletico e na vitória contra o La Equidad, o Galo criou e desperdiçou oportunidades e facilitou outras para os adversários. Em mata-mata, vacilos podem custar a classificação. Já aconteceu na fase de grupos da Libertadores e na Copa do Brasil. E, É Galo doido! com o Brasileiro indefinido, é recomendável investir na Sul-Americana. Mesmo assim, é importante vencer o Bahia, sábado (24). Mudando de assunto, a grande manchete do futebol brasileiro ficou escondida: a greve dos jogadores do Figueirense. E vi ex-jogador, como Paulo Nunes, dizendo que não deveriam fazer isso em respeito à torcida. E a responsabilidade da direção do clube com a situação? “Oh tempora! Oh mores”, já dizia Cícero.
Salve, nação azul! Começou a era Rogério Ceni com vitória e ousadia ofensiva. A expulsão do zagueiro santista no início da partida permitiu que ele colocasse Fred em campo e jogasse com um volante. Os próximos jogos, contra CSA e Negra Vasco, serão funLa Bestia damentais para somar pontos e preparar o time para o confronto com o Inter, na Copa do Brasil. E, domingo (25), nosso time feminino enfrenta o São Paulo e tenta reverter o placar de 4 a 0, na partida de ida da final do Brasileiro A2. O mais importante é que as meninas fizeram um excelente trabalho e, ano que vem, estaremos onde devemos sempre estar. Então, domingo é dia de ir ao Mineirão, às 14h, para empurrar nossas meninas. Saudações celestes!
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