Edição 296 do Brasil de Fato MG

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Divulgacao

Começa festival de corais

Comer chocolate faz mal?

Edição do FIC homenageia povos negros. Apresentações acontecem em 20 cidades de Minas

Vilão ou mocinho? Amiga da saúde explica tudo sobre os riscos e benefícios do alimento

CULTURA 14

VARIEDADES 13

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019 • edição 296 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Luiz Santana

Karoline Barreto / CMBH

SEM COBRADOR NÃO DÁ

Zema fecha turmas em 225 escolas Professoras, pais e estudantes alegam que fusão de turmas piora o ensino, superlota as salas e pode aumentar abandono escolar CIDADES 4

Lava Jato: crueldade e ilegalidade Operação debochou de Lula sobre morte de familiares. Vazamentos revelam articulação entre Dallagnol e mídias comerciais BRASIL 8

A cultura da corrupção

Empresas de ônibus de Belo Horizonte descumprem lei que obriga ter agentes de bordo nos coletivos. Exclusão dos cobradores causou desemprego, sobrecarga de motoristas e traz diversos prejuízos para população I BRASIL 8

Pesquisador analisa que a corrupção tem sido usada como estratégia política pela mídia e pela Justiça ENTREVISTA 11


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Um grito contra a destruição do Brasil

ESPAÇO DOS LEITORES “Parabéns aos alunos e equipe!” Rita Souza Lima AF “Parabéns pela vitória!!!” Rosane de Moraes Ambas comentando a matéria “Do Vale do Jequitinhonha para o mundo” sobre a conquista de estudantes na Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras “O mesmo vale para dissolução de união estável” Taciana Dutra sobre a coluna Nossos Direitos que responde a pergunta “Divórcio é só com processo?” “Entregue de mão beijada para a concessionária” Alessandra Lula Mello sobre o artigo do deputado Padre João “VIA 040 arrecadou bilhões com pedágio, vai devolver concessão e ainda quer indenização”

O Grito dos Excluídos nasce da necessidade de dar voz ao povo, à população historicamente excluída pelo Estado, da colonização até os dias de hoje de capitalismo neoliberal. A sua origem remonta à segunda Semana Social Brasileira (SSB), promovida pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre 1993 e 1994. Em 1995 nascia como gesto concreto da SSB o Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro, denunciando que a independência do Brasil segue inconclusa. Este ano o lema do Grito é “Este sistema não Vale”, em referência aos crimes da Vale em Mariana (2015) e em Brumadinho (2019). A data do 7 de setembro é um símbolo importante na luta contra a desigualdade que se perpetua no Brasil. Somos um povo síntese. Resultado do processo de colonização construída a partir da escravização do povo preto, o extermínio dos indígenas e da vinda de imigrantes europeus e asiáti-

7/9 é dia de luta por um projeto popular cos, conformando nossa identidade de povo brasileiro. Uma história construída com muito sangue e violência, e também com muita luta e resistência à exploração e à falta de acesso aos direitos básicos, como saúde, moradia, transporte, trabalho, informação e alimento.

Pela educação e pela aposentadoria Este ano o Grito ecoará com ainda mais força. Os trabalhadores em educação, estudantes, centrais sindicais e a Frente Brasil Popular transformaram o dia 7 em data nacional de luta pela educação e pela aposentadoria. O governo Bolsonaro desmantela a nação, busca privatizar nossas estatais, ataca a Previdência pública e solidária, os direitos trabalhistas e dá carta branca para o desma-

Governo Bolsonaro desmantela a nação tamento da Amazônia. É uma política de aumentar a distância entre os ricos e pobres no Brasil, fazer com que a desigualdade aumente e que o nosso povo volte a passar fome. A ampla maioria da população vive sem condições básicas de sobrevivência. O projeto em curso, como demonstra o exemplo da Argentina, tenderá a piorar a situação, enquanto nossa elite vive com seus privilégios em condomínios de luxo. Em Minas ocorrerá atividades nas maiores cidades do estado. Em Belo Horizonte, vai ocorrer um grande ato com concentração debaixo do viaduto Santa Teresa às 9h no dia 7 de setembro. É preciso participar desse grito, para derrotar a retirada de direitos e dar condições de vida digna para o nosso povo. Levantemos a nossa voz por um projeto popular para o Brasil.

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


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Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

PERGUNTA DA SEMANA

Esta semana, estreou nos cinemas Bacurau, filme brasileiro já elogiado em várias partes do mundo. Foi premiado no Festival de Cannes, na França, e no Festival de Cinema de Munique, na Alemanha. Pensando no cinema nacional, saímos às ruas e perguntamos:

Você gosta dos filmes brasileiros? De qual mais gostou?

“Eu gosto bastante de cinema nacional, assisto muito. Os que eu mais gostei e me lembro agora foram ‘Cidade de Deus’ e ‘Tropa de Elite’. Também gosto muito de filme gospel”.

Érica Silva, desempregada

GERAL

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Número da Semana

60

milhões

de brasileiros estão convivendo com dores por manusear o celular com a cabeça inclinada para baixo. O número é da Organização Mundial da Saúde. Entre os problemas que podem ser provocados, está a sobrecarga muscular e a hérnia de disco.

Licença paternidade ajuda mães a não ficarem doentes

Johan Bavman / Moment / INSTITUTE

“Ah, não gosto muito. Acho que nem todos os filmes do Brasil têm tanta qualidade quanto os de fora. Mas tem alguns que eu gosto, claro, mas no geral não”.

Mirian Marinho, auxiliar educacional Já pensou se os papais pudessem ter mais dias para cuidar dos seus bebês recém-nascidos? A Universidade de Stanford (EUA) comprovou que na Suécia, onde os pais passaram a ter

30 dias de licença, as mamães usaram 26% menos ansiolíticos, 11% menos antibióticos e tieram 14% menos internações. No Brasil, o pai tem direito a cinco dias remunerados.

Declaração da Semana

Reprodução

Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? Porque só o bom gosto pode salvar este país.”

Declarou Fernanda Young em sua última coluna no jornal O Globo, que faleceu dia 25, aos 49 anos


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CIDADES

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Empresas descumprem lei, lucram mais e tornam a vida dos passageiros e motoristas mais insegura LUCRO Sem agentes de bordo, empresas podem estar lucrando até R$ 113 milhões a mais por ano, enquanto prejudicam a qualidade do serviço Marcelo Rocha / Midia NINJA

o motorista vai proporcionar a entrada e saída segura do usuário se ele não tem alguém para auxiliar?”, contesta.

Empresários fora da lei

Wallace Oliveira

M

ary de Pádua Alcântara trabalhou por mais de quatro anos como cobradora de ônibus em Belo Horizonte. Em outubro de 2018, ela foi demitida e, até hoje, não conseguiu arranjar emprego. Trabalhando em uma estação do MOVE, Mary percebeu que as empresas estavam eliminando o posto de cobrador. “Primeiro, retiraram os cobradores das estações. Depois, quem era das estações foi para linhas de bairro a bairro. Foi gradual: tiravam cinco em uma semana, depois mais três. Quem não tinha opção de carteira pra ser manobrista ou garagista não foi aproveitado”, relata . “Pelo levantamento que fizemos, 80% da classe foi

Patrões vêm descumprindo lei que garante presença dos cobradores

demitida em Belo Horizonte. No total, eram cerca de 7 mil pessoas. Mais de 5 mil já foram demitidas. Só ficaram pessoas que têm algum tipo de estabilidade”, denuncia Cléo Olimpio, do movimento Sem Cobrador Não Dá.

Mais de 5 mil cobradores já foram demitidos No último dia 27, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse que as empresas de ônibus terão que contratar imediatamente 500 cobradores, sem desvio de função e de maneira definitiva. Para Cléo Olimpio, essa medida não resolve o problema, pois não cobre sequer 10% dos postos de trabalho eliminados pela demissão dos cobradores. Segurança, tempo e acessibilidade O motorista Carlos Gilmar considera que a retirada dos agentes aumentou a

demora nas viagens e diminuiu a segurança dos usuários. “A gente sempre tinha o cobrador para olhar a porta, bater a pratinha, a gente podia fechar a porta sem preocupação de apertar o usuário. Quando tinha cadeirante, a gente ficava no volante e eles resolviam a situação. Depois que tiraram, começaram a acontecer acidentes”, avalia. Ele ressalta que também aumentaram os riscos de assaltos, com o dinheiro sendo manuseado na porta de entrada do veículo.

Ausência aumenta tempo da viagem, riscos de acidentes e assaltos A aposentada Liliane Arouca faz uso de cadeira de rodas e do elevador nos ônibus. Para Liliane, o agente de bordo faz muita falta, especialmente em uma cidade com sérios problemas de acessibilidade. “Como

Atualmente, o trabalho dos agentes de bordo está previsto na Lei 10.526/12. Por essa norma, obrigatoriamente, as empresas deveriam garantir a função. A lei abre exceção apenas para o horário noturno, domingos e feriados, bem como as linhas do MOVE, mas diz que os cobradores cujos postos de trabalho forem extintos devem ser realocados em outras funções. Em 2016, os empresários tentaram eliminar todos os postos de cobradores por meio do projeto de Projeto de Lei 1881/16 (PL), do Vereador Autair Gomes (PSC). Na época, os trabalhadores paralisaram o serviço em BH, em repúdio à proposta. O PL foi rejeitado na Câmara. “Os empresários tentaram, junto à Câmara, retirar os 6 mil postos de trabalho de uma vez. Não conseguiram”, comenta o presidente do sindicato, Paulo César Silva.

Pagar multa é mais barato Segundo a BHTrans, ao longo de 2018, foram aplicadas sobre as empresas 9.306 multas pelo descumprimento da lei. No primeiro semestre de 2019, já foram 5.098 multas. A BHTrans afirma que não há como precisar o número de multas que não foram pagas, pois as não quitadas vão para a dívida ativa municipal. A Defensoria Pública de Minas Gerais também está acompanhando a situação. “A DPMG concluiu pela pertinência de ajuizamento de uma ação judicial”, afirma a defensora Cleide Nepomuceno. Há dois meses, o movimento Tarifa Zero publicou um estudo apontando que, se as empresas não utilizarem os agentes de bordo em uma a cada cinco viagens, elas obtêm uma economia anual de cerca de R$ 22 milhões de reais. Sem cobradores em 40% das viagens, as empresas embolsam R$ 45 milhões a mais por ano. Se não utilizam em nenhuma viagem, os empresários ganham mais de R$ 113 milhões por ano. O estudo considerou o gasto das empresas com os 20% adicionais que cada motorista em dupla função passa a receber. “Hoje, a multa é de R$688,51. Então, as empresas, na verdade, estão economizando dinheiro. As multas são irrisórias. A infração vale a pena”, ressalta Letícia Birchal.


Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

MINAS

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Zema fecha turmas escolares. Superlotação, demissões e prejuízos no aprendizado são alguns dos impactos SUCATEAMENTO Em mais de 200 escolas, turmas do ensino médio e fundamental estão sendo fechadas. Medida afeta professores e prejudica desempenho dos alunos Rafael Fernandes / SEE MG

Amélia Gomes

D

esde o último dia 22, a Secretaria de Educação de Minas Gerais tem realizado a fusão de turmas escolares em 225 instituições em todo o estado. A alegação da SEE para o fechamento das turmas é de que um diagnóstico realizado pelo órgão detectou uma alta taxa de evasão escolar, o que justificaria a fusão das turmas. Professores, pais e alunos reclamam que a medida foi implantada de forma autoritária e sem conhecimento sobre a realidade das instituições. Uma das escolas que sofrerá fusões é o Instituto de Educação de Minas Gerais, ao todo 14 turmas vão ser fechadas. Para debater a situação da instituição e também das demais escolas, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG realizou uma audiência pública, no último dia 28, para tratar do tema. Apesar de ter sido convidada, nenhum representante da Secretaria de Educação compareceu à Assembleia. Por isso, a comissão aprovou uma convocação para que a Secretaria se explique em relação ao projeto. “Os meninos estão sentados com o nariz no quadro da sala. A educação é algo que deve ser tratada por metro quadrado?”, questionou a deputada Beatriz Cerqueira

225 escolas estão fechando turmas

(PT), que realizou uma visita técnica à Escola Estadual Santos Dumont, em Venda Nova, instituição que já passou pela fusão de turmas. Futuro em risco A coordenadora geral do Sind-UTE/MG Denise Romano, destaca que a mudança não leva em consideração aspectos fundamentais do processo de aprendizado. “Estamos como se fosse em fevereiro, porque muda tudo, todo plano curricular dos professores. Os percursos pedagógicos de cada aluno não foram levados em consideração. Cada turma tem um percurso específico. Que qualidade de educação é essa que desorganiza os alunos e não prioriza questões fundamentais

Estado não investe mínimo constitucional de 25% em educação para sua permanência na escola?”. Outra preocupação é o desempenho dos alunos mineiros no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, uma vez que o fechamento das turmas foi iniciado faltando menos de três meses para a prova. É o caso, por exemplo, da estudante Lilian da Rosa Prates, presidenta do Grêmio Estudantil do Instituto de Educação. “O ENEM está chegando, a gente quer passar, quer entrar numa universidade. Como que o gover-

no decide fundir as turmas e não pensa nos alunos?”, questiona. A evasão escolar, apontada pelo governo como justificativa para a fusão das turmas, é um medo que assombra os pais dos alunos. Ivan Mateus é pai de dois estudantes do IEMG, o líder comunitário que mora no Aglomerado da Serra teme pelo futuro dos jovens da região. “Onde eu moro é um local de violência. Se as nossas crianças desistirem de ir para a escola por causa dessas mudanças, elas estarão à mercê dessa realidade. O que o Estado está querendo fazer é deixar nossas crianças na rua”, afirma. Além dos alunos, professores e funcionários das escolas também estão sendo prejudicados com a medida, já que em razão das fusões estão acontecendo também a dispensa de trabalhadores. “Eu fui surpreendida com o fim de mais da metade das minhas aulas. Tem mais de duas semanas que meus alunos estão sem aula de sociologia. O Estado está enxergando a escola como uma loja, uma mercadoria”, declara Regina Moura dos Santos, professora de sociologia no Instituto de Educação.

Estado está enxergando a escola como uma loja, uma mercadoria”

600 escolas com superlotação Um dado alarmante apontado pela própria Secretaria de Educação é a superlotação de turmas. Mais de 600 escolas, por todo o Estado, estão nesta situação, no entanto, sobre esta realidade, não há nenhuma medida do governo.

Educação às traças Falta de mesas e cadeiras e estruturas precárias são uma realidade recorrente dentro das escolas mineiras. “O nosso auditório está fechado porque está caindo aos pedaços. Tem sala de aula sem janela e com porta quebrada”, declara a aluna Lilian da Rosa Prates. Na avaliação de Denise Romano, o investimento nas instituições, nos trabalhadores e nos alunos é o que deveria ser a prioridade da Secretaria. “O governo não investe nem o mínimo em educação. É previsto por lei que o Estado deve destinar 25% do que é arrecadado para o setor, mas isso não acontece. No primeiro semestre deste ano foram investidos apenas 17%”, afirma.


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CIDADES

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Opinião

O ano em que o Corpo sambou José Luiz Pederneiras /Divulgação

Com seus sapatões, lésbicas marcham em BH por respeito DIVERSIDADE 15ª Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH marca Dia Nacional do Orgulho Lésbico (19/8) Caroline França

Marcela Viana João Paulo a música erudita e para as noEm 44 anos de trajetória, o Grupo Corpo tem ocupado um lugar único na cultura brasileira. Com um movimento único de quadril, ele é testemunho, criador e codificador de um jeito de ser brasileiro. Ao mesmo tempo em que ajuda a revelar o que temos de melhor, com sua pesquisa intensa e profunda de nossas matrizes e gestos, contribui com sua própria invenção para tornar o Brasil ainda maior. O Corpo é uma das nossas mais íntegras formas de felicidade. O novo espetáculo da companhia, GIL, que está em cartaz em Belo Horizonte e segue em turnê nos próximos meses pelo país e depois pelos palcos do mundo, revela um momento especial nessa história. Gilberto Gil escreveu, a convite do grupo, uma trilha em que sua própria obra e visão de Brasil estão no centro da cena. A trilha é uma composição nova, ousada e contemporânea, mas fincada em raízes poderosas, que lança pontes para a arte popular, para

vas sonoridades que habitam o mundo. Pode ser que o desafio de criar uma música para o grupo mexa com a cabeça de qualquer compositor. Mais ainda quando a obra leva o próprio nome e se espera dela uma espécie de síntese impossível. Gilberto Gil convocou o filho Bem e músi-

Gilberto Gil inspira novo espetáculo do grupo Corpo cos que tocam com ele, deixando perceber que há uma espécie de movimento entre gerações. Quem ouve a música se delicia em reconhecer canções que habitam a afetividade de cada um. As letras das canções falam da raça humana, de deuses e do conforto de andar com fé. Numa reviravolta concretista, a palavra “corpo” vai ganhando variações e ampliando suas possibilida-

des, até tomar quase todo o universo: pernas, flora, braço, cedro. No início, era o corpo. Rodrigo Pederneiras criou uma coreografia que aponta para o comunal. Todos dançam juntos, se deslocam seguidos pela luz (um portento de técnica) que vem tanto de fora como de dentro dos bailarinos. Como numa procissão, se arrastando que nem cobra pelo chão. Em GIL, a todo momento, está presente uma das marcas fortes da reverência a Xangô, orixá do músico. E, para coroar, há o samba. Acho que todo mundo esperava o dia em que o Corpo fosse cair no samba. Em GIL essa profecia se realiza, mesmo que por um breve momento. É preciso prestar muita atenção: o samba é nossa maior conquista de civilização. Em meio à travessia de uma quadra de tanto maltrato para o povo brasileiro, 2019 vai ser lembrado como o ano em que o Corpo sambou. Se esse momento chegou exatamente agora, não temos o direito de afrouxar resistência nem perder a alegria. Tudo é possível. Aquele abraço.

“Maria-homem”, “sapatão” e “caminhoneira” são alguns dos nomes usados para se referir de maneira pejorativa às lésbicas. Com o decorrer do tempo, as mulheres que amam outras mulheres passaram a usar essas expressões como forma de se reafirmar, dando um novo significado ao que antes era insulto. Mas, ainda hoje, o preconceito impede que essas pessoas vivam livremente e, para exigir respeito, elas saem às ruas, em Belo Horizonte, na sexta-feira, 30 de agosto. O ato acontece às 16h, na Praça Sete, no Centro. A 15ª Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH marca o mês em que, no Brasil, são lembrados o Dia Nacional do Orgulho Lésbico (19/8) e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29/08). Nesta edição, o evento tem como tema “Meninas vestem lilás e meninas vestem lilás”, inspirado em uma declaração da ministra da Mu-

lher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobre meninas só poderem usar rosa e meninos, azul. “Pegamos essa declaração infeliz, que expressa o conservadorismo e a homofobia do governo Bolsonaro, e a transformamos em paródia. Meninas vestem lilás e meninas vestem lilás, pois esta é a cor das lésbicas, do feminismo e também porque é preciso sair dessa lógica conservadora, que tanto limita e reprime a nossa diversidade como seres humanos”, explica uma das organizadoras do evento, a jornalista e militante do Levante Popular da Juventude Ariane Silva. A Caminhada é um ato feminista, focado em mulheres que são invisíveis para a sociedade. “Quem vai no dia é porque apoia nossa luta por visibilidade e direitos, mas a discriminação que sofremos, que inclui enxergar lésbicas como chatas e desinteressantes, faz com que o público em geral não se envolva e não divulgue tanto nossa ação”, afirma.


Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019 Reprodução /Afoxé Bandarerê

OPINIÃO

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Marcelo Barros

Profecia, memória perigosa

Afoxé Bandarere: e o ato de re-existir Em tempos difusos, confusos, de exacerbação do ódio contra tudo que é diverso e plural, sair com um Afoxé alimentando e saudando as energias da rua é um ato histórico. As próximas gerações - se tratarmos todas e todos de fazer bem a tarefa de casa -, contarão que os seus mais velhos, seguindo o legado de outros mais velhos, ousaram e afrontaram com seus tambores nas ruas, aquela temporada bolsonarista. Nossos tambores que descem as ladeiras do bairro Concórdia, tão operário, tão negro, gestado e parido por mulheres de ébano em seus quintais, ecoam o canto indivisível da revolução que seguimos construindo. Nossa pequena Abantu. Não nos assusta esse recrudescimento conjuntural que estamos vivendo no atual período. Como afirma D. Conceição Evaristo: “Eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer”. Essa síntese segue sendo profecia para o futuro. Não tememos a morte. No último dia 25 de agosto, saímos às ruas no tradicional cortejo de Omolu. Foram semanas de preparação Afoxé é estourando e fiando pipoca na linha, costurando saias, o terreiro na rua levantando paredes, cozinhando feijão, fazendo café, assentando piso, indo buscar folhas na mata, ensaiando o corpo de baile, tecendo o ritmo da charanga, alimentando as divindades e assim vivendo a práxis comunitária. Cantar o Afoxé é pensar que somos passado, presente e futuro! Não confundam esse espaço com um bloco carnavalesco. Ainda que este seja afro, não é fazer e nem pertencer a essa tradição. O Afoxé é o terreiro na rua. Esse território tradicional que afronta o sistema e desafia a cosmovisão ocidental. Por aqui nem perdão, nem culpa, mas a autonomia geradora de agentes contra-hegemônicos. Andréia Roseno participa da Rede de Mulheres Negras de Minas Gerais Afoxé Bandarere.

Marcelo Barros é monge beneditino, escritor e teólogo Em 26/07/2017...

ACOMPANHANDO

Andréia Roseno

Nesta semana, no Brasil, as pessoas que buscam a justiça lembram com saudade de três bispos que exerceram sua missão de modo profético e nos deixaram no mês de agosto. No dia 27, celebramos o 20º aniversário da partida de Dom Hélder Câmara (1999), arcebispo emérito de Olinda e Recife, profeta da não violência e da ação justiça e paz. Sete anos depois, (2006), na mesma data, partiu Dom Luciano Mendes de Almeida (2006), arcebispo de Mariana, MG, considerado pai dos pobres e que, com sua sabedoria, ajudou muito a Igreja Católica na América Latina. Na mesma data, em 2017, falecia, em Belo Horizonte, Dom José Maria Pires, ex-arcebispo de João Pessoa e pioneiro da pastoral das comunidades afrodescendentes no Brasil. Esses profetas viveram e atuaram em tempos difíceis de um Brasil sob ditadura miTrês profetas litar e dentro de uma Igreja Católica, dominada pelo conser- defensores dos vadorismo e pela tendência de mais pobres centralização autoritária. Atualmente, no Brasil, temos uma realidade política difícil que favorece a desigualdade social e a marginalização dos mais pobres. Do outro lado, em Roma, na coordenação das Igrejas de comunhão católico-romana, temos o papa Francisco que propõe o modelo de uma Igreja Sinodal e a valorização das Igrejas locais. Durante o Concílio, Dom Hélder liderou um grupo de mais de 40 bispos que em 1965 assinaram um compromisso de viver como pobres e ajudar a Igreja a se inserir no meio dos pobres. Há mais de seis anos, o papa Francisco se tornou bispo de Roma. Ele revalorizou os princípios fundamentais da renovação eclesial do Concílio Vaticano II. Quem é cristão participa desse processo, fazendo a memória perigosa dos nossos profetas e profetizas que nos lembram Paulo aos romanos: “Não se conformem com esse mundo, mas o transformem pela renovação de suas mentes” (Rm 12, 1).

BF

MST ocupa terras de Eike Batista em Minas Gerais E agora...

Reintegração de posse de acampamento em Itatiaiuçu (MG) foi suspensa O acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Itatiaiuçu, Região Metropolitana de BH, teve o seu pedido de reintegração de posse suspenso. Isso significa que cerca de 160 famílias poderão continuar a morar e plantar na terra que ocuparam. O acampamento tem dois anos e já possui uma escola de alfabetização, construída pelos próprios ocupantes. A área se destaca na produção de hortaliças, feijão e milho.


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BRASIL

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Mortes de Marisa, Vavá e Arthur são tratadas com deboche e sarcasmo pela Lava Jato CRUELDADE Tragédias familiares envolvendo o ex-presidente Lula revelam o grau de mesquinhez dos procuradores de Curitiba Reprodução

STF anula sentença de Moro, e decisão pode cancelar outras 32 sentenças A procuradora Jerusa Viecili, integrante da Lava Jato, debochou da morte de dona Marisa Letícia

Da redação As mortes de familiares do ex-presidente Lula – a esposa Marisa Letícia, o irmão Vavá e o neto Arthur – foram tratadas com ironia, deboche e sarcasmo por integrantes da Lava Jato nos grupos de discussão no Telegram, segundo revelam novos diálogos vazados na terça (27) pelo UOL, em parceria com o Intercept Brasil. Diante da notícia de que a ex-primeira-dama Marisa Letícia tinha sofrido um AVC, em janeiro de 2017, Deltan Dallagnol, tripudiou: “Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”. Sobre a morte cerebral de dona Marisa, a procuradora Laura Tessler destila arrogância: “Quem for fazer a próxima audiência do Lula,

é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”. Outra procuradora, Jerusa Viecili, faz piada: “Querem que eu fique pro enterro?” Dois anos depois, com as mortes de Vavá (janeiro de 2019) e Arthur (março), a mesquinhez dos procuradores volta a se manifestar. Lula já se encontrava preso em Curitiba e os procuradores revelam temor com uma eventual licença para ele ir aos velórios. A frieza e o tom de deboche não se alteram nem mesmo quando a vítima é uma criança. Em 1º de março deste ano, vem a notícia da morte do neto de Lula, Arthur, de 7 anos. Reação de Jerusa Viecili: “Preparem para nova novela ida ao velório”. “Putz… no meio do carnaval”, lamenta Athayde Ribeiro Costa.

A 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a primeira sentença da Lava Jato na terça-feira (27). A 2.ª Turma entendeu que delatores devem apresentar alegações finais antes dos demais réus acusados. A decisão cancelou a condenação de 11 anos de prisão do ex-juiz Sergio Moro ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Das 50 sentenças proferidas ao longo dos últimos cinco anos de operação Lava Jato, em 32 havia réus delatores e podem ser canceladas pelos mesmos motivos.

Leia íntegra em: theintercept. com/2019/08/29/lava-jato-vazamentos-imprensa/

Relatório da Previdência traz mudanças O relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre a reforma da Previdência apresentou novas fontes de arrecadação e sugeriu a inclusão dos estados e municípios na reforma, por meio de uma PEC paralela, que, caso aprovada, retirará R$ 1,350 trilhão dos benefícios da Previdência, maior do que os R$ 930 bilhões previstos no texto da Câmara dos Deputados. A expectativa é de que a votação do relatório na CCJ ocorra no dia 4 de setembro. Entre outros pontos, a reforma da Previdência aprovada na Câmara prevê: idade mínima de aposentadoria: 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

53,7% é a rejeição a Bolsonaro A rejeição ao desempenho pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PSL) cresceu e já chega a 53,7%, de acordo com a pesquisa MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada na segunda-feira (26).

Nossos direitos

DIREITOS SOCIAIS DO PACIENTE COM CÂNCER Existem algumas doenças graves que possuem garantias legais que visam a reduzir os impactos ao paciente desde o diagnóstico ao tratamento. Uma dessas doenças é o câncer. Dentre os direitos assegurados, estão o de iniciar o tratamento pelo SUS em até 60 dias do registro do diagnóstico no prontuário do paciente, saque do FGTS, auxílio-doença se incapacitado ao trabalho por prazo superior a 15 dias, aposentadoria por invalidez se existir incapacidade para o trabalho, isenção do imposto de renda sobre os recebimentos de aposentadoria, pensão ou reforma, prioridade na tramitação de processos judiciais, dentre outros. Para o saque do FGTS, deve-se procurar a Caixa Econômica Federal, para requerer o auxílio-doença e aposentadoria, o INSS, a isenção de imposto de renda, a Receita Federal. A prioridade da tramitação de eventuais processos judiciais deve ser requerida pelo advogado que assessora a causa. Jonathan Hassen é advogado popular


Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

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BRASIL

Privatização de empresas estratégicas e lucrativas afeta soberania do Brasil PERDA Governo Bolsonaro anunciou estudos para entregar mais nove estatais ao capital privado Reprodução

cumpre papel fundamental para a soberania na área da conectividade e para a adoção de políticas de inclusão digital em regiões que não despertam interesse econômico das empresas privadas”. Nesse segundo caso, uma eventual privatização pode tornar ainda mais difícil a expansão da internet banda larga para as regiões mais remotas do país, que só contam com esse serviço quando oferecidos diretamente pelo governo.

Pedro Rafael

N

ove empresas federais foram incluídas no Plano Nacional de Desestatização (PND) do governo federal, na semana passada, entre elas os Correios, a Telebrás, o Porto de Santos, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Também foram abertos processos de desestatização da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores (ABGF), da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) e da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O governo também pretende conceder à iniciativa privada a Lotex, serviço de Loteria Instantânea Exclusiva, e a venda de 20 milhões de ações excedentes da União no Banco do Brasil. Com isso, já são 18 os ativos federais (empresas, ações e serviços) incluídos no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), para serem futuramente privatizados. O governo de Jair Bolsonaro abre mão de um patrimônio nacional altamente estratégico. É o caso, por exemplo, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a mais antiga do Brasil, com 356 anos de existência. Em nota pública, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) condenou a tentativa de privatizar a estatal. “Empresa estratégica para garantir que entregas ocorram em todo o país, mes-

Desenvolvimento

mo em localidades remotas ou de risco. É uma companhia que tem presença em praticamente todos os municípios, que pode abrigar serviços de interesse público. Além disso, é uma estatal lucrativa, que encerrou o ano de 2018 com lucro líquido de R$ 161 milhões”, diz a nota. Além disso, os Correios atuam na logística de distribuição das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de vacinas. Sua privatização pode prejudicar ou encarecer esses serviços, que são de interesse público. A soberania do país também está em risco com o avanço da desestatização da Telebras. Segundo o FNDC, a medida pode implicar vulnerabilidade de informações de Estado, já que a Te-

Trata-se de abrir mão de tecnologia própria para comprar soluções de terceiros

lebras comanda o mais importante satélite do país. “Com a privatização total da Telebras (parte dela já foi vendida em 1990), outra das empresas incluídas na lista de desestatização, o governo vai abrir mão de pelo menos dois ativos importantes para o desenvolvimento nacional: a rede de fibra ótica espalhada pelo território nacional e o Satélite Geoestacionário de Defesa Estratégica (SGDC). Trata-se de uma ferramenta essencial para a segurança nacional”. Segundo a entidade, em nota, a Telebras “também

Menos conhecidas por parte da população, outras empresas também estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do Brasil estão na mira do governo, entre elas o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que fabrica circuitos integrados. Também sob ameaça de privatização estão a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), duas estatais que prestam serviços de tecnologia em informática ao próprio governo e são lucrativas

(o Serpro lucrou R$ 459 milhões no ano passado). “Trata-se de abrir mão de tecnologia própria para comprar soluções de terceiros. Na chamada sociedade da informação, do mundo interligado pela revolução 4.0, nosso país caminha na contramão. Esta é uma política suicida, pois vai ampliar a distância que separa o Brasil das demais nações que investem em pesquisa e tecnologia”, diz o FNDC, em nota pública. No caso do Serpro e da Dataprev, há outro proble-

Correios e Serpro lucraram R$161 e R$ 459 milhões em 2018 ma grave. As duas empresas hospedam atualmente os dados do Imposto de Renda e da Previdência Social, respectivamente, pondo em risco a soberania do país sobre informações extremamente sensíveis, argumenta o FNDC. ANÚNCIO


14 BRASIL 10

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Queimadas na Amazônia geram reações contra Bolsonaro no mundo

Argentinos vão às ruas em jornada de manifestações

Reprodução / CTA

XR Tower Hamlets

“Se a estupidez e a irresponsabilidade tivessem um prêmio Nobel, ele seria indiscutivelmente dado a Jair Bolsonaro”, afirmou o jornal francês L’Union, de Reims.

A ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, ameaçou impor consequências ao Brasil, incluindo rever o apoio da Alemanha à ratificação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

Em sua edição internacional, o The New York Times de segunda (26), estampou na capa o artigo “A devastação da Amazônia por todo o Brasil”, no qual Bolsonaro é chamado de “o menor e mais maçante” dos líderes mundiais.

Diante do avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia, juristas brasileiros preparam uma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro por crime ambiental contra a humanidade, a ser apresentada ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda.

Milhares de argentinos foram às ruas na quarta (28) na jornada de manifestações que está sendo chamada de “Urgência para enfrentar a fome”. Os manifestantes reivindicam, entre outras coisas, o aumento do salário social complementar – programa equivalente ao Bolsa Família. No mesmo dia, o governo anunciou moratória (adiamento do

pagamento) de parte da dívida de curto prazo. O ato é um novo reflexo da crise econômica que atingiu a Argentina em cheio desde que o presidente Mauricio Macri assumiu o poder. Seu programa neoliberal, o mesmo defendido por Bolsonaro, tem sido apontado como a principal causa da crise. ANÚNCIO

SÓ A LUTA GARANTE CONQUISTAS! [8.000 NOMEAÇÕES] para a Educação A direção do Sind-UTE/MG comemora, juntamente com a categoria da educação, a conquista de oito mil novas nomeações de concursados, o que só foi possível graças à luta coletiva.

1.000 nomeações

O governo do Estado já publicou o primeiro lote de nomeações, mas, é preciso continuarmos atentos/as e vigilantes, para garantirmos outras conquistas.

2.000 nomeações

no segundo semestre de 2019

5.000 nomeações

no primeiro semestre de 2020

Quem luta educa e garante conquistas! www.sindutemg.org.br


Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

ENTREVISTA 15 11

“A causa estrutural da corrupção é a desigualdade”, afirma estudioso. LAVA JATO Pesquisador acredita que operação se corrompeu ao privilegiar determinados grupos e perseguir outros Rafaella Dotta / Brasil de Fato MG

Wallace Oliveira

F

requentemente, quando se debate o tema da corrupção na mídia comercial, essa palavra vem associada a algum tipo de prática criminosa no Estado, quase sempre de políticos eleitos pela população. Esse discurso também divide as pessoas entre corruptos e não corruptos. Por essa lógica, o Judiciário e a mídia comercial, principais informantes dos casos de corrupção, seriam imunes a práticas criminosas e alheios a interesses. Porém, há vozes que contestam essa visão. É o caso, por exemplo, do cientista político Rubens Goyatá Campante, do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros. Recentemente, ele lançou um livro sobre a temática: “Patrimonialismo no Brasil, corrupção e desigualdade”. Como você entende o problema da corrupção? A principal causa estrutural da corrupção é a desigualdade de poder. Isso não está presente somente entre funcionários públicos e políticos. Quase todo grande esquema de corrupção tem uma perna no Estado e outra na grande iniciativa privada. Como dizia o filósofo Montesquieu, “o poder de um ser humano vai até onde ele encontra o poder de outro ser humano”. A não ser muito excepcionalmente, se um ser humano começa a ter poder, ele vai até onde ele encontra barreiras. A barreira, geralmente, é o poder de outros.

Dizer que nunca se roubou tanto no Brasil é uma mentira Você diz em seu livro que o Judiciário e a mídia não estão sujeitos a fortes controles públicos no Brasil. Por quê? O Judiciário, depois da Constituição de 1988, assumiu um protagonismo muito grande. Até então, ele tinha uma expressividade política muito menor. Hoje, todo mundo que acompanha a política minimamente sabe os nomes dos 11 ministros do STF. Antes, o Judiciário ficava preso ao caso no direito civil, o roubo, a separação judicial, o sócio que passava a perna no outro, etc. Esse Judiciário ganhou essa expressividade com a Constituição e o desenrolar da política no Brasil pós-Constituição de 88, mas sem ter instituições de contraponto. O mesmo vale para a mídia. Além de não ser plural, ela também não tem instituições de contraponto. Se

a mídia, às vezes de forma interessada ou por acidente, estampa que um sujeito é um corrupto, a vida dele acabou, a imagem pública dele acabou para sempre. A mídia e o Judiciário têm um papel fundamental na democracia e no combate à corrupção, mas eles não podem funcionar sem contrapontos de poder. Nos últimos anos, o tema da corrupção tornou-se um mote para derrubar governos petistas. Passados três anos da derrubada da presidenta Dilma, como

se encontra o combate à corrupção hoje? Essa história de que nunca se roubou tanto no Brasil é uma mentira. Hoje, o tema do combate à corrupção desapareceu do Judiciário. Mas, como lembrou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), essa bandeira é dos progressistas. A corrupção campeia desde que Dilma foi tirada. Há, inclusive, um nepotismo cru, essa história de o governante dar uma embaixada para o filho... Então, qual seria a alternativa? Tem que combater a corrupção sem fazer distinções políticas e principalmente preveni-la. E, o que é mais importante: combater as desigualdades. Não é chegar para as pessoas e di-

Desde o início, a Lava Jato se direcionou politicamente

Não se pode dar todo o poder para o Judiciário, mídia e empresários zer: “olha, você tem que refrear os seus interesses”. Ora, alguns interesses são plenamente legítimos. Agora, o maior remédio é a democratização profunda, distribuir o poder. Não se pode permitir que haja grupos ou instituições sem contrapontos. Não se pode dar todo o poder para o Judiciário, a mídia e empresários. O poder de um grupo de seres humanos precisa ser controlado por outros seres humanos.

ENTREVISTA COMPLETA NO SITE

www.brasildefato.com.br/ minas-gerais/

VOCÊ SABIA... ...que sob o comando de Temer e Bolsonaro, o preço do gás de cozinha disparou (30% em dois anos)? E se a Petrobrás for vendida, o preço pode subir ainda mais! NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRÁS

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14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

DE OLHO NA MÍDIA

Dicas Mastigadas SANGRIA ESPANHOLA Reprodução

Dias de fogo, dias de fake A fumaça passou, mas as notícias continuam quentes por aqui. Quem viu o noticiário da semana percebeu que as reportagens seguiram falando sobre as consequências das queimadas na Amazônia. E não era para menos. Na própria página do Brasil de Fato, a notícia mais lida continua sendo “Estimulados por Bolsonaro, fazendeiros promovem ‘dia do fogo’ na Amazônia”. Todo mundo querendo saber mais sobre a floresta. Mas alguém não gostou da repercussão. No início da semana, Bolsonaro saiu do Palácio do Planalto e foi até os jornalistas que ficam por ali. Mais furioso que de costume, ameaçou não dar mais entrevistas se não publicarem uma denúncia que ele deu contra um outro jornalista e que, já foram verificar, é meio fake news. Bolsonaro ficou nervoso. Pudera! Foi uma das primeiras semanas que as páginas de esquerda tiveram mais divulgação que as páginas de direita nas redes sociais. O Monitor do Debate Político no Meio Digital analisou dez postagens mais compartilhadas até 22 de agosto no Facebook. Foram 241 mil compartilhamentos de páginas criticando as queimadas, contra 174 mil compartilhamentos defendendo Bolsonaro. Ficaram apreensivos. A direita andava achando que o “cyber espaço” é um espaço dela. As páginas e perfis que apoiam Bolsonaro desviaram o foco e começaram a atacar o PT – de novo e de novo. Com mentira, inventaram manifestos de deputados, colocaram a culpa nos índios e disseram que a queimada na Amazônia nem era no Brasil, era na Bolívia.

ONG´s na Amazônia e no Nordeste Falando em notícia falsa, vamos rir com essa imagem de Whatsapp: “ONGs no Brasil: 100 mil na Amazônia / Zero no Nordeste – Bondade ou Interesse?”. Haha! O que você acha? Um estudo do IBGE de 2016 mostra que a verdade é o completo contrário! A região Norte, onde está a Amazônia, tem 9.200 fundações ou ONGs, enquanto o Nordeste tem 44.500 fundações ou ONGs. Porém, antes de saber a verdade, muitas pessoas já comentaram e compartilharam no Facebook pedindo punição, violência e vingança contra as ONGs. Que a gente pesquise antes de acreditar! Amém! Rafaella Dotta – Escreva suas sugestões e impressões para: redacaomg@brasildefato.com.br

Ingredientes • • • • • • • • • •

1 garrafa de vinho tinto (750 ml) 2 latas de água tônica (700ml) Suco de 3 laranjas 2 pêssegos 2 maçãs ½ abacaxi 2 colheres (sopa) de açúcar 5 unidades de cravo-da-índia (opcional) 2 paus de canela (opcional) Cubos de gelo a gosto

Modo de Preparo 1. Corte o abacaxi em cubos, a maçã e o pêssego em fatias. 2. Em uma jarra, coloque as frutas, o açúcar, os cravos, a canela e o suco de laranja. Coloque para gelar. 3. Em outra jarra, misture o vinho com a água tônica e coloque para gelar. 4. Junte os dois na hora de servir e acrescente os cubos de gelo.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

13 VARIEDADES 15

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FIQUE

BEM AÇAFRÃO E SEU PODER ANTI-INFLAMATÓRIO Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

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CUIDADO AO SECAR OS CACHOS Agora a dica é para as pessoas que costumam usar secador de cabelos. Para que o vento não seja direto, as pessoas com cabelos cacheados usam difusores ou, para improvisar, peneiras. Estamos aqui para dizer: cuidado! Nada de secar o cabelo no banheiro molhado, muito menos com o fio desencapado. Cuidado também com as peneiras finas, que podem derreter com vento muito quente. Fique bem! ;)

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Solução

Muita gente conhece o açafrão em pó, amarelo, e o usa como tempero. Esse mesmo açafrão é conhecido por seu poder anti-inflamatório. Isso mesmo! Um chá de açafrão pode ajudar no tratamento de diversas inflamações. Ele pode ser ingerido como chá ou na comida. Procure também pelo açafrão em raiz, que tem a aparência de um gengibre mais alaranjado.

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Comer chocolate faz mal para a saúde? Estela Vieira, 42 anos. Depende do tipo de chocolate, Estela. Se o chocolate for amargo ele pode trazer diversos benefícios à saúde, pois é rico em cacau, tem pouco açúcar e gordura. O cacau tem efeito antioxidante, ajuda a reduzir o colesterol ruim, traz sensação de prazer e bem-estar, devido à liberação de serotonina. Isso faz do chocolate amargo um aliado para nossa saúde, podendo atuar na redução do estresse, na prevenção de doenças cardiovasculares e até ajuda a reduzir a TPM. Ele pode ser consumido diariamente. Porém, o chocolate ao leite tem pouco cacau e muito açúcar e gordura, podendo, ele sim, fazer mal se consumido com frequência.

Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

Festival de corais abre temporada em Minas Gerais CULTURA POPULAR A abertura acontece no dia 13 de setembro, na cidade de Jequitibá, com apresentação de bandas, orquestras, grupos musicais e shows Jonathas Nascimento

Larissa Costa

A

temporada de diversos shows de corais, bandas, congados, orquestras, grupos musicais indígenas e quilombolas está começando em Minas Gerais. A abertura oficial do Festival Internacional de Corais, Bandas e Congados (FIC) acontece no dia 13 de setembro, junto ao 31º Festival de Folclore de Jequitibá, cidade a aproximadamente 110 km da capital mineira. A cidade é conhecida como a capital mineira do folclore. Até o dia 24 de dezembro, as festas acontecem em 80 locais de 20 cidades mineiras, com exceção da aldeia Guarani localizada em Ubatuba (SP).

ra brasileira. Todos nós bebemos, comemos, vivemos a cultura negra. E temos uma dívida impagável com os negros, afinal de contas, foram mais de 300 anos de escravidão, e os negros ainda não estão libertos totalmente”, discute. Programação O Festival acontece em Jequitibá entre os dias 13 a 15 de setembro e possui uma programação extensa. Além das apresentações das ban-

Desde 2003 o FIC é realizado initerruptamente. Lindomar Gomes, idealizador do evento, conta que o festival busca homenagear algum ícone, movimento ou artista que é importante para a cultura brasilei-

ra. Por exemplo, já foram temas Ary Barroso, Clube da Esquina, Chico Buarque, a bossa nova e os povos indígenas. Neste ano, o FIC homenageia os povos negros. “Os povos negros e indígenas são os pilares da cultu-

Atividades acontecem em 80 locais de 20 cidades mineiras

das, congados e grupos musicais, haverá festival gastronômico, oficinas, folia de reis, rodas de conversa, exposição de artesanato e shows. Entre os destaques, Rubinho do Vale, Pereira da Viola, Celso Moretti, Chama Chuva e o artista africano Mamour Ba & African Vozes. Um coral de 500 crianças das escolas públicas de Jequitibá, inclusive três da zona rural, também é destaque na programação do evento. Atividade em BH No dia 17 de setembro, o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu) recebe o coral chileno Cantoría Popular de Mujeres El Bosque. A apresentação começa às 19h.

Roteiro Pablo Bernardo

Divulgação

SEMANA CULTURAL EM UBERLÂNDIA

SEGUNDA PRETA

URSAL FESTIVAL AUTORAL

Para além da 3ª Virada Cultural, evento gratuito e aberto que o Teatro Municipal de Uberlândia receberá no sábado (7), a programação cultural da cidade também vai contar com a I Mostra de Cinema, Literatura e Identidade Cultural Negra, também gratuita. A Mostra Cultural Negra irá ofertar, entre quarta (4), e sexta (6), muito aprendizado, dança e diversão.

A 8ª temporada da segundaPRETA acontece entre os dias 2 de setembro e 28 de outubro, sempre as 20h, às segundas, no teatro Espanca!. A programação conta com espetáculos, cenas e contação de histórias para crianças. Além disso, empreendedores negros irão comercializar seus produtos. O ingresso tem preço popular: R$10 e R$5 a meia.

No domingo, 1 de setembro, às 14h, a Ursal Bar realiza mais uma etapa do “1º Festival de Música Autoral da Ursal” que contará com a apresentação de dez bandas pré-selecionadas. A premiação será em dinheiro, gravação de um single e a apresentação no bar que fica na av. Contorno, 3479 – Santa Efigênia.


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ESPORTE

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Alexandre Loureiro / COB

PAPO ESPORTIVO

Personagem da semana

A homofobia sai de campo

Mineira de Belo Horizonte, a atleta Izabela Campos brilhou nos Jogos Parapan-Americanos 2019, em Lima (Peru). Izabela subiu ao topo do pódio na disputa do arremesso de disco, na classe F111 (para cegos). Com a marca de 35,32m, a brasileira bateu o recorde da competição. Izabela se preparou para a competição no Centro de Treinamento Esportivo da UFMG, considerado um polo de referência do atletismo no Brasil.

na geral

Alisson é eleito melhor da Europa Lucas Figueiredo / CBF

O brasileiro Alisson Ramses Becker, goleiro do Liverpool, foi eleito pela UEFA o melhor da Europa na posição. A premiação foi concedida na tarde da quinta-feira (29). O brasileiro se destacou na última temporada do Campeonato Inglês e da Liga dos Campeões da Europa. “Nós, brasileiros, acompanhamos muito a

Champions. Toda criança, o primeiro presente que recebe é uma bola. Junto com a bola, vêm os sonhos”, disse o arqueiro. No último mês, Alisson, que foi revelado pelo Inter de Porto Alegre, defendeu as cores da Seleção Brasileira na Copa América. O Brasil conquistou o título e Alisson foi o goleiro menos vazado da competição.

Os outros premiados da UEFA foram: Van Dijk, do Liverpool, como melhor defensor da temporada; De Jong, do Ajax, como melhor meio-campista; Lionel Messi, do Barcelona, como melhor atacante; Eric Cantona, ex-Manchester United, com o prêmio presidencial, em reconhecimento a toda sua carreira futebolística.

Jordânia Souza “Time de veado”, “Maria”, “bicha”. Quem frequenta estádios de futebol já deve ter ouvido esse tipo de ofensa. Mas, ao que parece, essa prática preconceituosa e atrasada está com os dias contados. E o sinal de que, apesar de devagar, estamos caminhando, aconteceu na última rodada do Campeonato Brasileiro. Aos 19 minutos do segundo tempo da partida entre Vasco e São Paulo, o árbitro Anderson Daronco ouviu gritos homofóbicos vindos de parte da torcida vascaína. Era apenas mais um momento péssimo que o futebol oficializou como “provocação e brincadeira”, mas, desta vez, não foi assim. O jogo deu lugar a um momento histórico. Daronco interrompeu a partida seguindo uma determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD). A medida instrui os árbitros a paralisarem os jogos em casos de atitudes discriminatórias em campo, além de prever punições para os clubes envolvidos. Foi a primeira. Ao serem notificados, o técnico Vanderlei Lu-

Divulgação / FIFA - Getty Images

xemburgo e os jogadores do Vasco pediram para que os torcedores cessassem os gritos. Após a torcida parar, o jogo continuou, mas o fato foi relatado na súmula, o que pode acarretar uma punição ao time cruzmaltino, como multa ou perda de pontos no Brasileirão. É uma pequena vitória. O futebol sempre foi marcado por ser um esporte extremamente discriminatório, machista e homofóbico. A regra está em consonância com as recomendações da Fifa, que exigem que as federações nacionais sigam o protocolo para casos de manifestações desse tipo. Para aqueles que adoram dizer frases como “ah, o mundo está ficando chato”, é importante fazer uma reflexão: se, para a sua vida ser mais divertida, é preciso ofender, discriminar e agredir, então, não é o mundo que está chato, é você quem precisa mudar! A graça do futebol está no campo, no lance bonito, na jogada que surpreende. As provocações são saudáveis quando discutem apenas o que realmente importa: o jogo. Com a medida do STJD, a homofobia sai de campo e dá espaço a uma sociedade melhor. Afinal, a partida pode parar, mas a luta por respeito, jamais!


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Belo Horizonte, 30 de agosto a 5 de setembro de 2019

ESPORTES

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Reprodução Atlético

DECLARAÇÃO DA SEMANA Fernando Frazão / Agência Brasil

Jogador é condenado por estupro A Justiça da Argentina condenou o atacante Jonathan Fabbro a 14 anos de prisão. Ele foi acusado de abusar sexualmente de sua afilhada desde quando ela tinha 5 anos de idade, em

2012. Quem noticiou a condenação foi o jornal argentino Clarín. O jogador foi preso em maio do ano passado, após o irmão da vítima descobrir conversas entre a menina e Jonathan. O atacan-

te está preso desde maio de 2018. Marido da modelo paraguaia Larissa Riquelme, Jonathan Fabbro já jogou no Boca Juniors, Once Caldas, River Plate e no Atlético-MG, este último em 2006.

A gente trabalha duro pra ter todas essas conquistas, pra natação ter alcançado o que alcançou. Construímos essa história e a gente espera que daqui a uns anos, quando a gente parar, que possam dar continuidade” Daniel Dias, brasileiro, maior nadador paralímpico da história. Na quarta-feira (28), no Peru, ele quebrou a incrível marca de 30 medalhas de ouro em Jogos Parapan- Americanos.

Gol de placa A três dias do fim dos Jogos Parapan-Americanos 2019, o Brasil segue líder com folga do quadro de medalhas. O país tem mais ouros, mais pratas e mais bronzes que os Estados Unidos, o segundo colocado.

Gol contra O Palmeiras decidiu contra o Grêmio a vaga nas semifinais da Libertadores, na terça (27), no Pacaembu. O Allianz Parque estava fechado para o show de Sandy e Júnior. Embora previsto em contrato, não poder decidir uma eliminatória no seu campo é uma ofensa ao Palmeiras e ao futebol brasileiro.

Para brigar pelo acesso

Aperfeiçoando o imperfeito

Falta sorte

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Com uma incrível sequência de cinco vitórias nos últimos sete jogos, o América finaliza o primeiro turno com uma perspectiva bem melhor do que a que se desenhava para o time nas primeiras 12 rodadas da Série B. De fortemente ameaçado pelo rebaixaDecacampeão mento, o Coelho vem forte para brigar pelo acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Mesmo com as naturais modificações no time por contusões, suspensões e baixo desempenho técnico, a equipe continuou segura na defesa e eficiente no ataque. Assim, demonstrou que o elenco não é tão ruim quanto parecia. Faltava, na verdade, um técnico que soubesse organizar o time, tirar o melhor dos jogadores e utilizar bem os garotos da base.

O técnico Rodrigo Santana segue uma estratégia que Gilberto Gil imortalizou na canção “Meio de Campo”. Num momento de pragmatismo, concentrou atenção na Copa Sul-Americana e colheu os frutos com a classificação às semifinais, em partida fora do Brasil e Galo doido! menos aflitivaÉque o confronto no Horto. Como tem sido rotina, os atacantes não contribuíram com os gols. Mas o time soube se aproveitar da fragilidade técnica do La Equidad, premido pela obrigação de vencer. Contra o Colón, da Argentina, nos dias 18 e 25 de setembro, o Galo precisará de mais qualidade e eficiência. Já no Brasileiro, temos antes o Corinthians, domingo (1º), em São Paulo, e o Botafogo, no Rio. E seguem a agonia e o êxtase.

Salve, nação! Na quarta-feira (4), decidimos nossa sorte na Copa do Brasil contra o Inter, em Porto Alegre. Se a chegada de Rogério Ceni trouxe o chamado “fato novo”, a sorte ainda não parece estar do nosso lado. Deixamos escapar pontos contra o CSA e La três Bestia Negra seguimos sem vencer fora de casa. Ao menos, a postura da equipe já é diferente. Domingo (1º), temos o Vasco do Pofexô pela frente. O último fim de semana também foi para parabenizar nosso time feminino, que não conseguiu vencer o São Paulo, mas fez uma campanha honrosa com dez vitórias, um empate e duas derrotas, nos colocando na elite do futebol feminino. Que todo esse brio das meninas contagie o time masculino. Saudações celestes!

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