Edição 312 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Folia, batalha e pastéis

Não aguento mais telemarketing

Divulgação/Anatel

Orçamento apertado neste início de ano? Descubra o roteiro cultural certo para o seu fim de semana!

Quer se livrar de vez das ligações indesejadas? Então confira a dica do nosso advogado popular

CULTURA 14

VARIEDADES 12

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 10 a 16 de janeiro • edição 312 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

CHUVAS COLOCAM EM RISCO RESIDÊNCIAS EM BH

Arquivo/Urbel

Período chuvoso acende alerta para quem mora em locais íngremes. Estima-se que 1100 edificações estão em áreas de alto risco. Relembre o que o prefeito Alexandre Kalil havia prometido em campanha eleitoral

Restrição ao auxílio reclusão penaliza famílias

Brasil faz bem ao provocar o Irã?

Prioridades do Congresso em 2020

Com parentes em privação de liberdade, chefes de família fazem malabarismo para dar conta das despesas

A especialista em relações internacionais Ana Penido analisa o quadro geopolítico atual depois da ação terrorista dos EUA

Em fevereiro, voltam os trabalhos legislativos e, na pauta, reformas que podem reduzir direitos dos trabalhadores

BRASIL 8

ENTREVISTA 11

BRASIL 9


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 10 a 16 de janeiro de 2020

O que esperar de 2020?

ESPAÇO DOS LEITORES “Impressionada com essa edição! Quando a gente não aguentava mais mobilizar e denunciar a destruição de programas e políticas públicas, vem este refresco, mostrando como, no meio do caos, há boas notícias. Verdadeiro presente de Natal. Valeu e parabéns à equipe Brasil de Fato” Rosana Maria Zica comenta a edição de fim de ano do Brasil de Fato MG, só com notícia boa “Moçada, aproveitem!” Silvana Almeida escreve sobre a matéria “Araçuaí (MG) será sede do 9º Encontro de Comunicadores do Vale” “Não deve aumentar mesmo. O aumento de 2018 para 2019 foi um absurdo!” Ivan Cardoso comenta a postagem do Brasil de Fato MG “Por enquanto, passagem de ônibus não aumenta em BH”

“Obrigada pela indicação, querides!”

Flávia Ellen SCosta sobre a matéria “Algumas mineiras que valem a pena para atualizar sua playlist em 2020!”

O ano acaba de começar e já tivemos diversos acontecimentos que reforçam a previsão de que não teremos um ano fácil para o conjunto do povo brasileiro. O posicionamento do Ministério de Relações Exteriores apoiando o atentado terrorista realizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem gerado várias consequências negativas à imagem do Brasil no tabuleiro político internacional. Apoiar o assassinato de um general iraniano é um ato gravíssimo, que coloca o Brasil como cúmplice de uma violação da Carta das Nações Unidas. Este apoio vai custar caro ao país, podemos ter prejuízos nas relações comerciais com o Irã e dificuldades nas relações diplomáticas com outras nações. Segundo país mais desigual do mundo Se o governo federal já iniciou o ano prejudicando as relações Brasil a fora, internamente a tendência é que seja ainda pior. Importan-

Bolsonaro e Zema estão de costas para os mais pobres te lembrar que no ano passado, durante a 108ª Conferência Internacional do Trabalho, ligada à ONU, o instituto Índice Global de Direitos incluiu o Brasil, pela primeira vez na história, na lista dos 10 piores países do mundo para a classe trabalhadora. Em seu primeiro ano de governo, Bolsonaro já conseguiu agravar em

muito a condição de vida do povo. A fome retoma como uma realidade em todo o país, o índice de pobreza ampliou, e a desigualdade social cresceu vertiginosamente, tornando o Brasil a segunda nação mais desigual do mundo.

Povo sente piora e tende a reagir As medidas anunciadas pelo governo federal para este ano, se aprovadas, irão trazer impactos ainda mais graves na vida da classe trabalhadora. Entre as medidas neoliberais propostas, estão projetos que aprofundam a reforma trabalhista e retrocedem nas relações de trabalho dos servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada. Além destas medidas, o governo prosseguirá com seus ataques à educação pública, aos direitos sociais e à soberania nacional, estimulando as privatizações e a entrega de nossas riquezas naturais. Em Minas Gerais, o governador Zema tem anunciado que prosseguirá com a política neoliberal executada por Bolsonaro. Ou seja, beneficiando os mais ricos e de costas para os mais pobres. Não tenhamos dúvida de que será um ano difícil para a classe trabalhadora. Mas é preciso também que a elite brasileira saiba que não será um ano fácil para ela. O povo está sentindo na pele a piora das condições de vida, e as pessoas estão mais atentas à política, indignadas e cada vez mais dispostas a lutar contra este projeto antipopular.

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Luiz Lagares Izidio. Tiragem: 35 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


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Bombou na quinta (9) no Twitter a hashtag #EuPareçoCientista. Mais de nove mil pessoas interagiram com o tema, mostrando que fazer ciência vai muito além do que comumente imaginamos. A campanha ajuda também a divulgar, de forma simples, pesquisas importantes para o país e reforça a defesa de mais recursos para as universidades e pesquisadores.

Divulgação

Bem-vinda e bem-vindo ao nosso primeiro Brasil de Fato MG do ano! Por aqui estamos cheios de planos, mas estamos querendo saber de você:

Quais são as suas metas para 2020?

Eu não tenho expectativa nenhuma porque com esse governo Bolsonaro não dá pra ter expectativa. Esse ano eu estou no mar à deriva.

Wanda Lúcia de Oliveira, motorista

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Muito além do que parece

PERGUNTA DA SEMANA

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GERAL

Reprodução

Eu quero mudar minhas atitudes, focar em buscar me conhecer melhor através da meditação, de práticas como a yoga, e ser mais saudável física e mentalmente. Mas o objetivo maior é estar presente no agora.

Programação para quem tem mais de 50

Isabel Baldoni

Willian Kalk Coutinho, mochileiro

E você, quais são suas metas? Manda sua resposta pra passar no nosso programa de rádio: (31) 98468-4731

Até o dia 24 deste mês, diversas atividades voltadas para a população acima dos 50 anos preenchem a agenda de BH. De segunda a sexta-feira, tem caminhada

orientada, dança, jogos de mesa, jogos teatrais, karaokê, oficinas e shows que acontecem na rua Perdizes, 336, no bairro Caiçara, região Noroeste da capital.

Declaração da Semana “Se eu estou aqui, é porque uma mulher fez isso por mim. Uma mulher lavadeira, uma avó cabocla, uma avó indígena, um avô negro e um avô branco. Se eu estou desse jeito, é porque em diversos momentos disseram que eu não podia”

Divulgação

Silvero Pereira, ator do filme Bacurau, em entrevista para o Brasil de Fato


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CIDADES

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Kalil prometeu realocar 2 mil famílias de áreas de risco, mas resultado foi de 28 CHUVAS 1.100 casas estão em alto risco de sofrerem deslizamentos ou soterramentos em BH. Prefeitura monitora Rafaella Dotta

Divulgação/PBH

O

s fatores para o deslizamento de terra ou desabamento de casas são múltiplos, e um dos principais deles – a chuva – coloca todos sob alerta nesta época do ano. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Belo Horizonte continua sob a possibilidade de pancadas de chuva pelo menos até a próxima semana. Números da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) mostram que na capital mineira existem 1.100 edificações em alto risco geológico somente nas vilas e favelas. Das famílias que moram em locais classificados como risco muito alto, três foram removidas definitivamente e 10 foram removidas temporariamente já na primeira semana deste ano,

de acordo com a Urbel. Mas como resolver o problema? Em campanha eleitoral em 2016, Alexandre Kalil (PHD), hoje prefeito de Belo Horizonte, foi o candidato que apresentou a proposta mais incisiva. Enquanto outros candidatos à prefeitura faziam meios termos, Kalil foi

Remoções onde não precisa A integrante do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD) Valéria Borges mora na Pedreira Prado Lopes, que hoje não possui áreas de alto risco. Mas a educadora analisa que algumas das atitudes da própria prefeitura tem contribuído para que famílias voltem a morar em áreas perigosas. “Ninguém escolheria risco para a sua vida. As pessoas vão morar nesses locais por necessidade. Na minha comunidade mesmo, a Urbel só retirou casas que não estavam em áreas

de risco. Assim, a prefeitura acaba favorecendo essas áreas perigosas como a única opção para gente, que não tem condição de comprar uma moradia”. “Se você anda na Pedreira hoje, já vê um monte de barracão como há 30 anos atrás, porque as pessoas já estão recomeçando a construir o seu barraquinho”. Valéria lembra ainda que é lei que os governos municipal, estadual e federal trabalhem para garantir moradia a todos os cidadãos, como diz o artigo 6º da Constituição Federal.

“Ninguém escolheria risco para a sua vida. As pessoas vão morar nesses locais por necessidade”

cortante. “Tem que retirar 2 mil famílias em zona de risco. Na prática, tem que correr na Defesa Civil na segunda-feira e na Prefeitura para que essa catástrofe que se tornou rotina na vida do pessoal de BH passe a ser exceção”. Porém, informações da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) mostram que, desde que Kalil as-

sumiu a prefeitura, apenas 28 famílias foram deslocadas definitivamente e 90 foram deslocadas temporariamente. Para a meta do prefeito, falta realocar mais de 1.900 famílias. Em contrapartida, Isabel Volponi, diretora de Áreas de Risco e Assistência Técnica da Urbel, analisa que a política de remoções não é a melhor alternativa. O seu setor atua fazendo obras de diminuição de risco ou obras para prevenir riscos, o que, na análise dela, ajuda muito a não ter situações graves. “As famílias em risco muito alto são removidas e as de risco alto são monitoradas”, diz. “Quando você tira uma família do local que ela vive, quebra todas as redes sociais e a organização de vida dela. A gente tem que tentar ao máximo evitar uma interferência brusca na vida da família”.

Antônio Cruz/ABr

O que fazer se minha casa estiver comprometida? Fique de olho! A Defesa Civil de BH indica que os moradores fiquem atentos durante o período de chuvas. Caso apareçam fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas ou surja uma mina d’água, ligue imediatamente para o 199. Lembre-se de desligar os aparelhos elétricos das tomadas durante as tempestades com raios. Se estiver na rua, não se abrigue embaixo de árvores isoladas e evite os topos de morros e prédios. E jamais se aproxime de cabos elétricos arrebentados.


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MINAS

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Janeiro Marrom é um alerta sobre os impactos da mineração CAMPANHA Idealizada por movimentos e entidades ambientalistas, a iniciativa marca um ano do crime da Vale em Brumadinho Mídia NINJA

do Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM), a campanha é importante para a sociedade, pois existem riscos de novos rompimentos. “Não se vê por parte das autoridades uma ação eficaz para a prevenção. Temos regiões como Itabira e o

Da redação

Levaram primeiro o ouro e não fizemos nada; depois, as pedras preciosas, e também não fizemos nada. Agora levam nosso minério e, de quebra, nosso passado e nossa identidade. Olhem bem as montanhas. Elas são Minas. Elas são nossa ancestralidade. Estavam aqui muito antes de nós. Não deveria haver dinheiro que comprasse o que faz parte da alma de um povo. Não deveria. E nenhum povo deveria aceitar vender sua alma”. Com essas palavras da escritora Elisa Santana, foi lançada, neste mês, a campanha Janeiro Marrom, para alertar sobre a mineração e lembrar um ano do crime da Vale em Brumadinho.

A iniciativa, que converge diversas entidades ambientalistas e movimentos populares, pretende inserir no calendário anual de campanhas – como o Outubro Rosa – a luta por justiça para os atingidos e em defesa das comunidades, biomas, nascentes e rios ameaçados pela ativida-

de minerária. Por meio das redes sociais, o Janeiro Marrom é uma articulação que, durante todo o mês, divulgará materiais que reúnem dados, informações e reflexões sobre os impactos e violações de direitos, assim como atuação dos órgãos competentes. Para Maria Teresa Corujo,

No 25 de janeiro, um ano após o crime, Arquidiocese faz Romaria em Brumadinho Alto Rio das Velhas, Paracatu e alguns territórios em Minas que têm barragens com uma quantidade enorme de pessoas no entorno. Como Ita-

bira que tem cerca de 10 mil pessoas na Zona de Autossalvamento das 17 barragens de rejeito da Vale naquele município. No Alto Rio das Velhas, há mais de 50 barragens de rejeitos que, se romperem, descem pelo Rio das Velhas e inviabilizam o abastecimento de água de mais de dois milhões de pessoas”, explica a ambientalista. A campanha também irá divulgar eventos como a 1ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral a Brumadinho. Entre os dias 20 e 25 de janeiro, movimentos populares e moradores atingidos realizarão diversas atividades para marcar um ano do rompimento da barragem em Córrego do Feijão. Para saber mais sobre a campanha, acesse janeiromarrom.com.br.

Piquenique de mulheres denuncia sucateamento de centro que acolhe vítimas de violência BELO HORIZONTE Governo Zema mudou regras de atendimento que, segundo ativista, prejudicou mulheres que precisam do serviço Larissa Costa Um piquenique em protesto ao sucateamento do Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher (Cerna) acontece na sexta (10), a partir das 14h, na Cidade Administrativa, em BH. A ação, organizada por mulheres assistidas pelo Centro, denuncia as mudanças promovidas pelo governo de Romeu Zema (Novo) nas regras de atendimento às vítimas de violência doméstica. Segundo Solange Rodrigues Barbosa, assistida do Cerna e uma das organizado-

ras do movimento #FicaCerna, no início do ano o governador chegou a ameaçar de fechar o Centro. Apesar de ter voltado atrás, ele reduziu o número de profissionais pela metade. Outras mudanças promovidas pelo governo, segundo Solange, são cortes na estrutura, como carro e gasolina, e a limitação do número de atendimentos a cada mulher. Ela conta que atualmente cada mulher tem direito somente a três encontros com as psicólogas. “Ela vai entender tudo o que aconteceu com ela? Vai conseguir

Reprodução

Número de atendimentos caiu de 1740, em 2018, para 400 em 2019 sair dessa situação? Porque a pressão que a mulher sofre é muito grande, da sociedade, da família”, completa Solange. Segundo ela, antes das mudanças, havia um respeito pelo tempo que cada mulher precisava para se recompor e superar a situação de violência, sendo que o atendimento

poderia durar 6 meses ou 2 anos, por exemplo. Segundo relatório divulgado pelo Cerna, de janeiro a novembro de 2018, foram

atendidas 1740 mulheres e, em 2019, conforme dados levantados pelo movimento #FicaCerna, o número de atendimentos caiu para 400.


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OPINIÃO

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Espaço da vida e território de luta João Paulo Cunha

Este ano as prefeituras e câmaras de vereadores estão no centro da disputa do poder político. É a primeira eleição pósBolsonaro e o que está em jogo não são apenas projetos administrativos para a as cidades, mas a consolidação da escalada da extrema direita no país. As novas administrações municipais podem ser o início da retomada da resistência ou a pedra tumular da democracia brasileira. Engana-se quem pensa que no município se joga apenas a partida da segunda divisão da política, da economia e da cultura, no sentido amplo da palavra. A vida está nas cidades. E também a última barreira de resistência à barbárie que se estabeleceu no país. É preciso, desde já, começar a fortalecer as candidaturas populares. Muito do projeto entreguista em economia, exterminador em direitos, reacionário em costumes e autoritário em política espera eleição municipal para dar a volta nessa visão

Disputa por prefeituras e câmaras estão no centro da política em 2020 ingênua e equivocada, mantida em alta pela mídia corporativa, que tenta se livrar de sua culpa atávica com a situação. Uma simples análise da composição do legislativo municipal e das prefeituras em todo o país mostra um cenário tomado pelo conservadorismo da direita. Há um esquema orquestrado que parte das forças políticas conservadoras em jogar para as cidades a aprovação de medidas que não foram alcançadas de forma plena nos estados e no país. Ou seja, para cada derrota registrada pelo governo federal e pelos estados, se apresenta uma reestruturação da mesma pauta a partir das políticas públicas municipais. Como a implementação da escola

sem partido nas escolas municipais, que se tornou realidade em muitas administrações, inclusive em Belo Horizonte. Ou a privatização de serviços públicos, abrindo espaço para a entrada da iniciativa privada em áreas estratégicas e natureza social. E ainda a moralização das relações sociais, a intolerância em direitos humanos e a censura, como temos acompanhado em várias cidades. Há uma nítida intenção do capital em se assenhorar das políticas públicas que hoje são exercidas em grande parte pelo município, sobretudo saúde, educação, transporte e obras públicas. São setores vistos como altamente lucrativos, uma vez que conjugam potencial ilimitado de negócios, obrigatoriedade de consumo e reserva de mercado. A responsabilidade das forças populares com a disputa nos municípios é enorme. Há uma dupla tarefa em jogo: resistir e avançar.

Em BH, briga por preço da tarifa. Na Região Metropolitana, aumentos exorbitantes TRANSPORTE Metrô mais caro, preços dos ônibus da capital incertos e dos municípios vizinhos nas alturas Raíssa Lopes

Entra ano, sai ano, a notícia é a mesma: os preços das tarifas do transporte público só aumentam. Enquanto os belo-horizontinos assistem a uma briga na Justiça entre prefeitura e empresários para saber se as passagens de ônibus sobem ou não, a do metrô passou para R$ 4,00 no domingo (5), e o valor pago nos coletivos dos municípios metropolitanos chegam às alturas, com gente já gastando quase R$ 20 por dia para ir e voltar. Kalil X Empresas

Em ano de eleição para o Executivo municipal, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD),

Breno Pataro

Em 2018 e 2019 empresários aumentaram seus lucros em R$ 200 milhões” mandou avisar: a passagem dos coletivos permanece R$ 4,50, nem que seja à base do porrete. Mas o movimento pela mobilidade urbana Tarifa Zero questionou: “uai, não aumenta, mas, sem os trocadores, por que não abaixa?”. “Na disputa por aumento, as empresas se valem de uma ideia de que todo final de ano o preço deve subir porque teria um reajuste inflacionário. Só que isso não faz sentido porque

não há cumprimento do contrato por parte delas, que retiraram sistematicamente os cobradores dos ônibus”, explica a integrante do Tarifa Letícia Birchal. De acordo com um estudo desenvolvido pelo movimento com base em dados da BHTrans e de acordos coletivos das empresas, em 2018 e 2019, os empresários teriam

aumentado seus lucros em R$ 200 milhões. “Para que os R$ 200 milhões voltem para os usuários de ônibus, é necessário que a passagem seja reduzida para R$ 3,85 durante um ano inteiro”, afirma. Ruim para uns, impossível para outros

Imagine pagar R$ 9,55

para ir trabalhar, estudar ou se divertir e outros R$ 9,55 para voltar. É o que acontece com os moradores de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de BH . São R$ 19,10 por dia gastos na linha 5297. Em Santa Luzia, a passagem subiu de R$ 5,35 para R$ 5,60. Em Nova Lima, a passagem mais barata para a capital, linha 3832, passou de R$ 6,15 para R$ 6,45. A mais cara, 3831, cujo o diferencial é o ar condicionado, foi de R$ 7,30 para R$ 8,30. Em Raposos e Rio Acima (3842 e 3838, respectivamente), de R$ 7,35 passou para R$ 7,70. Honório Bicalho (3837), de R$ R$ 6,15 foi para R$ 6,45. Betim, de R$ 6,95 para R$ 7,30.


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OPINIÃO

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Thomas Hobbs

Marcos Verlaine

Desculpe, 2020 não indica que será melhor que 2019

Antônio de Paiva Moura

Degradação ambiental e classes sociais

O brevíssimo ano de 2019 se foi e não deixará saudades. Foi um ano desastroso para o país e a população mais pobre. Pela primeira vez na história, o Brasil foi incluído na lista dos 10 piores países do mundo para a classe trabalhadora pelo Índice Global de Direitos. O Congresso aprovou e promulgou em novembro a Reforma da Previdência, cujas mudanças são extremamente abrangentes e envolvem sérias restrições ao seu gozo e aquisição. Que ninguém se engane ou se iluda, em 2020, o governo vai continuar “mandando ver” no lombo do povo e dos trabalhadores. A diferença é que sendo 2020 ano eleitoral — pleito municipal — o processo político-legislativo tende a ser mais rápido. Em fevereiro, o Congresso retoma propostas do governo Bolsonaro, que envolve 3 PEC (Propostas de Emendas à Constituição), em especial a PEC Emergencial 186, que entre outros retrocessos para o funcionalismo, autoriza a redução de jornada com redução de salário e suspende todas as possibilidades de reajuste, concurso e progressão. Tem ainda a PEC 188/19, conhecida como PEC do Pacto Federativo, que é a mais radical de todas, porque, impede que decisões judiciais sejam cumpridas e condiciona a promoção dos direitos sociais ao ‘direito ao equilíbrio fiscal intergeracional’. E ainda falta enviar ao Congresso a proposta de Reforma Administrativa, que aprofunda para os servidores os retrocessos nas relações de trabalho. Para os trabalhadores da iniciativa privada (celetistas), o governo editou, em novembro, a MP 905/19, que institui a Carteira de Trabalho Verde e Amarela, que aprofunda severamente a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17), que não cumpriu o que foi prometido pelos seus defensores — gerar mais empregos. Leia íntegra em: diap.org. br

ACOMPANHANDO

A poluição do ar ou de um modo geral, das águas e dos solos, causa mais mal à população do que se tem imaginado. Calcula-se que, em todo o mundo, ocorram cerca de 7 milhões de mortes anuais cuja causa é atribuída à degradação ambiental. No Brasil, a Organização Pan-Americana de Saúde constatou que houve 51 mil mortes anuais causadas por ar tóxico. Um número maior que o de mortes em acidentes de trânsito. Pesquisadores dos EUA concluíram que o ar contaminado das cidades tem o mesmo impacto de fumar um maço de cigarros por dia. Nos países em que os governantes se posicionam contra as decisões tomadas no Acordo de Paris e no COP na Polônia em 2018, sobre medidas de preservação ambiental, ignoCombate à poluição traria ram o fato de que combater a poluição ambiental gera benefícios para a economia em gasto com a saúde da populaeconomia aos ção. Há uma ignorância ou resistência em reconhecer que os cofres públicos ganhos em saúde representam cerca do dobro do custo das medias para a proteção do meio ambiente. Nos países não produtores de petróleo, já há política de substituição de veículos movidos a combustível fóssil por energia elétrica. No sul da China, a cidade de Shenzhen, 3 milhões de veículos deixaram de ser movidos a petróleo e passaram a usar eletricidaMarcos Verlaine é jornalista, analista político e assessor do de. Por isso, tornou-se a cidade menos poluída e a mais silenciosa do mundo. Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – Tomando como base o Brasil, as classes média-alta e empresarial são as que menos Diap. se sensibilizam com a questão ambiental. Preferem silenciar ou ridicularizar os ambientalistas, como faz o presidente Bolsonaro. Em parte, a insensibilidade, quanto à degradação ambiental e seus efeitos, é em função do autoengano, no qual os indivíduos Na edição 310... acham que preservar o meio ambiente redunda em diminuição da lucratividade das empresas. Mas há outro fator mais perverso ainda. O fato de que as pessoas pobres e de Zema: um ano de retrocessos baixa renda são as mais vulneráveis à poluição ambienE agora... tal: os moradores de rua, condutores de veículos, cameParte do funcionalismo sem 13º lôs, pedestres em trânsito pelas cidades, moradores nas Classes média-alta proximidades das fábricas e das periferias onde não há e empresarial são saneamento básico. Os ricos, ao contrário, encontram-se mais protegidos as que menos se O governo de Minas anunciou em dezembro de 2019 quanto aos efeitos da poluição ambiental. Moram em sensibilizam com a que pagaria o 13º salário integral apenas para os servicondomínios fechados; não andam a pé pelos centros questão ambiental dores que recebem até R$ 2 mil por mês, o que corresdas cidades e podem evitar lugares contaminados. Para ponde a 61% dos trabalhadores. Para quem recebe acieles, não importa se os pobres morrem intoxicados. O que importa é que o aumento ma disso, só os servidores da segurança pública têm esprogressivo de seus lucros esteja garantido. Os ricos não se incomodam com o macro cala prevista para recebimento do direito, que será paefeito da degradação ambiental, como o aquecimento da terra e dos oceanos e as ingo em três parcelas (dezembro, janeiro e fevereiro). Os tempéries delas decorrentes. demais seguem sem informações sobre quando receberão o 13º. Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS.


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BRASIL

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Apenas 2% da população carcerária brasileira conseguiu acessar auxílio reclusão em 2019 PERSEGUIÇÃO Com lei de autoria de Bolsonaro, benefício que era concedido a poucos agora está quase impossível Amélia Gomes Há um ano Jair Bolsonaro assinava a Lei 13.846/19 originada da Medida Provisória 876, que restringiu ainda mais o acesso ao auxílio reclusão. Num país em que a população carcerária chega ao montante de 800.000 pessoas, apenas 17.246 são hoje contemplados com o benefício, que é um direito constitucional. De acordo com Instituto Nacional de Previdência Social, em 2019, a quantidade de acesso ao auxílio reclusão representava apenas 0,3% dos benefícios totais concedidos pelo INPS. Entre as restrições impostas pela Lei 13.846, está a determinação de um prazo de carência de 24 meses - ou seja, o detento precisa estar a pelo menos dois anos em privação de liberdade e ter contribuído com a Previdência por pelo menos 2 anos. Além do prazo de carência, a MP também restringiu

o acesso do benefício apenas para detentos que estão no regime fechado, retirando o direito que antes era garantido também para quem estava no semi-aberto. Outra mudança foi com relação à comprovação de baixa renda. Agora ela leva em conta a média dos 12 últimos salários do segurado, não só a do último mês antes da prisão. O prazo de concessão do auxílio também mudou. Antes ele era garantido ao detento durante todo o período da prisão, agora o prazo de cessão do benefício é condicionado por vários fatores. Mas quem são as pessoas afetadas com a lei de Bolsonaro? Auxílio é fundamental para as famílias Dona Elza Quirino gasta em média quase R$500,00 por mês para visitar o filho que está preso em Ribeirão das Neves. O gasto equivale à metade do salário da doméstica. A outra metade é consumida pelo aluguel de

Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Querem condenar as famílias, as crianças, os idosos, quem for dependente do preso, a ser preso junto com ele” R$ 400,00. Há três anos essa é a rotina de Dona Elza. Eliene Monteiro Santana nunca ouviu falar do benefício. Em dezembro a camareira recebeu a última parcela do seu seguro desemprego. Ela, que mora com mais um filho, que também está desempregado, gasta em média cerca de R$500 para manter a casa. O restante do seguro desemprego vai para o custo com as visitas quinzenais que ela faz ao mais novo, que está preso em Ribeirão das Neves. Antes de ser preso, ele trabalhou muito tempo de carteira assinada. “Se a gente tiver direito, esse auxílio ajudaria demais,

ainda mais para mim que estou desempregada”, afirma a camareira. Na avaliação de Tânia Oliveira, advogada e uma das fundadoras da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), as restrições impostas são cruéis para as famílias. “Querem condenar as famílias, as crianças, os idosos, quem for depen-

Auxílio Reclusão é um direito constitucional: entenda como funciona O auxílio-reclusão é um direito previsto no artigo 201 da Constituição Federal. O benefício é um direito previdenciário, assim como o auxílio doença e o salário maternidade. Por lei, o auxílio reclusão deve ser garantido as famílias de todos os detentos que contribuíram com a Previdência e que estão no grupo de trabalhadores de baixa renda, ou seja,

nas classes C, D e E. Portanto, ao contrário do que alega o próprio presidente, o recurso gasto com o auxílio não é retirado dos tributos pagos pelos cidadãos brasileiros. Além disso, o benefício não é creditado diretamente para o detento, mas sim para quem depende daquele trabalhador, como cônjuges, filhos com até 21 anos, enteados sob tutela do encarce-

Benefício não é creditado diretamente para o detento rado, pais, idosos que dependiam da renda do filho, etc. Outro mito com relação ao benefício é o acesso. De acordo com o levantamento da Secretaria de Previdência, em 2017, ape-

nas 6,5% da população carcerária brasileira era atendida pelo auxílio reclusão. Em 2019 esse índice é de pouco mais de 2%. “É uma crueldade com a população pobre. É uma maldade, pura retroalimentação de um pensamento preconceituoso e desinformado do governo”, denuncia a coordenadora da ABJD.

dente do preso, a ser preso junto com ele. Passam a ser condenados também. Ficam condenados a serem desprovidos do valor que lhes garante a sobrevivência. Essa história de ‘bolsa-bandido’, é uma construção social para desqualificar, o que é, de verdade, o auxílio-reclusão”, critica a coordenadora da ABJD.

Mais ataques às famílias dos encarcerados Também tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição que pretende acabar em definitivo com esse direito. A PEC 3/2019, que propõe encerrar o auxílio-reclusão, é de autoria coletiva de vários deputados e senadores da direita e atualmente está em análise no Senado. O projeto já teve apoio público por parte do presidente.


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BRASIL

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Reformas devem ser prioridades do Congresso em 2020 POLÍTICA Legislativo terá menos tempo para aprovar projetos, já que as eleições municipais encurtam o calendário parlamentar Waldemir Barreto/Agência Senado

Erick Gimenes O Congresso Nacional terá o desafio de aprovar pautas complexas em um tempo mais reduzido em 2020. Em razão das eleições municipais, o calendário de atividades parlamentares será reduzido. As discussões devem ser centralizadas na agenda de reformas econômico-tributárias, conforme indicam líderes da Câmara e do Senado. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, garantiu que a reforma tributária será prioridade no primeiro semestre do ano. Ele sinali-

“É preciso reforma tributária que redistribua renda, não apenas simplifique”, afirma oposição

zou que há um acordo entre Senado e Câmara para que a matéria seja aprovada. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, também indicou que a reforma tributária será o debate central de 2020. Em 18 de dezembro do ano pas-

sado, ele anunciou a criação de uma comissão mista para aprovar as mudanças. O colegiado vai contar com 15 deputados e 15 senadores, e a comissão vai funcionar durante o recesso parlamentar. A líder da minoria no

Congresso, deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), ressalta que, para a oposição, a reforma tributária também é prioridade máxima. “Mas não apenas uma simplificação tributária, mas uma reforma de fato, para valer, como instrumento de combate à desigualdade – no caso, uma redistribuição de

renda, taxando quem tem mais dinheiro, taxando capital, dividendos e lucros, grandes fortunas e heranças. Essa é a batalha que nós vamos fazer, central, que é a reforma tributária”, afirma. Para Jandira, há outras duas prioridades pelas quais a oposição deve lutar: a revogação do teto de gastos públicos (a chamada Emenda 95) e a manutenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

O que diferencia os incêndios na Austrália das queimadas na Amazônia? MEIO AMBIENTE Enquanto desmatamento destrói florestas brasileiras, mudanças climáticas alastram as chamas no outro lado do mundo Peter Parks/AFP Lu Sudré As chamas que há meses consomem as florestas australianas inevitavelmente evocam as imagens das queimadas que devastaram a Amazônia em 2019. Enquanto o fogo em território amazônico foi reduzido pela chegada da chuva que cai sobre a floresta neste período do ano, na Austrália, as labaredas se intensificaram em dezembro. Os incêndios na Austrália já atingiram mais de 5 milhões de hectares. Desde setembro, mais de 1.500 casas foram destruídas e ao menos 25 pessoas morreram. Além das vítimas fatais, o

33% das queimadas de 2019 ocorreram em áreas privadas dano causado à fauna é sem precedentes. Ecologistas da Universidade de Sydney e da organização WWF estimam que mais de um bilhão de animais naturais do país, como coalas e cangurus, foram mortos pelo fogo. Com a permanência da onda de calor, ainda não há perspectiva de controle total do fogo. Apenas no estado de Nova Gales do Sul, por exem-

plo, existem 130 focos de incêndios ativos. Origens distintas Rômulo Batista, da campanha de Florestas do Greenpeace, explica que os fatores que causaram os incêndios florestais nos dois países são diferentes e é preciso analisar caso a caso.

“Lá, o que tem sido queimado é floresta tropical seca, completamente diferente da floresta tropical úmida que é a característica da Amazônia. A maioria dos focos de incêndio da Amazônia se deu em áreas ou que foram desmatadas anteriormente ou que estão no arco do desmatamen-

to”, observa. Devido à secura, a vegetação australiana fica mais suscetível às altas temperaturas da região, que chegam a atingir marcas superiores a 40 ºC. “Esse governo, desde sua posse, não se responsabiliza pela anti-política ambiental que assumiu”, critica o porta-voz do Greenpeace. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente entre os meses de agosto e setembro, o fogo consumiu 41.197 km² de floresta amazônica. 33% das queimadas de 2019 ocorreram em áreas privadas, sinalizando que produtores privados “tinham licença para queimar”.


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 10 a 16 de janeiro de 2020

Tribunal Eleitoral da Bolívia convoca novas eleições presidenciais para 3 de maio AMÉRICA LATINA O pleito deve acontecer seis meses após o golpe que forçou o presidente eleito em outubro, Evo Morales, a renunciar Ronaldo Schemidt/AFP Da redação

A

lém de votar para um novo presidente, os bolivianos também vão eleger deputados para a Assembleia Legislativa. O pleito substituirá a eleição de 20 de outubro, vencida por Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS). Diante de atos violentos e pressão de militares, o agora ex-presidente, que está exilado na Argentina, renunciou ao cargo no dia 10 de novembro. Evo Morales e Álvaro García Linera foram reeleitos com 2,8 milhões de

Rodríguez, possível candidato do MAS, aparece à frente nas pesquisas

votos e mais de dez pontos percentuais de diferença em relação ao segundo colocado, Carlos Mesa. O setor mais radical da oposição queria forçar a realização de um segundo turno. Morales aceitou uma auditoria dos resultados e convidou a Organização dos Estados America-

nos (OEA), Paraguai, México, Espanha e as Nações Unidas para acompanhar o processo de revisão. Com a consumação do golpe, a senadora Jeanine Áñez se autoproclamou presidenta, e os partidos representados no parlamento concordaram em cancelar

as eleições de outubro. O MAS, partido de Morales, deve definir seu candidato para o novo pleito eleitoral no dia 19 de janeiro. Pesquisa do último dia 22 de dezembro mostrou Rodríguez, possível candidato do MAS, com 23% das intenções de voto para pre-

sidente, dois pontos percentuais à frente de Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã (CC), que disputou as últimas eleições contra Morales. Já o empresário Luis Fernando Camacho, representante da extrema-direita que liderou o movimento golpista na região de Santa Cruz de La Sierra, tem 16%. ANÚNCIO


Belo Horizonte, 10 a 16 de janeiro de 2020

“O governo deveria se engajar contra mais uma guerra, e não em nos tornar alvo de ataques” CONFLITOS Ana Penido, pós doutoranda em relações internacionais, analisa o quadro geopolítico atual Arquivo Pessoal

Joana Tavares

T

erceira guerra mundial, aumento da gasolina, terrorismo, vingança. São muitos os alarmes e informações desencontradas – ou mesmo falsas – envolvendo a escalada dos conflitos envolvendo Irã e Estados Unidos. Nesta entrevista, Ana Penido, que é bolsista CAPES de pós-doutorado no Instituto San Tiago Dantas (UNESP/PUC-SP/ UNICAMP), traz elementos sobre o contexto dos ataques e lembra: enquanto os EUA assumiram autoria de um ataque de um general em missão diplomática, o Irã reagiu respeitando o direito de guerra, mirando em alvos militares. Confira os principais trechos. Brasil de Fato - Os protestos contra o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani reuniram milhares de pessoas que pedem “vingança” contra os EUA. Na terça (7) o Irã atacou duas bases militares norte-americanas no Iraque. Falar em uma guerra mundial é exagero ou há mesmo esse risco? Ana Penido - Falar em guerra mundial traz à memória do brasileiro a primeira e segunda, com características muito distintas do que se desenha, portanto não acho o termo adequado. Não cabe pensar na guerra total de um Estado contra o outro por enquanto, ou uma invasão americana por terra, como foi no caso do Iraque. A maioria dos analistas foram surpreendidos com a rápida resposta iraniana. Obviamente, os Estados Unidos têm um poder militar muito superior. A tendência é o Irã

“Não cabe pensar na guerra total de um Estado contra o outro por enquanto” adotar um comportamento bem mineiro, comendo pelas beiradas, e sem usar as forças convencionais, típico da guerra irregular. Isso do ponto de vista estratégico. Mas as massas nos funerais empurraram o governo de Teerã para a ação. Soleimani era um militar respeitadíssimo, experimentado em guerras regulares e irregulares, idolatrado pelo povo e visto como um possível sucessor do aiatolá Khamenei. Ele foi morto num voo regular, indo para uma missão diplomática. Ou seja, foi uma emboscada. A resposta do Irã ocorreu dentro dos marcos do direito de guerra, diferente dos EUA, que executou um ataque terrorista. Já há muitos analistas que criticam a decisão dos EUA de assassinar uma figura como Soleimani e aumentar a temperatura do conflito. Por que eles tomaram essa decisão? Minha hipótese é o poder: disputa pelo xadrez geopolítico de EUA (do chamado Deep State, Estado profundo, para além do Trump) com o Irã. Não é petróleo, nem eleição, nem combate ao terrorismo e nem preocupação com conquistas científicas iranianas. Esses são argumentos laterais. Os EUA querem jogar pesado perante uma força iraniana que não para de crescer. Indo mais longe, querem sabotar o restabelecimento de uma ordem que implique num retorno de um Eixo de

Resistência regional ainda mais forte, tirando de Israel o espaço de manobra que havia conquistado com a desordem em seus vizinhos. Esse tipo de atuação não mira só o Irã, mas também desestabiliza a Síria, Iraque, Líbano e palestinos. Mas não parece um cálculo racional do Trump para 2020. Ele parece ter percebido a furada e baixou o tom nas últimas declarações. Há também a discussão sobre o petróleo. Os EUA têm o suficiente, a questão é negar o uso dos outros. A economia dos EUA vai razoavelmente bem, e o ataque azeda negócios. Pensando em economia e prioridades, nos últimos 20 anos, os EUA gastaram 6 trilhões de dólares em guerra. Com esse recurso, daria para acabar com a fome no mundo, com o analfabetismo, ou reverter o aquecimento global. Como você avalia esse convite do governo brasileiro para o país sediar encontro entre aliados militares dos EUA para debater os ataques? É de uma irresponsabilidade sem precedentes na nossa história, pois vai muito além das perdas comerciais. É bom lembrar que o Irã é o quarto maior des-

ENTREVISTA 15 11

Nossos direitos NÃO AGUENTO MAIS RECEBER LIGAÇÕES DE TELEMARKETING! Hoje existe um mecanismo para evitar ligações indesejadas realizadas por empresas de telecomunicação e instituições financeiras. A Agência Nacional de Telecomunicações determinou, em junho de 2019, a criação de uma lista nacional e única de consumidores que não querem receber chamadas de telemarketing com o objetivo de oferecer serviços/empréstimos/cartões. Para cumprir a determinação, a Federação Brasileira dos Bancos e a Associação Brasileira de Bancos, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o INSS, criaram um site -www.naomeperturbe. com.br - em que é possível cadastrar o número de telefone e selecionar de quais empresas e instituições financeiras você não quer receber ligações. O serviço é gratuito e é necessário somente a realização de cadastro no site. O bloqueio funciona a partir de 30 dias da realização do cadastro e vale por um ano. Jonathan Hassen é advogado popular

tino das exportações de alimentos brasileiros. Mas nos colocar como sede de um encontro que não tem a mínima legitimidade internacional; nos transforma em escritório dos EUA, e não há como um país ter respeitabilidade dessa maneira, ou almejar ser um líder regional. Outra grave consequência é que um convite como esse nos coloca como possíveis alvos dos ataques de retaliação. É expor o povo brasileiro a se tornar alvo de ataques internacionais. Isso sim é um crime contra a nossa defesa nacional. Deveríamos era nos engajar politicamente contra mais uma guerra e sermos solidários aos povos do Irã e Iraque, que tiveram suas soberanias violadas. Leia a entrevista completa na página

brasildefato.com.br


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 10 a 16 de janeiro de 2020

ARROZ COM ESPINAFRE Reprodução

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Ingredientes • • • • • • •

2 xícaras (chá) de arroz 2 xícaras (chá) de espinafre 2 colheres (sopa) de cebola ralada 3 colheres (sopa) de azeite 4 colheres (sopa) de queijo minas (meia cura) ralado 1 dente de alho picado Sal a gosto

Modo de preparo 1. Pré-cozinhe o espinafre por dois minutos com uma xícara (chá) de água. Em seguida, transfira para um liquidificador com parte da água do pré-cozimento, bata e reserve. 2. Em uma panela, frite o alho e a cebola, adicione o arroz, misture e refogue. 3. Junte o espinafre batido ao arroz e cubra com a água que sobrou do pré-cozimento. 4. Tempere com sal e deixe cozinhar em fogo baixo com a panela meio destampada. 5. Sirva com o queijo ralado. 6. O tempo de preparo é cerca de 30 minutos e rende seis porções


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FIQUE

BEM

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DE OLHO NA MÍDIA Divulgação

PASSE MAIS TEMPO COM QUEM VOCÊ AMA A correria do dia a dia costuma ser inimiga do encontro. Quem nunca ouviu aquele tal de “vamos marcar”? (Que quase nunca dá certo, no caso). E encontrar amigos e pessoas queridas é fundamental para nossa vida. Conversar, atualizar as novidades, desabafar, ficar junto reforçam os laços de afeto e nos ajudam a não nos sentirmos sozinhos. Sempre que der, faça uma jantinha para aquela pessoa que você gosta. Encontre aquele amigo das antigas que anda sumido, nem que seja rapidinho no horário do almoço. Quanto mais cercado de amor, mais suportável se tornam as coisas insuportáveis.

PEÇA DESCULPAS Reconhecer nossos erros é muito difícil, não é mesmo? Mas repensar nossas atitudes, nosso trato com as pessoas e nosso comportamento ajudam, e muito, a melhorar nossos relacionamentos. Não tenha medo de pedir desculpa! Se errou, engula o orgulho e assuma a mancada. Atitudes honestas, com você e com as outras pessoas, só engrandecem e reforçam o sentimento de amor e amizade.

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Por que a mulher demora muito para atingir o orgasmo na relação sexual? Antônio Augusto, 54 anos, motorista. Nem todas as mulheres demoram para atingir o orgasmo. Na verdade, a mulher pode ter orgasmo rapidamente, se tiver estimulação correta. O que ocorre é que muitas pessoas esperam que o orgasmo feminino virá somente com a penetração vaginal. E esse é o problema, pois 85% das mulheres precisam de estimulação direta do clitóris para chegar ao orgasmo. Essa estimulação pode ser feita manualmente junto com a penetração ou de qualquer outra forma, como o sexo oral, com uso do vibrador etc. Importante lubrificar bem o clitóris antes de tocá-lo, pois ele é muito sensível e se estiver seco pode incomodar e até machucar.

Bolsonaro atacou imprensa 116 vezes Levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que o presidente acumulou o impressionante número de 116 ataques a jornalistas e à imprensa em 2019. Isso quer dizer quase dez agressões verbais todo mês, uma a cada três dias. Os ataques foram de todo tipo. Teve ataque machista, teve tentativa de censura e desmoralização, teve homofobia e muita grosseria. Apesar de todo esse arsenal de violências, a própria mídia comercial não reage à altura e segue pintando uma imagem positiva do presidente. A presidenta da Fenaj, Maria José Braga, avalia que a mídia comercial tem “fechado os olhos para as arbitrariedades desse governo e as ameaças feitas aos seus próprios profissionais”, tudo isso em nome de seus interesses econômicos. “Os veículos hegemônicos de comunicação continuam dando apoio a Bolsonaro porque, apesar de ele atacar inclusive esses veículos, continua implementando a agenda econômica neoliberal que é apoiada pelos grandes veículos de comunicação do Brasil”. É uma pena ver como a imprensa segue dando nó em argumentos, fingindo uma imparcialidade que nunca existiu. Para isso, vale até torturar números e chamar aumento do desemprego de “aumento do empreendedorismo”. Triste ver trabalhadores defendendo com unhas e dentes uma agenda que só interessa aos patrões. Vide a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e várias outras medidas que também atingirão a categoria de jornalistas.

Não tem outro nome: é censura

Cabe ao ministro Dias Toffoli, do STF, julgar a ação da Netflix sobre a permanência no ar do vídeo do grupo de humor “Especial de Natal Porta dos Fundos: a Primeira Tentação de Cristo”. A exibição do vídeo foi suspensa por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que atendeu ao pedido de uma associação católica. A plataforma de streaming reagiu duro: “a decisão proferida pelo TJ-RJ tem efeito equivalente ao da bomba utilizada no atentado terrorista à sede do Porta dos Fundos: silencia por meio do medo e da intimidação”. Sobre o atentado ocorrido no dia 24 de dezembro, o suspeito de ser o comandante, Eduardo Fauzi, continua foragido da Justiça. Ninguém precisa achar graça do especial – aliás, ninguém precisa nem ver – mas tacar bomba e tirar do ar são atitudes muito mais violentas e intolerantes do que uma peça de ficção humorística. Um abraço e até a próxima!

Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br

Joana Tavares– Escreva suas sugestões e impressões para: redacaomg@brasildefato.com.br


14 CULTURA 14

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Literar

Roteiro

despedidas e reencontros Festival de pasteis

Reprodução

Divulgação

breve, após 14 anos fora, voltarei a morar em Minas, onde, paulistano de nascimento, curti o couro por 30 anos, 21 deles em BH, e os 9 primeiros em Três Pontas, ao sul do estado, chão natal de minha mãe e adotivo de outro forasteiro (carioca, no caso), só que este mundialmente famoso: Bituca, ou, como no RG, Milton Nascimento. adaptando o nome de uma das canções que Milton compôs com Fernando Brant, quero reencontros com todos de quem fui separado pelas despedidas, tempão atrás, desde as amizades cheirando a pirulitos Zorro, balas Soft, Mentex, Kichute novo e jabuticabas roubadas em hortas alheias, passando pelas amizades firmadas sob o consumo de outras e nada inocentes porcarias vitais, chegando àquelas pessoas que, embora tenham feito parte das nossas vidas por breves períodos, eternizamos em nossa memória afetiva – e dentre estas últimas, uma em especial farei gosto e questão de reencontrar: a ambulante Dona Ilzinha. nos anos 80, Dona Ilzinha foi uma espécie de santa dos office-boys de BH, pois sabendo que vivíamos duros, donde nossos almoços consistam em salgados baratos (em preço e valor nutritivo), acompanhados de refrescos vagabundos, ela criou o “Pastel Almoço” que, numa massa maior, à guisa de prato, recheava com arroz, feijão, carne moída e alguns legumes e verduras e fritava na hora, na barraquinha montada na Praça Afonso Arinos. de bebidas, alternava laranjadas e limonadas, e o preço do Pastel Almoço e um suco

era menor do que o cobrado por dois salgados e um refresco naquelas lanchonetes furrecas, mas o sabor e a qualidade dos ingredientes, porque caseiros, eram muito melhores e saciavam mais – até porque, além do vidrinho de pimenta caseira, num daqueles açucareiros de botequim, Dona Ilzinha também oferecia farinha aos mais esganados, entre os quais eu me incluía. um dia, numa conversa, nós, os office-boys, concluímos: impossível que Dona Ilzinha tivesse qualquer lucro com a refeição improvisada que criara para nos servir (exclusivamente, aos demais clientes, só mesmo os pastéis clássicos).

do extinto BCN, onde comecei minha carreira de office-boy, e, muitos abraços e reminiscências depois, descobri: Dona Ilzinha continuava vendendo delícias, mas mudara de segmento, de pastéis para docinhos caseiros, que vendia na rodoviária. chegando lá, trocamos ataques de ternura e lágrimas de esguicho, e estas aumentaram quando lhe contei que estava de mudança, ao que reagiu: “Ai, ocê vê se dá notícia, quando puder. Não tive filho, ocês, aqueles meninos da Afonso Arinos, eram que nem filho pra mim”.

A Praça Duque de Caxias, em BH, recebe no fim de semana, dias 11 e 12 de janeiro, a terceira edição do Festival de Pasteis de Santa Tereza. Para agradar os mais diversos paladares, o evento

vai oferecer pasteis doces, veganos, com carne seca, com carne de jaca, grão de bico e, claro, os sabores mais tradicionais. Os preços variam de R$ 2 a R$ 30, e a entrada é gratuita.

Folia de Reis em Contagem Geraldo Tadeu

O 38º Encontro de Folia de Reis do Bairro Industrial acontece no domingo (12) em Contagem. O evento começa a partir das 11h, com um almoço para os foliões, e a abertura está

tal suspeita confirmou-se quando, em 2006, depois de anos sem vê-la, e antes de me mudar para o Rio, procurei-a para me despedir e agradecer pelo carinho e pela solidariedade que eram os principais recheios daqueles seus pastéis.

me abençoou, nos despedimos, e como demorei aANÚNCIO voltar em BH, e ela não tinha celular, perdemos contato, que espero retomar agora, mas não sem desconsiderar que ela, 14 anos atrás, já era uma senhora de idade, então... sei lá – afinal, como bem dizem os versos da citada canção de Milton e Brant, “Tem gente que chega pra ficar / Tem gente que vai pra nunca mais”.

fui à Praça Afonso Arinos, não a encontrei, saí assuntando com antigos comerciantes locais, nada de saber de seu paradeiro, até que, por sorte, reencontrei um ex-vigilante

tomara não, pra gente coNa terça (14), acontece no mer uns pastéis. eu pago, cla- Alto Vera Cruz, em BH, a 47° ro. sobretudo em afeto. edição da Batalha do Posto. Para quem quiser compeZ Carota é tir, as inscrições custam R$ 2, e jornalista e escritor a batalha está marcada para as

programada para as 13h. Após as apresentações das folias, haverá shows. O local é Escola Municipal Maria do Amparo, na rua Prof. Adalgisa C. de Souza, 170.

Batalha de MCs no Alto Vera Cruz

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20h30. O sorteio será feito com os nomes dos MCs e estilos de batalha (Tradicional, Bate e volta, Conhecimento ou Personagens). O endereço é rua Beco do Campo, 70.


ESPORTE

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Novidades dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 Lorena Lemos Uma recente novidade que o ano de 2020 nos trouxe foi o lançamento pelo Comitê Olímpico dos Jogos de Tóquio 2020 dos pôsteres que serão utilizados para divulgar as Olimpíadas e Paralimpíadas elaborados por artistas japoneses. A edição dos jogos Olímpicos acontecerá de 24 de julho a 9 de agosto, já as Paralimpíadas serão de 25 de agosto a 2 de setembro. Outra notícia é a inclusão de modalidades esportivas: nas Paralimpíadas, serão duas: Badminton e Taekwondo; nas Olimpíadas foram incorporados o surf, skate, beisebol/softbol, escalada e karatê. Outra boa notícia é a parti-

cipação das mulheres de nosso país: elas são 80 das 145 classificações da delegação brasileira até agora. Futebol e política se misturam sim Importante destacar o recente pedido do presidente do Comitê Olímpico Internacional, o ex-atleta de esgrima Thomas Bach, para que os participantes não se envolvam com política durante as Olimpíadas. Mas o esporte sempre foi lugar de manifestações. Vamos lembrar alguns casos: nos Jogos Olímpicos do México de 1968, no pódio dos 200 metros, os atletas dos EUA Tommie Smith e John Carlos, em luta contra a discriminação racial, fizeram o

gesto dos “Panteras Negras”. O movimento Democracia Corinthiana, em plena ditadura militar brasileira, foi uma mostra de que é possível gerir um clube com decisões coletivas e ainda protestar nos gramados. Mais recentemente, temos o exemplo do jogador do basquete estadunidense LeBron James, que criticou Donald Trump e usou em um treino uma camisa com a frase “eu não posso respirar”, denunciando o uso excessivo de força da polícia no país. Vamos torcer para que os atletas ignorem as orientações do comitê e nos emocionem não só com medalhas, mas também com consciência e atitude política. ANÚNCIO


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ESPORTES

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Reprodução

DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução

Pedro Lourenço e Alexandre Mattos se desligam do Cruzeiro O proprietário do Supermercados BH, Pedro Lourenço, e o executivo de futebol, Alexandre Mattos, se desligaram do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro, nesta quinta-feira (9).

Lourenço manifestou insatisfação com a pouca autonomia que tinha no clube. Já Mattos, que participaria da direção celeste por 45 dias a convite de Lourenço, mas ficou apenas quatro, comu-

nicou sua saída logo após o desligamento do empresário. O executivo auxiliou o clube nas negociações envolvendo Fabrício Bruno, Orejuela, Henrique, Egídio e Marquinhos Gabriel.

Gol de placa

“Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas, mas diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo?” Jéssica Senra, jornalista, criticando a possível contratação do goleiro Bruno pelo time Fluminense de Feira, para disputar o Campeonato Baiano em 2020.

Ano novo, artilheiro velho: no primeiro jogo da temporada, Cristiano Ronaldo meteu três gols na goleada da Juventus sobre o Cagliari, 4x0. O time da Sardenha era o único clube italiano em que CR7 ainda não havia feito pelo menos um gol.

Gol contra O ano de 2020 começou com a extinção do Bragantino, tradicional clube de futebol do interior paulista. Comprado pela multinacional Red Bull, o time de Bragança Paulista passou a se chamar Red Bull Bragantino, dando adeus a seu símbolo e suas cores preta e branca.

Novas contratações

Apreensão e esperança

O buraco tem fundo?

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Gustavo Silveira Gomes

Como era de se esperar, o América se movimentou pouco no mercado, o que não é necessariamente ruim. Do time titular que terminou a Série B em quinto lugar no ano passado, a equipe não vai contar com apenas quatro jogadores: o zagueiro Ricardo Decacampeão Silva, o volante Júnior Maranhão e os atacantes Felipe Azevedo e Júnior Viçosa. Os sete jogadores que foram contratados são relativamente desconhecidos, mas isso não quer dizer que não possam se dar bem no Coelho. Em outros momentos, atletas vieram de clubes menores e se destacaram para o futebol no América, como o meia Rodriguinho, o atacante Richarlison, o goleiro João Ricardo e o zagueiro Vitor Hugo. Se bem feitas, contratações simples podem resolver grandes problemas.

Finalmente com um treinador, o venezuelano Rafael Dudamel, o Atlético, neste início de temporada, tem mais duas novidades para 2020: o meia-atacante Hyoran, que atuou pelo Palmeiras, e negocia com o volante Allan, do Vasco. E estão em andamento os retornos É Galo do zagueiro Gabriel, do doido! atacante Edinho e do lateral-esquerdo Danilo Barcelos. No fim das contas, nem compensariam as dispensas e desligamentos. Veremos como o técnico vai se virar neste início de caminhada no comando, pois o Campeonato Mineiro começa em menos de duas semanas e outros desafios virão por aí. Já saíram Chará, Luan, Leonardo Silva, Elias, Vinícius, para citar alguns, e outros estão na berlinda. Ou seja, é caso de apreensão e esperança, não necessariamente nesta ordem.

Um novo ano começou, mas a enxurrada de problemas no Cruzeiro parece estar longe do fim. O “Conselho de Notáveis”, que surgiu como solução para a crise celeste, está se desfazendo sem apontar saídas e deixando a situação ainda mais caótica. Não era La Bestia Negra para ser diferente, pois todos os integrantes do tal conselho não têm experiência com futebol e parecem querer apenas os holofotes que o Cruzeiro garante. As informações que chegam à torcida mostram que o clube virou uma terra arrasada, manchando nossas páginas heroicas. A apreensão do torcedor aumenta quando ele olha para o campo e não faz a menor ideia do time que disputará o Campeonato Mineiro. O Cruzeiro necessita de uma ampla – e urgente – reformulação ou nosso centenário será ainda mais amargo.

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