Pensão é só para filhos menores? Advogado popular explica quanto vale o auxílio, quem tem direito e o que fazer para ter acesso VARIEDADES 11
Me faça força Trecho da oração para tempos difíceis: "Se eu nada tiver de positivo a dizer, adormeça a minha língua" CRÔNICA 14
MG Minas Gerais
Brasil piora nota em corrupção Com Bolsonaro, país teve pior índice dos últimos oito anos BRASIL 9
Tumulto na matrícula
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro • edição 314 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
UM ANO DEPOIS, PROJETOS DE MINERAÇÃO AGUARDAM APROVAÇÃO NO SENADO
Joka Madruga
Mudanças de Zema no sistema causam transtornos na vida de pais e alunos MINAS 4
Micose? Saiba como evitar Confira dicas simples para prevenir e amenizar coceiras causadas por fungos FIQUE BEM 13
Namoradinha do fascismo Nomeação de Regina Duarte para Secretaria de Cultura reforça descaso com o setor. Artigo de João Paulo Cunha OPINIÃO 2
BRUMADINHO Nos marcos do primeiro ano do crime, leia também: Ministério Público denunciou Vale e 17 pessoas à Justiça. Atingidos da bacia do Paraopeba e do Rio Doce apresentam mesmos sintomas. Vale define de maneira aleatória que integrantes da família recebem auxílio. Marcha de atingidos percorre 300 km e para trens por direito ao luto
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Opinião
Namoro, noivado e divórcio João Paulo Cunha
ESPAÇO DOS LEITORES
“Para eles pode morrer 300, 500 que tudo segundo a concepção deles vale a pena. Não serão punidos pela incompetência de quem permite isso e ainda vão continuar ganhando milhões” Rosí Bavaresco comenta a capa da edição 313, com o nome das 272 vítimas do crime da Vale em Brumadinho “Em busca de justiça(s)” Maria Olga Lima comenta a matéria “Atingidos pela barragem da Vale marcham de BH a Brumadinho” “Preservação já” Cleise Soares escreveu sobre a matéria “População cobra que Kalil cumpra promessa de campanha de preservar Mata do Planalto”
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
Regina Duarte já foi chamada de “namoradinha do Brasil”. Atualmente está noivando com o governo Bolsonaro, que ela apoiou na primeira hora e agora a convida para assumir a secretaria especial de Cultura. O passo seguinte é afirmar seu divórcio com a democracia e a cultura. No que diz respeito ao divórcio anunciado, ela se afasta da democracia ao considerar o presidente uma “pessoa doce”, exatamente nas ocasiões em que ele se manifesta de forma mais autoritária e preconceituosa. Da cultura ela se separa de maneira definitiva ao defender
Regina Duarte representa o projeto autoritário, independente de sua trajetória profissional e personalidade corte de verbas para a área, na contramão do movimento histórico de luta pela valorização do setor. É possível ainda recuperar várias atitudes da atriz nos últimos anos, como o apoio ao armamento da população, a ligação com o setor mais atrasado do ruralismo brasileiro, a participação destacada em passeatas pró-golpe, o empréstimo de sua voz para criar uma atmosfera artificial de medo em várias eleições. A seu favor há um histórico de combate à censura nos anos 1980,
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
que, no entanto, não se mostra igualmente vivo no cenário atual de intensa perseguição à liberdade de manifestação artística e de imprensa. Admirada pelo público, a atriz surge no atual panorama da crise da cultura como uma alternativa à lambança operada por Roberto Alvim, que manifestou de forma explícita a inspiração nazista que sustentava nas sombras o projeto cultural de Bolsonaro. O ex-secretário não caiu por suas ideias, mas pela forma infame como as explicitou. A atriz chega com a tarefa de manter o roteiro, mas mudar a direção de cena. O autor da peça continua o mesmo. Não se trata apenas de trocar a figura da cabeça do sistema, mas de questionar a funcionalidade de suas peças. Muda-se para permanecer do mesmo jeito. A namoradinha chega em meio à disputa ideológica que pode até substituir alguns dirigentes, mas que conta com sua completa submissão ao projeto em andamento e inépcia administrativa assumida. Há hoje no Brasil um perigoso incentivo à conciliação de universos inconciliáveis. Não há como conciliar com estratégias francamente destrutivas, como as que têm sido apresentadas ao setor cultural: censura, dirigismo, filtros, autoritarismo, anti-intelectualismo, preconceito, discriminação, doutrinação ideológica, religiosa e comportamental. Regina Duarte representa esse projeto, independentemente de sua trajetória profissional e personalidade. Que tenha uma vida dura pela frente. É o que de melhor se pode desejar aos fascistas.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 35 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
foto da semana
GERAL
Problemas no ENEM
Os erros na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) atingiram quase todos os estados brasileiros. Mas 95% dos problemas ocorreram em três municípios de Minas Gerais – Viçosa, Ituiutaba e Iturama – e um na Bahia – Alagoinhas. O
assunto viralizou nas redes sociais, especialmente o caso de uma estudante que teve sua identidade trocada e foi desclassificada. Ela usou a hashtag #inepdevolveanotadarebecca para conseguir contato com a instituição. Tristes tempos.
Cursos gratuitos Foto de Jenny Cardoso, que ganhou o primeiro lugar do Prêmio de Fotografia do Vale do Jequitinhonha. A premiação aconteceu durante o 9º Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, dia 18 de janeiro, em Araçuaí.
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Se você é aluno do ensino médio, estuda em escola pública e tem mais de 15 anos, se liga nessa oportunidade. A Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) está com 150 vagas abertas para os cursos técnicos em Análises Clínicas, Enfermagem, Eletrônica, Informática, Segurança
do Trabalho e Sistemas de Transmissão. Os estudantes selecionados receberão assistência, com auxílio para transporte e alimentação. Os cursos duram 18 meses e as aulas acontecem à tarde. As inscrições ficam abertas até dia 31 de janeiro. Mais informações no site: utramig.mg.gov.br.
Declaração da Semana “Parabéns, força e vida longa, MST!
Tuitou o músico Emicida, no dia 21 de janeiro, data do aniversário de 36 anos do movimento de luta pela terra.
Divulgação
Julia Rodrigues/ Divulgação
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CIDADES
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Tumulto, espera e erros marcam processo de matrícula na rede estadual de ensino EDUCAÇÃO Pais e especialistas temem que problemas gerados com processo online reflita em aumento na evasão escolar SES-MG
Amélia Gomes Alunos direcionados para escolas distantes de suas casas, irmãos mandados para instituições diferentes, estudantes que não conseguem se matricular e podem ficar sem vaga. Essa está sendo a realidade das matrículas na rede estadual de ensino em Minas Gerais. Na segunda-feira (20) foi divulgada a primeira lista de seleção dos estudantes que tiveram sua pré-matrícula concluída. O documento, que estava previsto para ser publicado na se-
Caos no sistema de matrículas teve início no ano passado
mana anterior, indica em que escolas os alunos devem se matricular. A matrícula presencial nas instituições é mais uma etapa do processo que pais e estudantes estão tendo que enfrentar para garantir uma vaga na rede de ensino. Com a divulgação da pri-
meira chamada, pais e alunos enfrentam mais um transtorno. O diretor estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), professor Paulo Grossi, relata que em Viçosa a situação é preocupante. “Algumas escolas, que antes
abrigavam muitos alunos, agora estão com número baixo de matrículas. Isso vai gerar problema para as famílias que muitas vezes não têm como pagar o transporte dos filhos. Além disso, os professores também vão ser prejudicados, porque se não tem mais aluno para dar aula, vão ser dispensados”. A segunda lista de chamada para as matrículas está prevista para ser divulgada no dia 2 de fevereiro, a apenas uma semana do início do ano letivo. O caos no sistema de matrículas teve início no ano passado, quando o governador Romeu Zema (Novo) implantou a obrigatoriedade da renovação das matrículas de todos os alunos da rede. Com a determinação, todos os estudantes tiveram que se cadastrar em um sis-
tema online. Especialistas já previam os prejuízos para os pais e os alunos. Como criticou a presidenta do Sind-UTE/MG, Denise Romano. “É um concurso, como se você se candidatasse a uma vaga e você corre o risco de não ser contemplado. Então, não é para todos. É a negação da escola como política pública. O Estado precisa ofertar, e não fazer concurso para ver quem consegue competir para entrar na escola”, denunciou Denise Romano. O especialista em educação Heli Sabino de Oliveira avalia que todo o transtorno causado com o processo de matrículas desestabiliza não só a rede de ensino. “Isso impacta diretamente a vida das famílias, o desgaste emocional, a ansiedade com a resolução ou não da situação”, afirma.
Vagas remanescentes após início do ano letivo É o caso, por exemplo, de Liliam Patrícia. Ela passou toda a segunda-feira andando por Belo Horizonte para tentar resolver o problema da filha, que neste ano entraria para o ensino médio. O formulário de pré-matrícula da aluna está com um erro. O endereço que consta não é o mesmo de sua residência e por isso ela não consegue efetivar a matrícula. Desesperada Liliam procurou a Superintendência Regional de Educação da Região Metropolitana. Lá, foi informada que o único que poderia fazer era esperar a abertura das vagas remanescentes para tentar rematricular a filha,
Cláudia Oliveira
já que não é possível corrigir o erro do formulário online. O prazo para abertura das vagas remanescentes é o mesmo do início do
ano letivo, 10 de fevereiro. “Estou andando o dia inteiro, indo de escola em escola para ver se consigo uma vaga. Me falaram que se eu
não matricular minha filha em uma escola, o Conselho Tutelar vem na minha porta. Mas eu estou tentando e não consigo. O que eu posso fazer?”, questiona. Qual a orientação para os pais? O Sind-UTE/MG orienta que os pais que se sentirem prejudicados ou insatisfeitos com o processo procurem o Ministério Público para fazer uma denúncia. Além disso, diversas subsedes do Sind-UTE têm organizado manifestações para denunciar a situação. Por meio da página na internet, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) infor-
ma que para efetivar a matrícula dos alunos selecionados na primeira chamada, os pais, responsáveis ou alunos com 18 anos ou mais devem comparecer presencialmente à escola indicada entre os dias 20 e 27 de janeiro. A segunda lista da chamada será publicada no dia 2 de fevereiro. Mas, de acordo com a Secretaria, “todos que fizeram a pré-matrícula terão a vaga garantida na rede estadual para o ano letivo que começa em 10 de fevereiro. A Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) garante que nenhuma pessoa ficará sem vaga nas escolas estaduais”.
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BRASIL
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Atingidos apresentam sintomas semelhantes nas bacias do Rio Doce e Paraopeba SAÚDE Frente aos problemas de pele, náuseas e dores causados pela água contaminada, atingidos propõem plano de ação Joka Madruga
queixam de dores fortes na barriga, diarreia, náuseas e manchas na pele. “Eu já fui internada com esses sintomas, não só eu, mas meu filho e meu sobrinho, porque a gente toma a mesma água e todo mundo sente a mesma coisa”, descreve.
Larissa Costa
A
tingidos das bacias do Rio Paraopeba e do Rio Doce debateram os problemas de saúde da população atingida pelos rompimentos de barragens da Vale em Brumadinho e da Samarco (Vale/BHP) em Mariana, na quarta (22) em Juatuba, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os diversos relatos apresentados apontam para os mesmos sintomas: coceiras e infecções na pele, diarreias, queda de cabelo, aumento nos índices de abortos espontâneos, gastroenterite, disfunções cardíacas, além de questões psicológicas, como depressão, ansiedade e insônia. Na bacia do Rio Doce, segundo José Geraldo Martins, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), esses sintomas foram catalogados pelos órgãos de saúde nos últimos quatro anos, desde que a barragem de
Fundão rompeu em Bento Rodrigues. A medida encontrada pelos atingidos, e recomendada pelo Ministério Público, é a readequação dos Planos Municipais de Saúde. “A população começou a apresentar diversos problemas de saúde após a lama. A nossa atuação junto às instituições levou à necessidade de adequar o plano de ação da saúde, para quando um atingido chegar no posto, o médico ter em mente que os problemas podem ser decorrentes da inalação da poeira, da contaminação do rio, do consumo de alimentos contaminados por
População passou a apresentar diversos problemas de saúde após a lama
causa da água do rio”, explica. Márcia Maria Lima, também militante do MAB, é atingida e moradora de Colatina, no Espírito Santo. Ela conta que, na cidade, que possui cerca de 130 mil habitantes, aproximadamente 90 mil pessoas foram atingidas diretamente, uma vez que a contaminação da água pelo rejeito prejudicou o abastecimento na cidade. “Eu fiquei internada com gastroenterite duas vezes. Na minha casa, minha nora sofreu dois abortos, um de três meses e outro de cinco meses. Quando eu fui rodar nas comunidades, vi que o povo todo está passando por isso”, comenta. Apesar de ainda não terem sido sistematizados os sintomas provenientes da lama que saiu da barragem da Vale em Córrego do Feijão, moradoras de Juatuba relatam situações parecidas. Canaã da Silva Farias, que é auxiliar de cozinha, conta que ela e seus familiares se
Promotoria de MG denuncia Vale e 16 pessoas pelo crime socioambiental de Brumadinho O Ministério Público de Minas Gerais denunciou à Justiça, na terça-feira (21), por homicídios duplamente qualificados, o ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman, 11 funcionários da mineradora e cinco da empresa de certificação, testes e inspeções Tüv Süd. Ambas as empresas também foram denunciadas pelo rompimento da barragem I da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), da mineradora Vale, que matou 272 pessoas e contaminou o rio Paraopeba. O crime socioambiental, pelo qual todos também responderão, e que prejudicou pescadores e deixou a população de várias localidades sem seu meio de subsistência, completa um ano no dia 25. A denúncia foi oferecida à 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
Marcha dos atingidos por barragens “Vale assassina!”. Com essas palavras, atingidos por barragens das bacias do Rio Doce e Rio Paraobepa, organizados no Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), iniciaram, na segunda-feira (20), uma marcha nacional de 300 quilômetros, partindo de Belo Horizonte rumo a Brumadinho (MG). Na segunda, os atingidos passaram pelo prédio do Tribunal de Justiça e da Agência Nacional de Mineração e depois partiram em direção a Pompéu (MG). Depois, seguiram para Juatuba, Betim, São Joaquim de Bicas e Pará de Minas. Nesses locais, o movimento debateu os direitos dos atingidos, a segurança, a contaminação da água e a saúde. Chegam a Brumadinho no dia 25. Na sexta-feira (24), a Frente Brasil Popular realiza um ato que marca um ano do crime da Vale, com a presença do ex-presidente Lula, em Citrolândia, Betim (MG). No sábado, 25, data de aniversário do crime, acontece a 1ª Romaria pela Ecologia Integral em Brumadinho, organizada pela Arquidiocese de Belo Horizonte.
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MINAS
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Vale impõe critérios distintos para auxílio emergencial de membros da mesma família CRIME Mineradora define de maneira aleatória quais integrantes das famílias têm direito à medida mitigatória em Brumadinho Guilherme Weimann
“Tive que tirar o gado de lá. Agora, estou pagando aluguel de outras terras pras vacas pastarem. Eu recebi auxílio, minha esposa recebeu, mas meu filho ainda não, não sei porquê. Toda a documentação que eles pediram eu levei”, afirma Leandro.
Por direito ao luto, atingidos trancam linha de trem da Vale Guilherme Weimann
Diminuição do auxílio emergencial Alexandre Magela é casado e tem duas filhas, no entanto, só esposa recebe direito. Nem ele e nem as meninas foram atendidos pela empresa
Guilherme Weimann
L
ogo após o rompimento da barragem de rejeitos do Complexo Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, uma das medidas que a mineradora Vale S.A. aceitou para reparar atingidos ao longo da Bacia Paraopeba foi o pagamento de um auxílio emergencial – de um salário mínimo para adultos, 50% para adolescentes e 25% para crianças. O direito, porém, não foi para todos os que tiveram suas vidas modificadas após a tragédia. Alexandro Magela de Oliveira, 37 anos, é morador do Assentamento Queima Fogo, na área rural do município de Pompéu, que é banhado pelo rio Paraopeba. Agricultor familiar, Alexandro produz cerca de 160 litros de leite por dia. Antes do rompimento, completava a renda familiar com a venda de queijo, ovos e outros produtos derivados da produção para turistas e donos de chácaras de férias. Com o rompimento, o turismo foi interrompido, e,
por consequência, sua fonte de renda. O rebanho da família passou a depender da água oferecida pela Vale por meio de caminhões-pipa que, semanalmente, descarregam na comunidade. Esse é, portanto, o único “subsídio” que o atingido recebeu até hoje da mineradora. A mesma situação ocorre com suas duas filhas, Alexandra de Oliveira (9) e Giovana de Oliveira (7), que também não foram contempladas pela medida mitigatória do auxílio emergencial. Entretanto, a esposa de Alexandro, que vive sob o mesmo teto que o marido e as filhas, recebe o auxílio. Tatiane de Menezes de Oliveira, 30 anos, é uma das 108 mil pessoas contempladas mensalmente pela medida desde o rompimento. De acordo com Alexandro, a disparidade apenas evidencia a falta de critérios da mineradora no oferecimento do serviço. “Eu vejo de uma forma negativa, porque só minha esposa recebe. Nós to-
O turismo foi interrompido, e com ele, a fonte de renda dos temos o direito. Não só eu, como as minhas meninas. Na minha família, tem meu sobrinho que não recebeu e é atingido também. Muita gente na comunidade não recebeu nada”, relata. O agricultor não foi informado pela Vale sobre os motivos da diferenciação do recebimento do auxílio. Caso semelhante ocorre na família de Leandro Magela de Oliveira, de 42 anos, primo de Alexandro. Sua propriedade, localizada dentro do mesmo assentamento, beira 300 metros do Rio Paraopeba. Também produtor de leite, Leandro deixava suas 42 cabeças de gado soltas para beber água do rio. Apesar disso, a mineradora negou direito ao auxílio para seu filho, Marcos Leandro Gonçalves Oliveira, de 13 anos.
Além dos casos de negação ao direito emergencial, a partir do dia 25 de janeiro deste ano, quando o rompimento da barragem em Brumadinho completa um ano, a Vale cortará pela metade o valor dos auxílios dos atingidos que não vivem na chamada “zona quente” - área que abarca as comunidades de Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira, Alberto Flores, Cantagalo, Pires. Entre 93 e 98 mil pessoas que vivem em outros locais ao longo do Rio Paraopeba passarão a ter seus benefícios divididos ao meio por mais dez meses. Com isso, adultos receberão apenas 50%, adolescentes 25% e crianças 12,5% do salário mínimo. É importante lembrar que a renda de grande parte da população afetada ainda não retomou os mesmos valores do período anterior ao rompimento.
Renda dos atingidos ainda não retornou
Às vésperas de completar um ano do crime da Vale em Brumadinho, cerca de 350 atingidos fecharam a linha férrea da Vale na cidade de Mário Campos, região metropolitana de Belo Horizonte, a 15 km de Brumadinho. Os manifestantes exigem que a mineradora paralise toda a circulação de minério ao longo do próximo sábado (25) - data que marca um ano do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho - como forma de respeito à memória de todas as vítimas. A ação, que durou toda a manhã, foi organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que entregou um ofício à empresa MRS, responsável pelo gerenciamento das linhas férreas na região.
OPINIÃO
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Lula Marques
Leonardo Koury
Bolsa Família: o início do fim
Denúncia não é contra Glenn, é contra a liberdade de imprensa O Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal (DF), em Brasília, fez uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, acusando-o de participar das ações que interceptaram e hackearam mensagens de membros da Lava Jato. O fato não só é lamentável, como também gravíssimo. A acusação se desmonta em uma primeira análise, porque as provas que o Procurador diz ter – e que foram expostas por ele – mostram exatamente a inocência do jornalista Glenn, que em momento nenhum participou da ação. A única coisa que ele fez foi, como jornalista, ao tomar conhecimento – dentro do que determina a legislação brasileira –, divulgar estes fatos para o conhecimento geral da população. Lamentavelmente não é a primeira acusação infundada. Esse procurador é o mesmo que recentemente apresentou denúncia inepta contra o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a qual foi barrada pelo Poder Judiciário. Agora, o ato do MPF não é somente contra Glenn, é contra a liberdade de expressão e de imprensa. O objetivo é amedrontar, calar e paralisar as pessoas. Diante desse fato absurdo e gravíssimo, inúmeras entidades representativas do segmento jurídico, dos jornalistas e dos setores democráticos publicaram notas, não só de solidariedade ao jornalista, mas também repudiando esse fato absurdo e despropositado e a atitude parcial do membro do MPF do DF. Enquanto eles publicam e fazem ações despropositadas e ditatoriais, a equipe econômica segue surfando Brasil e mundo afora. Neste momento, o ministro da econo- Fato é mia do Brasil está em Davos dizendo que o combate à lamentável e corrupção deve ser feito a partir de uma privatização gegravíssimo ral no Brasil. E preciso reagir dialogando, mobilizando e conscientizando o povo. Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB.
Leonardo Koury é professor, assistente social, conselheiro do Conselho Regional de Serviço Social e militante da Frente Brasil Popular.
ACOMPANHANDO
Vanessa Grazziotin
Seria o início do fim? A transferência de renda, um direito social denominado como Programa Bolsa Família, tem uma enorme importância na vida não apenas dos seus beneficiários, mas para a economia em todo o país. Seu público-alvo são mulheres pobres, a maioria negras, crianças, adolescentes e idosos. Frutos de toda uma desigualdade histórica no Brasil. A queda de novas famílias beneficiárias e o cancelamento de centenas de milhares de cadastros, todos os anos, tem uma explicação objetiva. Entre os principais fatores da queda do Programa Bolsa Família está a Emenda Constitucional 95, que não permite o aumento do orçamento para as políticas sociais, e o baixo investimento na área social. Sintomas do modelo conservador e neoliberal que se encontra no governo federal desde o golpe de 2016. Com o aumento do desemprego, a ampliação da miséria e da fome, quem perde é toda a população brasileira. Mas quem ganha com o fim do Bolsa Família? Os ricos, pois sobrarão mais recursos públicos para empréstimos e investimentos privados. A transferência de renda é Quem ganha um direito. Em especial no sis- com o fim do tema econômico capitalista, Bolsa Família? que atende, apenas para quem tem dinheiro, às necessidades de alimentação, moradia, vestuário e transporte. Caso contrário, sobra a morte. É hora de realmente lutar pelos nossos direitos. Não é justo depois de tantas conquistas deixar as milícias transformarem tudo em apenas palavras escritas na história da democracia. Lutar, resistir e avançar são ordens frente ao caos imposto!
Na edição 308... O que é o juiz das garantias, que dividiu Moro e Bolsonaro no pacote “anticrime” E agora... Fux suspende a criação do juiz das garantias O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, nessa quarta-feira (22), a criação do juiz de garantias em todo o país por tempo indeterminado. A decisão revoga determinação anterior do ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, que havia prorrogado por seis meses a instituição da figura no meio judicial. O juiz de garantias é considerado um avanço na legislação “arcaica” do Brasil e foi introduzido no projeto anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, por emenda do deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ). O juiz de garantias é a figura responsável exclusivamente por acompanhar o andamento do processo, sem poder participar do julgamento.
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BRASIL
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Que projetos avançaram para evitar novos crimes ambientais como o de Brumadinho? LEGISLAÇÃO Conheça os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional sobre mineração e barragens Felipe Werneck /Ibama
Pedro Rafael Vilela*, de Brasília (DF)
U
m ano após o rompimento da barragem I da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), propriedade da mineradora Vale, o Brasil ainda não conta com uma legislação mais rigorosa para prevenir que novos crimes socioambientais como esse ocorram no país. Como forma de aumentar a responsabilização de empresas que constroem barragens, elevando a segurança das populações que vivem nas proximidades, a Câmara dos Deputados aprovou, ao longo do ano passado, quatro projetos de lei sobre o assunto. Para que entrem em vigor, no entanto, essas proposições ainda precisam ser aprovadas no Senado Federal e, em seguida, serem sancionadas pelo presidente da República. “A legislação brasileira é frouxa com as mineradoras e com a proteção do meio ambiente e isso precisa mudar. Várias dessas propostas já vinham desde o rom-
pimento [da barragem] de Mariana [2015], mas a pressão e o lobby das mineradoras é muito forte. Só este ano, por exemplo, a Vale está pretendendo distribuir mais de R$ 7,2 bilhões em dividendos para os seus acionistas. O principal acionista da Vale é o banco Bradesco. Então, para ela [Vale], só interessa exportar, sem segurança para as pessoas, com barragens baratas, sem indus-
Quatro projetos aprovados pela Câmara aguardam aprovação do Senado trializar, sem dar às pessoas condições de usar as ferrovias privatizadas e comprando aço caro do exterior”, afirma o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que foi o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o crime socioambiental de Brumadinho.
Em novembro, por unanimidade, a CPI aprovou a sugestão de indiciamento da Vale e da empresa de certificação alemã Tüv Süd (que atestou a segurança da barragem) e de 22 pessoas pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão. Já esta semana, foi a vez do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) oferecer denúncia contra o ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman, 11 funcionários da mineradora e outros cinco da Tüv Süd. Eles vão responder por crimes como homicídios duplamente qualificados. Caberá à 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte abrir ou não o processo criminal contra os envolvidos. A expectativa é que os PLs aprovados na Câmara também passem pelo Senado. As proposições estão paradas há cerca de quatro meses, mas devem ser retomadas com a volta dos parlamentares após o recesso legislativo, em fevereiro. Saiba mais sobre o que propõem os projetos de lei aprovados na Câmara dos Deputados ao lado.
ECOCÍDIO O Projeto de Lei nº 2.787/2019, aprovado em junho do ano passado, passou a tipificar na legislação o crime de ecocídio. Definido como causar desastre ecológico por contaminação ou rompimento de barragens. Segundo o projeto, o crime ocorre quando as pessoas, isso inclui diretamente os dirigentes de empresas, derem causa ao desastre ambiental com destruição significativa da flora ou mortandade de animais. O texto prevê pena de reclusão de 1 a 12 anos.
DIREITOS DOS ATINGIDOS Também em junho do ano passado, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2.788/2019, que institui a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB), listando os direitos dessas pessoas. A proposta especifica, por exemplo, que as empresas mineradoras deverão custear um programa de direitos desses cidadãos, incluindo políticas de saúde, saneamento ambiental, habitação e educação dos municípios.
DEFESA CIVIL A Câmara aprovou o Projeto de Lei 2790/2019, que reformula o Estatuto de Proteção e Defesa Civil, obrigando as mineradoras a incorporarem a análise de risco ao projeto antes de implantá-lo, incluindo a elaboração de plano de contingência para atividades com risco de acidente ou desastre e realização de simulações periódicas com a população em risco.
SEGURANÇA DE BARRAGENS Outra proposição que aguarda aprovação do Senado é o PL 2.791/2019, que altera normas da Política Nacional de Barragens e do Código de Mineração para tornar mais seguros os empreendimentos minerários. Também aumenta o valor das multas, que pode chegar a R$ 1 bilhão, e especifica obrigações dos empreendedores, incluindo a proibição da barragem a montante, o mesmo tipo que ocasionou tanto o desastre de Brumadinho (2019) e Mariana (2015). E exige a retirada de todo o material depositado nas atuais barragens.
OUTROS PROJETOS Ainda em tramitação na Câmara, há outros dois projetos relacionados à questão da mineração. Um deles estabelece regras para o licenciamento ambiental de empreendimentos minerários. Essa medida tramita de forma paralela ao PL 3.726/2004, que estabelece uma lei geral de licenciamento ambiental. A outra medida é uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reinstitui a cobrança do ICMS sobre bens minerais primários e produtos semielaborados derivados de bens. Desde a aprovação da Lei Kandir, a exportação de produtos primários agrícolas e minerais é isenta de pagamento de ICMS, um imposto estadual. *Com informações da Agência Câmara
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Com Bolsonaro, Brasil cai uma posição e tem pior nota no combate à corrupção
São muitas as informações a respeito do dietilenoglicol. Para esclarecer, conversamos com o médico Adebal Andrade, coordenador do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Brasil de Fato: Essa é a primeira vez que acontece intoxicação por dietilenoglicol no Brasil?
A
pesar do discurso de combate à corrupção, o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não apresentou melhora nesse índice. De acordo com o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2019, com apenas 35 pontos, o Brasil teve o pior resultado desde 2012. O país está atrás de países como Sri Lanka, Vietnã, Timor Leste, Etiópia, Arábia Saudita e Colômbia. Com essa pontuação baixa, o Brasil caiu mais uma posição em uma lista de 180 países, indo para o 106º lugar, a pior colocação desde o início da série histórica, em 1995. Em 2018, o país já
havia perdido dois pontos e caído nove posições. Nas primeiras cinco posições estão Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura e Suécia. Produzida pela Transparência Internacional, a avaliação se dá em 180 países, cuja escala vai de 0 a 100. Quanto mais próximo de 0, mais o país é percebido como altamente corrupto; mais perto de 100, o país é percebido como muito íntegro.
Brasil caiu para 106º lugar numa lista de 180 países
Para a organização, em 2019, não houve aprovação de reformas no Congresso Nacional que de fato levassem à raiz do problema da corrupção. Ao contrário, foram “poucos avanços e retrocessos em série” que marcaram o ano anterior. Como exemplo, a organização cita “um aumento das tentativas de interferência política do Palácio do Planalto nos órgãos de controle” como o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje conhecido como Unidade de Inteligência Financeira (UIF), e “substituições polêmicas na Polícia Federal e Receita Federal e nomeação de um Procurador-Geral da República fora da lista tríplice”.
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Caso Backer: médico responde dúvidas sobre intoxicação por dietilenoglicol
Raíssa Lopes
Redação
BRASIL
Adebal Andrade: É uma intoxicação extremamente rara no mundo inteiro e aqui não existiam relatos de casos de intoxicação. É possível identificar o dietilenoglicol nas bebidas que consumimos? Tem algum cheiro ou cor?
Não. O dietilenoglicol não tem sabor e é sem cor, como a água. A única característica é que é uma substância extremamente doce. E o que ela causa no corpo?
É uma substância muito tóxica. No trato gastrointestinal, causa náuseas, vômitos e muitos pacientes queixam-se de dor abdominal. Ela provoca cólica abdominal e dor também na região lombar. Essa é a primeira fase. Alguns dias depois, começa o comprometimento
dos rins. O volume da urina diminui. Aí se instala um quadro de insuficiência renal. Essa é a terceira fase. A terceira fase, acontece entre o 8º e 12º dia, é o comprometimento do sistema neurológico. Essa fase geralmente está relacionada à ingestão de maior quantidade do dietilenoglicol, mas mesmo tendo ingerido uma pequena quantidade, pode apresentar manifestações. A partir daí gera uma fraqueza muscular generalizada, membros superiores; região cervical; olhos; dificuldade para deglutir, respirar e fraqueza de membros inferiores. Então, se uma pessoa ingeriu pouca quantidade, ela pode apresentar sintomas?
É pouco provável. Há uma divergência, autores dizem que a quantidade mínima para esses problemas é 1 mililitro da substância pura por quilo. Além da dose ingerida, há, ainda, algo relacionado à resposta do organismo do indivíduo. O antídoto é mesmo o álcool?
Sim, o etanol, o álcool comum. É administrado por via intravenosa, um procedimento delicado e precisa ser feito em ambiente hospitalar.
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Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
Agricultores da Índia protestam contra presença de Bolsonaro no país
Partido de Evo Morales anuncia candidato à presidência da Bolívia Fotos públicas
Bhavreen Kandhari
Redação
Da redação rodutores rurais indianos lançaram, no último fim de semana, uma campanha contra a presença de Jair Bolsonaro nas comemorações do Dia da República da Índia, que devem acontecer no dia 26 de janeiro.
expostas sobre as áreas de cultivo. O objetivo da campanha é exigir a retirada do convite feito a Bolsonaro pelo governo indiano para participar da comemoração. “Nosso protesto também será uma ação de solidariedade em apoio ao povo brasileiro, que protesta contra seu regime corrupto e repressivo”, afirmou a federação em nota.
ANÚNCIO
25 DE JANEIRO DE 2020 UM ANO DO CRIME DA VALE S.A. EM BRUMADINHO tar de Inquérito (CPI) da en m rla Pa ão iss m Co a , 19 No ano de 20 deputada estadual, Beatriz a al qu da o, inh ad um Br da Barragem de na investigação do crime ou atu r, ula tit o br em m é Cerqueira, sassinou 272 pessoas. Vale S.A., mineradora que as
que o a também a mensagem de fic , lho ba tra e nt rta po im Deste tiça aos firmeza, na busca por jus m co a, atu ivo lat gis Le r Pode imas desse solidariza às famílias das vít se e s ida ng ati e s ido ng ati eiro/2019. crime, ocorrido em 25 de jan de lutar para que todos os Renovo meu compromisso . responsáveis sejam punidos
#OLucroNãoValeaVida Luiz Santana/ALMG
P
A ação #GoBackBolsonaro (em português, “vá embora, Bolsonaro”) foi lançada pela Federação de Produtores de Cana-de-Açúcar da Índia e tem apoio da All India Kisan Sabha, maior organização de camponeses do país, fundada em 1936. A frase em repúdio à presença de Bolsonaro será exibida em faixas e bandeiras negras
Dirigentes do Movimento Ao Socialismo (MAS) e do Pacto de Unidade escolheram o nome de Luis Arce para candidato presidencial, com David Choquehuanca como candidato a vice para as eleições presidenciais da Bolívia, que acontecem no dia 3 de maio. No ato realizado na Argentina, foram apresentados os candidatos que, segundo o presidente Evo Morales, chegaram até Buenos Aires “com muito sacrifício”.
O novo candidato presidencial Luiz Arce foi ministro de Economia e Finanças da Bolívia em duas oportunidades durante os governos de Morales. Já o candidato a vice, David Choquehuanca, é um dirigente sindical, pachamamista e político aimara boliviano, que exerceu o cargo de ministro das Relações Exteriores e de secretário-geral da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América).
Deputada Estadual
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
“O Jequitinhonha está inserido numa história de guerra”
MUNDO
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Nossos direitos
RESISTÊNCIA Geralda Soares, referência de estudos indígenas, conta um pouco da história do Vale e do enfrentamento a novos projetos de mineração Victor Santos
Do lado direito do painel feito pelos indígenas, Gera e Maria Afonso
Joana Tavares De Araçuaí
G
eralda Chaves Soares, a “Gera dos Índios”, como é carinhosamente chamada e conhecida, tem muito a contar. Além de quase 40 anos de vivência junto a diversos povos indígenas, ela cuida de um acervo detalhado sobre a causa, é autora e organizadora de várias publicações, entre elas o livro “Os índios do Rio Doce - os Borun Watu”, editado pelo Cedefes e atualmente esgotado, que conta a história do povo Krenak. Confira trechos da entrevista. Brasil de Fato – Como você começou a atuar com os povos indígenas? Geralda Soares - Sou de Itinga, vim estudar em Araçuaí e por uma série de coincidências, na década de 1980, fui trabalhar com os indígenas. Tive a oportunidade de ir num encontro latino-americano no Equador. E lá que eu fui ver um
índio pela primeira vez. Era um encontro durante a ditadura e havia muitas perguntas sobre os massacres que aconteciam no Brasil. Eu não sabia responder nada. Voltei com isso na cabeça e comecei a perguntar pelos índios da região. E todos me diziam: aqui não tem índio, já morreram todos. Depois fui para um encontro de formação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em Alcobaça, foi um mês de estudo, e assim minha cabeça mudou. Eles estavam exatamente estudando a história da região, especialmente do Leste de Minas, que era o foco dos grandes conflitos dos Maxakali com os fazendeiros. E dos Krenak, por causa do presídio indígena e todas as denúncias que estavam surgindo. Eu fiquei muito apaixonada por essas histórias todas, e disse que queria trabalhar. Fui com outra companheira, Liana Costa, para o território Maxakali e ficamos lá oito anos.
O que você descobriu sobre a presença dos indígenas na região do Vale do Jequitinhonha? O Jequitinhonha está inserido numa história de guerra. O século XIX é marcado por uma declaração de guerra da Coroa contra os povos indígenas da região, os povos Boruns. Era uma política de Estado fechar uma região que tinha riquezas. As leis da guerra eram violentíssimas. Quem conseguisse fugir se deparava com as milícias armadas no Espírito Santo. E essa violência continuou ao longo dos anos, como comprova o trabalho da Comissão da Verdade sobre o genocídio contra os indígenas na época da ditadura. Como os indígenas da região enfrentam o projeto de mineração no Norte de Minas, que vai atingir o Rio Jequitinhonha? Querem construir o segundo maior mineroduto
do mundo aqui na região. De onde eles vão tirar a água para isso? Da hidrelétrica de Irapé, que detonou o rio de fora a fora. A mineradora quer tirar 53 milhões de metros cúbicos de água por ano para impulsionar o minério até Ilhéus. O que vai ficar pra nós, uma população de 1 milhão de habitantes? Vai sobrar um pouco de água, quem sabe se contaminada ou não. Vários povos indígenas dos dois estados serão atingidos: Pankararu, Pataxó, Aranã Índio, Aranã Cabloco, Tupinambá (inclusive a cacique está ameaçada de morte).
Leia a entrevista completa na página
brasildefato.com.br
2º MAIOR MINERODUTO DO MUNDO A Sul Americana de Metais (SAM), empresa brasileira de capital chinês, busca explorar o minério de ferro no Norte de Minas. Além da cava, o projeto é composto por um mineroduto a ser construído de Grão Mogol (MG) a Ilhéus (BA), por uma empresa independente, e que tem a expectativa de ser o segundo maior do mundo. A Justiça Federal suspendeu os processos de licenciamentos no dia 14 de janeiro. A medida é uma resposta à ação civil pública produzida pelo Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais.
DEPOIS DO DIVÓRCIO, OS ALIMENTOS SÃO DEVIDOS SÓ QUANDO HÁ FILHOS MENORES DE IDADE? É mais comum que se exija pagamento de pensão alimentícia após o divórcio ou dissolução da união estável quando há, entre o casal, filhos menores de idade. Entretanto, essa não é a única possibilidade. Nas situações em que um dos cônjuges era o principal provedor da família, e garantia sozinho ou na maior parte a sustentação financeira do lar, após a separação, esse cônjuge pode ser acionado para que forneça alimentos ao cônjuge desamparado, enquanto ele não tiver meios para a sua subsistência. Esses alimentos não serão eternos. Podem ser fixados pelo juiz com prazo determinado. Havendo meios para garantir a subsistência, ou se o cônjuge que recebe alimentos se casar ou contrair união estável, a obrigação do pagamento dos alimentos também acaba. Para requerer o direito, em caso de negativa do cônjuge, é necessário entrar com um processo. Jonathan Hassen é advogado popular
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VARIEDADES
Belo Horizonte, 17 a 23 de janeiro de 2020
www.malvados.com.br
DOCE DE MANGA EM CALDA Reprodução
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Educativo Apresentar como Aristófanes objeção (Teatro)
© Revistas COQUETEL
"Rindo à Lista de (?)", su- erros de cesso do uma obra Falamansa escrita
Doença dermatológica autoimune que provoca lesões e coceiras
Formação comum dos sertanejos
A medalha do campeão (símbolo)
Gato, em inglês Companhia (abrev.) Célula sexual feminina (Genét.)
A "tribo" do rock melancólico
Amadurecido; crescido Planta usada em arborização urbana Símbolo do Arsênio BANCO
A explicação que Que restorna com- tabelece preensível a paz
700, em algarismos romanos
Convite para se prestar auxílio
Intenção de quem dá o nó
Número de anos de uma pessoa
Joana d'(?), heroína francesa Defesa de castelo medieval
Ingredientes
(?) Caneca, mártir brasileiro Relacionar
• • • • • •
Mem de (?), figura histórica
Cozida no forno Algumas pessoas
Imigrante japonês Álgebra (abrev.)
Otto Dix, pintor (?) Mandino, escritor
5 mangas 1 colher de cravos Canela a gosto 200g de açúcar Cachaça (opcional) Água
Modo de preparo
"Montanha", em "orografia"
1. Descasque a manga madura (não muito mole) e corte em pedaços grandes. Reserve.
Aguar; irrigar
3/arc — cat. 4/ingá. 5/apelo. 6/listar.
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Solução
2. Em uma panela, derreta o açúcar até ficar com uma cor avermelhada, coloque uma dose de cachaça (opcional) e depois acrescente três copos de água. O açúcar vai formar uma crosta dura, mexa bem até derreter e acrescente os cravos e o pau de canela. 3. Junte a manga na calda e deixe cozinhar por meia hora. 4. Retire do fogo, deixe esfriar e guarde em um vidro na geladeira.
A E C C
O P A I D A C O M E D I A
I N T E S O R T A R R A U E T T A I A V U L O I A S U L T N G A S R
I N D I A D P E O A F R O S S S A O O E G
E S C L A R E C E D O R A
R E C O N C I L I A D O R
Belo Horizonte, 24 a 30 de janeiro de 2020
FIQUE
BEM
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CIÊNCIA, COISA BOA! MACONHA MATA NEURÔNIOS? Maj. Will Cox
MICOSE? SAIBA COMO SE PREVENIR Umidade e calor, características típicas do verão, são fatores que favorecem o aparecimento de micoses, infecções causadas por fungos que provocam coceira e descamação da pele. Para evitar esse incômodo, o ideal é sempre secar cuidadosamente as dobras do corpo, como axilas, dedos dos pés e virilha. Evite usar calçados fechados por muito tempo, dê preferência para modelos mais ventilados, largos e confortáveis. Toalhas, roupas, escovas de cabelo e bonés podem transmitir fungos, portanto evite compartilhar com outras pessoas. Evite também roupas quentes e de tecidos sintéticos que não absorvem o suor e prejudicam a transpiração da pele.
REMEDINHOS CASEIROS Caso você desconfie que aquela manchinha pode ser uma micose, experimente usar vinagre de maçã, pois regula o pH e alivia a coceira. É só aplicar o vinagre na pele com um algodão, três vezes ao dia, e enxaguar depois de uns minutos. O alho também é um aliado contra os fungos. Além de usar como alimento, você pode fazer uma pastinha junto com azeite ou óleo de coco e aplicar na pele. Depois de um tempo, é bom enxaguar. Caso os sintomas piorem, é importante procurar um profissional da saúde. Beijo da Jana! *Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado.
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Apareceu uma mancha branca bem grande na minha vulva, em toda região dos lábios. Não sinto nada. O que pode ser isso? Wilma Lucia, 53 anos, do lar. Você precisa procurar um médico para te avaliar. Como você não tem sintomas, pode se tratar de vitiligo (despigmentação da pele) ou líquen esclero-atrófico, um tipo de micose que costuma provocar manchas claras e coceira no local. Pode ser necessário fazer uma biópsia para ter um diagnóstico mais certeiro. Pela sua descrição, não parece ser nada grave, mas outras doenças também podem causar manchas na pele e isso precisa ser descartado.
Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br
A maconha é uma droga psicoativa. Ou seja, as substâncias presentes nela (principalmente o Canabidiol e o THC) alteram o funcionamento Tema normal do cérebro. Tal efeito pode ser aproveienvolve tado para fins recreativos e medicinais. Há milênios a humanidade se vale de ambos os usos questões dessa droga, extraída de plantas do gênero Cansociais, nabis. Porém, desde meados do século 20, tal ato raciais, passou a ser considerado ilegal em grande pareconômicas, te do mundo. religiosas, Tema complexo esse, que envolve questões medicinais, sociais, raciais, econômicas, religiosas, medicilegais nais, legais… Nunca é simples falar sobre maconha. E a ciência é parte importante desse debate. Muitos estudos científicos foram e seguem sendo feitos para que possamos compreender como ela age no organismo, seus benefícios e malefícios. Sabe-se que a maconha afeta a memória de curto prazo. Talvez daí decorra o mito bastante difundido de que seu uso causa a morte dos neurônios, as células que formam grande parte do cérebro. Em 1974 foi publicado nos EUA um estudo que dizia comprovar a veracidade do mito. Nele, macacos inalaram diariamente fumaça de maconha e, após cerca de três meses, vieram a falecer. Ao analisar os cérebros dos animais os cientistas constataram uma grande diminuição no número de células nervosas. Contudo, após os detalhes do experimento terem sido divulgados, descobriu-se que foi administrada uma quantidade absurda de maconha aos macacos, o equivalente a cerca de 30 cigarros por dia. Provavelmente, a morte neuronal se deveu muito mais à intoxicação pela fumaça do cigarro, principalmente pelo monóxido de carbono, do que pela maconha em si. De lá pra cá diversos outros estudos foram feitos sobre o tema. A conclusão geral é que a fama de assassina de neurônios não cabe à maconha. Para efeito de comparação, o uso prolongado de álcool, uma droga cujo uso é legal, causa danos muito mais graves e permanentes ao cérebro. A perda de memória de curto prazo e de concentração é momentânea. Dura enquanto a droga age sobre o organismo. Passado seu efeito, o cérebro volta a funcionar normalmente. Apenas em usuários que utilizam uma grande quantidade da droga durante muitos anos é que se verificou uma ligeira perda dessas capacidades nos testes realizados. Algo interessante constatado é que tais efeitos prejudiciais são maiores quando o uso da droga se inicia na adolescência, período em que ainda ocorre a formação do cérebro. Isso reforça a importância da prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
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Belo Horizonte, 17 a 23 de janeiro de 2020
Literar
Roteiro Reprodução
FESTIVAL DE VERÃO A 14ª edição do Festival de Verão UFMG acontece entre os dias 3 e 6 de fevereiro no Centro Cultural UFMG e no Centro de Referência da Juventude (CRJ), em BH. A programação, que é toda gratuita, conta com oficinas, teatro, dança, aulas abertas, rodas de conversa, exposições e feira. A lista completa pode ser consultada em ufmg.br/festivaldeverao.
amoração no período de um ano, por duas vezes me vi na angustiante condição de quem tem uma pessoa muito querida hospitalizada em estado grave, ocasião em que não se pode fazer nada além de confiar na equipe médica e, para quem tem fé, entregar à providência do além – mas e quando não se tem essa fé, como é o meu caso? fui católico praticante até os 15 anos, depois me tornei ateu, o que, alguma maturidade depois, entendi ser tão pretensioso quanto o é afirmar a existência de instâncias divinais, qual seja o credo, então tornei-me um agnóstico que torce para estar errado, e que sempre viu uma beleza muito única na fé de verdade, desinteressada, que se professa pelo bem-estar humano, seja o pessoal ou, principalmente, o do semelhante. além disso, sou um homem da palavra, vivo dela, com ela me encanto e tento encantar, então não posso duvidar da sua força e da sua beleza em qualquer forma de expressão, orações aí incluídas. porém, seja pela dúvida de seu alcance aos providenciais interlocutores que possam interceder para a melhora de quem está com a saúde aba-
lada e para o alívio de quem acompanha, achei por bem fazer da oração uma conversa comigo mesmo, pedindo à minha consciência que me faça melhor como pessoa e, por extensão, melhor ao outro, que sofre. para isso, criei uma oração muito particular, mas que pode ser adotada por quem nela encontrar alguma serventia, e tanto vale para quem é agnóstico quanto para quem tem fé, bastando, se preferir, substituir a instância a que me dirijo pelas entidades a que destina sua fé. por ser uma ação de amor, o que entendo ser toda e qualquer oração, dei-lhe o nome de amoração: Senhora Consciência, Se eu nada tiver de positivo a dizer, adormeça a minha língua. Mas desperte os meus ouvidos, tornando-os ombros ou lenços para a expressão da dor, da angústia e do medo de quem amo. Não me deixe esquecer que, por maior o meu sofrimento com a situação, ele ainda caminha comigo, livre, independente e capaz ao desfrute das banalidades que só entendemos fundamentais
quando da plenitude delas somos privados. Não me deixe esquecer de jamais cobrar força, e só e sempre, de quem sofre, pois nada pode ser mais cruel do que proibir a expressão da dor de quem a sente, acreditando que um corpo, ou um espírito, pode se abastecer seja lá do que for que o fará se mover se, antes, não esvaziar tudo que o paralisa. Me faça força. Não permita, em nenhum momento, que eu não entenda e aceite tudo de aparentemente negativo não como um problema, mas como um aprendizado do exato tamanho deste problema, e que eu emane isso. Que toda e qualquer mudança apresentada pela situação me lembre da única coisa que realmente importa nesse caso: tenho que mudar também. Venha o novo. E que eu nunca esqueça a sabedoria de Vó Filhinha: não importa o que aconteça, todos os dias a vida amanhece moça. Ame. Z Carota é jornalista e escritor, autor de “a beleza que existe – crônicas com uma tonelada de leveza” (Páginas Editora) e “dropz” (Editora Penalux).
ARTE MODERNA Até o dia 2 de fevereiro, a exposição “Raymundo Colares: de volta à estrada” está aberta ao público. A mostra apresenta cerca de 30 obras do mineiro de Grão Mogol que é referência da arte moderna no Brasil. O local é a Galeria do Centro Cultural Minas Tênis Clube, na Rua da Bahia, 2244, no bairro Lourdes, em Belo Horizonte. A entrada é gratuita.
VÁ AO TEATRO Até o dia 16 de fevereiro, a 46ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança está em cartaz com 150 atrações, entre drama, comédia, infantil, dança, stand ups, mostras especiais e teatro de rua. São mil sessões a preços que variam dentre R$ 10 a R$ 20. A programação completa pode ser vista em vaaoteatromg.com.br.
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Personagem da semana
PAPO ESPORTIVO
ESPORTE
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O desfilar do futuro do futebol na geral sul-americano
Carlos Gregório Jr. / Vasco
Lucas Figueiredo /CBF
M
aranhense de Imperatriz, a skateboarder Rayssa Leal, de apenas 11 anos, conquistou um novo feito em sua precoce carreira. A Fadinha do Skate, como é conhecida, foi indicada para concorrer ao Prêmio Laureus na categoria melhor atleta de ação. O prêmio é considerado o Oscar do esporte mundial. A meni-
na geral
na conheceu a fama no meio esportivo pela primeira vez aos 7 anos, com a divulgação de um vídeo em que ela fazia manobras sofisticadas de skate traindo uma fantasia de Sininho, personagem da história clássica Peter Pan. Em 2019, a Fadinha Rayssa foi vice-campeã mundial e venceu a Street League Skateboarding, em Los An-
geles (EUA). Outro brasileiro indicado ao Prêmio Laureus é o potiguar Ítalo Ferreira, atual campeão mundial de surfe. Ítalo e Rayssa disputam a premiação com outros quatro atletas: Carissa Moore (surfe), Chloe Kim (snowboard), Nyjah Huston (skate street) e o canadense Mark McMorris (snowboard).
CBF divulga tabela do Brasileirão feminino
Começa no dia 8 de fevereiro a primeira divisão do Campeonato Brasileiro feminino de futebol 2020. Todos os jogos vão ser transmitidos ao vivo pelo Twitter e o MyCujoo. O formato da competi-
ção é o mesmo do ano passado, com 16 equipes se enfrentando no primeiro turno. As oito melhores avançam para a fase seguinte. A partir das quartas de final, os jogos passam a ser disputados com ida
e volta. Minas tem um representante, o Cruzeiro, que estreia no dia 10, às 19h, contra o São Paulo. A tabela completa está disponível na página: tinyurl.com/sbym394. ANÚNCIO
No SINDIBEL, servidor municipal associado faz valer os seus direitos e ainda conta com uma série de descontos e condições especiais em serviços e produtos. Confira a nossa cartilha do Clube de Benefícios em sindibel.com.br e não fique de fora!
Leonardus Saraiva
Diego Silveira Começou no dia 18 o Pré-Olímpico de futebol masculino da América do Sul. O torneio, realizado na Colômbia, termina no dia 9 de fevereiro e é disputado por jogadores sub-23. As duas seleções mais bem classificadas em cada um dos dois grupos disputarão um quadrangular final. O campeão e o vice se classificam para as Olimpíadas de Tóquio, entre julho e agosto de 2020. O Brasil é o atual campeão olímpico. O desenrolar da temporada no futebol europeu retirou alguns craques do torneio, como Gabriel Jesus, do Manchester City, e o argentino Lautaro Martínez, da Inter de Milão. Ainda assim, vários talentos que ainda jogam no futebol sul-americano estão no Pré-Olímpico, como o venezuelano Soteldo, do Santos, e as promessas Bruno Guimarães, do Athletico Paranaense, e Matheus Henrique, do Grêmio. O caro elenco da Seleção Brasileira, avaliado em R$ 500 milhões pelo portal Transfermarket, já colocou o técni-
co André Jardine numa saia justa – o treinador foi criticado por deixar Reinier, recém contratado pelo Real Madrid, no banco de reservas no primeiro jogo. A oportunidade de ver tantos promissores talentos juntos fez com que clubes do mundo inteiro enviassem olheiros para a Colômbia. Só no jogo de estreia da Seleção, empresários e representantes de mais de dez clubes da Europa e da América do Norte marcaram presença no Estádio Centenário de Armênia. É bem provável que, dias antes, todos esses gringos encharcassem suas camisas no verão do interior paulista, analisando as milhares de promessas do Brasil inteiro que disputavam a Copinha. Quantos clubes daqui resistirão às investidas de fora? Como se nota, além da vaga nas Olimpíadas, o Pré-Olímpico diz respeito ao futuro do futebol sul-americano. Quanto mais tempo a América do Sul segurar seus jovens atletas por aqui, melhor para o desenvolvimento do futebol do continente e para sua competitividade frente aos milionários predadores do futebol europeu.
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ESPORTES
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Botafogo dá mais um passo para virar empresa Vitor Silva/ Botafogo
Após aprovar em Assembleia Geral a mudança para clube-empresa, o Botafogo recebeu nesta quinta (23) o vice-presidente jurídico do Atlético de Madrid, Pablo Jiménez de Parga. O objetivo, segundo os dirigentes alvinegros, é compartilhar experiências para uma possível transição para o modelo empresarial. O Atlético adotou esse modelo nos anos 90. Na Espanha, somente os dois grandes, Real Madrid e Barcelona, além de Atlético Bilbao e
Se o Botafogo se transformar em clube-empresa, passará a ter como objetivo central o lucro e poderá vender ações na bolsa de valores. Recentemente, modelo semelhante foi defendido por alguns gestores no Cruzeiro.
Osasuna não aderiam, optando por continuar como
associações civis sem fins lucrativos.
Controvérsias O tema divide opiniões. Parte apoia a mudança, acreditando que ela vai atrair investimentos. Os críticos, por sua vez, ressaltam que o modelo leva à per-
da de vínculo com a torcida, afastando a possibilidade de controle democrático da gestão. O primeiro clube brasileiro de expressão a adotar o modelo foi o Figueirense, que passou às mãos da holdin de investimentos Elephant em 2017. Dois anos depois, o clube não estava com as contas em dia e os jogadores chegaram a fazer greve contra o atraso de salários. O contrato foi encerrado em setembro de 2019 e o Figueirense deixou de disputar o Campeonato Brasileiro.
DECLARAÇÃO DA SEMANA
Gol de placa
Кирилл Венедиктов
No sábado (18), em jogo pela Copa Chile, as torcidas de Universidad Católica e Colo-Colo cantaram contra o presidente Sebastián Piñera. Comparado ao ditador Pinochet, Piñera tem retirado direitos dos trabalhadores e reprimido manifestações populares com violência.
Gol contra O Ministério Público proibiu as torcidas organizadas Máfia Azul e Pavilhão Independente de entrarem nos estádios e de usarem vestimentas, faixas, bandeiras e instrumentos num raio de até 5 km do estádio. A ação atenta contra o direito de manifestação e não tem efeito no combate à violência.
Time desarrumado
“Quem não deixa o gramado (em episódios de racismo) está mostrando aceitação ao inaceitável”
Sinal dos tempos
Kylian Mbappé, atacante do Paris SaintGermain e da Seleção Francesa.
Eu ponho fé na rapaziada
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Tudo bem que ainda é início de temporada e as coisas ainda podem se acertar. Mas a estreia do América no Mineiro foi bem abaixo do esperado: time bastante desorganizado, preguiçoso, pouco criativo e cometendo erros primários. Depois de um mês Decacampeão de treinamento, a torcida esperava mais qualidade e disposição. Jogadores remanescentes, como João Paulo e Leandro Silva, e contratados, como Alê e Felipe Augusto, deram vergonha. Mesmo destaques do time no ano passado, como Juninho, Zé Ricardo e Matheusinho, também estavam em ritmo de treino, sem nenhuma inspiração. Pelas substituições e pela postura, aparentemente, o técnico também não gostou do que viu. De fato, vai ter muito trabalho pela frente.
O Campeonato Mineiro servirá como laboratório ao Atlético. Importantes, mesmo, são as outras competições. Rafael Dudamel terá a oportunidade de testar jogadores. O primeiro confronto, contra o Uberlândia, não serve É Galo doido! como referência. O período de treinamento foi exíguo e, verdade seja dita, o time apresentou como novidades apenas o volante Allan e o meia Hyoran, além da estreia do treinador. Aguardemos evolução nas próximas partidas. Domingo (26) tem o confronto com o Tupynambás, em BH. Quanto a Cazares, a diretoria quer recuperar alguns trocados ou, pelo menos, não perder tudo. Sinal dos tempos. E seguimos com Patric, Fábio Santos, Zé Welison, Maicon Bolt e Di Santo. Enfim, é a vida.
Salve, nação celeste! Após um mês vendo se aprofundar o buraco em que estamos enfiados, finalmente começamos a ver um esboço de nossa equipe. Com a molecada da base, vitória sobre o Boa. A equipe demonstrou boa posturaLa tática. Foi muito bom ver joBestia Negra vens cheios de sonhos como Thiago e Welinton emocionados por marcarem com nosso manto. Eu confio na vontade de Adilson Batista contribuir para a reconstrução. Ele é de longe a voz mais sensata no clube. Se soubermos canalizar a vontade dele e a dos garotos, poderemos blindar a equipe do complicado contexto político e financeiro. Ainda é cedo, mas ver a equipe vencer com garotos criados na Toca já colocou um sorriso no rosto de cada Cruzeirense.
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