Edição 315 do Brasil de Fato MG

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Pedro Renna /Divulgação

Divirta-se no pré-carnaval

Divulgação

Censura no audiovisual

Confira dicas culturais com direito a ensaio de bloco e aula grátis de passinho

Citados por Bolsonaro, quatro projetos de séries com temática LGBT ficam de fora de edital

CULTURA 14

CULTURA 14

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro • edição 315 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Sourabh yadav

A LIÇÃO DAS CHUVAS

Cadê o rio que estava aqui? I 4 Chuvas expõem modelo de cidade desigual e excludente. Falta de moradia e saneamento faz com que pobres sejam os mais atingidos I 5 A importância da preservação das últimas áreas verdes I 6 Enchentes contaminaram bacias dos rios Doce e Paraopeba e lençol freático I 7


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

Opinião

Zema terceiriza responsabilidade João Paulo Cunha

ESPAÇO DOS LEITORES “Me identifiquei demais, por isso compartilho...” Carlito-Antonio Carlos da Silva comenta a crônica de Z Carota, publicada na edição 314, “Amoração” “Tô gostando muito das reportagens” Berenice, via WhatsApp. Mande sua opinião também. Nosso número é 31 98468-4731 “Além desta tristeza toda, ainda tem a dor de saber que ninguém foi punido devidamente pelos crimes que a Vale cometeu contra os mineiros e o meio ambiente. A impunidade no Brasil é algo imoral” José Carlos Nepomoceno escreve sobre a entrevista com o atingido Sebastião Adão da Cunha: “Eles mataram a gente quando mataram o rio” Eu tenho recebido vários vídeos, imagens e brincadeiras referentes às chuvas que têm castigado BH. Tem gente caçoando quem mora em área de risco. É importante ressaltar que respeito e bom senso não fazem mal a ninguém. Temos que nos colocar no lugar do outro” Marisa Gomes, do bairro Londrina, Santa Luzia. Mensagem enviada por WhastApp.

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Com pelo menos 55 mortes e milhares de desabrigados, as chuvas que caíram sobre o estado reviveram o mesmo enredo: o crime se naturaliza como tragédia produzida pelo destino. As vítimas são desrespeitadas, quando não responsabilizadas pela própria dor que levarão vida afora. O governo federal não realizou mais que ações protocolares (Bolsonaro manteve agenda com duplas sertanejas em vez de se deslocar para o estado no primeiro momento) e Romeu Zema foi capaz de afirmar que estava “tudo sob controle”. Não bastasse o diagnóstico cruel, foi capaz de se ani-

Soluções são colocadas de lado em favor de obras mar a lançar sua candidatura à reeleição, atropelando o calendário eleitoral e o respeito humano. Na coletiva em que se comunicou pela primeira vez com a população, tinha ao lado agentes financeiros, empresários da construção civil pesada e entidades patronais, como a atestar a absoluta indigência administrativa da instituição que cabe a ele comandar. Romeu Zema e seu Partido Novo gostam sempre de apontar a eficiência da iniciativa privada na condução de seus interesses. Dessa vez, extrapolou. Em meio ao drama da vida real, reduziu o Estado a um passador de pires e uma questão estrutural à coleta de doações miúdas. Zema terceirizou a responsabilidade do governo.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

Moradores de BH e de outras cidades atingidas clamam, há décadas, por ações para impedir que essa situação anunciada se repita a cada ano. Soluções viáveis sempre são colocadas de lado em favor de grandes obras que não enfrentam o problema. Não são apenas ações de engenharia, mas de pelo menos cinco ní-

O crime se naturaliza como se fosse destino veis de mudanças profundas e necessárias. A primeira delas é na área de moradia, com o investimento na construção de casa em regiões seguras, próximas ao mundo real da economia, do comércio e da vida social. A segunda é a mudança de paradigma técnico, deixando de lado novas obras de criação de galerias e canalização, em favor de soluções que apontem para o respeito com os cursos d’água e retirada das coberturas. Sem falar de ações na área de saneamento. A terceira se dirige ao incentivo e institucionalização de instâncias populares de definição, gestão e controle de políticas públicas urbanas. A quarta é a preparação para a crise climática, com fortalecimento da pesquisa e valorização do saber. A quinta se liga à valorização de uma cultura menos consumista, menos geradora de descartes, mais solidária e ligada aos ciclos naturais da vida e da natureza. A lição das chuvas é que não teremos um mundo melhor sem pessoas melhores.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 35 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


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Chega de transfobia!

PERGUNTA DA SEMANA

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GERAL

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Mídia Ninja

Divulgação

A gestão do Enem e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) está um caos. Erros no cálculo das notas, erros na classificação, estudantes que tentam acessar a lista de espera e não conseguem. Na internet, o ministro de Bolsonaro, Abraham Weintraub, xinga estudantes que foram até sua rede criticar a confusão. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:

Como você vê a gestão do Sisu pelo governo Bolsonaro?

Foi uma falta de responsabilidade. É uma sacanagem, tem muita gente esperando muito tempo pra fazer a prova do Enem e inscrever e dá esse erro aí. Depois que o Bolsonaro entrou, a educação está pior. Está a maior burocracia e ele não liga pra nada.

Ana Clara Menezes, promotora de vestibular

Reprodução

29 de janeiro é Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em todo o Brasil, a data marca a luta por direitos da população travesti e transexual. O país continua a ser o que mais mata pessoas trans em todo o mundo, de acordo com o dos-

siê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), publicado nesta semana. Em 2019, foram assassinadas 124 trans, sendo que 80% eram negras e 97,7% do gênero feminino.

Perdão de débitos do IPTU Rafa Aguiar

Foi erro deles mesmo e desumanidade também com os jovens, os estudantes. E isso precisa ser mudado o mais rápido possível. Hoje em dia, está pior que antes, este ano está muito difícil. E tem que tirar esse Bolsonaro também.

Silvana Silva, promotora de vestibular

Proprietários de imóveis em BH que foram afetados pelas chuvas nos últimos dias podem procurar a prefeitura e solicitar o perdão de débitos do IPTU de 2020. O dono do imóvel ou o locatário deve solicitar a visita da Defesa Civil, pelo

199. Esse órgão fará uma avaliação e emitirá um laudo, que deverá ser levado junto com um formulário preenchido em duas vias no BH Resolve. Informações mais detalhadas podem ser vistas no site prefeitura.pbh.gov.br. Divulgação

Declaração da Semana “Estou aqui pra falar sobre nome social, que precisa ser respeitado urgentemente para que nossas vidas sejam vistas. E não somente sobreviver nesta sociedade, mas participar completamente dela”

Mel Gonçalves de Oliveira, cantora e apresentadora, pelo Twitter.


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CIDADES

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

Rios “escondidos” e correntezas em cima do asfalto: o atual cenário de BH Figura 29 – Parte da Planta Geodésica, Topográfica e Cadastral da Zona Estudada (1895), em destaque a rede hidrográfica e o esboço da Avenida do Contorno. Fonte: modificado de Museu Histórico Abílio Barreto

INVISÍVEIS Canalização de rios e córregos já estavam na planta da cidade. Hoje, 25% dos cursos d’água estão tampados SES-MG

arraial tinha fartura de água e essa foi uma das vantagens para que no lugar foss chuvas que caíram sose construída a capital mibre Minas Gerais mosneira. traram uma série de erros Belo Horizonte foi deque nossos governos estão senhada no papel - uma tomando todos esses anos, e das primeiras cidades plaa canalização dos rios e córnejadas do país - e erguiregos talvez seja o principal da entre os anos de 1894 deles. Para entender o pree 1897. O projeto era apesente precisamos conhecer nas para os quarteirões de a nossa história, e por isso dentro da avenida do Convamos mergulhar no estudo torno, e aí já estavam plado geógrafo Alessandro Borsagli, autor dos livros “Rios nejadas as intervenções invisíveis da metrópole minos córregos e ribeirões. neira” e “Horizontes fluviais”. O Arrudas foi canalizado e tornado reto, sem curvas, e para os demais córregos o destino seria pior: Figura 30 – Planta Topográfica da Cidade de Minas (1895), em destaque a rede foram colocados embaixo nas margens do arraial uma Dehidrográfica arraial ae ocapital canal planejado para o ribeirão Arrudas. de quarteirões. série de córregos, como o Todos os córregos 1894: o localFonte: era modificado chama- de APCBH “BH nasceu rompendo Acaba Mundo, Leitão, Pastidentro da avenida do de Arraial do Curral Del Rey e o seu principal curso nho, Lagoinha, Mata, Man- com a rede hidrográfica do do Contorno d’água era o ribeirão Arru- gabeiras, Ilha, Bolina e Ca- sítio escolhido para a consforam cobertos das. Passava por dentro ou pão Grande. A olhos vistos o trução da nova capital. Se Rafaella Dotta

A

observar a planta de 1895, não existe uma harmonia entre o traçado planejado e a rede hidrográfica”, destaca Alessandro. “Apesar de conhecerem os cursos d’água, eles não foram levados em consideração”. A partir de 1920, todos os córregos dentro da avenida do Contorno foram de fato cobertos e você pode estar passando por cima deles sem saber. O córrego Barroca (Rua Mato Grosso), córrego do Leitão (Rua Curitiba, Rua São Paulo e Augusto de Lima), córrego do Zoológico (Rua Pernambuco), córrego Acaba Mundo (Rua Professor Moraes, Afonso Pena e Parque Municipal) e córrego da Serra (Rua Aimorés, Avenida Brasil e Rua Maranhão).

Canalização se espalhou pela cidade e enchentes também

O

s anos se passaram e a população de BH aumentou. A cidade viveu, até 2001, jogando todo o seu esgoto na bacia do rio Arrudas, que por sua vez deságua no rio das Velhas. O mau cheiro, as enchentes, a falta de água e a falta de tratamento de esgoto lançava doenças e indignação sobre a cidade. O que era respondido pelo governo municipal com a promessa de canalizar, ou seja, esconder os rios. Entre 1966 e 1973, aconteceram as maiores intervenções fluviais em Belo Horizonte, dessa vez para fora da avenida do Contorno. Porém, comparações feitas por Alessandro Borsagli mos-

Arquivo Público

tram que as enchentes não foram resolvidas, ao contrário, eram cada vez maiores. Em 1915, o alagamento aconteceu no córrego da Serra e no Arrudas; em 1948, aconteceram alagamentos no Arrudas e em mais seis pontos em vários córregos; em 1962, o alagamento foi

gigantesco no Arrudas e em outros cinco pontos de córregos; e em 1977, a enchente foi no Arrudas e em nove pontos em córregos. Mesmo sendo ineficiente, por que a canalização continua? O pesquisador explica que “esconder” os rios serviu também para aumentar pre-

ços de imóveis e alargar ruas. “Esse modelo proporcionava uma ocupação mais regular do território. É um modelo que veio da Europa, implantado no Brasil depois da proclamação da república como elemento de ‘progresso’. Tanto que as canalizações foram muito utilizadas como propaganda política, e ainda são”, diz.

“Esconder” os rios serviu também para aumentar preços de imóveis

2020: os rios no asfalto Com a canalização de 25% dos rios naturais, há uma semana a população de BH viu avenidas se transformarem em enormes corredeiras, como a avenida Tereza Cristina, a Andradas, a Vilarinho, a Bernardo Vasconcelos, a Cristiano Machado, a Silviano Brandão, a Silva Lobo e a Prudente de Morais. A Defesa Civil estendeu para até 31 de janeiro, sexta-feira, o alerta de pancadas de chuva.


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BRASIL

Divulgação /PBH

Áreas de risco são ocupadas porque mais pobres não têm opção, explica urbanista URBANIZAÇÃO Maioria dos trabalhadores vai morar nos lugares que o mercado imobiliário deixou para trás Adão de Souza /PBH

Não existe receita mágica, é preciso aproveitar o que já existe PLANEJAMENTO Solução passa por política de habitação com participação popular

Wallace Oliveira

A

s chuvas de janeiro tiveram forte impacto nas cidades mineiras. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, até a tarde da quinta-feira (30), haviam 55 mortos e 8 mil desabrigados em todo o estado. Milhares de pessoas perderam tudo o que tinham em desmoronamentos ou inundações. Na metrópole, importantes vias ficaram alagadas, a água arrastou veículos, destruiu infraestruturas e interditou o trânsito na região. Chuva não tem culpa, vítimas também não A arquiteta e urbanista Mônica Bedê explica que o problema não é exatamente o aumento das chuvas, mas como as cidades estão estruturadas para receber esse fenômeno natural. Isso, segundo ela, tem

Enchente aliada à falta de saneamento é uma tragédia ainda maior a ver diretamente com planejamento urbano e gestão. Mônica lembra que morar em local seguro, com infraestrutura, serviços e onde a família pode se deslocar com facilidade é algo presente apenas em uma parte da cidade, onde os imóveis são mais caros. “Quem não consegue alugar ou comprar nesses lugares recorre a áreas que o planejamento indica que não podem ser ocupadas, que o mercado imobiliário deixou para trás e que apresentam risco mais provável”, explica.

Já as enchentes e inundações estão associadas a obras que tornam o solo impermeável à canalização dos rios e às soluções para a drenagem das águas. “Quando a cidade chega, o rio é retificado para acompanhar o traçado das ruas é encaixotado e a cidade é impermeabilizada pelo asfalto e construções. A água não entra na terra, ela corre e depois transborda, gerando enchente”, ilustra. A urbanista ressalta, porém, que esse problema não está dissociado da questão da moradia, do saneamento e da mobilidade. “Imagine que uma enchente por si só é um tragédia. Aliada à falta de saneamento, é uma tragédia ainda maior, um problema de saúde pública”, exemplifica Mônica Bedê, que integra o Habite a Política, coletivo de estudiosos, movimentos e trabalhadores da área de habitação.

Nas últimas três décadas, o país experimentou um grande avanço na elaboração de leis e programas para uma urbanização adequada. A Constituição de 1988, o Estatuto da Cidade (Lei federal 10.257/2001), a criação do Ministério das Cidades em 2003, os diversos planos diretores e um conjunto de políticas urbanas e de habitação deram aos gestores públicos ferramentas para prevenir contra as enchentes. Belo Horizonte é uma das cidades que se destacam pela disponibilidade de normas e programas para atender à população que vive na cidade informal. Além do novo plano diretor (Lei municipal 11.181/2019), o município dispõe de uma política de habitação de mais de duas décadas, que passou por revisão recente no Conselho Municipal de Habitação. Para famílias que residem em áreas de ris-

co geológico e inundação, existe, por exemplo, o PEAR - Programa Estrutural em Área de Risco, com ações de monitoramento e, se preciso for, remoção preventiva, com concessão de Bolsa Moradia ou reassentamento definitivo. Além disso, a Constituição e o Estatuto da Cidade fornecem dispositivos que permitem ao poder público facilitar o acesso à moradia por meio da construção de novas casas, locação social e financiamento, além de reaproveitar imóveis ociosos, que não cumprem sua função social, entre inúmeras outras medidas possíveis. Porém, atualmente, esse repertório esbarra em dois grandes obstáculos. “Sem recurso não se pode fazer nada. O governo federal retraiu o investimento em todas essas políticas. Municípios sozinhos fazem alguma coisa, mas não muito. E tem também a gestão integrada e participativa. Sem participação popular, acredito que é impossível”, avalia.


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MINAS

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

Áreas verdes preservadas podem ajudar a evitar inundações CHUVAS Mortes e estragos causados pelas chuvas levantam reflexão sobre canalização dos rios e especulação imobiliária Reprodução

Chuva não é a inimiga, mas sim a injustiça social

Larissa Costa

B

elo Horizonte começou esta semana se recupe-

rando dos efeitos da chuva que caiu sobre a capital na última sexta (24). No estado, até quinta (30) foram

confirmadas pela Defesa Civil 55 mortes e 8 mil pessoas desalojadas. De acordo com previsões do órgão,

ainda há possibilidades de pancadas de chuva nos próximos dias. Diante do verão chuvoso, dos alagamentos, dos riscos geológicos e de vários transtornos, uma questão vem à tona: o que deve ser feito para minimizar e evitar essas situações? Ou a chuva seria um desastre natural impossível de ser contido? “A chuva não castiga, não desaloja, não desabriga e nem mata ninguém. Quem

está em casa com boa estrutura, construída sobre terra firme, pode dormir tranquilo, porque a casa não cairá com as chuvas”, publicou frei Gilvander Moreira, em seu blog. O religioso e professor acredita que a chuva não é a inimiga, mas sim a injustiça social e a falta de planejamento urbano. “Quem é atingido quando a chuva chega em um volume maior, salvo exceções, são as famílias que tiveram seus direitos humanos fundamentais – direito à terra, à moradia, ao trabalho, à educação, a um salário justo, ao meio ambiente equilibrado e à dignidade – desrespeitados”, completa.

Asfaltos, prédios e canalização Arquivo Público Mineiro

O modelo de cidade que BH segue historicamente é baseado em asfaltos, prédios e canalização dos rios. As primeiras obras do Rio Arrudas, por exemplo, começaram no início do século 20 e a última etapa foi entregue em 2007. Isso, na opinião de Luara Colpa, integrante do movimento Parques Já e da Associação do Bairro Jardim América, impacta diretamente na força da água e no caos que as chuvas podem causar. “Antes o rio fazia curva, seguia seu curso natural. Quando há a canalização, tampando tudo com cimento, a velocidade da água é muito maior e o impacto também. Em muitos países, a solução para esse problema foi retomar o curso natural dos rios e refazer as matas ciliares, porque elas sugam a água”, conta. Luara explica que não exis-

Canalização do rio Arrudas no cruzamento com av. do Contorno, em BH

te nenhum projeto do poder público que aponte para este sentido, de revitalização dos rios canalizados. Por outro lado, as áreas verdes da cidade, que também podem ajudar na absorção de água, estão ameaçadas. A Mata do Mosteiro, Mata do Planalto, Mata São João

É preciso manter áreas verdes, retirar asfaltos, plantar árvores e abrir os rios

Batista (Lareira), Mata da Isidora, Mata da Baleia e o Complexo da Pampulha podem ser loteados a qualquer momento, conforme denúncias de movimentos. O mesmo acontece com o Parque Jardim América, na região Oeste. A área, que possuiu 20 mil metros quadrados, é alvo de disputa entre a construtora MASB e os moradores do bairro. A empresa quer construir um empreendimento com quase 300 apartamentos, 29 lojas, 40 salas comerciais e 752 vagas de garagem. O Parque Jardim América e a Área de Preservação Permanente (APP) do bairro Betânia, com 28 mil metros quadrados, são as últimas áreas verdes da Região Oeste, segundo Luara. A Mata do Planalto também é a última área verde da Região Norte de BH. Com 300 mil metros quadrados

de Mata Atlântica, é rica em biodiversidade e possui 20 nascentes que desaguam no Córrego Bacurau. Segundo Margareth Ferraz Trindade, do Movimento Salve a Mata do Planalto e da Associação Comunitária do Planalto e Adjacências, se não fosse essa área verde, as enchentes na Avenida Vilarinho – que sofre alagamentos há anos – seriam muito piores. “O verde segura a água, o ideal seria que os rios ficassem abertos e eles tivessem vegetação em volta, porque a vegetação absorve 90% da água da chuva”, aponta. Além de manter as áreas verdes, as soluções listadas por Margareth passam por retirar os asfaltos dos bairros, incentivar o plantio de árvores, incentivar as pessoas que moram em casas a terem quintais e, principalmente, abrir os rios e retirar a canalização.


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MINAS

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Com chuvas, rio São Francisco e lençol freático do Paraopeba podem estar contaminados ALERTA Transbordamento do Paraopeba leva rejeitos da Vale para outros rios e cidades João Alkmim

Amélia Gomes

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É preciso evitar o contato com a água de rejeitos, pois causam intoxicação

assado um ano do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, o cenário é de caos em Minas Gerais. Com as fortes chuvas de 250 milímetros que atingiram a região central do estado nos últimos dias, o nível do Rio Paraopeba subiu mais de 8 metros. Após um ano, os rejeitos da barragem da Vale ainda permanecem no leito do rio. O resultado do alto volume de chuvas e do assoreamento do leito foi o transbordamento do Paraopeba. Enchentes obrigam o contato com rejeitos Diversas comunidades ao longo da bacia do Paraopeba estão enfrentando inundações. É o caso, por

exemplo, da Colônia Santa Izabel, em Betim, na região metropolitana da capi-

tal. Centenas de moradores tiveram que ser retirados de suas casas pelo risco de en-

chente. Seu Sebastião Adão, de 76 anos, relatou a situação. “É um grande absurdo o que eles fizeram com a gente. Porque se a gente pegar uma contaminação ela vai vir cuidar da gente? Não vai, né? Nós estamos com medo é de doenças de pele”, preocupa-se. Por causa da situação, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmou que está acionando o Ministério Público e o Judiciário para que a Vale garanta ações emergenciais,

como o fornecimento de água para a população, a retirada das comunidades que estão em contato com a água contaminada e novas indenizações para as famílias que agora estão sendo atingidas. Para Joceli Andreoli, da coordenação do MAB, não é apenas um fenômeno da natureza. “É metal pesado, é lixo tóxico sendo jogado nas laterais do rio, entrando nas casas. A empresa teve um ano para resolver a questão e não resolveu”, critica. Todos que puderem devem evitar o contato com a água de rejeitos, já que estudos realizados pela Universidade de São Paulo comprovaram que o contato com este material causa intoxicação.

Rio São Francisco agora abriga rejeitos No dia em que o crime da Vale em Brumadinho completou um ano, 25 de janeiro de 2020, a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, que fica entre os municípios de Curvelo e Pompéu, abriu suas comportas para evitar um transbordamento. O local retinha, desde o ano passado, os rejeitos do rompimento. Com isso, o material foi para a Usina de Três Marias, onde o rio Paraopeba encontra o rio São Francisco. Para se ter dimensão do impacto que o deslocamento destes rejeitos pode causar, o lago da represa conhecido como “Mar de Minas”, comporta 21 bilhões de metros cúbicos de água e tem uma extensão de 1.040 quilômetros quadrados de su-

Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraopeba

perfície. Já a bacia do Rio São Francisco possui uma extensão de quase 640 mil quilômetros quadrados, passando por seis estados e 505 municípios, onde vivem 18 milhões de brasileiros. Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia

Hidrográfica do São Francisco, afirma que ainda não há como saber qual foi o impacto causado ao rio, mas a entidade pretende começar um levantamento para avaliar. “Não há dúvida de que isso suscita preocupação pelo teor das substân-

cias que essa água carrega”, esclarece. Lençol freático contaminado Apesar da contaminação do Rio Paraopeba, o lençol freático da região permanecia intacto à contaminação. No entanto, com o transbordamento do leito, a situação pode ter sido alterada. O impacto para o abastecimento na região e também para o consumo e venda de peixes pode ser imensurável, como denuncia Winston Caetano de Souza,

Poder político e financeiro da Vale cala o poder público

presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraopeba. “Vários poços artesianos, inclusive o que a Vale tinha construído aqui na região, foram entupidos com a inundação. A gente não sabe ainda o grau de contaminação dessas águas agora. Pode ter contaminado todo o lençol freático de toda região do baixo Paraopebas; Pompéu, Papagaios, Paraopebas”, alerta. “Fica todo mundo refém da Vale, o poder político e financeiro dela cala todo mundo, inclusive o próprio Estado”, critica. Nossa reportagem entrou em contato com a empresa Retiro Baixo Energético S/A, que é responsável pela usina, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno da empresa.


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020 Adão de Souza /PBH

Florence Poznanski

Quando o mundo se levanta

BH não precisava passar pelo que está passando Mais uma vez: não se podem impedir as chuvas pesadas. Nem é bom que se fizesse isso, se fosse possível. Mas é possível diminuir seus efeitos negativos nas cidades. Primeiro, com ampla participação social, discutindo com antecedência as medidas preventivas. E já tivemos isso em várias cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com a experiência dos Orçamentos Participativos e conselhos municipais e regionais de todas as áreas, como de política urbana, de saúde, habitação, saneamento etc. Segundo, com ações fortes em obras estruturantes. O Programa de Aceleração do Crescimento, em sua segunda fase (PAC 2) reservava recursos para ‘projetos executivos’ que, por sua vez, eram muito importantes para aces- É preciso sar e buscar recursos que viabilizassem obras de drena- participação gem. O PAC 2 e toda a estrutura de planejamento particisocial, obras pativo que vinha sendo construída na cidade foram sendo desmontados, desde os tempos do ex-prefeito Marcio estruturantes e remontar Lacerda (atualmente sem partido). Terceiro, é urgente remontar as políticas e estruturas políticas de de acolhimento social construídas na capital desde 1993. acolhimento Também isso vem sendo desmontado ao longo dos últimos anos. O mais grave é que temos, infelizmente, dois grandes adversários das cidades: o governo federal e o estadual. E o imobilismo da PBH. São os governos dos desmontes sociais! É preciso dar um basta a isso! Neila Batista é vice-presidenta do PTBH

Florence Poznanski é francesa, cientista política e membro da direção nacional do Parti de Gauche/France Insoumise

ACOMPANHANDO

Neila Batista

Um horizonte vibrante em nome do qual séculos de levantes populares aspiraram para que aconteça uma transformação radical do exercício do poder. 2019 foi o ano dos levantes no mundo inteiro. Ora contra um imposto sobre o combustível, ora contra o aumento da passagem de ônibus, logo à frente, mais uma candidatura de um presidente moribundo. Mas todos eles levarão à revolução? Todos partem de violações sofridas há muito tempo, e a convergência coletiva finalmente permite combater. Reivindicam o direito à dignidade, ao emprego, à mobilidade, ao serviço público de saúde e educação, à coleta de lixo. Reivindicam mais Estado social. A teoria das revoluções cidadãs que desenvolvemos na França Insubmissa distingue dois momentos de estado coletivo de consciência. O primeiro é o destituinte. Manifesta-se com o rompimento da cadeia de consentimento à autoridade, abre a brecha para desestabilização do governo. Do outro lado, o regime resiste sempre. A força repressiva dos Mobilizações governos é outra semelhança pelo mundo observada. têm causas Com o recuo do regime, começa o segundo momento. O específicas, momento constitutivo em que mas têm o povo soberano é instituído semelhanças para construir os fundamentos de uma nova organização política, justa e igualitária. A tarefa é imensa e inspiradora. Não conhece grandes triunfos, mas pequenas vitórias. Ela é essencialmente internacionalista. É por isso que as marchas de todas essas multidões nos quatro cantos do mundo são tão importantes para todos aqueles que lutam.

Na edição 282... Onda de manifestações pela educação E agora... Bloqueio do MEC à contratação de professores afeta o funcionamento das universidades Em meio ao caos das falhas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que podem afetar o calendário acadêmico das universidades e institutos federais, o Ministério da Educação (MEC) dá mais um passo que ameaça a educação pública. O órgão bloqueou a contratação de novos professores efetivos e substitutos e de técnicos administrativos – mesmo os que já estão com processo de seleção finalizado –, colocando em risco o ano letivo de 2020.


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BRASIL

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Contra demissões e o desmonte da Petrobras, petroleiros aprovam greve nacional SOBERANIA Bolsonaro colocou à venda 8 refinarias, 13 terminais marítimos e terrestres, 2.226 quilômetros de dutos e privatizou as distribuidoras de combustíveis Divulgação /FUP Da redação, com informações da FUP

População está refém do sobe e desce do mercado

O

s trabalhadores da Petrobras aprovaram na terça-feira (28), em assembleias nas bases, o indicativo de greve por tempo indeterminado contra as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A greve inicia a partir do primeiro minuto de sábado (1). Demissões no rastro da desindustrialização A política do atual governo de privatização e fechamento de unidades estratégicas da Petrobras impacta os pe-

troleiros, com demissões em massa e ataques a direitos. E prejudica a população e o desenvolvimento do país. A destruição da cadeia produtiva de óleo e gás é um dos principais motivos pelos quais a economia do país segue estagnada. A Petrobras, que era uma das locomoti-

vas do desenvolvimento nacional, reduziu em mais de 50% os investimentos no Brasil. Os R$ 104,4 bilhões investidos pela empresa em 2013 despencaram para R$ 49,3 bilhões, em 2018. Uma queda de 53%. Sem os investimentos da Petrobras, o setor deixou de

gerar mais de R$ 100 bilhões para o PIB. Como consequência, 2,5 milhões de postos de trabalho foram fechados, 19% da atual taxa de desemprego. Só na Petrobras, foram 270 mil demissões. Preços de combustíveis abusivos O aumento dos preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel também faz parte do pacote de desmonte da

Petrobras. Os gestores alteraram a forma de reajuste dos preços dos derivados e colocaram à venda 8 refinarias, 13 terminais marítimos e terrestres, 2.226 quilômetros de dutos e ainda privatizaram as distribuidoras de combustíveis. Ou seja, a população está refém do sobe e desce do mercado e exposta às crises internacionais de petróleo. Quem ganha com isso são as importadoras de combustíveis, que estão lucrando milhões de dólares, enquanto a Petrobras exporta óleo cru e coloca à venda metade do seu parque de refino. O povo brasileiro paga hoje uma das gasolinas mais caras do planeta. ANÚNCIO

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA William Dias/ALMG

BALANÇO DOS TRABALHOS Ao longo do ano de 2019, o mandato participativo e popular da deputada estadual, Beatriz Cerqueira, lutou

contra a municipalização e o fechamento de turmas

Foram realizadas discussões, escuta das comunidades escolares e a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se posicionou contra todas as municipalizações e negativas de matrículas.

ALMG- Reunião Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia

Foram 58 documentos aprovados.

Deputada Estadual

Luiz Santana/ALMG

e de escolas estaduais e por autorização de matrículas no ensino fundamental em todo o estado.


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

OMS declara emergência global por surto de coronavírus Nicolas Asfouri /AFP

Opera Mundi A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na quinta (30) emergência de saúde pública de interesse internacional em decorrência do surto de coronavírus, que já matou ao menos 170 pessoas na China e infectou cerca de 7,8 mil indivíduos. A medida foi tomada pela diretoria da entidade após reunião, em Genebra, com um comitê formado por especialistas do mundo inteiro. Com a decisão, uma ação coordenada para combater a doença deverá ser criada

entre diferentes governos e autoridades. “Devemos lembrar que são pessoas, não números.

Mais importante do que a declaração de uma emergência de saúde pública são as recomendações do co-

mitê para impedir a propagação do vírus”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Desde a semana passada, o comitê tem se reunido para analisar a epidemia, mas, na ocasião, afirmou que “era muito cedo” para declarar a emergência. O cenário, no entanto, se agravou nos últimos dias. Ao todo, o vírus já atingiu 18 países. Ainda na quinta, os Estados Unidos registraram seu primeiro caso de transmissão interna, com contaminação em solo americano, enquanto que o Brasil investiga nove suspeitas em seis estados do país.

“Embora o número de casos em outros países seja relativamente pequeno em comparação com o registrado na China, devemos agir juntos. Não sabemos o tipo de dano que esse vírus pode causar se ele se espalhar em um país com um sistema de saúde mais frágil. Por isso, declaro emergência em saúde pública internacional”, acrescentou Ghebreyesus. Até agora, a OMS havia usado a denominação “emergência de saúde pública de interesse internacional” somente em casos raros, como a gripe suína H1N1 (2009), o zika vírus (2016) e a febre ebola. ANÚNCIO


Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

Sakamoto: “Trabalho escravo não é um desvio, mas uma ferramenta do sistema”

MUNDO

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Nossos direitos

COMBATE No aniversário da Chacina de Unaí, jornalista paulista lança obra em que analisa escravidão contemporânea Agência Senado

Nara Lacerda

H

á 16 anos uma chacina de auditores-fiscais do Ministério do Trabalho, na cidade de Unaí, chocou o Brasil e abriu espaço para um debate urgente: o combate ao trabalho escravo. No dia 28 de janeiro de 2004, os servidores Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada. O grupo realizava uma fiscalização de rotina em fazendas da região rural do município. O mandante confesso do assassinato, Norberto Mânica, foi condenado em segunda instância a mais de 60 anos de prisão. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro também confessaram participação no crime como intermediários e foram condenados. No entanto, 16 anos após a chacina, nenhum deles está preso. Em 2009, o governo estabeleceu 28 de janeiro como Dia do Auditor Fiscal do Trabalho e Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Para marcar a data, o jornalista Leonardo Sakamoto lança o livro “Escravidão Contemporânea”, que reúne textos de especialistas no assunto do mundo todo. Sakamoto trabalha no combate ao trabalho escravo há mais de duas décadas e está à frente da Repórter Brasil, uma das principais organizações de combate ao trabalho escravo contemporâneo no país.

O trabalho escravo contemporâneo não pode ser visto simplesmente como uma ocorrência perdida nos rincões do mundo Brasil de Fato - A obra “Escravidão Contemporânea” reúne autores de diversos países. Considera que traçar um panorama mundial sobre essa realidade é ponto chave para o combate? Leonardo Sakamoto Atualmente a estimativa das Nações Unidas é de que existam 40,3 milhões de pessoas escravizadas em todo o mundo, produzindo um lucro anual de 150 bilhões de dólares. É um problema global, tem um padrão de exploração, tem um padrão de roubo de dignidade e de liberdade, mas também vai se adaptando às realidades de cada país. O trabalho escravo contem-

O Brasil foi vítima de mais de 300 anos de trabalho escravo no modelo colonial e isso nos deixou marcas

porâneo não pode ser visto simplesmente como uma ocorrência perdida nos rincões do mundo. Ele está inserido na rede de produção global. Por exemplo, a produção de uma TV: tem trabalho escravo na extração do minério na África, tem trabalho escravo na montagem dos componentes na Ásia e, por fim, tem trabalho escravo na montagem do produto final na América do Sul. Se a exploração do trabalho escravo é global e alimenta uma rede global, é claro que o combate também precisa ser global. Qual o objetivo principal do livro? É importante começar dizendo que essa não é uma obra para bater no governo. Essa é uma obra para contar uma história. É uma obra para contar a história do combate à escravidão contemporânea no Brasil. O Brasil foi vítima de mais de 300 anos de trabalho escravo no modelo colonial e isso nos deixou marcas. Uma parte do trabalho escravo que existia naquela época se mantém, não mais por meio da anuên-

cia do Estado, mas pela manutenção de situações análogas ao trabalho escravo daquela época. Diante dos seus anos de pesquisas, acha que é possível vencer essa barreira ao desenvolvimento que é a continuidade do trabalho escravo? A gente tem que ser ligeiramente pessimista na análise, mas temos que ser otimistas na ação. Eu atuo no combate ao trabalho escravo desde 1999. Não podemos dizer que nada mudou, é quase uma ofensa aos movimentos sociais. O combate ao trabalho escravo mudou nos últimos 25 anos, mas claro que falta muito. A história não é uma linha reta, ela tem conquistas e retrocessos. Zerar o trabalho escravo demanda mudanças estruturais, ele é uma consequência do capitalismo.

Leia a entrevista completa na página

brasildefato.com.br

DIREITO AO ENDEREÇO EM BELO HORIZONTE A Prefeitura de Belo Horizonte criou, em dezembro passado, o programa Endereço Cidadão, com o objetivo de viabilizar um endereço para pessoas que residam em assentamentos ou lotes informais no município. O endereço tem caráter temporário, mas facilita o acesso do morador a serviços públicos, tais como o SAMU, bombeiros, polícia, Copasa, Cemig, além de viabilizar melhor o serviço de entrega de correspondências e encomendas. A certidão de endereço temporário será emitida pela Secretaria Municipal de Política Urbana, que fará a localização geográfica do imóvel no ordenamento numérico. O documento não reconhece a regularidade urbanística do imóvel, posse ou propriedade. Visa somente a viabilizar a existência do endereço do local. O pedido do Endereço Cidadão deve ser feito no BH Resolve (Avenida Santos Dumont, 363, Centro), onde técnicos farão a análise. A Prefeitura informa o prazo de 15 dias para confecção da certidão. Jonathan Hassen é advogado popular


VARIEDADES

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

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Modo de preparo 1. Coloque todos os ingredientes em uma tigela e derreta em banho maria, até que a mistura fique homogênea; 2. Leve para a geladeira até endurecer; 3. Depois, bata na batedeira até virar um creme; 4. Guarde em potes com tampa em local fresco. OBS: Opte pelos ingredientes 100% naturais, sem aditivos químicos e conservantes.


Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

13 VARIEDADES 15

FIQUE

AMIGA DA SAÚDE

ESCUTE

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Os tempos não estão fáceis. Todos temos algo do que reclamar: seja da vida lá fora (enchentes, desemprego, aumento do custo de vida), seja de questões internas. Aposto que você também tem e que gostaria de falar sobre isso. Mas experimente o exercício inverso. Quando alguém for desabafar com você, procure ouvir esta pessoa. Deixe suas próprias questões, seus julgamentos sobre o que está ouvindo, seus dramas e reações de lado por um tempo. Preste atenção no que a outra pessoa fala, demonstre interesse, mas não emita sua opinião, ao menos que ela te peça. Pode até não ser exatamente o que você precisa no momento, mas pode fazer toda a diferença para quem pôde por fim se expressar.

Tive contato com água de enchente. Preciso tomar alguma vacina?

BEM

TOME BANHO DE OLHOS FECHADOS Nossa mente se acostuma com algumas ações que fazemos todos os dias e assim já nem prestamos atenção nelas. Escovar os dentes, dirigir, andar, comer, colocar e tirar roupa e muitas outras podem ser exemplos do tal piloto automático. Para começar a quebrar esse padrão – que pode ser útil, mas também perigoso – faça algum desses movimentos de olhos fechados. Tomar banho pode ser uma boa ideia. Se achar difícil, tente pelo menos mudar a ordem das coisas, usar outra mão, olhar-se no espelho, concentrar no que está fazendo. *Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado.

Sílvia Castro, 38 anos, garçonete. Deve sim, Sílvia. O Ministério da Saúde publicou uma nota nos últimos dias orientando a aplicação da vacina contra hepatite A nas pessoas que tiveram contato com água das inundações. A hepatite A é uma doença causada por vírus que é transmitido por via fecal-oral, com a ingestão de água e alimentos contaminados ou de pessoa para pessoa, inclusive por contato sexual. Normalmente é benigna, podendo causar febre, perda de apetite, icterícia (amarelão) e náuseas. Quem deve tomar a vacina são as pessoas acima de 12 meses, não vacinadas, que tiveram contato com água de enchente. O esquema é de uma dose, com volume variável conforme a idade. Procure se vacinar o quanto antes.

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FEV/20

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) convoca toda a categoria, Superintendências Regionais de Ensino (SRE’s) e Órgão Central para:

REDE ESTADUAL INICIA O

ANO COM ASSEMBLEIA QUE PODE DECIDIR POR

! E V GRE

ASSEMBLEIA ESTADUAL

PARALISAÇÃO TOTAL DAS ATIVIDADES ACEITARÁ A EDUCAÇÃO NÃO ERENCIADO! TRATAMENTO DIF IAL! PELO PISO SALAR ! PELO 13º SALÁRIO

Pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) • BH


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

Projetos de series para TV com temas LGBT são censuradas pelo governo AUDIOVISUAL Resultado do edital não contempla produções citadas por Bolsonaro Divulgação

Larissa Costa

Q

uatro projetos de produção audiovisual, com temática LGBT, foram censurados pelo governo de Jair Bolsonaro. Na última semana, foi divulgado o resultado do edital público com linhas de financiamento de séries para TV em que os projetos “Afronte”, “Transversais”, “Religare queer” e “Sexo reverso” não foram contemplados. O que é estranho, segundo o roteirista de “Religare queer”, Kiko Goifman, são os projetos terem sido citados pelo presidente em uma transmissão ao vivo, em agosto do ano passado. “Quando a gente foi atacado pelo presidente, ti-

vemos acesso à nossa pontuação. Os projetos muito bem pontuados. É uma questão técnica. Os pareceres foram maravilhosos. É censura porque virou questão de honra [para o governo] que nossos projetos não

ganhassem” denuncia. “Religare Queer” teve nota, de acordo com o roteirista, de 19,5 em um total de 20 pontos. Na transmissão ao vivo, Bolsonaro diz: “conseguimos abortar essa missão”,

em referência à sinopse de “Transversais”, que conta a história de cinco pessoas transgêneros que moram em diferentes cidades do Ceará. Todas as quatro obras citadas eram finalistas no edital. “Religare Queer”, da diretora Claudia Priscilla e consultoria da Laerte Coutinho, trata do universo de pessoas LGBTs e suas religiosidades. “A gente foi chamado de pornografia pelo presidente, o que é uma coisa absurda, o pro-

As quatro obras citadas eram finalistas no edital

jeto beira à delicadeza e o lirismo”, comenta o roteirista. Após o “garimpo na Ancine”, em termos do próprio presidente, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, chegou a suspender o edital, mas foi impedido por uma decisão judicial, que concluiu a existência de discriminação por parte do governo. Bixa Travesty circulou em vários festivais pelo mundo, como Berlim 2018, e foi vencedor do prêmio Teddy. A obra também foi premiada nos festivais de Toronto, Barcelona, Brasília e no Mix Brasil. Em BH, está em cartaz no Cinema Belas Artes, na rua Gonçalves Dias, 1.581, no bairro Lourdes.

Roteiro Izabela Gonçalves /Divulgação

Divulgação

Cadu Passos /Divulgação

AULA ABERTA DE PASSINHO

LAVADA NO BONFIM

FUNK, TROPICÁLIA, HIP-HOP E TAMBOR

Uma aula aberta de Passinho, com o dançarino e coreógrafo Dudu Sorriso, acontece na quinta (6), às 18h, no Centro de Referência da Juventude (CRJ). Com origem nas favelas do Rio de Janeiro, o Passinho Foda – que junta passos de várias favelas com outros estilos – é conhecido no mundo todo. O evento faz parte da programação do 14º Festival de Verão UFMG e é gratuito. O endereço é Rua Guaicurus, 50, na Praça da Estação, no Centro de BH.

No dia de Iemanjá, 2 de fevereiro, a Casa Rosa do Bonfim recebe, a partir das 16h, o Lavada, evento que celebra a energia musical do bloco afro Magia Negra e do Babadan Banda de Rua, que apresenta o pré-lançamento do álbum “Anunciando”, com a participação de Matéria Prima e JeffinDaBazi. As pick-ups serão comandadas pelo DJ Eddy Alves. A entrada custa R$ 15 e o endereço é Rua José Ildeu Gramiscelli, 301, no bairro Bonfim, em Belo Horizonte.

O carnaval já chegou e o bloco Alô Abacaxi convida Classics Hip Hop e Batekoo para evento que acontece no galpão do Giro, no sábado (1), a partir das 14h. O repertório é uma salada de funk, Tropicália, hip-hop e tambor. Os ingressos variam entre R$ 10 e R$ 15 e podem ser comprados pela internet. O endereço é Espaço Gofree, na Rua Francisco Soucasseaux, 54, no bairro Lagoinha, em BH. A programação completa está em facebook.com/ AloAbacaxi.


Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

ESPORTE

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Wikmedia Commons

Personagem da semana

PAPO ESPORTIVO

A gente quer vê-las jogando de perto Carlos Gregório Jr. / Vasco

na geral

Lucas Figueiredo /CBF

O

mundo perdeu no domingo (26) um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, o ala-armador Kobe Bean Bryant, de 41 anos. Ele, sua fi-

lha Gianna, de 13 anos, e outras sete pessoas foram vítimas de um acidente de helicóptero. Kobe deixou sua assinatura no esporte com dezenas de conquistas coletivas

e individuais, como a marca de quarto maior cestinha da NBA, com 30 mil pontos e 6 mil assistências, entre outros feitos.

Leonardus Saraiva

Jordânia Souza

na geral

Brasil conquista cinco medalhas em competição paralímpica

Alê Cabral /CPB

O Brasil encerrou sua participação no Aberto Paralímpico do Chile de tênis de mesa com medalhas em todos os torneios disputados. A delegação brasileira conquistou cinco pratas e três

bronzes no evento, que terminou no último domingo (26). Destaque para o potiguar Ecildo Lopes, de 56 anos de idade, 20 de carreira. Ele conquistou a prata na disputa por duplas da

classe 1-5 (para atletas paraplégicos ou tetraplégicos) e o bronze no individual. (Com informações da CBTM - Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) ANÚNCIO

Após o sucesso da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019, na França, ficou evidente que a competição tem tudo para crescer e se tornar uma das mais rentáveis em todo o mundo. Para se ter uma ideia, mais de 1 milhão de ingressos foram vendidos e recordes de audiência foram alcançados em diversos países. Aqui, onde a Copa Feminina foi transmitida pela primeira vez em TV aberta, mais de 30 milhões de espectadores assistiram às partidas. Não é à toa que o próximo Mundial, que acontecerá em 2023, já tem quatro candidatos a sede: Brasil, Colômbia, Japão e a candidatura conjunta de Austrália e Nova Zelândia. Em dezembro de 2019, os países oficializaram a intenção de trazer a Copa Feminina para seus campos e, em fevereiro, acontecerão as inspeções das federações candidatas. No Brasil, as inspeções ocorrerão entre os dias 3 e 6 de fevereiro, como parte do processo de avaliação para escolha do país-sede. O objetivo é estu-

dar os aspectos técnicos e o desenvolvimento do futebol feminino nos países interessados. Um dos pontos a favor do Brasil é o fato de já ter a estrutura para receber o torneio, já que o país sediou a Copa do Mundo Masculina de 2014. O anúncio do vencedor deve sair em junho deste ano. Por que torcer para o Brasil ser escolhido? O primeiro motivo é que esse evento tem o potencial de nos aproximar da modalidade e abraçar de vez o futebol feminino. Além disso, a Fifa anunciou que pretende investir alto nesse Mundial, que será o primeiro com 32 equipes, como já acontece na versão masculina. Um evento como esse pode abrir portas para que a mídia, as marcas e a sociedade vejam o futebol feminino como potência e invistam mais em nossas garotas. Certamente, para as meninas que sonham ser jogadoras profissionais, o estímulo será ainda maior. E olha que salto: há 40 anos, o futebol feminino era proibido no país. Agora, temos a chance de receber o maior evento da modalidade. Isso seria uma grande vitória e nossas mulheres merecem muito! A gente quer vê-las jogando de perto!


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Belo Horizonte, 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020

ESPORTES

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STDJ mantém perda de mando para o Cruzeiro Vinicius Silva / Cruzeiro

O Cruzeiro já havia perdido três mandos, com portões fechados, por causa das brigas ocorridas no jogo do rebaixamento, contra o Palmeiras, no dia 8 de dezembro. Pelos incidentes do clássico com o Galo, no qual a Raposa era mandante, o STJD manteve a perda de um mando de campo. As penas serão cumpridas na Copa do Brasil ou na série B do Brasileirão. Pelas confusões entre torcedores, a multa do time celeste era de

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou nesta quinta-feira (30) os recursos de Cruzeiro e Atlético, condenados por incidentes no Mineirão, no clássico do dia 10 de novembro. O Atlético, que havia perdido um mando e sofrido multa de R$ 100 mil por confusões entre torcidas e outros E$ 30 mil por racismo de um torcedor, recuperou o mando e viu as multas caírem para R$ 50 mil e R$ 15 mil, respectivamente.

Bruno Cantini /Atlético MG

O técnico do Bahia, Roger Machado, deu outra aula sobre racismo. Comentando o lugar do negro no futebol e sua ascensão pessoal, ele afirmou com ironia: “O futebol embranquece o negro porque lhe dá dinheiro, status, mas para um cargo de gestão, que exige capacidade intelectual, aí eu já não estava ao alcance”.

Gol contra O tenista João “Fejião” Souza foi banido definitivamente do tênis mundial pela Associação de Tenistas Profissionais e pagará multa de 200 mil dólares. Ele é acusado de manipular resultados em vários torneios. Será o brasileiro o único tenista que manipula resultados?

Bráulio Siffert Do primeiro para o segundo jogo no Campeonato Mineiro, o América evoluiu bastante, com mais ânimo, criatividade e acertos coletivos e individuais. Mas ainda falta muito para ser um time forte, eficiente e que sofra menos contra times mais fraDecacampeão cos. A zaga, por enquanto é o destaque, enquanto o ataque ainda precisa caprichar sobretudo no passe final e nas finalizações. Quanto ao técnico, parecia não haver consenso: seria a hora de apostar no jovem interino que está começando agora, correndo o risco de dar errado e ser tarde pra consertar? A opção parece ser por um treinador já rodado e disponível no mercado: Lisca Doido, que ajudou a livrar o Ceará do rebaixamento em 2018.

Para receber as matérias do BRASIL DE FATO MG diretamente no seu celular, envie uma mensagem para

Novo julgamento Nesta sexta-feira (31), o Cruzeiro vai novamente ao tribunal para ser julgado pelo STJD por confusões de torcedores, na derrota para o CSA, por 1 a 0, no dia 29 de novembro. No fim do jogo, torcedores atiraram bombas, sinalizadores e outros objetos ao gramado. O time pode ser punido com pena que varia de uma a dez partidas com multa entre R$ 100 e R$ 100 mil.

DECLARAÇÃO DA SEMANA

Gol de placa

Técnico rodado e disponível

R$ 100 mil e caiu para R$ 50 mil.

Já fiz muito pelo clube e mereço respeito. Além disso, com 34 anos, me sinto um garoto e estou cheio de planos para a minha carreira” Diego Tardelli, ex-atacante do Atlético-MG, respondendo ao presidente Sette Câmara, que insinuou que o jogador estaria velho para o clube.

Dudamel cai na real

Revelações em campo

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Nas transições, em tempos sombrios, percebemos: tudo tende a piorar. E o Atlético caminha para incertezas. O técnico Dudamel sente isso na pele. As contratações vêm a conta-gotas – o lateral-esquerdo Guilherme Arana É Galo doido! chegou, mas Fábio Santos foi do céu ao inferno em três jogos. O maior pecado está na armação. Cazares era o responsável, só que a fama de arruaceiro e a necessidade de arrecadação foram fatais. Contra o Coimbra, fez falta um meio-campo capaz tanto de proteger a defesa quanto de municiar o ataque. Falta também atacante de qualidade. Dudamel que se cuide. De salvador da pátria pode, em pouco tempo, se tornar mais um pária, pois os torcedores são uma metamorfose ambulante.

Salve, nação celeste! Aos poucos, vamos voltando ao convívio direto com nossa paixão, indo ao Mineirão acompanhar o Cruzeiro. Após dois jogos em casa, domingão (2) vamos ao interior do estado, em Juiz de Fora, enfrentarLa o Tupynambás. Adilson BatisBestia Negra ta promete duas estreias: o lateral esquerdo João Lucas e o volante Filipe Machado. Dois destaques já despontam na meia cancha: Jadsom e Maurício. Que os estreantes encampem o espírito de reconstrução, para que possamos retornar ao nosso lugar de direito. Enquanto isso, não temos visto medidas efetivas no âmbito administrativo. Se o diagnóstico da situação é complicado, pouco se tem anunciado sobre medidas reais. Saudações celestes!

31 98468-4731

/brasildefatomg


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