Reprodução
Lavar a cabeça com água fria?
Amélia Gomes
Sim! Amiga da Saúde afirma que medida pode garantir mais hidratação e brilho aos fios VARIEDADES 13
Zema gera atrito entre servidores Governador pede sacrifício aos professores, e envia projeto com reajuste só para segurança pública MINAS 2 E 4
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro • edição 317 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita
PETROBRAS: PRIVATIZAÇÃO É PREJUÍZO PARA A POPULAÇÃO
Mídia NINJA
Apesar da ampla maioria da população ser contrária às privatizações, governo confirma lista com 17 empresas que serão colocadas à venda. Dentre os alvos da privatização estão refinarias da Petrobras e a fábrica de fertilizantes da empresa no Paraná. Em Minas, a Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Betim, está na lista. Venda da empresa geraria aumento do preço dos combustíveis e desemprego. Cerca de 20 mil petroleiros estão em greve desde o dia 1 de fevereiro, paralisando 113 bases da empresa I ESPECIAL
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020
Opinião
Lição de casa, lição de luta João Paulo Cunha
ESPAÇO DOS LEITORES “O governo atual está promovendo uma verdadeira destruição da rede estadual de ensino. Esta destruição faz parte de seu projeto de privatização, que tem por objetivo entregar ao mercado empresas e serviços públicos”. Mauro Costa Assis sobre a matéria “Professores da rede estadual deflagram greve: entenda por quê” -------------------------------------------------------“Vexame estadual!” Gilmara Paixão sobre a matéria “No 1º dia do ano letivo, mães e pais fazem fila nas escolas por matrículas em MG” -------------------------------------------------------“Os professores estão certos, este governo prioriza a PM e desconsidera a educação!” João Drumond também sobre a matéria das filas para matrícula -------------------------------------------------------“#EuApoioAGreve” Eneida Oliveira sobre a matéria “Greve aprovada em toda a rede estadual de educação”
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Os professores das escolas públicas do estado de Minas Gerais e de alguns municípios iniciaram o ano letivo dando mais uma aula de cidadania. A mobilização dos mestres é um sinal claro de sabedoria política, olhar atento à conjuntura e otimismo na ação, em tempos de tanto desânimo. Não é hora de abrandar a resistência nem adiar as atitudes de confronto. Há duas operações em paralelo contra a educação brasileira. A primeira, mais ampla, aposta na privatização do setor a longo prazo. Para isso, é preciso desqualificar a educação pública. Não se trata de acabar com as escolas municipais, estaduais
Bolsonaro e Zema querem para os pobres, uma escola pobre e federais, mas de torná-las cada vez menos consistentes, alimentando a divisão social desde os bancos da escola. Para os pobres, uma escola pobre. O que começou no ataque às universidades – que ainda persiste – logo mostrou sua face nos ensinos fundamental e médio. O projeto privatista precisa destruir as conquistas do setor nas últimas décadas, como as políticas de inclusão, as cotas, os exames unificados nacionais, os fundos públicos, a liberdade de cátedra e a democratização das decisões na comunidade escolar. Nos estados e municípios, o que se observa é uma recorrência dos mes-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
mos métodos. Em Minas Gerais, colecionam-se atrasos no setor: corte real de vagas no ensino integral, término de turmas com consequente dispensa de professores designados, ausência de diálogo com a categoria, não pagamento do piso nacional e, recentemente, a regressão à ameaça de não encontrar vagas.
Governo mineiro busca a divisão do funcionalismo O governador Romeu Zema (Novo) voltou a patrocinar os acampamentos de pais nas portas das escolas, com direito a dormir nas filas, para tentar garantir a matrícula de seus filhos perto de suas casas. Se o primeiro objetivo é atingir a escola pública, a segunda atitude se dirige ao fechamento dos canais democráticos entre o setor educacional e os governos. A precarização do trabalho dos professores começa com o salário aviltado, ausência de reajustes, incremento da carga horária e autoritarismo nas decisões. Professores mineiros não recebem o piso e estão até hoje sem receber parte do 13º do ano passado. O governo mineiro, ao priorizar os servidores da segurança, utiliza-se da mais baixa forma de incentivar a divisão do funcionalismo. Um jogo triplo de fraqueza, falta de espírito público e irresponsabilidade. Quanto às outras categorias, além da solidariedade indispensável aos trabalhadores da educação, espera-se que façam também a lição de casa.
PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 70 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020
GERAL
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Estacionamento liberado no carnaval de BH
Divulgação /PBH
Nossos direitos DESCONTOS NO IPTU 2020 EM BH, CONTAGEM E SABARÁ O proprietário ou locatário de imóvel prejudicado pelas fortes chuvas que estão ocorrendo no estado terão direito a redução ou isenção do valor referente ao IPTU de 2020 nos municípios de Belo Horizonte, Contagem e Sabará. A iniciativa visa reduzir impactos dos danos/prejuízos. Em BH, para requerer, o contribuinte deve solicitar visita da Defesa Civil pelo telefone 199 para que seja feita avaliação do imóvel e emitido laudo técnico. Pela página na internet da prefeitura, deve preencher formulário de isenção
e levá-lo ao BH Resolve nos guichês da Secretaria Municipal da Fazenda, juntamente com o protocolo do laudo técnico da Defesa Civil. Em Contagem, a prefeitura e a Defesa Civil está realizando o mapeamento das áreas afetadas para não lançar a cobrança. Em Sabará, foi aprovado nos últimos dias na Câmara Municipal a isenção do IPTU, e deve-se acompanhar pela página na internet da prefeitura qual o procedimento será adotado em seguida.
Entre domingo (23) e terça (25) de carnaval, todas as áreas de BH regulamentadas com o Estacionamento Rotativo Digital serão liberadas durante 24 horas por dia. Na
quarta (26), a liberação ocorre de 8h ao meio dia. Atualmente, o sistema rotativo conta com 23.631 vagas físicas em 876 quarteirões da capital.
Arte por justiça
Reprodução Divulgação /ONHB
Jonathan Hassen é advogado popular
Um painel do “artivista” Mundano, no centro de São Paulo, homenageia os trabalhadores mortos pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. Como uma releitura da obra Operários, de 1933, de Tarsila do
Amaral, a pintura “tatua” um prédio para “lembrar que a mineração tem custo”, nas palavras do autor. Como matéria-prima, Mundano utiliza a lama tóxica coletada em duas expedições aos locais atingidos. Pedro Stropasolas /Brasil de Fato
Declaração da Semana A gente tem que agarrar essa crise e fazer dela nosso campo de batalha
Linn da Quebrada, cantora, atriz e roteirista, em entrevista ao Brasil de Fato.
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MINAS
Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020
“Zema joga para a Assembleia o conflito que ele não quis enfrentar”, afirma deputada TRAMITAÇÃO Governador enviou PL que prevê aumento apenas para a segurança pública deixando de fora demais categorias Guilherme Dardanhan
Rafaella Dotta
O
governador Romeu Zema (Novo) enviou para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um projeto de reajuste salarial apenas para os servidores da segurança pública – policiais e agentes do sistema prisional – e a casa, que tem maioria a favor de Zema, pode não querer aprovar. O Projeto de Lei 1.451 prevê uma “recomposição salarial” de 41% para os servidores da segurança pública, a ser efetivado parceladamente até 2022. Segundo relatório da SEPLAG, o aumento significaria um gasto de R$ 1,1 bilhão em 2020, R$ 2,85 bilhões em 2021 e R$ 5,6 bilhões em 2022. Pelo projeto, as demais categorias, como enfermeiros,
“O governador não conversou com todas as categorias”, afirma deputada Beatriz Cerqueira
médicos, funcionários administrativos e professores não terão reajuste salarial. Emenda busca reajuste para todos Enquanto isso, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) propôs uma emenda ao Projeto de Lei para garantir a isonomia, ou seja, que todos os servidores públicos recebessem tratamento igual
e assim tivessem seus salários também reajustados. Segundo uma tabela da Secretaria de Planejamento e Gestão de MG, apresentada pela deputada, há funcionários no Ipsemg com salário defasado em 28%, a saúde tem carreiras com 20% de defasagem e a AGE tem quase 30% de defasagem, além dos professores estaduais que recebem menos que o piso salarial.
A emenda e a deputada passaram a ser, na fala dos demais deputados, o entrave ao aumento do reajuste da segurança pública. Porém, Beatriz afirma publicamente que seu voto será favorável ao projeto de lei. “Foi construído um discurso falso de que o nosso bloco parlamentar atuou na obstrução do PL. Se tivéssemos essa posição, nós tínhamos alterado o projeto quando chegou, por impacto financeiro”. Ela defende que o confronto en-
Defasagem salarial chega a 30% em algumas categorias
tre os servidores foi criado pelo governador Romeu Zema. “O governador foi procurado por todas as categorias do funcionalismo, e não conversou com todas. Ele joga para a Assembleia o conflito que ele não quis enfrentar”. A coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE-MG), Denise Romano, afirma que os professores estão há um ano tentando negociar, mas nunca foram recebidos. “Nós estamos há 12 anos na luta pelo piso salarial. Em 2015 conseguimos uma lei estadual que previa o pagamento do piso, mas que não foi inteiramente cumprida”, diz. Hoje, o salário inicial de um professor é de R$ 1.982. E o de um policial civil é de R$ 4.098.
Professores de Betim em greve por reajuste salarial e valorização da carreira RMBH A paralisação acontece desde o dia 6 de fevereiro. Até o momento, município ofereceu apenas 5% de reajuste Raíssa Lopes Em assembleia realizada na quarta-feira (12), os professores da rede municipal de educação de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), decidiram pela continuidade da greve que acontece na cidade desde o dia 6 de fevereiro. Logo após o encontro, os trabalhadores saíram em marcha pelas ruas do Centro do município. Além do descumprimento da lei do piso nacional, os trabalhadores denunciam que recebem um dos menores salários da RMBH. Os agentes de serviços escolares
Reprodução / Facebook
chegam a ganhar menos do que o salário mínimo vigente no país, de R$ 1.045. Eles ganham R$ 741,78 por mês. Os professores, por sua vez, têm um salário de aproximadamente R$ 1.378, enquanto nas demais locali-
dades a remuneração fica em torno de R$ 1.982. O piso nacional, previsto na Constituição Federal, é de R$ 2.816,24. “Nossa luta é para modificar esse cenário perverso de empobrecimento que foi
agravado pela atual gestão, que retirou direitos e congelou carreira”, declara Luiz Fernando Oliveira, um dos coordenadores da subsede Betim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), se referindo à administração do prefeito Vittorio Medioli (PHS). Até o momento, a prefeitura chegou a apresentar uma
Agentes de serviços escolares ganham R$ 741,78 por mês
proposta de 5% de reajuste. “O que nos está sendo oferecido não recompõe nem as perdas da inflação da gestão do próprio Medioli”, ressalta Luiz. Segundo o dirigente, 75% da categoria está paralisada. “Quando o trabalhador vai para uma greve é porque todas as outras tentativas de resolver foram esgotadas. Não gostamos de greve. O objetivo é manter uma escola de qualidade, com investimento, com profissionais bem remunerados. Cuidamos do bem mais precioso de uma sociedade, que são os estudantes”, diz Luiz.
EDIÇÃO ESPECIAL Ano 7
Fevereiro de 2020
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Desfazer da Regap pode levar a aumento do desemprego e do preço do combustível PRIORIDADES Refinaria de Betim está na lista de “desinvestimento” da Petrobras JOANA TAVARES
Geraldo Falcão
MG
Em 2019, sob o governo da extrema direita de Jair Bolsonaro, a Petrobras lançou comunicado de venda de oito refinarias. “Os desinvestimentos representam, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado”, diz nota oficial da companhia. As refinarias a serem vendidas são Rnest (PE), Rlam (BA), Repar (PR), e Refap (RS), Reman (AM), Six (PR), Lubnor (CE) e a Regap, que fica em Betim região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Segundo a Secretaria Municipal de Finanças, Planejamento, Gestão, Orçamento e Obras Públicas de Betim, a Refinaria Gabriel Passos - Regap passa em média R$ 30 milhões por mês para o município. “Não há nenhum estudo específico sobre o impacto da privatização”, diz, em nota, a Prefeitura da cidade. Menos produção e menos emprego “As empresas privadas costumam pedir isenção de impostos”, argumenta Felipe Pinheiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas.
Regap produz cerca de 60% da capacidade de abastecimento do estado de Minas Gerais
Outra possível consequência da privatização levantada pelo dirigente sindical diz respeito à redução das atividades. “Uma empresa privada pode, em um determinado momento do ano, conforme o valor do preço do petróleo, decidir reduzir a produção ou mesmo não operar. Se a empresa for privatizada, a Regap não tem mais necessariamente o interesse de abastecer o mercado de Minas e região. O interesse é lucro”, destaca. Com a diminuição da produção, os preços dos
combustíveis podem aumentar, assim como o desemprego. Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acrescenta que a privatização leva a mudanças na arrecadação dos royalties, que podem ser até zerados. “O petróleo utilizado na produção da refinaria poderá ser importado e não produzido no Brasil”, exemplifica. A segurança do trabalho é outro fator que pode piorar com a venda da unidade
para uma empresa privada. “Eles vão querer que os funcionários trabalhem com a lógica da produção acima de tudo, inclusive acima da segurança, com risco de perder vidas”, diz Anselmo Braga, coordenador geral do Sindipetro MG.
Unidade passa em média R$ 30 milhões por mês para Betim
O QUE É A REGAP Minas Gerais abriga quatro unidades da Petrobras, sendo a maior delas a Refinaria Gabriel Passos (Regap), localizada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. A planta completou 50 anos em 2018 e tem capacidade de processamento de 150 mil barris de petróleo por dia. Entre seus principais produtos estão a gasolina, diesel, combustível marítimo, querosene de aviação, entre outros. “A Regap produz cerca de 60% da capacidade de abastecimento do estado de Minas Gerais”, pontua Cloviomar Cararine, do Dieese. Além do estado, a unidade atende parte do mercado do Espírito Santo. Segundo estimativa do Dieese, a refinaria conta com 800 trabalhadores próprios e 1200 terceirizados.
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ESPECIAL
Aumentos dos combustíveis impactam no prato do brasileiro Entenda como a privatização das refinarias impacta em toda a cadeia produtiva dos alimentos GUILHERME WEIMANN
Carlde Souza / AFP
RIO DE JANEIRO (RJ)
“O
lha, tudo aumentou nos últimos anos, na feira e no mercado. Toda a despesa subiu, mesmo eu tendo tirado ou diminuído algumas coisas das compras”, afirma Magnólia Maria Santos Lima, 56 anos, moradora de Osasco (SP), município da grande São Paulo. Magnólia é cozinheira na Barra Funda, bairro da capital paulista, e responsável pela compra dos alimentos que se tornam o almoço diário de aproximadamente 15 pessoas. “Há dois ou três anos, a gente pagava R$ 1,90 no quilo do tomate, agora você não encontra por menos de R$ 8,00. A batata eu pagava 59 centavos, no máximo R$ 1. Hoje eu paguei R$ 9,75 por um quilo e meio”, relata. E a percepção dos aumentos no bolso da população, que gasta cerca de 25% da sua renda em alimentação, também podem ser verificados no balanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, houve um aumento de 4,31% no índice, acima do centro meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Também de acordo com o IPCA, no ano passado, os preços do grupo alimentos e bebidas pesaram mais no bolso dos brasileiros. A alta de 6,37% foi puxada, sobretudo, pela carne (32,40%), pelo tomate (71,76%), pelas frutas (14,1%) e pelo leite (8,43%).
RJ
EDIÇÃO ESPECIAL FEVEREIRO DE 2020
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Para a produção de alimentos VOCÊ SABIA convencionais, outro derivado do do petróleo que interfere no custo de produção é o fertilizante, que também subiu de preço nos últimos anos. Um dos motivos é a baixa participação da Petrobras no setor. Atualmente, apesar de ser o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, o Brasil importa cerca de 75% dos insumos nitrogenados. Além disso, desde 2019, a Petrobras anunciou que retomará o processo de venda da sua participação nas fábricas de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa) e Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN III).
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REAJUSTE DOS COMBUSTÍVEIS »Um dos fatores que puxaram o preço dos alimentos nos últimos anos foi a mudança na política de preços dos derivados de petróleo nas refinarias da Petrobras. A partir de 2016, com a mudança na direção da estatal, os preços dos derivados passaram a ser reajustados de acordo com a cotação internacional do barril do petróleo e da variação do dólar. Como o valor do barril de petróleo disparou desde junho de 2017, os combustíveis passaram a sofrer reajustes diários nas refinarias e, consequentemente, nas bombas dos postos de gasolina. Anteriormente, entre 2011 e 2015, a Petrobras manteve uma política de controle dos preços, subsidiando as variações internacionais e reduzindo o impacto para o consumidor. Com a privatização das refinarias, a estimativa é que essa realidade piore. De acordo com o integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Humberto Palmeira, essa é uma escolha política equivocada. “Uma empresa pública e estatal, com os preços regulados pelo governo e não pelo mercado internacional significa a gente ter um custo de produção de alimentos mais barato, tanto na produção como na distribuição. Com o golpe [de 2016], o que se verificou foi exatamente o oposto”, opina. Reajuste dos combustíveis De 2003 a 2015
De 2016 a 2019
45% 20%
2003
Em 13 anos
2015
45%
de aumento
Média de 3,75% ao ano
2016
Em 4 anos
2019
20%
de aumento
Média de 5% ao ano Fonte: ANP
CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse | REVISÃO Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino, Júlia Procópio e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Guilherme Weimann e Ana Carolina Caldas | DIAGRAMAÇÃO Juliana Braga e Pablo Tavares.
ESPECIAL
RJ EDIÇÃO ESPECIAL
FEVEREIRO DE 2020
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Gibran Mendes
PARA ENTENDER
ANA CAROLINA CALDAS
CURITIBA (PR)
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etroleiros de diversas partes do Brasil iniciaram uma greve contra a desativação da unidade subsidiária da Petrobras no Paraná, a Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR) desde que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a medida. O fim das atividades da unidade vai provocar a demissão coletiva de mil trabalhadores — diretos e terceirizados. Esta decisão aconteceu sem negociação com o sindicato. “Calculando trabalhadores diretos e terceirizados, são mil famílias impactadas, com o comércio local que são prestadores de serviço da empresa, podemos afirmar que são mais de três mil famílias sem renda por causa de uma decisão intempestiva de um governo que não está preocupado com a soberania nacional”, afirma Gerson Castelhano, diretor de comunicação da FUP. A decisão do fechamento e a demissão de todos os trabalhadores foi anunciada no dia 14 de janeiro, pegando de surpresa funcionários e familiares que, de acordo, com a empresa, serão demitidos
Petroleiros em greve contra contra desativação da unidade da Petrobras no Paraná
»Na prática, o governo de Jair Bolsonaro está encerrando as atividades de um setor que garante ao Brasil produção própria de fertilizantes nitrogenados, insumo essencial para a produção agrícola. É um setor da economia em que o Brasil possui as matérias-primas, a infraestrutura e um corpo de operários especializado. O país, com isso, tem mais um sinal de que está indo rápido para um projeto de desindustrialização, falta de produção própria, reduzindo-se a importador de insumos.
Fechamento de fábrica de fertilizantes da Petrobras deixa mais de mil desempregados Governo federal anunciou desativação da Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR)
no prazo de 30 a 90 dias. O sindicato enfatiza que a postura da Petrobras não só fere todo e qualquer princípio ético na relação negocial en-
tre entidade de classe e empresa, como também descumpre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2019, documento referendado pe-
lo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e que proíbe demissão em massa sem prévia discussão com a entidade sindical. O Sindicato tenta
reverter a medida junto aos órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Greve dos petroleiros alcança 113 bases da Petrobras Pela preservação de mil postos de trabalho na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e pela manutenção das cláusulas trabalhistas a todos os funcionários da Petrobras, cerca de 20 mil petroleiros estão em greve desde o dia 1 de fevereiro. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a paralisação já al-
cançou 113 bases do chamado Sistema Petrobras em 13 estados. São 53 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias e mais 23 outras unidades operacionais e 3 bases administrativas na greve, em todo o Sistema Petrobrás. OCUPAÇÃO Na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, um grupo
de cinco dirigentes da FUP seguem ocupando uma sala do quarto andar no prédio da estatal desde o dia 31 de janeiro. Na segunda-feira (3), depois de três dias de proibição, a Petrobras liberou a entrada de alimento e água para a comissão. Até agora a direção da Petrobras se nega a iniciar a negociação com os dirigentes sindicais Dey-
vid Bacelar, Tadeu Porto, Cibele Vieira, José Genivaldo da Silva e Ademir Jacinto. Após a ocupação, a Petrobras ingressou com quatro ações para retirar os sindicalistas que ocuparam a sala, mas foram negadas. Na última semana, o ministro Ives Gandra, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), reconheceu a le-
galidade da greve, mas impôs condições à sua manutenção, sob pena de multa diária que pode chegar a R$ 4,5 milhões. Ele ainda determinou que 90% dos efetivos operacionais sejam mantidos. A FUP e seus sindicatos estão questionando a Petrobras na Justiça sobre como proceder para o cumprimento da determinação.
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ESPECIAL
Na contramão da maioria da população, Bolsonaro quer vender estatais
PETROBRAS: 7ª MAIOR EMPRESA MUNDIAL
»Carro-chefe das estatais, com lucro líquido de R$ 25 bilhões em 2018, a Petrobras não ficou de fora desse propósito do governo federal de se desfazer de ativos do Estado. Ao ser questionado sobre uma possível privatização da petroleira, Bolsonaro afirmou que “estuda privatizar qualquer coisa no Brasil”. O ministro Paulo Guedes também já se colocou favorável à privatização, sob a alegação de que os “monopólios” da Petrobras teriam atrasado a exploração e produção de petróleo no país. Considerada a sétima maior petroleira do mundo, a Petrobras foi responsável, em 2006, pela maior descoberta de petróleo das últimas décadas, o pré-sal. Mesmo assim, Guedes afirmou que uma possível venda da empresa será avaliada “mais à frente". O desmonte da empresa já está ocorrendo desde 2016, com o governo de Michel Temer (MDB), e foi intensificado com o mandato de Roberto Castello Branco, indicado por Bolsonaro para a presidência da Petrobras. A companhia já se desfez de 63% da BR Distribuidora e colocou à venda oito refinarias e a Liquigás – segunda maior distribuidora de gás do país. Durante o lançamento da Frente Popular e Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional, realizada no final do ano passado em Brasília, a ex-presidenta Dilma Rousseff criticou esse projeto que classificou como “desnacionalização” e vinculou o processo político dos últimos anos, principalmente, o golpe que a retirou da presidência, como uma estratégia para desmontar a empresa. “Precisaram fazer um impeachment, prender o Lula, precisaram desse nível de repressão aos partidos e movimentos sociais. E por que precisaram disso? Todos nós aqui sabemos que a sétima maior empresa do mundo é algo que esse país não pode abrir mão”, afirmou.
Apesar de 67% dos brasileiros se mostrarem contrários, governo já confirmou lista inicial de 17 empresas que serão colocadas à venda GUILHERME WEIMANN
N
RIO DE JANEIRO (RJ)
o final do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o Brasil está no “fundo do poço” por causa dos economistas. Entretanto, ao ser questionado sobre quais seriam as suas soluções, o presidente disse para os jornalistas repassarem a pergunta ao seu ministro da Economia: “Pergunta para o Paulo Guedes, eu não manjo nada de economia. Nada. Zero”. E a resposta veio à galope. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Guedes foi incisivo à saída para a crise social e econômica que se instaurou no país: “Eu quero privatizar todas as empresas estatais. A decisão é do Congresso. Essa é a proposta.” O gatilho já foi acionado para colocar essa estratégia denominada como “Plano de Desestatização”. No final de agosto, Bolsonaro anunciou as 17 empresas estatais que o governo pretende privatizar até o final do seu mandato em 2022. A lista (veja completa na página ao lado) inclui a Eletrobras, maior empresa no segmento energético; os Correios, que emprega 105 mil funcionários em todos os municípios do país; e a Casa da Moeda, responsável pela impressão de todo o dinheiro físico
132%
É o aumento de lucro que as estatais tiveram em 2018, se comparado a 2017
RJ
EDIÇÃO ESPECIAL FEVEREIRO DE 2020
que circula em território nacional. Uma das principais justificativas do governo para conceder esse patrimônio à iniciativa privada é a necessidade de enxugar a máquina pública e, com o dinheiro arrecadado nessas vendas, diminuir o volume gasto com os juros da dívida interna. Além disso, aponta as estatais como empresas ineficientes e com gastos excessivos. Entretanto, não é isso o que mostra o último balanço anual divulgado pelo Ministério da Economia. Atualmente, o Brasil possui 134 estatais – 46 com controle direto e 88 com controle indireto. Das 46 com controle direto, apenas 18 são dependentes, ou seja, geram prejuízo ao Estado. Mesmo assim, somadas, as 134 empresas estatais tiveram lucro de R$ 74,3 bilhões em 2018, um aumento de 132% em relação ao ano anterior.
Os Estados Unidos pretendem oferecer "ajuda" VOCÊ SABIA ao Brasil na condução dos leilões de petróleo que devem acontecer em 2020. “Estamos prontos para ajudar no que for possível. O potencial aqui é enorme”. A informação foi divulgada em matéria veiculada no jornal Valor Econômico na última segunda-feira (3).
Resultados anuais das principais estatais (em R$ milhões) 2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Petrobras
35.881
33.110
20.959
23.007
-21.924
-35.171
-13.045
377
26.668
Eletrobras
2.553
3.762
-6.926
-6.192
-2.963
-14.954
3.513
2.454
15.227
Correios*
819
883
1.113
-313
-20
-2.121
-1.490
667
161
Banco do Brasil
11.703
12.126
12.205
15.758
11.246
14.400
8.660
12.275
15.086
BNDES
9.913
9.048
8.126
8.150
8.594
6.199
6.392
6.183
6.711
BNB - Banco do Nordeste*
314
315
820
360
747
306
732
716
726
IRB Brasil Re
-
-
422
344
602
764
850
925
1.219
Caixa
3.764
5.183
5.640
6.723
7.092
7.112
4.137
12.488
10.335
Fontes: Balanços das empresas e Valor PRO. Elaboração: Valor DATA. *Individual
Total em R$ Bilhões 80
64,9
76,2
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RJ EDIÇÃO ESPECIAL
FEVEREIRO DE 2020
Especialista desconstrói quatro “mitos” sobre a privatização
A reportagem do Brasil de Fato discute alguns dos argumentos falsos mais comuns sobre a venda das estatais Divulgação
GUILHERME WEIMANN
RIO DE JANEIRO (RJ)
A
maioria da população já se deparou com argumentos contrários às empresas estatais e, consequentemente, favoráveis à privatização. Serviços ruins, preços altos e prejuízo ao Estado são os principais pontos difundidos. Entretanto, como todo senso comum, existe uma ausência de dados que comprovam tais afirmativas. Para investigar algumas das questões mais comuns quando se trata da venda das empresas estatais, a reportagem procurou a cientista social Juliane Furno. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atualmente é aluna de doutorado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Confira:
MITO 1: “BRASIL ESTÁ
Entre as empresas que foram anunciadas para privatização estão Correios
MITO 2: “AS ESTATAIS SÃO INSUFICIENTES
ENDIVIDADO E EM CRISE, O MELHOR É PRIVATIZAR.”
E PRESTAM SERVIÇOS RUINS”
»Em primeiro lugar, a dívida brasileira é interna, diferentemente da década de 1980 quando tínhamos dívida externa. Isso quer dizer que estamos endividados na nossa própria moeda, o que não é nenhum problema para um país com soberania monetária. Aliás, o que se entende por um país endividado? A nossa dívida pública, hoje, está em 69% do Produto Interno Bruto (PIB). A do Japão está em 270% e a norte-americana é mais de 100% do PIB. Em segundo lugar, essa era exatamente a justificativa para as privatizações na década de 1990. No entanto, a dívida pública aumentou no final do processo de privatização. Isso porque – para reduzir a dívida de um país – é necessário retomar a atividade econômica, e não apenas fazer privatizações mantendo uma política econômica de juros altos e câmbio apreciado. Por fim, você até poderia fazer esse cálculo: “tudo bem, eu vendo as estatais, arrecado R$ 100 bilhões e abato da dívida”. Pode até ser que isso funcione no curto prazo, mas no longo prazo você está abrindo mão da receita da atividade dessas empresas.
bir a ação das privadas. As empresas estatais servem para prover serviços essenciais à sociedade, como o setor de energia, transporte de mercadorias, sistema financeiro, água. São serviços vitais à vida em sociedade e “formadores de preços”. Todas as mercadorias são produzidas em lugares que usam luz, e quase todas são transportadas usando petróleo. Se esses preços “flutuam” no livre mercado, isso impacta o preço final de tudo o que a gente consome, assim como a inflação. Agora, se a gente ir mais fundo, os serviços prestados pelas empresas estatais não são ruins se comparados com o serviço privado. A telefonia, por exemplo, que foi privatizada nos anos 1990 é o setor líder de reclamações no Procon.
»As empresas estatais não surgiram, no Brasil, para concorrer ou ini-
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CONFIRA AS 17 EMPRESAS QUE FORAM LISTADAS PARA A PRIVATIZAÇÃO:
»Correios; »Eletrobras; »Casa da Moeda; »Telebras; »Serviço Federal de Pro-
cessamento de Dados (Serpro); »Dataprev; »Empresa Gestora de Ativos (Emgea); »Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF); »Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex); »Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp); »Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp); »Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasaminas); »Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU); »Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb); »Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) »Porto de São Sebastião; »Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec).
MITO 3: “O PREÇO DOS SERVIÇOS
MITO 4: “ESTATAIS DÃO
»Isso não tem nenhum paralelo na história brasileira. Basta ir aos exemplos concretos. A tarifa do metrô da cidade do Rio de Janeiro é a mais cara do Brasil, e – no entanto – é um serviço privado. A energia elétrica da cidade de São Paulo foi privatizada no fim da década de 1990. De lá para cá, a conta da tarifa aumentou 324%. Por fim, vários estudos tem sido realizados e apontam que, se houver a privatização total da Eletrobrás, a conta final para o consumidor deve ficar algo em torno de 20% mais cara.
»Mentira, pelo contrário. As grandes empresas estatais não só não dependem do Tesouro Nacional quanto contribuem, significativamente, para as receitas do Estado, na medida em que ele recebe altos dividendos por ser o acionista majoritário.
DIMINUI COM A PRIVATIZAÇÃO.”
PREJUÍZO E NECESSITAM DE SUBSÍDIOS DO GOVERNO.”
ESPECIAL
GUILHERME WEIMANN
RIO DE JANEIRO (RJ)
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undada em 1694, a biografia da Casa da Moeda está entrelaçada com a do país. Por isso, sua história recente também está marcada pelos mesmos retrocessos políticos e econômicos da conjuntura nacional. Ainda em 2017, no governo de Michel Temer, a empresa foi colocada como uma das estatais a serem privatizadas. Recentemente, Bolsonaro apenas corroborou a ideia do seu antecessor e a incluiu na lista de privatizações que contém 17 estatais. Desde 1970, a estatal passou por uma reestruturação que possibilitou a produção de todo o meio circulante, que é o nome técnico para os papéis-moedas e as moedas, disponível em território nacional. Entre 2009 e 2012, seu parque gráfico passou por uma nova atualização a pedido do Banco Central, com investimento de R$ 600 milhões, que permitiu o lançamento da segunda família do Real. Atualmente, a empresa tem capacidade de produzir 3 bilhões de cédulas e 4 bilhões de moedas, aproximadamente. Entretanto, houve uma subutilização desse parque industrial nos últimos anos. Em 2018, o Banco Central comprou apenas 727 milhões de moedas e 1,6 bilhão de cédulas da Casa da Moeda. De acordo com o presidente do Sindicato dos Moedeiros, Aluízio Júnior, esta é uma das es-
Alvo da privatização, Casa da Moeda é responsável por serviços que vão além do papel-moeda
A segunda empresa mais antiga do Brasil também produz passaportes, identidades, carteiras de motorista, carteiras de trabalho, diplomas, medalhas e selos de rastreabilidade Divulgação
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RJ
EDIÇÃO ESPECIAL FEVEREIRO DE 2020
Atualmente, a empresa tem capacidade de produzir 3 bilhões de cédulas e 4 bilhões de moedas
tratégias para desestabilizar a empresa e abrir caminho para a privatização. “O Banco Central intimou a Casa da Moeda a fazer investimentos para modernizar seu parque gráfico, com demandas previstas por 10 anos, de 2009 a 2018. Mas esses equipamentos se tornaram excessivos porque o Banco Central não está comprando a quantidade que havia programado. Se você tem uma capacidade instalada e um custo fixo pra manter essa estrutura, quanto menos você pede mais caro fica. O que eles estão fazendo é covardia”, explica Júnior.
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As competências da Casa da Moeda VOCÊ SABIA não se limitam às cédulas e moedas de reais. Em 2016, por exemplo, produziu à Olimpíada e e Paraolimpíada, realizadas no Rio de Janeiro, cerca de 5 mil medalhas de ouro, prata e bronze. Além disso, a empresa é responsável pela confecção dos mais variados tipos de documentos: passaporte, carteira de identidade, carteira de motorista, carteira de trabalho e diplomas.
TRABALHADORES EM ESTADO DE GREVE »Em estado de greve, os trabalhadores da Casa da Moeda paralisaram a produção de selos, passaportes, moedas e cédulas durante 24 horas na última segunda-feira (3). A mobilização aconteceu após a direção da Casa da Moeda comunicar as modificações feitas nas cláusulas do acordo coletivo, que fez com que parte dos trabalhadores tenham recebido contracheques com salários quase zerados na última quarta-feira (5), segundo informações do Sindicato Nacional dos Moedeiros. A mudança anunciada pela direção da estatal faz com que os trabalhadores tenham um aumento do percentual descontado do salário pelo plano de saúde e do auxílio-transporte, além do fim do seguro de vida. A estimativa do sindicato é que os cortes representem perda salarial média de R$ 1 mil a R$ 2 mil, isso significa a quase totalidade dos salários de parte dos funcionários da Casa da Moeda. “A atual diretoria quer destruir a Casa da Moeda não tem qualquer compromisso com o país e os trabalhadores”, afirma o diretor de comunicação do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Edson Francisco da Silva, lembrando que a mobilização também é contra a privatização da Casa da Moeda, anunciada por Jair Bolsonaro. Após a paralisação das atividades, uma comissão de trabalhadores foi recebida pelos diretores da empresa, mas a negociação não teve avanços.
DESMONTE »Desde 2016, a partir do Plano de Demissões Voluntárias (PDV), o quadro de funcionário diminui de 3.000 para 2.100 pessoas. Apenas em abril de 2018, 212 funcionários foram desligados por meio de telegramas. Além disso, com o fim do contrato para a produção de selos, o faturamento caiu de R$ 2,4 bilhões, em 2016, para R$ 960 milhões, em 2017. Com isso, pela primeira vez em vários anos a empresa apresentou prejuízo de R$ 117 milhões. Junto com essa estratégia de desmonte, o governo também tem aplicado uma política de criminalização do direito à organização dos trabalhadores. No início deste ano, com a mudança da direção da empresa, o sindicato foi proibido de atuar dentro da Casa da Moeda. “Foi uma medida totalmente arbitrária, uma agressão direta à prática sindical, que é garantida pela nossa constituição e por normas internacionais, das quais o Brasil é signatário”, protesta Júnior. Apesar da medida, a resistência dos trabalhadores continua. Além das mobilizações e da greve, no final do ano passado houve o lançamento de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa da Casa da Moeda, com apoio de 144 deputados de diversos partidos.
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RJ EDIÇÃO ESPECIAL
FEVEREIRO DE 2020
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Privatização da Eletrobras deve deixar conta de luz 20% mais cara Divulgação
Para atrair investidores, governo pretende elevar o preço da energia gerada por suas hidrelétricas que hoje operam a preço de custo
»Apesar
GUILHERME WEIMANN
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RIO DE JANEIRO (RJ)
a mensagem enviada na última segunda-feira (3), com a reaburtura do Congresso, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a necessidade de votação do projetos de privatização da Eletrobras, como uma das prioridades para 2020. O governo Bolsonaro planeja utilizar a mesma estratégia adotada na BR Distribuidora, da qual já se desfez de 63%, sendo 30% somente em julho deste ano. Com a medida, o Estado entregou ao capital privado o controle da subsidiária da Petrobras. No caso da estatal de energia elétrica, o plano do governo é vender metade das ações que possui da empresa, diminuindo sua participação de 60% para 30%. Chamada de “capitalização”, essa decisão tiraria o controle da empresa das mãos da União. Com isso, o governo espera arrecadar R$ 16 bilhões. Antes disso, entretanto, o governo já anunciou que mudará a política de preços das suas hidrelétricas com o argumento de atrair investidores. Desde 2013, uma lei, de autoria da ex-presidenta Dilma Rousseff, estabeleceu a renovação automática
PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA
Eletrobras ainda é a maior empresa do setor elétrico na América Latina
Antes nós pagávamos, no máximo, R$ 60. No último mês de agosto, o valor da conta foi de R$ 96. Um aumento muito alto" Lívia Mara Cardoso Ferreira, que vive em Palmeirais (PI). das concessões de hidrelétricas antigas, cujo investimento já havia sido pago ao longo das últimas décadas. Em contrapartida, determinou que o valor da energia deveria ser fixado apenas para cobrir os custos de operação e manutenção.
NO BOLSO DA POPULAÇÃO »A privatização da Eletrobras já está em curso. Nos últi-
mos anos, a empresa se desfez de todas as suas distribuidoras. Uma delas foi a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa), que atende 1,2 milhão de unidades consumidoras em 224 municípios, arrematada pela Equatorial Energia, em julho do ano passado, pelo valor de R$ 50 mil. Na época, a vencedora do leilão e a Agência Nacional de
Com isso, a energia gerada por essas hidrelétricas é vendida, atualmente, a R$ 60 por megawatt/hora. O plano do governo é acabar com esse sistema e passar a oferecer essa energia ao preço de mercado, que, hoje, é de R$ 250 por megawatt/hora. De acordo com o diretor do Sindicato dos Eletricitários do Estado do Rio de Janeiro (Sintergia-RJ), Emanuel Mendes, essa mudança gerará um aumento de cerca de 20% nas contas de luz residenciais. “Não é possível que hoje a gente pague R$ 60 o megawatt/hora e depois pague R$250. Quem vai pagar essa diferença? O empresário privado? Ele só quer saber de lucro”, opinou o sindicalista, em entrevista concedida ao Programa Brasil de Fato RJ.
Energia Elétrica (Aneel) garantiram que a energia elétrica diminuiria 8,5%. Entretanto, apenas quatro meses após a privatização, a mesma Aneel aprovou um reajuste médio de 12,64% para as tarifas cobradas pela empresa. Essa elevação foi sentida por Lívia Mara Cardoso Ferreira, que vive com os pais e com o irmão no município de Palmeirais (PI). “Antes da privatização nós pagávamos, no máximo, R$ 60. Neste ano, no mês de agosto, o valor da conta foi de R$ 96. Um aumento muito alto”, afirma.
de já ter perdido parte de seu patrimônio por meio das privatizações da década de 1990, a Eletrobras ainda é a maior empresa do setor elétrico na América Latina. Atualmente, possui 50% das linhas de transmissão do país, o que equivale a 70 mil quilômetros. Além disso, controla 31% da geração de eletricidade, a partir de 47 hidrelétricas, 114 termelétricas, 69 eólicas, 2 nucleares e 1 solar. De acordo com estimativa realizada no ano passado pelo engenheiro e consultor Carlos Mariz, apenas esse parque gerador, com capacidade de aproximadamente 50 mil megawatts (MW), custaria R$ 370 bilhões se fossem construídos hoje. A quantia de R$ 16 bilhões que o governo espera receber com a privatização representa menos de 5% desse valor. Conforme o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, o controle dos rios também está em disputa na privatização da Eletrobras. “É um negócio bilionário que está sendo disputado. E, além da energia, o que está em curso atualmente é um processo de privatização da água. Portanto, quem passar a controlar a Eletrobras também terá o domínio do mercado da água, principalmente dos rios e dos lagos brasileiros”, explicou.
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ESPECIAL
Conheça histórias de quem tem sentido no bolso o aumento do gás Elevação dos preços chegou a mais de 20% nos últimos dois anos e foi causada por uma mudança nas políticas de preços da Petrobras GUILHERME WEIMANN
RIO DE JANEIRO (RJ)
Sandra Maria Mesquita, 60 anos, dona de casa do Rio de Janeiro (RJ).
O custo de vida aumentou e você tem que aumentar o preço da mercadoria também.”
Hoje em dia, as donas de casa precisam fazer malabarismos.”
Praticamente todos os moradores do bairro Boa Vista, localizado no município paulista de Limeira (SP), já se depararam com Leonildo Claro. Isso porque há 20 anos ele oferece sua mercadoria de porta em porta: pães caseiros.
Sandra Maria vive no bairro Anchieta, na zona norte do Rio de Janeiro, com seu marido. Além de cuidar das tarefas domésticas, também é responsável há alguns anos por cuidar da mãe idosa, que mora sozinha a poucos minutos da sua casa.
ANTES
ANTES
Em meados de 2017, a produção de Leonildo chegava a 500 pães por semana. O preço de cada unidade era vendido por R$ 8. Ele recorda que na época pagava pelo botijão de gás entre R$ 38 e R$ 40.
HOJE
As vendas de Leonildo caíram para um média de 400 pães por semana e ele se viu obrigado a aumentar o preço de cada unidade para R$ 10. Um dos motivos foi o preço do gás, já que está desembolsando cerca de R$ 65 pelo botijão, uma elevação de 62%. Além disso, o padeiro afirma que as matérias-primas para fabricação dos pães subiram, assim como todo o custo de vida.
Há pouco mais de dois anos, antes dos aumentos do preço do gás de cozinha, Sandra pagava R$ 27 pelo botijão, que era consumido em média a cada dois meses. O mesmo acontecia para a casa da sua mãe.
HOJE
Atualmente, Sandra tem a sorte de seu marido ser amigo de infância de um entregador de gás, o que possibilita comprar o botijão por “apenas” R$ 65, para a sua casa e a da mãe. Os vizinhos que não têm a mesma sorte são obrigados a desembolsar R$ 70. Para economizar, Sandra tem utilizado diversas técnicas como cozinhar com a panela de pressão e fazer comida para durar dois dias. “Eu achei que como foi muito aplaudida a entrada de um certo presidente as coisas melhorariam, mas só piorou, é unânime”, opina.
Fotos: Arquivo
Leonildo Claro, 73 anos, padeiro de Limeira (SP).
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EDIÇÃO ESPECIAL FEVEREIRO DE 2020
Por que o preço do gás de cozinha disparou nos últimos anos?
»»Poucos dias após a então presidenta Dilma Rousseff
ser afastada pela primeira vez do seu cargo pelo Senado Federal, em maio de 2016, o conselho da Petrobras mudou o comando da companhia. Desde então, a Petrobras passou a adotar uma política de preços dos derivados atrelada às variações do mercado internacional. Em relação ao gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, essa mudança passou a ser adotada em julho de 2017. Como resultado dessa medida, apenas nos seis primeiros meses houve um aumento de 37% do preço do GLP nas refinarias. Já nos postos de venda do botijão de gás, entre julho de 2017 e dezembro de 2019, o botijão sofreu um aumento de mais de 20%, passando de R$57,52 para R$69,57, respectivamente, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A estimativa é que os preços aumentem ainda mais com a privatização das refinarias.
Variação do preço do gás de cozinha Preço do botijão de 13kg nas refinarias: R$ 27,51 R$ 13,52
jun/13
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Variação total: 103,5% Inflação no período (IPCA): 43,5%
Preço do botijão de 13kg nos postos de venda: R$ 57,52
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jun/13
jun/17
dez/19
Variação total: 70,4% Inflação no período (IPCA): 43,5% Fonte: ANP
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VOCÊ SABIA o Entre 2016 e 2018, número de famílias brasileiras que utilizam lenha para cozinhar pulou de 11 para 14 milhões, um aumento de 27%. No Sudeste, o crescimento foi de 60%. No mesmo período, a taxa de desemprego no país passou de 11,5% para 12,3%, segundo o IBGE.
Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020 www.malvados.com.br
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AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Lavar o cabelo na água fria faz diferença? Bruna Marques, 37 anos, pedagoga.
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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Faz diferença sim, Bruna. A temperatura da água que usamos para lavar os cabelos influencia na oleosidade, brilho e hidratação do cabelo. A água quente aumenta a oleosidade do couro cabeludo, podendo provocar ou piorar a dermatite seborreica (caspa). Além disso, ela abre a cutícula, que é a camada mais externa do cabelo, provocando desidratação. A água fria mantém a cutícula fechada, garantindo mais hidratação e brilho para os cabelos. Segundo alguns dermatologistas, o ideal seria lavar os cabelos com água levemente morna e finalizar com água fria.
Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br
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IOGURTE NATURAL Reprodução
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Ingredientes • 1 litro de leite integral • ½ pote de iogurte natural puro (sem açúcar)
Modo de preparo 1. Ferva o leite e deixe esfriar um pouco, até ficar morno. O truque para saber a temperatura é conseguir ficar dez segundos com o dedo dentro do leite. 2. Misture o iogurte natural em um pouco do leite morno, para não empelotar, e depois acrescente a mistura ao restante do leite; 3. Deixe a mistura descansar por oito horas em local escuro, por exemplo dentro do forno. Uma dica é enrolar o pote com um pano. 4. Sirva com frutas, mel ou açúcar mascavo.
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Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020
Roteiro Ana Luiza Quintas
CARNAVAL EM UBERLÂNDIA Vários blocos já estão se preparando para ocupar as ruas de Uberlândia durante o carnaval. No dia 22, o Bloco Corpo Sensual vai brilhar com suas leggings e quebrar todos os padrões do corpo ideal. Com direito a aula de peteca, ginástica, alongamento e bambolê, os foliões vão se deliciar ao som de hits dos anos 80 e 90. No dia 23, o Bloco do Pexim prepara diversões aquáticas, como banho de mangueira e piscininha, ao som de muito pagode e axé. Na segunda (24), o Bloco Donxs do Udão leva ao Teatro Municipal diversos DJs, além de muitas bandeiras arco-íris, gay, trans, intersexo e afins. Para fechar a programação, o Brilha Brilha Espassim convoca na terça (25) todos os alienígenas disfarçados de humanos para curtir o melhor do funk. Todos os eventos são gratuitos e mais informações podem ser consultadas em facebook.com/abrealasudao.
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RETRATISTAS DO AGLOMERADO DA SERRA
VIAGEM AO MERCADO CENTRAL
Na sexta (14), a exposição Retratistas do Morro chega à CâmeraSete, em Belo Horizonte. Com curadoria de Guilherme Cunha, a mostra reúne imagens produzidas pelos fotógrafos João Mendes e Afonso Pimenta que, desde os anos 1970, registram os moradores do Aglomerado da Serra. A entrada é gratuita e o endereço é Avenida Afonso Pena, 737, Centro.
A exposição “Viagem Pitoresca pelo Mercado Central de BH”, da artista plástica Rita de Souza, começa no dia 20 de fevereiro, no Centro Cultural da UFMG. A mostra, que é gratuita, reúne desenhos em grafite realizados pela artista plástica Rita de Souza a partir de expedições ao mercado entre 2015 e 2018. O endereço é Avenida Santos Dumont, 174, Belo Horizonte.
! E V E R G M E O Ã EDUCAÇ
ANÚNCIO
verno do Legislativa pelo go a ei bl m se As à do ica, encaminha da Segurança Públ es or id Diante do projeto rv se s do as Gerais ta a remuneração Educação de Min Estado, que reajus em s re do ha al s de dos Trab ação de proposta nt se re o Sindicato Único ap na ia ivindica isonom (Sind-UTE/MG) re l. atualização salaria Federal 10/2015 e a Lei .7 21 al du ta Es i uistou a Le Nacional como A categoria conq larial Profissional Sa so Pi o m ce le slação estabe os para que a Legi an 12 11.738/2008, que de s ai m há está na luta ou nenhuma um direito Legal, e Zema não apresent o rn ve go o , m si mo as seja cumprida. Mes ento do direito. proposta de pagam do Salarial, em defesa so Pi lo pe ta lu rmanece na dos. O Sind-UTE/MG pe ica para todas e to bl Pú ão aç uc Ed a ito a um emprego e do dire
FotoStudium - Sind-UTE/MG
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A IC T Í L O P A N IA M O N O IS R PO . L IA R A L A S E T S U J A E R E D
A EDUCAÇÃO TAMBÉM MERECE!
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Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020 Alexandre Vidal /Flamengo
PAPO ESPORTIVO
Dez estrelas a brilhar Izabela Xavier
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a última semana, completou-se um ano do incêndio no Ninho do Urubu, tragédia que vitimou dez jovens atletas da categoria de base do Flamengo. Até o momento, as famílias não receberam indenização
do clube, que parece voltar os olhos somente às estrelas do time principal. Mais que isso, a instituição não manifestou qualquer palavra de solidariedade, arcando somente com uma mesada aos familiares, e só porque foram obrigados judicialmente.
Enquanto muito se fala dos valores que deveriam receber os pais de cada jogador – alguns com passagem por Seleção, outros capitães, outros recém-chegados ao Centro de Treinamento – pouco ou nada se investigou sobre os responsáveis. Não se sabe quem
autorizou que os adolescentes dormissem em containers, que têm alta capacidade de combustão, ou
A negligência de alguns que ceifou dez sonhos
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onde estão aqueles que ignoraram as 31 notificações que alertaram os altos riscos daquele tipo de instalação, que entrou em chamas. Com a demora, o Flamengo foi cobrado não só por sua torcida, mas por todos os brasileiros e também pela mídia, destacando-se o recente protesto realizado pelo apresentador Faustão, que gerou grande repercussão e intensa troca de farpas entre o clube e a TV Globo. Diz o clube que tem prestado assistência às famílias, o que vai de encontro ao que tem sido relatado pela imprensa e pelas vítimas. Brigas à parte, os responsáveis devem ser exemplarmente punidos, pois foi a negligência de alguns que ceifou dez sonhos e transformou em pesadelo a vida de dez famílias. Pra quem brilham as dez estrelas, afinal? ANÚNCIO
EDUCAÇÃO, SAÚDE, PETROBRÁS E CORREIOS
O SINDIELETRO APOIA AS CATEGORIAS
EM GREVE ESSA LUTA É DE TODOS NÓS!
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Belo Horizonte, 14 a 20 de fevereiro de 2020
Centro esportivo faz peneira gratuita para jovens atletas Assessoria /EEFFTO
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG realiza uma peneira para compor sua equipe de atletismo, em provas de velocidade, salto, arremesso e corridas de fundo. Podem participar jovens entre entre os 11 e 17 anos. Não é obriga-
tória experiência na área. Os participantes devem comparecer com camisa de malha, bermuda ou moletom e tênis, para teste. Os selecionados serão acompanhados por uma equipe multidisciplinar da UFMG, com médicos, fisioterapeutas, psicólo-
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Arquivo pessoal /Ana Thaís
gos e nutricionistas. (Com informações do CTE) Onde: CTE – UFMG, Av. Alfredo Camarate, 617. B. São Luiz, BH. Quando: 15 de fevereiro, de 9h às 12h, para jovens com idade entre 11 e 17 anos. Informações: (31) 3409-3334 Até o fechamento desta edição, não havia terminado a partida entre Cruzeiro e São Raimundo, pela Copa do Brasil.
“Muitos caras duvidam da nossa capacidade e acham que conseguimos notícia em primeira mão por [supostamente]usarmos o fator mulher” Ana Thaís Mattos, jornalista do SporTV, denunciando o machismo na mídia esportiva.
Gol de placa A Seleção Brasileira masculina sub-23 passeou contra a Argentina, domingo (9), em jogo válido pela 3ª rodada da fase final do Pré-olímpico sub23. Com gols de Paulinho (13’) e Matheus Cunha (29’ e 54’), o Brasil atropelou o adversário, garantindo o segundo lugar e a vaga nos Jogos de Tóquio 2020.
Gol contra Em partida entre o Schalke 04 e Hertha Berlin, pela Copa da Alemanha, o zagueiro Jordan Torunarigha, do Hertha, foi vítima de cânticos racistas da torcida adversária. Entretanto, quando o jogador foi se queixar dos insultos, o árbitro o expulsou. O jogo terminou em 3 a 2 para o Schalke.
De igual pra igual
Tardelli inspira a nostalgia
Novidades indigestas
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
O início de temporada do América, com três vitórias e três empates, mostra que o time tem potencial para ir bem ao longo do ano, mas ainda precisa de ajustes para ser mais eficiente no ataque e seguro na defesa. Contra times do interior de Minas, a equipe Decacampeão é nitidamente superior e precisa aproveitar os jogos para testar e entrosar o elenco. No principal teste até agora, contra o Cruzeiro, o jogo foi nivelado por baixo, e o Coelho podia até ter saído com a vitória, caso Sávio e Airton não tivessem falhado, permitindo o gol celeste. Jogar de igual para igual com o Cruzeiro, o que antes era raro, agora está sendo possível. Não tanto pela evolução do América, mas, sobretudo, pela queda brusca do Cruzeiro.
Em uma semana, as negociações com o venezuelano Soteldo fracassaram, o compatriota Savarino foi apresentado e, finalmente, Tardelli está de volta, com 34 anos. Um alento. Ele pouco fez depois de deixar o clube, em 2014. E caiu no ostracismo no GrêÉ Galo doido!todos os atamio. Mas supera em qualidade cantes hoje à disposição de Dudamel. A contratação empolga os alvinegros. Falta acertar a marcação, ter equilíbrio entre os setores e ofensividade. Enfim, padrão de jogo. Algo visível mesmo nas vitórias no Estadual, na derrota humilhante na Copa Sul-Americana e no empate pragmático contra o Campinense. Não escutei um mísero traque na noite de quarta-feira. Desculpem-me a nostalgia, mas Tardelli inspira este sentimento.
Salve, nação celeste! Nesta quinta-feira (13), estreamos em gramados de Roraima pela Copa do Brasil. Faz parte de nossa nova realidade entrar na competição com poucas chances de título e contando com as premiações de cadaLa etapa para saldar dívidas básiBestia Negra cas. Na bagagem para o Norte também foi o atual presidente, em comitiva por aquele estado. Recentemente, o poder foi direcionado para a quase destruição de nosso clube. Assim sendo, sob nenhuma hipótese a diretoria do Cruzeiro pode querer se aproximar de quem também usa o poder para destruir. Que saibamos valorizar o que merece ser valorizado, desde as estratégias de marketing até os verdadeiros donos do clube: a gigante nação azul! Saudações celestes.
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