Edição 322 do Brasil de Fato MG

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Luara Dal Chiavon

Salve Zé Pinto Violeiro e cantador mineiro fala sobre o papel da arte nestes tempos sombrios CULTURA 14

Lucas Figueredo / CBF

Corona vai ao estádio CBF orienta retorno das torcidas até o fim do ano, com aval do Ministério da Saúde ESPORTES 15

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro • edição 322 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Andréa Rêgo Barros

O que ainda temos pela frente? R$ 39 para pobres, R$ 14 bilhões para empresários - pag. 4 Opinião: não é fácil ser o pior do mundo - pag. 6 Campanha #600peloBrasil - pag. 8 SUS faz 30 anos e resiste a desmonte do governo - pag. 8 “As aulas só quando houver segurança sanitária” - pag. 11


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

Nem uma coisa nem outra

ESPAÇO DOS LEITORES “Esse governo Zema é a maior ENGANAÇÃO” Maria Goulart comenta a matéria “Para necessitados R$ 39 por mês, para empresários R$ 14 bilhões por ano”. “E quando, em uma pesquisa de escola, meus estudantes colocam a fonte Brasil de Fato MG? Morro de alegria!!! Viva o trabalho de quem faz existir a voz e a visão do povo!” Talita Silva comenta postagem sobre o aniversário de sete anos do jornal. “Trajetória linda, cumprindo um papel fundamental em tempos difíceis! Vida longa ao Brasil de Fato MG!!” Fernanda Lage parabeniza o jornal nas redes sociais. “Ninguém se surpreende mais. E ele não tem credibilidade e nenhum senso de ridículo! Porque justo ele nunca foi” Olívia Leal comenta matéria “Bolsonaro culpa indígenas, imprensa e ONGs por queimadas e consequências da covid”

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

dia publicamente que o benefício fosse de apenas R$ 200. Perdeu em abril, mas, em setembro, já conseguiu reduzir o valor para R$ 300. Ele tarda, mas não falha! O que é ruim sempre pode piorar, pois estamos há mais de quatro anos sob doses cavalares de política neoliberal e o ministro Paulo Guedes é insaciável. Após a reforma da Previdência, ele agora prega a reforma administrativa, que vai suprimir direitos dos servidores, aumentar a farra das indicações políticas e institucionalizar o suborno e a perseguição no serviço público. É igual à cloroquina: se não cura, o governo manda comprar ainda mais. Somos o segundo pior país do O que é ruim pode mundo quando o assunto é copiorar: são quatro vid-19, com 14% de todos os óbitos, embora tenhamos menos de 3% da anos de política população mundial! No ranking da neoliberal morte, acima do Brasil, só mesmo retirada de direitos, entrega de pa- os Estados Unidos, aquele país cujo trimônio brasileiro, redução de investimentos na área social e congelamento dos salários. Bolsonaro tomou posse festejando o magnífico Somos o segundo crescimento de 2019 que, por fim, pior país do mundo não veio. Ou alguém acredita que um PIB de 1,1% seja motivo para co- quando o assunto é covid-19 memorações? Porém, chegou 2020 e, com ele, a pandemia. Então, o governo já pode governo do “nosso” presidente adoculpar o vírus e os chineses, os go- ra como se fosse o próprio Deus. Nesse cenário nada animador, a vernadores e prefeitos, os gays e comunistas, os índios e caboclos. A in- mídia comercial proclama o retorno dústria nacional segue sendo des- à normalidade: clubes, academias, montada, o desemprego não para estádios de futebol, faculdades e esde crescer e os preços dos alimentos colas. Tudo aberto para os usuários e o vírus. Para não perder o bonde, estão cada vez mais salgados. Agora, imagine o que seria do Zema, orienta a volta às aulas nas povo sem o auxílio de R$ 600, criado próximas semanas. Pouco imporpelo Congresso em abril, sob pres- ta se as contaminações continuam são popular! Depois de imaginar, ocorrendo e as pessoas não param não esqueça que o governo defen- de morrer.

Nem a economia tampouco a vida. Seis meses de pandemia, 140 mil falecidos e quase cinco milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve diminuir 5% em 2020. Para um governo que, perante as Nações Unidas, arrogou ter dado boas soluções para a crise sanitária e a crise econômica, a realidade mostra que não foi nem uma coisa nem outra. Na economia, Bolsonaro chegou como Temer, anunciando o “milagre do crescimento” com base na

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Redação: Amélia Gomes, Bruna Bentes , Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 10 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

GERAL

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Declaração da Semana Número da Semana Diego Bressani / Divulgação

“Quando um presidente mente na ONU, ele não ‘diz que’, não ‘acusa’, não ‘se defende’. A manchete correta na capa dos jornais deveria usar o verbo MENTIR conjugado na terceira pessoa do singular.

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anos

Sim! Neste ano, completamos nosso sétimo aniversário. Esta é 322ª edição, além de mais de 200 programas de rádio e várias batalhas travadas nas redes sociais contra as fake news. Tudo isso com uma visão popular de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo. Nossos agradecimentos a você, leitor e leitora, que nos acompanha nessa jornada.

Periferia Viva

Divulgação

Comentou a cineasta Petra Costa, sobre a cobertura da mídia comercial sobre o discurso do presidente na ONU, na terça (22).

A campanha nacional Periferia Viva desenvolve, desde abril deste ano, diversas ações de solidariedade a quem mais precisa nesta pandemia. O projeto conta com uma rede de mobilização que distribui alimentos e kits de higiene. Em Belo Horizonte,

na quarta (23), o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) distribuiu café da manhã na região Noroeste da cidade. Para saber mais e contribuir, acesse os perfis do @mtdminas e @periferiavivacontracorona no Instagram.

Nossos direitos É EMPREGADA DOMÉSTICA? ENTENDA MAIS SOBRE SEUS DIREITOS As empregadas domésticas conseguiram conquistar direitos trabalhistas. Porém, ainda é comum relatos sobre cobrança excessiva de trabalho, ridicularização, assédio sexual e desrespeito aos períodos de intervalo. Muitas dessas situações configuram práticas de assédio moral que podem motivar o pagamento de indenizações e danos morais. Para quem reside no mesmo local de trabalho, a Lei 13.699/18 institui que os aposentos tenham condições dignas de acessibilidade. Por isso, não se pode acomodar em qualquer tipo de cômodo os traba-

lhadores que prestam serviços domésticos. Nos casos de condutas abusivas ou que configuram o assédio moral é muito importante que se atente sobre as provas para comprovar as situações. Quanto mais detalhadas forem as situações, melhor será a análise de um juiz. É importante que um advogado analise a situação, as possíveis provas que podem ser produzidas para avaliar sobre o tipo de processo necessário, e qual indenização ou medidas relacionadas à relação de trabalho, se pode requerer.


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CIDADES

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

“Para necessitados R$ 39 por mês, para empresários R$ 14 bilhões por ano” RENDA MÍNIMA Auditor fiscal e economista questionam prioridades de Zema Divulgação

Raíssa Lopes

“S

Observando os aumentos provocados pela inflação na cesta de consumo básica dos brasileiros, R$ 39 claramente se torna insignificante

e Zema combatesse a sonegação e reduzisse os privilégios fiscais para grandes empresas, o auxílio emergencial poderia ser muito superior a R$ 39”. A avaliação é do auditor fiscal Lindolfo de Castro.

Entenda Na última semana, o Governo de Minas anunciou o programa Renda Minas, que prevê um auxílio emergencial de R$ 39 mensais para cada pessoa enquadrada no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) como em situação de extrema pobre-

“Esse é o tipo de política do governo Zema: por um lado perdoa a União, por outro concede um auxílio miserável”

za, no qual o valor da renda per capita mensal da família é de até R$ 89. Pessoas diferentes da mesma família, desde que

contempladas pela regra, podem receber os R$ 39. De acordo com o governo, serão repassados ao projeto R$ 346 milhões, e cada grupo fami-

liar pode pleitear uma média de R$ 117 por mês. A quantia será distribuída em até três parcelas, pagas de outubro até dezembro. O recebimento do auxílio emergencial do governo federal -

que passou de R$ 600 para R$ 300 - não impede o recebimento do Renda Minas.

Caixa do Estado

Carolina Rocha, vice-presidenta do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais, reflete que o valor não acompanha a inflação. “Observando os aumentos provocados pela inflação na cesta de consumo básica dos brasileiros, R$ 39 claramente se torna insignificante”, diz. Para Carolina, “a medida governamental contradiz o quesito principal, que é a garantia da dignidade, uma vez que este valor não é capaz de cobrir nem mesmo a alimentação das pessoas”, complementa.

Minas Gerais: 82.250 mulheres vítimas de violência doméstica em 2020 FEMINICÍDIO Conheça leis e como denunciar casos de violência Eme Gee

Larissa Costa

Legislações

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m levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre os meses de março a maio deste ano – em que as medidas de isolamento social estavam mais rigorosas –, o número

Entre janeiro de 2018 e julho de 2020 foram 1011 vítimas de feminicídio em MG

de feminicídios aumentou 2,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Até julho deste ano, 192 mulheres foram assassina-

das no estado. Neste ano, já foram contabilizadas 82.250 vítimas. No Brasil, segundo o Atlas da Violência 2020, uma mulher é assassinada a cada duas horas.

A Lei Maria da Penha (11.340), em vigor desde 2006, abrange inúmeras formas de violência, como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Outra legislação importante no país é a Lei 13.104, conhecida como “lei do feminicídio”, de 2015. A norma prevê o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A Lei 13.718, de 2018, ficou conhecida como “lei de importunação sexual” e tipifica crimes de importunação sexual, de divulgação de cena de estupro, sexo ou pornografia.

Denuncie São formas de se fazer a denúncia: pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180; pelo Disque 100, que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana; pelo 190 da Polícia Militar ou diretamente em alguma das 73 unidades no estado de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). E em julho deste ano, a Polícia Civil de Minas Gerais disponibilizou a opção de registro de violência doméstica e familiar por meio da Delegacia Virtual.


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MINAS

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Pré-candidaturas evangélicas contra o conservadorismo MINAS GERAIS Partidos de esquerda prometem disputar com candidaturas cristãs nas eleições municipais deste ano João Márcio Dias/ Lucas Ávila

Representatividade da favela

“Existem evangélicos que não aceitam associar a sua fé a práticas machistas, racistas, LGBTfóbicas. O evangelho é uma luta radical pela vida e pelo direito de todas as pessoas”

Larissa Costa

A

Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, que reúne atualmente 283 parlamentares, está associada a posicionamentos conservadores frente a assuntos que tratam dos direitos das mulheres, da população LGBT e da liberdade religiosa. Essa tendência se repete nos legislativos municipais. Em Belo Horizonte, por exemplo, a bancada cristã reúne 29 vereadores evangélicos e católicos. Eles foram protagonistas na derrubada do Projeto de Lei 904/2019 que criaria o Dia Municipal de Combate ao Feminicídio e na aprovação em primeiro turno do Projeto de Lei 274/2017, que institui o programa Escola Sem Partido e estabelece o controle privado e ideológico do ambiente escolar. Para romper com o conservadorismo das bancadas cristãs, pré-candidatos evangélicos e progres-

sistas despontam no cenário eleitoral deste ano. É o caso de Jonatas Aredes, que compõe um coletivo de quatro pré-candidatos evangélicos, chamado Plural, que pretende disputar a vereança, pela Unidade Popular (UP), na capital mineira. Para ele, vereadores da bancada cristã não representam o público evangélico e aparelham a fé e a religião para defender interesses pessoais. “A gente quer disputar a política institucional para fazer uma contranarrativa do que é ser evangélico e também para fazer política instrumentalizada pelos movimentos popula-

“Nós por nós” do PSOL e “Plural” da UP são précandidaturas coletivas com participação de evangélicos

Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional reúne atualmente 283 parlamentares res, que vá de encontro às necessidades da população carente, dos marginalizados, dos despossuídos”, comenta Jonatas, que é gay e divide a pré-candidatura com mais um homem e duas mulheres. Todos são negros e defendem a ideia de que ser evangélico não é sinônimo de ser conservador. “Existem evangélicos que não aceitam associar a sua fé a práticas machistas, racistas, LGBTfóbicas. O evangelho é uma luta radical pela vida e pelo direito de todas as pessoas. Jesus fala de vida vivida em abundância. Mas como se fala em vida abundante com retirada de direitos?”, completa.

A pré-candidatura coletiva Nós por Nós, das Muitas/ PSOL, reúne quatro moradores do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, um deles, Fábio Diniz, é evangélico. Para ele, a iniciativa debate a representatividade da favela e abraça a ideia de que nem toda igreja é fechada ao diálogo. “O grande desafio é quebrar o preconceito e entender que progressista não é aquela pessoa que nega a fé, nega os preceitos da Bíblia, da fé cristã. Jesus foi progressista. Ele mostrou um novo evangelho, um novo olhar, uma forma nova de fazer, de ver, de amar, de praticar”, aponta. Ao mesmo tempo, Fábio critica “o corporativismo religioso” e a atuação de grupos evangélicos que são usados para eleger candidatos da igreja, em defesa de interesses das próprias congregações. “Isso sai do universo de lutas, porque a gente não vê nessas pessoas nenhuma luta comunitária, por questões trabalhistas, pelas minorias”, diz. Ana Paula Azzevedo, pré-candidata pelo PSOL em Ribeirão das Neves (RMBH), mulher negra e pastora, afirma que é assustador ver muitos dos “irmãos evangélicos” reproduzirem discursos conservadores. “O povo evangélico hoje no país é, em sua maioria, preto. É uma religião pre-

ta, mas que tem como lideranças homens e mulheres brancos. Temos uma parcela conservadora, mas essa parcela é branca e rica, detentora de poder. O que essa parcela está tentando fazer com quem está na periferia, é torná-lo também conservadores em nome de Jesus. Isso a gente não pode permitir”, comenta. Segundo levantamento deste ano do Datafolha, 31% dos brasileiros são evangélicos. Desse total, 58% são mulheres, 59% são pretos ou pardos e 48% ganham até dois salários mínimos. Em Belo Horizonte, em 2010 – data do último censo – a população evangélica chegava a quase 600 mil pessoas.

Estado laico

Em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o pré-candidato Zé Luiz Professor, do PT, se descreve como “cristão humanista” e também promete fazer frente na disputa sobre o que é ser evangélico na sociedade. Para ele, é necessário entender que o Estado é laico e que o parlamento não é um “gueto religioso” que pode ser utilizado para defender uma ideia única. “Não somos um Estado teocrático. Os parlamentos devem ser abertos para toda a pluralidade, para a escuta das diferenças. Não podemos fazer um parlamento ‘só do que eu penso’”, comenta.


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MINAS

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

OPINIÃO

Não é fácil ser o pior do mundo João Paulo Cunha

S

eis meses depois da primeira morte por covid-19, uma constatação se impõe: é preciso muito esforço para ser o pior país do mundo no combate à pandemia. Os números de casos e mortes que colocam o Brasil entre os mais afetados pela doença não foram resultado do acaso ou da fatalidade, mas um programa do governo Bolsonaro. O mais grave é que o país tinha tudo para se sair bem. Contamos com um sistema universal de saúde pública, com experiência em epidemiologia, organização de serviços, sucesso em campanhas de imunização e articulação entre as esferas de governo. Aí chegou Bolsonaro. O governo aproveitou a pandemia para ferir os princípios do SUS e aprofundar o desmonte da pesquisa científica, enquanto enfraquecia o federalismo em nome de interesses eleitorais futuros. A lambança voluntária tem ainda atitudes equivocadas, que foram compondo um programa

atravessado de erros técnicos, retrocessos políticos e ações de desagregação social e institucional. Sinteticamente, o decálogo da derrocada sanitária brasileira pode ser assim enunciado.

Governo atacou o SUS, a ciência e o conhecimento por interesses eleitorais 1.Negarás a doença e sua gravidade. 2. Criarás desconfiança entre as esferas de go-

vernos com olhos em objetivos eleitorais. 3. Buscarás mudar os padrões de informação, atacando fundamentos da ciência epidemiológica e afrontando o dever de transparência com o cidadão. 4. Demitirás ministros oriundos da área médica e entregarás o controle a um general que se cercará de militares despreparados como o chefe. 5. Defenderás o uso de medicamentos rejeitados por pesquisas em todo o mundo, inclusive inserindo fármacos potencialmente perigosos.

6. Atacarás as instituições de maior reconhecimento no mundo, a partir da OMS e chegando até as próprias recomendações do Ministério da Saúde. 7. Aglomerarás sob qualquer pretexto (até mesmo em favor de atos antidemocráticos) e não usarás máscaras. 8. Politizarás a ciência para invalidar medicamentos e vacinas de países considerados adversários ideológicos. 9. Darás prioridade ao mercado e ao retorno de atividades produtivas, independentemente da segurança individual e coletiva. 10. Zombarás da dor do outro, apelando para inevitabilidade da morte e para a deserção dos fracos. A herança que fica como compromisso inadiável é, cerrar fileiras na defesa do SUS, dos profissionais de saúde, da pesquisa científica e da universidade pública. Em seis meses esses patrimônios foram ameaçados de morte. E ganharam a trágica companhia de 140 mil brasileiros que perderam ANÚNCIO suas vidas.


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020 Reprodução de Vídeo

OPINIÃO

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Lara Lorena Ferreira

Para qual Estado a reforma administrativa serve?

Para quem Bolsonaro falou na Assembleia da ONU? No dia 22 de setembro de 2020, como é tradição, o representante do Brasil fez a fala de abertura da Assembleia Geral da ONU. Nos 14 minutos de fala identificam-se três inimigos dos quais ele tentou se defender ou atacar: aqueles que têm atacado a política ambiental, as queimadas da Amazônia e do Pantanal; o Estado venezuelano acusado de ter derramado óleo nas praias brasileiras; e a suposta cristofobia. São três construções fantasiosas, mas que trazem os interesses de classe que o governo representa. Ao dizer que o Estado é contra os crimes ambientais, responde aos ataques da União Europeia que colocam em xeque o acordo com o Mercosul, ao mesmo tempo que ataca as posições dos democratas nos Estados Unidos (congressistas e o candidato Joe Biden) que se colocam em defesa da Amazônia. As acusações sobre a Venezuela, se desviam da incapacidade que o governo teve em conter o derramamento de óleo no litoral e contribui com a luta dos EUA contra o governo Maduro. Tenta justificar o papel que o Estado brasileiro vem assumindo, permitindo ameaças e uso do território nacional para uma possível invasão imperialista. Por fim, ao apelar para o combate a cristofobia, deixa evidente a aliança transnacional construída entre os governos Trump, Bolsonaro e o Estado de Israel. No meio do discurso, também aparece a propaganda O projeto é sobre reformas, como a tributária e administrativa e os claro: novos marcos regulatórios do gás natural e saneamento. subordinação Isso indica que o capital externo ocupa uma posição privilegiada no seio do bloco no poder. Busca conquistar ao imperialisinvestimentos externos e vender os ativos nacionais mo e mercado passando os custos aos trabalhadores. Trata-se da meta acima da vida do ingresso na OCDE. Ao afirmar que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, reforça a relação do governo com o agronegócio. O projeto é claro: subordinação passiva ao imperialismo, neoliberalismo extremo e mercado acima da vida. Tatiana Berringer é professora de Relações Internacionais da UFABC

Lara Lorena Ferreira é advogada trabalhista e sindical e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)

ACOMPANHANDO

Tatiana Berringer

A reforma administrativa desconstitucionaliza direitos, agora, dos servidores públicos. Vários temas hoje previstos pela Constituição Federal, passarão a ser regulamentados por leis. O governo toma como modelo o serviço público federal para decidir sobre todos os servidores públicos. Porém, o modelo federal está longe de refletir o conjunto de servidores. O funcionalismo público federal representa apenas 10% do funcionalismo nacional. Nove em cada dez servidores públicos estão nos estados e municípios, e seis em cada dez servidores estão nos municípios. O que ocorre porque a Constituição Federal de 1988 universalizou as políticas sociais, por meio dos serviços de educação, saúde e assistência. Segundo o IPEA, de 1986 a 2017, o total de vínculos aumentou de 1,7 milhão para 6,3 milhões nos municípios. Nos municípios, 40% das ocupações correspondem aos profissionais dos serviços de educação ou saúde: professores, médicos, Reforma admienfermeiros e agentes de saú- nistrativa reduz de. Reduzir o quadro é reduzir políticas de essas políticas básicas e funda- educação, saúde mentais. e assistência A proposta ataca a estabilidade do servidor. Sem estabilidade, só permanece no cargo quem se sujeitar às vontades políticas circunstanciais. Estabilidade tem como intuito evitar demissões em razão de interesses políticos, partidários e eleitorais. A reforma mantém uma elite de servidores, em especial do Poder Judiciário e Legislativo. Ao não combater onde estão os privilégios, reforça a imagem falsa e generalizada de que todos os servidores públicos são privilegiados. A proposta de Bolsonaro e Guedes conduz à passagem para um estado mínimo social, e como tal, deveria ser rechaçada como inconstitucional.

...Na edição 321... “A solução é coletiva” E agora... Mundo ultrapassa 32 milhões de infectados pela covid-19 Em nossa última edição, no dia 20 de março de 2020, quando suspendemos a circulação do Brasil de Fato MG impresso, o mundo alcançava 250 mil casos e cerca de 10 mil mortes. E no Brasil 11 pessoas haviam falecido de covid-19 e tínhamos 904 casos confirmados. Hoje, o registro de pessoas que foram contaminadas pelo coronavírus no mundo todo superou a marca de 32 milhões nesta quinta-feira (24). E a covid-19 já causou a morte de mais de 970 mil pessoas em todo o mundo. No Brasil o total de óbitos é de mais de 140 mil.


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BRASIL

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

Centrais sindicais fazem campanha pela manutenção do auxílio de R$ 600 PANDEMIA Iniciativa pede mudanças na MP 1000 que reduz benefício para R$ 300

Paulo Desana / Dabakuri - Amazônia Real

Guilherme Gandolfi

Catarina Barbosa

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entrais sindicais estão em mobilização nacional pela manutenção do auxílio emergencial de R$ 600, por meio da campanha #600peloBrasil. A iniciativa pede que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), coloque em votação a Medida Provisória (MP) 1000, publicada pelo governo federal no dia 3 de setembro. A MP prorroga o auxílio emergencial até dezembro, mas reduz o valor para R$ 300. O governo Bolsonaro, inicialmente contra a implantação do benefício, chegou a anunciar um valor de R$ 200. No entanto, a pressão dos movimentos sindicais e populares garantiu a aprovação dos R$ 600.

Para o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre, redução prejudica 54 milhões de pessoas. “A manutenção dos R$600 até dezembro é fundamental para que a gente mantenha a atividade econômica. Foi o auxílio que movimentou o que a gente teve de produção no nosso país, à medida em que o povo compra e a indústria produz. Nós não seguir a lógi-

ca Paulo Guedes, financista, não foi isso que o mundo fez. Países que estão enfren-

Bolsonaro chegou a anunciar valor de R$ 200, pressão dos movimentos garantiu a aprovação dos R$ 600

tando bem a crise, investiram 35% do PIB para proteger o povo”. Levantamento do Datafolha mostra que 53% dos entrevistados que receberam o auxílio emergencial –, o usavam para comprar comida; 25% para pagar contas; e 16% para despesas domésticas. Quase a metade (44%) dos entrevistados tinham no auxílio emergencial a sua única fonte de renda.

30 anos: SUS resiste a desmonte do governo e pandemia SAÚDE Sistema representou revolução social e é exemplo global, mas falta de dinheiro Heudes Regis

Redação A promulgação da lei que cria o Sistema Único de Saúde (SUS) completou 30 anos no sábado (19). Fruto de um momento de mobilização social, o SUS é um dos pontos centrais da Constituição de 1989. Por meio dele, o país tentava corrigir distorções seculares. Mas, desde a origem, o sistema luta por financiamento. Ao mesmo tempo, se consolida com excelência em diversos setores, aos trancos e barrancos. O médico sanitarista, professor e ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff (PT), Arthur Chio-

ro, relata como a saúde funcionava. “Antes do SUS, a imensa maioria dos brasileiros que não tinham carteira de trabalho assinada e não contribuíam com a Previdência era indigente. Dependiam da filantropia, das Santas Casas e

beneficências e do saber popular, das benzedeiras, da medicina leiga, das ofertas de ordem religiosa. O Brasil tinha mortalidade infantil da ordem de 200 a cada 1000 nascidos vivos. As pessoas viviam pouco e as populações eram dizimadas por doenças infecciosas”.

Com o teto de gastos, o investimento no SUS, que era de 15,77% da receita corrente liquida em 2017, caiu para 13,54% em 2019. A nova regra diz que o piso de 2017 será mantido por duas décadas, corrigido apenas pela inflação. Com o crescimento da população, cai consideravelmente o investimento em saúde por habitante. Em três anos, o SUS já perdeu mais de R$ 22,5 bilhões. Leia íntegra

Leia a íntegra da matéria em brasildefato.com.br

Mortes por síndrome respiratória cresceram 3.644% com a pandemia de covid-19 Redação Dados do Ministério da Saúde sobre internações e mortalidade por síndrome respiratória, registram que em 2019 houve 39.190 internações em hospitais de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma complicação de doenças respiratórias, como a gripe.Desse total, 4.939 pessoas morreram. Mas até 12 de setembro desse ano, ocorreram 704.194 casos de SRAG, com 184.934 mortes. Um aumento de 1.697% no número de casos e de 3.644% no número de mortes. Do total de casos de SRAG mais da metade (52,8%) teve diagnóstico confirmado para a covid-19. Outros 33,8% não tiveram o agente causador detectado. E 12,4% ainda estão em investigação. Em comparação com 2019, do total de casos hospitalizados, 12,6% acabaram em morte. Até 12 de setembro deste ano, a mortalidade chegou a 26,3%.


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

BRASIL

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Os três partidos com mais Mulheres são mais candidatos a prefeituras de da metade do eleitorado mas só capitais são de esquerda ELEIÇÕES MUNICIPAIS PSOL, PT, PSTU e PCdoB estão entre os que têm mais candidatos

23% de candidatos nas capitais Agêncai Brasil

Igor Carvalho

O

s três partidos com mais candidatos à prefeitura de capitais brasileiras nas eleições deste ano são de esquerda: o PSOL é o partido com mais concorrentes, dos 26 municípios centrais, o partido terá representantes em 23. Somente em Rio Branco (AC), Manaus (AM) e Recife (PE), a legenda não participará do pleito eleitoral. Após os psolitas, figuram o PT (21), PSTU (16), PSL (14), PCdoB (13) e PSDB (13). Ao todo, 312 candidatos disputarão a prefeitura das capitais brasileiras distribuídos em 32 partidos, dos 33 registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Somente o Partido Comunista Brasileiro (PCB) não

Os seis partidos de esquerda, PSOL, PT, PSTU, PCdoB, PCO e UP, somam 88 candidaturas a prefeituras das capitais, 28% do total terá representantes em nenhum dos 26 municípios. Entre os 32 partidos, a Unidade Popular (UP), fundada em 2019, é o caçula e disputa sua primeira eleição. A legenda terá candidaturas em sete capitais. Belo Horizonte, Curitiba e Porto Velho, com 16 can-

Igor Carvalho

didaturas cada uma, são as capitais com maior número de candidatos. As três são seguidas por Campo Grande (15), Natal (15), São Paulo (15), Goiânia (14), João Pessoa (14), Palmas (14) e Rio de Janeiro (14). Os seis partidos de esquerda, PSOL, PT, PSTU, PCdoB, PCO e UP, somam 88 candidaturas a prefeituras das capitais, 28% do total. Para o cientista político José Antônio Moroni, o dado surpreende, pela conjuntura atual, de “perseguição de partidos e ideias de esquerda”. “Ao longo da nossa história, sempre tiveram tentativas de criminalizar a esquerda. Muitas vezes conseguiram, inclusive judicialmente. Mas a esquerda sempre sobreviveu a esses momentos”, aponta Moroni. “A esquerda tem proposta e consegue dialogar com o campo popular. Esse nú-

mero de candidaturas mostra isso. É lógico que estamos numa conjuntura adversa para ela, o conservadorismo se manifestou com força na sociedade brasileira. Porém, isso não significa que a esquerda tenha perdido relevância”, finaliza. Confira a relação de pré-candidatos em Belo Horizonte: Alexandre Kalil (PSD), Áurea Carolina (PSOL), João Xavier (Cidadania), Nilmário Miranda (PT), Rodrigo Paiva (Novo), Wwendel Mesquita (SD), Lafayette Andrade (Republicanos), Marília Domingues (PCO), Luísa Barreto (PSDB), Washignton Xavier (PMB), Wadson Ribeiro (PCdoB), Marcelo Souza Silva (Patriota), Fabiano Cazeca (PROS), Igor Timo (Podemos), Wanderson Rocha (PSTU) e Bruno Engler (PRTB)

“Estamos em uma democracia de baixa qualidade no quesito representatividade. Muito tem se falado sobre nova política, mas, cada vez mais, percebemos como esse discurso não é visto na prática”. A afirmação é de Carolina Plothow, embaixadora do Vote Nelas São Paulo, ao saber que das 312 candidaturas às prefeituras de 26 capitais brasileiras em 2020, apenas 59, ou 23%, serão lideradas por mulheres. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mulheres são 52,49% das 147,9 milhões de pessoas aptas a votar nestas eleições Em Manaus (AM), São Luis (MA) e Belém (PA), não haverá candidaturas femininas. Para Plothow, a ausência de candidatas no pleito eleitoral em capitais é “um constrangimento não só à ideia de democracia, mas ao ideal que nós mulheres sonhamos com a democracia”. O levantamento feito pelo Brasil de Fato ajuda a compreender o mapa das candidaturas de mulheres no país. Das 59 candidatas à prefeita, 22 estão em capitais do Nordeste, 14 no Sudeste, 11 no Sul, 6 no Norte e mais 6 no Centro-Oeste.

As duas capitais com o maior número de candidatas são Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR), seis em cada. Entre as candidaturas curitibanas, está Letícia Lanz, do PSOL, a única mulher trans a disputar a prefeitura de uma capital brasileira. O percentual de mulheres candidatas por partido mostra que partidos de esquerda garantem melhor representação. As maiores representações de candidaturas femininas às capitais são: PSTU (43%), UP (42%), PSOL (39%), PSDB (28%), PT (23%) e PCdoB (23%). Desses, só o PSDB não é de esquerda. Dos 32 partidos que disputarão as prefeituras das capitais, nove não possuem candidatas, são eles: MDB, PTB, PTC, PMN, PRTB, Republicanos, Patriota, Solidariedade e o Novo. Todos, com inclinações à direita, ou centro-direita. “Acho que isso faz parte de uma construção e de uma visão de mundo. Alguns partidos, principalmente aqueles mais à direita, não acreditam em lutas contra a opressão. O foco é outro”, explica Plothow. “Na esquerda, por outro lado, há uma facilidade maior das mulheres se sentirem representadas. Talvez até por uma construção histórica”, finaliza.


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MUNDO

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

Cerca de 13% da população mundial já comprou 51% das vacinas em teste contra a covid-19 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Ao mesmo tempo, países que servem de esteio para testes não têm nenhuma garantia de que receberão as primeiras doses AFP

Redação

M

esmo antes de existir uma vacina contra a covid-19, os países mais ricos do mundo, que têm apenas 13% da população mundial, já compraram 51% das vacinas em desenvolvimento. Enquanto isso, os países que servem de palco para testes de empresas de todo o mundo, como o Brasil, não têm a garantia de que receberão as primeiras doses da vacina. O dado é um alerta feito pela organização não governamental Oxfam Brasil. Segundo a organização, as cinco empresas que estão com o processo de desenvolvimento de vacina

Somente em 2022 cerca de dois terços da população deverá ter acesso às vacinas

mais avançado, AstraZeneca, Sputnik, Moderna, Pfizer e Sinovac, não têm capacidade de fabricar o produto em quantidade suficiente para todo o mundo. Somente em 2022, é que cerca de dois terços da população deverá ter acesso às vacinas.

“Esse cenário revela um sistema que protege os monopólios e os lucros das grandes empresas farmacêuticas e favorece as nações mais ricas”, conforme explica o relatório da Oxfam Brasil. E para o Brasil? O grupo farmacêutico sueco-britânico AstraZeneca é a empresa que está com os estudos mais avançados para produzir a vacina, em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nesta tentativa, os brasileiros são as cobaias para os testes. O mesmo ocorre com a CoronaVac, vacina chinesa

para a covid-19, que chegou ao Brasil do laboratório chinês Sinovac Biotech para a realização de testes por três meses, em parceria com o Instituto Butantan. Isso não representa, no entanto, garantia de que o Brasil seja contemplado com as doses iniciais. Majoritariamente, o desenvolvimento está nas mãos de grandes conglomerados farmacêuticos, geridos por investidores orientados por lucros e financiados por governos de países ricos. Há chance, portanto, de que o Brasil fique de lado se a vacina for descoberta em países com a economia dominante.

América Latina tem 60% dos casos mundiais de covid-19. Brasil é o epicentro Diego Ramos / AFP

O

continente americano é o mais afetado pela pandemia, com cerca de 60% dos casos mundiais, somando mais de 15,2 milhões de infectados. Entre os dez países com recorde de casos diários na última semana, seis estão localizados na região (Brasil, México, Peru, Argentina, e Estados Unidos), segundo a Universidade Johns Hopkins. Na América Latina, o Brasil continua sendo o epicentro. Desde fevereiro, o país acumula mais de 4,6 milhões de casos e 140 mil mortos. Em números absolutos de casos e óbitos, o país lidera o ranking e é o

Movimentos sociais organizaram protestos nas maiores cidades do Peru por ser o país com a maior taxa de mortalidade durante a pandemia no mundo

terceiro em nível mundial. Analisando a taxa de mortalidade do vírus, que é a relação entre os falecidos e a população, o primeiro da lista é o Peru, com 1.028 mortes para cada milhão de habitantes; seguido da Bolívia com 666 mortes a cada milhão e do Chile, também com 666 óbitos por milhão de habitante.o Peru,

com 1.028 mortes para cada milhão de habitantes; seguido da Bolívia com 666 mortes a cada milhão e do Chile, também com 666 óbitos por milhão de habitante. Do outro lado dessa balança, o país com menor número de vidas perdidas para a covid-19 é o Uruguai, com 45 perdas; enquanto Cuba pos-

sui a menor taxa de mortalidade da região. Brasil: saúde sem investimentos No caso do Brasil, a falta de medidas sanitárias adotadas nacionalmente, como a quarentena e o isolamento social, a falta de testagem massiva, e a instabilidade do comando do Ministério de Saúde são alguns dos fatores. Durante a gestão de Eduardo Pazuello, os óbitos aumentaram dez vezes e o número de casos em 20 vezes. Apenas 29% dos fundos emergenciais aprovados para atender à pandemia foram utilizados. Apesar de ser um dos únicos países do mundo com

um sistema de saúde público, gratuito e universal, somente em 2020, o orçamento da saúde pública diminuiu em 35 milhões de reais por conta da Emenda Constitucional 95.

Exemplo cubano Cuba possui um sistema público universal. A ilha conseguiu conter a mortalidade do vírus, mantendo taxa de 0,95 de letalidade. Também desenvolveu um dos medicamentos mais eficazes: o Interferón Alfa 2b. E é o único país da região a entrar na fase final de testes em humanos de uma vacina contra a covid-19, a Soberana 01.


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

ENTREVISTA 15 11

“As aulas devem ser retomadas quando houver segurança sanitária” PANDEMIA Denise Romano, coordenadora geral do Sind-UTE, comenta a decisão do governador, que autoriza a reabertura das escolas Diogo Nascimento

Larissa Costa

O

governador Romeu Zema (Novo) anunciou, em coletiva de imprensa na quarta (23), que as escolas estaduais têm previsão de retomar as aulas presenciais já em outubro. A decisão considera algumas prioridades, por exemplo, o 3º ano do ensino médio e a educação infantil. Além disso, considera o trabalho remoto para pessoas que fazem parte do grupo de risco. Embora o governador tenha listado algumas medidas de segurança, os protocolos de reabertura serão anunciados posteriormente. Nesta entrevista, Denise Romano, coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), diz que a notícia assustou profissionais da educação, que temem por suas vidas, de seus alunos e comunidade escolar.

Brasil de Fato MG – A pesar de o governador ter autorizado a volta às aulas, ainda prevalece a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) no dia 15 de abril. Como está essa situação e quais são os interesses de Zema?

Denise Romano – O governo de Minas apresentou uma data sem apresentar um plano, um protocolo mínimo, sem dizer quais as garantias sanitárias, quais as garantias para os trabalhadores, para a comunidade escolar, para alunos e pais.

Não houve, nesses sete meses, nenhuma medida do governo do estado no sentido de promover melhorias na infraestrutura das escolas, que continuam as mesmas O que o governo fez foi desconsiderar todas as outras variáveis em relação à pandemia. Desde abril, temos uma liminar em vigor, do Tribunal de Justiça, que proíbe o estado de convocar aulas presenciais. Nossa categoria está trabalhando de forma remota, e trabalhando como nunca, com uma angústia nunca antes vivida por nós, em virtude da própria pandemia, da falta de alcance e

Governo não apresentou um plano, um protocolo mínimo, garantias sanitárias para os trabalhadores, a comunidade, alunos e pais

Decisão trouxe bastante insegurança e angústia para nossa categoria, que já está adoecida universalização da política de educação remota. E, ainda por cima, completando o quadro, há um excesso de cobrança de preenchimento de planilhas imposta pelo governo do estado aos trabalhadores, que por sua vez, não tiveram nenhuma oferta de condições para desempenhar o teletrabalho e estão, literalmente, se virando. Como a categoria reagiu ao anúncio?

Somos contrários à decisão. E isso trouxe bastante insegurança e angústia para nossa categoria, que

já está adoecida, que já está desempenhando o trabalho remoto, que desrespeita a jornada, o espaço familiar, que confunde a vida cotidiana da família com o trabalho. Além disso, o anúncio do governo traz incertezas e preocupações com a vida, a saúde dos trabalhadores em educação, dos seus familiares, dos alunos e seus familiares. Que medidas de prevenção ao coronavírus devem ser tomadas entre profissionais da educação e estudantes? E qual seria um momento adequado para reabrir as escolas?

Essa pergunta é interessante. Porque a escola é naturalmente um espaço onde as pessoas se encontram, onde há contato, aglomeração. Aí não interessa se são poucas ou todas as turmas, ou se é um ano, abertura sazonal, ou se é por meio de qualquer outro mecanismo de rodízio de alunos.

De qualquer forma, haverá pessoas na escola, presencialmente. Com qualquer medida, a escola estará aberta e o espaço estará disponível para o vírus contaminar as pessoas. Não houve, nesses sete meses, nenhuma medida do governo do estado no sentido de promover melhorias na infraestrutura das escolas. As escolas continuam as mesmas, com os mesmos problemas, mesmos prédios, mesmas deficiências, com a mesma falta de investimento de antes da pandemia. Simplesmente, anunciar uma data para volta às aulas não significa que, num passe de mágica, tudo estará resolvido para as escolas abrirem e receberem seus estudantes. As aulas devem ser retomadas quando houver segurança sanitária, quando os infectologistas disserem que não há mais risco de contaminação. Esse será o momento de reabertura das escolas.


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

CIÊNCIA, COISA BOA! PANTANAL EM CHAMAS

Juliana Carvalho

FIQUE

BEM Olá pessoal, quanto tempo! O jornal voltou (oba!) e, com ele, nossas dicas preciosas para nos sentirmos melhor nesses tempos tão difíceis.

PREPARE SEU CORPO PARA O DIA

Qualquer um que se importa com a vida em nosso planeta deve ter sofrido ao assistir às imagens que chegaram do Pantanal ao longo das últimas semanas. Animais mortos e feridos, extensas áreas de vegetação em chamas e muita fumaça no ar. Agosto e setembro foram os meses em que a região mais foi impactada pelo fogo, desde que esse tipo de medição é feita. De acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o momento foram detectados mais de 6 mil focos de incêndios em setembro e mais de 16 mil em 2020. O Pantanal é o menor bioma do Brasil. Ocupa pouco menos de 2% do nosso terriO agronegócio tório. Mas não se engane com seu tamanho. de um gigante em riqueza de vida. limpa terreno Trata-se Localizado majoritariamente nos estados para seus brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso pastos do Sul, também adentra parte do Paraguai e da Bolívia. Encontra-se cercado por outros importantes biomas como a Amazônia, o Cerrado e os Chacos bolivianos. E pela proximidade com a Mata Atlântica, também recebe influência dela, principalmente no fluxo migratório de aves. Localizado na parte alta da Bacia do Rio Paraguai, o Pantanal recebe águas de nascentes de um extenso arco de montanhas que o envolve ao norte e leste. De acordo com a dinâmica das chuvas, essa água é mais ou menos depositada na planície ao longo do ano. Entre outubro e abril, a planície se alaga, com a subida dos rios. Já na seca, entre maio e setembro, o nível da água desce. Porém, pelo relevo plano, grandes “poças” de água se formam. Essa dinâmica característica do Pantanal é chamada de Pulso de Inundação. As áreas alagadas, que se formam com o pulsar das águas ao longo do ano, são verdadeiros santuários de vida. Diversas espécies de peixes ficam aprisionadas nas poças, o que atrai aves de longe para o banquete. Não é difícil imaginar a imensa teia de vida que se forma a partir disso. E toda essa beleza está gravemente ameaçada. Principalmente pela sanha do capitalismo e pelo descaso do governo federal. Apenas 4,6% do bioma encontra-se em unidades de conservação. A principal atividade econômica da região, a pecuária bovina, pede passagem. O agronegócio não se acanha em aproveitar do período de secas e do apoio presidencial para limpar terreno para seus pastos. Que as chuvas de outubro venham e nos deem algum tempo para barrar toda essa destruição. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Tomar água morna de manhã em jejum é o segredo! Ela acorda o corpo, estimula o intestino e ajuda a eliminar resíduos do organismo. Se combinada com um pouquinho de limão, fica ainda mais potente, ajudando a aumentar a imunidade. Ao longo do dia, você não pode esquecer de continuar tomando água, pelo menos 1,5 litro.

GENGIBRE E CÚRCUMA

Também são dois ingredientes que podem ser adicionados ao seu shot matinal. É só macerar um pedacinho e misturar na água com limão. São poderosos antiinflamatórios naturais, ajudam a melhorar o metabolismo e aumentar a imunidade. Um beijo da Jana! Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Sinto que as reuniões de trabalho virtuais me cansam mais que quando era presencial. Fico exausta. Isso tem algum fundamento?

Thaís Oliveira, 29 anos publicitária. Existe sim, Thaís. Diferente do trabalho presencial, em que você interage com as pessoas e o ambiente de uma forma mais livre, no virtual toda sua interação está focada na tela do computador. Então você se mantém quase todo o tempo numa mesma posição. Os músculos do pescoço e das costas ficam mais tensos por isso. Tem também o cansaço dos olhos por reduzir o número de piscadas (ato que fazemos involuntariamente ao usar telas) e dos ouvidos (principalmente se usamos muito o fone). Além disso, a circulação é prejudicada por ficarmos muitas horas sentadas e isso pode deixar uma sensação de peso nas pernas. Fora tudo isso, ainda tem o estresse pela situação em que estamos vivendo, que também pode contribuir com essa sensação de exaustão. Para vencer esse cansaço, é preciso investir em relaxamento, atividade física, alongamento e pausas no trabalho.

Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

CURRY DE LEGUMES Reprodução

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Aorta, carótida ou Gênero das reportagens subjetivas, subclávia (Anat.) comuns a revistas como a "Piauí" Lina (?) Bardi, arquiEstado do doente que Despida sofreu lesão medular teta ítalo-brasileira

(?) de só- Instituição cristã cuja Atracadio, base autoridade suprema douro de antiáci- é o Patriarca de paralelo dos (Med.) Constantinopla à água

Estado do farrapo Acha graça O tipo de parto mais realizado no Brasil

Usuário, em inglês Errado (abrev.) Dessa forma

Thiago Pereira, por seu esporte

Enrico Caruso, tenor italiano Subdivisão básica na Geologia Âmago

A entidade como a CUT Orifícios

"A (?) e as Uvas", fábula de Esopo

Venero Suco de (?), bebida "detox"

O produto voltado ao público gay (sigla)

Ingredientes

(?)-á-ó-til: o "não" enfático

Cachaça (bras.)

½ brócolis cortado ½ couve-flor cortada 1 cenoura cortada em rodelas mais grossas 1 abobrinha em cubos ½ xícara de coentro ou salsinha picados 1 xícara de leite de coco 2cm de gengibre picado (como alho) 1 cebola picada 1 colher (sopa) cheia de curry em pó Azeite para refogar Sal e pimenta-do-reino a gosto

Portal de templos japoneses Irmãos associados à fundação de Roma (Mit.)

Preta (?), cantora (?) Nagle, jornalista

Milho, em inglês Catarata (Geog.) Escol Ânsia da pessoa consumista

Lavrar (a terra) Rã, sapo ou perereca

"(?) Rosas", sucesso de Caymmi Camada onde ocorre a aurora boreal (Geofís.)

Cenário (Teatro) Tabaco inalável

(?) Connery: o 1o James Bond (Cin.)

Altura (abrev.) Yin (?), antiga capital da China

Professor (?), cientista da Disney O uso do bibelô, na decoração

El. comp. de "polígrafo" Massa (símbolo)

Modo de preparo

2/xu. 3/gls. 4/corn — sean — tori — user. 9/ionosfera.

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Solução B I G R C E J R A T O R T O D I O X P A

A N U R O

A C A R B A S T O I E S A R E S I N P S A O R I C O M U L S C O R A A R S O O S F E I D A L R N A

J O N A T O U S E R N A T N A E R A D I C A L A MO P I D G L S O E R E MO R N G IL E L I TE EC R T D O E R A A R A A R P O L I M E N T O

BANCO

Elemento do signo de Libra (Astrol.)

Sem (?) nem beira: na miséria

1. Refogue no azeite, o gengibre, a cebola, a pimenta-do-reino, o sal e o curry; 2. Acrescente o brócolis, a cenoura, a couve-flor e deixe cozinhar por uns 2 minutos. 3. Adicione a abobrinha. 4. Coloque o leite de coco e o coentro. Acerte o sal. 5. Deixe a panela tampada no fogo baixo por mais ou menos 15 minutos.


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Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

"A música tem a capacidade de puxar o sonho para mais perto", declara Zé Pinto ARTE E LUTA O violeiro, compositor e cantador das lutas do povo conta sua trajetória e avalia o papel da cultura neste momento

Larissa Costa / Brasil de Fato MG

Amélia Gomes

C

om mais de três décadas de carreira, Zé Pinto é um verdadeiro patrimônio cultural do povo brasileiro. Em suas canções o artista, que também é produtor rural, versa sobre a luta pela terra, o sonho e desejo de vida digna para todos os brasileiros e a alegria da nossa gente. É de sua autoria a canção que se tornou um hino da luta do povo no Brasil "Ordem e progresso". Nesta entrevista, Zé Pinto fala sobre sua trajetória, suas composições e como a arte se torna ainda mais fundamental neste momento sombrio e de incertezas pelo qual passa o Brasil.

Brasil de Fato – Como foi a sua trajetória como violeiro? Quando surgiu essa paixão?

Zé Pinto – A música entrou na minha vida pela influência do meu pai. Ele era uma pessoa muito trabalhadora e humilde, mas gostava de tocar violão e juntar a família, a molecada. Ele e a minha mãe. Eles sempre faziam cantoria no final

da noite, depois do banho. Agora meu encontro com a viola caipira aconteceu depois de casado. Depois que eu casei com a Matilde, a gente veio para Minas Gerais e nessa vinda eu sofri muita influência de um sujeito chamado Flor da Noite, no assentamento Dois de Julho, na grande BH. Eu já rodava o Brasil com o violão, mas foi com ele que tive minhas primeiras aulas, primeiros acordes de viola. Qual a importância e o papel que a arte ocupa na luta do povo pela garantia dos seus direitos?

A arte é uma coisa maravilhosa. É muito mais que palavra. A arte é mais do que arte. Ela não pode ser banalizada, como vemos por aí. A arte é a garantia de se fazer bem feitas as coisas. A luta que leva em consideração a arte é uma luta que vai ser bem feita. Qual o papel da arte na preparação de uma comida? De jogar um futebol? De fazer uma música? É muito mais do que um fazer mecânico, é você depositar no que está fazendo todo o seu amor. E

essa é a grande importância da arte nessa nossa luta, na nossa caminhada. Vivemos momentos difíceis de crise sanitária, social e econômica. Como a música e a arte de forma geral podem contribuir com a nossa luta e com a nossa vida em tempos tão obscuros?

Nesses 30 anos que eu caminho com o MST, um momento que me marcou muito foi na primeira Marcha à Brasília. Teve um momento no meio da estrada que eu corri na frente da marcha, subi no viaduto e aí eu pude ver aquele mar

de bandeiras, aquela imensidão de gente caminhando, organizadinhos na fila. As pessoas com aquela convicção, compromisso e disciplina. Aquilo me fez chorar. E foi ali também que começou a gestação de Ordem e Progresso. ANÚNCIO

Eu acredito que a arte nos constrói, nos eleva, nos humaniza. A música, por exemplo, nos fortalece, amplia a nossa capacidade de enxergar possibilidades mesmo quando tudo está perdido, quando parece que foi tudo para o brejo. Porque tem capacidade de puxar o sonho para mais perto. Tem uma brincadeira que diz que a música é a única coisa que tem direito de mentir. A palavra cantada consegue enfeitiçar, possuir a gente, dar animação e formação. A música puxa essa vitória, esse amanhã para mais perto.

COMISSÃO PRÓ FUNDAÇÃO DA COOPERATIVA CAMPONESA DO MÉDIO RIO DOCE

Em todos esses anos de carreira qual foi o momento que mais lhe marcou e por quê? E qual a canção que você acha que mais representa a sua trajetória?

2. Eleição do Conselho de Administração, do Conselho

EDITAL DE CONVOCAÇÃO Convocam‑se todos os interessados em criar a cooperativa para a Assembleia de sua Constituição (fundação), a realizar‑se em 25 de setembro de 2020 às 15h, em ambiente virtual. ACESSO (REUNIÃO VIRTUAL): https://url.gratis/tCTNo ID da reunião 941 8561 0743 Senha de acesso: 346226 PAUTA DA ASSEMBLEIA

1. Leitura, Análise e aprovação do estatuto social;

Fiscal, se for o caso, do Conselho de Ética; 3. Subscrição e Integralização do Capital; 4. Assuntos gerais.


Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

ESPORTE

15 15

CBF tem proposta que prevê partidas com 30% de público ainda este ano BRASILEIRÃO Mesmo com números altos de contaminação e mortes na pandemia, Ministério da Saúde endossa retorno de torcidas Bruno Cantini / Agência Galo

Nara Lacerda

U

m estudo da Confederação Brasileira de Futebol que prevê realização de partidas com torcida ainda este ano recebeu aval do Ministério da Saúde. A ideia é de que os jogos poderiam contar com até 30% do público. O governo também condicionou o retorno à manutenção de protocolos e medidas sanitárias por parte de estados e municípios que vão receber as partidas. Os jogos não poderiam ter torcidas visitantes. Ainda não há data fechada

Estádios podem voltar a ter público já a partir de outubro

para a mudança, mas está em estudo a possibilidade de que ela já ocorra a partir de outubro. Há também a percepção de que as medidas devem valer para jogos em todo o território brasi-

Brasil não conseguiu manter a trajetória de desaceleração nas contaminações e mortes

leiro, de maneira uniforme. Apesar disso, o próprio Ministério da Saúde alerta para as diferenças regionais entre os estados no controle do coronavírus. Vale ressaltar que os dados consolidados da semana passada indicam que o Brasil não conseguiu manter a trajetória de desaceleração nos números de contaminados e óbitos pela covid. Houve alta em pelo menos 15 unidades da federação. Entre elas, está o Rio de Janeiro, que vem discutindo regionalmente o retorno das torcidas às partidas de futebol. ANÚNCIO


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Belo Horizonte, 25 de setembro a 1 de outubro de 2020

CRUZEIRO E AMÉRICA PEGAM CATARINENSES. GALO RECEBE GRÊMIO

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução

Gustavo Aleixo

O

s times mineiros na série B entram em campo nesta sexta (25). Às 19h15, o América encara a Chapecoense na Arena Condá. Ambos têm 17 pontos, mas, pelos critérios de desempate, a Chape está à frente, na quarta co-

locação. Às 21h30, Cruzeiro e Avaí duelam no Mineirão, na briga para se afastarem do Z4. O Cruzeiro tem 8 pontos e o Avaí tem 10. Sábado (26), pela série A, o Mineirão recebe o confronto entre o líder Atlético, com 21 pontos, e o Grê-

mio, que tem 13 pontos e ocupa a 12 colocação. Após a vitória sobre o arquirrival Inter, na quarta (23), o time gaúcho usa a recuperação na Libertadores como combustível para enfrentar o Galo, que está em boa fase.

“Nunca aconteceu comigo o que aconteceu com o Neymar, de sofrer racismo vindo de um companheiro em campo. Mas já vi torcedores nas arquibancadas fazendo barulho de macaco pra mim” Raphinha, meia-atacante da equipe francesa Rennes.

Gol de placa A atleta Carol Solberg gritou “Fora, Bolsonaro” em entrevista ao SporTV após a premiação da primeira etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, domingo (20). O protesto gerou a ira da Confederação Brasileira de Vôlei, que prometeu retaliação. “Vivemos numa democracia”, respondeu Carol.

Gol contra A Comissão de Atletas disse que não é favorável a manifestações políticas em competições esportivas. Carol foi aguda: “Não entendo uma comissão de atletas que luta para silenciá-los”, pontuou.

Voltamos com tudo

Sem morrer na praia

A 100 dias do Centenário

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Em outras ocasiões de paradas forçadas, o América havia voltado pior do que antes. Dessa vez, está sendo diferente. A longa pausa da pandemia não mudou o rumo do bom início de ano. Pelo contrário, o time parece estar ainda mais maduro e orgaDecacampeão nizado. A campanha na Série B é promissora, estando na briga pelo acesso desde o começo do campeonato e com um padrão de jogo que raramente é modificado, mesmo com as muitas alterações por lesões, suspensões e negociações. Na Copa do Brasil, o desempenho já fez história: embora tenha disputado as oitavas também em 1998 e 2018, é a primeira vez que o América chega nesta fase passando por outras quatro e com reais possibilidades de avançar ainda mais.

Há tempos o Atlético não inicia uma temporada como time a ser batido. Vimos tentativa de contratação temerária e certa desconfiança, seja da mídia, mais subserviente, quanto de torcedores. Cá pra nós: números mudam e favoritos se alternam em torneios como este. Édaqui Galoa nove doido! Quem garante, rodadas, quando teoricamente termina o primeiro turno, que a conjuntura seja a mesma? Elenco, o Atlético construiu. Na prática, tem sido o mais eficiente, assim como o estilo kamicaze de Jorge Sampaoli. Há um longo caminho pela frente. As deficiências são visíveis e o Galo se superou quando elas eram evidentes, na Libertadores e Copa do Brasil. É hora, de novo, de mostrar que reaprendeu a nadar, sem morrer na praia.

Salve, nação! Estamos a 100 dias do centenário. O que seria a expectativa de grande celebração, na verdade se converte em apreensão sobre o futuro. Se antes da pandemia havia a expectativa de ao menos comemorarmos o centenário na primeira divisão, o noLa Bestia Negra vo calendário jogou por terra tal possibilidade. Falar sobre o cabuloso hoje é falar mais do extracampo. No próximos dias, teremos eleição de novo presidente e, em novembro, do novo conselho deliberativo. A tendência é que Sérgio Santos seja eleito e tenha mais tempo para iniciar a reestruturação. Que novos tempos se abram para a democratização e atuação dos torcedores na política do clube. Já basta o fato de não podermos estar nas arquibancadas. Saudações celestes!

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