Edição 325 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

De olho na mídia

Rafael Ribeiro / CBF

Ele voltou!

Taxar bilionários da economia digital, como o dono da Amazon, é questão de sobrevivência do planeta e da humanidade

Vai ser Felipão que deu tranquilidade para o Brasil chegar ao Penta ou o Felipão dos 7 a 1 no Mineirão? Só o futuro dirá

VARIEDADES 12

ESPORTES 16

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro • edição 325 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita

REFORMA ADMINISTRATIVA: o ataque a quem cuida da população

@mindandi

Reforma de Bolsonaro

retira direito dos servidores da ponta e mantém privilégios dos de cima BRASIL 8 e 9

Covid-19 Leia um resumo das notícias da última semana sobre a pandemia PANDEMIA EM FOCO 11

Caso Carol Solberg O autoritarismo ronda também os esportes OPINIÃO 6

Bancada do livro quer eleger professores em defesa da escola pública CIDADES 4

Necropolítica Cidades onde Bolsonaro tem mais apoio tem número bem maior de mortes e contaminados pela covid-19 OPINIÃO 7


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

O que podemos fazer nessas eleições? Podemos fazer muito. Eleições são oportunidade para discutirmos a cidade que queremos, a política que queremos, as prioridades que temos, que tipo de sociedade podemos e devemos ser. Como mudar a atual realidade das coisas. É óbvio que não estamos satisfeitos com a situação da saúde, da educação, do transporte público, com os salários, o desemprego, a informalidade, com a volta da fome e o aumento da desigualdade social.

ESPAÇO DOS LEITORES

“Em Brumadinho está acontecendo a mesma coisa” Rosemeire Rodrigues Silva comenta a matéria “Moradores de Juatuba (MG) sofrem com falta d’água após rompimento da barragem da Vale” -“Seria maravilhoso!” Flavia Coelho, sobre a matéria “Pressão para que aeroporto Carlos Prates se torne parque com área verde” -“Gênio do povo” Edna Alves Dos Santos comenta postagem sobre Angenor de Oliveira, o Cartola, que faria 112 anos no último dia 11. -“É só olhar pra onde essa privatização da água deu muito errado: Patos de Minas e Ouro Preto” Laiane Caetano Fantini, sobre a matéria “Se você mora em cidade pequena de MG, deve se preocupar com a privatização da Copasa”

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Eleições são oportunidade para enfrentarmos os interesses da classe dominante A grande maioria das nossas cidades, 90% da nossa população não se beneficia com a conservação do estado das coisas. Portanto, não se beneficia com candidatos conservadores. Conservar é manter privilégios, desigualdades, preconceitos, desemprego. Somos um país rico, com um povo pobre. Dentre outras razões, porque entra eleição, sai eleição, o mais comum é elegermos representantes das elites, como são o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Bolsonaro (sem partido). Precisamos eleger pessoas comprometidas com os ideais de mudanças. Essas mudanças não virão de quem defende o lucro acima da vida, o mercado acima do trabalho, a diminuição do Estado, portanto, das políticas públicas. Não há um único país do mundo que me-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

lhorou as condições de vida de seu povo com medidas desse tipo. É preciso enfrentar os interesses da classe dominante, que têm nas mãos as nossas cidades, segregando os mais pobres nas periferias. É possível? É, e as eleições são uma oportunidade para fazermos essa mudança. Político não é tudo igual. Partido não é tudo igual. Os candidatos não são todos iguais. É preciso pesquisar, por exemplo, sobre quais partidos, votaram pelo congelamento dos gastos públicos por 20 anos. Não adianta o candidato vir dizer que defende saúde e educação se está vinculado a esses partidos. É preciso lembrar quais partidos votaram pelo fim da CLT (que ironicamente chamaram de reforma trabalhista). Essa medida, desde sua aprovação, só fez crescer a terceiri-

Político não é tudo igual. Partido não é tudo igual. Os candidatos não são todos iguais zação, a precarização, a informalidade e o desemprego. Se tem o apoio do governador Zema (Novo) e do presidente Bolsonaro (sem partido), pode saber, é a favor de menos Estado, de menos política pública, de menos saúde, menos educação. Esse é o programa de governo deles. São amigos do setor financeiro, dos grandes empresários e contra os interesses populares. Essas e outras informações estão disponíveis na internet e nas redes sociais. Pesquise sobre seu candidato e sobre os partidos.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Redação: Amélia Gomes, Bruna Bentes , Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 10 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

GERAL

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Divulgação

Declaração da Semana Número da Semana Sem cuidar dos problemas que deixaram a Covid matar 150 mil brasileiros, não tem vacina que devolva a normalidade. Mas reconhecer a pandemia e ter um plano federal continua sendo fundamental. Com ou sem vacina

10,3 milhões

de pessoas passam fome no Brasil atualmente, de acordo com o IBGE. Neste ano, o prêmio Nobel da Paz foi concedido para o Programa Mundial de Alimentação da ONU pelo combate à fome no mundo. A informação foi divulgada na sexta (9).

De olho nas eleições

Atila Iamarino, pesquisador brasileiro e divulgador científico, pelo Twitter.

Neste ano, a Justiça Eleitoral disponibilizou cinco aplicativos que facilitam a utilização de serviços por eleitores, mesários e candidatos:

1.

O BOLETIM NA MÃO vai permitir visualizar os resultados apurados nas urnas. O app fornece ao eleitor todo o conteúdo dos Boletins de Urna, que contém o total de votos recebidos pelos candidatos em cada seção.

2.

O app RESULTADOS vai possibilitar que o cidadão acompanhe a contagem dos votos a partir de busca pelo nome do candidato, com indicações dos eleitos ou dos que foram para o segundo turno.

3.

MESÁRIO reúne informações para orientar quem foi convocado ou se voluntariou para colaborar nas eleições deste ano, como datas importantes do calendário eleitoral, além de dicas e soluções sobre o serviço.

4. 5.

O E-TÍTULO é a via digital do título eleitoral e informa o endereço do local de votação, além de informações sobre a situação eleitoral. Através do app, o eleitor pode justificar sua ausência no dia da votação. O app PARDAL tem o objetivo de incentivar os cidadãos a atuarem como fiscais da eleição, no combate à propaganda eleitoral irregular. As denúncias podem ser feitas através de fotos ou vídeos que serão analisadas pela Justiça.

Todos estão disponíveis nas plataformas Android e IOS, e podem ser obtidos gratuitamente nas lojas virtuais Google Play e App Store, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


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CIDADES

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“Bancada do livro” reúne candidatos em defesa da educação REPRESENTATIVIDADE Coletivo é composto por mais de 100 professores que concorrem às Câmaras Municipais em todas as regiões de Minas Gerais Lula Marques

Larissa Costa

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umentar a representatividade dos trabalhadores em educação nas Câmaras de Vereadores de Minas Gerais é o objetivo principal da “bancada do livro”, coletivo de professores que são candidatos nas eleições municipais deste ano. A iniciativa surgiu, segundo Raul Marcos Pereira de Oliveira, do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), da avaliação de que a categoria está fora dos espaços de decisão e de que muitos vereadores desconhecem ou são contra as pautas de valorização da educação pública. “As candidaturas estão pleiteando que os trabalhadores sejam ouvidos, porque nós conhecemos o chão da escola, conhecemos muito bem as nossas necessidades. Infelizmente, não adianta nada a gente fazer greve e votar em pessoas que não de-

fendem a educação”, avalia. Raul relata que a “bancada do livro” conta com mais de 100 candidatos em todas as regiões do estado. Em Goiás, São Pau-

É importante elegermos professores comprometidos com a escola pública. Não se trata de eleger qualquer professor lo e Rio de Janeiro também existem ações parecidas. Lançamento A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), que também é presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ressaltou, no lançamento das pré-candidaturas pela internet, que a iniciativa é ousada no enfrentamento

aos retrocessos nos direitos sociais. “Estamos compreendendo, cada vez mais, que o espaço da política decide a nossa vida e que esse espaço não pode decidir a nossa vida sem a nossa presença. Representatividade importa. E a política é o lugar para o bem comum, para a coletividade, não para a política de morte que temos enfrentado no estado e no Brasil. Mas a gente só altera a política, quando a gente participa”, disse. De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao todo são 75.704 candidatos a vereadores nos 853 municípios de Minas Gerais. Desses, são 1197 professores de ensino fundamental e 963 professores do ensino médio.

rizonte (RMBH). Ela faz parte da “bancada do livro” e defende que a educação seja representada por lideranças que já fazem a luta coletiva. “Muitos de nós votamos na representatividade do outro. E na hora que a gente precisa aprovar nossos projetos, que vão valorizar a educação pública de qualidade, os profissionais

Política é o lugar para a coletividade, não para a política de morte que temos enfrentado no estado e no Brasil”

da educação, a classe trabalhadora, que é a que é atendida pela escola pública, não conseguimos”, aponta. Na mesma linha, a candidata à vereadora em Brumadinho (RMBH) professora Celeste, também pelo PT, afirma que a “bancada do livro” reúne sindicalistas que se colocaram à disposição para compor os parlamentos e defender a educação pública. “É importante a gente eleger professores comprometidos com a luta do dia a dia, por uma escola pública e de qualidade, por melhores salários, por Professoras condições dignas de trabacomprometidas lho. Não se trata de eleger com a categoria A Professora Carla é can- qualquer professor, mas didata à vereadora pelo PT aquele que é comprometiem Esmeraldas, na Região do com a categoria”. Metropolitana de Belo Ho-

Nossos direitos A VALIDADE E A PONTUAÇÃO DA CNH VÃO MUDAR Foi sancionada a Lei 14.071/20 que trouxe mudanças para o Código de Trânsito Brasileiro, e dentre elas, está a validade da Carteira Nacional de Habilitação, e também a pontuação. Pela regra atual, a CNH pode ser suspensa quando o condutor atingir 20 pontos em infrações de trânsito. Pela nova lei, a pontuação tolerável será de 40 pontos para o condutor que não tiver nenhuma infração gravíssima (como dirigir sob influência de álcool, ou sem carteira, com a carteira vencida ou suspensa), 30 pontos se possuir uma gravíssima, e 20 pontos se tiver duas ou mais. Sobre o prazo de validade, pela regra atual, a renovação é necessária a cada cinco anos para condutores com até 65 anos, e três anos para maiores de 65. Pela nova lei, a renovação da CNH será necessária em dez anos para condutores com menos de 50 anos, cinco anos para condutores de 50 a 70 anos, e três anos para condutores a partir de 70 anos. As novas regras entrarão em vigor somente em 180 dias, ou seja, em abril de 2021.

Jonathan Hassen é advogado popular


Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

Dependência da mineração e queda na importação da China projetam crise econômica para MG COMÉRCIO Analistas indicam para próxima década menor crescimento chinês, responsável por 70% do consumo de minério Mídia NINJA Queda de arrecadação Após a queda da barragem da Vale em janeiro de 2019, em Brumadinho, o departamento de economia da UFMG estimou o impacto da paralisação da produção ferrífera apenas

Marcelo Gomes

C

rescimento econômico é o principal argumento do setor minerário para justificar a exploração predatória da riqueza que temos debaixo do solo. Porém, análises apontam limites para essa exploração. Na última semana, por exemplo, o Institute of International Finance (IIF) sinalizou queda na demanda da China por minérios nos próximos anos. O país asiático é o maior consumidor de metais do mundo. Caso isso se confirme, a base econômica de Minas, a mineração, ficará comprometida e o estado poderá chegar à beira de um caos. Crise se avizinha O IIF avalia que a partir do ano que vem, os chineses irão focar na compra de produtos agrícolas. Outra entidade que indica uma previsão similar é a britânica Capital Economics. “Na próxima década, a tendência

China representa 70% do consumo de minério no mundo da taxa de crescimento da China é desacelerar para 2%”, diz a entidade inglesa. A China representa 70% do consumo de minério no mundo. E Minas Gerais é um dos maiores canteiros de produção mineral do planeta. No Brasil, os mineiros respondem por quase a metade da extração mineral, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Logo, qualquer movimento da China atinge em cheio o estado. Atualmente, o cenário na mineração não poderia ser melhor. O preço da tonelada de minério chegou em setembro a 130 dólares, uma das maiores altas da última década. Desde o ano passado, o setor vive essa euforia. Uma das explicações é a permanência

do consumo Chinês, apesar da turbulência econômica mundial causada pelo coronavírus. Quais poderiam ser, então, as consequências para o estado se a China de fato

Em Itabira, 24% dos R$ 581,6 milhões que entraram nos cofres públicos em 2019 referem-se à Cfem diminuir a demanda por minerais? A principal seria queda no PIB estadual. As consequências são muitas devido ao efeito cascata proporcionado por essa indústria em diversos segmentos da economia no estado. Por exemplo, nas cidades do Quadrilátero Ferrífero, como Itabira, Itabirito e Nova Lima, o setor de serviços predomina; isso graças à renda gerada, sobretudo, na mineração.

Tributo sobre a mineração deveria ser destinado para diversificação econômica, o que não ocorre da empresa. O estado tem outras centenas de mineradoras. Se a interrupção se estendesse por meses, cerca de 20 segmentos econômicos poderiam ser impactados. O mais afetado seriam os cofres públicos. Poderia haver uma perda na arrecadação, para os três níveis de governo, de até R$ 856 milhões. Isso equivale a aproximadamente 3,5 vezes o orçamento de 2019 da Universidade Estadual de Minas, a UEMG. Esse cenário traçado pela UFMG diz respeito apenas à paralisação total da Vale e não à queda na demanda por minérios. Mas, ele consegue dimensionar como o estado é dependente da mineração. Isso é resultado de escolhas políticas ao longo do tempo, que impediram a diversificação da matriz econômica.

MINAS

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Exaustão das minas A redução do consumo chinês não é o único prenúncio da diminuição da extração de minérios. Segundo a Vale, em oito anos está prevista para esgotar sua produção em Itabira. Somente a cidade do interior mineiro respondeu por um pouco menos de 12% das 302 milhões de toneladas de minério de ferro extraídas pela empresa em 2019.

Minerodependência Foi pensando que minério é um bem finito que a Constituição Federal criou a Compensação Financeira Pela Exploração dos Recursos Minerais (Cfem), espécie de tributo aplicado sobre os lucros das mineradoras. O dinheiro arrecadado, dividido entre os governos federal, estaduais e municipais, deve ser destinado, exclusivamente, ao incentivo de outras iniciativas econômicas. Contudo, isso não ocorre. A maior fatia dos recursos da Cfem, que neste ano já ultrapassou os R$ 4 bilhões, vão para os municípios. Mas existem denúncias de má uso do dinheiro. É o caso de Itabirito, onde o Tribunal de Contas estadual identificou que parte do dinheiro estaria indo para despesas como salários de funcionários. Em Itabira, por exemplo, 24% dos R$ 581,6 milhões que entraram nos cofres públicos em 2019 referem-se à Cfem. Isso é quase um quarto do orçamento municipal. Segundo Gabriel Quintão, gestor público e morador da cidade, a prefeitura utiliza o dinheiro para “coisas como tapar buraco. E a cidade não acordou para a exaustão da mina da Vale”.


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MINAS

Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

OPINIÃO

Democracia nem por esporte Reprodução de vídeo

João Paulo Cunha

e o neofascismo patroS cinado pelo governo federal invadiu todos os terrenos da sociedade brasileira, da educação à saúde, do meio ambiente às relações internacionais, da economia ao comportamento, por que o esporte haveria de ficar de fora?

Nos últimos dias, numa sucessão que parecia um compacto dos piores momentos, Bolsonaro conseguiu puxar o ataque para mais um 7x1 contra a liberdade e a democracia. A condenação pelo tribunal desportivo da jogadora de vôlei Carol Solberg, que se manifestou criticamente ao presidente depois de um jogo (“Fora, Bolsonaro!”), sublinhou a lei não escrita da liberdade relativa, que confunde valores universais com interesses de governo. Como cidadã, ela não apenas pode como deve se manifestar na arena pública sempre que julgar relevante. Pesos e medidas diferentes O que mais chamou atenção foi a decisão que reforça a tendência de fazer valer pesos e medidas diferentes. No mesmo esporte, quando o caso foi de aprovação do presidente, como fizeram os jogadores Maurício e Wallace, a leitura foi a da liberdade de opinião. Quando é de crítica, considera-se uma extrapolação dos objetivos do esporte, passível de punição e ameaça de corte de patrocínio por empresas públicas (“públicas” e não “governamentais”, bem entendido). Se os atletas decidissem abrir mão de participação no

diálogo público, não teríamos os gestos de Jesse Owen que afrontaram o nazismo de Hitler e, mais recentemente, dos atletas do basquete norte-americano contra o racismo, ou do piloto Lewis Hamilton em favor do Black Lives Matter. São atitudes que mostram que o esporte, com seu poder de mobilização social, não é vizinho indesejável da política, mas uma de suas formas de expressão privilegiada. Exemplos de manipulação do esporte Já conhecemos bem o potencial de manipulação do esporte pelos detentores do

Numa sucessão que parecia um compacto dos piores momentos, Bolsonaro conseguiu puxar o ataque para mais um 7x1 contra a liberdade e a democracia

O esporte não é vizinho indesejável da política, mas uma de suas formas de expressão privilegiada poder. Se o exemplo mais marcante, no caso do futebol, foi a Copa do Mundo da Itália, de 1934, no auge do fascismo, outros torneios, entre eles as Olimpíadas, sempre se prestaram ao uso ideológico, da afirmação de raças superiores ao expurgo de países ou retirada de delegações como forma de protesto. Entre nós, quem já passou dos 60 se lembra do alienante “pra frente Brasil”, retomado saudosamente por Regina Duarte em sua patética passagem pela Secretaria de Cultura. Outro caso recente envolveu a transmissão do jogo das eliminatórias da Copa do Mundo, entre Brasil e Peru, que não foi transmitido pela TV aberta, o que se não é iné-

dito é pelo menos muito raro. Numa queda de braço entre Globo e Planalto, não faltam desrazão nos dois lados. Não é fácil dar vitória para qualquer desses times. De um lado, o interesse no monopólio que se tornou quase uma regra; de outro, o propósito em se vingar do que julga ser uma perseguição. No entanto, o que é mais grave é o prejuízo para o público. O governo federal apressou-se em divulgar que a partida só seria assistida por compradores de uma assinatura de canal de streaming, de pouca circulação, valorizando o mercado da TV paga, em detrimento da empresa inimiga. Do outro lado, a emissora global rebaixou o patamar de informações sobre a partida, deixando seu público desinformado, na mais canalha prática que prega que o que a Globo não mostra, não existiu. O mais sério, no entanto, foi a prorrogação da lambança O Ministério das Comunicações entrou em campo,

mudou as regras em cima da hora (pode isso, Arnaldo?), e transmitiu a peleja pela TV Brasil. Para completar o pacote, escalou um narrador e um comentarista egressos das categorias de base do bolsonarismo. Com direito a mandar abraço para o patrão durante o jogo, num gesto nojento de vassalagem e afronta ao histórico de luta pela comunicação pública no país. O canal, que integra a Empresa Brasil de Comunicação, foi considerado desde o começo do governo (e mesmo antes, por atos do golpista Temer) uma TV ideológica, partidária e lulista. Não se promoveu, em contrapartida, depois da eleição, um debate sobre a natureza, função e estrutura necessária para a TV pública, usando o governo de

Antes do fim da partida, um grito de guerra de todas as torcidas da democracia: Fora, Bolsonaro! toda a energia para acabar com ela. Extinguiu conselhos, perseguiu profissionais, acabou com programas considerados esquerdistas e estabeleceu práticas de censura ao jornalismo. Antes do fim da partida, um grito de guerra de todas as torcidas da democracia: Fora, Bolsonaro!


Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020 Carolina Antunes / PR

OPINIÃO

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Valerio Arcary

O Novo é um partido de aluguel senil

Quanto mais apoio a Bolsonaro, mais mortes por covid-19 Pesquisa realizada por meio de uma parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o francês IRD, Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, analisou dados socioeconômicos de 5.570 municípios brasileiros. Avaliaram-se dados como pobreza, raça e informalidade no mercado de trabalho, e também dados relativos ao primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. E ficaram claras as seguintes conclusões: Primeiro, quanto mais pobre é a população, quanto mais a população está no mercado informal de trabalho, maior é o índice de infecção por coronavírus e, portanto, maior o índice de morte também. Segundo, os municípios que mais apoiaram Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, foram exatamente os municípios onde maior foi o índice de contaminação e de óbitos pela covid-19. A pesquisa chegou à conclusão de que para cada dez pontos percentuais a mais nos votos para Bolsonaro, houve um acréscimo de 11% no número de infectados e de 12% no número de óbitos. Ou seja, quanto maior o apoio a Bolsonaro, maior o número de infectados e maior o número de óbitos. Para cada 10% a Isso porque as pessoas apoiam Bolsonaro e acreditam mais nos votos no Bolsonaro. E ao invés de seguirem os conselhos da para Bolsonaro ciência, os conselhos médicos, seguiram os conselhos de Bolsonaro e foram para as ruas, se expondo ao vírus. Se houve acréscimo de infectaram e morreram em número maior. Bolsonaro deve ser responsabilizado pelas milhares e 12% no número milhares de mortes ocasionadas no Brasil. de mortes Lamentavelmente o mal que ele provoca ao nosso país e à nossa gente não é somente por conta da sua atitude irresponsável diante da covid-19. É também por conta da sua política de desmonte do Estado brasileiro, da proteção social e dos direitos dos trabalhadores. Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB. Estes são artigos de opinião. A visão dos autores não expressam necessariamente a linha editorial do jornal Brasil de Fato

Valerio Arcary é professor titular no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), militante da Resistência/PSOL.

ACOMPANHANDO

Vanessa Grazziotin

Há incríveis 35 partidos legais no Brasil, dos quais 24 têm representação no Congresso Nacional, um recorde mundial. A imensa maioria é de partidos de aluguel. Não existem, evidentemente, 35 diferentes programas, ideologias ou visões de país. Partidos de aluguel são uma deformação peculiar do regime eleitoral: financiados por um fundo público são satélites de partidos maiores, oferecem sublegendas para carreiras solo de aventureiros que querem “furar a fila”. Em resumo: são um bom negócio. Líderes com vocação caudilhesca rejeitam instrumentos políticos coletivos. Jair Bolsonaro é um campeão da poligamia política: em nove mandatos passeou por oito partidos, e namorou o Prona e o Patriotas. E pretende criar mais um. O partido Novo se apresentou pela primeira vez nas eleições de 2016, quando elegeu quatro vereadores, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, e Belo Horizonte. Mas nas eleições de 2018, elegeu o governador de Minas Gerais, o desco- A ideologia do nhecido Romeu Zema, e 11 de- partido Novo putados estaduais e 8 federais. é muito velha O partido Novo foi uma pequena novidade quando surgiu, por duas razões: (a) tinha um programa: a defesa da inviolabilidade da propriedade privada; (b) a rejeição do financiamento público. Mas isso não permite julgar que não seja um partido de aluguel. Desde o princípio tinha mais que um chefe político, tinha um dono muito rico. Desde a posse de Bolsonaro, o partido dos liberais radicais passou a ser base do governo de extrema-direita. A ideologia do partido Novo é muito velha. O liberalismo do partido Novo é a defesa do Estado mínimo, ou seja, contra impostos sobre a riqueza, e a meritocracia. Cada um por si, todos contra todos. Mais um dos satélites do bolsonarismo.

...Na edição 323... Justiça suspende retorno das aulas presenciais E agora... Covid-19: sete dos dez estados com mais mortes retomam aulas presenciais em outubro Apesar de estarem entre os dez estados com o maior número de vítimas fatais do novo coronavírus, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul e Paraná decidiram reabrir as portas de suas escolas neste mês. Os demais 15 estados e o Distrito Federal continuam sem previsão para a volta das atividades in loco. Em Minas, por decisão judicial, o retorno das aulas presenciais segue suspenso.


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BRASIL

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Reforma administrativa prejudica pobres e permite perseguição SUCATEAMENTO Bolsonaro quer acabar com a estabilidade de servidores sem mexer em privilégios da ‘cúpula’ Redação, com Marcelo Menna Barreto e Erick Gimenes

A

proposta de reforma administrativa enviada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) ao Congresso Nacional mantém privilé-

gios de poucos, retira direitos de muitos e abre brecha para perseguição de servidores, segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato. As mudanças elaboradas pela equipe econômica do governo estão todas contidas numa única pro-

posta de Emenda à Constituição (PEC), identificada como 32/2020. A aprovação de uma PEC é muito mais difícil do que um projeto de lei, por exemplo. A proposta deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional em dois tur-

FONTE: OCDE

TRABALHADORES PÚBLICOS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE EMPREGOS POR PAÍSES

Alan dos Santos / PR

Estereótipo

O governo federal e boa parte do parlamento tenta convencer a opinião pública de que o funcionalismo público ganha demais, onera o Estado e é uma casta que acumula supersalários. Isso não é verdade. O estereótipo atinge diretamente 11,4 milhões de servidores e indiretamente todas as políticas públicas responsáveis pelo bom funcionamento da sociedade, portanto, toda a sociedade. O projeto do governo, que chegou a chamar os servidores públicos de parasitas, vale para os servidores dos três poderes, estados e municípios.

nos e só pode ser aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos de senadores e deputados.

Precarização das políticas públicas e prejuízo aos mais pobres O diretor do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Rio Grande do Sul (Sintergs), Guilherme Toniolo, ressalta que a reforma aponta para a precarização do serviço público e, por consequência, prejudica a população. “A reforma administrativa torna o vínculo do servidor vulnerável. Com o fim da estabilidade, o trabalhador fica mais suscetível à pressão dos chefes, o que coloca em risco o cumprimento da lei, a execução e fiscalização na saúde, educação, agricultura, obras”, exemplifica o dirigente. Max Leno, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), afirma que “o governo tenta passar a ideia para a sociedade de que está tentando prezar pelas contas públicas, aumentar a produtividade do setor público, mas grande parte dos serviços que são prestados à sociedade tem o servidor na ponta”, ressalta Leno.

Desorganização do serviço público Para Antônio Augusto de Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 32/20 – da Reforma Administrativa) foi uma ideia “concebida para desorganizar o serviço público, punir os atuais servidores e submeter os futuros concursados a regras draconianas de gestão de pessoal”. Queiroz afirma que a proposta não guarda nenhuma relação com a qualidade do serviço público. “As mudanças são de cunho político-ideológico, para não dizer persecutório e liberal-fiscal”, explica. Para ele, o fato de setores minoritários e com remunerações muito acima da média da maioria do funcionalismo não serem alvos da PEC é a maior prova.

Menos direitos

Entre as mudanças também estão o corte de benefícios dos futuros servidores, como a licença prêmio, adicional por ano de serviço, aumento de salário retroativos e a permissão ao chefe do executivo para extinguir órgãos por decreto.


BRASIL

Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

Brasil tem muitos funcionários públicos? O argumento de que a máquina pública brasileira é grande demais ou de que o servidor em geral ganha muito mais do que os da iniciativa privada, segundo a agência de checagem Aos Fatos, não se sustenta diante da realidade. O Brasil tem um funcionalismo público proporcionalmente inferior ao de países desenvolvidos, como se pode ver no gráfico abaixo:

Sem teto salarial para juízes: a diferença salarial entre os poderes Se, em média, no serviço público varredores de rua ganham R$ 1,6 mil, professores de 1˚ a 4˚ série – com nível superior – R$ 3,3 mil e médicos clínicos, R$ 9,8 mil, a desigualdade aparece se olharmos a média salarial entre os poderes. São R$ 3,9 mil no Executivo, R$ 6 mil no Legislativo e R$ 12 mil no Judiciário, podendo chegar a R$ 100 mil ou mais para membros da magistratura (juízes). Antônio Queiroz, do Diap, é taxativo: “o governo poderia e deveria propor uma lei para, de fato, regulamentar o teto constitucional”.

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Diminuição do Estado e aumento dos interesses privados

Menos estabilidade, mais assédio e interesses particulares

Para Max Leno, “há possibilidades bastante evidentes de que alguns dos principais tipos de serviço público que hoje são desenvolvidos possam vir, no futuro, para a mão da iniciativa privada”. É o que acredita também Thiago Duarte Gonçalves, da Fenajufe. “Eles querem que as ‘organizações sociais’, substituam várias iniciativas que hoje precisam de concurso público. O objetivo estratégico do bolsonarismo é substituir concursado por organizações privadas e aí aparelhar o Estado”, avalia.

Atualmente, a regra geral é que o servidor público só pode ser demitido se for condenado sem mais possibilidades de recurso na Justiça ou se cometer infração disciplinar. Ou seja, é estável no cargo. O objetivo do governo é flexibilizar as regras de estabilidade de novos servidores públicos por meio da contratação de empregados sob regime CLT e de funcionários temporários, não necessariamente via concurso público. Dessa maneira, a proposta define diferentes tipos de vínculos para servidores públicos, a depender da atividade exercida. Thiago Gonçalves chama a atenção para os riscos do fim da estabilidade. “A perspectiva é de uma administração pública cada vez mais com interesses particulares. É uma conquista da constituinte de 1988. Não existia estabilidade na ditadura militar. A partir do momento em que você relativiza a estabilidade, seja para os atuais servidores, seja para os futuros, você abre margem para os interesses do governo de plantão se sobreporem a interesse da cidadania. A perspectiva é sombria”.

FONTE: OCDE

NÚMEROS E DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGOS SEGUNDO NATUREZA JURÍDICA

Juízes, parlamentares e militares ficam de fora A proposta de reforma administrativa, encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro ao Congresso, quer acabar com a estabilidade dos servidores públicos. Mas não inclui nas novas regras os cargos de parlamentares, ministros de tribunais superiores, promotores, juízes e militares, categorias que têm algumas das remunerações mais altas no funcionalismo. Os servidores de carreiras típicas de Estado (que só existem na administração pública) também permaneceriam estáveis.

Dettmar /Ag CNJ

Novas regras, se aprovadas, não afetarão cargos de ministros de tribunais superiores, promotores, parlamentares e militares

“Com certeza, o impacto do ponto de vista de seriedade seria muito maior se fosse tocado nos casos das férias de 60 dias e da aposentadoria compulsória como punição para a magistratura (juízes), por exemplo. Quem deveria ser atingido por essa PEC, na realidade não está”, afirma Antônio Augusto de Queiroz, do Diap. Manutenção dos privilégios O diretor da Federação dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Fenajufe), Thia-

go Duarte Gonçalves, afirma que as mudanças propostas não resolvem problemas estruturais e mantém intactos privilégios de juízes, militares e procuradores, por exemplo. “Para a cúpula, que eles chamam de carreira de estado, a estabilidade continua vigente, não tem discussão de teto, não trata a questão do nepotismo e não trata a redução de jornada com a redução de salário. Aposentadoria compulsória como punição, só existe para juiz e para promotor”, afirma.


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MUNDO

Belo Horizonte, 16 a 22 de outubro de 2020

Governo da Espanha aprova decreto pela igualdade salarial entre homens e mulheres DIREITO Projeto aprovado por ministros busca acabar com a diferença salarial nas empresas e valorizar profissões com maioria de mulheres Gabriel Bouys /AFP

com que “as habilidades tradicionalmente associadas a papéis femininos” não sejam desvalorizadas.

Redação A A Espanha aprovou, na terça-feira (13), dois decretos que buscam regulamentar a igualdade salarial entre homens e mulheres. “A partir de hoje, não será mais possível que um homem e uma mulher em nosso país, em nossas empresas, recebam remunerações diferentes”, destacou a Ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, em coletiva de imprensa. As normativas aprovadas pelo Conselho de Ministros exigem que, em um prazo de seis meses, as empresas do Estado espanhol

Homens recebem mais “As tarefas de cuidados são menos remuneradas que outras tarefas que têm o mesmo valor”, disse a Ministra da Igualdade, Irene Montero. A fala da ministra se refere, por exemplo, ao trabalho fundaadaptem seu registro salarial para corrigir as desigualdades e façam uma auditoria de remuneração. Após a auditoria, o governo exigirá que as empresas elaborem um plano de ação para corrigir as diferenças e preveni-las no futuro por

meio de negociações coletivas. Para levar adiante o processo de igualdade salarial, o governo de Pedro Sánchez (PSOE) produzirá manuais sobre “como superar os estereótipos de gênero” e fazer

União Europeia retoma restrições para tentar frear crescimento de casos da covid Reprodução

Mulheres são 78% do total de profissionais de saúde na Espanha

Direita pode dar novo golpe na Bolívia frente a vitória do MAS, partido de Evo Morales Redação

Redação quarta-feira (14), o Reino Unido passou a seguir novas mediA Europa vive hoje uma das de restrição da circulação. nova onda de infecções pelo Na Rússia, a prefeitura de Moscoronavírus. Os números de cou reabriu unidades de atendimento para pacientes da coinfectados por semana são vid. Além disso, voltaram a vasuperiores aos registrados ler regras que incentivam o traem abril, no início da pan- balho remoto e ampliação do demia. período de férias escolares. Nesta semana, a Inglaterra Na Itália, que voltou a regisdecidiu reabrir três hospitais trar mais de 5 mil casos diáde campanha. A partir da rios no fim de semana, o go-

verno limitou horário de funcionamento de restaurantes e proibiu esportes coletivos de contato. A França deve anunciar novas medidas nos próximos dias. Na segunda-feira (12), o país confirmou mais de 8 mil novos infectados pelo coronavírus. Já o governo espanhol definiu estado de alarme e implementou ações de confinamento em nove cidades.

mental desempenhado pelas enfermeiras do país. Segundo dados oficiais, as mulheres são 78% do total de profissionais de saúde do país. No final de maio, elas representavam 76% dos trabalhadores desta área infectados pela covid-19. A nova normativa sobre igualdade salarial, que desagrada empresários espanhóis, foi bem recebida pelos principais sindicatos do país. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, de 2017, os homens assalariados na Espanha ganham, em média, 5 mil euros a mais que as mulheres anualmente.

A última pesquisa do Instituto Ciesmori para a rede Unitel, divulgada no domingo (11), projeta a vitória de Luis Arce do MAS, partido de Evo Morales, com 42,2% dos votos válidos contra Carlos Mesa, do Comunidade Cidadã (CC), com 33,1%. Por este resultado faltariam cerca de um ponto e meio para definir a parada já no primeiro turno, uma vez que pela lei boliviana, o candidato que fizer mais de 40% dos votos e abrir 10% de vantagem está eleito. Para o sociólogo Juan Carlos Pinto Quintanilla, frente à iminente vitória do candidato Luis Arce, do Movi-

mento Ao Socialismo (MAS), nas eleições do próximo 18 de outubro, “a direita boliviana tem dois planos, que não sei se vão se encontrar em algum ponto: tentar uma fraude eleitoral e fazer um golpe”. Para Quintanilla, o que eles estão tentando é “forçar um segundo turno”. “E que ele seja feito sob as circunstâncias em que se move o processo eleitoral, com os 30 assessores da Organização dos Estados Americanos (OEA) – que atuou para fraudar as eleições do ano passado – e com os agentes da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) no Tribunal Eleitoral”.


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PANDEMIA

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Um resumo das principais notícias sobre a crise sanitária, econômica e social. RECRUTAMENTO O Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG pesquisa as sequelas da covid-19 no sistema neuropsicológico, como depressão e ansiedade. Para investigar esse fenômeno, a pesquisa da UFMG, financiada pela Capes - está recrutando para estudo pacientes acima de 18 anos que já tenham testado positivo a covid-19. Para participar dos testes, os voluntários podem entrar em contato pelo WhatsApp do Centro de Tecnologia em Medicina Molecular que é 31 9 97234160. MINAS GERAIS Na última semana, contando desde a sexta-feira passada, dia 9, Minas Gerais registrou 275 novas mortes por covid-19 e mais de 10 mil novas infecções. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde. Ao todo, Minas acumula cerca de 328 mil casos de contaminação e 8.267 vidas perdidas, de acordo com o Boletim Epidemiológico da quinta-feira, dia 15. HOSPITAL JOÃO XXIII Na terça, dia 13, trabalhadores da enfermagem do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, protestaram contra as condições precárias de trabalho e assistência aos pacientes. Entre as denúncias, estão o fechamento de ambulatórios da instituição, aglomeração de usuários em um mesmo espaço e acúmulo de sete clínicas em um único am-

biente. Após o protesto, os trabalhadores conseguiram uma negociação com a diretoria do hospital. 82% A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou uma pesquisa mostrando que 82% das prefeituras consideram que não é possível retomar as aulas presenciais em 2020. Em mais de dois terços dos municípios brasileiros, não há data definida para retorno presencial nas redes municipais de ensino. REDUÇÃO DE SALÁRIOS Foi publicado no Diário Oficial da União, na quarta-feira (14), novo decreto de Jair Bolsonaro prorrogando pela terceira vez o Benefício Emergencial concedido a empresas durante a pande-

mia, com suspensão de contratos de trabalho e redução de salários e jornadas. De acordo com o Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, entre os meses de abril e setembro, 9,7 milhões de trabalhadores formais - com carteira assinada - tiveram seus salários e o décimo terceiro reduzidos. O decreto de Bolsonaro estende o programa por mais 60 dias. REINFECÇÃO Na segunda-feira, dia 12, a revista de divulgação científica The Lancet publicou um estudo confirmando que pacientes curados de covid-19 foram infectados mais uma vez pelo coronavírus. Os casos pesquisados ocorreram na Bélgica, Estados Unidos, Equador, Hong Kong e Países Baixos.

VACINA SÓ EM 2022 A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde, Soumya Swaminathan, disse que o mundo não tem capacidade de produzir vacina para a maioria das pessoas. Segundo a cientista, a maior parte da humanidade vai ter que esperar até 2022. Em um primeiro momento, a prioridade é para pessoas em grupos de risco, como idosos, profissionais de saúde e aqueles que têm comorbidades para a covid-19. P R O P R I E D A D E INTELECTUAL Indianos e sul-africanos estão propondo que a propriedade intelectual de produtos desti-

nados a combater a pandemia seja suspensa. O objetivo é fazer com que esses recursos estejam disponíveis a toda a população. A proposta está sendo debatida na Organização Mundial do Comércio. O governo brasileiro não se posicionou sobre a proposta. Mais de mil pesquisadores, médicos, professores da área médica e militantes da saúde assinam uma carta criticando a “omissão” do governo Bolsonaro nesse debate. TESTE RÁPIDO A Organização Pan-Americana da Saúde divulgou um teste rápido para covid-19, que pode ser feito “em qualquer lugar” e dar resultados “em minutos”. Isso, segundo a OPAS, facilitaria a resposta ao problema no continente americano, o mais afetado pelo coronavírus.


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VARIEDADES

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FIQUE

DE OLHO NA MÍDIA

BEM Reprodução

Olá, pessoal! Esta semana passou voando, hein?! Como tivemos feriado prolongado, a segunda praticamente foi nossa terça-feira e cá estamos nós, perto de mais um dia de descanso. Preste atenção nas nossas dicas, pra você curtir melhor a sua casa.

GELADEIRA E MICRO-ONDAS

Jeff Bezos, dono da Amazon, é a pessoa mais rica do mundo

É DA SUA CONTA Você sabia que as empresas da economia digital – como as gigantes Google, Amazon, Facebook e Microsoft – pagam pouquíssimos impostos, menos ainda que as empresas físicas? Segundo a Rede Internacional de Justiça Fiscal (aliás, fica uma dica: eles têm um podcast chamado É da Sua Conta, vale procurar; o episódio 17 trata do tema), isso acontece porque o sistema de tributação é de antes da internet e, assim, favorece a injustiça fiscal na tributação digital. Neste mês, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) participou de encontro internacional que propôs a criação de um Fundo Público de Apoio e Fomento ao Jornalismo e aos Jornalistas, a partir de recursos vindos da taxação dessas plataformas. A proposta será levada ao Congresso Nacional. Confira o manifesto e assista à transmissão do encontro na página do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais: sjpmg.org.br.

Na cozinha, o uso inteligente dos eletrodomésticos pode facilitar bastante a vida. Por exemplo, guardar o rolo de papel filme na geladeira deixa o material mais fácil de manipular. Ele não gruda nas mãos nem causa irritação. Deixar a laranja por 20 segundos na geladeira e mais 15 no micro-ondas permite extrair uma quantidade maior de caldo para fazer o suco. Já o queijo, depois de passar meia hora no congelador, fica mais fácil de ralar. O micro-ondas é bom para deixar as frutas cítricas (laranja, mexerica, limão) fáceis de descascar. É só colocar por 20 segundos no aparelho.

VOCÊ TEM DIREITO A NÃO PENSAR EM NADA

Diariamente, pelo menos 15 minutos por dia, experimente sentar em um local tranquilo, de preferência com vista para o horizonte, olhar a paisagem e fazer o exercício de não pensar em nada, não pensar em ninguém, não se preocupar com nada, não ficar olhando o celular, não dar importância para o tempo e respirar lentamente. Pode ser renovador!

LAVE A CUECA!

Nesta semana, tivemos a notícia do senador, amigo de Bolsonaro, que foi pego com dinheiro na cueca que, segundo a Polícia Federal, estava “suja e fétida”. Aqui não vou ensinar a parar de lavar dinheiro (porque, pelo visto, isso não tem muito jeito nesse governo), mas é importante que os meninos e homens saibam lavar a própria cueca. Use sabão de coco ou algum outro sem cor. Esfregue a roupa com as mãos, não use escova para não danificar o tecido. Por fim, enxague bem e coloque para secar no varal. Um beijo da Jana!

DONO DA AMAZON É PESSOA MAIS RICA DO MUNDO Talvez você já tenha lido essa notícia, mas vale reforçar, pois ela diz muito sobre nosso tempo. Em agosto, Jeff Bezos, dono da plataforma de vendas online Amazon, bateu seu próprio recorde e alcançou o posto de pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada de R$ 1 trilhão, ou 200 BILHÕES de dólares. O empresário de 56 anos aumentou seu faturamento durante a pandemia. Inclusive, em um único dia, lucrou R$ 13 bilhões. Um relatório da Oxfam demonstrou que os pouco mais de 2 mil homens bilionários juntos têm mais dinheiro que 60% da população mundial, ou seja, a renda deles somada é maior que a renda somada de mais de 4,5 bilhões de pessoas. Taxar essas pessoas e seus negócios não é apenas uma questão de justiça fiscal, mas de sobrevivência do planeta e da humanidade.

“QUÃO RUIM É O CAOS NO GOVERNO?” Vamos supor que você é uma jornalista e tem a oportunidade de entrevistar o vice-presidente do Brasil, o general de reserva Hamilton Mourão. Quais perguntas você faria e como? Insistiria nas questões delicadas, nas mentiras repetidas pelo governo? Depois de imaginar, corre pra ler a aula de jornalismo de Tim Sebastian, no site da Deutsche Welle (www.dw.com/ pt). As respostas talvez não te surpreendam muito (mas podem te entristecer), já as perguntas... O podcast Medo e Delírio em Brasília produziu um belo episódio sobre o assunto, que é o do Dia #646. Vale conferir e aproveita para segui-lo nas redes. Joana Tavares é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Sinto muita tristeza, desânimo e sono. Será que estou com depressão? Reinaldo Neves, 30, contador. A tristeza, o desânimo e o sono excessivos em geral estão presentes na depressão. Mas ter esses sintomas não define o diagnóstico. Isso só pode ser feito por profissional capacitado, que pode ser o psiquiatra, o psicólogo ou mesmo um médico generalista, a partir de uma avaliação detalhada. Mais do que ter um ou outro sintoma, o que definirá o diagnóstico será a intensidade deles, o tempo em que aparecem e o quanto interferem na vida da pessoa. Existem outros problemas de saúde que podem também causar sintomas emocionais, fadiga e desânimo. Por isso, talvez seja interessante você procurar primeiro um médico generalista para investigar o que está acontecendo. No SUS, o melhor lugar para procurar ajuda no seu caso é no Centro de Saúde mais próximo de casa.

Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br


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MACARRÃO À PRIMAVERA

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Reprodução

CAÇA-PALAVRA

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Mais um pterossauro Ilustração: guto dIas

Cientistas brasileiros descobriram restos de um PTEROSSAURO em um SÍTIO no Ceará. Trata-se de um réptil VOADOR que viveu há MILHÕES de anos. Trabalhadores que faziam o ROÇADO na plantação de MILHO do sítio encontraram a parte superior da CABEÇA do animal, que PESA cerca de 3 QUILOS e é do tamanho de um AVIÃO ultraleve. Os pequisadores estimam que a espécie tenha VIVIDO há 111 milhões de ANOS — na Era Mesozoica —, na região da BACIA Sedimentar do ARARIPE, no sul do CEARÁ. O LOCAL, onde já foram encontradas mais de 20 espécies desde a DÉCADA de 1970, é considerado um dos CINCO mais importantes DEPÓSITOS de pterossauros do MUNDO. A NOVA descoberta foi publicada em uma REVISTA científica da Nova Zelândia. E C L O C A L L R E V I S T A

S A T Y M O I C M O D N E C H

H O M R A A V O A V I Ã O O N

D F A R A Y I I R T N E L E S

S B A F D M V F B A C I A C I

C E S A E C I N C O C G O C T

C O D C M A D F L T N E I O I

T D E N E A O A N E M I L H O

N E A O B R N B A R T S H I D

N P I V B M T A H H C N M I A

D O T A E S A R O D A Ç O R C

E S N Y E N M A O R B O T L T

C I S M O A S Y T P E S A N I

A T A S O M E E T B Ç T I E E

D O G L T S L E H S A A F H A

A S M Q U I L O S R E L E B R

N O N H O T I H R I M U N D O

E I S S E Õ H L I M D C L T D

D N E N C C A F E P I R A R A

I H O R U A S S O R E T P E O

E F D E T L S Y A S L N D H V 10

Solução

Ingredientes • 250 g de macarrão de sua preferência (pode ser gravatinha, penne ou até espaguete) • 100 g de bacon cortado em cubinhos (opcional) • 1/2 cebola média picada em cubinhos • 1 cenoura pequena ou média ralada • 1/2 pimentão verde picado em cubinhos • Brócolis ou vagem • Tomate cereja a gosto • Azeitona a gosto • Sal e pimenta do reino a gosto • Água para cozinhar o macarrão

Modo de preparo

L O C A L

R E V I S T A

C DECADA E DEPOS I TOS A R NOVA S Q S A O U E C N I Õ V I V I DO A L H N O L BC O S I E AO D P MP C M CABEÇA M I I I Ç S U R A L O A N A H R D R S I T I O RODA

A V I Ã O

1. Cozinhe o macarrão até ficar al dente. Coloque um pouco de sal na água e, quando pronto, lave-o com água fria para cessar o cozimento. 2. Em uma frigideira, frite o bacon, a cebola, a pimenta do reino e o pimentão; 3. No fogo baixo, acrescente o brócolis (ou a vagem) e deixe-o cozinhar um pouco. Se achar necessário, pode colocar um pouquinho de água; 4. Adicione o macarrão, misture bem e acerte o sal; 5. Junte a cenoura ralada e as azeitonas; 6. Transfira para uma travessa, acrescente os tomates cereja. Sirva morno ou em temperatura ambiente.

O R U A S S O R E T P

OV


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Roteiro Lauro Escorel

Lançamento de livro

Diversidade Cultural

Na quarta (21), o livro sueco “A estrutura de poder do trânsito” será lançado em evento virtual. Traduzido pelo Tarifa Zero, com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, a publicação aborda o poder da indústria automobilística e a força cultural do carro, deixando em segundo plano o transporte público, os pedestres e ciclistas. O livro é gratuito e a live acontece às 19h30. Para assistir, é só digitar Tarifa Zero BH no YouTube.

Estão abertas as inscrições para a “Mostra da Diversidade Cultural: Imagens da Cultura Popular - RMBH”. Serão reconhecidos 14 projetos, entre entidades, grupos, artistas, coletivos ou ações culturais focadas na transmissão de saberes, ofícios, manifestações e práticas culturais, de Belo Horizonte e Contagem. Os prêmios variam de R$ 6 mil a R$ 8 mil. A inscrição pode ser feita até do dia 31, no perfil @favelaeissoai no Instagram.

Divulgação

Divulgação

VOA LONGE, DJONGA Destaque no cinema brasileiro O filme "Bacurau", de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, dominou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado no domingo (11), com seis conquistas. Entre elas, melhor filme, direção e roteiro original. O longa concorreu a 15 categorias. "A vida invisível", de Karim Aïnouz, que disputava em 14 categorias, ficou com cinco prêmios. Silvero Pereira ("Bacurau") e Fabrício Boliveira ("Simonal") dividiram o prêmio na categoria de Melhor Ator. A melhor atriz foi Andrea Beltrão, por “Hebe – A Estrela Do Brasil".

O rapper belorizontino, da Zona Leste, é primeiro brasileiro indicado ao BET Hip-Hop Awards, na categoria Melhor Artista Internacional. A premiação estadunidense é uma das principais do mundo e já consagrou nomes como Drake e Nicki Minaj. “O rap tem que continuar fazendo o papel de sempre. O primeiro é o de arte, de música, de levar alegria e reflexão para as pessoas. Em segundo lugar, continuar denunciando, dedo na ferida de quem tá errado”, disse à MTV Brasil.

Filme mineiro novinho “O lodo”, novo filme do mineiro Helvécio Ratton, será exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema, edição online, que acontece de 22 de outubro a 4 de novembro. O longa, que conta com atores do Grupo Galpão, será lançado comercialmente no ano que vem. A trama é um thriller psicológico, inspirado no conto homônimo do escritor Murilo Rubião, considerado o mestre da literatura fantástica no Brasil. Mais informações em 44.mostra.org.


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ESPORTE

Empressa retira patrocínio do Santos depois da contratação de Robinho Ivan Storti / Santos FC

Redação A Orthopride, empresa de odontologia que patrocinava o Santos, resolveu retirar o apoio ao clube. O patrocínio estava avaliado em cerca de R$ 2 milhões. O motivo da ruptura, segundo o patrocinador, foi a contratação do atacante Robinho, condenado por estupro de uma jovem na Itália. Em 2017, Robinho recebeu a sentença em primeira instância, na Justiça italiana, a nove anos de prisão por “violência sexual em grupo”. Ele e um grupo de colegas teriam violentado uma jovem albanesa, no dia 22 de janeiro de 2013 em uma casa noturna de Milão. Na época do crime,

O jogador e um grupo de colegas teriam violentado a moça em uma casa noturna

o jogador defendia as cores do Milan. Segundo a Orthopride, o rompimento com o Santos se deu em respeito ao público

da empresa, majoritariamente feminino. O Santos, por sua vez, afirma, em comunicado oficial, ser “contra qualquer tipo de violência, especial-

mente contra a mulher”, mas diz que "não pode entrar no mérito da acusação (...) que correm em segredo de Justiça na Itália”.

Outro caso Em 2009, quando atuava no Manchester City, Robinho foi investigado e denunciado por esturpo de outra jovem, em um clube noturno de Leeds. Na época, o jogador negou as acusações, pagou fiança e foi liberado. Quatro meses depois, a Polícia decidiu arquivar o caso. ANÚNCIO

sindibel.com.br youtube.com/canalsindibel facebook.com/sindibel @sindibelsindicato


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MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA ITAIR, WAGNER PIRES, SERGINHO E MAIS SEIS

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Alexandra Walt

Vinícius Silva / Cruzeiro

A 11ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte apresentou, na quinta (15), denúncia contra os ex-dirigentes do Crueiro Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato. Eles são acusados de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade

ideológica e organização criminosa. O Ministério Público de Minas Gerais estima que, nesses crimes, o Cruzeiro teve prejuízo de cerca de R$ 6,5 milhões. Além dos dirigentes, também foram denunciados três empresários, um ex-assessor de futebol do

clube, o pai de um atleta da base do Cruzeiro apelidado de Messinho e o ex-presidente do Ipatinga, o empresário Christiano Polastri Araújo. O Ministério Público afirma que as investigações ainda prosseguem, apurando outras irregularidades.

“Quando sairmos daqui, nós temos que continuar a lutar contra a injustiça social, a repressão eleitoral, a brutalidade da polícia, contra tudo o que for o oposto do amor” LeBron James, astro da equipe de basquetebol Los Angeles Lakers, ao concluir a temporada 2019-2020 da NBA.

Gol de placa O Brasil estreou bem nas eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar. Goleou o fraco time da Bolívia em São Paulo, por 5 a 0, e virou contra o Peru em Lima, 4 a 2. Contra os peruanos, Neymar marcou duas vezes, superando Ronaldo como segundo maior artilheiro da história da Seleção, com 64 gols.

Gol contra O Superior Tribunal de Justiça Desportiva aplicou uma advertência à jogadora de vôlei de praia Carol Solberg por gritar “Fora, Bolsonaro” em cerimônia de premiação. Como bem observou o jornalista José Trajano, a advertência é um ato de censura e veto à manifestação política.

Inversão de forças

Futebol não é ciência exata

Felipão vem aí!

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Desde meados da década de 1960, o América foi perdendo espaço para o Cruzeiro. Essa inversão se aprofundou ao longo dos anos e os cruzeirenses passaram a ver o “Ameriquinha” com menosprezo, como um time simpático que quase nunca o incomoDecacampeão dava. Hoje, sabe-se lá se temporária ou permanentemente, as forças voltaram às posições originárias e os americanos têm o gostinho saboroso de “humilhar” aqueles que por tantas décadas os humilharam. As posições opostas na Série B e a vitória tranquila do Coelho no jogo do primeiro turno são expressões desse “novo normal”, mas o fato que tem mais simbologia é a rejeição do técnico do América, Lisca, em ir para a “barca furada” da Toca, algo impensável há alguns anos.

Como qualquer torcedor, o atleticano hipervaloriza seu time. Mas, quando vem um revés, surgem as desculpas de sempre: azar, erros de finalização, arbitragem, invencionices do treinador. O adversário do momento, no caso, são mero detalhe. O Atlético, antes absoluto no É Galo doido! Mineirão, perdeu os primeiros pontos no estádio contra o Fluminense. O Tricolor usou a estratégia do Galo. Pressionou e atacou. Sem dúvida, os técnicos das demais equipes já estudam e tentam neutralizar as artimanhas de Sampaoli. E alguns são bem-sucedidos. Futebol, repito, não é ciência exata. Quando o planejamento é insuficiente, surge o improviso, o talento, a criatividade. O técnico argentino pede reforços. Realmente, vai precisar.

Salve, nação! Eis que, 20 anos depois, Felipão retorna ao comando do Cruzeiro. Não podemos negar que é um excelente escudo para qualquer diretoria. Treinador experiente, tem as costas largas para suportar as críticas e assumir asLa responsabilidades pelos fracasBestia Negra sos. A diretoria justifica o contrato até 2022 dizendo que ele será um “manager”, manda chuva do futebol cruzeirense, comandando o novo projeto da equipe. Perante nossa situação econômica, como ficam os salários e até uma eventual rescisão? Estariam nossos cofres em perigo novamente? Diante de tantas negativas, um Felipão em baixa foi o único a querer assumir o cabuloso em seu pior momento. Para quem vai servir essa parceria, só o tempo dirá.

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