Divulgação
Para o fim de semana
Caroline Oliveira
Grande Sertão ameaçado
Confira roteiro cultural com cinema gratuito, debates e filme lançado pelo Brasil de Fato
Reportagem especial traz a resistência dos geraizeiros diante de projeto de mineração
CULTURA 14
MINAS 6
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro • edição 333 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Victoria Jones Pool/AFP
COM PRESIDENTE QUE NEGA A CIÊNCIA, SEM PLANO E SEM VACINA
Brasil não adquiriu vacinas e se vê no final da fila. Estados e municípios pressionam... pág. 2, 4 e 8 Fim do auxílio emergencial gera insegurança para 65 milhões de brasileiros… pág. 9 Leia entrevistas de Sônia Lansky e Bella Gonçalves, vereadoras eleitas de BH… pág. 11
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro de 2020
A pandemia, o melhor e o pior João Paulo
ESPAÇO DOS LEITORES “Prezados redatores, parabéns pela qualidade do jornal Brasil de Fato, é uma das minhas fontes de aprendizado. Recebê-lo em minha casa e lê-lo são uns dos prazeres que tenho na vida” Silvana Alves Silva -“Esse partido Novo é favorável ao Estado Mínimo. Se deixar, tira todos os direitos do povo mineiro. Fria votar em candidatos desse partido” Andreia Oliveira comenta a matéria “Em audiência, governo não consegue explicar por que quer vender a Copasa” -“Os únicos que ficam insensíveis e isentos a qualquer coisa são os donos das empresas de ônibus que, mesmo na pandemia, lucram e não fazem nada para evitar as aglomerações no transporte. Infelizmente, parece que incomoda mais um bar cheio em locais ventilados (não que eu seja a favor ou contra eles estarem abertos) do que ônibus lotados e sem ventilação” Cristiano Andrade sobre matéria “Panorama alarmante em todo estado afeta festas de fim de ano e leva à lei seca em BH”
Duas cenas simultâneas marcaram os últimos dias e sintetizam, para o bem e para o mal, o dilema que constitui a humanidade. De um lado, a vitória da ciência em produzir em tempo recorde vacinas seguras e eficazes, com o início da vacinação em larga escala e a retomada da esperança. De outro, no Brasil, uma atitude ostensiva de escárnio, com a disputa sórdida de poder em torno da imunização. Desde que a pandemia tomou conta do mundo, um esforço monumental tem sido feito em todas as áreas. Entregaram seus engenhos, seu tempo e, muitos deles, a própria vida. Uma história de honra. Nem todas instituições, no entanto, são tomadas pelos mesmos propósitos. O negacionismo, a irresponsabilidade, o desprezo à ciência, a ambição e a escalada dos interesses menores foram compondo outra narrativa nada invejável. Seria
Governo federal assume o papel de anjo da morte de se esperar que, como se trata de uma vitória da humanidade, a estratégia de imunização devesse seguir indicações técnicas e humanistas, com a centralização de produção em escala mundial, definição de metas universais e planejamento que levassem em conta todas as pessoas, de todos os países. Ninguém foi capaz de levar adian-
te essa bandeira, e caímos na naturalização capitalista do poder econômico como fator definidor da primazia da vacinação. Cada país cuidou de suas necessidades e planejamento. No Brasil, as autoridades preferem falar em prazos de registro e dificuldades logísticas. De costas para a realidade, o ministro da saúde, Eduardo Pazuello, chegou a falar em “se houver demanda” da vacina. Uma afirmação que é um misto de má fé e maldade. O governo federal não é apenas incompetente. Ele assume o papel de anjo da morte. Tem atuado de forma determinada para que tudo dê errado, em todas as etapas.
Zema é um retardatário convicto Se mantiver o discurso de que o registro cartorial deve demorar 60 dias, o governo Bolsonaro assume, pelos números de hoje, mais de 50 mil mortes evitáveis até o início da vacinação em massa. Mas é preciso reconhecer que Bolsonaro não está sozinho. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), saiu da reunião recente com o ministro da saúde, afirmando um alinhamento torpe com a estratégia federal de adiar a vacinação. Enquanto outros governantes, em estados e municípios, se movimentam para comprar vacinas e mesmo judicializar a questão para atender seus cidadãos, custe o que custar, o governador de Minas é um retardatário convicto.
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Bruna Bentes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa e Z Carota. Revisão: Cristiane Verediano. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Luiz Lagares. Tiragem: 10 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro de 2020
Previna-se contra o câncer de útero
GERAL
Número da Semana Reprodução
1000 DIAS
da execução de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Após quase três anos, investigações expõem relacionamento de Bolsonaro com milicianos envolvidos no assassinato.
Prazo para renovação do Fies
Anualmente, 7 mil mulheres brasileiras morrem por câncer de útero, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A doença não apresenta sintomas nos estágios iniciais e é detectada somente com exames, como o preventivo, chamado também de Pa-
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panicolau. Em casos mais avançados, a doença pode causar sangramento vaginal fora do período menstrual, corrimento com mau cheiro ou coloração escura; dores abdominais ou pélvicas; e perda rápida e inexplicável de peso. Fique atenta e faça consultas com especialistas frequentemente.
A renovação de contratos do Financiamento Estudantil (Fies), iniciados em dezembro de 2017 ou anteriores, foram prorrogados até o dia 31 de dezembro. A medida vale para renovação simplificada, que pode ser feita pela internet, ou não simplificada, caso o estudante tenha que alterar al-
Agência Senado
guma informação do contrato. Os contratos do Novo Fies, que foram implementados a partir de 2018, não passam por esse modelo de renovação e têm prazos definidos pela Caixa Econômica Federal. Acesse sisfiesaluno.mec.gov.br. Divulgação
Declaração da Semana “Assédio moral e sexual: isso a Globo não mostra...”
Ironizou Hélio de La Peña, pelo Twitter, sobre emissora ter omitido conteúdo da demissão do humorista Marcius Melhem, acusado por, pelo menos, 12 mulheres de assédio moral e sexual.
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CIDADES
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Prefeitura de BH fecha acordo para garantir vacina contra a covid-19 IMUNIZAÇÃO Acordo foi firmado com Instituto Butantan e UFMG para garantir a imunização da população Redação A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou no dia (9) que fechou acordo com o Instituto Butantan, em São Paulo, para garantir a imunização da população do município contra a covid-19, assim que a vacina Coronavac, produzida pela Sinovac com parceria do Instituto Butantan, seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina já está na terceira fase de testagem. A parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais diz respeito à disponibilidade de três super-freezers cedidos pela universidade para armazenamento de outra vacina, a
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Cenário preocupante
Nenhuma das vacinas foram aprovadas no Brasil Pfizer/BioNTech, que exige conservação a 70 graus negativos. As duas vacinas ainda não foram aprovadas pela Anvisa, mas a da Pfizer já está sendo aplicada no Reino Unido, e a FDA, agência sanitária reguladora dos Estados Unidos, divulgou relatório que afirma que a vacina tem perfil de segurança favorável. Com essas duas parcerias, a Prefeitura de Belo Horizonte se adianta em
garantir doses para a população da capital. Na nota, a PBH “reafirma a expectativa de poder contar com o Programa Nacional de Imunização (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde, independentemente de
qual vacina seja aprovada”. O PNI, tem, por função, garantir a imunização da população, mas essa parceria adianta que, caso essas vacinas sejam primeiramente aprovadas, a prefeitura iniciará a imunização dos grupos de risco.
Um panorama alarmante atinge todo estado de Minas Gerais e afetará festas de fim de ano. 11 das 14 macrorregiões mineiras estão nas zonas amarela ou vermelha e projetam um cenário difícil. O contágio aumentou em 27%. Em BH, lei que fecha restaurantes e bares, chamada de lei seca, teve início na segunda (7).
Câmara de BH aprova reforma da Previdência municipal em 1º turno PREJUÍZO Mudanças incluem aumento da alíquota de 11% para 14% para todas faixas salariais Redação O plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou em primeiro turno, nesta quinta-feira (10), a reforma da Previdência proposta pelo governo Kalil (PSD). O Projeto de Lei 961/20 recebeu 32 votos a favor, oito contra e nenhuma abstenção. Entre as medidas mais criticadas pelos servidores públicos, o texto aprovado estabelece alíquota de contribuição previdenciária de 14% para todos. Atualmente, a alíquota é de 11%. Assim, com a mudança, um traba-
lhador que, por exemplo, recebe apenas um salário mínimo passaria a pagar R$ 146,30 por mês. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), crítico à proposta do governo, defende alíquota progressiva, a partir de 7,5%, para quem ganha até um salário mínimo, subindo conforme a faixa salarial. Dessa forma, a maioria dos servidores iria contribuir com menos de 14%. Vereadores que votaram contra criticaram tanto o conteúdo quanto o fato de a reforma ter sido aprovada sem a discussão necessária com
William Delfino
“Kalil quer impor uma lógica contra os trabalhadores” a população. “Estamos pedindo os dados atuariais do governo há meses. É preciso mais tempo para discutir e debater. O governo quer impor uma lógica contra os trabalhadores”, afirmou, durante a sessão, o vereador Gilson Reis (PC do B). O texto ainda precisa ser discutido em segundo turno e, agora, segue para as comissões temáticas.
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MINAS
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Audiência entre Vale, governo de Minas e Justiça termina sem acordo CRIME DA VALE Cerca de mil atingidos realizaram uma manifestação em frente ao tribunal para reivindicar participação na negociação Nadia Nicolau/Midia NINJA
Redação
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conteceu na tarde da quarta (9) a terceira audiência de conciliação, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte, entre a mineradora Vale, o governo de Minas Gerais e as instituições de Justiça. A reunião discutiu o acordo financeiro que visa à reparação econômica, social e ambiental dos danos morais coletivos e dos prejuízos econômicos causados ao Estado devido ao rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em janeiro de 2019. O acordo não foi firmado, e o auxílio emergencial foi prorrogado até o final de janeiro de 2021, segundo informações do promotor do Ministério Público de Minas Gerais André Sperling. “Esperamos con-
Nova audiência poderá ocorrer na próxima quinta dia 17 seguir resolver definitivamente a questão do pagamento emergencial com este acordo, para que continue para todos e que saia da mão da Vale o direito de decidir quem vai receber ou não”, afirmou. Como resultado da audiência, foram marcadas três reuniões entre Vale, governo de Minas e instituições de Justiça, até semana que vem. Caso avance a negociação, haverá outra audiência na próxima quinta (17). Na porta do TJMG, cerca de mil atingidos realizaram uma manifestação para criticar o acordo a portas fechadas e reivindicar parti-
cipação no processo. “Estamos reivindicando nosso direito. Temos que ter voz ativa para a construção do direito para toda a bacia”, comentou Thomas Nedson, morador de Citrolândia, bairro de Betim, e integrante do Movimento dos Atingi-
dos por Barragens (MAB).
Manifesto
Atingidos da Bacia do Rio Paraopeba, junto com as Assessorias Técnicas Independentes – Aedas, Instituto Guaicuy e Nacab –, divulgaram nesta sema-
na o “Manifesto pela participação das Pessoas Atingidas na discussão do acordo judicial”. O texto expressa “discordância da aprovação de um acordo discutido e elaborado sem a devida participação informada das pessoas e comunidades atingidas”.
Organizações cobram mais investimentos na pesquisa e educação em Minas Gerais INTELIGÊNCIA Na votação do orçamento de 2021, Assembleia aprovou emenda que garante recursos para a área Redação Um manifesto foi lançado em defesa da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), da UEMG e da Unimontes. O documento traz como reivindicação central a ampliação dos recursos do Estado de Minas Gerais para financiar essas instituições. Na última semana, durante a votação da Lei Orça-
mentária Anual (LOA) para 2021, a Assembleia Legislativa aprovou uma emenda assinada por 10 parlamentares, garantindo a execução de 1% da receita do Estado para a Fapemig, como previsto na Constituição estadual. Conforme a emenda aprovada, para atingir esse percentual, o Poder Executivo fica autorizado a reverter recursos das isenções
Manifesto cobra mais recursos para Fapemig, UEMG e Unimontes fiscais para a pesquisa científica, educação, saúde e as duas universidades públicas estaduais. A proposta foi elaborada com participação do grupo Inteligência Coleti-
va, que reúne acadêmicos, intelectuais e políticos mineiros. “O orçamento que nós votamos tem R$ 9 bilhões de isenção que o Estado estará promovendo em relação a sua receita. No momento em que faltarem recursos para que o Estado chegue a 1% para investimento em pesquisa, o Estado está autorizado a mexer exatamente nesses R$ 9
bilhões”, comentou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), ao encaminhar seu voto. De acordo com a Inteligência Coletiva, após essa aprovação, é preciso continuar a luta pela valorização do sistema de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais. Outras sete emendas foram apresentadas, prevendo recursos para a UEMG e Unimontes, mas acabaram sendo rejeitadas no plenário.
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Grande Sertão ameaçado: os geraizeiros diante do megaprojeto de mineração chinês A população tradicional geraizeira, do norte de Minas Gerais, está na luta pela preservação local desde a década de 1970 Vanessa Nicolav
Caroline Oliveira e Vanessa Nicolav “Eu estou vendo que ele está botando eu porta afora da minha casa, e eu não quero. Eu estou bem em minha casa. Eu como a hora que eu quero. Eu bebo o que quero. Recebo os meus amigos. O que não tem de bom aqui é só o minério”, relata dona Adelina Xavier de Moraes. A comunidade onde vive dona Adelina é uma das que estão ameaçadas de extinção pela construção do mega projeto minerário da Sul Americana de Metais S/A (SAM), controlado pela empresa chinesa de investimentos Honbridge Holdings, sediada nas Ilhas Cayman e com escritório central em Hong Kong. Remoção involuntária da população, com a consequente desestruturação de vínculos territoriais e sociais; alteração do modo de vida tradicional das comunidades; problemas de saú-
“A gente fica com medo, porque eles falam que vai sair, vai sair, mesmo quando a gente não esperar” de e segurança; destruição do cerrado nativo e de nascentes de água são alguns dos problemas que se avizinham no horizonte com a chegada do projeto de mineração, alerta o Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB), que, junto da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Coletivo Margarida Alves (CMA), atuam ao lado dos geraizeiros em defesa do território.
Empresa quer construir barragem 104 vezes maior que a que rompeu em BruSemiárido Com 81 anos, Dona Ade- madinho
lina passou toda a vida naquela terra, uma das 73 comunidades do território tradicional geraizeiro de Vale
Desenvolvimento questionável O investimento de R$ 11 bilhões pode levar a uma produção estimada de 27,5 milhões de toneladas de polpa de minério por ano, por cerca de 20 anos, que é a vida útil estimada do projeto. O minério da região apresenta um teor de 20% de ferro, o que é considerado baixo. Portanto, 80% do produto a ser extraído é classificado como ma-
Adelina Xavier de Moraes, de 81 anos, vive no território geraizeiro desde que nasceu; nunca saiu do norte de Minas e nem pretende
terial estéril, ou seja, sem valor comercial. Para armazenar esse volume de rejeito serão necessárias duas barragens, ocupando, juntas, uma área de 2.596 hectares: a maior barragem de rejeitos do Brasil, tendo 104 vezes o tamanho da área da Barragem da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, e 99 vezes mais em termos de volume de rejeitos.
das Cancelas, no norte de Minas Gerais. O clima é semiárido, mas nem por isso o leitor deve pensar em um solo rachado, seco e com vegetação seca. A escassez de chuvas e a temperatura média alta não impedem a fruta de leite e a guariroba de crescerem no local. A região é de grande diversidade e, com um pouco de água, os geraizeiros plantam de tudo: abóbora, abobrinha, maxixe, feijão, milho, amendoim, rufão, maracujá, manga, mamão, tomate, cebolinha e por aí vai. É este sertão que está sendo ameaçado. Novo polo minerário
Com o empreendimento, o objetivo é transformar a região em um novo polo
minerário. Maria Leide Soares dos Santos Moraes, de 41 anos e nora de Dona Adelina, conta que existe pressão da mineradora sobre os moradores para que aceitem o projeto. “Tem vez que eles vêm e falam coisas que a gente não entende. Parece que amanhã as máquinas já vão chegar para trabalhar. Aí a gente fica com medo, porque eles falam que vai sair, vai sair, mesmo quando a gente não esperar. A gente fica assustada”, afirma Moraes. O projeto da SAM atinge 8 mil hectares, 11 comunidades, três cemitérios e os municípios de Padre Carvalho, Grão Mogol, Josenópolis, Fruta de Leite e Salinas. Segundo Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenador do grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (Poemas), a chegada de um projeto pode desestabilizar as comunidades.
Projeto da SAM atinge 8 mil hectares, 11 comunidades, 12 cemitérios “Com a chegada muito rápida de um grande contingente de trabalhadores, normalmente vai existir abuso de drogas, maior chance de exploração sexual, maior taxa de violência, violência contra mulheres, gravidez em adolescentes”, enfatiza. Com funcionamento de 24 horas por dia, o projeto estima consumir 6,2 milhões de litros de água por hora, de uma região que já sofre com a seca, seja por ser semiárida ou pela crescente monoculturização do plantio de eucalipto e pinus. A SAM também pretende construir uma barragem ao lado do Rio Vacaria, alagando 757 hectares de quatro comunidades e nove cemitérios.
OPINIÃO
Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro de 2020 Reprodução
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Priscilla Paiva Gê Vilella dos Santos e Marina Bistriche Giuntini
Em defesa do cuidado em liberdade
BH 123 anos: luta por espaço A construção da cidade de Belo Horizonte teve uma orientação idealista. Privilegiava o cidadão circulando a pé, convivendo e saboreando os elementos naturais em seu entorno: arborização, córregos a céu aberto, espaços não habitados, casas com quintais, parques e a própria configuração das vias públicas. Naquele tempo, Belo Horizonte era chamada cidade jardim. Assim que começaram a se desenvolver outras funções voltadas para a produção e circulação de riquezas, o Parque Municipal perdeu a metade de seu espaço. Para ceder espaço à circulação de veículos, a Avenida Afonso Pena perdeu as quatro carreiras de frondosos fícus em toda a sua extensão. No início do século 21, houve um fato muito significativo: o centro governamental da Praça da Liberdade mudou-se para o distrito de Venda Nova. A Praça da Liberdade perdeu o caráter social de sua origem, passando a ter a função turística de caráter econômico. Até a década de 1980, a região da Savassi (bairro Funcionários) em Belo Horizonte era essencialmente residencial. É significativo o fato de a padaria que deu nome ao bairro ter dado lugar a uma loja de telefonia móvel. As atividades econômicas vão tomando espaços, e os habitantes vão migrando para lugares distantes. O distanciamento do local de trabalho exige transporte coletivo ou condução própria. O mercado de veículos tornou-se o maior e o mais rendoso do mundo. Além da necessidade de locomoção, possuir carro representa distinção pessoal, staConstrução tus. Nas últimas décadas, com a crise da economia mun- de BH teve dial com perda para as categorias assalariadas, as cidades revelaram que não são produzidas para as pessoas. orientação Belo Horizonte com sua enorme população de rua é idealista exemplo dessa situação.
Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS.
Priscilla Paiva Gê Vilella dos Santos é psicóloga e sanitarista e Marina Bistriche Giuntini é terapeuta ocupacional e sanitarista.
ACOMPANHANDO
Antônio de Paiva Moura
A saúde mental pública sempre foi um campo de tensionamentos e disputas políticas. A Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) foi um dos produtos do processo da Reforma Psiquiátrica brasileira, que representa importantes lutas e movimentos sociais. A implementação dessa política formulou um modelo, denominado de atenção psicossocial, pautado no cuidado em liberdade, respeito, dignidade e autonomia das pessoas em sofrimento psíquico. Aposta numa rede de serviços de base comunitária e territorial (como os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS – e as Residências Terapêuticas), substitutivos aos hospitais psiquiátricos (manicômios). Também investe em processos de trabalho interdisciplinares e articulações intersetoriais. A caminhada foi ininterrupta e os ganhos são inquestionáveis. Entretanto, desde 2016 tem se observado um processo acelerado de desmonte dos avanços alcançados pela Reforma. Recentemente, nas últimas badaladas de 2020, o Ministério da Saúde (MS), reviGoverno Bolsonaro sou a Rede Atenção Psicossoquer desmontar procial. Além de pregar o mode- gramas e serviços lo ambulatorial, o documento da saúde mental afeta outros serviços, como os Consultórios na Rua (CnaR) e as Unidades de Acolhimento (UA). O governo Bolsonaro, articulado com entidades religiosas e médico-conservadoras, visa desmontar diversos programas e serviços da saúde mental e atenção psicossocial. O plano é um “revogaço” de cerca de 100 normativas do setor, editadas entre 1991 e 2014. Diante de tamanho retrocesso, foi criada a Frente Ampliada em Defesa da Saúde Mental, da Reforma Psiquiátrica Brasileira e da Luta Antimanicomial para que sigamos na luta por uma sociedade sem manicômios!
Na edição 223... Sem medo de ser mulher E agora... Câmara dos Deputados aprova leis de combate à violência contra mulher A Câmara dos Deputados aprovou, na quinta-feira (10) , quatro projetos de lei para combater a violência contra mulher. Os textos agora seguem para apreciação do Senado. A lei criará o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS). Outro texto criminaliza a perseguição obsessiva.
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BRASIL
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Governo Federal não tem plano e disputas políticas dominam debate sobre vacinação contra covid-19 PANDEMIA Brasil tem registrado mais de 50 mil novos casos da covid por dia, enquanto países iniciam vacinação Cristiane Sampaio e Nara Lacerda Ao mesmo tempo em que diversos países do mundo se preparam para iniciar as primeiras fases de vacinação contra a covid-19, no Brasil, as discussões sobre o tema continuam permeadas pela disputa política. Um dia após o governo do estado de São Paulo anunciar data para o início da campanha de imunização, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que não podem haver planos paralelos e que a campanha será nacional. “Qualquer vacina a que nós tenhamos acesso, fabricada no Brasil ou importada, que seja disponibilizada para nós e que tenha registro da Anvisa, será alvo de contratação do governo federal”, disse Pazuello em pronunciamento à imprensa. O ministro enfatizou que o planejamento compete à União e lançou uma indire-
ta ao governador João Doria (PSDB): “não podemos dividir o Brasil num momento difícil pelo qual todos nós passamos”. Ao responder questionamentos de governadores sobre a vacina chinesa CoronaVac, Pazuello disse que a aprovação da Anvisa deve demorar dois meses após os resultados finais dos testes. O imunizante é produzido no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao
Bolsonaro desautorizou compra da vacina CoronaVac governo de São Paulo. O ministro da Saúde afirmou que a substância será adquirida “se houver necessidade”. Cabe lembrar, no entanto, que o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já declarou que o imuni-
Estados, municípios e entidades pressionam governo federal por vacinação zante chinês não será adquirido. Em outubro, ele desautorizou um protocolo de intenção de compra feito pelo Ministério da Saúde. O presidente insinuou que o imunizante causaria morte, invalidez e anomalias e comemorou como uma vitória pessoal a suspensão das pesquisas após a morte de um voluntário. O óbito não estava relacionado à aplicação do imunizante. Cobrança por planejamento As afirmações de Pazuello, na terça-feira (8), ocorrem após dias de muita pressão por parte de estados, municípios e entidades para que
ANVISA OFICIALIZA POSSIBILIDADE DE USO EMERGENCIAL DE VACINAS CONTRA A COVID-19 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na quinta-feira (10) a possibilidade de uso emergencial de vacinas contra a covid-19. A decisão foi unânime entre os diretores da agência e é para utilização provisória. Até o momento, nenhum pedido formal para o uso emergencial ou registro chegou até a agência, de acordo com a própria Anvisa. A solicitação tem que ser
Até o momento, nenhum pedido para uso emergencial chegou até a agência feita pela empresa produtora da vacina. Serão considerados dados de estudos não clínicos e clínicos, de qualidade, boas práticas de fabricação, estratégias de mo-
Daniel Schludi-Unsplash
nitoramento e controle, resultados provisórios de ensaios clínicos, entre outras evidências científicas. A autorização de uso emergencial e temporária de uma vacina não substitui o registro sanitário. A modalidade de uso emergencial e temporário está prevista em regulamento e pode trazer benefícios a determinados e controlados grupos, como medida adicional para o enfrentamento da pandemia.
o governo federal estabeleça um planejamento mais efetivo para a vacinação contra o coronavírus. As únicas definições até agora dizem respeito aos grupos prioritários que vão receber as doses primeiro. Não há datas, informações sobre distribuição ou certeza sobre o número de doses que o Brasil vai conseguir. Após o anúncio do governo de São Paulo, as cobranças se intensificaram. Em resposta, o ministro afirmou que a vacina produzida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório
AstraZeneca pode ter registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim fevereiro de 2021. Ele disse também que está em curso uma negociação para compra de 70 milhões de doses do imunizante fabricado pela Pfizer. Como a substância tem condições específica de armazenamento a temperaturas abaixo de -70º, a possibilidade de aquisição pelo Brasil é cercada de dúvidas. Ainda assim, Pazuello prevê 8,5 milhões de doses no primeiro semestre de 2021.
PROPAGAÇÃO ACELERADA O país está no sexto período seguido de aceleração da pandemia, cada vez mais próximo aos piores níveis já registrados em território nacional. De acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o total de pessoas que já foram infectadas no país chegou a 6.728.452 na quinta-feira (10). A soma de vidas perdidas para o coronavírus no país é de mais de 179 mil pessoas.
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Governo não apresenta saídas, e fim do auxílio emergencial Nossos deve acentuar desigualdades DIREITO Benefício chega hoje a mais de 126 milhões de pessoas, 60% da população brasileira
direitos
Agência Brasil
Redação A alta dos preços dos alimentos, a falta de políticas públicas no campo e a ausência de alternativas para a geração de renda a milhões de trabalhadores informais e desempregados: esses são desafios que tendem a se agravar com o fim do auxílio emergencial, que não deve ser prorrogado em 2021. O pagamento chega hoje a mais de 126 milhões de pessoas, o que representa 60% da população brasileira, segundo o Ministério da Cidadania. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, desde maio, 15 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza por causa do benefício. Na casa da professora Carolina Zambotti, que vive na capital do estado de São Paulo, o auxílio emergencial hoje é essencial para os gastos da família. “É muito absurdo. Falo isso do ponto de vista de uma mulher que faz todo o cálculo da economia doméstica dessa casa. Sou eu a responsável pelos cálculos de mercado, cálculos de
GRAVAR OU DIVULGAR NUDEZ OU ATO SEXUAL SEM PERMISSÃO É CRIME!
Auxílio tirou 15 milhões da extrema pobreza açougue, cálculos de feira. E cada vez mais a gente se vê gastando mais e trazendo menos”, aponta Carolina. Bolsa família Segundo os dados do Tesouro Nacional, o Governo Federal já gastou R$ 275 bilhões com o auxílio emergencial até o momento e prevê um total de R$ 322 bi-
SERVIDORES PÚBLICOS PROTESTAM CONTRA REFORMA ADMINISTRATIVA EM TODO O PAÍS Em pelo menos 10 capitais e outras cidades pelo país, servidores foram às ruas na quinta-feira (10) para protestar contra iniciativas do governo Bolsonaro que pretendem enfraquecer a prestação de serviços públicos para a população. No Dia Nacional de Luta contra a Reforma Administrativa, sindicatos ligados à CUT também defenderam a continuidade do auxílio emergencial.
lhões até o final do ano. Paulo Guedes, ministro da economia, propõe, no lugar do auxílio, inclusão de ao menos 6 milhões de pessoas no programa Bolsa Família, que hoje já atende cerca de 14 milhões de famílias. A ampliação do Bolsa Família, no entanto, não contempla grande parte das 65 milhões famílias brasileiras atendidas pelo auxílio emergencial.
Fique ligado, pois fotografar ou gravar cena de nudez, ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo sem autorização dos participantes é crime, e a pena prevista é de detenção de 6 meses a um ano e multa. Quem realiza montagens, seja por meio de áudio, vídeo ou fotografia, também está sujeito à mesma pena. Quando é feita a divulgação, venda, troca, transmissão ou exposição do conteúdo sem a autorização dos participantes, a pena é mais dura, sendo de reclusão de um a cin-
co anos. Se o ato foi registrado e divulgado com o objetivo de vingança, ou por quem tinha relação de afeto com a vítima, a pena ainda pode ser aumentada de 1/3 a 2/3. Nas situações em que houve a divulgação, além da responsabilidade criminal, quem pratica o crime ainda pode responder na esfera civil, tendo que arcar com possíveis indenizações. Ocorrendo o crime, a primeira medida a ser tomada pela vítima é fazer um boletim de ocorrência.
Jonathan Hassen é advogado popular ANÚNCIO
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Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro de 2020
Vacina cubana terĂĄ testes de fase 3 em outros paĂses Redação As vacinas cubanas contra a covid-19 Soberana 01 e Soberana 02, cujos testes jĂĄ começaram na ilha, irĂŁo contar tambĂŠm com ensaios clĂnicos no exterior. A informação foi confirmada na quarta (9) por Vicente VĂŠrez, diretor do Instituto Finlay de Vacinas (IFV), Segundo ele, a fase 3 dos estudos de eficĂĄcia da vacina serĂĄ realizada em Cuba e no exterior. Ele afirmou que a primeira vacina candidata, Soberana 01, estĂĄ na primeira fase de seu ensaio clĂnico, que deve terminar antes do final de 2020. No caso da
Soberana 02, o inĂcio da fase 2 deve acontecer neste mĂŞs. A estratĂŠgia do IFV prevĂŞ estudos em paĂses com alta incidĂŞncia de covid-19, jĂĄ que, segundo VĂŠrez, para demonstrar a eficĂĄcia das vacinas, ĂŠ necessĂĄrio aplicĂĄ-las em ambientes onde a população tem formas de contĂĄgio e cargas de exposição ao vĂrus dĂspares. Ainda segundo o diretor, o IFV mantĂŠm intercâmbios com empresas de outros paĂses que permitem que os estudos da fase 3 complementem os ensaios cubanos. Embora cada fase deva aguardar o tempo de aplicação das duas doses, no caso da Soberana 02 houve, jĂĄ a partir da primeira dose, um
Reprodução/Prensa Latina
Após eleiçþes, partido chavista garante hegemonia na Venezuela Michele de Mello/Brasil de Fato
percentual significativo de resposta satisfatĂłria dos participantes, segundo VĂŠrez. Cuba tambĂŠm tem outras duas vacinas candidatas, Mambisa e Abdala, sob responsabilidade do Centro de Engenharia GenĂŠtica e Biotecnologia. A ilha ĂŠ o Ăşnico paĂs da AmĂŠrica Latina que estĂĄ desenvolvendo vacinas prĂłprias contra a covid-19.
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) obteve 245 das 277 cadeiras da Assembleia Nacional. Ao todo foram contabilizados 4,2 milhĂľes de votos nas eleiçþes, que aconteceram no Ăşltimo domingo (6). Apesar do cenĂĄrio positivo para o chavismo, a vice-presidenta da Venezuela, Delcy RodrĂguez, afirma que, ao invĂŠs de celebrar a vitĂłria, o governo bolivaria-
no permanece alerta frente a uma possĂvel ação violenta do governo dos Estados Unidos contra a nação latino-americana. “NĂłs nĂŁo temos um segundo de respiro. NĂŁo sabemos o que Trump pode fazer antes de deixar o mandato. NĂłs nĂŁo podemos descansar e nĂŁo descansaremos um minuto quando se trata da defesa do povo venezuelanoâ€?, afirmou. ANĂšNCIO
SIND-UTE/MG NA LUTA EM DEFESA DA
REGULAMENTAĂ‡ĂƒO DO FUNDEB Ser profissional da educação exige formação especĂfica. NĂŁo basta estar atuando na escola. Os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação BĂĄsica (FUNDEB) sĂŁo para a educação.
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Belo Horizonte, 11 a 17 de dezembro de 2020
“O socialismo é a nossa marca e é marca da cidadania”, afirma vereadora eleita em BH
“Moradia enfrenta cenário aterrador de desinvestimento”, avalia Bella Gonçalves
Divulgação
Bernardo Dias/CMBH
Raíssa Lopes
Rafaella Dotta
Brasil de Fato - Qual é a sua trajetória política?
Brasil de Fato - Qual sua avaliação sobre a Câmara que foi eleita para Belo Horizonte? Bella Gonçalves - A gente não teve uma alteração muito considerável na composição dos parlamentares, exceto pelo fato de que agora temos mais pessoas que compõem um campo “ultraconservador” ou neoliberal. O Partido Novo ampliou para 3 as suas cadeiras, temos figuras bolsonaristas que continuam, e outras que foram eleitas. Em resumo, ainda temos o cenário de uma Câmara extremamente conservadora.
Sônia Lansky - Eu sou trabalhadora do SUS [Sistema Único de Saúde], pediatra formada pela UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais], com residência no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte. Entrei no SUS em 1988 e participei da construção do programa na capital. Além do SUS, tenho uma trajetória de luta pela democracia. Sou filiada ao Partido dos Trabalhadores desde o início. Participo do Coletivo Alvorada e sou uma bordadeira de luta nos projetos Linhas do Horizonte e Pontos de Luta. E o que te levou a se candidatar agora, em 2020, para participar do Legislativo Municipal? Estamos indignados com a situação do tratamento da saúde e dos trabalhadores e trabalhadoras na pandemia, que escancarou a imensa desigualdade social brasileira. A pandemia redobrou a carga dessa exclusão sobre as mulheres e homens trabalhadores, que são aqueles que não puderam ficar em casa, que têm que enfrentar o transporte público. Isso nos motivou a organizarmos uma estrutura de candidatura em defesa da vida e do investimento público. O que é a ColetivA? Qual é o formato do mandato, como vai funcionar e quais são as pessoas que a compõem? Eu sou quem representa esse grupo oficialmente, mas somos 10 pessoas. São diversas áreas que se juntam, mas com uma proposta única de construção coletiva, em um processo democrático de
As crianças estão de volta aos sinais, e isso é vergonhoso formulação das decisões, votações, apoio a projetos e discussão do orçamento da cidade. Quais são as perspectivas do mandato da ColetivA? A Renda Cidadã é um projeto de mais de 30 anos do PT. Todas as pessoas deveriam ter direito a uma renda básica para não correrem o risco de acordar sem saber o que vão comer pela manhã ou de ir dormir com fome. Queremos a escola integral e investimento na educação. Temos, ainda, que verdejar BH. Violência contra as mulheres é uma área de grande preocupação nossa, assim como a discriminação por gênero e raça. Enegrecer BH é uma das nossas propostas. Uma das nossas pautas fundamentais é a abertura da maternidade Leolina Leonor, um investimento público que gastou mais de R$ 10 milhões e há 12 anos está disponível, mas não funciona.
ENTREVISTA 15 11
Você ficou dois anos como vereadora neste último mandato. O que essa experiência legislativa mudou na sua prática política? A gente sente sempre uma inadequação de lugares, porque você nunca deixa de ser militante, nunca deixa de ser lutador social, mas o papel institucional tem seus limites. Desde que assumi como parlamentar, foram diversos enfrentamentos, envolvendo tanto parlamentares da casa e suas pautas conservadoras, como as próprias estruturas de repressão do Estado. E quais são os planos para o seu próximo mandato? Construimos nesses dois anos de mandato um trabalho muito forte em três questões. Uma questão foi a moradia em Belo Horizonte, que está em um cenário aterrador de desinvestimento. Outra questão muito central é a ambiental. O desafio é pensar nossos rios, nossas águas e nossas terras, frente à especulação imobiliária e à atividade de mineração. E a terceira é dar uma consequência potente à organização de mulheres na Câmara. Hoje, nós temos 11 parlamenta-
Temos mais pessoas do campo “ultraconservador” na Câmara res mulheres, há pautas que podem nos conectar. A proteção da vida das mulheres é uma delas. O Kalil foi reeleito prefeito de BH com uma boa margem de votos. Qual avaliação você faz? Kalil não é o pior dos governos. Por outro lado, não é uma gestão de origem popular, que está relacionada às demandas mais urgentes de quem mais precisa da cidade. Teve medidas assertivas em relação ao coronavírus? Teve. Bancou os setores negacionistas? Bancou. Teve inclusive uma votação muito expressiva porque fez isso. Mas em outras áreas, como a situação da habitação e os atingidos pelas enchentes e deslizamentos de terra, em janeiro de 2020, quase não foi feito nada.
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AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Sinto muita dor ao evacuar. O que pode ser? Carlos Montes, 52, ator Sem uma avaliação mais detalhada não há como saber o que está acontecendo com você, Carlos. Diversas são as causas de dor na evacuação. Muitas delas estão relacionadas à constipação intestinal, e as consequências mais comuns são fezes endurecidas e a evacuação difícil, que, por sua vez, leva a lesões na região do ânus e até hemorroidas. No caso de hemorroidas, pode haver também sangramentos durante a evacuação. Além da constipação intestinal, outra causa bastante comum de hemorroidas é o hábito de ficar muito tempo sentado no vaso sanitário. O ideal é limitar o tempo no vaso ao necessário para a evacuação e evitar levar distrações que acabam prolongando esse tempo. Tomar muita água, comer alimentos ricos em fibra e fazer atividades físicas ajudam a reduzir a constipação intestinal. Se a dor ao evacuar é recorrente, é necessária uma avaliação médica o quanto antes.
Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br
FIQUE
BEM Olá, pessoal, tudo bem? Seguem as dicas da semana!
TEM CHULÉ? O bicarbonato de sódio é bastante eficaz no combate ao chulé, porque ajuda a eliminar as bactérias. A receita é simples: coloque 2 colheres de sopa dentro de cada sapato e espalhe bem. Deixe os sapatos na sombra até que o bicarbonato absorva todo o cheiro. Depois é bater o sapato para sair o excesso e pronto.
ESCALDA PÉS Para tratar os pés, o segredo é um escalda pés eficiente para higienização. A receita também é simples e leva 3 copos de água para 1 copo de vinagre de maçã (já falamos sobre ele aqui! O vinagre de maçã é um item que não pode faltar na sua casa). Caso tenha gengibre, faça um chá bem concentrado (com um pedaço de mais ou menos 5 centímetros), deixe amornar e coloque os pés limpos de molho por alguns minutos.
NADA DEU CERTO? É fundamental que, antes de calçar o sapato, os pés estejam limpos e bem secos. O talco é um aliado importante, mas pode ser bastante caro. A solução é usar desodorante em creme nos pés. Sabe aqueles desodorantes bem baratinhos que vem em potinhos de mais ou menos 50 gramas? Eles são incríveis e também podem ser passados nos pés. Um beijo da Jana! *Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado. ANÚNCIO
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www.malvados.com.br
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RABANADA DE NATAL Reprodução
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br MĂŁe Letra que o Cebolinha troca pelo "L" (HQ)
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AuxĂlio; socorro Apartamento (pop.) Desenhar o contorno dos olhos
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Espaço entre duas coisas ou pessoas
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Ponto de partida Mais elevado 8
SĂŁo cuidados pelo podĂłlogo
Abrigo de barcos Apelido de Beatriz Hiato de "cooperar" Macias (carnes)
Š Revistas COQUETEL
Famosa construção religiosa de Salvador (BA) 1 Laço da gravata
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Cirtcuito da F1 (ItĂĄlia) Asa (?), tipo 12 de biquĂni
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A temperatura no verĂŁo Vogais 4 de "rio"
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Bairro do Pão de Açúcar 1 9 (RJ) A favor de; em prol de Úlcera 7 bucal 11
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"FĂsica", em CPF SĂlaba de 17 "super"
Emanuelle AraĂşjo, atriz
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Estocar (alimentos)
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Forma do barbeador descar7 tĂĄvel
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DiversĂŁo como o videogame Gosta Narra muito de
Linguagem popular (?) Maia, 2 cantor
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Ingredientes
A dĂŠcima consoante do alfabeto
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• 1 baguete de pão francês ou 4 pães franceses 14
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Construtor da Arca (BĂb.) Carro de 9 12 lotaçþes Deixa o local Ao (?) livre: 17 a cĂŠu aberto 9
16 Marca do Zorro (HQ)
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• 1 lata de leite condensado • 3 ovos batidos 4
2, em algarismos romanos
• 2 xĂcaras de leite
• Canela e açúcar a gosto • Óleo para fritar
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Modo de preparo 10
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Ouvir, em espanhol
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1. Corte a baguete em fatias mĂŠdias; 2. Em uma vasilha, misture o leite com o leite condensado e misture; 3. Mergulhe as fatias de pĂŁo na mistura de leite atĂŠ que elas estejam
TE
bem molhadinhas; 4. Em outra vasilha, bata os ovos e adicione a canela; 5. Passe as fatias de pĂŁo molhadas de leite nos ovos batidos;
P P A
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R A E M L A A T A
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J T O I G M O E A L N E T U R R O N VA I N C O
Solução G E N I O R S I U D A P E E L I R T O I A O P R A S F S T A U A R
DICAS E JOGOS PARA DESENVOLVER INTELIGĂŠNCIA EMOCIONAL
I G R E J A D O B O N F I M
Animal da raça do burro (Zool.)
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6. Frite em óleo quente e escorra as rabanadas em papel-toalha; 7. Polvilhe com açúcar e canela a gosto.
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Brasil de Fato estreia filme sobre maior crime industrial da história NOVIDADE Bhopal 84, que conta a história do vazamento de gás em uma fábrica de agrotóxico, está disponível gratuitamente no YouTube paises contaminados pelo Poliana Dallabrida
Da Redação
Empresários não foram punidos, e as vítimas receberam indenizações irrisórias
O
Brasil de Fato lançou, na quinta (3), o documentário Bhopal 84, sobre o maior crime industrial da história, ocorrido em Bhopal, na Índia, em 3 de dezembro de 1984. O filme trata dos impactos do episódio que matou 2,2 mil pessoas na hora e afetou a vida de quase 600 mil pessoas ao longo dos anos. Em homenagem às vítimas de Bhopal, 3 de dezembro também é o Dia Mundial de Combate aos Agrotóxicos. As entrevistas do documentário, realizadas pelos jornalistas brasileiros Daniel Giovanaz e Poliana Dallabrida na Índia, mostram a
perversidade do crime e os desafios da luta por justiça. Vítimas e ativistas ressaltam que Bhopal é um emblema da busca incessante das transnacionais por lucro, sacrificando vidas humanas e poluindo o meio
ambiente no Sul global. História
O crime ocorreu em uma fábrica de agrotóxicos da corporação estadunidense Union Carbide. Os empresários, que negligenciaram as normas de segu-
rança para armazenamento do gás tóxico isocianato de metila, não foram punidos, e as vítimas receberam indenizações irrisórias. Há cerca de 20 anos, a Union Carbide foi comprada pela Dow, também dos Estados Unidos. A empresa, a maior do setor, recusa-se a limpar a antiga fábrica em Bhopal e seu entorno, que continua contaminado. Hoje, moradores de
vazamento de isocianato de metila têm seis vezes mais chance de ter filhos com má formação congênita.As causas do vazamento nunca foram esclarecidas. O Brasil é um dos maiores consumidores de veneno no mundo. Segundo levantamento da Agência Pública e da Repórter Brasil, a Dow Agrosciences Industrial Ltda, diretamente ligada à perpetuação do crime de Bhopal, é a empresa que mais recorreu à justiça brasileira para flexibilizar leis que controlam o uso de pesticidas. Ficha técnica: Bhopal 84 Tempo: 27 minutos Por onde assistir: canal do YouTube do Brasil de Fato
Roteiro Divulgação
Acervo Belotur
Divulgação
Beiras d’Água
Pampulha Território Museus
Cinema sobre mulheres
Até o dia 19 de dezembro acontece o I Cine Beiras d’Água, mostra online com 51 curtas-metragens e um longa de cinco episódios, realizados entre 1965 e 2020. As produções conectam povos, saberes e cosmologias, abordando temas relevantes às comunidades das beiras dos Rio São Francisco e dos territórios da bacia. Os filmes são gratuitos e podem ser assistidos em beirasdagua.org.br/programas.
A programação gratuita do Pampulha Território Museus, iniciativa que reforça a integração entre o Museu de Arte da Pampulha (MAP), a Casa do Baile e o Museu Casa Kubitschek, em BH, se estende pelo mês de dezembro com atrações virtuais, oficinas, contação de histórias e encontros temáticos. Também há exposições que podem ser visitadas com agendamento prévio. Mais informações em https://abre.ai/bSx2 .
A segunda edição da “Mostra Diálogos Pela Equidade” acontece de sexta (11) a domingo (13), com programação virtual e gratuita de filmes e debates, além de uma performance, sobre o cotidiano de desafios e lutas de uma diversidade de mulheres. Os filmes ficarão disponíveis para exibição por 48h, e os ingressos poderão ser retirados até duas horas antes do fim deste período. Acesse https://abre.ai/bSx3 .
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ESPORTE
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Quem é aquele racista ali? BT/Sport
Izabela Xavier Quem é aquele preto ali? - Essas foram as palavras proferidas pelo 4º árbitro da partida entre PSG e Istanbul Basaksehir, válida pela Liga dos Campeões. Aquele homem apontado pelo juiz é Pierre Webó, membro da comissão técnica do time turco, que, ao contestar a expressão racista, ainda foi expulso! A partir daí, os times se recusaram a continuar o jogo, retirando-se de campo – um momento histórico e inédito pela luta antirracista. Ofensas racistas não são novidade dentro das quatro linhas. Dezenas de jogadores já foram hostilizados pela cor da pele, dentre eles muitos brasileiros mundo afora, como Grafite, Tinga, Daniel Alves, Roberto Carlos e o goleiro Aranha. O
Agora que o episódio envolveu o torneio de maior visibilidade do mundo, que a UEFA faça mais que distribuir faixas e camisetas
episódio estarrecedor dessa semana destaca-se por envolver o árbitro, que exerce autoridade justamente para garantir que as regras sejam cumpridas.
O futebol sempre vai refletir os tempos e os acontecimentos. Vivemos hoje um momento de violência contra os negros, as mulheres, os LGBTQIA+, os estrangei-
ros. Ao mesmo tempo em que cresce o horror, crescem também os movimentos que defendem um mundo de paz e de igualdade de condições para todos, den-
tro e fora do esporte. Agora que o episódio envolveu o torneio de maior visibilidade do mundo, em partida que contava com os craques Neymar e Mbappé, ambos homens negros, espera-se que a UEFA faça mais que distribuir faixas e camisetas. A luta contra o racismo é diária, é de todos, e quem propaga o ódio e a discriminação não merece estar no esporte e, até mesmo, na sociedade.
Estão deixando a gente sonhar FUTEBOL Os primeiros desafios pós-pandemia da Seleção Brasileira feminina Mariana Sá/CBF
Fernanda Haag A alegria do Canarinho Pistola dançando após os dois amistosos contra o Equador dão o tom do clima na Seleção Brasileira. A equipe da sueca Pia Sundhage enfrentou as equatorianas duas vezes nos últimos dias. No placar agregado, ficou 14 a 0 para as brasileiras, que se preparam para as Olimpíadas 2021. O time já tem o padrão esperado pela treinadora: alta intensidade, as linhas mais próximas, marcação alta. Pia aproveitou para testar nomes que ainda não haviam tido chance: Lelê, Camilinha, Giovanna, Julia Bianchi, Valeria, Nycole.
No primeiro jogo, a Seleção entrou menos concentrada, mas tentando trabalhar mais a bola, fizeram apenas um no primeiro tempo. O Equador, mesmo com uma equipe menos qualificada, segurou, e os outros 5 gols saíram mais ao final da segunda etapa. Na segunda partida, o ritmo intenso apareceu logo de cara, e Debinha, após assistência de Ludmila, abriu o placar aos 2 minutos de jogo. O time manteve a intensidade e fechou o primeiro tempo com 6 gols. No segundo, com muitas modificações, o rendimento caiu, mas ainda deu para marcar 2 gols.
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ESPORTES
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Ivan Storti Santos
DECLARAÇÃO DA SEMANA Basaksehir
Robinho é condenado por estupro em 2ª instância O caso do estupro coletivo de uma jovem albanesa em 2013, que tem como um dos acusados o atacante Robinho, teve mais um episódio nesta quinta-feira (10). A Corte de Apelação de Milão, à qual a defesa do joga-
dor havia recorrido, rejeitou o recurso e confirmou a condenção dada em primeira instância, com pena de nove anos de detenção. A defesa de Robinho ainda vai recorrer à Corte de Cassação, mas, pelas regras vi-
gentes, o atleta já pode ser preso quando pisar em outro país ou mesmo no Brasil, com um mandado internacional de prisão, que, para ser cumprido, precisaria da colaboração do Estado brasileiro.
“Quando você fala de um homem branco, você nunca diz ‘aquele cara branco’, você diz ‘aquele cara’. Então por que você…me escute! Por que, quando você menciona um homem negro, você diz ‘aquele negro ali?’” Demba Ba, atacante do Istanbul Basaksehir, questionando o quarto árbitro Sebastian Colţescu, que o teria ofendido com comentários racistas, na partida contra o PSG.
Gol de placa O Corinthians venceu o Avaí Kindermann por 4 a 2 em São Paulo e se sagrou bicampeão brasileiro de futebol feminino. Com o título, o time do Parque São Jorge detém o maior número de títulos nacionais do Brasileirão feminino.
Gol contra O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), quer privatizar o Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista. O objetivo é transformar o complexo esportivo em shopping. Atualmente, o Ibirapuera abriga inúmeras quadras esportivas e sedes de federações.
Dogmas e mantra
Caminho certo
Pra blindar a moçada
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Com as duas vitórias nos dois últimos jogos, contra CSA e Sampaio Corrêa, o América afastou o que parecia ser o começo de uma piora no rendimento e deu mais um importante passo para garantir o acesso à Série A. De acordo com o site Chance de Gol, umDecacampeão time com 67 pontos tem 99% de chance de subir. Assim, faltam 17 para o Coelho chegar lá, ou seja, 5 vitórias e 2 empates nos últimos 11 jogos. Se seguir com a organização tática, a manutenção do padrão de jogo, mesmo com os contínuos desfalques, a segurança defensiva e a efetividade no ataque, o América não só vai subir como vai brigar pelo título. E, no meio disso, encarando pela primeira vez uma semifinal de Copa do Brasil, com chance de superar o Palmeiras.
Torcer pelo mal-estar do inimigo dá mais prazer do que a própria conquista. Faz parte da cultura do brasileiro desde sua origem. E, agora, o Atlético vive os dois lados. Ao mesmo tempo em que faz penitência para vencer, faz mandinga pelo fracasso dos concorGalo rentes – sem É perder dedoido! vista o arquiinimigo no território mineiro. A vencer, vencer, vencer, associa-se ao secar, secar, secar. Os inimigos estão ao redor. Às vezes, neste mundo sem princípios, dentro de casa – haja pandemia, aglomeração e baladas, e já falamos sobre isso. Chances ainda vão existir por algum tempo, mas não dependem, por enquanto, apenas do Alvinegro. É preciso focar nisso para não reeditar o mantra: sofrer, sofrer, sofrer.
Salve, nação! Após uma noite de gala no sábado, com atuação em casa que há muito não víamos, imaginei que escreveria essa coluna embalado por mais uma vitória. Porém, cá estamos com mais um breque. Muitos criticam Felipão colocarNegra como objetivo os Lapor Bestia 45 pontos que nos livrariam de mais um rebaixamento. Sinceramente, como raposa velha do futebol, Felipão utiliza esse discurso para blindar o elenco. Não tenho dúvidas de que, internamente, a cobrança e o anseio são pelo nosso retorno à elite do futebol. Ainda temos chances matemáticas. Assim sendo, vamos lutar até o fim. na Bahia de Todos os Santos, contamos com todas as energias e forças possíveis para retomarmos o caminho das vitórias. Saudações celestes!
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