Reprodução
Comunicação popular
Dibyangshu Sarkar /AFP
¡AD10S, Pibe de Oro!
Adenilde Petrina, liderança comunitária de Juiz de Fora, conta a história da Rádio Mega e da luta na periferia da cidade
Precocemente, mundo se despede do ídolo mais apaixonado do esporte mais apaixonante que a humanidade inventou
CULTURA 14
ESPORTE 2, 15 E 16
MG Minas Gerais
27 de novembro a 3 de dezembro • edição 331 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita
Sem participação, não pode ter acordo _Acordo a portas fechadas entre Vale e governo de Minas é questionado pelos atingidos _Direito à participação, violado em MG, tem reconhecimento internacional _Programa Social de Direito à renda é alternativa ao fim do auxílio _ Problemas com água, saúde e produção estão entre os principais na bacia do Paraopeba Nívea Magno /Mídia Ninja
Entrevista
Eleições
Pandemia
Marília Campos comenta sobre suas propostas no 2º turno de Contagem
Candidaturas de centro esquerda lideram em grandes cidades do Nordeste
Contágio e demais indicadores da pandemia crescem e acendem alerta em Belo Horizonte
MINAS 6
BRASIL 11
CIDADES 4
2
OPINIÃO
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
OPINIÃO
Do mito ao homem João Paulo Cunha A morte de Maradona traz de volta muitos dos vícios e da expressão de má fé da imprensa dita profissional, que fez dele um mito para melhor se anistiar em destruí-lo depois. Nem o histórico de realizações esportivas, muito menos sua coragem em expressar ideias na contramão dos bem pensantes, ou mesmo sua transparência em trazer a público seus problemas, nada disso foi capaz de alçar ao primeiro plano a integridade da
ESPAÇO DOS LEITORES
“Se os testes não são feitos, o número correto de contaminados não é divulgado” Maxwell Badaró comenta a matéria “Brasil se aproxima de 170 mil mortes por covid com 7 milhões de testes encalhados”. -“Força, Macaé! Confiamos na sua competência e garra para defender os interesses do povo na Câmara Municipal” Maria da Conceição Carvalho, sobre a entrevista “‘Existe muito mais luta depois de eleita, para transformar a política’, diz Macaé”. -“Para quem está preocupado com as depredações no Carrefour, informo que os donos continuam milionários e passam bem” Geovanna Passos, sobre os atos no Dia Nacional da Consciência Negra e por justiça a João Alberto. -“Salve Kilombo Souza!” Juliana Afonso comenta postagem “Kilombo Souza, no Santa Tereza (BH), é reconhecido como patrimônio imaterial”
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
Maradona ajuda a entender por que o futebol é expressão cultural existência de homem absolutamente incomum. O que o atacante defendeu em vida foi logo rifado no momento seguinte à morte. Há vários modos de operar essa operação desconstrutiva e canalha. Quando um atleta apoia um político de direita é considerado conservador; quando é partidário do socialismo, é chamado de polêmico. Com Maradona, o julgamento de seu talento foi sempre seguido do intento desabonador, seja dentro de campo, na vida pessoal ou nas escolhas políticas. Além de criticado em suas escolhas, só ele parecia carregar os problemas que fazem parte da vida de todos os mortais. Altivo, nunca se deixou diminuir pelo olhar do outro, respondendo sempre às provocações e defendendo sua visão de mundo, o que lhe valeu mais um ataque orquestrado da mídia, não apenas esportiva. Maradona
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
só era polêmico na letra de forma. Na vida real do esporte, era uma unanimidade que precisava ser combatida. Era definido, ao mesmo tempo, por suas jogadas e gols, por suas posições ideológicas francas em defesa do socialismo e dos governos populares na América Latina e por seu desassombro em enfrentar a cartolagem e a máfia das associações esportivas internacionais. Fez o gol mais bonito de todas as copas, ganhou uma Copa do Mundo carregando toda a seleção de seu país, transformou um time menor em potência no continente europeu. Maradona ajuda a entender por que o futebol pode ser considerado expressão cultural maior, e não apenas jogo e entretenimento. Há ainda, em sua trajetória, os momentos de expressão de resistência na política. Maradona soube escolher amigos. Considerava Fidel Castro um segundo pai. Foi o cubano que o acolheu e tratou quando muitas clínicas em seu país e em outras partes do
O que o atacante defendeu em vida foi logo rifado com sua morte mundo negaram cuidado. Também teve a sabedoria de eleger seus adversários, utilizando de seu poder de vocalização e atenção para pautar temas de interesse público e denunciar processos antidemocráticos, como o golpe contra Dilma Rousseff e a prisão de Lula. A morte o livrou da mitologia e trouxe a humanidade integral de volta.
PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Redação: Amélia Gomes, Bruna Bentes , Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 35 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020 Divulgação
Declaração da Semana Acordei, agradeci por estar viva e já dou de cara com o vídeo do policial espancando uma mulher grávida, com a conivência de outros homens que observam e nada fazem. Que buraco é esse que o Brasil está cavando? Como faz pra sair?
GERAL
3
Número da Semana
497
mulheres morreram por feminicídio no Brasil entre março e agosto deste ano, o que dá uma morte a cada nove horas. A informação consta no relatório “Um Vírus e Duas Guerras”, que monitora a evolução da violência contra as mulheres durante a pandemia.
Se é violência contra a mulher, a gente mete a colher Isadora Mendes
Teresa Cristina, pelo Twitter.
O Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres é marcado no dia 25 de novembro. A data busca conscientizar as pessoas de que a violência – seja física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral – é absurda e deve ser combatida por toda a sociedade. No Brasil, a Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, é considerada um avanço na prevenção e na proteção das mulheres. Pesquise sobre seus direitos e não deixe de denunciar os agressores. Ligue 180.
Livro sobre o crime da Samarco
Isis Medeiros
A fotógrafa mineira Isis Medeiros lança, na segunda (30), o livro “15:30”, com 71 imagens, feitas por ela, do crime cometido pela Samarco, mineradora controlada pela Vale e BHP, em Mariana. No dia do lançamento, acontece uma live, às 19h, com a presença da autora, de Ailton Krenak, de Nair Benedicto e de Simone Silva, do grupo de atingidas da Bacia do Rio Doce. Para assistir, é só digitar Editora Tona no YouTube.
4
CIDADES
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
10 unidades de educação fazem ato para defender a verba para pesquisa e ensino AÇÃO Fundação que financia pesquisadores em Minas vive hoje com 25% da verba que tinha em 2016 Reprodução
Kalil garante que 100% da população de BH terá acesso à vacina contra o coronavírus Redação
“N
ão tem segunda onda. O que tem é gente ignorante, egoísta e irresponsável que não deixa a onda ir embora. Estamos adoecendo por conta de meia dúzia de irresponsáveis”. Essa foi a colocação do prefeito Alexandre Kalil (PSD) em coletiva dada quarta-feira (25) sobre a situação do contágio do coronavírus na cidade. A situação em BH Somente em novembro, o número de ocupação de leitos de UTI para atendimento da covid-19 na rede particular de saúde dobrou. A taxa de ocupação dos leitos de UTI do Sis-
Adelson Fernandes Moreira
N
a terça feira (24), estudantes, professores e técnicos administrativos de instituições de ensino de Minas Gerais se mobilizaram por conta do financiamento insuficiente que vem sofrendo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Os atos simbólicos foram realizados em dez unidades de institutos e do CEFET. A Fapemig, hoje, executa um orçamento que equivale a 25% do que executava em 2016. Isso significou um corte de 5 mil bolsas de iniciação científica em fevereiro de 2019 e a interrupção de inúmeras pesquisas em andamento. Os atos simbólicos foram realizados nas unidades do
CEFET-MG em Belo Horizonte, Timóteo, Leopoldina e Araxá, nas unidades do IFMG em Ouro Preto e Juiz de Fora, na UEMG - Campus Ituiutaba, no IFNMG – Campus Salinas, na UFU e na Fiocruz Minas. Aconteceu também um debate ao vivo que contou com depoimentos de mais de 20 participantes de diferentes segmentos das instituições de ensino e pesquisa mineiras. Os protestos exigiam o cumprimento da Constituição Estadual, destinando à Fapemig 1% da receita corrente ordinária; destinação de 1% da arrecadação para cada universidade estadual mineira, ou seja, 1% para a UEMG e 1% para a Unimontes; dentre outros pontos. As atividades são parte das mobilizações lideradas pelo Inteligência Coletiva (inteligcolmg.com.br), ao qual se somam entidades sindicais docentes e de representação estudantil.
tema Único de Saúde (SUS) de BH para o atendimento à covid-19 está em 60% e 64% dos leitos de enfermaria estão ocupados. Esses índices e a taxa de contágio estão no alerta amarelo da prefeitura. A PBH informou que atualmente o maior índice de contágio do coronavírus está na população das classes A e B, e entre pessoas de 20 a 30 anos. E, para o prefeito, esse quadro é fruto de irresponsabilidade e falta de empatia de parte da população. Kalil afirmou que se os casos continuarem subindo, o comércio será fechado, independente do período de Natal. Além disso, o prefeito declarou que a fiscalização será
reforçada. “Nós temos autoridade para prender os responsáveis, além de fechar o estabelecimento. A notificação, a notinha e a multinha acabaram. Agora nós vamos lacrar estabelecimentos”, disse Kalil. Vacina Por fim, o prefeito garantiu que o poder municipal tem condições orçamentárias de arcar com vacinas, quando forem disponibilizadas, para imunizar toda a população da cidade, caso haja, na opinião dele, uma “maluquice” de o governo federal não disponibilizar verba suficiente para os municípios. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
MINAS
5
Mais uma comunidade em Barão de Cocais é desalojada e denuncia estratégia da Vale São José de Brumadinho tem 34 pessoas e um santuário, de 1742, territórios que podem acabar abrigando mais mineração MAM
Rafaella Dotta
M
ais de 500 pessoas da comunidade de Socorro, em Barão de Cocais (MG), vivem fora de suas casas desde fevereiro de 2019, quando a barragem Sul Superior da Vale foi considerada insegura. Agora, cerca de dez famílias da comunidade São José de Brumadinho, também em Barão de Cocais, recebem o anúncio de que a mineradora irá desalojá-las também. Os moradores estão em intensa luta contra a falta de informação e a insegurança. Segundo a divulgação da Vale, a mineradora iniciou em 18 de novembro um protocolo de emergência de nível 2 da barragem Norte/Laranjeiras, da mina Brucutu. E, com isso, inicia a remoção de residentes da Zona de Autossalvamento, estimada
em 34 pessoas. A barragem fica acima da comunidade de São José de Brumadinho. Moradores afirmam que a Defesa Civil Municipal deu o prazo de 20 dias para que todos se retirem. O integrante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Luiz Paulo Siqueira, relata que o desalojamento está sendo um choque para a comunidade, que tem muitas famílias agricultoras e produtoras de leite, inclusive abastecedores do Lacti-
Famílias requerem, antes de serem desalojadas, uma auditoria independente
cínio Cocais. A igreja de São José de Brumadinho, construída em 1742 e famosa na região pelo milagre de São José, também está dentro da área “desalojada”, assim como o cemitério. Vale usa estratégia para se apoderar de território Luiz Paulo levanta uma série de contradições na postura da mineradora. A barragem Norte/Laranjeiras não atestou estabilidade à Agência Nacional de Mineração desde março de 2020. “Por que a decisão de elevar a barragem ao nível 2 e desalojar as famílias aconteceu só agora?”, questiona. Além disso, a mina Brucutu continua em funcionamento, segundo ele, com as explosões ocorrendo normalmente. “Há muitos anos a Vale tem um projeto de ter o
Há muitos anos a Vale quer ter o controle completo desse território e nunca conseguiu controle completo desse território, e nunca conseguiu”, argumenta Luiz Paulo. Pelo menos desde 2008 a comunidade local resiste às investidas da mineradora de construir um complexo de três barragens, envolvendo duas que já existem e uma terceira a ser construída. O vídeo “Quanto Vale a Nossa Fé”, feito há 12 anos, mostra que a mobilização política e religiosa da comunidade de São José do Brumadinho contra a mineradora é antiga.
Sair e não levar nada ou ficar? As famílias de São José de Brumadinho estão decepcionadas por terem de sair do seu território. Elas têm o exemplo do que vem acontecendo com os moradores de Socorro, também em Barão de Cocais, que estão há um ano e nove meses fora de suas casas e sem seus terrenos para plantação, criação de animais e outras atividades econômicas. No entanto, há 15 dias o desembargador Marcelo Rodrigues, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), aceitou pedido da Vale de cortar todas as ajudas de custo a esses moradores. A decisão foi considerada pelos moradores como um ultimato: a mineradora tenta comprar todos os terrenos e, sem o auxílio emergencial por mês, as famílias são mais pressionadas a fechar uma negociação com a mineradora. Em São José de Brumadinho, as famílias requerem, antes de ser desalojadas: uma auditoria independente para produzir informações que não passem pela Vale; que a mineradora dê prazos de quando a comunidade irá voltar ao território; quais serão os critérios de negociação; que a barragem de Norte/Laranjeiras seja descaracterizada; e um projeto para não perder o santuário de São José. A mineradora Vale foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento da matéria.
6
MINAS
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
“Podemos fazer de Contagem uma cidade inclusiva”, afirma Marília Campos SEGUNDO TURNO Deputada Estadual, prefeita por duas vezes, lidera pesquisas para a prefeitura em Contagem (MG) Divulgação
Bruna Bentes
O segundo turno de Contagem é disputado pela deputada estadual Marília Campos (PT) e por Felipe Saliba (DEM). No primeiro turno, a candidata recebeu quase 119 mil votos, ultrapassando os 41% dos votos válidos. Marília já foi prefeita da cidade, por dois mantados, entre 2005 e 2018. Ao Brasil de Fato MG, a candidata falou sobre os desafios da campaA minha mãe, que é evannha e sobre seus projetos gélica, tem sofrido muito, para a cidade. porque fizeram panfletos apócrifos e distribuíram na Brasil de Fato MG cidade falando que vou feA que você atribui a char as igrejas. No passado quantidade expressiva de votos no primeiro também fizeram ataques semelhantes, mas agora turno? Marília Campos - tem as redes sociais e esCreio que se trata de um sas mentiras se propagam reconhecimento da cida- com velocidade. Temos combatido isso de ao meu trabalho como prefeita por dois manda- divulgando a verdade, sem tos. E uma escolha do eleitorado por uma pessoa experiente, com capacidade comprovada de boa ges- Neste segundo tão. O resultado foi a vitória no primeiro turno, derro- turno, 17 dos tando 14 candidatos e com 21 vereadores quase 70 mil votos à frente eleitos estão do segundo colocado.
me apoiando
Sobre o antipetismo e as fake news, como elas têm impactado a campanha e como lidar com isso?
Realidade atual de Contagem é de descuido e abandono
entrar no jogo sujo do adversário e de seus apoiadores, debatendo as nossas propostas para fazer de Contagem uma cidade melhor. Estou certa de que vamos vencer o ódio e que a população saberá dar a resposta nas urnas. O antipetismo, que de fato existe, não se traduz em antimarília. São coisas distintas.
Como você lê a nova configuração da Câmara dos Vereadores?
A Câmara Municipal terá nove novos parlamentares. Dentre eles uma jovem negra, periférica, feminista, a Moara Sabóia, eleita pelo PT. É uma renovação importante, que ajuda o legislativo a respirar novos ares e abre espaço para debates relevantes para a sociedade. Neste segundo turno, 17 dos 21 eleitos estão me apoiando. Se assumir, pegará uma Contagem em situação de crise. Quais são os primeiros passos caso assuma?
Embora o momento seja de crise sanitária e financeira, a situação da Prefei-
Vamos adotar de imediato medidas para lidar com a pandemia na economia, assistência social, saúde e educação
tura hoje é melhor do que quando assumi o primeiro mandato em 2005. A Prefeitura que herdei de Ademir Lucas estava sucateada. Foi preciso colocar a casa em ordem. Adotamos uma série de medidas para aumentar a arrecadação. Então serei beneficiada pelo que deixei pronto ao sair. Mas, claro, vamos ter efetivo conhecimento da situação ao assumirmos, se eu for eleita.
Conferência Municipal de Política Urbana para revisar o Plano Diretor e as leis que permitem a urbanização da área rural de Vargem das Flores e impedir que prédios, indústrias e loteamentos se instalem nas áreas de preservação ambiental. Precisamos impedir que a Várzea se torne uma lagoa seca. Como dialogar com os poderes estadual e federal?
Prefeituras não fazem oposição a governos estaNo passado dual e federal. Se for eleita, vou dialogar com Zema fizeram ataques semelhantes, mas e Bolsonaro para apresentar projetos para a cidade. agora as redes Os dois foram eleitos com sociais propagam muitos votos de contagencom velocidade ses e são candidatos à reeleição. Então são eles que as mentiras vão escolher qual a relação que terão com a popuVamos adotar de imedia- lação. to medidas emergenciais para lidar com a pande- A longo prazo, quais mia, renegociando débitos são os projetos para dos empresários, atuando Contagem? É possível na política de assistência contornar a crise? social, treinando as equiContagem tem plepes de saúde para a vaci- nas condições econôminação quando a vacina es- cas e sociais para enfrentiver disponível e imple- tar e vencer essa crise. Basmentando um protocolo ta querer, ter compromisso que permita a volta às au- com a população e saber las com segurança para eso que fazer. Estou conventudantes e trabalhadores cida de que juntos, podeem educação. mos construir um presenSobre o plano diretor de te e um futuro melhor para Contagem, aprovado no todos e todas. Podemos fazer de Contagem uma ciano passado, qual deve dade desenvolvida, incluser a ação em relação siva, de cidadãos e cidadãs à região de Várzea das orgulhosos do lugar onde Flores? Vamos convocar a so- vivem. ciedade por meio de uma
LEIA NO SITE DO BRASIL DE FATO A ENTREVISTA COMPLETA
ESPECIAL
NOVEMBRO 2020
Sem participação, não pode ter acordo _Acordo a portas fechadas entre Vale e governo de Minas é questionado pelos atingidos pág. 4 _Direito à participação, violado em MG, tem reconhecimento internacional pág. 2 _Programa Social de Direito à Renda é alternativa ao fim do auxílio pág. 3 _Problemas com água, saúde e produção estão entre os principais na bacia do Paraopeba pág. 3 e 4 Nívea Magno /Mídia Ninja
28
ESPECIAL
Belo Horizonte, novembro de 2020
Na Bacia do Paraopeba, decisões são tomadas sem participação popular, afirmam atingidos Famílias reivindicam o direito de participação em todos os momentos de discussão sobre reparação do crime da Vale Reprodução MAB
Wallace Oliveira
Q
uase 700 dias já se passaram desde que a barragem da mineradora Vale rompeu em Brumadinho, matando 272 pessoas e destruindo a Bacia do Paraopeba. Até hoje, os atingidos cobram a devida reparação pelos danos sofridos. Para garantir a reparação, precisam participar diretamente das decisões suas próprias vidas. Porém, segundo eles, esse direito mais elementar, a participação, está sendo negado. “A comunidade, que ainda vive o luto coletivo de 272 vítimas assassinadas, que a cada dia desperta com mais um caso de auto-extermínio ou infarto ou falta de atendimento médico, em função do crime, vai perdendo a crença no que é a prática da Justiça. É muito doloroso”, relata Fernanda Perdigão, moradora do distrito de Piedade do Paraopeba, em Brumadinho. Ela administrava um projeto de agricultura familiar, um restaurante e uma pousada e perdeu tudo.
bém precisa ter acesso a todas as informações importantes, de maneira ágil e transparente. Tal reconhecimento está expresso em acordos internacionais e na própria legislação brasileira. Em fevereiro de 2019, logo após o rompimento da barragem, os atingidos conquistaram, por meio de decisão judicial, o direito às assessorias técnicas, um corpo de profissionais independentes, com estrutura e capacitação, para garantir que pessoas e comuParticipação informada, nidades nas mais variadas sisofrimento da vítima Nos âmbitos do Direito Internacional e dos Direitos Humanos, já se reconhece que Nossos direitos é direito da vítima participar estão sendo leicomo protagonista do processo de reparação e ocupar o loados pelo governador Romeu centro desse processo. Quem foi prejudicado por Zema”, afirma um crime como o que ocor- atingida reu no Rio Paraopeba tam-
Atingidos não têm acesso aos documentos nem aos espaços de negociação”, afirma advogada tuações tenham sua participação assegurada. Porém, isso não tem sido suficiente. Há cerca de um mês, a sociedade ficou sabendo, por meio da mídia comercial, que a Vale, o governo de Minas e instituições de justiça estavam construindo um acordo, sem a presença dos atingidos e das assessorias. No dia 12 de novembro, o vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Newton Teixeira Carvalho, suspendeu o sigi-
lo da proposta apresentada pela Vale, mas estabeleceu uma cláusula de confidencialidade. “Atingidos não têm acesso aos documentos da negociação nem assessorias técnicas podem discutir esses documentos com eles e também não têm acesso aos espaços de negociação. Então, não conseguimos garantir o direito à participação informada e também não observamos o respeito ao princípio da centralidade do sofrimento da vítima”, critica a advogada Ísis Táboas, da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas). Fernanda Perdigão critica a postura do governo e do Poder Judiciário, de impedir que as vítimas discutam as decisões que afetam sua própria vida. “Os nossos direitos estão sendo leiloados. O nosso governador Romeu Zema, que deveria promover a lisura do processo decisório e adotar mecanismos de consulta, não está fazendo isso”, acrescenta. Outro lado O governo de Minas afirma que tem recebido associação de familiares de vítimas e atingidos. O governo também afirma que o acordo está sendo discutido abertamente e cita como exemplos três audiências públicas sobre o tema, sendo duas na Assembleia Le-
EXPEDIENTE O Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em sete estados. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. Este especial é uma parceria do Brasil de Fato MG com a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas). www.brasildefatomg.com.br
Aedas - Coordenação Estadual - Cauê Melo, Heiza Maria Dias, Jéssica Barbosa e Luis Shikasho Aedas - Assessoria Técnica Independente Paraopeba. Este material foi elaborado com contribuições da equipe técnica multidisciplinar nas Regiões 01 e 02 de atuação da Aedas. CNPJ 03.597.850/0001-07 / www.aedasmg.org/paraopeba / (31) 9 9840 1487
gislativa de forma on-line. Segundo o governo de Minas, a proposta feita pela mineradora Vale é “insuficiente em razão do volume dos danos socioeconômicos causados pelo rompimento da barragem”.
Consulta sem direito de decidir Um mês após o rompimento da barragem, o governador Romeu Zema (Novo) assinou um decreto criando o Comitê Gestor Pró-Brumadinho, composto por diferentes órgãos do poder público. O objetivo seria coordenar, de maneira articulada, as ações estaduais de recuperação, mitigação e compensação dos danos causados à população dos municípios atingidos. Foram criadas também comissões, com representantes das diferentes comunidades. Um ano e meio depois, Fernanda Perdigão avalia que decisões importantes são tomadas no Comitê, mas não nos espaços onde os atingidos participam de fato. “A comissão não tem uma função deliberativa, é uma função consultiva, porque já foi tudo costurado pelo Comitê. Então, é ridículo pensar que o Estado queira a participação dos atingidos. O discurso é lindo, mas a prática é outra. Isso é ludibriar e limitar, pois vão dar um voto baseado em que, se já está tudo decidido?”, questiona.
Belo Horizonte, novembro de 2020
Atingidos da bacia do Paraopeba reivindicam programa de direito à renda MAB elabora, em diálogo com pessoas atingidas, proposta que garanta condições de luta por processo de reparação integral
ESPECIAL
93
Programa Direito à Renda na bacia do rio Paraopeba
Reprodução / MAB
OBJETIVOS Melhorar as condições de vida de toda a população atingida pelo crime da Vale ao longo da bacia do rio Paraopeba (pessoas que moravam e moram próximas ao rio ou dependiam dele de alguma forma para viver e trabalhar) Ser um instrumento para retomar o desenvolvimento econômico das regiões afetadas
O QUE PROPÕE Raíssa Lopes tado na próxima audiência que discutirá o acordo, omo parte da luta por no dia 9 de dezembro. Além reparação pelo cri- da Vale e do Estado de Mime da mineradora na cida- nas Gerais, participam da de de Brumadinho, em ja- reunião o Ministério Púneiro de 2019, os atingidos blico Estadual (MPE) e Fee atingidas, e o Movimen- deral (MPF), a Defensoria to dos Atingidos por Barra- Pública Estadual (DPE) e a gens (MAB) propõem a implementação do Programa Social de Direito à Renda. Programa será A iniciativa daria contiapresentado na nuidade ao auxílio emergencial, que começou a ser próxima pago pela Vale aos atingi- audiência dia 9 dos em fevereiro de 2019, de dezembro por determinação da Justiça, e corre risco de suspen- Defensoria Pública Federal são desde outubro de 2020, (DPF). quando a empresa anun“É um processo que gaciou a diminuição e o fim rante que as famílias possam ter condições de vida, de trabalho. E também atuar como um potencializador do desenvolvimento 30 mil pessoas econômico das regiões”, exatingidas não plica o integrante do MAB são consideraSantiago Matos.
C
das pela Vale
O que querem os atingidos e atingidas dos repasses. O Programa Social de DiO Programa Social de Direito à Renda sugere que reito à Renda será apresen-
cada pessoa atingida pelo rompimento da barragem de Córrego de Feijão obtenha uma quantia em dinheiro durante cinco anos, para o início de uma reconstrução da vida. Veja as informações no infográfico ao lado. De acordo com cálculo da assessoria e do MAB, existem cerca de 30 mil pessoas que devem ser reparadas, mas ainda não foram consideradas atingidas pela Vale. O programa exige que aconteça uma abrangência territorial maior para o atendimento. Atualmente, só consegue o auxílio emergencial quem mora na faixa de até 1 quilômetro da margem do rio Paraopeba. A gestão do projeto deve ficar a cargo do governo de Minas, com fiscalização da Justiça e participação dos atingidos. “O auxílio emergencial a Vale controla. Ela beneficia quem é mais próximo da empresa, e quem faz o enfrentamento por direitos tem o pagamento atrasado”, conta Santiago.
Duração de cinco anos Um salário mínimo por adulto, meio salário mínimo por adolescente e um quarto de salário mínimo por criança. Cada membro adulto da família deve ter uma conta individual para repasse da verba. As quantias destinadas às crianças e adolescentes serão depositadas na conta da mãe Incluir as cerca de 30 mil pessoas atingidas que ainda não tiveram seus direitos de indenização ou auxílio emergencial reconhecidos Abrangência territorial. Ampliar o atendimento - que hoje, no auxílio emergencial, é para quem vive a 1 quilômetro de distância das margens do rio Paraopeba - para bairros e comunidades atingidas em sua totalidade Inclusão direta de atingidos e atingidas de baixa e média renda. Atingidos de alta renda deverão receber caso comprovem estar dentro do critério da abrangência territorial Os valores do programa de renda não devem ser descontados das indenizações individuais O programa deverá ser gerido pelo governo de Minas e não pela Vale - como atualmente gere o auxílio emergencial -, com devidos mecanismos de controle que incluam a participação dos atingidos e atingidas, Assessorias Técnicas e Instituições de Justiça
14 4
ESPECIAL
Belo Horizonte, novembro de 2020
Atingidos e parlamentares criticam proposta de acordo
DEPOIMENTOS
A PORTAS FECHADAS Atingidos pelo rompimento cobram direito à informação e participação nas discussões entre Vale e governo de Minas Reprodução /MAB
Maria dos Anjos rua Amianto, Brumadinho
Redação
CPI e Comissão Externa
D
uas audiências judiciais aconteceram, no dia 22 de outubro e no dia 17 de novembro, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte, para tratar do possível acordo entre o governo de Minas Gerais e a mineradora Vale. O acordo, que não foi fechado, trata da reparação dos prejuízos econômicos sofridos pelo estado e dos danos morais e sociais coletivos às vítimas do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em janeiro de 2019. Tanto os atingidos quanto as Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) foram impedidos de participar das discussões (veja informações na página 2). Centenas de moradores das cidades afetadas realizaram um ato em frente ao Tribunal para reivindicar participação na discussão. Joelisia Feitosa, moradora de Juatuba e integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), frisou que o acordo “prevê a perda de direitos dos atingidos em favor do Estado” e alertou para o desconhecimento dos atingidos das cláusulas e valores que estão em negociação.
Já solicitei a minuta da negociação e não tive acesso. A situação é gravíssima”, diz deputada
Termos do acordo Na primeira audiência, em 22 de outubro, no TJMG, foi apresentada uma proposta de acordo, por parte do governo de Minas, junto com as defensorias e ministérios públicos, além da Advocacia Geral da União. Depois de pressão, o Comitê Pró-Brumadinho, que reúne diversos órgãos e secretarias do governo, socializou que a proposta previa o pedido de indenização de R$ 54 bilhões. Desse total, R$ 26 bilhões é o montante que a Fundação João Pinheiro estima em perdas econômicas. E o valor dos outros R$ 28 bilhões foi o valor calculado pelas instituições de
Vale e BHP lucraram, de 2016 a 2019, R$ 162 bilhões Justiça para o pagamento de indenizações às famílias dos mortos e demais atingidos por danos morais e sociais. O valor leva em conta a capacidade econômica do poluidor pagador (Vale), com base em seu lucro em 2019. A contraproposta da mineradora não teve seu conteúdo apresentado ao público.
Lucro acima da vida Apenas no segundo trimestre de 2020 a Vale registrou um lucro líquido de R$ 5,3 bilhões. Segundo o Observatório da Mineração, a Vale e BHP, que controlam a Samarco – responsável pelo rompimento da barragem em Mariana, em 2015 – lucraram, de 2016 a 2019, aproximadamente R$ 162 bilhões. As duas são as
maiores mineradoras do mundo. A Vale ocupa a segunda posição na lista de maiores devedores da União, totalizando R$ 39,7 bilhões de impostos sonegados. Em 2019, quando ocorreu o crime, a Vale premiou a sua direção com R$ 19,1 milhões pelo desempenho no ano.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) assina a proposta de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os termos do acordo entre a Vale e o governo do estado. Para Beatriz, a situação é grave. “Já solicitei cópia da minuta da negociação entre a Vale e o governo de Minas Gerais e não tive acesso. A situação é gravíssima. É pela ausência de transparência que propomos essa investigação”. Já assinaram a proposta 20 deputados e são necessárias mais seis assinaturas para que o pedido seja protocolado e enviado para a Mesa Diretora que decide se a CPI será, ou não, instaurada. Na Câmara Federal, o deputado Rogério Correia (PT) solicitou a abertura de uma Comissão Externa para acompanhar e fiscalizar a negociação, que foi instalada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. “Dia 9 de dezembro tem uma nova audiência marcada pelo TJMG e temos pressa. Vamos marcar reuniões e requisitar documentos”, afirmou o deputado.
“Nossas casas ficam a trinta metros do rio, que ficou cheio de rejeito, restos mortais e minério, enchendo de urubus e cachorros. Com a enchente de janeiro desse ano os rejeitos vieram para os quintais, atingiram o campinho das crianças e contaminaram as plantações”.
Adilson Ramos - Reta do Jacaré, Mário Campos “Recebemos caminhões de água potável, imprópria e insuficiente para produção e para qualidade e desenvolvimento da horta. Tivemos que reduzir as plantações por falta de água. A piscicultura aqui na região é grande, mas a água com cloro mata os peixes”.
Miriam Papp, de Betim “Não temos mais renda, nem animais, como recomeçar?Eu era produtora de queijo e perdemos o negócio após o rompimento. Hoje eu tomo medicamentos para parkinson, para o estômago e para dormir”.
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
BRASIL
15 11
Candidaturas de centro-esquerda lideram pesquisas em seis grandes cidades do Nordeste Intenções de voto projetam cenários favoráveis ao campo progressista contra chapas de direita ou centro-direita Divulgação
Mariana Castro
A
lianças a favor de pautas progressistas e para barrar candidatos da direita ou extrema-direita lideram as intenções de voto em seis importantes cidades no Nordeste brasileiro. Fortaleza (CE), Recife (PE), Aracaju (SE), Feira de Santana (BA), Vitória da Conquista (BA) e Maceió (AL) caminham para o segundo turno das eleições municipais com candidaturas do PT, PDT e PSB à frente nas pesquisas. FORTALEZA Em Fortaleza, o candidato Sarto Nogueira (PDT) enfrenta o deputado federal Capitão Wagner (Pros), aliado de Bolsonaro. Para o segundo turno, Sarto conseguiu uma ampla aliança que inclui nomes como
Apoio à Manuela O Comitê Suprapartidário Manuela Prefeita se formou entorno da candidata do PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, o grupo reúne intelectuais, artistas e lideranças populares e políticas. Na quarta feira (25), o grupo lançou um manifesto e um conjunto de charges em apoio à candidata. No Facebook do Comitê (Facebook.com/ComiteSuprapartidarioManuelaPrefeita), é possível conferir todas as pessoas que assinam o manifesto
o do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), Rodrigo Maia (DEM), Tasso Jereissati (PSDB), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e Ciro Gomes (PDT). A última pesquisa Ibope aponta Sarto Nogueira (PDT) à frente, com 53%
Boulos cresce No segundo turno no município de São Paulo, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) passou de 42% para 45% das intenções de votos, enquanto o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB) caiu de 58% para 55%, entre os dias 17 e 23 de novembro segundo o Instituto Datafolha. Aqueles que optaram pelas opções de votos branco e nulo somaram 9%, e que não sabem ou não responderam, 3%. O candidato do PSOL fica à frente do tucano entre as faixas etárias dos mais jovens: de 16 a 24 anos, tem 65% dos votos a despeito de 35% de Covas; e na faixa seguinte, de 25 a 34 anos, consegue 56% frente a 44%.
dos votos válidos, Capitão Wagner (Pros) com 35%. RECIFE Já em Recife (PE), os primos Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) disputam o segundo turno em meio à troca de farpas familiares. Os dois partidos
são aliados a nível estadual e, nesse sentido, reivindicam os mesmos votos e pautas semelhantes, além da herança política de Miguel Arraes, governador de Pernambuco por três oportunidades e fundador do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Miguel foi avô de Marília e bisavô de João Campos. Na pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira, dia 25, Marília Arraes (PT) tem 41% das intenções de voto, enquanto João Campos (PSB), tem 43%. ARACAJU E MACEIÓ Em Aracaju (SE), o candidato pedetista Edvaldo desponta com 55%, contra 31% da Delegada Danielle (Cidadania). Em Maceió (AL), o páreo é mais disputado, entre JHC, do PSB, com 42%, a Alfredo Gaspar (MDB), com
38% das intenções de voto. FEIRA DE SANTANA E VITÓRIA DA CONQUISTA Nas duas cidades baianas, Vitória da Conquista e Feira de Santana, duelos entre PT e MDB, com vantagem nas pesquisas para os candidatos petistas. Em Feira de Santana, o candidato Zé Neto (PT) lidera as intenções de voto com 40%, contra 36% do atual prefeito, Colbert Martins (MDB). Em Vitória da Conquista, Zé Raimundo (PT) tem 40% dos votos e o atual prefeito, Herzem Gusmão (MDB), tem 37%. No pano de fundo dos confrontos estão as figuras do governador Rui Costa (PT), atuando para fortalecer as candidaturas de seu partido, e de ACM Neto (DEM), que milita pelos candidatos emedebistas.
Infectados pela covid no Brasil chegam a 47 mil em 24h e voltam a níveis de agosto Nara Lacerda O crescimento da covid-19 no Brasil está retomando os níveis apresentados até o fim do mês de agosto. Na quarta-feira (25), o total de novos pacientes com a doença aumentou 47.898 em 24 horas, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass). O número de pessoas que foram contaminadas desde que o vírus chegou ao país soma 6.166.606.
O registro de contaminados se aproxima novamente dos 50 mil, o que não acontecia desde a semana que começou em 30 de agosto e terminou em 5 de setembro. Ainda de acordo com o Conass, em 24 horas houve a confirmação de 654 óbitos. O coronavírus já causou a morte de 170.769 pessoas em território nacional. Recorde global Na quarta-feira (24), o número de óbitos causado pela covid-19 em todo o mundo chegou ao pata-
mar mais alto já registrado para um dia. Segundo a universidade norte-americana Johns Hopkins, que monitora a pandemia globalmente, foram confirmadas 12.785 mortes na terça-feira (25). O total oficial de mortos em todo o planeta é superior a 1.420.000. O Brasil é o terceiro país com maior número absoluto de pessoas infectadas desde que a pandemia foi decretada. Além disso, o país é o segundo na lista dos que mais registraram óbitos.
14 12
VARIEDADES
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
FIQUE
DE OLHO NA MÍDIA
BEM Divulgação / Rádio Novelo
Oi pessoal, tudo bem? Hoje as minhas dicas vão para aquelas pessoas que adoram plantas em casa!
SUAS PLANTINHAS ESTÃO MORRENDO?
VIOLÊNCIA COMEÇA COM PALAVRAS O 25 de novembro marca o Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres. Em tempos de governos de ultradireita, que propagam o machismo e a misoginia (que significa ódio à mulher; se quiser alguns exemplos, o Ministério Público de São Paulo recolheu várias declarações de Bolsonaro e de ministros para embasar um processo de danos morais por “abuso de liberdade de expressão”), refletir sobre as diversas dimensões dessa violência e o que fazer para enfrentá-la ganha atualidade dolorosa. E aqui também precisamos ficar de olho na mídia.
DENTRO DAS REDAÇÕES Maioria na categoria de jornalistas, as mulheres são minoria em cargos de chefia nas redações. No mundo, segundo estudo da Universidade de Oxford, de março de 2020, elas são menos de um quarto das editoras-chefes dos 200 veículos estudados, selecionados por serem os de maior audiência em dez países. No Brasil, segundo a Fenaj, as mulheres representam 64% dos trabalhadores da notícia, mas poucas ocupam cargos de CEO ou editoras-chefe (dos 50 principais veículos, apenas 8). Essa composição talvez ajude a entender o alarmante número de assédios, piadas machistas, violência psicológica e outros tipos de agressão nas redações brasileiras. Confira detalhes na pesquisa: www.mulheresnojornalismo.org.br.
COBERTURA MACHISTA Há diversos estudos, pesquisas, dados e estatísticas. Mas aqui faço um convite para que você mesma faça esse levantamento. Como são reportados os crimes contras as mulheres? A vítima aparece como vítima ou como quase culpada – ou culpada mesmo – pela agressão? Quem são as autoridades nas matérias? Como aparece o corpo da mulher? Qual padrão de beleza, sucesso e reconhecimento é transmitido? Do que falam as mulheres nas matérias e obras de ficção? No contexto eleitoral, as candidatas são respeitadas em suas ideias e propostas? Há contextualização sobre as desigualdades de gênero em diversos espaços, como no esporte, na política e tantos outros? Daria pra ser diferente?
OUTRAS PERSPECTIVAS Diversas iniciativas midiáticas buscam problematizar a desigualdade de gênero. A Agência Patrícia Galvão, por exemplo, “produz e divulga notícias, dados e conteúdos multimídia sobre os direitos das mulheres brasileiras” (agenciapatriciagalvao.org.br). A Agência Pública listou pelo menos 11 experiências de jornalismo feminista. Essas, e outras tantas iniciativas (como o excelente podcast Praia dos Ossos, da linguista Branca Vianna) buscam alargar o debate sobre a realidade vivida pelas mulheres e apontar que a mídia não pode apenas refletir a realidade machista, racista e violenta da sociedade brasileira, mas precisa contribuir para transformá-la. Joana Tavares é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Calma! Primeiro você deve buscar entender o que está acontecendo. Avalie se a terra está muito úmida ou muito seca. As plantas têm demandas diferentes de quantidade de água e, por isso, é importante você pesquisar sobre a espécie. A quantidade de luz também é fundamental para a vida da planta. Observe os locais onde bate mais ou menos sol e mova o vaso, observando sempre a vitalidade das folhas.
CUIDE COM AMOR Sempre regue as plantas nos horários mais frescos do dia, ou pela manhã ou pela noite. Isso vai evitar que ela tenha um choque térmico. Para impedir a perda de água para o ambiente, cubra a terra com palha, com cascas de pinus ou aparas de grama. E para adubar a terra, o que pode ser feito mais ou menos uma vez por mês, você pode aproveitar cascas de frutas, resto de verduras (como talo de couve), água do arroz e saquinhos de chá.
CASCA DE OVO EM VASINHOS Para suas plantinhas viverem mais, você pode fazer um adubo natural de casca de ovo, pois ela possui nutrientes importantes, como cálcio, magnésio e potássio. Porém, não basta somente jogar as cascas na terra, assim demora muito para acontecer a absorção. Por isso, limpe as cascas, deixe-as no forno por 15 minutos e depois as triture. Daí é só colocar esse farelo nos vasinhos. Um beijo da Jana! Janaína Cristina escreve sobre dicas de bem-estar e autocuidado
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Li numa edição anterior que a camisinha masculina não é de tamanho único. Como faço para medir o diâmetro do meu pênis para saber o tamanho que devo usar? Marcos Paulo, 17 anos, estudante. Para saber o diâmetro do seu pênis você precisa estar com ele ereto (duro). Você pode usar um barbante ou algo parecido. Na hora de medir, o barbante deve ficar todo encostado na pele, sem folga e não muito apertado. Dê uma volta com o barbante em torno do pênis, no local que for mais grosso. Estique o pedaço usado nessa volta sobre uma régua e terá o valor do diâmetro. Aí é só olhar na tabela disponível no site e verificar o seu tamanho ideal de camisinha: www.condom-sizes.org/tamanhos-de-camisinha. As medidas todas estão em mm (por exemplo, se a sua medida for 11,5 cm, considere 115 mm na tabela).
Mande sua dúvida para amigadasaude@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
15 VARIEDADES 13
www.malvados.com.br
REFOGADO DE GRÃO-DE-BICO
Reprodução
Modo de preparo
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Baú para joias Atleta eleito o melhor jogador de futsal do mundo por 4 vezes
Medem a emissão Seção de de gases de efeito farmácias estufa, por pessoa onde se ou produto Engana-se vendem artigos de beleza
Grandeza Local de prisão militar dos EUA em Cuba, criticado por suas utilizada práticas de tortura na Química Refutados (os argumentos) (símbolo)
Ingredientes
Comércio Amigo, em francês O tempo passado Cálice do qual Jesus bebeu vinho (Bíb.)
Água de (?), destilado floral Local das oferendas a Iemanjá (Rel.)
Purifica
Traço do arado Personagem de histórias infantis
• • • • • • • •
(?) Hamm, ator
Matou o dragão (Rel.) Tratam neuróticos (?)-do-mar, animal dotado de tentáculos (?) Rosa, atriz Aparelho de voo
Que jorra muito Tecla do micro
VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO. O SINDIBEL É A SUA FERRMANETA DE LUTA E NEGOCIAÇÃO PARA DEFENDER OS SEUS DIREITOS.
Melão, em inglês Estudava (o texto) Sérgio Toledo, cineasta paulistano
Unem por meio de pacto "Como se toca, (?) se dança" (dito)
Diodo de luz utilizado em celulares
Átomo que ganhou elétrons (Quím.) Clube francês conhecido como Os Canários
(?) Kudrow, a Phoebe de "Friends" (?) noção: desprovida de senso de ridículo Campo (?), herança maldita de guerras
3/ami — del — jon. 4/gral — oled. 5/ânion — melon. 7/estuoso.
52
Solução P M E G F AD A E S D C E C A R TA B O N B O
T E R A P E U T A S E R R A
A R F U C A D A L C R S Ã O U O S L A C A S O S A LI N D A L E L I N T E S A
M A R O A L I M D J O R O O N A N A M E L A M O R A N I S A S S N A
MI
O L E D I M P U G N A D O S
B A I A D E G U A N T A N A M O
BANCO
FORTALEÇA O SEU SINDICATO!
Nos unimos à luta das trabalhadoras e trabalhadores de Belo Horizonte para defender os nossos direitos!
Sociedade Anônima (abrev.)
(?) nova, estilo musical de Carlos Lyra
Dica: Para cozinhar o grão-de-bico, deixe de molho de 8 a 12 horas. Além de ajudar a diminuir o tempo de cozimento, o molho contribui para reduzir os gases intestinais e estomacais.
ANÚNCIO
A organização como o Viva Rio (sigla) (?)-consta, certidão obtida na internet
(?) vivas, elemento do paisagismo Grande confusão Tecido de lingeries Salada árabe à base de trigo
1 cebola picada 3 dentes de alho 1 abobrinha picada 1 tomate picado 1 xícara de grão-de-bico cozido Azeite para refogar Salsinha a gosto Sal e pimenta-do-reino a gosto
1. Em uma panela, aqueça o azeite e refogue a cebola e o alho; 2. Junte a abobrinha e coloque um pouquinho de sal; 3. Acrescente o grão-de-bico, mais um pouquinho de sal e pimenta. Deixe fritar; 4. Por último, acrescente o tomate e a salsinha; 5. Sirva com arroz.
Este é o papel do Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (SINDIBEL), uma importante ferramenta de luta e negociação da classe trabalhadora. Se sindicalizando, você ganha acesso gratuito a serviços jurídicos e uma série de benefícios, descontos e condições especiais em diversos estabelecimentos e produtos de sua cidade! Mas além disso, o seu Sindicato fica mais forte e combativo para continuar defendendo os seus direitos. E disso, nós entendemos. São mais de 30 anos de luta em defesa dos servidores e servidoras de BH, onde colecionamentos vitórias e conquistas históricas por direitos, melhores condições de trabalho e um serviço público de qualidade. AMPLIE A SUA VOZ!
14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
“Rádios hegemônicas não têm preocupação em levar informação para o povo” NOVEMBRO NEGRO Em entrevista, Adenilde Petrina, de Juiz de Fora (MG), conta sobre experiências de comunicação e luta na periferia Twin Alvarenga
Larissa Costa
E a partir daí, dentro da rádio, foi criada o evento Agosto Negro, em 2003. Nesse evento, a gente discute assuntos interessantes para a cultura negra e para a raça negra.
A
liderança comunitária de Juiz de Fora e integrante do coletivo Vozes da Rua, Adenilde Petrina foi uma das responsáveis pela rádio comunitária Mega FM, fundada em 1997, que ficou no ar por dez anos, até ser fechada pela Anatel. Com inspiração em iniciativas como a da Rádio Favela, de Belo Horizonte, a Rádio Mega chegou a 70% da cidade com uma programação diversa e plural. Hoje, a rádio é tema de tese, dissertação, monografia e artigos de revista. Mas antes disso, é uma experiência esperançosa de organização social, de comunicação popular na periferia, de formação e luta do povo negro. Confira: Brasil de Fato MG – A senhora começou sua militância política ainda na década de 1970. Como que isso aconteceu? Adenilde Petrina – Comecei com 18 pra 19 anos, aqui no bairro Santa Cândida. Na época, aqui não tinha água, luz, esgoto, calçamento, nem casas direito. A militância começou por necessidade, de todas nós daqui bairro.
E no Santa Cândida vocês criaram a Rádio Mega. Aqui no bairro tinha o DJ Nonô que fazia baile black nas periferias de Juiz de Fora e durante a semana, junto com o grêmio estudantil da escola, ele fazia uma programação de rádio no recreio dos alunos na parte da noite. Conversando com ele, surgiu a ideia de montar uma
rádio comunitária. O povo da comunidade, no principio, ficou meio reticente, mas a rádio comunitária entrou no ar no dia 19 de julho de 1997. E como era a programação da rádio? Na assembleia, ficou definido que a rádio era pra levar informação, conhecimento, consciência, educação e ser uma ponte para a fraternidade dentro da comunidade e em ou-
Os poderosos não querem que a gente se informe tras comunidades que ela conseguisse chegar. Para a programação, cada um escolheu o que queria e apareceram vários tipos de gostos, como samba, sertanejo raiz, pagode, rock n’roll nas suas várias tendências. Tinha
também programas da igreja, mas era tudo plural. Tinha programa dos movimentos populares da cidade, do movimento negro,
Tocamos a rádio no braço, era nós por nós, sem nenhum recurso um programa indígena. Tinha um programa de mulher, que despertou na mulherada a consciência de que a mulher tinha um lugar na história. Tinha também um programa do movimento gay chamado Diversidade . E o hip hop? A cultura hip hop ocupava uma boa parte da programação da rádio e era feita por jovens. Dos programas de rap na Mega, o movimento hip hop começou a se rearticular na cidade, porque já existia, mas tinha saído de cena.
E rádio foi fechada em 2003. A Anatel teve aqui, levou nosso transmissor, mas nós conseguimos outro e funcionamos até 2007, quando a gente sofreu mais ameaças. Foi quando a gente resolveu encerrar as atividades da rádio, mas continuamos com a cultura hip hop, com o Agosto Negro, até chegar em 2013, quando a gente criou o coletivo Vozes da Rua, para cumprir com os mesmos objetivos da Rádio Mega. Imagino que vocês devem ter sofrido muito quando a rádio foi fechada. Sofremos sim, ficamos indignados, porque a gente foi processado, condenado, mas o advogado que nos defendeu de graça mostrou que a gente não tinha interesse de ficar rico ou de ganhar dinheiro com a rádio. Nosso interesse era dar voz aos movimentos populares e às pessoas das comunidades. Só que nas nossas reuniões, a gente discutia sobre conseguir uma concessão. A gente até tentou em 2001, mas não conseguiu e continuamos a funcionar assim mesmo. E nas reuniões, a gente falava que a qualquer hora a rádio poderia ser fechada. Então a gente sentava a pua mesmo, sentava o ca-
cete nas autoridades, falava tudo o que a gente queria, denunciava o que tinha de denunciar, falava dos problemas da comunidade, dos problemas do país, metia o cacete na televisão que não nos representava. A perseguição às rádios comunitárias acontece até hoje. Como a senhora vê isso? A gente ficou sabendo que rádio é igual às capitanias hereditárias, que pertenciam a poucos donos, que são da elite. A elite tem a voz e a gente não tem. As rádios hegemônicas não têm preocupação em levar
Rádio é igual às capitanias hereditárias, pertencem a poucos da elite informação para o povo, pelo contrário, elas desinformam as pessoas. Acredito que por a gente viver em uma sociedade de classes, os poderosos não querem que a gente se informe para não lutar pelos nossos direitos. O que levou ao fechamento da nossa rádio, e de outras tantas no Brasil, foi a força que tem uma rádio dentro das comunidades, à força de organização. E posso atestar essa força porque todo mundo que escutava a nossa rádio sabia muito bem discernir uma informação que era dada pela mídia hegemônica daquela que era dada pelos moradores da comunidade.
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
Maradona e a arte de perceber o outro Pedro Carrano Eu morava em San Cristóbal de las Casas, no sudeste do México, abrigado de passagem na casa de uma amiga. Depois de muito tempo de estrada, finalmente tinha contato com uma televisão e canais por assinatura. O aparelho brilhava na sala como um animal estranho. Estava num daqueles domingos com o corpo e a mente pedindo inércia, o olhar baixo atraído pelo sinal da tevê que, hoje sabemos, foi feito pra relaxar soldados tensos. Sem mais, o zap do controle remoto passou por um canal esportivo argentino que
entrevistava e contava a história do Gabriel Batistuta, o “Batgol”, já em final de carreira naquele ano de 2005. A surpresa do programa foi que, de repente, a produção convidou e Diego Maradona entrou no estúdio, jeito amigo, bonachão, abraça todo mundo, tira sarro de si mesmo e toma parte no debate. O que mais me impressionou naquele episódio, e vez ou outra me vem à memória, foi o fato de que Maradona em nenhum momen-
ESPORTE
15 15
to do programa falou de si mesmo, de sua carreira, de seus feitos – o que seria esperado para um gênio reconhecido da bola e símbolo da resistência de um país. Ele ficou analisando a carreira de Batistuta - “este animal” -, como o chamava. Debateu, riu, valorizou o amigo. Deixou-o até constrangido com os elogios e com o entusiasmo de uma boa roda de conversa. “No, Diego, pará!”. Não sei se o craque sempre teve essa postura. Todos nós, de alguma forma, somos inconstantes, contraditórios, vacilantes. Porém, num mundo rápido onde perceber o outro é uma capacidade que perdemos, quando penso em Maradona, recordo sempre esse episódio.
ANÚNCIO
16
Belo Horizonte, 27 de novembro a 3 de dezembro de 2020
SELEÇÃO FEMININA ENFRENTA EQUADOR, DE EMILY LIMA
CAMPEONATO BRASILEIRO
ESPORTES
16
DECLARAÇÃO DA SEMANA Doha Stadium Plus Qatar
Mariana Sá CBF
A equipe da treinadora Pia Sundhage passa por novo teste a partir desta sexa (27). Às 21h30, na Neo Químia Arena, as meninas do Brasil encaram a Seleção Equatoriana, da ex-técnica da Seleção Brasileira, Emily Lima, em partida amistosa. Na ter-
ça (01/12), as duas equipes voltam a se enfrentar, desta vez no Morumbi. Os jogos fazem parte do planejamento de Pia Sundhage, como preparação para as Olimpíadas de Tóquio, previstas para o ano que vem.
Pela série B, nesta sexta, o América entra em campo às 19h15 contra o Oeste, na Arena Barueri. Cruzeiro recebe o Confiança às 21h30, no Mineirão. Na série A, Atlético só volta a jogar no dia 6 de novembro, contra o Inter, no Mineirão.
“Ao povo, vou ser eternamente grato. Todos os dias me surpreendem. O que vivi neste retorno ao futebol argentino não vou esquecer jamais. Superou tudo o que eu podia imaginar” Diego Armando Maradona, em sua última entrevista antes de morrer.
Gol contra Gol contra para a morte de Diego Armando Maradona. Seu coração não renasceu como das outras vezes em que a morte o espreitou. No 2020 dos estádios sem público, sem alma, o desaparecimento de Maradona parece outra pá de cal sobre o corpo do futebol.
Gol de placa Gol de placa para a vida de Diego Armando Maradona, com seus erros e acertos, com sua humanidade em estado puro, com seu ardor pela América Latina, com seu futebol de Dios.
Encaminhando
Longa e sinuosa estrada
Pensar jogo a jogo
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Felizmente, a ressaca da classificação na Copa do Brasil não prejudicou o desempenho na Série B. Nos dois jogos após a partida contra o Inter, foram duas importantes vitórias, contra times da parte de cima da tabela, fazendo o América novamenDecacampeão te abrir distância para o quinto colocado e até voltar à briga pelo título. O Coelho garante o retorno à Série A se vencer 7 dos 15 confrontos que restam, o que, a princípio, é tranquilo, tendo em vista a organização, a eficiência e a segurança que a equipe apresenta, mesmo quando enfrenta desfalques e desgastes. O maior destaque continua sendo o coletivo, mas chamam atenção as atuações de Messias, Juninho e Ademir.
Após mais uma vitória, o Atlético descansa no fim de semana, mas seca o São Paulo, que pega o Bahia. Embora alguns estatísticos apontem favoritismo, o Alvinegro ainda tem uma longa e sinuosa estrada a percorrer. E ela recomeça contra o Inter, no dia 6 de dezembro, no É Galo Mineirão. O time vai se doido! virando, mesmo desfalcado de titulares - um conceito que o próprio Sampaoli tentou demolir durante esta temporada. E como se virou com Zaracho de lateral, Hyoran e Nathan na armação em uma partida sofrível em que, além dos três pontos, valeu a homenagem ao gênio Diego Maradona. Contra o Colorado, os agora isolados poderão retornar. E seguimos na mesma toada: viver um dia de cada vez.
Salve, nação celeste! O que todos nós esperamos é fechar a semana do jeito que iniciamos: vencendo. Fizemos uma excelente partida contra a Chapecoense. Se os três pontos não viessem, seria realmente um pecado enorme. La Sóbis provou Negra que pode ser muiBestia to útil nessa caminhada. Para a coisa engrenar de vez, a vitória nesta sexta (27), contra o Confiança, no Mineirão, é fundamental. Apenas nove pontos nos separam do quarto colocado, mas é necessário prudência e pensar jogo a jogo. Deixamos passar pontos importantes, principalmente contra o Figueirense, semana passada. Que esta noite seja bem diferente, com mais um triunfo para a maior torcida de Minas! Saudações celestes!
Para receber as matérias do BRASIL DE FATO MG diretamente no seu celular, envie uma mensagem para
31 98468-4731
/brasildefatomg