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OPINIÃO
A arte é nossa cura
OPINIÃO
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João Paulo Cunha
Não falemos da morte, que ensombrece nossos dias, mas não nos esqueçamos dela.
É tempo de cantar na língua dos animais. Ou, então, acreditar que a vida vai melhorar. Ou ainda, que existem portas de luz a serem abertas.
Quem oferece esse repertório de possibilidades humanas é Marisa Monte, em seu novo disco, “Portas”. Depois de dez anos sem lançar um álbum de canções inéditas, a cantora reúne sua turma, convida novos parceiros e oferece uma dádiva otimista. Não é pouco.
O disco tem 16 canções, em parcerias com Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo, Chico Brown, Seu Jorge, Flor, Silva, Nando Reis, Pedro Baby, Pretinho da Serrinha e Dadi. Uma reunião que evoca dos Novos Baianos ao samba portelense, do rock ao pop. A cantora convoca novos e antigos tribalistas. Fé na taba.
Os arranjos são esmerados, com cordas, metais, sopros e percussão na medida. Tudo para fazer brilhar as canções, alinhavadas pela voz de Marisa Monte. Há um perfume de continuidade – a marca MM – que não é, no entanto, repetição, mas confirmação de um projeto que
habita a memória afetiva de quem se habitou a ouvir música popular brasileira nas últimas três décadas.
Marisa Monte entrega aos brasileiros um disco bonito e consciente. Tem momentos de romantismo, de amor à natureza e de pura poesia. No lirismo das canções, há lugar para apostas, consagração das possibilidades de superação dos nossos dilemas, e até de certo sonho libertário, que nos olha lá da frente.
O depois não é promessa vazia ou alienação que paralisa, mas compromisso. Precisamos nos mexer para merecer que amanhã seja, de fato, outro dia. Mas carecemos também da promessa da beleza, que nos lembre onde queremos chegar.
Quem não gostaria, em tempos de conflagração e isolamento, de “sair para passear ao sol, pisar no capim”, como propõe “A língua dos animais”? Quem não sonha com o que há por trás das muitas portas que se revezam frente ao pessimismo, como na canção que dá nome ao disco? Ou, ainda, que olhe para o horizonte em busca do sol que “vem derreter as nuvens negras”, como na mais cantante e descompromissada faixa, “Pra melhorar”, que fecha o álbum.
Há muitas formas de mostrar coragem e desafiar as trevas. O novo disco de Marisa Monte mostra um tempo que não é o de agora, mas que habita suas evidências e justifica toda a luta que tem impulsionado as pessoas a sobreviver com dignidade. Desde que não deixem de lutar. Uma das formas inventadas pelos homens para cumprir esse destino é a arte. Que instiga, consola e encanta. E cura.
ANÚNCIO
Annie Oviedo Tarifa zero em muitos lugares!
Este começo de mês trouxe duas boas notícias sobre transporte coletivo: no dia 1º de julho foi implementada a tarifa zero em Caeté (MG), e no dia 1º de agosto os ônibus do município de Itapeva, em São Paulo, também serão gratuitos.
Caeté e Itapeva tinham tarifa, respectivamente, de R$ 4 e R$ 4,50. Essa é uma realidade que se repete em outras cidades do interior: tarifas muito elevadas, completamente descoladas das realidades econômicas locais.
A pandemia acelerou a situação de crise em que o transporte coletivo já se encontrava antes, com redução de viagens, de veículos, de linhas e de qualidade, saída de passageiros do sistema, somando-se à pressão para aumento tarifário e, consequentemente, menos passageiros do sistema. Esse é o círculo vicioso da tarifa. A escolha de implementar
Quem pode, opta por carro ou moto. As pessoas desem- tarifa zero, pregadas ou autônomas, porém, não conseguem mais pa- antes de tudo, gar pelo transporte. Basta ver o que aconteceu com o metrô. O aumento vertiginoso da tarifa se traduziu em queda é política abrupta do número de passageiros.
As empresas de ônibus pressionam as prefeituras por algum tipo de auxílio. Dizem estar no prejuízo, mas jamais saberemos, pois não há nenhum tipo de transparência no setor ou informações sobre seus lucros e gastos.
A implementação da tarifa zero procura lidar com esses problemas. Para poder financiá-la, essas cidades movimentaram partes de seu orçamento. Isso mostra que a escolha de implementar tarifa zero, antes de tudo, é política.
É urgente que paremos de tratar o governo como uma empresa que precisa economizar, enxugar, privatizar. Os governos são feitos para o povo e usam recursos do povo. O transporte gratuito pode nos conectar de verdade, modificar nossa relação com o espaço público e ampliar nossas possibilidades de estar, não só de ir e vir. Annie Oviedo é passageira de ônibus e integrante do Tarifa Zero BH
Leia os artigos completos no site brasildefatomg.com.br
Infelizmente, são muitas as histórias parecidas: um amigo ou familiar de político é nomeado em cargo público comissionado, mas exerce suas funções de forma descompromissada e, não raras vezes, sequer aparece para trabalhar.
Essa situação é possível porque a legislação atual permite a nomeação em cargos de liderança e assessoramento de um percentual de pessoas sem vínculo com a administração pública.
O dispositivo, que deveria ser usado para trazer mais dinâmica ao serviço público, desde o início foi cooptado e tem sido usado por muitos políticos para aumentar os seus poderes. Um exemplo é a chamada “rachadinha”.
Ao invés de combater essa prática danosa, e até mesmo criminosa, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, a chamada reforma administrativa, pretende ampliá-la.
Um levantamento do Senado Federal mostra que a reforma administrativa pode aumentar para mais de um milhão o número de indicados políticos no país.
A aprovação por concurso público é um meio de se garantir a impessoalidade e que os candidatos com mais conhecimento sejam selecionados. Já pelo sistema de livre nomeação, o que vale para ser nomeado é o famoso “Quem Indica”.
Não se engane, a PEC 32 vai provocar uma invasão de apadrinhados políticos no serviço público, a expansão do jogo de interesses e o aumento da corrupção. Wagner Ferreira é diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais.
Reforma administrativa vai liberar a contratação pelo famoso “QI”: Quem Indica
ACOMPANHANDO
Na edição 338... Indenização por trabalhador morto: Justiça cobra da Vale o lucro de 4 minutos
E agora...
Vale classifica como “absurda” valor da indenização por trabalhador morto
A mineradora apresentou recurso na Justiça para recorrer da decisão que a condenou a pagar R$ 1 milhão de indenização por cada trabalhador morto no rompimento da barragem em Brumadinho. No documento, os advogados da Vale classificaram o valor como um “absurdo”. A mineradora levaria 255 segundos para lucrar esse valor. A Ação Civil Coletiva, proposta pelo Metabase Brumadinho, representa os 131 trabalhadores diretos e pede indenização referente ao dano moral causado pelo sofrimento.
“Associação de coronéis” é destaque em denúncias de propina na compra de vacinas
ESCÂNDALO Diversos militares foram citados em depoimento
Tiago Pereira, da Rede Brasil Atual
Oempresário e representante de vendas da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, relatou à CPI da Covid, na quinta (15), a participação de uma série de militares das Forças Armadas em negociações suspeitas, na compra de vacinas contra a Covid-19.
O primeiro citado foi Gláucio Octaviano Guerra, coronel reformado da Aeronáutica, que atua na embaixada brasileira em Washington. Segundo Cristiano, Guerra o apresentou a Herman Cardenas, CEO da Davati nos Estados Unidos.
A empresa ofereceu ao governo milhões de doses da AstraZeneca. No entanto, a própria AstraZeneca negou qualquer relação com a Davati. Nas negociações, também foram oferecidas vacinas da Jansen. O governo canadense investiga a Davati por oferta fraudulenta desses imunizantes.
Na CPI, Cristiano relatou que, no dia 12 de março, participou de reunião que contou com a presença dos militares citados. “Me levaram ao Ministério da Saúde o Reverendo Amilton, o Dominguetti, o Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil. Nas dependências do Ministério, estavam o coronel Boechat, coronel Pires e o secretário Élcio Franco”.
Comissionamento
O policial militar Luiz Paulo Dominguetti disse ter recebido pedido de propina de U$$ 1 por vacina, em negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca. O pe-
Leopoldo SIlva / Agência Senado
Cristiano Carvalho na CPI da covid
Depoimento na CPI revelou militares das Forças Armadas em negociações suspeitas na compra de vacinas
dido teria sido feito pelo ex-diretor do departamento de logística do Ministério Roberto Ferreira Dias. Ele nega as acusações.
Em depoimento à CPI, Cristiano disse que não tomou conhecimento desse pedido de propina, mas contou que Dominguetti mencionara um pedido de “comissionamento”. “Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do Tenente-Coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco, que é de nome Odilon”.
Blanco e Odilon
O tenente-coronel Marcelo Blanco era assessor de Roberto Dias no departamento de Logística. Ambos foram exonerados no mês passado, quando surgiram as denúncias. Blanco teria participado do jantar em Brasília no qual Dias teria feito o pedido de propina a Dominguetti. Já o coronel Odilon foi citado por Dominguetti como a pessoa que apresentou Blanco a ele. Cristiano disse não conhecer Odilon pessoalmente, mas foi contatado pelo militar.
Helcio Bruno
O coronel da reserva do Exército Helcio Bruno de Almeida é presidente do Instituto Força Brasil, uma ONG que apoia as principais bandeiras do governo Bolsonaro e já foi alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga esquemas criminosos de mensagens falsas.
O site do instituto foi retirado do ar na quarta (14), mas, nas redes, sociais há postagens defendendo liberação de armas e uso de medicamentos do chamado “tratamento precoce”, sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
O policial Luiz Paulo Dominguetti denunciou pedido de propina de U$$ 1 por dose da AstraZeneca
Helcio Bruno e o reverendo Amilton Gomes de Paula teriam sido os responsáveis por intermediar a reunião dos representantes da Davati – Dominguetti e Cristiano – no Ministério da Saúde. son Boechat Tinoco Ponciano é coordenador-geral de Planejamento do Ministério da Saúde. Ele teria alertado Cristiano sobre as investigações em curso, pelas forças policiais canadenses, contra a Davati.
Marcelo Bento Pires também é coronel do Exército. Ele passou para a reserva em novembro de 2020. Em janeiro deste ano, foi nomeado para a coordenação do Plano Nacional de Operacionalização das Vacinas contra a Covid-19 do ministério. Ele foi acusado pelo servidor Luis Ricardo Miranda de fazer pressão pela liberação da vacina indiana Covaxin, outro caso de corrupção que está sendo investigado.
Élcio Franco
O coronel da reserva Élcio Franco foi secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello. Em janeiro, ele ordenou que fossem concentradas nele todas as tratativas para negociações das vacinas. Franco foi demitido dias após a saída de Pazuello. Desde abril, ele é assessor especial da Casa Civil, sob comando do general Luiz Eduardo Ramos.
Muito além de cartas: entenda a importância dos Correios no interior do Brasil
DIREITO Empresa pública entrega livros e garante auxílio emergencial em comunidades sem acesso à internet
Mariana Castro, de Imperatriz (MA)
Sem sinal de celular, sem asfalto e sem pressa, a comunidade do povoado Ludovico, com cerca de 120 famílias no interior do Maranhão, escolhe um dos municípios mais próximos para resolver pendências, receber correspondências e até os livros escolares.
A professora Áurea Alves ministra as disciplinas de Filosofia e Língua Portuguesa na escola da comunidade, que atende cerca de 300 pessoas. É dos Correios que chegam os materiais didáticos e as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de Ludovico. Uma das cidades mais próximas com agência dos Correios é Lago do Junco, município com pouco mais de 10 mil habitantes, a 28 km do povoado.
Os Correios também resolvem problemas relacio-
Valter Campanato / Agência Brasil
Única estatal federal presente em todos os municípios, a ECT oferece mais de 100 produtos e serviços
nados aos programas sociais. “A nossa comunidade é isolada, fica na zona rural, mas a gente tem, pelo menos, um mínimo de acesso. Em solicitações de prova de vida de aposentados, por exemplo, essas cartas chegam ao Correio, que identifica todas as comunidades. Às vezes, uma pessoa daqui vai lá e pega o de todos da comunidade. Eu já fiz muito isso”, conta Áurea.
Com renda baseada no extrativismo do coco babaçu e
na agricultura familiar, a região tem movimentos, associações e cooperativas que utilizam os serviços da empresa pública para receber materiais de estudo, enviar seus produtos e garantir o desenvolvimento de projetos com financiamento nacional e internacional. Áurea explica que é pelos Correios que são enviados os documentos das associações, inclusive para quem financia os projetos, no estado de Minas Gerais e na Alemanha.
Presente em todo o país
Única estatal federal presente em todos os municípios brasileiros, os Correios teve origem em 1663. Além da distribuição de correspondências, oferece mais de 100 produtos e serviços de apoio ao Estado brasileiro, como a inscrição e regularização de CPF, fundamental em municípios da Amazônia e da região Nordeste.
Na pandemia, o acesso ao auxílio emergencial só tem sido possível graças ao papel desempenhado pelos Correios. Em 2020, graças a uma parceria com a empresa estatal, qualquer pessoa sem acesso à internet ou aplicativo da Caixa tem o serviço efetuado gratuitamente pelos funcionários dos Correios, que também oferecem os serviços bancários de saque e transferências, nas regiões que não têm agência bancária.
Empresa lucrativa
Em 2020, os Correios registraram lucro de R$ 1,53 bilhão, segundo balanço divulgado no Diário Oficial da União. “O governo retira recursos dos Correios para desenvolver as suas atividades. Mesmo assim, o que tem acontecido são ataques do governo, que, com suas políticas voltadas para a questão empresarial, tem gradativamente destruído os Correios, até levar à privatização”, diz Antônio Ivanildo Pereira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Maranhão (Sintect-MA).
Bolsonaro muda regras de privatização da Eletrobras, tornando-as ainda piores
Em 31 de maio deste ano, o governo federal propagandeou a aprovação do Conselho de Administração dos Correios às Demonstrações Contábeis de 2020 da estatal. O relatório aponta que a empresa apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão – maior resultado nos últimos dez anos. Em nota, o Executivo destacou ainda “outros indicadores financeiros importantes”, como o crescimento de 84% em relação ao ano de 2019 no patrimônio líquido dos Correios,
Fábio Rodrigues Pozzebom
totalizando, aproximadamente, R$ 950 milhões.
Entre os destaques feitos pela gestão Bolsonaro, foi ressaltado o recorde histórico de 2,2 milhões de encomendas postadas em um único dia, alcançado em 30 de novembro, e as receitas internacionais – obtidas por meio de serviços prestados a Correios de outros países –, que ultrapassaram o marco de R$ 1,2 bilhão, outro recorde para a empresa.
Em maio, a Câmara dos Deputados aprovou, sob intensos protestos, a tramitação de urgência do PL 591/2021, que abre caminho para a privatização dos Correios. De autoria do governo Bolsonaro, o pedido foi avaliado pelos parlamentares e recebeu 280 votos favoráveis e 165 contrários à medida.
Com a decisão, a proposta pode ser votada diretamente no plenário, sem necessidade de apreciação pelas comissões legislativas. Do ponto de vista do conteúdo, o PL liberava o Poder Executivo para converter a estatal, que hoje está 100% nas mãos do poder público, em uma sociedade de economia mista. A nova estratégia, contudo, prevê a venda integral dos Correios.
Protestos em Cuba podem ter sido estimulados por redes sociais e seus algoritmos
GUERRA HÍBRIDA Além da pandemia, ilha passa por dificuldades na economia e na saúde, principalmente por bloqueio econômico comandado pelos EUA
Da Redação
Os protestos em Cuba estão gerando vasta audiência nos meios de comunicação brasileiros. Mídias que sempre foram contrárias à Cuba não escondem a satisfação em publicar matérias e vídeos sobre uma possível “primavera cubana”.
Na análise do professor e jornalista franco-espanhol Ignacio Ramonet, em entrevista à Prensa Latina, Cuba está enfrentando uma agenda de desestabilização previamente desenhada, que tem relação com estímulos por meio das redes sociais. Esse processo, segundo Ramonet, tem semelhanças do que ocorreu na “Primavera Árabe”.
Como estão os países árabes?
Em 2010, iniciou-se uma série de protestos em dez países do Oriente Médio e norte da África, onda que ficou conhecida como a “Primavera Árabe”. As populações se manifestaram contra as difíceis condições de vida e contra seus governos. Frente aos protestos, diversos presidentes renunciaram.
Hoje, a repressão e as más condições de vida continuam e até se tornaram piores que antes da “primavera”. A Líbia, a Síria e o Iêmen sofrem com enormes crises humanitárias, com milhares de mortes e de refugiados.
A onda de manifestações árabes também teve grande presença de jovens, como em Cuba. Mais uma semelhança é o método: foram protestos organizados e estimulados através das redes sociais, principalmente Facebook e Twitter.
As redes sociais, que com seus algoritmos interferem em quais conteúdos irão ser mais mostrados aos usuários, são apontadas como parte de um método de revolta estimulada de fora dos próprios países, mas com a aparência de que foram os cidadãos que a geraram. A isso tem se dado o nome de “Guerra Híbrida”. Uma forma de um país causar instabilidade em outro, e até derrubar seu governo, sem a necessidade de usar forças militares.
Reproducao Telesur
De insatisfações, nasce um cenário de apocalipse
O jornalista Ramonet relembra que Cuba passa por dificuldades na economia e no setor da saúde. Em particular por conta das 240 me-
didas aplicadas pelo governo de Donald Trump (20172021), ex-presidente dos Estados Unidos, que intensificou o bloqueio econômico ao país. Há 60 anos, inúmeros países e empresas são proibidas de vender ou comprar produtos de Cuba, por ordem dos EUA.
Soma-se a esse cenário os problemas causados pela pandemia do coronavírus.
“Quando as pessoas estão em condições severas, acontecem eventos como os que vivemos”, declarou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, eleito em 2019. “Por que [os EUA] não
Por Michele de Mello De Caracas (Venezuela)
A Bolívia denunciou que o ex-presidente argentino Maurício Macri (2015-2019) enviou armamento para favorecer o golpe de Estado de outubro de 2019. Segundo a ministra de governo, María Nela Prada, o material bélico teria chego a La Paz em 12 de novembro de 2019, mesmo dia em que Jeanine Áñez se autoproclamou presidenta.
“O mundo está condenando esta reedição do Plano Condor, como foi no período das ditaduras militares, quando houve colaboração entre as forças contrárias à vontade popular para reprimir e conseguir através das balas o que não conseguiram nas urnas”, declarou Prada.
Foram enviados à Bolívia, pelo ex-presidente argentino, 40 mil cartuchos AT 12/70 e bombas de gás lacrimogênio. O governo boliviano denuncia que essa munição foi usada nos massacres de Sacaba e Senkata, nos dias 11 e 15 de novembro de 2019, que terminaram com 22 mortos.
O atual presidente argentino, Alberto Fernández, pediu desculpas ao povo boliviano através de uma carta e expressou sua “dor e vergonha” frente à denúncia de La Paz.
têm coragem de abrir o bloqueio? Um governo estrangeiro pode aplicar essa política a um país pequeno e em meio a situações tão adversas?”, questionou.
O que diz o cônsul-geral de Cuba
Em entrevista ao portal Viomundo, o diplomata Pedro Monzón admite insatisfação popular em Cuba, especialmente frente aos apagões causados pela falta de óleo diesel nas usinas termelétricas. No entanto, para ele, os recentes protestos estão longe de representar uma ameaça ao regime, a não ser nas redes sociais e na mídia corporativa internacional.
“O povo está insatisfeito, apesar de ser majoritariamente revolucionário, mas é um terreno fértil para provocar conflitos”, reconhece.
Segundo ele, os EUA gastam milhões de dólares anualmente para fazer propaganda contra Cuba. A origem da recente campanha #SOSCuba, segundo ele, seriam os laboratórios cibernéticos dos EUA, com sistemas de robôs para multiplicar mensagens.
“Se os Estados Unidos aplicassem o mesmo bloqueio à Itália e à França por 60 anos, seriam feitos em pedaços. Criaria um caos político e social. Por que Cuba resiste? Porque o grosso do povo cubano apoia o regime e quer sua independência”, afirma.