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MINAS
Do autoritarismo ao ridículo
Durante muito tempo os militares arrogavam uma aprovação que nunca era bem explicada. A história mostrou a falácia desse mito. Os militares saíram dos quartéis sempre que foi necessário preservar interesses de classe, ainda que metidos em argumentos como a segurança nacional, o desenvolvimento mesmo sem povo, e o anticomunismo acima de tudo. Nesse jogo, mostraram sempre sua carranca violenta e antidemocrática.
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Pois bem, Jair Bolsonaro, um mau militar de acordo com seus próprios superiores durante sua atribulada carreira, vem contribuindo para desonrar as Forças Armadas nesses três parâmetros. Afastado por insubordinação, reformado para não receber punição mais grave, sem qualquer histórico de contribuição para o Exército, o ex-capitão oferece um to, ainda que questionável, de portadores de valores positivos para grande parte da população e dos próprios conscritos. Nunca os militares estiveram tão em baixa na sociedade. Perderam os três pilares que sustentavam seu mito: a autoridade, a competência e a honestidade.
Militares, incompetência e corrupção
A autoridade foi maculada pela sucessiva troca de titulares de cargos de comando das forças. A competência se desmanchou como o inchaço da máquina pública de detentores de patentes, da ativa e da reserva, sem qualquer impacto na qualidade dos serviços prestados. Para ficar num exemplo paradigmático, o general Eduardo Pazuello se tornou a expressão da inépcia militar.
Com relação à honestidade, a CPI da Covid no Senado está cumprindo o papel de exposição e investigação de algumas das maiores e mais detestáveis operações de corrupção da história do país. O enredo, que é sórdido, tem várias pegadas militares. De coronéis-assessores do Ministério da Saúde a soldados-vendedores, a corrupção tem sempre o pano verde da farda, disfarçado em ternos, rondando os negócios.
Mas Bolsonaro não aquieta o facho em matéria de humilhar quem o humilhou. Com o desfile patético de máquinas de repressão imprestáveis no Eixo Monumental de Brasília, desceram mais um nível: o ridículo. Se era para pôr pressão nos congressistas que votavam a volta do voto impresso, não funcionou. Se foi para mostrar poder de fogo, deu chabu. Haja recalque.
Forças Armadas seguem ordens de um subalterno
exemplo clássico do que Freud chamava de “retorno do recalcado”.
Assim, o reformado-recalcado contribuiu para desmoralizar os militares e tirar deles o concei-
Nunca os militares estiveram tão em baixa OPINIÃO
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Sind-UTE/MG convoca Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação, das Unidades Escolares,Superintendências Regionais de Ensino (SRE’s) e do Órgão Central para:
17/8 (terça-feira), às 14h ASSEMBLEIA ESTADUAL DE GREVE SANITÁRIA COM PARALISAÇÃO TOTAL DAS ATIVIDADES
PARA EFEITOS DE ORGANIZAÇÃO, O CADASTRO PARA PARTICIPAÇÃO NA ASSEMBLEIA VIRTUAL DEVE SER PREENCHIDO PREVIAMENTE. PARA SE INSCREVER É PRECISO ACESSAR O LINK:
V I R T U A L
As mesmas pessoas que sempre criticaram o funk
passaram a 18/8 (quarta-feira):
comemorar a tri-
lha com Baile de GREVE NACIONAL DO SERVIÇO favelaPÚBLICO COM PARALISAÇÃO
TOTAL DAS ATIVIDADES: REALIZAÇÃO DE ATOS LOCAIS
(atos virtuais, carreata, manifestações.)
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Jogos, esportivos
e políticos ajudam a entender quem #EMDEFESADAVIDA #VACINAPARATODOSETODAS somos e o tempo em que vivemos @sindutemg @sindutemg @SindUTEMG1
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Bolsonaro ataca TSE novamente e mantém tensão institucional em alta no país
AMEAÇAS “Não há nada que indique um distensionamento daqui para 2022, muito pelo contrário”, analisa cientista política
NOTÍCIA-CRIME Sete ministros do tribunal assinam pedido enviado ao STF para investigar ataques nas eleições de 2018
Cristiane Sampaio
O naufrágio da proposta do voto impresso no Legislativo não foi suficiente para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interromper o fluxo contínuo de ataques ao sistema eleitoral. Na quarta-feira (11), o chefe do Executivo voltou a questionar a segurança do processo adotado pelo país e novamente investiu fichas contra a cúpula do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao mentir, durante conversa com apoiadores, sobre o placar da votação realizada na terça (10) pelo plenário da Câmara dos Deputados para avaliar a proposta, Bolsonaro afirmou que “metade [dos parlamentares] não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE,
Para Pablo Holmes, se o STF parece não ter tantas armas contra Bolsonaro e no Legislativo o presidente tenta se blindar por meio da busca por maior proximidade com o centrão, no front do TSE o terreno político soa como algo um tanto mais derrapante para o chefe do Executivo.
“No TSE, a coisa muda completamente de figura, porque ele responde a vários procedimentos no Tribunal e lá o procurador-geral da República não tem o mesmo poder que tem no STF. Primeiro, porque o procurador-geral eleitoral (PGE) no TSE tem mandato e é alguém que parece não estar compromenão acredita que o resultado no final ali seja confiável”. De um lado, a declaração enganosa do presidente maquia o jogo travado pela Casa em torno da disputa, que, na verdade, contou com 218 votos de rejeição à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135/19 contra 229 deputados que se mostraram favoráveis à ideia – metade dos
Nelson Jr. SCO STF / Alan Santos PR
parlamentares seria o correspondente a 257 votos, e não 229 apoios, como recebeu a medida.
Bolsonaro acusou presidente do TSE de ter chantageado parlamentares
De outro lado, com a manifestação, Bolsonaro demonstra que descumpriu o acordo anterior que teria feito com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que encerraria a polêmica em torno da pauta do voto impresso e respeitaria o resultado que viesse a ser dado pelo plenário.
Mas o chefe do Executivo chegou inclusive a acusar o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, de supostamente ter chantageado parte dos parlamentares que votaram contra o texto.
Antecipação a possível derrota em 2022
Com isso, o presidente indica para o mundo político que continuará gastando energia em sua cruzada contra o sistema eleitoral e, portanto, estimulando a crise institucional. É o que avalia a pesquisadora Grazielle Albuquerque, doutora em Ciência Política pela Universidade de Campinas.
“A derrota do voto impresso na Câmara representa uma questão importante? Sim, mas ela é um ponto de uma agenda maior, que visa, inclusive, a tentar justificar uma possível derrota em 2022. Por isso, a coisa não deve se encerrar agora”, projeta a cientista política.
“O governo Bolsonaro atua muito na desestabilização das instituições. Não há nada que indique que haverá um distensionamento institucional daqui para 2022, muito pelo contrário”, acrescenta a pesquisadora.
Evaristo Sá /AFP
tido com o Aras e, segundo, porque o próprio TSE pode fazer inquérito”.
A declaração do professor é uma referência à recente nomeação do subprocurador-geral da República Paulo Gonet Branco para atuar na condição de vice-procurador-geral eleitoral, o número dois de Augusto Aras jno TSE.
Na prática, Gonet irá representar a PGR no pleito de 2022. Ele terá a função de fiscalizar o processo eleitoral e propor ações judiciais contra os candidatos. Além disso, na lista de atribuições de Gonet estará a produção de pareceres nos processos que estarão sob o crivo do TSE. O procurador chega ao cargo em meio à escalada de conflitos que o chefe do Executivo tem incentivado com o tribunal em sua expedição contra as urnas.
Vazamento de inquérito da Política Federal
“No TSE, acho que muda totalmente o jogo porque o Aras não controla o PGE, que tem mandato. E ele [Gonet] não deu, por exemplo, nenhuma declaração contrária à notícia-crime que foi enviada pelo TSE ao Supremo contra o Bolsonaro. Então, no TSE, a coisa pode ser muito mais arriscada para o Bolsonaro”, encerra Holmes.
Encaminhada na segunda (9), a notícia-crime foi motivada por vazamento de inquérito sigiloso da Polícia Federal que apurou o ataque virtual enfrentado pelo STF em 2018, quando um hacker invadiu o sistema da Corte, segundo a qual a invasão não colocou em risco o processo eleitoral daquele ano.
Atacar sistema eleitoral é tática comum para minar confiança nas democracias e gerar caos
AUTORITARISMO Em sua cruzada pelo voto impresso, Bolsonaro mira um dos pilares democráticos e repete postura de Trump
Líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022, ele volta à estrada após recuperar direitos políticos
Daniel Giovanaz
O Brasil demorou a comprar vacinas contra a covid, está de volta aos patamares do Mapa da Fome e atingiu uma taxa de desemprego recorde. Essas três situações impactam a vida de milhões de famílias na pandemia, mas passam longe dos discursos de Jair Bolsonaro (sem partido). Há uma semana, o presidente só fala em supostos problemas no sistema eleitoral.
A próxima disputa presidencial no Brasil será em 2022, e Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto – atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou seus direitos políticos em março. de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso, que acabou derrotada na Câmara dos Deputados na terça-feira (10). Mesmo assim, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continua sendo alvo dos discursos do capitão.
Marcelo Camargo / Agência Brasil
O Planalto apostou todas as fichas na Proposta
Bolsonaro utiliza de base armada, nas polícias militares, nas milícias, nos clubes de atiradores
Tirar o foco dos problemas reais
Segundo pesquisadores ouvidos pelo Brasil de Fato, tirar o foco dos problemas reais do país é apenas um dos objetivos do ataque de Bolsonaro às urnas eletrônicas.
O cientista político Vitor Marchetti observa que o presidente brasileiro segue uma cartilha que vem sendo adotada por candidatos conservadores em outros países, como Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2020, representantes da direita boliviana em 2019, e Keiko Fujimori, no Peru, este ano.
“A lógica é a mesma, de produzir instabilidade para o cenário eleitoral. Porque é por meio do caos, que essas figuras conseguem se colocar como ‘antissistema’. Tudo isso é parte de um sistema desestabilizador, que é uma estratégia para favorecer seu grupo na concentração e centralização do poder”, analisa.
O passo a passo é simples, mas arriscado. Se conseguirem minar a confiança pública na eleição, esses políticos colocam em xeque as bases da democracia liberal e abrem caminho para governar sem o respaldo das urnas.
O discurso precisa ser direto e agressivo, para que as bases de apoio se sintam convocadas a defender esses políticos a qualquer custo. Na pior das hipóteses, o adversário que vencer as eleições assumirá sob desconfiança de parte da população.
Lula no Nordeste: ex-presidente percorrerá seis estados por 11 dias a partir de domingo
Redação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltará a percorrer o Brasil a partir de domingo (15), após 580 dias preso sem provas pela operação Lava Jato. O primeiro destino é o Nordeste, região onde o petista nasceu e onde seu partido obteve a maior proporção de votos nas últimas eleições.
Durante 11 dias, Lula e sua equipe percorrerão seis estados: Pernambuco, Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. A programação inclui encontros com deputados e governadores de cada estado, além de movimentos populares e sindicais. Diferentemente dos giros anteriores, não está previsto nenhum ato aberto ao público.
Lula realiza caravanas de ônibus pelo Brasil desde os anos 1990. O objetivo, segundo os organizadores, é conhecer as demandas dos trabalhadores brasileiros e transmitir esperança. A última edição ocorreu em 2018, pelos três estados da região Sul.
Lula e o Nordeste
Natural de Garanhuns (PE), o ex-presidente é considerado o político mais popular da região Nordeste. Entre 2001 e 2011, durante os governos PT, a renda per capita da região cresceu 73%. O período também foi marcado pelo investimento em cisternas e pelo avanço na transposição do Rio São Francisco.
O Nordeste concentra ainda o maior número de beneficiários do Bolsa Família. O programa é uma das marcas registradas dos governos PT e reduziu a extrema pobreza em cerca de 25% no país desde 2003.
Na última eleição presidencial, em que Lula foi impedido de concorrer, os nordestinos foram responsáveis por 43% dos votos obtidos pelo candidato Fernando Haddad (PT), derrotado por Jair Bolsonaro (sem partido) no segundo turno.
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