Cristiane Mattos / FMF
Divulgação
Final no Mineirão
Brigadeiro de dendê
Cruzeiro e Atlético decidem título do Campeonato Mineiro feminino no domingo (21)
Aprenda com a chef Aline Chermoula como fazer esse quitute mais do que brasileiro
ESPORTES 16
VARIEDADES 13
Edição Especial Nº 17 / 2021 Circulação nacional Distribuição gratuita
MG
Minas Gerais Belo Horizonte, 19 a 25 de novembro de 2021 • edição 361 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita
ESPECIAL
Consciência Negra: por que ser antirracista?
O Dia 20 de Novembro marca, em todo o país, a luta contra o racismo. Desta vez, organizações populares e movimentos negros realizam manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro. Em Minas Gerais, quase 20 cidades organizam ações de rua. Em edição especial, relembre conquistas da população negra que têm sido sabotadas pelo presidente, saiba quais comentários inocentes alimentam o racismo e fique por dentro de dicas culturais sobre o assunto I ESPECIAL
Casa Dona Ivone Lara
Parlamentares negras
Projeto em Sete Lagoas ajuda mulheres negras e periféricas a ter alimentação saudável a partir de quintais sustentáveis
PRECONCEITO? Povo negro conquistou e deputadas negras mineiras sobre suas dos dois principaisANCEsTRAL candidatos em 2022 Unidade e oposição ao nano base da luta. Entenda como lutas direitos e disputas legislativo projetaalguns ex-presidente
CONSCIÊNCIA CIDADES 4
Lula lá, na Europa
INGENUIDADE OU LUTA RAIO X O Brasil de Fato MG ouviu vereadoras Discrepância entre as viagens simultâneas Veja5como Bolsonaro MINAS
tenta sabotar essa história de resistência
comentários que BRASIL 2 E 6 parecem inocentes alimentam o racismo
governo Bolsonaro são pautas da 18ª Marcha da Consciência Negra
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 19 a 25 de novembro de 2021
OPINIÃO
Há algo de simbólico nas viagens de Lula e Bolsonaro ao exterior João Paulo Cunha
ESPAÇO DOS LEITORES “O Zema é que devia ser alvo de impeachment, governador lixo” Michelle Ferreira comenta entrevista “CPI da BHTrans: ‘A fonte de corrupção está nas empresas, não no Estado’ afirma vereadora”
-“Zema, como Bolsonaro, foi um grande equívoco eleitoral! Trata-se de um empresário inapto para a posição de chefe de Executivo com pouca ou nenhuma experiência em gestão pública”
Marco Túlio Soares sobre conteúdo especial “O que está por trás da venda da Cemig”
-“Tem que pressionar os cinemas locais... Perguntar nas redes sociais se estão exibindo, mostrar interesse. Pressionar. O governo faz a parte ideológica de boicote do filme, mas o povo tem força” Mariana Lino sobre a matéria “Por que o filme “Marighella” continua com exibição restrita no país apesar do sucesso?”
-“Esse empregador devia ir para a cadeia! Agora ele vai escravizar outros”
Giselle Dietze sobre “Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em MG
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
A A imprensa familiar brasileira é capaz de tudo para fugir dos fatos. A não cobertura da viagem de Lula à Europa foi um exemplo de como, para não fazer seu trabalho, comete pecados mortais do jornalismo: foi furada por jornalistas independentes e segurou a opinião de seus colunistas. Curto e grosso: chegou tarde, censurou e pediu arrego. Ao mesmo tempo, a mesma mídia empresarial esteve atenta à viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio, frente a uma comitiva nababesca e uma pauta chinfrim, em que o único destaque foi uma conversa sobre troca de prisioneiros. Isso mesmo, troca de prisioneiros. O contraste com a viagem de Lula é significativo. O petista foi recebido por presidentes e lideranças eleitas de democracias consolidadas, como França, Alemanha, Espanha e Bélgica. Bolsonaro teve como interlocutores dita-
A imprensa familiar brasileira chegou tarde, censurou e pediu arrego dores e adversários dos direitos humanos. Lula recebeu prêmios e homenagens de um dos mais importantes centros de pensamento político do continente. Bolsonaro ganhou jantar dos empresários brasileiros que saíram daqui para puxar saco e fritar bife no deserto. Nas conversas de Lula, temas como crise climática, emergência sanitária, desigualdade, ameaças à democracia, pobreza, combate à fome, futuro da
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
União Europeia e integração da América Latina. Foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente francês Emmanuel Macron, aplaudido no Parlamento Europeu e ganhou espaço nos mais importantes jornais do continente. Já Bolsonaro, antes de passear de motocicleta, falou de grafeno e bateu no peito para dizer que o Enem é a cara do governo, comemorando mais uma crise na política educacional. Emendou o chorrilho de asneiras dizendo que a floresta Amazônica é úmida e por isso não pega fogo. Ou seja, viajou para longe e gastou muito
Nas conversas de Lula, temas como crise climática e combate à fome dinheiro para não sair do lugar onde sempre esteve. Para se sentir em casa, tinha até o governador de Minas, Romeu Zema, ao seu lado. Há algo de simbólico nas duas viagens simultâneas dos nomes mais fortes, no momento, para as eleições de 2022. Bolsonaro procurou nos países seus semelhantes políticos: autoritarismo, apreço por lideranças autocratas e isolamento internacional. Lula, ao abrir espaço para diálogo em espectro político ampliado e em torno dos temas mais sensíveis da pauta mundial, se apresenta como interlocutor confiável para o mundo. E até mesmo indispensável, quando se pensa na América Latina, na preservação ambiental e no papel a ser desempenhado pelas economias emergentes.
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Declaração da Semana “O que está acontecendo cotidianamente: retrocesso, desrespeito ao nosso povo, aos artistas e a todos que se rebelam contra as manipulações, conveniências e torturas. Salve todos os nossos ancestrais! Porque tudo o que nos foi deixado é o que nos impulsiona”
GERAL
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Números da Semana
803
quilômetros quadrados da floresta Amazônica foram derrubados somente em outubro deste ano. O número equivale às áreas somadas de Belo Horizonte e de Porto Alegre. Os dados são do monitoramento via satélite do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
20 de novembro é feriado em Contagem
Juliana Nascimento /Coletivo Nuvem Negra
Zezé Motta
As atividades do Novembro Negro em Contagem acontecem até o próximo dia 26. A programação, que conta com rodas de conversa, debates, premiações e ato do movimento negro, é gratuita e híbrida, com encontros virtuais e presenciais. Os temas do evento procuram refletir sobre as contribuições do povo africano para a formação sócio-cultural-econômica do Brasil, sobre políticas públicas municipais para a promoção da igualdade racial e sobre o negro na sociedade brasileira. A programação completa pode ser consultada em www.brasildefatomg.com.br.
Cores contemporâneas em Uberlândia
Divulgação
A exposição “Cores Contemporâneas”, do artista Cleiton Custódio, está em cartaz até o dia 26 de novembro, no Centro Municipal de Cultura de Uberlândia. Com referência na fotografia e na cultura popular, a mostra é composta por 20 pinturas que têm em comum o uso da cor como característica de linguagem. A visitação é gratuita e acontece de segunda à sexta, das 12h às 17h. O endereço da galeria é Praça Jacy de Assis, no Centro da cidade.
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CIDADES
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Em Sete Lagoas, projeto ajuda mulheres negras e periféricas a garantir alimentação saudável ANCESTRALIDADE Casa da Mulher Negra e Periférica Dona Ivone Lara promove formações para o uso de tecnologias sustentáveis em quintais Divulgação Ana Carolina Vasconcelos Em homenagem ao centenário de Dona Ivone Lara, cantora negra considerada um dos maiores nomes da música popular brasileira, a Casa da Mulher Negra e Periférica Dona Ivone Lara foi criada em abril de 2020. Localizada no Condomínio Popular Residencial Dona Sílvia, do conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, em Sete Lagoas, a casa, que iniciou suas atividades já durante a pandemia do novo coronavírus, surgiu com o objetivo de manter a interação entre as mulheres negras da periferia. “A motivação da casa nasce do intuito de continuar o intercâmbio social entre as mulheres ne-
As atividades, são desenvolvidas com o apoio voluntário de professoras e mestras do notório saber com o apoio voluntário de professoras e mestras do notório saber. gras, mesmo frente à pandemia e ao isolamento social. Surge também da vontade de dar continuidade às nossas experiências ancestrais que sobreviveram a várias pandemias, trazendo aprendizados que nos ajudassem a sair deste contexto vivas e ressignificadas”, declarou ao Brasil de Fato MG a fundadora e
Ato na quinta (18), em BH, denunciou preço abusivo dos itens básicos
Matri Gestora da casa, Cynthia Mara Aduke. Aulas de permacultura, cultivo, culinária e outros conhecimentos ancestrais, além da elaboração de projetos para editais, são algumas atividades desenvolvidas pelo espaço. As formações, voltadas para mulheres negras e periféricas da cidade, são desenvolvidas
Projeto Ayê: o povo quer alimentação Um dos impactos imediatos da fundação da casa foi a criação do projeto Ayê. A iniciativa tem o objetivo de buscar financiamento para implantar tecnologias sustentáveis nos quintais de mulheres negras. Para isso, o projeto recolhe itens que, posterior-
mente, são doados a mulheres em situação de vulnerabilidade e as ensina a implantar em seus quintais fogões ecológicos, contribuindo para garantir alimentação saudável, segurança sanitária e o direito básico à alimentação durante a pandemia. “Por estarmos em distanciamento social, fazemos nossa revolução de quintal plantando frutas, hortaliças, captando água da chuva, trocando sementes e mudas pelos Correios com outras pessoas. Essa ação impacta diretamente na saúde, resistência e na conexão ancestral que tanto precisamos para sobreviver à pandemia”, enfatiza Cynthia. Para saber como contribuir com o projeto, acesse brasildefato.com.br ou ligue para (37) 9859-8745.
Justiça suspende licença de empreendimento que ameaça patrimônio cultural de Santa Luzia Reprodução
Divulgação / MAB
Centenas de atingidos das bacias do Rio Doce e do Rio Paraopeba se manifestaram, na quinta (18) em Belo Horizonte, contra os preços abusivos dos itens básicos, como do gás de cozinha, das tarifas de energia, dos alimentos e dos combustíveis. Além disso, criticaram as tentativas do governo de Romeu Zema (Novo) de privatização da Cemig. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organizador da ação, a situação da população afetada pelos crimes da Vale, Samarco e BHP Billiton, em Mariana e Brumadinho, piorou ainda mais neste contexto de crise econômica. Ação faz parte de jornada nacional, com atos que aconteceram simultaneamente em São Paulo, em Curitiba, no Rio de Janeiro e Porto Alegre.
A Justiça de MG concedeu, na última semana, uma liminar que suspende a licença ambiental prévia emitida pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente (Codema) de Santa Luzia, que autorizava a construção do empreendimento Cidade Jardim. Em nota, o Ministério Público
afirma que o processo possui “irregularidades” e que não obedece normas que garantem participação popular. O empreendimento, de responsabilidade da Emccamp Residencial S.A., visa o parcelamento do solo da antiga fazenda Vicente Araújo para fins residen-
ciais e comerciais. O terreno fica próximo ao Rio das Velhas e ao Centro Histórico de Santa Luzia. Moradores da cidade e o movimento Salve Santa Luzia apontam que o empreendimento causaria danos ao patrimônio cultural, ao meio ambiente e à população da cidade.
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Representantes negras mineiras dão o recado no 20 de novembro LEGISLATIVO Instituições políticas são controladas por homens brancos e ricos Flavia Barreto / ALMG
Willian Dias
Antônio César Ortega
Câmara BH
Indi Gouveia
Divulgação
MINAS
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Atos Fora Bolsonaro acontecem em quase 20 cidades mineiras Jonas Santos Midia NINJA
ANA PAULA SIQUEIRA
Wallace Oliveira
F
az 86 anos que a jornalista Antonieta de Barros se tornou a primeira mulher no Brasil eleita para uma vaga no Legislativo. Tanto tempo depois, a desigualdade ainda é uma marca das instituições políticas brasileiras. Em Minas Gerais, pela primeira vez em três séculos, foram eleitas três deputadas estaduais negras. Outras ocupam as câmaras municipais no estado, mas sempre como minoria. No Congresso, Minas conta com a deputada federal Áurea Carolina (Psol). No geral, homens brancos e endinheirados controlam a maioria das cadeiras, os recursos de campanha e as próprias legendas eleitorais. Mas, para além dessa constatação, é importante observar o que dizem aquelas que conseguiram furar o bloqueio e chegar ao meio parlamentar. O Brasil de Fato MG ouviu seis vereadoras ou deputadas negras mineiras.
ANDREIA DE JESUS
DANDARA
Ana Paula Siqueira (Rede), mãe, assistente social, deputada estadual “Não é coincidência que a população jovem negra seja a que mais morre. Não é por acaso que 75% das mulheres assassinadas no Brasil são negras. Ainda hoje, querem nos colocar no lugar de minoria e justificar o preconceito e as desigualdades. Nós, negros, estamos minoria nos espaços de decisão, mas somos maioria na população. Quero dizer que você, mulher negra, homem negro, juventude negra, deve se orgulhar da sua história, de quem você é”. Andreia de Jesus (Psol), advogada popular, deputada e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia “A resistência me trouxe até aqui. Infelizmente, ainda somos cobrados para que façamos cem vezes melhor. Resistir como parlamentar é enfrentar o racismo que está presente na
IZA LOURENÇA
manutenção de privilégios. Marielle convocou que mais mulheres ocupassem a política, com seu corpo, sua história e sua trajetória. Então, teremos mais empregadas domésticas, mais usuárias do transporte público, mais mães que não tiveram direito a luto, discutindo segurança pública, política de habitação e saúde pública” Dandara (PT), pedagoga, feminista, vereadora em Uberlândia “Na Câmara de Uberlândia, enfrentamos muitas resistências, a violência política de gênero e racial, que pesa muito sobre os nossos corpos, mas estamos convencidas de que só a luta muda a vida. Por isso, a nossa atuação durante o ano todo foi, principalmente, para combater a fome, a carestia que há muito tempo não víamos. Não podemos naturalizar pessoas saqueando caminhão de lixo como se estivessem no supermercado, na fila de ossos como se estivessem na fila por grandes doações”.
LENINHA
Iza Lourença (Psol), moradora do Barreiro, vereadora, preside comissão de estudos sobre a juventude negra na Câmara de BH A ideia de que o Brasil é diferente de outros lugares do mundo porque não teve apartheid é parte da tecnologia racista, sustentada pela elite brasileira por séculos, para a manutenção de poder, riqueza e privilégios. Quando disputamos a sociedade de forma conjunta, para olharmos para o racismo como um problema estrutural, avançamos na disputa de que devemos transformar a realidade. Uma verdadeira democracia no Brasil nunca vai existir enquanto houver racismo” Leninha (PT), professora, mestre em Desenvolvimento Social e deputada estadual “Somos a carne barata do mercado, sim, mas somos a carne mais forte do país. A nossa luta é para que o Brasil se reconheça negro, a potên-
MACAÉ EVARISTO
cia em seu povo negro e o proteja. Somos os que mais sofrem com a desconstrução das políticas públicas, com a perda de direitos. Somos a maioria entre 610 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid. Somos a maioria entre os desempregados, famintos e miseráveis. E, ainda assim, insistem em nos tratar como minoria” Macaé Evaristo (PT), professora, ex-secretária de Educação e vereadora em BH “Foi participando do movimento negro que compreendi a perversidade do racismo e as condições de desigualdade em que vive a população negra no Brasil. Para derrotar o racismo, é preciso produzir mudanças estruturais e que tenhamos governos que se comprometam com a pauta antirracista. Por isso, neste 20 de novembro, convidamos todas as pessoas a estarem nas ruas e dizer ‘Fora, Bolsonaro racista’”
Em quase 20 cidades mineiras, acontecem, no sábado (20), Dia da Consciência Negra, atos contra o governo de Jair Bolsonaro. As ações são realizadas pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que reúne movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos, pela Coalizão Negra por Direitos e pela Convergência Negra. Em nota, as organizações afirmam que “o descaso no combate à pandemia, o aumento da fome, do desemprego, a alta geral dos preços e o consequente caos econômico e social pelo qual passa o país impacta primeiramente e com mais intensidade a população negra e pobre”. Em Belo Horizonte, o ato acontece às 15h, na Praça da Liberdade. Em Contagem, a ação será na Praça Iria Diniz, às 9h. Já em Juiz de Fora, a manifestação acontece na Praça da Estação, às 10h. Para conferir a lista completa das cidades, acesse brasildefato.com.br.
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BRASIL
Belo Horizonte, 19 a 25 de novembro de 2021
Parlamentares preparam novo pedido ao STF de suspensão da votação da PEC dos Precatórios Marcos Corrêa/ PR
Cristiane Sampaio A disputa em torno da chamada “PEC dos Precatórios” está longe de ter fim. Tramitando atualmente no Senado e ainda sem apoio majoritário para que o governo arrisque a votação do texto, a medida deve seguir como alvo de controvérsia também no Supremo Tribunal Federal (STF). Sete deputados que estão entre os críticos do texto decidiram recorrer à Corte na quinta-feira (18). Das três ações que tramitam no Supremo pedindo a anulação da votação da PEC na Câmara, uma é do
PDT e a outra do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ). A terceira, que aglutina par-
lamentares de oposição e de direita, é a dos sete deputados que apresentaram recurso nesta quinta para
seguir em frente na disputa judicial. Votação eivada de ilegalidades “Foi uma votação eivada de ilegalidades pra promover o interesse eleitoral do Bolsonaro em calotear os recursos públicos e ter um espaço fiscal. [Eram] os recursos do Fundef e de pessoas com dívidas transitadas em julgado, os precatórios, e que não vão receber porque ele quer um espaço fiscal de R$ 90 bilhões inclusive pra engordar o orçamento secreto, em pleno ano eleitoral”, critica Fernanda Melchionna (PSOL RS).
Após dias de silêncio, mídia comercial se rende ao sucesso da turnê de Lula: “estadista”
Ex-presidente passou por Bélgica, França e Espanha, teve encontros bilaterais relevantes e foi aplaudido de pé Ricardo Stuckert
Redação O encontro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente francês Emmanuel Macron, no último dia 17, foi um divisor de águas na cobertura da mídia comercial brasileira sobre a turnê do petista pela Europa. Recebido como chefe de Estado na França, o ex-presidente e pré-candidato do PT em 2022 deixou de ser ignorado pelos meios de comunicação de grande alcance em seu país. A mudança reflete o destaque que a imprensa mundial vem dando à agenda de Lula na Bélgica, na França e na Espanha. Aplaudido de pé durante evento no
Lula recebeu prêmio de revista francesa durante passagem por Paris
Parlamento Europeu no início da semana, o petista tem buscado dissociar a imagem do Brasil do grupo que atualmente controla o Poder Executivo.
A recepção de Macron a Lula foi encarada como um recado a Jair Bolsonaro. O correspondente do jornal francês Le Monde classificou o encontro como “uma
bofetada em Jair Bolsonaro”. Jornalistas ressaltaram o encontro do petista com Olaf Scholz, futuro chanceler da Alemanha, maior parceira comercial do Brasil na Europa. Segundo a comentarista, as viagens de Lula são um sucesso, enquanto as de Bolsonaro são um “fiasco”. Na quinta-feira (18), Lula participou do seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós covid-19”, em Madri, na Espanha. O petista aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para 2022, com possibilidade de vencer Bolsonaro já no primeiro turno.
Governo precisa de 49 de 81 senadores para aprovar PEC Paralelamente à disputa no Judiciário, a PEC enfrenta grande resistência no Senado, onde o governo Bolsonaro ainda não encontrou terreno fértil para garantir uma maioria que sustente a aprovação do texto. Por se tratar de uma mudança na Constituição Federal, dos 81 membros da Casa, 49 precisariam aprovar a medida para que ela seguisse em frente.
UE propõe vetar importações de alimentos de áreas desmatadas; lista inclui soja e carne A Comissão Europeia apresentou dia 17 uma proposta para proibir a importação de madeira e de alimentos que tenham origem em áreas desmatadas. A lista de produtos listadas na iniciativa inclui algumas das commodities mais exportadas pelo Brasil, como soja e carne. O plano, que a Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, deseja tornar uma regra vinculante para todas as nações do bloco, prevê que empresas que exportem para a UE demonstrem que produtos como soja, carne bovina, óleo de palma, cacau, café e madeira mostrem que suas cadeias de produção são “livres de desmatamento”. A Comissão Europeia ainda não informou quando o pacote pode ser adotado e entrar em vigor.
Belo Horizonte, 27 de fevereiro a 05 de março de 2015
OPINIÃO
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Edição Especial Nº 17 / 2021 Circulação nacional Distribuição gratuita
CONSCIÊNCIA NEGRA
RAIO X
Povo negro conquistou direitos na base da luta. Veja como Bolsonaro tenta sabotar essa história de resistência Pág. 2
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Unidade e oposição ao governo Bolsonaro são pautas da 18ª Marcha da Consciência Negra Pág. 4
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Raio x
Por que ser antirracista? Direitos sempre foram conquistados na base da luta
▶ Desde que os primeiros africa-
nos chegaram ao Brasil e foram vendidos como escravos, existe resistência. Os quilombos, locais de refúgio, surgiram a partir de 1575 e continuaram existindo mesmo após a abolição da escravatura. O protagonismo em episódios marcantes da história do Brasil, como revoltas e levantes populares, contrasta com um cenário de discriminação que continua até hoje. A Constituição garante igualdade, o Código Penal prevê punições aos racistas, mas os
POR AQUI, ACREDITA-SE QUE O PAÍS É POSSÍVEL SEM NOSSA EXISTÊNCIA. COMEÇAMOS A LAMENTAR AS MORTES QUANDO A PANDEMIA CHEGOU À CLASSE MÉDIA. ENQUANTO OS POBRES E NEGROS MORRIAM, NÃO HAVIA LAMENTAÇÃO.”
Vilma Reis, socióloga e ativista
pretos e pardos ainda têm salários mais baixos, são maioria entre as vítimas fatais de ações da polícia e minoria em cargos de liderança. Sob governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que já foi condenado por declarações racistas e acusado de genocídio da população preta, o movimento negro brasileiro se organizou ainda mais e ampliou sua influência política e social, enfrentando o racismo estrutural, ocupando as ruas e carregando suas bandeiras. A mais importante delas é o antirracismo: ações conscientes e um posicionamento explícito pela garantia de igualdade de oportunidades para todas as pessoas.
Para a socióloga e ativista Vilma Reis, o Dia da Consciência Negra em 2021 deve ser um momento de reflexão sobre a população preta que faleceu em decorrência do coronavírus no Brasil. “A grande maioria”, lembra a ativista. “Por aqui, acredita-se que o país é possível sem nossa existência. Começamos a lamentar as mortes quando a pandemia chegou à classe média. Enquanto os pobres e negros morriam, não havia lamentação.” Apesar da dor, a socióloga e integrante da Coalizão Negra tem esperança. “Quando chamamos a primeira manifestação de 2021 contra esse governo de morte, mexemos com mais de 80 cidades brasileiras. Isso é muito potente. A credibilidade que o movimento tem conquistado nacionalmente e internacionalmente são relevantes para que pensemos em um futuro promissor para o nosso povo”, diz.
As conquistas
▶ Em 1999, a cada 100 estudantes das
universidades brasileiras, 15 eram negros. Vinte anos depois, são 46 negros a cada 100, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep). A Lei de Cotas (agosto de 2012) é uma das grandes responsáveis por esse avanço. Ela determina que as 69 universidades federais e os 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia reservem no mínimo 50% das vagas para estudantes que concluíram o ensino médio em escolas públicas. Dentro da reserva de cotas, as vagas devem ser preenchidas por estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e por pessoas com deficiência. A revisão da Lei de Cotas, prevista para uma década após sua publicação, está marcada para 2022 – que também é ano de eleição presidencial.
▶ Cerca de 90% dos trabalhadores do-
mésticos brasileiros são mulheres, e 66% são pretas. São os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O movimento negro luta há décadas pela regularização da profissão, onde predomina a informalidade – que torna ainda mais desigual a relação de forças entre empregador e empregado. Em abril de 2013, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) sancionou a PEC das Domésticas (Emenda Constitucional 72), de autoria da deputada federal Benedita da Silva (PT), figura histórica do movimento negro brasileiro. Um estudo elaborado pela ONU Mulheres e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2020, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), mostrou que 28% das trabalhadoras domésticas do Brasil possuem vínculo empregatício.
▶ Fruto da pressão do movimento
negro, a criminalização do racismo ocorreu em 1988, após o Plenário da Constituinte aprovar a emenda do deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira, um homem negro, que definiu o racismo como crime inafiançável e imprescritível. No último dia 28 de outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que injúria racial também passa a ser um crime imprescritível, ou seja, passível de punição mesmo décadas depois. O Código Penal determina que injúria racial é a ofensa à qualquer pessoa por sua raça ou cor, com intenção de ofender a honra da vítima. Já o crime de racismo é cometido quando a ofensa for contra um grupo ou coletividade.
▶ Por decisão do Superior
Tribunal Eleitoral (TSE), em setembro de 2020, a verba do fundo eleitoral será distribuída de acordo com a proporção de negros. A medida, que já teve efeito nas últimas eleições, provocou avanço na eleição de candidaturas negras. Em 2008, apenas 16,5% dos prefeitos eleitos no país eram negros. O índice saltou para 32% em 2020.
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Governo Bolsonaro ataca a população negra A Coalizão Negra por Direitos pediu o indiciamento de Bolsonaro na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por genocídio. O pedido não foi aceito. Tire suas próprias conclusões:
Ações e omissões na pandemia
Declarações racistas ▶ Antes mesmo de assumir
a presidência, Bolsonaro havia sido condenado por danos morais coletivos à população negra por declarações preconceituosas. Ele já disse que seus filhos são “bem educados”, por isso nunca namorariam uma mulher negra; e que quilombolas não servem nem para “procriar”, comparando-os a animais. “Como é que está a criação de barata aí?”, disse em
julho, apontando para o cabelo crespo de um apoiador. Sempre que questionado, ele afirma que são apenas piadas, comentários bem -humorados. Além de cometer crimes, Bolsonaro dá mau exemplo e contribui para um ambiente de intolerância, onde brancos se sentem à vontade para comentar sobre a aparência de negros, zombar e expressar seu ódio como se fosse questão de opinião.
Aparelhamento da Fundação Palmares Bolsonaro nomeou para chefia do órgão federal de promoção da cultura afrobrasileira um jornalista que não considera o Brasil um país racista e que já se referiu ao movimento negro como “escória maldita”. À frente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo não atendeu nenhuma liderança quilombola em dois anos de gestão. Quilombolas são descendentes e sobreviventes de comunidades formadas por escravizados fugitivos, os
▶ O governo federal demorou a garantir auxílio emergencial aos trabalhadores na pandemia e só liberou os R$ 600 por pressão do Congresso. Contrário às medidas de isolamento, Bolsonaro deixou os pobres sem saída: trabalhar e se expor ao vírus, ou ficar em casa sem renda e passar fome. Uma pesquisa da Rede Penssan, com dados de 2020, mostrou que quan-
do a pessoa de referência na casa é negra, 10,7% das famílias convivem com a fome; se é branca, 7,5%. Dados do início de julho mostram que as mortes por doença respiratória durante a pandemia cresceram 71% entre os negros e 24,5% entre os brancos. Maioria da população, os negros receberam apenas 23% das vacinas contra a covid-19 no Brasil.
Bolsonaro tem laços históricos com as milícias do Rio de Janeiro e apoia, mesmo na pandemia, operações policiais nas periferias – que têm jovens negros como principal alvo. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia nunca matou tanto quanto no ano passado: 6.416 pessoas. A cada dez vítimas fatais, oito são negros e sete tem menos de 25 anos. Mais de uma vez, Bolsonaro foi às redes para
"Isso é racismo reverso" A expressão é geralmente usada por pessoas brancas que desconhecem a história do Brasil ou que não aceitam perder seus privilégios. O contrário de racismo não é “racismo reverso”, mas antirracismo, e é isso que o movimento negro defende. Cotas para entrar na universidade ou no mercado de trabalho são uma tentativa de minimizar a segregação econômica e a criminalização dos povos negro e indígena, que se mantêm até hoje, após 300 anos de escravidão. Essas políticas reduzem a desigualdade, mas são insuficientes para compensar séculos de injustiça.
“Eu não sou racista. Tenho até amigos negros” A negação do racismo como elemento estrutural do Brasil impede o reconhecimento da desigualdade e a elaboração de políticas de inclusão. Ter amigos, conhecidos, avós, vizinhos, namorada e, muito menos, empregada doméstica negra não garante que você seja antirracista. Os negros são 56% da população – estranho seria se você só conhecesse pessoas brancas. O mero convívio ou a relação de afeto com um indivíduo não significa a compreensão das desigualdades que a população negra, em seu conjunto, enfrentam diariamente.
“Por que Dia da Consciência Negra, e não da consciência humana?”
Estímulo à violência policial quilombos. Eles têm direito à propriedade dessas terras, conforme a Constituição de 1988. Mais de 200 territórios quilombolas não reconhecidos aguardam parecer da Fundação para avançar no processo de titulação. Em setembro, o STF reconheceu a omissão do governo Bolsonaro no reconhecimento dos direitos quilombolas e aguarda que a Fundação Palmares apresente um plano de metas e orçamento para a titulação de terras.
Aprenda para nunca mais dizer:
comemorar os assassinatos e ironizar as vítimas: “CPF cancelado”. Assim que ele chegou à Presidência, o Brasil deixou de informar dados relativos à violência cometida por policiais no relatório anual de violações de direitos humanos. Em nota, o governo afirmou que os dados não foram divulgados porque “foram identificadas inconsistências em seus registros” e que eles seriam alvo de “estudo aprofundado” para posterior divulgação.
Quem pede a substituição do Dia Consciência Negra por “consciência humana” defende que não haja sequer um dia de debate e reflexão sobre o racismo. A pergunta soa ingênua, mas reflete um negacionismo sobre os danos causados pela escravidão. Se a “consciência humana” bastasse, 4,8 milhões de africanos não teriam sido transportados à força para o Brasil e vendidos como escravos e os negros não seriam as vítimas em 75% dos casos de morte em ações policiais. O Dia da Consciência Negra é uma tentativa de, ao menos uma vez no ano, estimular um debate sobre essas desigualdades, além de celebrar a contribuição do povo negro para a cultura, a ciência, a economia e a política do Brasil.
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ED. ESPECIAL Nº 17/ CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR
Luta Ancestral
Quem vai às ruas no 20 de novembro? Entenda origem da data e a mensagem dos protestos contra Bolsonaro O Dia da Consciência Negra foi instituído pela Lei nº 12.519, de 2011. É uma referência à data do assassinato de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ao lado da companheira Dandara, Zumbi liderou o maior quilombo do período précolonial, fundado por negros que fugiam do trabalho escravo em engenhos de açúcar. A escravatura foi abolida no Brasil em 1888, mas pessoas negras continuam sofrendo discriminação: são maioria entre os pobres e minoria entre os ricos. Todos os direitos conquistados desde então foram na base da luta. Esse é o sentido das manifestações de rua deste ano, que se somam à Campanha Nacional Fora Bolsonaro.
Fundador da Coalizão Negra por Direitos e da Uneafro, Douglas Belchior defende a unidade no Dia da Consciência Negra, pois “Bolsonaro promove uma desvalorização da vida negra em todas as dimensões de seu governo.” “Se existe um contraponto real e imediato à existência do Bolsonaro, é a existência da vida negra”, acrescenta. A educadora Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), diz que consciência negra e consciência de classe precisam caminhar juntas. “Quem acredita que uma sociedade deve ser construída com base na solidariedade, no respeito e na valorização da vida precisa estar conosco para a gente continuar lutando contra o racismo”, convoca.
“A PALAVRA DE ORDEM NESSE DIA SERÁ A CONTINUIDADE NO LEGADO DE ZUMBI E DANDARA. QUEREMOS O PAÍS UNIDO PELAS PAUTAS FUNDAMENTAIS DA VIDA DA POPULAÇÃO NEGRA DESSE PAÍS, QUE É A GRANDE MAIORIA. É HORA DE UNIFICAR.”
Iêda Leal,
coordenadora do MNU
16ª Marcha da Consciência Negra de São Paulo, 2019. Foto: Elineudo Meira
Cinema no campo
Dicas culturais
O ator e diretor Wagner Moura lançou o filme Marighella no último dia 6 no assentamento Jacy Rocha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Prado, na Bahia. A produção é baseada na história do guerrilheiro e poeta Carlos Marighella. Negro, comunista e inimigo número 1 da ditadura, ele foi assassinado em São Paulo (SP) em 1969. "As pessoas veem na luta de Marighella a sua luta no Brasil de hoje", disse Wagner Moura, em entrevista ao Brasil de Fato. Mais de 200 famílias produzem leite, hortaliças, café, temperos e cacau sem agrotóxicos no assentamento Jacy Rocha, rodeado por grandes fazendeiros.
Nos últimos anos, o mercado cultural brasileiro tem recebido uma vasta oferta de músicas, livros e filmes sobre a questão racial. O Brasil de Fato fez uma seleção curta para que você comece a explorar esse vasto universo.
Para o MST, o legado de Marighella é uma inspiração na luta dos camponeses por um país mais justo e democrático.
foto: midianinja
Assista Marighella estreou oficialmente no Brasil em 04/11 e está em cartaz nas principais salas de cinema do país.
Wagner Moura [ao centro], rodeado por militantes do MST no lançamento do filme
Machado de Assis, Carolina Maria de Jesus, Cuti, Joel Rufino dos Santos e Solano Trindade são alguns dos grandes escritores negros brasileiros. Nesta edição, vamos indicar a leitura de duas escritoras contemporâneas, Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo. O “Pequeno Manual Antirracista” foi um dos livros mais vendidos de 2020 no Brasil.
CONTATO Site: brasildefato.com.br Email: jornalismo@brasildefato.com.br Fale conosco pelo Whatsapp: +55 11 94594-3576 Receba notícias pelo Whatsapp: bitly.com/vemdezapBdF
Escrita pela filósofa Djamila Ribeiro, a obra propõe uma reflexão acerca dos privilégios brancos, acumulados em séculos de exploração e opressão do povo negro. Homenageada do Prêmio Jabuti de 2019, a escritora Conceição Evaristo publicou, em 2014, o livro “Olhos D’Água”. A obra reúne 15 contos que falam sobre a dura realidade de 15 mulheres, com idade e trajetórias distintas, mas alvo da mesma violência física e racial.
NAS TELAS Está nos cinemas a obra “Doutor Gama”, dirigida por Jeferson De e inspirada na trajetória do jornalista, escritor
Receba notícias pelo Telegram: t.me/brasildefato Instagram: @brasildefato Facebook: @brasildefato Twiter: @brasildefato EXPEDIENTE Esta é uma edição especial do Brasil de
e advogado abolicionista Luiz Gama, que libertou mais de 500 escravos no Brasil, utilizando as leis nacionais. A nova geração do cinema vem repleta de cineastas negros: Lázaro Ramos, Sabrina Fidalgo, Jeferson De, Renata Martins, Yasmin Tayná, entre outros. Vale a pena conhecê-los!
Se você gosta de documentários, não deixe de ver “Amarelo – É tudo para ontem”, produzido pela Laboratório Fantasma, empresa do rapper Emicida e de seu irmão, Evandro Fióti. No filme, o músico mescla seu repertório com a história da cultura negra no Brasil.
Fato. Circulação nacional gratuita, em outubro de 2021. Edição: Daniel Giovanaz e Nina Fideles Reportagem: Alessandra Murteira, Camila Natalino Frois, Daniel Giovanaz, Igor Carvalho e Mateus Menezes Quevedo
Revisão: Leandro Melito Jornalista responsável: Nina Fideles (MTB 6990/DF). Artes e diagramação: Fernando Bertolo Ilustração da Capa: Bárbara Quintino @barah.ilustra
Belo Horizonte, 19 a 25 de novembro de 2021
MUNDO
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Novo golpe na Bolívia? Entenda contexto após semana de protestos opositores Apesar da decisão de Luis Arce de revogar lei, bloqueios continuam em dois estados Presidência Bolívia
Michele de Mello O presidente da Bolívia, Luis Arce, revogou a lei nº 1386 sobre ganhos ilícitos e financiamento do terrorismo após uma semana de protestos e paralisação de opositores. “Decidimos revogar para que não exista o menor pretexto para seguir paralisando nossa economia”, afirmou Arce. As paralisações são convocadas pelos Comitês Cívicos nos estados de Potosí, ao sul, e Santa Cruz, na fronteira com o Brasil. Luis Fernando Camacho, um dos protagonistas do golpe de 2019 e atual governador
57% da população acredita na possibilidade de um golpe
de Santa Cruz, volta a aparecer como uma das figuras públicas dessa convocatória. Apesar do recuo do chefe de Estado, os Comitês Cívicos decidiram manter a paralisação. O Movimento ao Socialismo (MAS-IPSP) denuncia que os atos são uma nova ten-
tativa de golpe em curso. O vice-presidente David Choquehuanca afirmou durante um ato público, que “tudo tem um limite, que não despertem a ira dos incas, quando um povo se levanta não há nada que pare. Vamos nos levantar e defender nossa democracia”.
Além da violência, as manifestações consistem em bloqueios de rodovias que conectam à capital La Paz. Segundo o governo, o país soma US$ 122 milhões (R$ 671 milhões) em prejuízos a cada dia de paralisação. Nos meios de comunicação, a oposição de direita afirma que a lei nº 1386 busca impedir o comércio in-
formal e daria plenos poderes a Arce para “perseguir” a oposição. A argumentação se baseia no artigo 7 da lei, que dá liberdade ao Executivo para ajustar a lei sob decreto presidencial. O governo, por outro lado, aponta que a lei foi aprovada sem questionamentos no Congresso. De acordo com uma nova pesquisa de opinião do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (Celag), 47% avaliam positivamente Arce, enquanto 45,7% rejeitam. Além disso, 56,8% acreditam na possibilidade de um golpe de Estado a curto prazo. ANÚNCIO
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VARIEDADES
Belo Horizonte, 19 a 25 de novembro de 2021
CRÔNICA
MARTIN LUTHER KING, NELSON SARGENTO E A BUROCRACIA Lá pelos anos 2000, eu tinha um Ford KA. Coloquei o nome dele de Martin Luther King. Na mesma época, criamos o Movimento dos Sem Palco, que tinha a utopia de reunir artistas de todos os segmentos da classe trabalhadora e das quebradas. Naquela primavera, resolvemos fazer uma roda de conversa sobre história do samba. Conhecer um pouco mais sobre o gênero musical mais popular do Brasil. Por decisão coletiva do Movimento dos Sem Palco, o nome escolhido foi o do nosso grande e saudoso Nelson Sargento, e a tarefa era minha de cuidar dessa joia rara brasileira. Para fazer o evento, pedimos ajuda da prefeitura local. Mas deu quase tudo certo. No dia de buscar o nosso grande Nelson Sargento no aeroporto de Confins, começa a confusão com a burocracia. Está faltando isso. Está faltando aquilo. Um carimbo aqui. Outro carimbo ali. Sei que ficamos sem carro para buscar o ídolo maior do nosso samba brasileiro. A solução estava à minha frente: Martin Luther King. Partimos eu e Martin para buscar nosso Nelson Sargento. Estou eu, lá no saguão do aeroporto, esperando nosso Nelson Sargento, quando o avistei lá no desembarque. Ele veio sozinho com seu violão e uma mala pequena. Na saída do desembarque, gritei: - Seu Nelson, Seu Nelson! Aqui do lado. Olha aqui! Que Seu Nelson Ele olhou e levantou a mão me cumprimentando. Foi amor à primei- Sargento esteja alegrando os ra vista. Ele me falou: céus com sua - Você parece carioca, menino! gentileza e geDei risadas. Peguei a mala e o violão e fomos para o carro. Eu num medo nialidade danado de ele não gostar do Ford Ka. Chegando no carro, eu falei: - Você já andou na companhia do Martin Luther King? Ele deu risadas e disse que não. Ele riu. Me deu um abraço e entrou no carro. Esqueci que estava escutando Paralamas, John Coltrane e Nirvana. Na hora tentei tirar e colocar outro tipo de música. Na mesma hora, ele bateu na minha mão e falou: - Deixa rolar esse som aí, menino! Esse moço do Nirvana é sensacional. Essa banda Paralamas faz uma mistura muito inteligente. John Coltrane é genial! Nesse momento, começou a me contar histórias do tempo do “onça” sobre ele, Carlos Cachaça e Cartola. Me disse que Carlos Cachaça foi a pessoa mais trabalhadora que conheceu. Que tem saudades desse trio que começou a história da Mangueira. A conversa foi a de um bom livro das histórias do samba. Já estávamos íntimos. - Mais tarde, você pode dar uma volta comigo na Pampulha? - Claro, Seu Nelson Sargento. - Só tem uma coisa, Martin Luther King tem que ir também. E deixa o rock rolar! Você tem bom gosto! Meus olhos marejaram. Minha raiva da burocracia ficou para trás. Que Seu Nelson Sargento esteja alegrando os céus com sua gentileza e genialidade. Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte
Nossos direitos PEDIDO DO AUXÍLIO BELO HORIZONTE DEVE SER FEITO ATÉ O DIA 15 DE FEVEREIRO O Auxílio Belo Horizonte, programa para famílias de baixa renda da capital mineira que substitui as cestas básicas, já está disponível para solicitação. Porém, nem todos os que receberam as cestas receberão o auxílio. É preciso consultar em auxiliobh.pbh. gov.br se você é elegível e, em caso positivo, é necessário confirmar alguns dados pessoais até o dia 15 de fevereiro de 2022. Inscritos no CadÚnico até 30 de junho deste ano, com renda per capita de até meio salário mínimo, serão beneficiados, mas há
outros públicos contemplados, como vendedores ambulantes e lavadores de carro cadastrados pela prefeitura. Famílias que tenham crianças matriculadas na Rede Municipal de Educação também receberão as parcelas, até a regularização da merenda escolar. No portal da Prefeitura de BH, em prefeitura.pbh.gov.br, é possível verificar todos os públicos atingidos. O valor do auxílio é de R$ 600, que será pago em seis parcelas de R$ 100.
Jonathan Hassen é advogado popular
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Meu filho de 12 anos acordou assustado porque tinha ejaculado à noite. Eu não soube explicar o que houve. Ele sonhou que estava transando? Maria Geralda, 42 anos, confeiteira. A ejaculação durante o sono é chamada de polução noturna. É um acontecimento comum em adolescentes e deve ser visto como uma descarga de esperma que estava acumulado. Isso ocorre durante o sono mais pesado e pode não ter nenhuma relação com estímulos sexuais, como sonhos eróticos. É importante tranquilizar os adolescentes de que isso é totalmente normal e que pode voltar a ocorrer, até mesmo na idade adulta, quando ele passar períodos longos em abstinência sexual e sem se masturbar. A primeira polução evidencia também que o do adolescente já possui capacidade reprodutiva e pode ser uma boa oportunidade para conversar sobre a sexualidade de forma ampla, incluindo puberdade, desejo, prazer, consentimento e riscos relacionados à prática sexual. :: CONHEÇA O CANAL DA AMIGA DA SAÚDE NO SPOTIFY! ::
Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.
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BRIGADEIRO DE DENDÊ
POR ALINE CHERMOULA Divulgação
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CAÇA-PALAVRA
© Revistas COQUETEL
Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
A língua aramaica T N R D E I
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O ARAMAICO é uma antiga língua SEMÍTICA cujo nome deriva de Aram, território que, na Antiguidade, se estendia desde os atuais LÍBANO e Síria até a Mesopotâmia, onde hoje estão situadas partes do IRAQUE e do Kuwait. Ainda antes da era cristã, o aramaico se tornou a LÍNGUA principal daquela região, quando os CALDEUS fundaram o Império Neobabilônico. O POVO hebreu aprendeu o idioma durante o EXÍLIO da Babilônia, em 598 a.C., chegando a superar o HEBRAICO no uso comum e nas escrituras. Entre os séculos II e VI da era cristã, os JUDEUS criaram uma vasta literatura, nesse idioma, com os ESCRITOS que compõem o Talmud — um dos textos centrais do Judaísmo RABÍNICO. Com a expansão islâmica nos séculos VII e VIII, o aramaico foi substituído pelo ÁRABE. Embora não seja idioma OFICIAL de nenhum país, existem instituições de estudo AVANÇADO da língua, como na Universidade de Chicago e em Harvard. Atualmente, o aramaico ainda é falado em pequenos e raros VILAREJOS na Síria.
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ILUSTRAÇÃO: GENARO
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A chef Aline Chermoula é nascida em Feira de Santana, mas mora em São Paulo desde a infância. Ela também é formada em História e pesquisa a culinária da diáspora africana há mais de uma década. Sua cozinha é marcada pela ideia de que cultura também é uma forma de resistência. Para a chef, o brigadeiro de dendê é “simples, delicioso e surpreendente”. “Costumo dizer que essa receita é bastante inusitada, traz a união aromas, sabores, texturas com muito axé que transformam o brigadeiro de dendê num conquistador de paladares”, explica a chef. Ela conta que, embora o azeite de dendê seja um ingrediente icônico da cultura do recôncavo baiano, trazido pelos africanos ao Brasil, ele se transformou em um item da culinária brasileira. Mas o azeite de dendê também está presente na culinária de países asiáticos, como Malásia e Indonésia. A Malásia, aliás, é o maior produtor do mundo desse óleo. “Esse azeite de dendê que tem essa cor alaranjada, o sabor adocicado, um aroma bem intenso e consistência densa é ótimo para dar textura no brigadeiro”, explica Aline. Ela conta também que esse azeite é rico em vitaminas E e A, em antioxidantes e tem ótimo ponto de saturação, mesmo em altas temperaturas, o que o torna ótimo para frituras.
Ingredientes 1 lata de leite condensado ½ colher de sopa de gengibre ralado 2 colheres de sopa de azeite de dendê
Modo de preparo 1. Junte todos os ingredientes em uma panela, mexa até começar a desgrudar do fundo, mais ou menos entre 18 e 20 minutos de cozimento no fogo baixo; 2. Depois que começar a desgrudar, desligue o fogo, espere esfriar e enrole o brigadeiro; 3. Para a cobertura, você pode utilizar coco ralado, nibs de cacau ou amendoim triturado. (Texto de Gabriela Amorim)
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Imagem da semana Conmembol
Na foto, a delegação do Corinthians se manifesta contra o episódio de ofensa racista sofrida pela jogadora Adriana, na goleada por 8 a 0 sobre o Nacional do Uruguai, em Montevidéu, pela semifinal da Libertadores feminina. Na partida, realizada na última terça-feira, uma jogadora uruguaia ofendeu Adriana, logo após a brasileira marcar o sexto gol da vitória corintiana. “O clube se solidariza com Adriana e as demais jogadoras e,
de imediato, presta a elas todo o apoio necessário. A delegação feminina contará com todo o suporte jurídico cabível para a apuração necessária e a punição contundente desse ato inaceitável”, afirma comunicado da diretoria do clube. Com a vitória, a equipe paulista está garantida na final da competição, que acontece domingo (21), contra o Santa Fé, da Colômbia, pela finalíssima da competição.
Mineiro é recordista mundial de embaixadinhas
Mineiro de Belo Horizonte, Ricardo Silva Neves, o Ricardinho das Embaixadinhas, alcançou novo recorde mundial de embaixadinhas, garantindo seu nome no Guiness Book. No último fim de semana, ele passou 34 horas e cin-
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ESPORTE
Rafael Ribeiro / CBF
co minutos controlando a bola, em evento realizado em Santos (SP). A marca anterior, do próprio Ricardinho, era de 34 horas, dois minutos e 16 segundos. Logo após atingir o feito, Ricardinho desmaiou e foi socorrido por bombeiros.
STJD aceita recurso do Brusque em julgamento sobre racismo Divulgação / Londrina Esporte Clube
Começam as Paralimpíadas Escolares Divulgação /CPB
Na próxima terça (23), têm início no CT Paralímpico, em São Paulo, as Paralimpíadas Escolares 2021. O evento termina na sexta-feira (26). Participam 851 estudantes paratletas de 24 unidades da federação – apenas Alagoas, Minas Gerais e Rondô-
nia não terão representantes. A novidade desta edição é a presença do parataekwondo, que estreou nos Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020, trazendo três medalhas para o Brasil: ouro, prata e bronze. (Com informações do CPB)
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aceitou, nesta quinta-feira (18), o recurso do Brusque sobre uma condenação imposta por racismo de um dirigente contra o jogador Celsinho, do Londrina. Anteriormente, o Brusque havia sido punido com perda de três pontos. Com a decisão, recupera esses pontos e sobe para a 14ª colocação da série B, com 44.
No dia 28 e agosto, em partida contra o Londrina, o presidente do Conselho Deliberativo do Brusque, Júlio Antônio Petermann, teria proferido ofensas de cunho racista contra Celsinho. Depois de ter negado as acusações, o Brusque recuou, pediu desculpas e afastou Petermann. Na época, acabou perdendo um patrocinador.
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Estadual feminino: Cruzeiro e Atlético decidem título no Mineirão No domingo (21), Cruzeiro e Atlético se enfrentam pela final do Campeonato Mineiro feminino de futebol. O jogo acontece no Mineirão, às 11h. Como a Prefeitura de BH ainda não autoriza torcida visitante, apenas o Cruzeiro, mandante da partida, terá direito a jogar com a presença de seus torcedores. O clube abriu a venda de ingressos na quarta-feira (17). Informações
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA LAT Images for Mercedes-Benz Grand Prix Ltd
Bruno Sousa / Atlético
sobre ingressos na página: ingresso.cruzeiro.com.br. O
jogo será transmitido pela página: futebolmineiro.tv.br.
Já me perguntaram se eu sou brasileiro. Gosto do Brasil porque é um país miscigenado e eu não me sinto diferente aqui
Gol contra A Itália, campeã da Eurocopa, corre o risco de não se classificar para a Copa do Mundo 2022. A Azzurra, que já ficou fora da Copa da Rússia em 2018, disputará a repescagem das eliminatórias europeias. A seleção de Portugal, de Cristiano Ronaldo, também lutará pela vaga na repescagem.
Lewis Hamilton, piloto britânico, vencedor do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, líder da competição.
QUERIDO PAPAI NOEL, GOSTARIA DISPUTAR UMA COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE PRESENTE DE NATAL...
O atacante Michael, do Flamengo, é o atual artilheiro do Brasileirão, com 13 gols! Considerando o estelar elenco do Rubro-Negro, que conta com Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabigol e companhia, a fase de Michael se transformou numa agradável surpresa pra torcida flamenguista.
Coelhão Série A
Cautela e controle emocional
@ANDREFIDUSI
Gol de placa
Um clube para todos
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
O empate sem gols do América com o Atlético Goianiense, em casa, pode ser visto de duas formas. Por um lado, freou a sequência de vitórias do Coelho, deixando escapar a chance de entrar na possível zona da pré-libertadores. Por outro lado, o pontinho conquistado Decacampeão praticamente assegura a inédita permanência do time na Série A. Há de se reconhecer o desgaste dos jogadores após grandes atuações nos cinco jogos anteriores com o novo técnico, Marquinhos Santos. Foram quatro vitórias fundamentais para superar a troca repentina de treinador e mostrar que a equipe realmente está encaixada, organizada e disposta a fazer história com o manto mais bonito do Brasil!
Concordo com Cuca e diretoria. Empolgação e ansiedade é melhor deixar para a torcida, que vem comemorando a conquista a cada rodada, mesmo que o título ainda não esteja matematicamente garantido. A partida contra os reservasÉdo Athletico-PR, Galo doido!na terça (16), mostrou a queda de rendimento de alguns jogadores, provavelmente pelo desgaste de uma temporada distribuída em quatro competições. A vitória foi um alívio e o pouco que falta para a festa do bi poderá ser ainda mais reduzido no final de semana, contra o Juventude. O Flamengo enfrenta o Inter, em Porto Alegre, depois de ter se safado no último minuto contra o Corinthians. E ao Palmeiras, agora, só resta a Libertadores.
Salve, nação! Falta apenas mais um confronto para encerrarmos a temporada de 2021, mais uma temporada que não deixará saudades. Vislumbramos a possível permanência de Luxemburgo e a chegada do tal investidor. Sem capacidade administrativa, a diretoria prefeLa Bestia Negra re deixar o futuro de um clube centenário nas mãos de um forasteiro qualquer, atitude que nos fez chegar ao terceiro ano consecutivo na série B. De resto cabe aqui o nosso repúdio à injúria racial que um torcedor cruzeirense cometeu contra o atacante Jefferson do Remo. O mais querido de Minas é um clube de todos. Qualquer forma de preconceito não tem lugar no azul estrelado de nossa bandeira. Saudações celestes!
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