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OPINIÃO
Belo Horizonte, 10 a 16 de dezembro de 2021
OPINIÃO
Coragem de dizer não João Paulo Cunha O setor da educação e pesquisa científica no Brasil nunca foi tão atacado. A estratégia de desmonte do governo federal contra o conhecimento atua em diversas frentes: corte de verbas para pesquisa, ataque à autonomia docente, ideologização do ensino. O plano segue com estímulo à militarização, desprezo com avaliações, incentivo ao setor privado inclusi-
ESPAÇO DOS LEITORES “Zema, pague a educação!” Gisele Del Fiume sobre matéria “Ato de professores em BH cobra piso salarial e aplicação de recursos na educação” -“Revoltante ver esse tipo de coisa rolando. Pô, autorizar instalar uma empresa em sítio arqueológico... Comédia demais o Zema. Conheço o APA Carste e a importância do lugar é a nível global, principalmente por conta do crânio da Luzia” Lacruz comenta a matéria “Governo de MG é convidado a explicar instalação da Heineken onde foi descoberto crânio de Luzia” -“Uma notícia ruim atrás da outra!” Lena Marques sobre a matéria “Projeto de lei na Assembleia ameaça monumento natural e abastecimento da Grande BH” -“Os deputados e toda a sociedade deveriam assistir ao último vídeo no YouTube do Sindfisco-MG! A conta do Estado está cheia de dinheiro, o que o Zema quer com esse regime é entregar e privatizar tudo que conseguir” Juliana Gonçalves comenta o artigo “Promessas que o Regime de Recuperação Fiscal de Romeu Zema não é capaz de cumprir”
Governo conduz desmonte da educação e da pesquisa ve na concessão de bolsas e financiamento. A todo momento se observa a crítica à política de cotas, ao pluralismo e às políticas de inclusão. O boicote ao Enem demonstrou seu sucesso com a mais esvaziada edição do exame em toda sua história. Por isso é significativa a atitude de educadores, professores e cientistas que, nas últimas semanas, têm resgatado a importância do lugar que ocupam na sociedade. A ação de indivíduos e grupos que se recusam a curvar-se ao autoritarismo indica a presença de uma brasa dormida de indignação. O pedido de demissão coletiva de coordenadores do Inep, responsáveis pela elaboração e aplicação do Enem, escancarou a crise do setor. Uma crise dupla, no conteúdo e na gestão. Em primeiro lugar, pela denúncia de tentativa de manipulação ideológica e censura no exame, confirmadas por
declarações do próprio ministro da Educação e do presidente da República. Na primeira semana de novembro, um grupo de 21 cientistas recusou a receber a Ordem Nacional do Mérito Científico concedida pelo governo federal, depois que dois pesquisadores, igualmente indicados, foram excluídos por pressão de bolsonaristas. No fim do mês, o reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Marcelo Fernandes de Aquino, recusou a medalha de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco por discordância com o governo Bolsonaro. E explicou em carta enviada ao Itamaraty, responsável pela honraria, que declinava da condecoração por causa da incapacidade do governo federal de dar “rumo correto às políticas públi-
Atual gestão troca a ciência pela ignorância cas para as áreas da educação, saúde, meio ambiente, ciência e tecnologia”. Para completar o conjunto de recusa do arbítrio na área de educação, coordenadores e consultores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes - se demitiram da função. São mais de 100 pesquisadores, altamente qualificados, que se recusaram a servir à farsa estabelecida no órgão. Há momentos em que a responsabilidade individual e coletiva não pode ser adiada. Pode começar com um grito de revolta ou com uma atitude responsável e construtiva de desobediência. O importante, nessa hora, é dizer não.
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