Edição 367 do Brasil de Fato MG

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Sergio Lima /AFP

Divulgacao / Redes Sociais Elza Soares

Infecções em BH aumentaram

A mulher do fim do mundo

Em meio à explosão de covid, Conselho Municipal de Saúde de BH pede proibição de grandes eventos

Elza Soares nos deixa após 70 anos de carreira e 34 discos; o último em 2019, "Planeta Fome"

CIDADES 4

GERAL 3

MG Minas Gerais Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022 • edição 367 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Isis Medeiros

Três anos do crime da Vale em Brumadinho: não dá pra esquecer

Neste 25 de janeiro, os familiares e as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem em Córrego do Feijão completam três anos em busca das suas jóias e de justiça. Ainda faltam seis pessoas para serem encontradas. Enquanto isso, o crime segue marcando a ferro a vida de quem mora na Bacia do Paraopeba e no Lago de Três Marias: seja com a enchente contaminada que inundou suas ruas e casas, seja transformando a indignação em luta coletiva

Edição especial - 3 anos do crime da Vale ROMPIMENTO DA BARRAGEM EM BRUMADINHO CoronaVac para crianças A Anvisa aprovou o uso da vacina do Butantan na imunização contra a covid para pessoas de seis e 17 anos BRASIL 6

Imprensa quer Lula antipetista Para mídia corporativa tolerar candidato petista, basta que ele não seja Lula de verdade OPINIÃO 2


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

OPINIÃO

Imprensa quer Lula antipetista João Paulo Cunha

ESPAÇO DOS LEITORES “A intenção de muitos governantes deste país é a privatização. Se pudessem, fariam o mesmo em escolas públicas” Izabel Soares sobre a matéria “Privatização do Hospital João Penido, em Juiz de Fora (MG), é questionado no MP” -“É muito difícil fazer as coisas certa, né? O dinheiro está lá, é nosso direito recebê-lo. Mas o governo administra como se o dinheiro fosse dele” Felicia Alves de Melo sobre a matéria “Professores se reúnem com governo de MG para cobrar piso salarial e justo rateio do Fundeb” -“O plano dessas mineradoras é devastar tudo, matar a população tamanha é a ganância dessa gente” Edna Assis sobre a entrevista “É urgente rever o processo de fiscalização e segurança de barragens”, diz Marcus Polignano -“Os governos de direita em Minas sempre apoiaram golpes políticos, manipulações do judiciário etc. desde o início da nossa história, infelizmente” Alexsandro Rebouças Gomes sobre o artigo “Mineradoras têm que ser responsabilizadas pelos estragos das enchentes”, de Luiz Paulo Siqueira

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

A mídia corporativa se rendeu ao cenário inevitável da única alternativa para impedir a reeleição do presidente, mas já começa a apresentar suas condições. Lula é melhor que o monstro no poder - não pelo tipo de poder que exerce, mas pela monstruosidade com que o faz -, mas desde que não seja Lula de verdade. O pacto que vem sendo estabelecido desenha um candidato que, para ser aceito pelos barões da mídia, precisa escrever cartas e mais cartas ao povo brasileiro, render-se a conversas civilizadas com o setor financeiro, acenar para o agronegócio, escolher um vice palatável (ainda que, contraditoriamente, sem sabor), mostrar indiferença respeitosa aos militares e, principalmente, não interferir no mercado. Um Lula antipetista.

Mídia quer Lula rendido ao setor financeiro O que parece contradição em termos, na realidade, é um método. É preciso esvaziar o conteúdo socialista do projeto do candidato petista, impedir que retome o crescimento econômico com distribuição de renda e a valorização dos recursos estratégicos. Que não tenha intenção de revisar os direitos extirpados pela reforma trabalhista em curso e que não reconstrua a porteira civilizatória no meio ambiente. Lula não deve se meter em questões como ampliação das instâncias de democracia participativa,

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

Derrubar Bolsonaro é essencial, mas é só o começo inclusão social e realinhamento diplomático independente, retomando o protagonismo em fóruns multilaterais e o respeito internacional. E, que não venha com essa conversa de valorização da mídia popular e controle econômico dos meios de comunicação. O que é liberalismo nos EUA por aqui é censura. Pode defender o SUS, desde que não venha de novo com médicos cubanos, reforma psiquiátrica e direitos reprodutivos. O programa de imunização, a defesa de critérios epidemiológicos, a ação independente da Anvisa e a atenção básica são valores que não devem, entretanto, entrar em choque com os interesses do mercado e das corporações. Em educação, manter a política de cotas nas universidades, mas anunciando a necessária revisão dessa estratégia, que já teria chegado ao seu limite. Em matéria de cultura, é preciso retomar a inspiração mercadológica da Lei Rouanet sem amarras ideológicas. Será uma campanha que exigirá habilidade política, mobilização popular, capacidade de avaliar a cada momento a necessidade de ampliação de entendimento e avanço. E, principalmente, de não perder o vínculo popular e o projeto de construção de uma sociedade democrática e socialista. Derrubar Bolsonaro é essencial, mas é apenas o começo.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Edição Geral: Larissa Costa (Mtb 22066/MG) Subedição: Amélia Gomes, Elis Almeida, Frederico Santana, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira Redação: Amélia Gomes, Ana Carolina Vasconcelos, Maria Paula Araújo , Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboração: André Fidusi, Anna Carolina Azevedo, Débora Borba, Joana Tavares, Marcelo Gomes. Colunistas: Antônio de Paiva Moura, Beatriz Cerqueira, Bráulio Siffert, Eliara Santana, Fabrício Farias, Frei Gilvander Moreira , Iza Lourença, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, José Prata Araújo, Macaé Evaristo, Makota Celinha, Moara Saboia, Portal do Bicentenário da Independência, Renan Santos, Rogério Hilário, Rubinho Giaquinto, Sofia Barbosa, Tarifa Zero Administração e distribuição: Luiz Paulo Macedo Alves e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Revisão Cristiane Veridiano Tiragem: 65 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022 Ricardo Stuckert / Instituto Lula

Declaração da Semana

Só tem uma razão para eu voltar a ser presidente: para que o povo volte a sonhar

GERAL

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Números da Semana 10,3 mil

quilômetros quadrados foi a devastação da Floresta Amazônica entre janeiro e dezembro de 2021. A área equivale a quase toda a cidade de Manaus (AM). O levantamento, divulgado na segunda (17), foi realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Isenção na conta de água e esgoto

Agencia RMBH

Lula, em coletiva de imprensa a mídia independente, na quarta (19)

Famílias mineiras que tiveram seus imóveis atingidos pelas enchentes terão isenção em suas contas de água e esgoto. A Copasa e a Copanor anunciaram que a medida contempla usuários residenciais e comerciais situados nos municípios em estado de emergência, reconhecidos pela Defesa Civil de Minas Gerais. As condições de isenção variam de acordo com a situação de cada imóvel e não é necessário ir até uma agência de atendimento. As equipes da Copasa Copasa, junto com a Defesa Civil, estão avaliando os imóveis afetados.

A mulher do fim do mundo

Reprodução Redes Sociais /Elza Soares

Faleceu, na quinta (20), aos 91 anos, a cantora Elza Soares. Conhecida como a dama do samba brasileiro, Elza marcou seu nome na história da música mundial e foi eleita como a voz do milênio. Nascida na periferia do Rio de Janeiro, a artista usou seu espaço conquistado para servir de inspiração para mulheres, negros e negras e LGBTI+, com suas canções que abordam temas relacionados à violência, ao racismo e ao preoconceito. Em nota, familiares informaram que as causas da morte foram naturais.


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CIDADES

Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

Em meio à explosão de covid, Conselho Municipal de Saúde de BH pede proibição de grandes eventos TERCEIRA ONDA Infecções por coronavírus na capital mineira aumentaram 2.133% desde o Natal; UPAs e Centros de Saúde seguem lotados Elisa Elsie / ASSECOM RN

Rafaella Dotta A capital mineira está com Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde lotados por pacientes com sintomas gripais e suspeitas de covid-19. Os números de atendimentos não param de subir nesta terceira onda, com a presença da variante ômicron. As unidades de saúde atenderam 33.487 pessoas na primeira semana de janeiro, segundo informações da Prefeitura de Belo Horizonte. Já na segunda semana, receberam 43.294 atendimentos. O maior número de atendimentos com esses sintomas na pandemia havia sido em março de 2021, até então o auge da pandemia. Desde o Natal, a cidade viu a incidência de covid-19 aumentar de 15 casos para

“Eventos que chamamos super espalhadores deveriam ser proibidos ou cancelados até final de fevereiro, diz infectologista

334 por 100 mil habitantes. O que significa um crescimento de 2.133% nos casos. Conselho de Saúde reivindica volta de restrições a mega eventos. Para solucionar ou amenizar as consequências da terceira onda do coronavírus, o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) apontou 12 medidas emergenciais reivindicadas à prefeitura. A primei-

ra e principal delas seria retomar a proibição de grandes eventos.

Para especialistas, grandes festas, shows e jogos de futebol não deveriam acontecer até fevereiro

“Cancelamento dos megas eventos espalhadores do vírus da covid-19, considerando a alta infectividade da ômicron, com a restrição de grandes festas e shows, incluindo os jogos de futebol, para evitar aglomerações pelo menos até o final de fevereiro”, aponta o conselho. O infectologista Unaí Tupinambás, membro dos comitês de enfrentamento à covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda com a volta da restrição ao que tem sido chamado de eventos “super espalhadores”. “Eventos que chamamos super espalhadores deveriam ser proibidos ou cancelados até final de fevereiro ou início de março”, reforça, destacando que essa é uma opinião pessoal. A pre-

feitura foi perguntada sobre a possibilidade de proibir os mega eventos, mas não respondeu ao questionamento.

Novo plano? O Comitê de Enfrentamento à Covid em Belo Horizonte voltou a se reunir na quarta (19). Participaram da reunião o prefeito Alexandre Kalil, o vice-prefeito, o secretário municipal de Saúde e os médicos infectologistas integrantes do comitê. O objetivo, segundo a PBH, foi discutir a falta de cronograma da chegada das vacinas infantis, o alvará a eventos para o carnaval e a situação geral da cidade. As reuniões continuam acontecendo até a próxima quarta-feira, 26 de janeiro, quando um novo balanço será apresentado.

Privatização do Hospital João Penido, em Terceira Romaria Juiz de Fora, é questionada no Ministério pela Ecologia Integral acontece até quinta (27), Público Reprodução

O Edital de Seleção Pública, publicado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que pretende entregar a gestão do Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora, à iniciativa privada está sen-

do questionado no Ministério Público de Minas Gerais. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) apresentou uma denúncia em que alega uma série de irregularidades, pedindo o cancelamento do edital. “É

inconstitucional o Estado abrir mão da gestão do SUS, delegando essa responsabilidade a uma entidade privada, que na verdade são empresas”, explica Beatriz Cerqueira. O Hospital Regional João Penido atende hoje 94 municípios da macrorregião Sudeste de Minas Gerais. Os serviços são gratuitos, financiados 100% pelo Sistema Único de Saúde. O contrato proposto pelo governo de Minas prevê o repasse de R$ 129 milhões à empresa que vencer a seleção.

em Brumadinho

Organizada pela Arquidiocese de Belo Horizonte, até o dia 27, acontece a Terceira Romaria pela Ecologia Integral, em Brumadinho. A atividade tem o objetivo de manter viva a memória das 272 vidas perdidas devido ao rompimento da Barragem da Vale, em Córrego do Feijão, e conta com uma programação diversificada. No dia 25 de janeiro, data em que completa três anos do rompimento, acontece uma missa com os familiares das vítimas, às 9h, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário. Posteriormente, haverá uma caminhada até o letreiro do município, onde os familiares das vítimas farão um ato simbólico. A programação completa está disponível em brasildefatomg.com.br.


Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

MINAS

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No fim de 2021, Romeu Zema assinou cinco acordos com mineradoras para ampliação de extração MINERAÇÃO Movimento denuncia que governador tem favorecido setor minerário, colocando a população mineira em risco constante Mídia NINJA

Amélia Gomes Ao longo da gestão de Romeu Zema (Novo), o setor minerário tem sido prioridade para o governo estadual. Ainda no primeiro ano de mandato, houve uma grande pressão para que o licenciamento de diversos projetos de mineração no estado fosse acelerado. Em janeiro 2019, Minas sediou um dos maiores crimes socioambientais do país, com o rompimento da barragem da mina em Córrego do Feijão, da Vale, que completa três anos no próximo dia 25. Apesar disso, a parceria entre governo e minerado-

ras só se estreitou nos últimos anos. Em 2021, Zema se empenhou em assinar diversos acordos e protocolos de intenções com mineradoras, a maioria deles

prevendo a ampliação da extração nas minas. Ao contrário da propaganda positiva que o governo sustenta sobre os acordos, o Movimento pela Sobe-

rania Popular na Mineração (MAM) avalia que, com a mineração predatória, a economia de Minas está regredindo. “O que temos visto é um processo de primarização profunda e desindustrialização da economia, que retoma o projeto de Minas Gerais como polo de exportação de commodities”, explica Luiz Paulo Siqueira, um dos coordenadores do MAM. Luiz também alerta que o aumento extraordinário e sem controle da extração em Minas Gerais coloca a população em risco constante. Ele afirma que o impacto na saúde é grave nos territórios minerados, seja por causa da contaminação da água e do

solo com os metais pesados ou pelo ambiente de trabalho insalubre que é a mineração. Em muitos municípios, a população sofre com a falta de água provocada pela atividade minerária. De acordo com o último boletim divulgado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), das 47 barragens de rejeitos em risco iminente de rompimento (classificadas em nível 1, 2 e 3), 42 estão em Minas Gerais. Algumas minas dessas barragens, como Serra Azul em Itatiaiuçu e Fábrica em Congonhas, serão beneficiadas com os acordos de ampliação da atividade minerária assinados pelo governador.

Conheça os acordos 04/11/21

Romeu Zema autoriza expansão da extração de nióbio em Araxá O governador assinou um acordo com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e aprovou a expansão da extração de nióbio em Araxá, passando de 100 para 150 mil toneladas por ano. Apesar do robusto retorno financeiro que a expansão trará para a empresa, a ampliação da extração vai gerar apenas 133 empregos diretos no município, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Estado.

05/11/21

No aniversário de seis anos do crime no Rio Doce, Zema fecha parceria com a Vale No dia em que rompimento da barragem em Mariana – de responsabilidade da Samarco/Vale/BHP Billiton – completou seis anos, o governador de Minas assinou um protocolo de intenções com a New Steel, subsidiária da Vale. O documento prevê a implementação de pilhas estéreis de rejeito em três minas da empresa: Fábrica, em Congonhas; Fazendão, em Mariana; e Vargem Grande, em Itabirito. O projeto prolongará em 20 anos a vida útil das minas.

09/11/21

11/11/21

24/11/21

Outro acordo firmado pelo governo é do investimento de R$ 4,4 bilhões anunciado pela Anglo American. O recurso será utilizado em ações que irão beneficiar a própria empresa, como pavimentação de vias de acesso usadas pela mineradora. Em contrapartida, o governo de Minas fornece o aval para a ampliação das atividades do projeto Minas-Rio, em execução desde 2014. No entanto, segundo Luiz Paulo, do MAM, a preocupação da mineradora com a reparação ambiental causada por sua atividade é aquém da publicidade.

Em ano de lucro recorde para mineração, a AngloGold Ashanti se tornou patrocinadora da Fundação Clóvis Salgado, em BH. Ao contrário do setor cultural, a mineração não paralisou suas atividades presenciais durante a pandemia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), de janeiro a setembro de 2021, o faturamento das mineradoras no Brasil foi de R$ 258 bilhões, 104% a mais que no mesmo período de 2020. As exportações minerais brasileiras tiveram um aumento de 84% em 2021, se comparado ao ano anterior.

O governador assinou acordo com a ArcelorMittal e concedeu a triplicação da extração na mina Serra Azul, em Itatiaiuçu. A produção vai passar de 1,6 milhão de toneladas por ano para 4,5 milhões de toneladas por ano de minério de ferro. A barragem da mina Serra Azul, localizada no município, corre risco de romper. De acordo com o site da empresa, a barragem está desativada desde 2012, se os rejeitos agora são dispostos pela técnica de empilhamento a seco. No entanto, desde 2019, dezenas de famílias do município seguem desalojadas por causa do risco de colapso da estrutura.

Em evento de sustentabilidade, Anglo American e Zema assinam acordo

Governo abre parceria privada do Palácio das Artes com mineradoras

Com aval de Zema, mineração vai triplicar em Itatiaiuçu


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BRASIL

Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

Anvisa aprova uso da CoronaVac para crianças e adolescentes entre seis e 17 anos Marcos Moura / Prefeitura de Fortaleza

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na quinta-feira (20), o uso da vacina CoronaVac, do Instituto Butan-

tan, na campanha de imunização infantil contra a covid-19. O órgão recomenda a mesma formulação, dosagem e posologia aplicada

em adultos para crianças e adolescentes entre seis e 17 anos. Até então, a vacinação infantil vinha sendo realizada com doses pediátricas do imunizante da Pfizer. “São os dados que temos com maior informação [seis a 17 anos] e maior sugestão de desempenho. São os dados do Chile, de efetividade do Chile. Isso também é corroborado com os pareceres das sociedades médicas”, disse Gustavo Mendes, da Anvisa.

Auge da ômicron no Brasil deve ocorrer na primeira semana de fevereiro Com o avanço da variante ômicron, o Brasil deve registrar pico de cerca de 1.200 mortes diárias pela covid-19 em pouco mais de duas semanas. O alerta foi dado nesta quarta-feira (19) pelo Instituto de Métricas em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo essas estimativas, as curvas de óbitos já estão subindo, devendo atingir o pico no dia 4 de fevereiro, quando, então, devem começar a cair. Nesse sentido, com o avanço da terceira dose e menor resistência à vacinação, esses números podem cair cerca de 30% por volta do fim do próximo mês.

Senado cobrará investigação sobre tentativa de Carlos Bolsonaro de adquirir tecnologia espiã Nos Estados Unidos, a NSO Group entrou na lista de empresas proibidas Carl de Souza /AFP

Caroline Oliveira A senadora Kátia Abreu (MDB-MS) informou que irá propor a convocação dos ministros da Justiça e Segurança Pública e do Gabinete de Segurança Institucional (SGI) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado para explicar a suposta compra de sistemas de espionagem junto à empresa DarkMatter. Segundo revelações feitas pelo UOL, durante a viagem de Jair Bolsonaro (PL) a Dubai, em novembro de 2021, um integrante do “gabinete do ódio”, emissário do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), iniciou as tratativas para a aquisição de um software

Carlos já havia tentado compra do Pegasus, mas TCU suspendeu

que o vereador Carlos Bolsonaro tenta estabelecer negociações para esse tipo de aquisição. Ainda em 2021, o filho do presidente interveio em uma licitação do Ministério da Justiça a fim de que a pasta comprasse o programa Pegasus. A tentativa, no entanto, fracassou depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a licitação. ANÚNCIO

israelense utilizado em programas de espionagem da empresa DarkMatter. Houve reuniões realizadas pelos funcionários do governo com os representantes das empresas DarkMatter, Polus Tech e NSO Group, que são responsáveis por sistemas projetados para infectar celulares e dispositivos que usam Android e IOS. A última desenvolveu o famoso sistema Pegasus. Nos Estados Unidos, a NSO Group entrou na lista de empresas proibidas no país. Esta não é a primeira vez


especial

MG janeiro de 2022

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA VALE EM BRUMADINHO

Um crime que continua marcando vidas

Neste 25 de janeiro, os familiares e as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem em Córrego do Feijão completam três anos em busca das suas jóias e de justiça. Ainda faltam seis pessoas para serem encontradas. Enquanto isso, o crime segue marcando a ferro a vida de quem mora na Bacia do Paraopeba e no Lago de Três Marias: seja com a enchente contaminada que inundou suas ruas e casas, seja transformando a indignação em luta coletiva


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ESPECIAL

Belo Horizonte, janeiro de 2022

Água e lama do Rio Paraopeba contaminadas fazem famílias relembrarem rompimento da barragem CRIME CONTINUADO Estudo da “SOS Mata Atlântica” encontrou 44 vezes mais cobre que o permitido no Paraopeba Marina Oliveira

Ana Carolina Vasconcelos Marcela Rodrigues estava voltando de uma viagem em família quando recebeu a notícia de que o município onde mora era um dos mais dos 380 municípios em estado de emergência, devido às fortes chuvas. Mas para ela e tantos outros moradores da bacia do rio Paraopeba o choque foi ainda maior. “Tive a mesma sensação do momento que soube do rompimento da barragem no dia 25 de janeiro de 2019”, declarou. Aos 28 anos, Marcela é uma das milhares de pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale, em Córrego do Feijão, no ano de 2019. Seu pai, Denilson Rodrigues, é uma das 272 vítimas fatais do rompimento. Com as fortes chuvas e o consequente aumento do nível do rio, famílias das comunidades próximas enfrentaram enchentes de água e lama tóxicas. Os rejeitos, presentes nas margens do rio, chegaram a regiões que ainda não haviam sido contaminadas. Um estudo realizado em 2020 pela ONG “SOS Mata Atlântica” demonstrou a presença de metais pesados em alta quantidade nas águas do rio Paraopeba. Foi encontrada uma quantidade de cobre 44 vezes mais alta que o permitido, de manganês 14 vezes acima e de ferro 15 vezes acima. Moradores relatam que algumas pessoas já apresentaram manchas na pele, após o contato com a água e a lama contaminadas. “A gente sente dor de cabeça, vontade de vomitar, a pele fica irritada, com coceira. Quando não era contaminado, a gente não enfrentava esse problema”, ex-

menos 700 famílias desabrigadas nas cidades de São Joaquim de Bicas, Juatuba, Betim, Citrolândia, Mário Campos, Brumadinho e Congonhas, que estão na bacia do rio Paraopeba.

Barragens em risco Cidade de Brumadinho foi uma das mais atingidas pelas enchentes

plica Márcia de Medeiros Faria, ribeirinha e moradora de Brumadinho. Perdas são incontáveis

“Perdemos todos os móveis da cozinha, roupas, plantas”, explica Rita Andréia Oliveira Rodrigues, moradora de Brumadinho. Ela relata que além de móveis, a lama tóxica levou fotografias, objetos de recordação, parte da história de sua família. Nicolle Virgínia Flores Soares Silva, e moradores de Bru-

Aldeias No município de São Joaquim de Bicas, a aldeia Naô Xohã, de indígenas das etnias Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, e em Pompéu, a comunidade Kaxixó, ambas atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho, foram alagadas pela cheia do rio. Famílias ficaram ilhadas e desalojadas. “Ainda não é oficial se temos condições de voltar a morar naquele local. Mas a gente sabe que não, o território já era contaminado e agora está pior. Estou muito preocupado com as famílias”, desabafa Sucupira, vice cacique da aldeia Naô Xohã.

madinho, relatam que a água do rio subiu tanto e tão rápido que perderam pertences. “Muita coisa não dá tempo de tirar e dessa vez a água subiu muito rápido, tiramos as coisas às pressas e muita coisa estragou. É muita lama, sujeira, entulho que fica após as águas baixarem”, explica. Levantamento do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) identificou que há pelo

Em enchentes anteriores era água e areia. Agora é lama fedorenta

A culpa é das chuvas? Nascida em 1970, Natalina já presenciou outras enchentes no município de Brumadinho. Porém, nunca tinha visto situação como a de agora. “Principalmente por esse barro, essa lama. No pós enchente, a gente não convivia com isso antes”, explica. Márcia Faria, confirma. “Antes era água e areia. Agora é lama fedorenta, que dá alergia, coceira”.

Segundo o governo de Minas, 31 barragens de rejeito estão em situação de emergência. Segundo a União, pode chegar a 36. Dessas, 3 estão classificadas como nível 3, as barragens B3/B4, em Nova Lima, Forquilha III, em Ouro Preto, e Sul Superior, em Barão de Cocais. Todas as estruturas pertencem à Vale. As barragens classificadas nesse nível têm risco iminente de rompimento, tornando necessária a evacuação das comunidades ao redor.

Responsabilidade da Vale Na terça-feira, dia 18, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) notificaram a Vale. O ofício encaminhado à mineradora atribui à empresa a responsabilidade da limpeza imediata de propriedades particulares e vias públicas dos municípios da bacia do Paraopeba atingidos pelas chuvas, dentre outras medidas. Porém, moradores afirmam que a empresa não está prestando a assistência necessária.

Linha do tempo dos principais rompimentos 2001 Barragem de contenção de minério da mineradora Rio Verde, em Macacos, distrito de Nova Lima, rompeu em junho de 2001

2003 Em Cataguases, na Zona da Mata, a barragem de um dos reservatórios da Indústria Cataguases de Papel Ltda rompeu em 29 de março

2007 Miraí, na Zona da Mata, foi vítima de rompimento da barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases

2014 Barragem da mineradora Herculano, em Itabirito, rompeu em 10 de setembro de 2014

2015 Barragem da Vale e da BHP/Vale/Samarco rompeu em Mariana, no dia 5 de novembro de 2015

2019 Barragem da Vale rompe em Brumadinho no dia 25 de janeiro de 2019


Belo Horizonte, janeiro de 2022

Lentidão da Justiça gera sentimento de impunidade no caso Brumadinho “DECEPCIONANTE” Processo, que corria em âmbito estadual, está parado e aguarda que Justiça Federal decida seu destino Isis Medeiros

Rafaella Dotta Ainda não há nenhuma pessoa formalmente acusada pela morte das 272 pessoas no rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, em 2019. Um impasse entre a Justiça Estadual de Minas Gerais e a Justiça Federal paralisa o andamento do processo, diminuindo, a cada dia, a confiança dos familiares na punição do crime. De um lado, o Ministério Público (MP) de Minas luta para manter o julgamento no âmbito estadual, em ação que já estava correndo na Comarca de Brumadinho. Por outro lado, o Supremo Tribunal de Justiça manteve, há um mês, sua decisão de que o caso deve ser julgado a nível federal. O MP de Minas, em denúncia entregue à Justiça Estadual em janeiro de 2020, indiciou 16 pessoas por 270 homicídios dolosos e crimes ambientais. Processo que já estava correndo. Em nível federal também há uma investigação concluída, da Polícia Federal, que indiciou a empresa Vale, a empresa Tüv Süd e 19 pessoas. Essa foi entregue ao Ministério Público Federal, que ainda não abriu a denúncia. Há poucos dias, em 14 de janeiro, o MP mineiro recorreu ao Supremo Tribunal Federal e tenta

cancelar a federalização do caso. “Na tragédia da Vale em Brumadinho as vítimas fatais eram colaboradores da própria compa-

Para advogado, o impasse sobre o processo criminal é uma manobra para ganhar tempo nhia, moradores e pessoas que passavam pela região”, argumenta nota do MP. O órgão defende que o julgamento aconteça em um Tribunal do Júri estadual a ser instalado em Brumadinho. Demora e impunidade de mãos dadas O advogado Danilo Chammas, membro da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser) e que acompanha o caso, avalia que o impasse, no mínimo, atrasa o processo em um ano. “A manobra de alegar incompetência do juízo é muito conhecida, acontece muito para atrapalhar o processo, ganhar tempo”, analisa. Para ele, a Justiça teve uma atuação enérgica logo após o rompimento, mas desde que a denúncia virou uma ação, há dois anos, pouco evoluiu.

“Decepcionante”, indigna-se Maria Regina, mãe da Priscila Elen Silva, uma das vítimas fatais do rompimento. “Você vê a morosidade, vê que não tem pessoas atuando para fazer justiça. Pelo contrário, olha a quantidade de liberação para mexer em minério que o Zema deu neste ano. Que justiça vai ser feita se eles, que fazem justiça, estão ganhando?”, questiona dona Regina. Andressa Rodrigues, mãe do Bruno Rocha Rodrigues, também vítima do crime, reforça a importância da punição aos responsáveis. “A Justiça tem se mostrado muito morosa, é um processo que não avança. E essa impunidade é um combustível perfeito para que crimes, como os de Mariana e Brumadinho, tornem a se repetir”, lastima. Melhorar acesso às informações Os termos e trâmites judiciais também têm se mostrado um empecilho aos familiares das vítimas da Vale. Por intermédio dos advogados da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) e da Renser, é possível ter acesso aos autos. Porém, é burocrático. As entidades organizam um Observatório Criminal para coletar dados das instituições de Justiça e repassá-las aos atingidos, com o objetivo de que os familiares fiquem melhor informados. A presidenta da Avabrum, Alexandra Andrade, destaca ainda a demanda pela informatização do processo judicial. “Um processo físico para o número de réus [16] vai atrasar ainda mais. O ideal seria passá-lo ao meio eletrônico, para que vários advogados tenham acesso ao mesmo tempo”, explica.

ESPECIAL

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Depoimentos Será que a Vale vai devolver para a dona Joaquina a casinha dela que ela gostava de morar na beira do rio? Qual tipo de justiça que essa instituição pode promover, uma vez que ela errou com a população? Uma vez que ela acabou com o sonho, a qualidade de vida de muitas pessoas de forma criminosa. E ela fez sabendo. Antônio Cambão, do Quilombo de Marinhos

Justiça é a pessoa pagar pelo o que ela fez. Se fez algo de errado, é preciso assumir. Não pode ficar se escondendo. No caso da Vale, ela matou 272 joias e ainda está solta por aí. É preciso colocar os responsáveis na cadeia para trazer um pouco de alento para as famílias. Nós merecemos justiça. Vale, assassina! Tüv Süd, assassina também! Alice Jolie Rocha de Almeida, de Mário Campos

Justiça é ter o direito de sonhar um futuro melhor para as pessoas no território que elas escolheram para viver o resto de suas vidas. Isso é justiça!

Valéria Antônia Silva Carneiro, do Assentamento Pastorinhas


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ESPECIAL

Belo Horizonte, janeiro de 2022

“Eu não luto só por reparação, luto por justiça, e ela só será alcançada com a luta coletiva” UNIÃO Para atingidos, a vitória sobre a impunidade e sobre os ataques da Vale só será possível com a organização popular Isis Medeiros

Amélia Gomes Fonte de renda, moradia, saúde, amigos, família. A lama tóxica de rejeitos da Vale devastou de diferentes formas a vida dos atingidos da Bacia do Paraopeba e do Lago de Três Marias. Soterrou sonhos e projetos. Mas, no cenário catastrófico enfrentado após o crime, o denominador comum entre os atingidos é a busca incessante por justiça. Para Cláudia Márcia Gomes, que perdeu o cunhado e também a propriedade no rompimento, essa conquista só virá da união dos atingidos. “Eu não luto só por reparação, luto principalmente por justiça, e ela só será alcançada com a luta coletiva”, afirma. Ela, que hoje integra três coletivos, entre eles a Comissão de Ponte das Almorreimas, relembra que em 2015 chorou por três dias seguidos por causa do rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP Billiton, em Mariana. “Se eu tivesse lutado por Mariana, Brumadinho não teria acontecido”, lamenta. “Eu espero que eles sejam punidos, porque a nossa punição está sendo doída demais” completa. Para Fernanda Perdigão, coordenadora do Fórum de Atingidas e

DEPOIMENTOS Resolvemos nos unir e lutar na coletividade para sermos, pelo menos, um pouco ouvidos. Pedimos união de todas as pessoas atingidas, para que juntos façamos ecoar a nossa voz, para que haja uma reparação justa, uma reparação humana. Porque crimes estão sendo cometidos um atrás do outro, não só pela empresa criminosa, mas por todos aqueles que deveriam nos defender. Patrícia Passarela, da comunidade Taquaras, Esmeraldas

Atingidos pelo Crime da Vale, além de ser um ponto de apoio para os momentos mais difíceis, a organização coletiva é a única possibilidade para os atingidos conseguirem enfrentar o sistema minerário. “Coletivamente é possível fazer diferença e impor à Vale que cumpra não só os acordos, mas que respeite os direitos

A organização coletiva é a única possibilidade para enfrentar o sistema minerário fundamentais das pessoas”, aponta. “Se passar apenas pela luta individual, a gente vai estar sempre com o sentimento de injustiça, é junto que a gente fica mais forte”, completa Fernanda, que também integra o coletivo

Paraopeba Participa e o Comitê Popular da Zona Rural de Brumadinho. Além do convívio cotidiano com as sequelas do crime, desde 2019 as comunidades atingidas denunciam que são perseguidas e ameaçadas pela mineradora, sobretudo aqueles que integram e organizam coletivos de luta por justiça. Na avaliação de Dom Vicente Ferreira, da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), a perseguição contra as organizações é um sinal de que a luta está surtindo efeito. “Se deixarmos os agredidos sozinhos, a gente perde para o sistema. Precisamos estar sempre em rede”, pontua. “Se o poder que está nos matando é global, a força para combater esse projeto tem que ser a coletividade. Precisamos globalizar a nossa luta e solidariedade. Por isso, a estratégia da Vale é justamente nos fragmentar”, ressalta o bispo.

Precisamos caminhar juntos em comunhão, em missão. Povo unido jamais será vencido. Em oração, união, somando forças, apoiando uns nos outros, construiremos pontes que nos agregam, ao invés de muros que separam e dividem. Que a mãe de Deus e nossa querida Virgem Maria nos dê forças para enfrentarmos, resistirmos juntos essa realidade tão dura que é o crime da Vale. Padre José Evair, da comunidade Aranha, Brumadinho A gente não deve lutar sozinho porque a Vale é uma potência. E a gente sozinho se sente muito pequeno. O ditado mesmo já diz: uma andorinha sozinha não faz verão. Juntos, nós somos mais fortes. É tipo vareta de bambu, se pegar uma só, você quebra ela num instante. Mas se você juntar mais de uma, você não consegue quebrar. Ela enverga, mas não quebra. Nair de Fátima Santana Silva, da comunidade quilombola Marinhos, Brumadinho

OPINIÃO

Dez coisas que a Vale não deveria fazer Por Coletivo de Atingidos

1. Não atrapalhar as in-

vestigações sobre o crime cometido e reconhecer sua responsabilidade com pedido formal de desculpas.

2. Não perseguir os atingidos, os defensores de direitos humanos, as assessorias técnicas, os movimentos sociais e organizações populares que estão lutando por justiça e reparação integral. 3.

Não enrolar para reparar as famílias.

4. Não retomar nem expandir as explorações nos locais das tragédias. 5. Não gerar mais impac-

tos socioambientais com o processo de reparação.

6. Não provocar conflitos entre as comunidades atingidas. 7. Não desqualificar as dores e os impactos nos nossos territórios. 8. Não participar das decisões sobre os processos de reparação e não excluir a participação dos atingidos. 9. Não definir os critérios sobre quem são as pessoas atingidas.

EXPEDIENTE O Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em sete estados. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e em nosso estado. Este especial é uma parceria do Brasil de Fato MG com a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário da Arquidiocese de Belo Horizonte (Renser) e o Coletivo de Atingidos de Brumadinho. Tiragem: 65 mil exemplares. www.brasildefatomg.com.br / (31) 9 8468-4731

10. Não fazer propagandas mentirosas sobre a reparação.


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Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

Pressão sobre Bolsonaro: servidores organizam ato no STF e 5 mil podem parar

BRASIL

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Decreto presidencial sobre cavernas favorece mineradoras e pandemias Patrícia Carluccio / Wikimedia Commons

Sergio Lima /AFP

Redação Redação Com o orçamento público de 2022 prestes a ser sancionado, a gestão Bolsonaro segue no alvo do funcionalismo federal, que mantém as mobilizações por recomposição salarial. Houve paralisação dia 18, e as entidades do setor articulam um ato para o começo de fevereiro em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde os servidores deverão cobrar isonomia

do governo, ou seja, que todos sejam tratados da mesma forma, sem privilégios para algumas categorias. O governo tem recebido duras críticas do funcionalismo por ter dado um aceno favorável a aumento para as carreiras policiais, uma das principais bases eleitorais de Bolsonaro, e continuar travando o diálogo com as demais categorias. Mais de 40 carreiras demandam do governo uma via de diálogo para repensar a remuneração dos servidores.

O governo de Bolsonaro (PL) flexibilizou e reduziu a proteção de todas as cavernas do país, incluindo as de máxima relevância, que são as de maior valor ecológico. A mudança foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União dia 12. O decreto presidencial é criticado por pesquisadores, especialistas e entidades ambientalistas por facilitar o licenciamento de obras e atividades potencialmente lesivas às cavernas brasileiras. A medida pode

levar à destruição de centenas de grutas em todo o país e de milhares de espécies que vivem nesses ambientes. Segundo Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a redação do decreto atende aos interesses de grandes empresas de mineração. E há também o risco do surgimento de novas epidemias e pandemias como a do coronavírus com o desabrigo de populações desses mamíferos que vivem em ambientes cavernosos isolados.

Sind-UTE/MG e CUT Minas realizam

#CampanhadeSolidariedade aos atingidos e atingidas pelas chuvas no estado

Junte-se a essa corrente de solidariedade e vamos ajudar quem precisa! Por transferência bancária: Banco CEF - 104

Ag: 0086 Operação 003 Conta: 502471-8 Por PIX:

CNPJ 65.139.743/0001-92 Doação de alimentos e materiais: Doe alimentos não perecíveis, colchões, roupas de cama e materiais de limpeza na subsede do Sind-UTE/MG mais próxima de você.

Doe qualquer valor Período dessa campanha: 29/12/2021 a 30/1/2022

ANÚNCIO


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

CRÔNICA Freepic

Nossos direitos PESSOAS AFETADAS POR DESASTRES CAUSADOS PELA CHUVA PODEM PEDIR PERDÃO DO IPTU EM BH

OVOS CAIPIRAS O velho Barreto sempre foi muito generoso e sempre presenteava as pessoas com ovos de galinha caipira do seu sítio no interior do interior de Minas. Ninguém ia ao seu sítio e saía sem os famosos ovos literalmente na mão. Até gente grã-fina, com bolsa do Louis Vitton, pegava ovos de graça. Seu Barreto tinha um sobrinho muito rico e querido que morava na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Todo mês, seu Barreto enviava duas dúzias de ovos para ele, totalmente de graça. Ele só pagava o frete. Seu Barreto despachava num caixote frágil sem muita proteção e os ovos chegavam todos quebrados. Seu sobrinho nunca reclamou e, para a sua esposa não saber o que acontecia realmente com os ovos que o tio mandava, ele comprava outros ovos caipiras na vendinha do seu Amaral, que levantava cedo para comprar tudo fresquinho e orgânico. Seu Amaral ficava intrigado que o sobrinho do seu Barreto jogava uma caixa cheia de ovos fora e comprava ovos na mão dele. Mas nunca teve coragem de perguntar. Com os ovos, sempre vinha uma cartinha do seu Barreto com saudações e perguntando sobre a família, o mar e se os ovos eram gostosos. Seu sobrinho sempre lhe respondia muito agradecido. Só que, na verdade, ele nunca saboreou um ovo do sítio do seu tio. Mas, para não desagradar a ele, nunca falou a verdade. Um dia, muito curioso, perguntei ao sobrinho do seu Barreto por que nunca avisou ao tio para não mandar mais ovos, já que ele era tão pobre e precisava dos ovos para sobreviver. O sobrinho me olhou com olhos de Capitu e de Lobo Mau e falou com uma voz quase que embargada: - Nunca vou falar para ele. Meu tio ficaria muito triste com isso. Minha mãe deu o sítio para ele, falou que o pagamento era mandar ovos para mim, todo mês. Assim ele o faz. Com uma alma generosa igual à do meu tio, temos que ser muito delicados. Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte

Pessoas que tiveram danos no imóvel, ocorridos em função das últimas fortes chuvas em Belo Horizonte, podem pedir perdão do IPTU. Os valores a serem perdoados vão depender do prejuízo monetariamente comprovado pelo proprietário ou inquilino do imóvel. Para conseguir formalizar o pedido, a primeira medida necessária é solicitar uma visita da Defesa Civil de Belo Horizonte (pelo telefone 199) para que seja emitido um laudo técnico. É importante anotar o número de protocolo do laudo.

Em seguida, deve ser preenchido um requerimento de isenção do IPTU que está disponível em prefeitura.pbh.gov.br. Basta digitar na busca do site o termo “IPTU remissão” que você irá encontrar a página que trata sobre a remissão de IPTU em caso de desastres naturais. Reunida a documentação, ela deverá ser entregue no BH Resolve, no Centro da cidade. O prazo para a realização do requerimento de perdão do imposto é de até 180 dias do desastre. A análise pela prefeitura tem um prazo de até 90 dias.

Jonathan Hassen é advogado popular

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Estou impressionada com a quantidade de pessoas que tenho visto com câncer e, cada vez, mais jovens. O que pode estar causando isso? Viviane Mércia, 20 anos, designer de unhas. Algo está muito errado em nosso modo de vida. Na verdade, o câncer é uma doença que tem múltiplas causas. Sabe-se que cigarro, álcool, exposição à radioatividade, alguns tipos de vírus, alimentos contaminados com venenos, tudo isso pode contribuir para o surgimento da doença. No Brasil, um estudo mostrou que cada pessoa consome em média cinco litros de agrotóxicos por ano. É muito veneno! Além disso, nossa vida corrida e estressante enfraquece nossas defesas naturais. Infelizmente, o dinheiro está no centro desse motor, quando deveria estar a saúde, o bem-estar e a felicidade de todas as pessoas. Precisamos mudar esse mundo se quisermos ter mais saúde. :: CONHEÇA O CANAL DA AMIGA DA SAÚDE NO SPOTIFY! ::

Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.


Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

15 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br Separamos aqui uma combinação infalível para você conquistar o coração da sua parceira. Trata-se da junção entre limpeza e um bom jantar. Em outras palavras, a demonstração de

RECEITAS COM COENTRO

afeto e cuidado. Pode ter certeza que é a melhor declaração!

Freepic

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Mito das Três (?), ideia difundida pela Sociologia de Sigla das rodovias Conjunto de datas Gilberto federais festivas de um local Freyre

Recinto secreto no romance "O Nome da Rosa" (Lit.) Tocantins (sigla)

A ela pertencem o juiz e os bandeirinhas (fut.)

A carne do bife Transportada às depois Período his- costas por ciclistas, de batida tórico ou evita paradas para na tábua geológico beber água

(?) Polo, mercador veneziano

Greta (?), atriz sueca que se aposentou no auge da carreira

(?) de leite: A, B e C Grupo (abrev.)

Jet (?), ator de filmes de ação

Empresa fictícia do "Looney Tunes" Antonio Houaiss, lexicógrafo carioca

A gravação de discos antes da era digital (?) Moraes, atriz Profissional que agiliza procedimentos em cartórios

Formulação inicial da teoria científica

Sinal (?): é monitorado na cirurgia

Instituto da Aeronáutica (sigla)

(?) aeternum: para sempre (latim)

2. Guacamole de coentro

(?) e crua: a verdade sem rodeios

Atraca (a espaçonave)

Ingredientes: 3 avocados (ou outro abacate) 1 tomate maduro 1/2 cebola roxa 1 limão espremido 2 colheres de azeite Coentro, sal, pimenta e cominho a gosto

Haste de arados Estado dos EUA

Mensageiro dos reis medievais

(?) Werneck, atriz 3ª vogal

Principal raça de gado de corte (BR)

O aluno que aplica o trote no calouro

(?) fogo: ação do incendiário

Sétima letra grega Fruto da sidra

Substituiu a dracma na Grécia (pl.) Conjunção condicional Possuir

Sabão, em francês "Geral", em IGP

3. Chá de coentro 52

Solução B R B I T R A G E M A R B O M A R CO L Ç T A A H I A L O G I C A I S T R OP I C A L A H E S A ME R I C A D A D S P A C H A N T E O A U TA H O P I I T A L N A T E R A N O A D EV N T R A S A L A A E U R O S E TA S T E R M A ÇÃ E X O S E G U R O

BANCO

Modo de preparo: amasse o abacate e acrescente a pimenta, a cebola, o suco de limão, o coentro, o sal e o cominho. Os tomates picados devem ser misturados apenas no final do processo. O guacamole deve ser servido imediatamente para manter o frescor dos ingredientes.

A G E A N D A D D E E V V E N T O S

Conceito subjacente às campanhas de saúde que exortam o uso da camisinha

Erguer Artigo de feiras pecuárias

2/ad — li. 3/eta. 4/acme — same — utah. 5/savon — tipos. 6/acopla. 11/despachante.

Agência espacial que enviou a sonda InSight a Marte em 2018

Ingredientes: 1 Iogurte natural sem sabor 50 ml de suco de limão 2 colheres de azeite 1 colher de vinagre Sal e pimenta a gosto Modo de preparo: misture o iogurte e o limão aos demais ingredientes, mexa bem e sirva fresquinho para evitar alterações no sabor

Fruta (?), item do cardápio do luau The (?): o mesmo, em inglês

1. Molho de coentro

Ingredientes: 1 litro de água 1 punhado de folhas de coentro higienizadas 2 colheres de sopa de sementes de coentro Modo de preparo: leve a água ao fogo. Assim que levantar fervura acrescente as sementes e deixe em fogo baixo por três minutos. Em seguida, desligue o fogo e coloque as folhas de coentro. Tome o chá coado ao longo do dia, sem açúcar ou adoçante. O coentro ajuda a controlar o açúcar no sangue, a reduzir colesterol e triglicerídeos. Além disso, é rico em vitaminas, como a vitamina A, B1, B2, B3, vitamina C e ácido fólico.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

Thiago de Mello: “me despeço para permanecer” POESIA Na semana passada, um dos mais conhecidos nomes da literatura brasileira faleceu aos 95 anos Prefeitura de Manaus

Gabriela Moncau “Como quem reparte pão, como quem reparte estrelas, como quem reparte flores, eu reparto meu canto de amor. Com uma estrofe apenas, eu me despeço – para permanecer com vocês. Me despeço para permanecer”. A fala do poeta, escritor, jornalista e tradutor Thiago de Mello foi pronunciada em um evento na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, em comemoração aos seus então 90 anos. Na sexta (14), aos 95, faleceu o gigante da literatura brasileira. Familiares informaram que ele partiu dormindo. A vasta obra de Thiago de Mello já foi traduzida para cerca de 30 idiomas. O seu livro mais recente – um texto antigo, mas até então inédito – foi publicado em 2020 pela editora Valer, com o título “Notícias da visitação que fiz no verão de 1953 ao Rio Amazonas e seus barrancos”.

Faz escuro, mas eu canto Nascido em 1926 em Barreirinha, no interior do Amazonas, Mello cursava medicina no Rio de Janeiro na década de 1950 quando resolveu levar alguns de seus versos para Carlos Drummond de Andrade. Disse que pensava em abandonar a facul-

Programação de férias em BH

Até o dia 30 de janeiro, as atividades do BH em Férias acontecem em sete parques da capital. A ideia é proporcionar para as crianças o acesso ao lazer e o convívio com a natureza. Nos dias 22 e 23, a programação é no Parque Ecológico da Pampulha e no Par-

dade e se dedicar às letras. O já consagrado escritor desaconselhou o jovem: viver de poesia não é coisa fácil. Mello o desobedeceu. Chegou a trabalhar com cultura na Bolívia, no Peru e no Chile, mas sua carreira diplomática foi interrompida pelo golpe militar brasileiro, em 1964. Nesse momento Thiago de Mello começou

PBH

que Ecológico Roberto Burle Marx. Quinta (27) e Sexta (28), no Parque Ecológico Vencesli Firmino da Silva e no Parque das Mangabeiras. O horário é das 9h às 16h e mais informações estão disponíveis em prefeitura.pbh.gov.br.

a escrever o que se tornaria um dos seus mais conhecidos poemas: “Os estatutos do homem”. Nele, o poeta decreta: “Fica proibido o uso da palavra liberdade / a qual será suprimida dos dicionários / e do pântano enganoso das bocas. / A partir deste instante / a liberdade será algo vivo e transparente / como um fogo ou um rio / e a sua morada será sempre o coração do homem”. O texto compôs o livro “Faz escuro, mas eu canto: porque a manhã vai chegar”, publicado em 1965 e cujo título – trecho do poema Madrugada Camponesa – foi tema da mais recente Bienal de São Paulo, realizada em setembro de 2021. Por sua luta contra a ditadura militar, Thiago foi preso por cerca de um mês e meio. Em 1969, o poeta partiu para o exílio e conviveu com alguns dos maiores escritores latino-americanos, como Mario Benedetti, Gabriel García Márquez e Pablo Neruda.

Drum’n’Bass nas periferias de BH

O Circuito Rua do Bass, projeto com foco na difusão do estilo musical “Drum’n’Bass”, oferece cinco eventos gratuitos, abertos ao público, em cinco diferentes regiões de BH. A primeira edição acontece no sábado (22), a partir das 14h, em Venda Nova, na Rua Ismar Fran-

Em defesa das florestas Desde que retornou do exílio nos anos finais da ditadura militar, Mello viveu, até seus últimos dias, no Amazonas. A terra onde nasceu foi homenageada em seus versos, suas lutas e também nas suas publicações em prosa. “Eu busquei contribuir para o conhecimento da floresta com meus livros. São seis ou sete livros só sobre a vida na floresta: suas lendas, seus mitos, seus milagres, suas grandezas, suas misérias também...”, relata o poeta amazonense em entrevista concedida à Revista Princípios em 2014. Na mesma entrevista, o escritor afirma que “quando parcela de um povo se conscientiza, sabe as razões por que esse povo está sendo oprimido, a primeira coisa que faz é querer organizar-se, organizar-se para lutar”. E completa: “Esse povo conscientizado vai crescer e vai ser invencível”.

Divulgação

cisco da Silva, bairro Maria Helena). A programação conta com DJ Will, DJ B.A.R.S, DJ Daniel Maia, DJ Pat Manoese e o Rap Lá do Norte. Os outros encontros acontecem de 27 a 30 de janeiro. Mais informações em @ruadobass no Instagram.


Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

ESPORTE

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Negacionismo: pandemia revela face oculta de Novak Djokovic e desbanca imagem do "cara legal" Estamos falando de um dos maiores tenistas da história, desses que surgem de tempos em tempos Reprodução /Facebook Novak Djokovic

Por Luiz Ferreira Novak Djokovic sempre foi considerado um "cara legal". Sempre aparecia sorrindo nas quadras de tênis de todo o mundo e cativando os fãs do esporte com sua simpatia, irreverência e conquistas. Estamos falando de um dos maiores tenistas da história, de um daqueles nomes que surgem de tempos em tempos. De alguém em quem os mais jovens se espelham e tomam como exemplo de conduta. Além de promover torneios quando o mundo inteiro tentava se resguardar em casa para evitar o contá-

gio e a disseminação da doença, "Djoko" se revelou um forte defensor do movimento antivacina. Isso porque o sérvio teve o visto cancelado pelas auto-

ridades australianas no dia 16 de janeiro por se recusar a tomar a vacina contra a covid-19 e tentar dar uma "carteirada" para disputar o Australian Open. A organi-

zação do torneio ainda aceitou os argumentos de que Djokovic teria sido infectado dias antes, mas logo descobriu que o tenista havia fraudado documentos e

mentido sobre o tempo em que teria ficado em isolamento. Tudo porque aquele que é justamente considerado um dos maiores tenistas de todos os tempos não quis fazer aquilo que é básico numa pandemia: tomar a vacina contra a covid-19; imunizar-se proteger seus fãs e admiradores de uma doença que já matou milhões em todo o planeta; evitar que as pessoas próximas a ele contraiam a versão mais mortal do novo coronavírus e também os efeitos colaterais que poderiam colocar sua carreira em xeque.

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Belo Horizonte, 21 a 27 de janeiro de 2022

Rafaelle se torna a primeira brasileira a defender o Arsenal

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reproducao /Sportv

Divulgação / Arasenal

Lincoln Chaves / Agência Brasil A zagueira Rafaelle será a primeira jogadora brasileira a defender a equipe feminina do Arsenal (Inglaterra). A defensora de 30 anos, uma das peças mais importantes da seleção de Pia Sundhage, chega aos Gunners, líderes do Campeonato Inglês, após o fim dos cinco anos de vínculo com o Changchun

Zhouye (China). No ano passado, ela esteve cedida ao Palmeiras por empréstimo e foi vice-campeã nacional. “É incrível poder jogar em uma liga tão forte e compe-

titiva. Estava em busca de um clube no qual pudesse apresentar meu futebol e habilidades e estar no centro do mundo. Esse é meu desafio”, disse Rafaelle, que vestirá a camisa 2.

Gol de placa O Palmeiras foi eleito pela Federação Internacional de Histórias e Estatísticas do Futebol (IFFHS) o melhor clube do mundo em 2021! É a primeira vez que um clube brasileiro fica no topo desse ranking anual. O Palmeiras havia ficado em segundo lugar em 2020.

Experimental mesmo é bater pênalti com cavadinha contra o Dida. Jamais um órgão sério de saúde autorizaria um pênalti daqueles” André Rizek, jornalista, ironizando uma postagem antivacina do jogador Alexandre Pato, que chamou o tenista Novak Djokovic de “herói” por não ter se submetido à “picada experimental”. Rizek se refere ao pênalti que Pato errou contra Dida, em 2013, quando jogava pelo Corinthians.

declaração polêmica

SÓBIS

O atacante Robinho foi condenado em última instância a nove anos de prisão pela Justiça italiana, acusado de violência sexual contra uma mulher, em boate de Milão, em 2013. O atacante só corre risco de ser preso caso saia do Brasil, pois a Constituição de 1988 proíbe a extradição de brasileiros.

Bola fora

Força Cavichioli

SÓBIS

@ANDREFIDUSI

Gol contra

Ano novo, velho reinício

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

O goleiro do América, Matheus Cavichioli, de 35 anos, teve que passar por uma cirurgia cardíaca e não tem previsão de quando voltará aos gramados. A torcida, os companheiros e a diretoria, com razão, prestam toda solidariedade e pensamentos positivos ao jogador, Decacampeão pelo ser-humano dedicado, educado e solidário que é, e especialmente por ter sido um dos mais importantes atletas do América no melhor ano de sua história. Em 2021, Cavichioli esteve à frente da meta em 53 dos 56 jogos do time na temporada. Em boa parte deles, atuou com segurança, fez boas defesas e eficientes saídas de bola. Que ele se recupere bem e que em breve esteja de volta aos gramados, fechando o gol do Coelhão!

Depois de acertos em planejamento, gestão, que resultaram na melhor temporada da história do Atlético, a diretoria chuta uma bola para fora. O posicionamento contra a redução de público nos estádios é uma irresponsabilidade e não condiz doido! com o atual momenÉ Galo to da pandemia de covid-19, assolada pela variante ômicron, mais surto gripal. Em nota divulgada, o clube considera a restrição um desrespeito aos torcedores e que causaria um impacto para as agremiações. Quando o acesso ao Mineirão, principalmente, foi liberado, o que se registrou foram aglomerações seguidas na esplanada, milhares (senão todas e todos) sem máscaras, dentro ou fora do estádio. Atitude é desespero de quem vive na ânsia de faturar.

Mais uma temporada repleta de incertezas começa. A SAF, vista por muitos como a salvação da lavoura, já mostrou seu cartão de visitas. A vontade do dono no momento é sanear o clube, assim, o time de futebol pode ficar em segundo plano.La A chegada Rafael parece uma BestiadeNegra boa opção, e a equipe júnior vem fazendo bonito na copinha, o que sempre acende a esperança de bons valores chegando no time de cima. Porém, a velha sensação de que o time vai ter que ir dando certo ao longo da temporada permanece. O primeiro desafio da SAF está posto: o técnico Pezzolano terá tempo para mostrar seu trabalho, ou algumas derrotas já nos colocará de volta na ciranda dos técnicos? Na próxima semana a música já começa a tocar!

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