Guilherme Cavalli
ESPECIAL
Ecologia Integral: tudo interligado numa Casa Comum
O futuro dos seres humanos só existirá com a proteção da totalidade do planeta, animais, recursos e das pessoas mais vulneráveis. Conheça mais sobre a proposta defendida pelo Papa Francisco, com adeptos em todo o mundo, e que ganhou uma romaria em sua defesa em Brumadinho
MG Minas Gerais Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022 • edição 370 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita
Loja da família Zema faz liquidação com roupas contaminadas com lama
Mais veneno no prato
Relator do projeto que flexibiliza o uso de agrotóxico, o “Pacote do Veneno”, recebeu R$ 380 mil de empresários do setor nas eleições 2018 BRASIL 11 Reprodução
Cesta básica nas alturas
A cesta básica ficou 4,57% mais cara em BH no mês de janeiro. Salário atual é cinco vezes menor que o necessário para sustento das famílias CIDADES 4
Metrô a R$ 7
Experiência de privatização do transporte no Rio aumentou a passagem e diminuiu usuários. Agora, Bolsonaro quer privatizar metrô de BH OPINIÃO 6 Agência Brasil
A Vigilância em Saúde da Prefeitura de Brumadinho apreendeu na quinta (10) roupas e calçados que estavam sendo comercializados pela Loja Zema “de forma irregular”. Produtos estavam sujos pela lama da enchente que atingiu o Centro de Brumadinho no mês de janeiro. Rejeitos tóxicos da barragem rompida em 2019 foram carregados com a enchente para dentro das casas e lojas I Minas 4
Não é todo mundo que pode tomar o soro caseiro. Nossa Amiga da Saúde explica por quê VARIEDADES 12
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
EDITORIAL
Barões da pisadinha e o esquema preferido
ESPAÇO DOS LEITORES “Pra eles é bom a água ficar escassa. Pois vão privatizar a água também e cobrar caro. O futuro será tenebroso” Alessandra Vieira sobre a matéria “Governo federal quer leiloar área em BH que pode afetar abastecimento de água” -“Absurdo o que este desgoverno está fazendo com o Agenda e com a Rede Minas... Esta TV é pública, do povo, é nossa. E não fomos consultadxs” Fernanda Brescia sobre a matéria Programa Agenda, da Rede Minas, tem horário de exibição reduzido e artistas protestam -“Além disso pode colocar em risco áreas de mananciais que garantem o abastecimento de água em cidades da Grande BH. Em Contagem não vai dar certo!” Alessandra Macedo comenta artigo “Rodoanel vai resolver os problemas de trânsito na RMBH?”, de Reinaldo Fernandes -“Quem elegeu tantos idiotas nesse país?” Marlene Rodrigues sobre a matéria “Vereadora de BH é intimidada por vereador bolsonarista após ato que cobrou justiça por Moïse” -“Tenha dó, perder patrocínio? O sujeito tinha que estar preso!” Patricia Coelho sobre postagens “Após declarações antissemitas e defesa de ‘partido nazista’, Flow Podcast começa a perder patrocínios
O título de barão era dado a membros da nobreza detentores de poder, riqueza e posição na hierarquia social. O título ainda hoje é utilizado para designar pessoas poderosas no país. Seja com ou sem título, não faltam no Brasil pessoas com a mentalidade de barão e baronesa. São os muito ricos e os que, mesmo não sendo, acham que são. São também os que detém algum poder. Tem político, juiz e empresário que se acha barão. Nosso país é rico, todos sabemos. Mas a pergunta é, com quem está essa riqueza? Não é difícil responder. Muito provavelmente não está na casa de quem nos lê neste momento. O país tem 55 bilionários, só. No entanto, essas 55 pessoas detêm 176 bilhões de dólares, ou seja, quase R$ 1 trilhão. Um escárnio. Sobretudo se pensarmos que temos 54,8 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza. Vivem com menos R$ 406 por mês. Dada essa enorme desigualdade social – somos o país mais desigual do mundo – e considerando que essa desigualdade vem da nossa origem, e nunca se desfez, não é de se estranhar que uns se sintam “barões”. A questão é, se achar muito importante pressupõe que o outro é “menos” importante, “menos” cidadão e que não são todos portadores dos mesmos direitos. Classe dominante ranzinza Como diria Darcy Ribeiro, o Brasil tem uma classe dominante “ranzinza, azeda, medíocre, cobiçosa,
Quem se sente barão acha que pode pisar nos mais pobres que não deixa o país ir para frente”. É compreendendo essa natureza das nossas elites que podemos compreender a pouca comoção com a brutal morte de Moïse, o congolês assassinado. É só com essa chave de leitura que podemos compreender a volta da fome; a lei do teto dos gastos, que congelou os investimentos em saúde e educação por 20 anos; a aprovação na Câmara dos deputados do Pacote do Veneno; o fato de que, desde o golpe do impeachment contra a Dilma, o salário mínimo não tem aumento real. Bolsonaro e Zema são a máxima representação dessa elite. A política neoliberal que defendem, aumenta a pobreza, a fome e a desigualdade social. Não é acaso que a loja Zema, em Brumadinho, sinta-se à vontade para vender roupa suja de lama tóxica para os mais pobres. Quem se sente barão, acha que pode pisar à vontade nos mais pobres. Para eles, uma “pisadinha” aqui, outra acolá, faz parte. Contra os barões da pisadinha, nosso esquema preferido não pode ser outro, que não a construção da força social organizada dos mais pobres, consciência política de classe, de esquerda, e a derrota eleitoral dos barões e seus representantes nas eleições de 2022, com Lula à frente.
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Edição Geral: Larissa Costa (Mtb 22066/MG) Subedição: Amélia Gomes, Elis Almeida, Frederico Santana, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira Redação: Amélia Gomes, Ana Carolina Vasconcelos, Maria Paula Araújo , Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboração: André Fidusi, Anna Carolina Azevedo, Débora Borba, Joana Tavares, Marcelo Gomes. Colunistas: Antônio de Paiva Moura, Beatriz Cerqueira, Bráulio Siffert, Eliara Santana, Fabrício Farias, Frei Gilvander Moreira , Iza Lourença, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, José Prata Araújo, Luiza Dulci , Macaé Evaristo, Makota Celinha, Moara Saboia, Portal do Bicentenário da Independência, Renan Santos, Rogério Hilário, Rubinho Giaquinto, Sofia Barbosa, Tarifa Zero Administração e distribuição: Luiz Paulo Macedo Alves e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Revisão Luciana Santos Gonçalves Tiragem: 45 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022 Victor Cazuza /Divulgação
Declaração da Semana Uma das principais lutas que a gente precisa ter é consciência por território. A gente tem uma população confinada nas favelas, vivendo em condições indignas, enquanto são o braço, o motor da nossa sociedade”
GERAL
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Números da Semana 81%
dos internados por covid-19 em Belo Horizonte não se vacinaram contra a doença. Entre os internados vacinados, cerca de 60% tomaram apenas uma dose. Os dados foram levantados pela prefeitura.
Título eleitoral
TRE
Don L, Artista do Ano da Associação Paulista de Críticos de Arte, em entrevista ao Brasil de Fato.
O prazo para tirar a primeira via do título eleitoral vai até 4 de maio de 2022. A solicitação pode ser feita em tre-mg.jus.br ou pelo atendimento em um cartório eleitoral, mediante agendamento, no mesmo site.
Auxílio Belo Horizonte Divino Advíncula /PBH
As famílias de estudantes que se matricularam na Rede Municipal de Educação ou nas creches conveniadas pela primeira vez em 2022 (novas matrículas) podem acessar, desde o último dia 10, a plataforma do Auxílio Belo Horizonte ou o site prefeitura.pbh.gov.br para solicitar o benefício. Exclusivamente nesses casos o benefício será pago em março. O programa pretende apoiar famílias em situação de vulnerabilidade, por meio da concessão de subsídios financeiros de caráter provisório, como medida de enfrentamento às consequências sociais e econômicas da pandemia da covid-19.
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CIDADES
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
Loja da família Zema faz liquidação com roupas contaminadas por lama em Brumadinho REJEITOS TÓXICOS Produtos foram apreendidos pela prefeitura, pois estavam sendo comercializados “de forma irregular” Reprodução
Caroline Oliveira A Vigilância em Saúde da Prefeitura de Brumadinho apreendeu na manhã de quinta (10) roupas e calçados que estavam sendo comercializados pela Loja Zema “de forma irregular”. A loja faz parte do Grupo Zema, criado há cerca de 95 anos pela família do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “Os produtos estavam sujos pela lama da enchente que atingiu o Centro de Brumadinho no mês de janeiro. O material foi recolhido e descartado no aterro”, informou a prefeitura da cidade em comunicado oficial. Ao todo, foram apreendidas 179 peças de roupa e 46 pares de calçados que não poderiam nem ser doados, já que o contato com a lama pode provocar doenças. “Uma doação dependeria de uma lavagem específica e uma desinfecção que deveria ser feita pela loja,
mas diante da dificuldade do trabalho, eles optaram por entregar as roupas e os sapatos para descarte”, afirmou a coordenadora interina da Vigilância, Cristia-
ne Andrade Viana. O estabelecimento foi notificado pela prefeitura e, em caso de reincidência, pode haver a aplicação de multa e até a interdição da loja
A venda das roupas e sapatos causou indignação da população
Lama tóxica das enchentes Mauro da Costa Val, primeiro presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, explica que no fundo do Rio Paraopeba, existe a lama tóxica prove-
niente da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, pertencente à Vale, que rompeu em 2019. “Os rejeitos são pequenos grãos, mais pesados do que a água, então eles sedimentam. Quando não está chovendo e a vazão é pequena, há pouca movimentação da água. Mas quando há grandes enchentes, isso tudo é revolvido. Há uma energia grande, tudo fica chacoalhando, e isso é levado até onde a água vai. Depois, isso sedimenta como lama na casa das pessoas, nas plantações etc. Essas substâncias tóxicas se espalham”, explica Costa Val. Indignação José Geraldo Martins, do Movimento dos Atingidos por Barragens, afirmou que a comercialização dos produtos causou “indignação” na população de Brumadinho. “As pessoas ficaram bastante indignadas, porque quem teve a casa invadida pela lama jogou fora roupas, móveis, eletrodo-
mésticos e utensílios que haviam tido contato com a lama contaminada. Enquanto isso, a loja do próprio governador do estado vendendo com desconto, em 10 vezes, os itens atingidos pela lama”, afirmou. Segundo ele, a loja fica localizada numa avenida que foi afetada pelas enchentes em janeiro deste ano. “Além das questões sanitárias, de saúde pública e outras, isso também demonstra uma falta de sensibilidade muito grande em relação ao crime que foi cometido, que ceifou 272 vidas imediatamente e ainda vem destruindo vidas ao longo desses três anos, porque essa enchente deixou lama de rejeito de minério dentro das casas das pessoas”, diz José Geraldo Outro Lado O Brasil de Fato entrou em contato com o Grupo Zema solicitando um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Moradores do Beco Fagundes, em Betim, permanecem em suas casas até março Brasil de Fato -MG
Rafaella Dotta Uma audiência de conciliação realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na quarta (9), é mais um capítulo da luta dos moradores do Beco Fagundes, no Jardim Teresópolis, Betim. Durante todo o dia, eles protestaram na entrada do TJMG pelo direito de continuarem em suas casas, visto que já estão em processo de despe-
jo movido pela Prefeitura de Betim.
A expulsão atingirá cerca de 50 famílias, que te-
rão suas residências esvaziadas e demolidas. A Prefeitura de Betim alega que os imóveis estão próximos a uma área de risco. Porém, o beco está a 250 metros do local e em área plana, o que, na opinião dos moradores, deslegitima o despejo. “O que o prefeito está fazendo é uma injustiça”, indigna-se Eliane Dias Gonçalves, moradora do Beco Fagundes há 44 anos.
Na conciliação, foi acordado que as pessoas continuem em suas residências até nova audiência, que deve acontecer no início de março. Além disso, os moradores solicitaram que a Cemig e a Copasa não façam cortes ou intervenções no beco por requisição da prefeitura, e que os imóveis que já estão vazios não sejam demolidos. A prefeitura analisará o pedido.
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MINAS
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Comissão de educação da Assembleia rejeita projeto que autoriza criação de escolas “cívico-militares” em Minas Gerais DISPUTA Parecer aprovado diz que proposta fere princípios da educação garantidos na Constituição Federal Guilherme Dardanhan /ALMG
Ana Carolina Vasconcelos A Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou – em reunião extraordinária, no dia 3 de fevereiro – o parecer que rejeita o Projeto de Lei (PL) 94/19. De autoria do deputado estadual Coronel Sandro (PSL), o PL autoriza o Executivo de Minas Gerais a criar a Escola Cívico-Militar do estado. Durante a reunião, a presidenta e relatora da comissão, Beatriz Cerqueira (PT), afirmou que o projeto é de competência da União e não do Estado. A relatora enfatizou ainda que as escolas “cívico-militares” não estão previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que regula a educação no Brasil. Atualmente, a LDB regulamenta três sistemas de ensino – o sistema federal, os sistemas dos estados e do Distrito Federal e os sistemas municipais. “Além da usurpação de competência da União, a proposição contém erros insanáveis, em razão da ofensa a diversos princípios da educação, presentes na Constituição Federal”, diz o texto. O documento se refere à valorização do profissional da educação, à gestão democrática nas escolas e à universalização do ensino, em condições de igualdade. Além de Beatriz Cerqueira, os deputados Betão (PT) e Professor Cleiton (PSB) votaram favoravelmente ao parecer e contrários ao
Para pesquisadoras, o projeto do governo federal ilude as famílias
projeto. Já Laura Serrano (Novo) e o autor do projeto votaram de forma contrária ao parecer e favoravelmente ao projeto.
Para deputada relatora do parecer, a proposição contém erros insanáveis Prioridade bolsonarista Para as pesquisadoras Ana Amélia Penido Oliveira e Suzeley Kalil Mathias, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) é a materialização das promessas de campanha de Jair Bolsonaro. O Pecim foi instituído pelo Decreto 10.004, de 4 de setembro de 2019. No documento está normatizado que a adesão ao programa, por parte dos entes federativos, é voluntária. Apesar
da voluntariedade, no ato de lançamento do programa, Jair Bolsonaro chamou os pais contrários à iniciativa de “irresponsáveis”. No ano de 2020, o Ministério da Educação selecionou 54 escolas dos estados interessados para receber o projeto piloto das escolas cívico-militares. Em Minas Gerais, foram três escolas selecionadas: a Escola Estadual Princesa Isabel, em Belo Horizonte; a Escola Esta-
dual dos Palmares, em Ibirité; e a Escola Municipal Embaixador Martim Francisco, em Barbacena. As pesquisadoras acreditam que o programa parte de um diagnóstico equivocado da educação brasileira. “Bolsonaro e sua equipe afirmavam, relativamente à educação, que o principal problema era a ‘doutrinação nas escolas’, que afastariam o estudante do civismo necessário à cidadania”,
afirmam em artigo publicado em 2021. Os defensores da proposta argumentavam que a ausência do civismo tornava as escolas e seu redor mais inseguras e, portanto, as escolas cívico-militares reduziriam a violência. Porém, Ana Amélia e Suzeley afirmam que não existem estudos que comprovem a relação causal entre a militarização de escolas e a redução da violência. Elas argumentam que o Pecim “engana” professores e “ilude” as famílias e comunidades. “O projeto ilude a família ao oferecer a ideia de que questões muito complexas do ambiente escolar serão resolvidas por meio da militarização”, explicam. ANÚNCIO
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
Metrô: privatização não é a solução TRANSPORTE O metrô de BH precisa melhorar, mas privatizá-lo afasta a população que mais precisa do direito ao transporte EBC
é deficitário por definição e precisa de formas indiretas de financiamento para sobreviver. Incluir nessa equação de subsídio a necessi-
Juliana Afonso e Pablo Henrique Privatiza que melhora”. Um mantra repetido a todo momento pela grande mídia, pelos governos e por todos aqueles que dizem que a única forma de garantir um metrô de qualidade para a população é por meio da privatização. De fato, nosso sistema de transporte passa por uma série de problemas e está longe de ser o ideal, mas a culpa disso não é por ele ser público, mas sim pelas políticas de cortes de verba e falta de um plano estratégico de ampliação. Se é verdade que nosso sistema é falho, não é verdade
Consequências do aumento de R$ 1,80 para R$ 4,50 em BH
que sua privatização garanta melhorias. A atual Supervia, antiga Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-RJ), é a prova disso. O governo foi responsável por comprar novos trens para ampliar o sistema e mesmo com a maior passagem do país –
inexplicáveis R$ 7 –, a empresa não consegue viver sem subsídios do estado. Aliás, não existe grande cidade no mundo que tenha um serviço metroferroviário que não precise de subsídios. Na atual configuração urbana, o transporte público
O exemplo da Supervia no Rio: R$ 7 a passagem Sindimetro /MG
Voltemos ao exemplo da Supervia. É fato sabido por quem é do setor que a empresa apresenta dificuldades para realizar tarefas padrão, como garantir um funcionamento regular dos trens. Apenas como exemplo, a última falha do sistema em BH, ainda operado pela estatal Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-BH), foi no dia 15 de dezembro. Já a Supervia apresenta pelo menos uma falha por semana. Neste ano, a maior delas – até o momento – paralisou todos os ramais do metrô carioca
dade de lucro, até então ausente, não é só temerário, é burrice mesmo, e atende a interesses específicos.
la toneladas de trens que se transformaram em sucatas. Como uma empresa privada visa apenas o lucro, existe outro fenômeno danoso para o sistema e para a população: a pressão tarifária. Cada vez que a Supervia aumenta a passagem ela diminui a sua arrecadação devido à diminuição dos usuários. Quando isso acontece, ela diminui as viagens para cortar custos.
Empresa privada visa apenas o lucro, algo danoso para a população por mais de duas horas no horário da volta para casa. Outro mito é o de que a iniciativa privada cuida melhor do patrimônio. O sistema em Belo Horizonte é formado por 35 trens e, por mais que 25 deles sejam do modelo antigo, todos estão operando. Já a Supervia acumu-
Éramos imunes a esse fenômeno em BH e Contagem até o início da política de aumento de passagens, que elevou a tarifa do metrô de R$ 1,80 para R$ 4,50 em um intervalo de um ano e meio. Deixamos de transportar cerca de 120 mil pessoas e, com isso, a CBTU entrou na “lógica” de diminuição das viagens. Além disso metrô de BH operava no auge da sua capacidade, com mais de 220 mil passageiros por dia, mesmo sem ampliação. A passagem se manteve a R$1,80 entre 2006 e 2019, resultado de uma política nacional de subsídio que fez o número de usuários de baixa renda aumentar. Essa política começou a ser atacada em 2018 pelo governo Temer, devido à aprovação da PEC do Teto de Gas-
tos. Na ocasião, a sociedade conseguiu impedir na Justiça o reajuste tarifário, mas a liminar caiu em março de 2019, quando começaram os aumentos. Hoje, a CBTU está na lista de empresas públicas a serem privatizadas, minando ainda mais a capacidade de tarifa subsidiada e de controle popular do transporte. A lógica da privatização é a lógica do lucro, e a lógica do lucro contraria a proposta do transporte como direito, ao excluir cada vez mais pessoas do acesso à cidade.
Pablo Henrique é trabalhador do metrô de Belo Horizonte e diretor do Sindimetro-MG e Juliana Afonso é jornalista e integrante do movimento Tarifa Zero BH
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SEGUIMOS NA LUTA!
isis medeiros
especial
MG fevereiro de 2022
Ecologia Integral:
tudo interligado numa Casa Comum
Recentes tragédias atribuídas ao clima têm trazido consequências na vida da maioria da população mundial, sobretudo dos mais pobres. O futuro dos seres humanos só existirá com a proteção da totalidade do planeta, animais, recursos e das pessoas mais vulneráveis. Conheça mais sobre a proposta defendida pelo Papa Francisco, com adeptos em todo o mundo, e que ganhou uma romaria em sua defesa em Brumadinho. Leia também entrevista exclusiva com Leonardo Boff
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ESPECIAL
Belo Horizonte, fevereiro de 2022
Ecologia integral: a consciência de que tudo está conectado CASA COMUM O futuro dos seres humanos só existirá com a proteção da totalidade do planeta, animais, recursos e das pessoas mais vulneráveis Daniela Moura /Midia Ninja
Rafaella Dotta Recentes tragédias atribuídas ao clima têm trazido consequências na vida da maioria da população mundial. Em entrevista recente à Agência Pública, o climatologista peruano José Marengo afirmou que o clima do futuro “não será tanto um clima quente, seco, frio ou chuvoso, mas um clima extremo”. E que é preciso começar a pensar alternativas para salvar as populações mais vulneráveis. Essa é também a preocupação de um conceito chamado “Ecologia Integral”. Nele, a defesa do meio ambiente só é efetiva se for entendida como a defesa de
Laudato Si
a mensagem de Papa Francisco
Economia solidária e alimentos saudáveis são parte dos pilares de uma ecologia integral
todos os seres vivos e de seu bem-estar. A ecologia integral entende, por exemplo, que não adianta ter matas e rios preservados enquanto existe uma extrema desigualdade, com parte da população passando por miséria, fome e doenças evitáveis. “Tudo está interligado numa casa que é comum”,
comenta Dom Vicente, Bispo Auxilar da Arquidiocese de Belo Horizonte, se referindo ao planeta Terra. “Apesar de ser um ator que também cria, o ser humano não pode se esquecer de que ele não ‘está’ na natureza, ele ‘é parte’ da natureza. Não se consegue cortar os processos isolando a vida humana do resto”, explica.
Em Minas Gerais, mineração é um dos principais obstáculos a uma ecologia integral
O líder máximo da Igreja Católica tem sido um dos principais mensageiros da Ecologia Integral. Em 2015, sua primeira carta encíclica – que é um documento para orientar as lideranças católicas e fiéis ao redor do mundo – foi o “Laudato Si” (em português “Louvado sejas”), que tem como mensagem central a Ecologia Integral. “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?”, questiona Papa Francisco. A resposta, segundo ele, está na proteção ao meio ambiente, na ajuda aos países menos desenvolvidos, em reformular hábitos e comportamentos, entre uma série de ações em busca do bem comum
para seres humanos e todo o planeta, que sempre são interligados. O termo não foi cunhado pelo papa, mas foi Francisco quem o divulgou de forma global e o incorporou com o cuidado com a Casa Comum, conta a pesquisadora Janise Bruno Dias, doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento e professora da Universidade Federal de Minas Gerais. “Como pesquisadora acho que é uma utopia, diante da realidade que vivemos. Mas penso que não por isso, não devemos exercitá-la no nosso dia a dia. Rever posições e atitudes sobre a nossa postura em relação ao ambiente e a nossos irmãos, em nossa comunidade e além”, argumenta.
FERIDAS Mais de 750 mil cidadãos mineiros tiveram direitos violados pela atividade mineradora em apenas um ano Midia NINJA
Especificamente nas terras de Minas Gerais, a ecologia integral encontra um enorme obstáculo: a mineração. Uma atividade predatória que “leva tudo”, diz Janise, “o minério, as águas, a biodiversidade e a vida das pessoas. E não deixa nada ou quase nada. Quando deixa, são migalhas e feridas”, lamenta. O impacto é gigantesco. Somente no ano de 2020, mais de 750 mil cidadãos mineiros tiveram seus direitos violados pela atividade minerária, segundo dados do último Mapa dos Conflitos da Mineração no Brasil, produzido pelo Co-
Como lutar pela vida
mitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. A comparação com uma possível vantagem – a geração de empregos – é bem desequilibrada. Em evento no dia 7 de fevereiro na Cidade Administrativa, com a
presença do governador Romeu Zema (Novo), um dos diretores do Instituto Brasileiro de Mineração relatou que a mineração gera, hoje, 71 mil empregos em Minas Gerais: menos de 10% do número de pessoas que tiveram direitos violados. (RD)
Frei Valter Vieira é franciscano, membro da Ordem dos Frades Menores, em Minas Gerais, e atua em em territórios atingidos pela mineração. “A expansão desse modelo nos deixa em um cenário sombrio, de morte e de sofrimento”, relata. “A mineração destrói laços ecológicos, instala-se como um campo de guerra nos territórios e devasta afetos e a história das comunidades”. Para o frei, trabalhar nesses territórios tendo em mente a Ecologia Integral é um grito de esperança. “Vejo que a luta no sentido do cuidado da Casa Comum encontra muitos adeptos, que fortalecem a construção de resistência, de respeito à vida e aos territórios. No entanto, os poderosos continuam achando que terão o poder imortal”, indigna-se o frei. “Mas, em breve perecerão”, completa.
Belo Horizonte, fevereiro de 2022
ESPECIAL
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“O capitalismo é profundamente anticristão”, afirma teólogo Leonardo Boff defende que é preciso fazer as pazes com a Mãe Terra, caso contrário, haverá ainda mais catástrofes Divulgação
Wallace Oliveira Os seres humanos e a natureza são indissociáveis, mesmo quando, sob o capitalismo neoliberal, a interferência humana em seu ambiente se dá de maneira agressiva, predatória, destrutiva. As consequências, então, são sentidas na própria vida das pessoas, sobretudo as mais pobres. Para Leonardo Boff, essa situação só poderá ser superada reconstituindo a relação entre humanidade e o ambiente, de maneira solidária e respeitosa. Tal visão de mundo influenciou o Papa Francisco, na carta Laudato Si (Louvado sejas) e é desenvolvida, quase diariamente em publicações do blog do teólogo e escritor, em leonardoboff.org. Em entrevista ao Brasil de Fato MG, Leonardo Boff sustenta que essa mudança de paradigma é um dos grandes desafios da humanidade no período atual, a fim de evitar novas catástrofes. Para ele, além disso, a ecologia integral é uma exigência da própria fé cristã. Confira. Brasil de Fato MG - Catástrofes ambientais, destruição de bacias inteiras pela mineração e a pandemia dão a entender que a relação entre a humanidade e o ambiente alcançou o nível mais crítico na história. Por que chegamos a essa situação? Leonardo Boff - Há uma profunda conexão entre a Terra e a humanidade. É a visão que os astronautas nos transmitiram. De suas naves espaciais ou da Lua, Ter-
Superamos o capitalismo vivendo os valores evangélicos do amor incondicional pelas pessoas
Em vez de sermos os cuidadores da natureza, estamos destruindo as bases que sustentam nossa vida ra e humanidade formam uma única entidade. Se a Terra adoece, nós humanos também adoecemos. Se tratamos bem a Terra, seus ecossistemas, nós passamos a ter mais saúde. Ocorre que, nos últimos dois séculos, com a superexploração dos bens e serviços naturais, muitos deles não renováveis, não temos respeitado os limites de suportabilidade da Terra. Não lhe temos dado tempo para se regenerar. Pior ainda: ocupamos 83% de sua superfície, não de
forma amigável, mas destrutiva, desflorestando, poluindo as águas, envenenando os solos. O coronavírus é consequência de nosso avanço sobre as florestas, destruindo sua casinha. Desprotegidos, eles passam a outros animais e, deles, a nós. A Terra é viva, nossa Grande Mãe. Agredida, responde com mais aquecimento global, com mais tufões, com mais enchentes e secas. Por isso, temos que fazer as pazes
com a Mãe Terra: não queimar nada, não poluir os solos com agrotóxicos, preservar as nascentes com o plantio de árvores, economizar água. Caso contrário, vamos ter mais catástrofes como as inundações na Bahia, em Minas Gerais, e secas do Rio Grande do Sul. O futuro da vida no planeta está em nossas mãos. Em vez de sermos os cuidadores da natureza, estamos destruindo as bases que sustentam nossa vida.
A superação do neoliberalismo se faz por uma democracia participativa e uma economia que respeite a natureza
Qual o papel da política neoliberal nessa crise? A política neoliberal é profundamente antiecológica. Na ecologia, o centro é ocupado pela vida. No neoliberalismo, é o lucro. Na ecologia, é a relação entre todos. No neoliberalismo, impera o individualismo. Na ecologia, vigora a cooperação entre todos. No neoliberalismo,
a competição de todos contra todos. Na ecologia, se cuida da natureza. No neoliberalismo, se exploram sem limites seus recursos. Por isso, o neoliberalismo traz muitas desigualdades que são injustiças e pecados contra Deus e seus filhos e filhas. A superação do neoliberalismo se faz por uma democracia participativa e uma bioeconomia ou economia que respeite a natureza e se destine ao bem-estar das pessoas, e não à acumulação. Em 2015, na Bolívia, o Papa Francisco declarou que o sistema capitalista é insuportável. Dá para conciliar a fé cristã com a manutenção da ordem capitalista? O capitalismo é profundamente anticristão. Ele coloca todos os valores nos bens materiais, não é solidário com os que menos têm, comete duas injustiças, uma ecológica, devastando a natureza, e outra social, criando muitos pobres e poucos ricos. Superamos o capitalismo vivendo os valores evangélicos do amor incondicional pelas pessoas e o cuidado com a natureza, a solidariedade entre todos, especialmente com os empobrecidos, e uma abertura confiante a Deus, criador de todas as coisas. Disso nasce uma cultura alternativa mais humana, justa e espiritual.
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ESPECIAL
Belo Horizonte, fevereiro de 2022
Resistência coletiva à mineração marca a Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho
Depoimentos
A atividade é uma caminhada popular para defender uma causa comum e construir a fé compromissada com a vida Guilherme Cavalli
Ana Carolina Vasconcelos Missas, vigília, celebrações e ato com os familiares das vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Córrego do Feijão. Essas foram algumas das atividades que marcaram a III Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho, que aconteceu em 25 de janeiro deste ano. Para Andresa Rodrigues, o momento foi de recarregar as energias para seguir em frente. “Todos os dias são difíceis, de muita dor e tristeza. Mas ser acolhida na romaria, me encoraja a seguir a luta”, declara. Integrante da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Andresa é mãe de Bruno Rocha Rodrigues, uma das 272 vítimas fatais do crime.
História
Concebidas a partir do conceito da Ecologia Integral, desde a sua primeira edição, em 2020, as romarias em Brumadinho são organizadas pela Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser). “A Romaria nasce marcada pelo compromisso de fazer memória, de denunciar as forças de morte do modelo econômico predatório da mineração, e de anunciar a esperança que nasce alicerçada na
Para mim, a Romaria é um ato de amor e empatia por uma dor global. É maravilhoso ver que uma fraternidade inteira ainda se reúne por compaixão ao próximo. Bruna Karen, da Guarda de Congado e Moçambique de Mário Campos A Romaria é uma forma de denunciar as violações que nós atingidos sofremos. O governador, por exemplo, só ouve os atingidos que perderam seus entes, ele não ouve os demais. E na Romaria a gente tem voz, pode expor todas as nossas indignações. É uma força a mais para a nossa luta. Cláudia Márcia Gomes, da comissão de Ponte das Almorreimas
fé, na resistência”, explica Leila Regina da Silva, participante das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs).
O que é uma romaria?
Com origem no termo ‘romeiro’, que designa pessoas que caminhavam em peregrinação a Roma, na Itália, a romaria é uma peregrinação a algum lugar religioso. “É também uma caminhada popular que se faz para defender uma causa comum”, explica o padre Eduardo Pedro Lopes, Vigário Episcopal da Renser. As romarias são um momento de construção da “fé dialogada”. Leila explica que essa fé é necessariamente uma fé conectada com a vida do povo.
Pelas águas e pela Terra
Em Minas Gerais, aconteceu, em novembro de 2019, a 22ª Romaria das Águas e da Terra, na cidade de Romaria, na região do Alto Paranaíba. O encontro teve momentos de missões em comunidades das cidades de Uberlândia, Monte Carmelo, Indianópolis e Romaria. A carta final do encontro denuncia o agronegócio e seus danos socioambientais, por meio da implantação de monoculturas, da exploração de minérios e a da pecuária extensiva.
EXPEDIENTE O Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em sete estados. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e em nosso estado. Este especial é uma parceria do Brasil de Fato MG com a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário da Arquidiocese de Belo Horizonte (Renser) e o Coletivo de Atingidos de Brumadinho. Tiragem: 45 mil exemplares. www.brasildefatomg.com.br / (31) 9 8468-4731
A Romaria é muito importante para que todos possam gritar juntos por justiça. É dizer de uma dor que pode ser catalisadora da luta e afirmar que o clamor por justiça e a reparação integral é um direito de todos. Ela também cumpre esse papel de memória e de luta. Carla Wstane, diretora de projetos do Instituto Guaicuy Minha filha era uma jovem alegre, determinada, batalhadora e, no primeiro ano depois da perda dela, fiquei imobilizada, não conseguia reagir. Este foi o primeiro ano que participei da romaria e foi uma experiência maravilhosa, ver aquele tanto de gente de vários lugares para reforçar a nossa luta. Maria Regina, da Avabrum
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Refinaria privatizada decide exportar e deixa navios sem combustível
Acelen sobe preço acima da Petrobras
PERDA DE SOBERANIA Abastecimento de embarcações no porto de Salvador parou desde que Petrobras vendeu Rlam a uma empresa privada Divulgacao
Vinicius Konchinski A Acelen, empresa que comprou da Petrobras a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, parou de abastecer navios que passam pelo Porto de Salvador desde que assumiu o controle da antiga planta estatal, em 1 de dezembro. Apesar de a companhia, que pertence ao fundo de investimento árabe Mudabala Capital, produzir o óleo combustível próprio para navios, essa produção passou a ser exportada. Assim, embarcações que navegam pela Baía de Todos os Santos precisam agora abastecer em outros portos. “Não há óleo combustível disponível no Porto de Salvador desde que a Acelen assumiu a refinaria. Um navio tem que programar a ida a outro porto para abastecer”, resumiu Carlos Muller, do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar). De acordo com o Sindicato das Agências de Navegação do Estado da Bahia (Sindinave), cerca de 220 embarcações passam pelo Porto de Salvador por mês. Dessas, cerca de 40 aproveitavam a parada ali para abastecer seus tanques. Esse combustível era produzido na Rlam, que passou a se chamar Refinaria de Mataripe depois que foi privatizada. De lá, seguia por dutos até o Terminal de Madre de Deus (Temadre), o maior terminal aquaviário do Nordeste, onde o transferiam para embarcações. A Acelen declarou que não conseguiu continuar abastecendo navios como a estatal fazia. “Os ativos logísticos necessários para a comercialização do óleo combustível ao
No mês passado, o Brasil de Fato mostrou que a Acelen subiu o preço de seus combustíveis mais do que a Petrobras desde que assumiu a Rlam. De 1 de dezembro até o final de janeiro, o preço da gasolina tipo A vendida pela Acelen aumentou 7,40%, por exemplo. Nesse mesmo período, a mesma gasolina, vendida pela Petrobras subiu 1,85%.
Privatização contestada
Empresa está visando recuperar rápido o gasto com a compra da refinaria mercado local não fizeram parte da compra da refinaria”, justificou. A empresa informou também que “empenha todos os esforços para montar, o quanto antes, a infraestrutura necessária para a prestação do serviço, ainda no primeiro trimestre deste ano”. Ou seja, até o final de março.
Exportações a todo vapor
Quem trabalha na Rlam e no Temadre, entretan-
to, rebate as explicações da Acelen e diz que a falta de abastecimento de navios é consequência de uma decisão da empresa. “Houve desabastecimento de navios porque o óleo combustível foi destinado para exportação”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador geral da Frente Única dos Petroleiros (FUP) e diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA). Bacelar disse que a Acelen detém hoje um monopólio na produção e distribuição de combustíveis na Bahia, em parte do Nordeste e no norte de Minas Gerais. Segundo ele, a empresa organiza seu trabalho visando recuperar o quanto antes o investimento a para compra da Rlam.
A venda da Rlam por 1,65 bilhão foi contestada pela FUP. Segundo avaliações do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), a refinaria valia pelo menos o dobro disso. O Ineep elaborou três cenários, a venda deveria ter sido feita por 3,12 bilhões de dólares, 3,52 bilhões de dólares ou 3,92 bilhões de dólares. Baseada nesse estudo, a FUP denunciou a privatização da Rlam ao Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão não viu irregularidades no negócio.
Mais privatizações
A venda da Rlam faz parte do programa de desinvestimentos da Petrobras. Das 13 refinarias que a estatal tinha, oito foram postas à venda nesse programa. A Rlam foi a primeira cuja administração já foi transferida da estatal à
BRASIL
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Relator do Pacote do Veneno recebeu R$ 380 mil de empresários do agro na campanha de 2018 Paulo Motoryn O deputado federal Luiz Nishimori (PL-PR), relator do chamado “Pacote do Veneno” (Projeto de Lei 6299/2002), recebeu R$ 380 mil de empresários e executivos do agronegócio na campanha que o levou à Câmara dos Deputados, em 2018. O PL pretende flexibilizar ainda mais o uso de agrotóxicos no país. No dia 9, um pedido de urgência e o texto-base do projeto foram aprovados na Câmara. Agora, a pauta vai ao Senado. A maior delas, de R$ 80 mil, foi feita por Anildo Kurek, sócio da FTS Sementes e da Elaine Agropecuária. Outros cinco empresários do agro doaram R$ 50 mil, e quatro pagaram R$ 25 mil à campanha do deputado federal.
O que propõe o Pacote do Veneno?
(1) “Agrotóxico” passará a se chamar “pesticida”, na tentativa de mascarar e encobrir sua nocividade. (2) A avaliação de novos agrotóxicos deixará de considerar os impactos à saúde e ao meio ambiente. (3) Será admitida a possibilidade de registro de substâncias comprovadamente cancerígenas. (4) A regulação específica sobre propaganda de agrotóxicos irá acabar. (5) Será permitida a venda de alguns agrotóxicos sem receituário agronômico.
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VARIEDADES
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
CIÊNCIA, COISA BOA! AGROTÓXICOS CAUSAM CÂNCER? Arquivo / Agência Brasil
Nossos direitos INSCRIÇÕES PARA VAGAS REMANESCENTES NA REDE PÚBLICA DE ENSINO ESTÃO ABERTAS AS ATÉ QUARTA (23)
Agrotóxicos são produtos químicos sintéticos utilizados para controlar o desenvolvimento de algum ser vivo em áreas de produção agrícola. Pode ser um inseticida, para eliminar insetos indesejados; herbicida, que mate outras plantas que competem com a que é produzida; ou um fungicida, para atacar fungos que causam doenças nas plantas. Por serem substâncias que visam matar algum ser, é óbvio imaginar que elas possuem algum perigo e toxicidade. Mas, todo agrotóxico pode trazer problemas para a saúde humana? Não. Há aqueles mais agressivos e outros menos. De maneira geral, aqueles que possuem maior toxicidade podem trazer danos à pele e aos olhos, se houver contato. Também podem machucar o trato respiratório, se inalados os seus vapores. E envenenamentos em casos de ingestão, o que pode causar desde leves enjoos até a morte da pessoa, a depender da quantidade ingerida e do tipo de agrotóxico. E câncer? Há algum tipo de agrotóxico que o causa? Sim. Há estudos que com- O agronegócio provam a relação entre o contato agudo brasileiro é um com agrotóxicos e diversos tipos de cân- dos que mais uticer, como os de pele, linfomas, leucemias, liza venenos no de pâncreas, próstata etc. Também há relação comprovada com má formação fetal mundo e danos psicológicos e neurológicos. Contudo, os casos que relacionam diretamente o uso de agrotóxicos com esses graves problemas de saúde geralmente ocorrem em duas situações: entre trabalhadores rurais expostos aos venenos e nas populações rurais das imediações das plantações. E para quem vive na cidade e se alimenta dos produtos em que os agrotóxicos são utilizados? Há risco de desenvolvimento de câncer? Nesse caso, há mais dificuldade de se demonstrar por meio de estudos científicos essa relação. Pois os efeitos são de longo prazo e se misturam ao de outros fatores, tais como a genética dos indivíduos e o contato com outras substâncias, como a poluição do ar ou o cigarro. Assim, a ciência precisará de mais anos e estudos de longo prazo para identificar exatamente a relação entre a ingestão de alimentos contaminados por agrotóxicos e o aparecimento de câncer. Por isso é importante a precaução. Precaução é exatamente o que não se vê quando o assunto é uso de agrotóxicos no Brasil. O agronegócio brasileiro é um dos que mais utiliza venenos no mundo. E não cansa de pressionar para mais liberações, para baratear seus custos e aumentar seus lucros. Infelizmente, isso pode custar a saúde de muitas pessoas e do meio ambiente. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Estão abertas, até o dia 23 de fevereiro, as inscrições remanescentes do cadastro escolar da rede pública de ensino de Minas Gerais para o ano de 2022. O período de inscrição regular foi de 17 de novembro a 10 de dezembro do ano passado. Quem não se inscreveu tem até a quarta (23) para tentar uma vaga, fazendo a inscrição em cadastroescolar. educacao.mg.gov.br. Pelo site, é possível acessar o Sistema Único de Cadastro e Encaminhamento para Matrícula
(Sucem), em que todas as escolas públicas da rede estadual estão inscritas. Da rede municipal, nem todas as escolas estão inscritas. Se a escola pretendida for municipal, e não estiver disponível no sistema, deve-se buscar informações com a secretaria municipal de Educação da cidade sobre a matrícula. Se por acaso a família não tiver acesso à internet para fazer o cadastro no Sucem, é possível procurar as escolas da rede estadual para auxílio na inscrição.
Jonathan Hassen é advogado popular
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
O soro caseiro pode ser usado por qualquer pessoa? Qual é a receita correta? Sandra Almeida, 42 anos, artesã. O soro caseiro é um ótimo aliado em casos de diarreia, prevenindo a desidratação. Mas não deve ser a primeira escolha para pessoas com diabetes, pressão alta, doenças renais ou cardíacas, glaucoma, entre outras. Isso porque essas pessoas têm restrições para usar sódio ou açúcar. Para a população que não possui essas restrições, o soro pode e deve ser usado. O ideal é que seja ingerido em pequenas doses ao longo do dia ou de 50 a 100 ml, a cada episódio de diarreia. Em caso de sangramento, febre ou piora da diarreia é necessária uma avaliação médica. Para preparar o soro caseiro, misture em um litro de água (mineral, filtrada ou fervida, mas já fria) uma colher pequena (tipo cafezinho – 3,5g) de sal e uma colher grande (tipo sopa – 20g), de açúcar e misture bem. Pode ser consumido gelado ou em temperatura ambiente. Muita atenção com a receita, porque doses aumentadas de sal ou açúcar podem fazer mal. :: CONHEÇA O CANAL DA AMIGA DA SAÚDE NO SPOTIFY! ::
Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.
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www.malvados.com.br Separamos aqui uma combinação infalível para você conquistar o coração da sua parceira. Trata-se da junção entre limpeza e um bom jantar. Em outras palavras, a demonstração de
PÃO DE INHAME TEMPERADO
afeto e cuidado. Pode ter certeza que é a melhor declaração!
Wikimedia Commons
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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A parte externa A 4ª nota musical
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Caráter (fig.) Amandha (?), atriz
15 Empregado da alfândega
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Molhar de leve Produtos da granja
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Madrinha (bras.) Aviso 4 anotado
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Artigo de contrato Extensão 4 de vídeo
1 Muito extenso; amplo
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Sabor de algumas balas
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Desvio moral
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Cria A área lesada 4 pela afta
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Ingredientes: • 1 xícara de chá de purê de inhame; • 1 xícara de chá de polvilho azedo; • 1 xícara de chá de polvilho doce; • 1/2 xícara de chá de cebola picada; • 1/4 xícara de chá de azeite de oliva; • 1/4 xícara de chá de água; • 1 colher de sopa de açafrão; • Sal e salsinha picada a gosto; • Queijo ralado a gosto (opcional)
Modo de preparo: 3 11 Consomese em chamas
15 A cidade do Coliseu
Ar, em inglês
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Decâmetro (símbolo)
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Solução O S A R A A E M Ã T O A R A A L T D E A R M A
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A R T I S T A S D E C I R C O
Delator (gíria)
Terminal de trens Minha, 10 13 tua e dele Imita o gato Povos do 2 Egito 13
Classe (?): elite econô6 mica
Fora de (?): descon1 trolado
B E I R E R O S I A V A I N G B U L A F I R
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Escolher por voto Tim Maia, cantor
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R E E R D C A R E G E M N M A A I R R A A D B R A E E S C A A N I D I V O S
Causar; ocasionar
Trapezistas, palhaços e malabaristas Vogais Senhora 4 de "colar" (abrev.)
Grito de certos animais
H A E L T E T R F O F F I L F I S U M O
Os que recebem a herança
© Revistas COQUETEL
Remover o excesso de água em 2 terrenos
Exercício (?)de levan- nascido: tamento bebê de peso
1. Em uma tigela grande, coloque todos os ingredientes e sove a massa até desgrudar das mãos; 2. Passe um pouquinho de óleo nas mãos e modele os pãezinhos em bolinhas; 3. Coloque os pãezinhos em uma forma untada, deixando um espaço entre elas, para que não grudarem; 4. Leve ao forno preaquecido a 220 graus por aproximadamente 30 minutos, ou até ficarem douradinhos.
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Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
Conheça o Movimenta Barreiro, coletivo cultural de BH que promove cultura e arte nas periferias Formado por jovens, grupo realiza eventos que envolvem artistas locais da Região do Barreiro e de outras cidades @faraoeste
Maria Araújo O Movimenta Barreiro é um coletivo cultural formado por jovens periféricos da Região do Barreiro, em Belo Horizonte. Desde 2014, o grupo promove atividades artísticas, culturais e eventos na Pista de Skate do Barreiro e no Viaduto Santa Margarida, dentre outros lugares da região. Segundo Letícia Fox, o coletivo busca promover e apoiar a cultura urbana independente e dar voz e vez aos artistas locais. E desse modo, descentralizar as alternativas culturais da capital mineira, além de ofertar
tura, no nosso espaço, com as nossas pessoas. E a gente ganha muita força com a juventude que se identifica com o que fazemos”, relata a integrante do coletivo. As atividades realizadas pelo grupo também abraçam jovens das cidades e bairros periféricos ao re-
Vencedores da Batalha Clandestina FaraOeste. Projeto acontece desde 2016
ações representativas, em que jovens pretos, favelados e LGBTI+ possam ser fomentadores e consumidores de cultura.
“O Movimenta Barreiro nasceu e cresceu com a necessidade de descentralizar as ações culturais e poder produzir nossa própria cul-
O coletivo busca promover e apoiar a cultura urbana independente
dor, como Betim, Ibirité e Contagem. Muita gente A “Batalha Clandestina – FaraOeste” é uma batalha de MCs que ocorre desde 2016, porém, segue suspensa por causa da pandemia. A iniciativa, que acontecia às quartas-feiras, chegou a receber em torno de mil pessoas nas últimas edições. Em outros eventos, como “#1 Dia de Trance” e no “1 dia de Trap”, mais de 170 grupos e artistas já foram contemplados. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
Imagem da semana Wagner Carmo /CBAt
ESPORTES
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Supercopa feminina: Corinthians e Grêmio decidem o título
Morgana Schuh Grêmio / FBPA
ANÚNCIO
na geral
Mineiro de Contagem, na Grande BH, o atleta Rafael Henrique Pereira conquistou a prata no Meeting Indoor de Mondeville, disputado na quarta-feira (9), na França. O evento compõe a série bronze do Circuito Mundial da World Athletics de 2022. Com tempo de 7’58’’, Rafael garantiu a segunda colocação na final dos 60 m com barreiras, igualando o recor-
de sul-americano que ele próprio já havia estabelecido na semana anterior, na Alemanha. Rafael, que é treinado por Mauro Roberto Fonseca França, conquistou, no ano passado, o título sul-americano dos 110 m com barreiras, em Guayaquil, no Equador. Em sua evolução, o atleta tem contado com recursos do Programa Bolsa Atleta e Bolsa Técnico.
Pré-mundial de basquete: Brasil estreia com derrota
Domingo (13), na Neo Química Arena, as equipes femininas do Corinthians e Grêmio jogam a decisão da Supercopa feminina de futebol. O Corinthians garantiu vaga na final na quarta-feira (9), ao bater, por 2 a 0, o Real Brasília. O Grêmio já havia se classificado na terça (8), ao eliminar o Flamengo nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.
Em sua primeira edição, a Supercopa reuniu as oito equipes mais bem colocadas nas séries A-1 e a A-2 do Campeonato Brasileiro, sendo, no máximo, um representante por estado. Participaram da competição as seguintes equipes: Corinthians, Cruzeiro, ESMAC, Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras e Real Brasília. O Cruzeiro foi eliminado pelo Grêmio na última sexta (4), em derrota por 2 a 0.
Programa Segundo Tempo abre inscrições
Divulgação / FIBA
A Seleção Brasileira feminina de basquete estreou no Pré-Mundial nesta quinta-feira (10), com derrota por 65 a 52 para a Austrália. A partida ocorreu em Belgrado, na Sérvia. A equipe brasileira chegou a estar melhor em quadra no segundo tempo, mas teve desempenho irregular no final da partida e
foi superada pelas australianas. O próximo desafio é contra a Coreia do Sul, no sábado (12), às 14h. O jogo será transmitido pela ESPN. No domingo (13), o Brasil pega a Sérvia, às 17h. O Pré-Mundial conta com quatro equipes e vale vaga na Copa do Mundo, prevista para acontecer no segundo semestre.
Estão abertas as inscrições para crianças entre 6 e 12 anos no programa Segundo Tempo, da Secretaria Especial do Esporte de Minas Gerais. O programa ofertará aulas gratuitas de iniciação esportiva, nas modalidades de handebol, futsal, voleibol, basquete, lutas, ginástica e atletismo. As
aulas estão previstas para começar em março, no Centro Esportivo Universitário (CEU) da UFMG. Dúvidas sobre as inscrições e o programa podem ser sanadas pelo e-mail: pst.eefftoufmg@ gmail.com. O formulário de matrícula está disponível no link: https://tinyurl.com/3kvtjke4.
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Belo Horizonte, 11 a 17 de fevereiro de 2022
Cerro Porteño anuncia a contratação de Marcelo Moreno
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Werner
Gustavo Aleixo _ Cruzeiro
Na tarde desta quinta-feira (10), o atual campeão paraguaio, Cerro Porteño, anunciou a contratação do atacante boliviano Marcelo Moreno, de 34 anos. Moreno, que defendia as cores do Cruzeiro desde 2020, rescindiu o vínculo com o clube mineiro, que iria até o fim do ano. Diferentemente de suas duas primeiras passagens pela Toca, em 2007/2008 e em 2014, desta vez, o centro-avante não alcançou gran-
de desempenho. Com contusões, sucessivas convocações à Seleção Boliviana e
Não é apenas o troféu mais importante que eu já ganhei. É também o melhor da minha vida”
más atuações no clube, ele disputou 54 jogos e marcou apenas 9 gols.
Gol de placa O Senegal bateu o Egito na Copa das Nações Africanas e se sagrou campeão continental pela primeira vez! A vitória veio nos pênaltis, após empate em 0 a 0 no tempo normal. A festa nas ruas de Dacar, capital senegalesa, foi arrepiante!
Sadio Mané, ponta-esquerda do Liverpool, campeão inglês e da Champions League, comentando o título da Copa Africana de Nações, pela Seleção de Senegal.
VOU QUERER MEU SANDUÍCHE COM
ACRÉSCIMO
Gol contra O Real Potosí, tradicional clube de futebol da Bolívia, declarou falência na terça (8). Afundado em dívidas, o clube foi rebaixado à segundona do campeonato boliviano em 2021. Na Libertadores 2008, o clube goleou o Cruzeiro por 5 a 1, nos 4 mil metros de Potosí.
@ANDREFIDUSI
DE BACON!
Sem alternativas, pragmatismo puro
Primeiras impressões
Melhorar o meio de campo
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Ainda será preciso esperar mais jogos para ter uma visão clara sobre a qualidade do elenco do América na temporada de 2022. A zaga está bem servida: Éder e Conti têm potencial para formar uma boa dupla titular, enquanto Maidana e o jovem Matheuzão precisam melhoDecacampeão rar. O lateral Raúl Cáceres parece não ser melhor do que o jovem Arthur para ser o reserva imediato de Patric, mas é mais experiente e forte. No meio-campo, o garoto Rodriguinho e o colombiano Índio Ramírez deixaram boa impressão no passe e velocidade. No ataque, Wellington Paulista fez ótima estreia e, depois, sumiu, mas é sempre perigoso. Henrique Almeida e Everaldo ainda terão que evoluir muito para fortalecer o poder ofensivo do Coelhão.
Minimizar ou maximizar a derrota para a URT, em Patos de Minas, faz parte do futebol. Não se poderia esperar um show de bola de uma equipe improvisada, desentrosada e composta de jogadores, pelo menos até o momento, de qualidade a ser avaliada. DeÉ Galo doido! sempenhos empolgantes em início de temporada, com um novo comandante em processo de conhecimento do elenco, seria pedir demais. Os considerados reservas têm, no momento, a chance de mostrar serviço. Diante das circunstâncias, El Turco Mohamed priorizou o clássico de sábado (12), contra o América, e a decisão da Supercopa do Brasil contra o Flamengo, no dia 20. Pragmatismo puro, como qualquer técnico adotaria. Há muito o que fazer. A caminhada está só começando.
Salve, nação celeste! Contra o Democrata de Governador Valadares, na quarta-feira (9), vencemos novamente no finalzinho, com o adversário jogando fechado lá atrás. Sem dúvida, veremos mais vezes tal situação ao longo deste ano. Edu já aparece como grande destaque La Bestia Negra neste início de temporada e, caso o técnico Pezzolano consiga consolidar um padrão de jogo com mais alternativas no ataque do Cruzeiro, o atacante poderá brilhar ainda mais. Estamos naquele momento em que é muito cedo para fazer críticas e também para elogiar o elenco e o treinador, mas o certo é que precisamos de mais dinamismo no meio de campo, setor que, neste começo de temporada, tem deixado a desejar. Saudações celestes!
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