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Quatro mitos sobre a vacinação infantil contra a covid-19

DOSE DE ESPERANÇA Para especialista, reações como a miocardite, propagadas em fake news, são mais frequentes na covid-19 do que na vacina

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Ana Carolina Vasconcelos

“Eu senti um pouco de medo da agulha. Mas eu tomei mesmo assim porque eu acho que a vacina é importante para nos proteger de uma doença perigosa, que às vezes até mata pessoas”. Esse é o relato de Helena Amaral Macedo, de 7 anos. A menina tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19 no dia 21 de janeiro.

Já Antonio Buono Ribeiro, também de 7 anos, ao ser questionado pelo Brasil de Fato MG se a vacina é importante, respondeu de forma enfática: “muito, porque você fica mais imunizado e você pode ter contato com outras pessoas, se elas também estiverem com a vacina”.

Dois anos mais novo, Hugo Zampier Montemor conta que se assustou um pouco com a picadinha, mas que valeu a pena. “Eu chorei um pouco, mas está tudo bem”, disse o menino em tom de felicidade.

Mesmo com a pouca idade, Helena, Antonio e Hugo já compreenderam a importância de se imunizarem contra a covid-19. Porém, muitas crianças entre 5 e 11 anos ainda não se vacinaram. Segundo informa-

“Acho que a vacina é importante para nos proteger de uma doença perigosa”, diz criança Desde o início da pandemia, cerca de 1.500 crianças brasileiras morreram devido à covid-19

Marcos Pastich /PCR

ções do governo estadual, metade do público infantil já recebeu a primeira dose da vacina em Minas Gerais.

Isso significa que cerca de 900 mil crianças com idade entre 5 e 11 anos já foram às unidades de saúde em busca de proteção. No entanto, o número ainda é considerado baixo, já que, em todo o estado, aproximadamente 1,8 milhão de meninos e meninas dessa faixa etária estão aptos a receberem a vacina.

Desconfiança e medos de efeitos colaterais são alguns dos fatores que têm dificultado o avanço da vacinação das crianças. Para especialistas, esses fatores, na verdade, são mitos que fazem parte de uma intensa campanha de desinformação.

MITO1: criança não pega covid-19

Desde o início da pandemia, cerca de 1.500 crianças brasileiras, de 0 a 11 anos, morreram devido à covid-19, segundo informação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. O Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, no final de janeiro, atingiu a ocupação de 100% de seus leitos, devido ao alto número de crianças que apresentaram sintomas de síndromes respiratórias. Para o endocrinologista pediátrico Cristiano Túlio Maciel, a vacinação reduziria a chance de complicações em caso de contaminação pelo vírus. “Grande parte dessas crianças que foram a óbito e mais de 5 mil que ficaram com sequelas, principalmente cardíacas, respiratórias e neurológicas, são casos que poderiam ter sido evitados”, declara.

Mito 2: a vacina não é segura

Devido à rapidez com que foi desenvolvida, muitas pessoas acreditam que a vacina ainda é experimental, mesmo tendo sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para a aprovação, a Anvisa considerou estudos realizados por especialistas de todo o mundo que comprovaram a segurança, a capacidade de imunização e a eficácia da vacina para crianças de 5 a 11 anos de idade.

Órgãos de controle europeus, estadunidense e australianos também comprovaram a segurança e eficácia da vacina. Para Cristiano, a rapidez com que foi desenvolvida se deu por causa dos esforços da ciência e do aumento de financiamento. “Foi uma vacina desenvolvida com agilidade sim. Mas não foi a toque de caixa, pulando etapas de segurança. Foram feitos todos os testes e pesquisas”, afirmou.

Mito 3: a vacina causa mais efeitos colaterais

Um relatório, divulgado em 31 de dezembro de 2021 pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, demonstrou que, em uma amostra de 8,7 milhões de doses aplicadas em crianças da faixa etária, foram notificados 4.249 casos adversos. Os dados demonstram que, do total de crianças vacinadas, apenas 0,049% apresentaram reações fora do comum. Normalmente, as crianças vacinadas sentem dor no braço ou cansaço.

Cristiano ressalta que vacinas e medicamentos, de modo geral, podem apresentar efeitos colaterais. Mas que, em sua maioria, são efeitos leves, como dor de cabeça ou febre baixa. “A taxa de complicações nas vacinas contra a covid-19 são as mesmas ou até mais baixas do que de outras vacinas”, relata.

Mito 4: crianças morrem após tomarem a vacina

Outra informação que vem circulando, principalmente na internet, é a de que crianças têm vindo a óbito após serem vacinadas contra a covid-19. Porém, no dia 16 de fevereiro, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou à Agência Senado que não existe comprovação de nenhuma morte de criança, em decorrência da vacinação contra a covid-19.

“Não tem nenhum óbito registrado em nenhum lugar do mundo na faixa etária. E os eventos adversos, que têm sido pontuados por divulgadores de fake news, como a miocardite, são muito mais frequentes na covid -19 que no uso de vacinas”, informou.

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