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Indicação de nova secretária de Saúde de BH causa revolta em coletivos e em entidades

NOVA GESTÃO Claudia Lemos foi presidenta do CRM-MG, entidade acusada de “atrelamento” à “política genocida” de Bolsonaro Site Dra Claudia Navarro

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Ana Carolina Vasconcelos

As primeiras declarações de Claudia Navarro Carvalho Duarte Lemos à frente da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte apontam para o fim do Comitê de Enfrentamento à Covid e para a retirada da obrigatoriedade de uso de máscaras em locais fechados do município. A secretária foi nomeada na quinta (30) pelo prefeito recém empossado, Fuad Noman (PSD).

Claudia é vinculada ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), entidade que presidiu entre 2018 e 2020. Na avaliação do núcleo mineiro da Associação de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), a indicação não é adequada para a pasta.

“Vemos com extremo temor essa indicação. Mesmo sendo colegas de profissão, não achamos adequado uma representante da corporação médica assumir um cargo público dessa dimensão. A gestão do SUS exige conhecimento específico de saúde pública e nós temos muitos profissionais em BH que detém esse conhecimento”, explica Vera Prates, integrante da Associação.

Medo de retroceder

Além da universalização e da gratuidade, a municipalização é um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, Belo Horizonte foi uma das capitais que mais experimentou avanços na gestão da saúde pública. No município, a gestão é realizada por profissionais, com participação do Conselho Municipal de Saúde, com a Estratégia Saúde da Família bem estruturada e com uma política de saú-

O Conselho Federal de Medicina foi favorável ao uso de remédios contra a covid sem eficácia comprovada

de mental considerada referência nacional.

A grande preocupação de quem se opõe às mudanças na gestão é de que esses avanços retrocedam. Miriam Abou-Yd, psicóloga e militante do Fórum Mineiro de Saúde Mental, acredita que a indicação vai na contramão do que a cidade vinha construindo como política de saúde.

“Não sei o motivo que faz o prefeito se aliar a um conselho profissional, no caso o de medicina, que se opõe às políticas em execução no município. Será que ele desconhece toda tentativa de destruição, pelo CRM-MG, da política de saúde mental antimanicomial de BH, reconhecida internacionalmente, premiada, exemplo para o país?”, questiona.

Outra preocupação das entidades e profissionais de saúde é a relação entre o CRM-MG e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Durante a pandemia da covid-19, o CFM se posicionou publicamente favorável às medidas adotadas por Jair Bolsonaro e defendeu a autonomia dos profissionais em receitarem medicamentos cuja eficácia no combate à doença não é comprovada.

Na última segunda-feira (28), uma reunião extraordinária do Conselho Municipal de Saúde debateu sobre o tema e, como encaminhamento do encontro, uma nota assinada por mais de 40 organizações, repudiou a indicação de Claudia para o cargo, devido à sua vinculação com o CRM.

“O atrelamento do CRM-MG ao governo federal e sua política fascista e genocida desqualifica-o, assim como as pessoas que o compõem, a gerir uma secretaria cuja política funda-se em princípios democráticos, inclusivos, solidários e interprofissionais”, afirma o documento.

Outro lado

O Brasil de Fato MG entrou em contato com a Secretaria de Saúde e com a Prefeitura de BH para comentar as críticas, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

Fuad Noman, novo prefeito de BH

Com a renúncia de Alexandre Kalil (PSD) da Prefeitura de Belo Horizonte para participar da corrida eleitoral ao governo do estado, na última terça-feira (29), foi empossado o seu vice, Fuad Noman, filiado ao PSD desde 2020.

Fuad, que foi filiado ao PSDB de 2003 a 2017, foi secretário de Fazenda na gestão de Aécio Neves e foi um dos responsáveis pela política denominada “choque de gestão”, criticada por especialistas por ter retirado direitos, impedido Minas de acessar políticas públicas nacionais e incorporado a meritocracia como critério de remuneração do funcionalismo público. Durante a gestão de Anastasia, Fuad foi secretário de Transporte e Obras Públicas.

Faleceu Andréa Hermógenes, lutadora histórica em defesa da saúde pública de Belo Horizonte

Redação

“Por ser combativa, deixou um legado de luta e perseverança. Por ser destemida, deixou a certeza de que desistir jamais foi uma opção”. Essas foram as palavras escolhidas pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) para se despedir de Andréa Hermógenes Martins.

A servidora pública faleceu na tarde de segunda (28), em decorrência da complicação de um câncer. Enfermeira de formação, atuou durante mais de 20 anos no Hospital João XXIII e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, de Belo Horizonte (MG).

Ao longo de seus 58 anos de idade, Andréa construiu uma trajetória marcada pela luta em defesa da saúde pública e dos direitos da população mais vulnerável. Entre os anos de 2011 e 2017, foi diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG). Atualmente, era diretora do Sindibel e da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT Minas).

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