Pedro Faria
Invertendo a cena Conheça o músico mineiro que colocou sua bateria na frente do palco e conquistou admiradores pela ousadia: o “mestre” Laércio Vilar Cultura
Minas Gerais
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho de 2018 • edição 237 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg Mídia NINJA
O POVO NA POLÍTICA
Conheça a proposta do Congresso do Povo, que já se alastra por mais de 200 cidades de Minas Gerais. Frente Brasil Popular busca elaborar propostas políticas para saída da crise e criar, a partir de núcleos de base, um novo projeto para o país
Memória da ditadura
CBF
VISÕES SOBRE O MUNDIAL Era ditadura, mas o esporte era do povo. Agora, tem a cor do dinheiro Opinião 5
A Copa das memórias de um menino e histórias para além do campo Esporte 16
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Editorial | Brasil
Reações à crise são muitas e se multiplicam
ESPAÇO DOS LEITORES
“Se tratando da Igreja Universal do Reino de Deus, é isso aí que eles dizem: “avançar e reinventar, é a nossa marca”. O que isso tem a ver com o slogan? Tudo. Do momento que você não aceita debate religioso, por cunho ideológico, você não avançou, você não se reinventa” Webert de Souza escreve sobre a coluna Bafafá, com o título “Record censura (mais uma vez) referências a matriz africana” “Orgulho de ser mineira” Beth Andrade comenta a matéria “Juventude também se mobiliza em defesa da Petrobras” “Agroecologia é vida” Lucas Simões comenta a entrevista de Lorena Anahi: “Agroecologia também é uma ferramenta de construção democrática” “Golpe custa caro, e quem paga é o povo” Kakânia comenta a capa da edição 236
Passados mais de dois anos do golpe no país, que levou Michel Temer ilegitimamente à presidência da república, precisamos nos perguntar: em quais aspectos o país mudou? Infelizmente tivemos cortes em políticas sociais, privatização de empresas públicas, retirada de direitos trabalhistas, e mais recentemente uma crise nacional de abastecimento e transporte, com o bloqueio das rodovias pelos caminhoneiros. A face da crise brasileira sobre o sistema energético afetou não só o preço dos combustíveis, mas também do gás de cozinha, dos remédios e alimentos. A boa notícia é que o avanço dos poderosos não foi capaz de nos paralisar. A luta da sociedade pela defesa do
Greves, revoltas e denúncias marcaram a semana nosso petróleo garantiu a queda do diretor da empresa, Pedro Parente, responsável pela venda de 15,5 bilhões de dólares em ativos da empresa e pelos altos preços de combustíveis no país. Outra recente luta ocorrida em Minas Gerais foi a Revolta do Botijão, que agita e educa moradores de bairros e favelas sobre os reais motivos do aumento do preço do gás de cozinha. Uma iniciativa que dialoga com a classe trabalhadora em seus locais de moradia sobre a realidade do golpe no país.
Congresso do Povo mobiliza Minas Gerais Também se destaca em Minas Gerais a ousada proposta da Frente Brasil Popular de construir o Congresso do Povo, com mais de 70 comitês constituídos em todo o estado, envolvendo um total de 210 municípios. Preparado para seguir em luta, o estado realizará
Luta derrubou Pedro Parente, que sucateou a Petrobrás no final de semana de 9 e 10 de junho, o Encontro Estadual de Coordenadores de Comitês da Frente Brasil Popular. O encontro tem o objetivo de debater soluções para a crise pela qual passa o país, e encaminhar rumos para manter e multiplicar a mobilização e resistência ao golpe. Felizmente, estas iniciativas de denúncia do golpe e suas medidas também acontecem em todo o país, inclusive no meio institucional. Na última semana, o depoimento do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran também combateu as arbitrariedades. Duran, ao ser escutado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados na última terça feira, denunciou publicamente as irregularidades da Operação Lava Jato, afirmando que vários documentos utilizados na Operação foram adulterados, para produzir uma sentença irregular. As reações ao golpe são muitas e se multiplicam, na defesa da democracia, da soberania e da au-
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Rafael Stedile Divulgação
Você está animado para a Copa?
Estou animada sim. É bom que eu vendo artesanato e as pessoas ficam mais animadas a comprar. Eu vou viajar para arrumar um dinheiro a mais. Maria Cristina Resende, artesã
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
A Copa do Mundo começa na próxima semana, dia 14 de junho, na Rússia, e vai até 15 de julho. Porém o povo parece não estar muito animado... O Brasil de Fato MG te pergunta:
GERAL
A atriz Regiane Alves em resposta a uma internauta que afirmou que os “homossexuais querem privilégio”.
O privilégio de poder sair na rua de mãos dadas com alguém sem apanhar? O privilégio de não ser julgado nem perseguido? O que você considera uma luta de privilégios, eu considero uma luta de igualdade de direitos!”
Mandou mal
Reprodução
Eu sempre vi o futebol como uma coisa sem propósito. As pessoas podem curtir e tudo, mas não pode ser maior que um bem-estar coletivo. É como um conto de fadas. Acabou acabou, e depois a gente fica esperando com a barriga vazia. Isac Johson, psicodramatista
RACISMO O sertanejo Cesar Menotti destilou preconceito no domingo (4). Ao contar uma “piada” disse em rede nacional que “samba é coisa de bandido”. Em resposta, a sambista Leci Brandão afirmou que “bandidagem é quem compra a mídia para gente ter que ouvir um monte de música que não traz nenhuma consciência. É quem consegue fazer com que a cultura seja toda direcionada para quem tem poder”. Após repercussão negativa nas redes sociais, Cesar Menotti se desculpou dizendo que o “causo” não representava sua opinião.
Tem festa junina, mas cuidado com a rede elétrica!
Reprodução
Chegou junho e, daqui a pouco, começam as quermesses e festejos juninos. É tempo de bandeirinhas nas praças, nas escolas e nas ruas. Mas cuidado com a rede elétrica! Jamais coloque enfeites e ornamentos nos postes, pois isso pode colocar em risco instaladores e dificultar o acesso dos eletricitários para a manutenção do sistema. Fogueiras e balões não combinam com linhas de transmissão e mato seco. Em caso de dúvidas ou acidentes, fale com a Cemig pelo número 116.
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CIDADES
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Arte pela Mata do Planalto NATUREZA Evento gratuito irá reunir dezenas de atrações culturais para cobrar a preservação de uma das mais importantes áreas verdes de BH Divulgação
Raíssa Lopes
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ais uma vez a população irá se unir para cobrar a preservação e celebrar uma das mais importantes áreas verdes de Belo Horizonte, a Mata do Planalto, na região norte da capital. Será no próximo sábado (9), quando moradores, crianças, artistas e organizações participarão de um evento no Parque do Planalto, com uma programação que vai das 8h às 14h. As atividades são gratuitas e organizadas pelos movi-
Durante campanha eleitoral o atual prefeito prometeu preservar a mata
mentos Salve a Mata do Planalto, BH pela Infância e Associação Comunitária do Planalto e Adjacências. Vai ter apresentação de poesia, shows, mostra de artes visuais, exposição de artesanatos dos índios Pataxós, distribuição e trocas de mudas, capoeira e mais. Uma nova consciência para os mais jovens Alguns destaques são as
muitas atrações pensadas especialmente para as crianças. De acordo com Margareth Ferraz, uma das lideranças do Salve a Mata do Planalto, a ideia é conscientizar os pequenos do valor da natureza. “Eles também precisam do verde, merecem o verde, que é importante para a saúde física e mental de qualquer ser humano. Precisamos deixar essa herança para as crian-
ças”, relata. Inclusive, instituições de ensino já estão planejando passeios com os alunos no local. A próxima será a Escola Municipal Lídia Angélica, que fica no bairro Itapoã. Batalha incansável A luta para barrar a destruição da Mata é longa. Há mais de oito anos ativistas exigem que a Mata do Planalto seja reconhecida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) como espaço de conservação ambiental e para que seja barrada a construção de um condomínio com 16 prédios no terreno. Em 2015, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) havia concedido uma licença prévia para o empreendimento, trâmite que foi barrado por uma liminar e está com o andamento paralisado na Justiça. “Não existe nenhuma no-
vidade e a prefeitura não está colocando na pauta do Conselho Municipal o licenciamento para a construtora. Nada é definido”, informa Margareth. A ativista declara que, durante campanha eleitoral, o prefeito Alexandre Kalil chegou a prometer a preservação da mata, assim como a do parque Jardim América, na região Oeste. No entanto, ele não teria dado qualquer resposta até o momento. Homenagens Atualmente são 15 os movimentos socioambientais apoiadores da Mata do Planalto. Durante o evento, alguns deles também serão homenageados, assim como membros da imprensa e de grupos culturais parceiros. O jornal Brasil de Fato será um deles.
Eleição suplementar de Ipatinga decide novo prefeito Reprodução
Raíssa Lopes
O
candidato Nardyello Rocha (MDB) venceu as eleições suplementares para prefeito de Ipatinga, no Vale do Aço, no domingo (3). Ele era presidente da Câmara de Vereadores e já estava assumindo o cargo do Executivo interinamente, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o prefeito Sebastião Quintão (MDB), enquadrado na Lei da Ficha Limpa por abuso de poder econômico. Como houve suspensão da chapa, o vice Jésus Nascimento (PSDB) também foi afastado.
Cerca de um terço da população escolheu não participar das eleições, o que contabiliza uma taxa de abstenção de 31,71%. Nardyello foi eleito com 36,33% dos votos válidos e no segundo lugar, com 20,22%, ficou Daniel Cristiano, do PCB. O percentual de votos nulos foi de 17,33% e de brancos 5,06%. A diretora da subsede Ipatinga do Sindicato Úni-
Um terço da população não votou no pleito
co dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Feliciana Saldanha, considera o resultado sintomático e se diz preocupada com a instabilidade política vivida na cidade. “Em dez anos, esta é a segunda vez que acontecem eleições extemporâneas [fora do período comum] em Ipatinga. É uma situação complicada que traz uma série de transtornos e inseguranças para a população, assim como aumenta o descrédito dos cidadãos na política”, analisa.
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CIDADES
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Opinião
Mataram a graça do futebol João Paulo Não vou assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo. E não é por motivos políticos. A Copa de 1970 mostrou que o futebol não pertencia à ditadura militar, mas ao povo. Muita gente se sentiu dividida naquela época. Afinal, fizeram de tudo para colocar os méritos da Seleção na conta do regime. Ficaram, no entanto, para a história, dois exemplos: a coragem da resistência e da luta pela liberdade e as conquistas da arte do esporte popular. Agora a situação mudou. O Estado de exceção permanece, mas o esporte parece ter perdido os laços mínimos com a alma brasileira. Seduzido pelos interesses do mercado global, tocado à base de corrupção, capitaneado pelos interesses dos países ricos, subjugado ao mercado das empresas de comunicação e da publicidade. A Copa é apenas mais uma campanha publicitária global. O que a ditadura não alcançou, o neoliberalismo consagrou.
Tudo no torneio tem a cor do dinheiro. A começar pelas regras que definem os países que participam, com primazia da Europa e preconceito com o resto do mundo. É feito para consumidores, de acordo com seus bolsos, gostos e até horários de transmissão. As denúncias de corrupção nas entidades que comandam o negócio não foram supe-
Tudo na Copa tem a cor do dinheiro radas na prática, como se o problema fossem apenas as pessoas, não a estrutura. O futebol brasileiro está inserido na mesma onda de negociatas, com a Globo e seus representantes à frente. Entre nós, há muito o futebol deixou de ser uma paixão que vinha de dentro das nossas raízes culturais para ser incorporado de fora pelas determi-
nações do negócio. O amador do esporte se tornou um cliente em potencial. Os clubes perderam a aura do pertencimento. Os jogadores se tornaram mercadorias. Os clubes, base da primeira identificação com o esporte, hoje são empresas de olho no lucro. Vendem tudo, os jogos, os jogadores e até seus torcedores, que se tornaram massa de usuários de cartões de crédito. Presas dóceis dos maiores juros financeiros do planeta, entregues de mão beijada pelos dirigentes de seus clubes do coração. Os times se dissolvem de um ano a outro, de acordo com as janelas de oportunidade. O resultado disso está presente na própria escolha dos jogadores da Seleção. Quase todos jogam fora do Brasil e são na maioria desconhecidos. Por essas e outras, os amantes do esporte estão convocados a reunir seu time e marcar uma pelada para os dias de jogos do Brasil, de preferência num campo de várzea, sem sinal de internet. Só os pernas-de-pau podem salvar o verdadeiro futebol.
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O GOVERNO DO ESTADO E A COPASA FAZEM AS ESCOLHAS CERTAS PARA MINAS GERAIS.
Mais de R$ 2 bilhões. Esse é o valor investido, desde 2015, em obras e serviços essenciais para o desenvolvimento de Minas e dos mineiros. Obras como a captação do Rio Paraopeba, que evitou um grave racionamento na Região Metropolitana de BH e garantiu o abastecimento de água para milhões de pessoas. Em Montes Claros, a obra do Rio Pacuí é o começo da solução para as históricas crises hídricas. Lá em Divinópolis e em Nova Serrana, novos sistemas de abastecimento de água e de estações de tratamento de esgoto vão melhorar a qualidade de vida naquela região. Em Varginha, o primeiro aterro sanitário da Copasa já apresenta bons resultados. É assim, também, em Patos de Minas, Curvelo, Congonhas, Três Marias e muitas outras cidades, com os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. E com a barragem de Mato Verde, no norte de Minas. Isso tudo e muito mais, porque o Governo do Estado e a Copasa fazem as escolhas certas para transformar a vida das pessoas. Para transformar a sua vida.
copasa.com.br
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MINAS
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Sem negociação, professoras da educação infantil de BH continuam em greve NEGOCIA KALIL Além de não apresentar proposta, prefeito de BH desconta no pagamento das grevistas Larissa Costa / Brasil de Fato MG
sim, a cidade deve se preparar para uma longa greve”. “A categoria não tem segurança de voltar para a sala de aula e negociar depois, devido às inverdades e promessas que ele [Kalil] fez e não cumpriu”, questiona Tatiane. Não é só pelo reajuste No início do mês de maio, o prefeito ofereceu um reajuste de até 21,55% no pagamento das professoras, proposta essa recusada por elas. “Nossa luta é justa, não é por reajuste, mas por carreira única e por dignidade. A nossa carreira é muito desvalorizada e
Larissa Costa
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m assembleia, cerca de 1300 professoras da educação infantil da rede municipal de Belo Horizonte definiram, na quarta (6), pela continuidade da greve. As profissionais estão paralisadas há quase 50 dias e, há mais de duas semanas, estão acampadas em frente à Prefeitura de BH. O prefeito Alexandre Kalil (PHS) se nega a negociar com as professoras enquanto elas não voltarem para a sala de aula.
A professora Tatiane Ferreira, que faz parte do comando de greve, conta que foi enviada ao governo uma proposta de unificação da carreira escalonada, de maneira que, até julho de 2019, as professoras da educação infantil receberiam o mesmo pagamento das profissionais do ensino
fundamental. Essa proposta, segundo Tatiane, foi debatida por uma equipe do governo, que chegou a afirmar que era possível unificar a carreira em 80%, mas que seria necessária a suspensão da greve para que Kalil apresentasse essa contraproposta. Na segunda (4), a categoria estava disposta a suspender a greve para negociar. No entanto, no dia seguinte, Kalil voltou atrás e retirou a proposta. Em nota lançada na terça (6), no portal da PBH, o prefeito afirma que “qualquer nova proposta que tenha sido apresentada em reunião formal ou informal é falsa e desprovida de legitimidade e autoridade”, se referindo à negociação em andamento entre a equipe de seu governo e as grevistas. O texto ainda afirma que “a volta às aulas será o sinal claro da retomada das negociações, e que, não sendo as-
a gente não consegue mais sobreviver com esse salário”, afirma Helena Pereira, que também faz parte do comando de greve. A proposta de reajuste também foi retirada pelo prefeito. Helena conta que as professoras que estão em greve tiveram descontos em seus salários, já vistos no contracheque deste mês. “Os descontos chegam a R$ 600. Tem professora que vai receber R$ 96 reais neste mês. Isso já compromete a renda familiar”, aponta. No município de BH, a rede da educação infantil possui cerca de 5 mil profissionais
que recebem, em média, R$ 1400. É uma categoria quase totalmente feminina. “Isso prova que Kalil não gosta de negociar com mulheres, estamos dormindo no relento, na rua, pra provar pra ele que a gente é resistente e forte”, exclama Helena.
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Assembleia Geral Ordinária da Cedea – Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados dos Diários e Emissoras Associadas - no dia 18/06/2018, CNPJ 17.415.654/0001-89 -, na sua sede social, na Avenida Álvares Cabral, 400, Centro, em Belo Horizonte, às 13:30 horas, com presença de 2/3(dois terços) dos associados, em primeira convocação; às 14:00 horas com a presença de metade e mais um dos associados; às 14:30 horas,com a presença de no mínimo 10 (dez) associados, em terceira convocação, para deliberar sobre o seguinte assunto:
_ORDEM DO DIA LIQUIDAÇÃO JUDICIAL Belo Horizonte, 6 de junho de 2018.
Alessandra Cezar Mello Liquidante
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018 Boris Baldinger
OPINIÃO
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Leo Gonçalves
Vinte e um livros em cinquenta e sete dias
A Trumplândia e a desordem do mundo Estamos num momento de transição: segundo Robert Cox, ao passo que “um bloco histórico está se dissolvendo, outro ainda não tomou o seu lugar”. A crise orgânica que tomou conta do mundo advém, em grande medida, da mundialização do capital e por este modelo de desenvolvimento desigual. A crise se dá em três níveis: 1) o ‘econômico’, que inclui a reestruturação da produção, das finanças e do comércio global; 2) o ‘político’, com mudanças institucionais e reformas do Estado e 3) o ‘sociocultural’, entendido como um conjunto interrelacionado de estruturas, ideias e práticas sociais que colidem com as forças que trabalham por mudanças estruturais. A ascensão de Trump ao poder da maior potência mundial é reflexo desta tríplice crise. Não apenas nos EUA, mas em diversas regiões do globo ocorrem manifestações que desafiam a fraca democracia liberal. Na América Latina o conservadorismo retorna ao poder, seja através de eleições (Argentina), ou por meio de um novo tipo de golpismo (Brasil, Paraguai) e tentativas de desestabilização política (Venezuela, Equador). A coesão do bloco da União Europeia é fragilizada com a saída do Reino Unido, além do espectro da extrema direita em ascensão em todo o conti- A crise nente europeu. é global A eleição de Trump e as suas políticas não podem ser ingenuamente encaradas como ignorância, mas sim como um resultado de escolha pela mudança do status quo por parte de seu eleitorado, uma tendência mundial. Sabemos que a crise de hegemonia favorece a ascensão de discursos de extrema direita, assim se apresenta o governo de Donald Trump. A crise é global, de modo que nunca fez tanto sentido o apelo de Karl Marx e Friedrich Engels: “proletariado do mundo todo, uni-vos!” Filipe Mendonça é doutor em Ciência Política pela UNICAMP e professor de Relações Internacionais na UFU & Davi é mestre em Relação Internacionais pela UFU
Leo Gonçalves é poeta, tradutor e autor de “Use o acento para flutuar” (Ed. Crisálida, 2018)
ACOMPANHANDO
Filipe Mendonça e Davi Demuner
Nos três primeiros dos 57 dias, você não lê nada. Há muita adrenalina por ter sido amado, abraçado, retido no sindicato longe do alcance da polícia, depois ter ido ao palanque falar um dos discursos mais importantes de sua vida, um discurso histórico, emocional, emocionado e emocionante para, por fim, ser carregado pela multidão. Tornar-se uma ideia para além do homem é coisa que te mexe por dentro. Digamos que, então, chegado o quarto dia, você se deu conta de que estão te isolando do mundo. Acho que agora você já pode se acalmar e deixar que o tempo consolide melhor as coisas. As coisas, você sabe, elas têm seu próprio ritmo de maturação. A agonia e os pensamentos em alta velocidade vão te consumindo as horas. Não tem internet. Não tem TV a cabo. Então começam a chegar as cartas. Cartas de todos os cantos do país. O povo brasileiro te ama. São inúmeras as cartas. Muito mais do que 3 mil páginas. E você está com tempo livre. Quer ler todas. A cela toda tomada de lágrimas e assim o tempo voa, flutuando no afeto daquela gente que você tanto gosta. Agora começa a poder receber algumas visitas. “Tragam-me uns livros, por favor?”, você pede aos familiares. Você relê primeiro “O manifesto comunista”. Curtinho. Daí se emendam vários outros: de teoria, de contos, de poesia. Pois é. Tem gente aqui fora que pensa que você está se esforçando como um cavalo para ler 150 páginas por dia, Cada linha traz quando cada uma das linhas um mundo que de suas leituras traz em si um não cabe em 3 mundo que não cabe em ne- mil páginas nhum livro de 3 mil páginas. E amanhã chega um novo carregamento de poesia contemporânea, Lula. Você vai se esbaldar.
Na edição 205 ... Políticas sociais na berlinda E agora... Entre os dias 5 e 7 de junho, movimentos populares que atuam na temática urbana se concentraram perto do Ministério das Cidades, em Brasília, para denunciar a paralisação das faixas do programa Minha Casa, Minha Vida voltadas para a população de menor renda. A Marcha Nacional pelo Direito à Cidade exige o fim do congelamento por 20 anos dos recursos nas áreas sociais, aprovada pelo Congresso em dezembro de 2016.
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BRASIL
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
“Congresso do Povo” chega a mais de 200 cidades de Minas Gerais AÇÃO Pessoas se reúnem para pensar soluções para o país e retomar os direitos perdidos após o golpe Mídia Ninja
Rafaella Dotta
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esde o início da crise política no Brasil, milhões de cidadãos estão angustiados com que rumo o país deve tomar. Desse sentimento nasceu a ideia de um congresso que não seja de políticos, mas sim formado pela população brasileira, e que ganhou a confiança dos mineiros. A iniciativa “Congresso do Povo” já soma 70 comitês e 209 cidades envolvidas em Minas Gerais. Em cada um dos comitês, os participantes se reúnem para con-
versar sobre os problemas O objetivo final é ter um que se agravaram depois de projeto escrito e pensado 2015 e pensar uma possível pela população. solução para as questões. Adriana Aparecida de Morais é agricultora e integrante do comitê de Muriaé, na Zona da Mata. Ela conta que a iniciativa começou tímida na cidade, mas foi ganhando força à medida que os membros divulgavam a mais e mais pessoas. “No final, nós juntamos 22 municípios em um encontro regional”, alegra-se. Em 19 de maio essa movimentação reuniu cerca de 100 pessoas na etapa municipal do Congresso do Povo.
CONGRESSO DO POVO EM MINAS de 200 cidades envolvidas
_Mais
_60 Congressos Municipais já realizados _Mais de 3 mil multiplicadores
Funcionamento das “etapas” O Congresso do Povo
foi pensado para começar “de baixo”, estimulando que os comitês locais levantem propostas para o Brasil. Em uma mesma cidade pode existir mais de um comitê, como é o caso de Contagem, que tem seis. As propostas são levadas ao Congresso do Povo na etapa municipal e se transformam em um documento. Já foram realizados 60 congressos municipais em Minas. A próxima etapa é o Congresso do Povo Estadual e posteriormente, o Congresso do Povo Nacional, com a mesma forma de funcionamento. Congresso pode ser permanente Mais do que eventos, defende-se que a ação se torne permanente e que exista um Congresso do Povo em oposição ao Congresso Nacional, de Brasília. A integrante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Débora Sá, analisa que há possibilidade de que o número de comitês inclusive cresça ainda mais. “Nossa ideia é chegar em todos os coletivos, escolas, igrejas que estejam de portas abertas para pensar um projeto novo para o Brasil”, diz.
O CRESCIMENTO DE UMA NOVA FORÇA POLÍTICA Junto ao Congresso do Povo, cresce no estado a Frente Brasil Popular, articulação que propôs a iniciativa. A Frente existe desde 2015 reunindo pessoas e organizações contra o golpe político e pela retomada dos direitos perdidos pela população. Na opinião do cientista político Frederico Santana, integrante da Frente, ela é hoje uma referência política tanto para conservadores quanto para progressistas. “Temos sido constantemente demandados a nos posicionar sobre os acontecimentos políticos e temos sido a principal referência para o chamamento de atos públicos. O poder de convocação que a Frente Brasil Popular adquiriu é um dos maiores patrimônios nesses tempos de ofensiva conservadora”, analisa.
CONGRESSO DA ELITE _64% são empresários rurais ou urbanos _50% _10%
dos parlamentares têm bens acima de
R$ 1 milhão
dos parlamentares são mulheres
_43 parlamentares são ligados a planos de saúde
81
senadores
513
dep. federais
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BRASIL
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Um projeto de país pelas mãos do povo UNIDADE Frente Brasil Popular constrói comitês em mais de 600 municípios Raoni Garcia /Midia Ninja
Andréa Castello Branco/ Comitê de Jornalistas Populares
Somente a partir das bases é possível sair do cerco em que estamos”, diz Bruno Diogo, do MST
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s anos 80 foram marcados por uma profunda crise econômica e pelo fim da ditadura militar no Brasil. Trinta anos depois, as semelhanças com a “década perdida” são muitas e é diante dessa realidade – e para dar conta dela – que a esquerda resgata sua origem e retoma a organização de base com a realização do Congresso do Povo Brasileiro. Partindo de pequenos núcleos, o Congresso irá elaborar plataformas políticas que podem ser entendidas como um programa construído pelos trabalhadores. Mas tão ou
mais importante que a plataforma política é o processo como o Congresso do Povo tem se constituído. Horizontal, incentiva a organização de núcleos independentes, seja no bairro, escola, igreja ou sindicato. Supra-partidário, agrega os mais diferentes
matizes da esquerda e suas bandeiras de luta. “Essa organização é uma demonstração de força social. Nos últimos anos abrimos mão de canais de diálogo com o povo, retomar isso é um dos objetivos do Congresso. Somente a constru-
ção a partir das bases é capaz de dar respostas aos problemas e nos fazer sair desse cerco em que estamos”, diz Bruno Diogo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), uma das mais de 100 entidades que compõem a Frente Brasil Popular. Assim como na pós-ditadura, o movimento popular
se fortaleceu em torno da reconstrução da democracia, Bruno acredita que estamos vivemos um momento em “que nunca foi tão bom conversar com o povo’. “A memória social das conquistas provoca comparações, não tem jeito”. Para ele, a greve dos caminhoneiros é um exemplo disso e mostra “um campo aberto” para o trabalho de base. “A adesão popular que eles tiveram mostra que a política deste governo tem reflexos na vida e o povo está sentindo isso. Estamos num momento em que discutir política está muito fácil. A partir do preço do gás você debate soberania, privatizações, você discute o país que queremos”, avalia.
Frente Brasil Popular quer discutir projeto para o país Marcius Barcelos
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Congresso do Povo nasceu durante a 2ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular (FBP), realizada em dezembro de 2017 na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, no interior paulista. “Queremos aprovar um projeto unificado para comprometer todos os candidatos do campo democrático com uma plataforma mínima que tenha no centro o compromisso com a retomada das conquistas democráticas, com um Estado que garanta desenvolvimento, educação pública, ciência e tecnologia”, explicou Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres, na época, em entrevista à comunicação da FBP. João Pedro Stedile, do Movimentos das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), elencou desafios para que, de fato, o Congresso signifique um retorno às bases. O primeiro deles é
mobilizar os trabalhadores que moram nas periferias. “A esquerda não está chegando na periferia, só chega o PCC e os evangélicos”. O segundo desafio apontado por ele é a formação política. “Temos que aproveitar este período para formar militantes. Como é que se forma militante? Com a práxis, com a teoria e a prática. Este é o tempo de nós rejuvenescermos”, disse.
Milhares de encontros em todo o Brasil Até agora, os dois desafios apontados por Stedile têm sido superados. Como antítese do Congresso Nacional encastelado e conservador, o Congresso do Povo se capilarizou em centenas de municípios do Brasil inteiro e intensificou o debate sobre o desmonte promovido pelo governo ilegítimo de Michel Temer e as
bandeiras históricas da esquerda. Dividido em etapas, o Congresso tem encontros locais, municipais e estaduais até a etapa nacional. Até o momento, 23 estados do país realizam atividades do Congresso. Para não interromper esse processo de organização, os Congressos municipais previstos para este mês irão acontecer até 15
Frente quer realizar atividades em 650 cidades até 2019 de agosto, com exceção de Minas Gerais, estado com organização mais avançada e o único a realizar esta etapa ainda em junho. Já a etapa nacional será entre os meses de dezembro e mar-
ço, já com um novo governo eleito. A mobilização daí em diante deve continuar nos núcleos da Frente Brasil Popular nos municípios, estados e comunidades para que o processo de debate político seja contínuo e permanente. “A ideia é ampliar a capilaridade da iniciativa do Congresso do Povo, atingindo um número muito mais significativo de comunidades e municípios. Estamos com a meta de, até o final do ano, atingir todas as cidades com mais de 50 mil habitantes no Brasil, que são mais de 650 cidades”, informa Lucio Centeno, da secretaria da Frente Brasil Popular. Lucio anuncia ainda que em breve será lançado um site sobre o Congresso do Povo e também um jornal especial sobre o assunto.
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BRASIL
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Política da alta descontrolada dos combustíveis será mantida na Petrobras SEIS POR MEIA DÚZIA Ivan Monteiro era diretor financeiro da estatal antes de substituir antecessor, Pedro Parente Marcos Oliveira / Agência Senado
Rafael Tatemoto
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etroleiros e engenheiros ainda veem com desconfiança o nome indicado por Michel Temer (MDB) para a presidência da Petrobras. As duas categorias que aturam na estatal entendem que a mudança de comando não significará necessariamente uma alteração no modelo de gestão que vem sendo implementado na companhia. Pedro Coutinho, da Associação dos Engenheiros da Petrobras, afirma que a saída de Pedro Parente – e a consequente substituição por Ivan Monteiro, então diretor financeiro – simboliza um desgaste da posição de definir os preços a partir do mercado internacional, mas que a su-
Monteiro está na diretoria da Petrobras desde 2015
peração dessa linha exige “medidas concretas” para além de um novo nome. “Ficou evidente para a sociedade que há um problema cuja origem é a política de preços da Petrobras. Essa evidência dos equívocos foi ficando óbvia e a queda de Parente
é o resultado. Mas para que haja uma mudança efetiva, a nova presidência teria de fazer mudanças estruturais. Ele [Monteiro] participava da gestão anterior e defendia a política e o plano de negócios de Pedro Parente. A princípio, ele estava alinhado”, avalia.
Ivan Monteiro, engenheiro eletrônico de formação, fez carreira no Banco do Brasil, onde se tornou um dos homens de confiança de Aldemir Bendine, ex-presidente da instituição financeira. Durante o final do governo Dilma Rousseff (PT), quando Bendine sucedeu Graça Foster na presidência da Petrobras, em 2015, Monteiro assumiu a diretoria financeira da petrolífera. Enquanto diretor financeiro, Monteiro foi responsável pelo início do processo de venda de ativos da Petrobras ainda em 2016. Esta questão, aliada à política de preços, está no centro da crítica dos petroleiros, como aponta Alexandre Castilho, diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo. “Primeiro, há uma satisfação pela queda de um nome
que se considerava intocável e que afirmava que se fosse para mudar qualquer política de preços ele não continuaria. Então, a saída sinaliza uma fragilidade de sua tese. Nós vemos com bons olhos essa fragilidade. Por outro lado, a entrada de outra pessoa não significa a solução do problema. A efetiva redução do preço dos combustíveis vai se dar a partir das refinarias da Petrobras”, defende. Castilho afirma que é necessário que as refinarias operem próximas de sua capacidade produtiva máxima. Hoje, a média é de 70%. Além disso, o processo de venda de quatro refinarias, bem como de seus terminais, deveria ser interrompido. Desde que assumiu, Monteiro não deu qualquer indicação de que as vendas seriam interrompidas.
Pré-candidatura de Lula é lançada em Contagem CUT / RS
Rafaella Dotta
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cidade de Contagem, na Região Metropolitana de BH, será a primeira do Brasil a receber a confirmação da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Acontece na sexta (8) o lançamento da pré-candidatura de Lula (PT) à presidência da República, às 18h, no Hotel Actuall. O ex-presidente encontra-se preso em Curitiba há dois meses, mas confirma que mesmo assim fará campanha nas eleições de 2018.
A situação é peculiar, visto que é comum que candidatos participem e se apresentem nos eventos de lançamento de suas próprias candidaturas. Porém, o Par-
tido dos Trabalhadores (PT) reafirma o ato para denunciar o julgamento e a prisão de Lula, que acreditam ser parte do desenvolvimento do golpe político iniciado com a
retirada de Dilma Rousseff da presidência em 2016. A senadora e presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, tem declarado insistentemente que o ex-presidente continua a ser o nome do PT às eleições presidenciais. Ela atravessa uma onda de boatos sobre ser a candidata no lugar de Lula. “Lula é o líder nas pesquisas, tem direitos políticos e será nosso candidato!”, assegurou, em maio, durante sessão do Senado. No lançamento em Contagem, comparecem também a ex-presidenta Dilma Rousseff, os governadores do PT
dos estados do Ceará, Bahia, Acre, Piauí e Minas Gerais, os senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, além de parlamentares do partido e lideranças de movimentos populares. Pimentel candidato O evento também será palco para o lançamento da pré-candidatura de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais. Pimentel é governador desde 2015 e tentará a reeleição.
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Premiê da Jordânia cai após protestos contra austeridade e aumento de combustíveis
MUNDO
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Malária já matou mais de 3.800 angolanos neste ano
Reprodução
REVOLTA País é atingido por guerra dos países vizinhos e por um pacote do FMI que aumenta a desigualdade social Wikimedia Commons
Dados divulgados pelo secretário de Saúde de Angola, José Vieira Dias da Cunha, mostram que o país registrou 3.853 óbitos provocados pela malária somente neste ano. Segundo o governante, foram registados, de janeiro até agora, 1,5 milhão de casos, número que ultrapassa o de 2016, ano em que Angola registrou uma epidemia de febre amarela, com 1,4 milhão de casos. Face ao atual quadro, as autoridades sanitárias do país já caracterizam 2018 como um ano epidemiológico, sendo as províncias do Cuanza Norte, Bengo e Huambo as mais endémicas. Luanda, a capital de Angola, inclui-se na lista de províncias mais afetadas pela doença, com o registro de mais de 240 mil casos de malária no primeiro trimestre deste ano.
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1° SEMINÁRIO DE AGROECOLOGIA DO SUL DE MG Da redação*
H
ani Mulki, primeiroministro da Jordânia, renunciou ao cargo na segunda (4) em meio a uma onda de protestos. A população não concorda com medidas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), reformas tributárias e aumento do preço de pão, energia e combustível. No lugar de Mulki, o Rei Abdullah II empossou Omar Razzar como novo primeiro-ministro do país árabe. Os manifestantes querem alterações em quem ocupa cargos de governo e pedem a mudança das políticas implementadas. Uma delas é em relação ao projeto de lei que propõe aumentar em 5% a taxação de
renda sobre trabalhadores contribuintes e de 20 a 40% para empresas. Sindicatos de trabalhadores da Jordânia argumentam que a medida “aumenta as disparidades sociais”. Outro fator que impulsionou a revolta foi o corte do subsídio ao pão, que levou o produto a custar o dobro. Em decorrência dos protestos, o Rei Abdullah II revogou o aumento dos preços de combustível e da eletricidade. Crise A Jordânia passa atualmente por uma crise econômica. A dívida pública do país chega a US$ 38 bilhões, ou seja, 95,3% do seu Produto Interno Bruto. A taxa de desemprego é próxima aos 18%. Além
disso, as guerras nos países vizinhos Iraque e Síria fizeram com que o país de 9 milhões de habitantes recebesse um enorme fluxo de imigrantes, aumentando os gastos públicos. Em 2016, a Jordânia recebeu um crédito de US$ 723 milhões do FMI, vinculado à uma reforma econômica para diminuir a dívida pública, em conjunto com medidas de austeridade. Para complicar ainda mais a situação, países do Golfo Pérsico cancelaram um programa de ajuda externa ao país, que espera uma ajuda financeira de mais de US$ 6 bilhões dos EUA nos próximos anos. *Com informações da RFI e do Portal Vermelho.
Os camponeses e camponesas do sul de MG, mais especificamente de Campo do Meio vêm trabalhando ativamente na construção do modelo de produção agroecológico. Desde 2012, foi fundada a Cooperativa camponesa que vem atuando ativamente com as associações de produtores dos assentamentos nessa construção e a CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) é parceira nesse trabalho de desenvolvimento sustentável junto à agricultura familiar na região. Nos dias 11 e 12 de maio de 2018, foi realizado o 1° Seminário de Agroecologia, espaço marcado por discussões sobre modelo de produção e desenvolvimento produtivo, oficinas práticas para aprofundar os conhecimentos dos produtores e produtoras sobre a agroecologia. O evento teve como mote agroecologia e reforma agrária popular, destacando o papel da transição agroecológica e da potencialidade do mercado para esse tipo de produtos. Hoje os produtores convidados para esse Seminário chegam a produzir 6 mil sacas de café por ano, mais de 30% deles podem realizar a transição agroecológica, sendo um salto no processo de organização da produção na região.
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Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Amiga da Saúde
CIÊNCIA, COISA BOA! COMO SE FORMAM OS VENTOS?
Amiga, tenho uma dúvida: se masturbar demais pode causar algum problema? Anônima
Em nossa última coluna vimos que a energia do Sol é responsável por quase tudo que ocorre na Terra, inclusive pela movimentação das nuvens e do vento. Uma amiga não entendeu muito bem essa relação e quis saber mais sobre essa história. Ao ar atmosférico em movimento damos o nome de vento. Ele pode ser classificado em vários tipos, a depender de sua origem e velocidade. Por exemplo, temos as mansas brisas e os temidos furacões. Quando aquecemos um corpo, a agitação de seus átomos aumenta, e eles tendem a se afastar uns dos outros. Assim, o corpo se dilata. O aumento do volume de um corpo leva à diminuição de sua densidade. O ar é um fluido, ou seja, um corpo sem forma definida. Quando a densidade de um fluido diminui, ele tende a subir. Ou seja, aqueça um fluido e ele subirá. É possível perceber isso sempre que colocamos uma chaleira no fogo e vemos o ar quente escapar para o alto. O Sol esquenta constantemente a nossa atmosfera. Só que não o faz de forma Nuvens, chuva, uniforme por todo o globo, pois depeneletricidade, de da posição da Terra. Os raios solares ventos: o Sol está penetram na atmosfera de forma mais
em toda parte
direta nos trópicos e menos direta nos polos. Assim, criam-se áreas de ar quente e áreas de ar frio pelo planeta. O ar quente, ao subir, deixa junto à superfície um espaço vazio chamado “área de baixa pressão”. Esse espaço é ocupado por ar vindo de uma outra área, mais fria. Esta “área de alta pressão” atrai vento frio da parte superior da atmosfera, o que cria o movimento cíclico ilustrado na figura acima. Temos assim a formação dos ventos. A partir daí não é difícil concluir que o vento também é o responsável pela movimentação das nuvens, que carregam a água na forma de vapor sobre nossa cabeças. Você já se perguntou por que a água dos rios nunca deixa de descer em direção ao mar? Pela ação do Sol a água dos oceanos evapora e forma nuvens. As nuvens são levadas pelo vento para o interior dos continentes, e ao cair na forma de chuva, voltam a alimentar os rios. Mais um fenômeno cíclico fundamental para a vida e que é criado pela energia proveniente do Sol. Assim, quando produzimos eletricidade em uma usina hidrelétrica ou eólica a partir do movimento dos rios ou do vento, devemos mais uma vez agradecer ao Sol. É ele quem indiretamente é responsável pela movimentação das turbinas dessas usinas. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Cara leitora, a masturbação é uma prática saudável para qualquer pessoa e contribui com o autoconhecimento do corpo. Entretanto, qualquer coisa em excesso pode trazer problemas. É necessário diferenciar o que é só um hábito do que já virou compulsão, quando o cotidiano fica afetado, ou quando a pessoa não
consegue se controlar. Outro problema que pode ocorrer é o ato atrapalhar o desempenho no momento em que há parceria. Como se houvesse um certo vício, e a pessoa passa a não conseguir chegar ao orgasmo durante o ato sexual. Nos dois casos, é preciso buscar ajuda profissional.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos O que fazer em caso de prisão durante uma manifestação? No caso de ser preso durante uma manifestação, você tem assegurada sua integridade física e moral. Se estiver machucado, antes de ir para a delegacia, é obrigação da polícia militar levá-lo a atendimento médico hospitalar antes da condução. Você também possui direito a acompanhamento de advogada, e se não a tiver, de um defensor público. Assim que for preso, o fato deve ser comunicado imediatamente ao juiz competente; e tam-
bém à sua família e a outra pessoa por você indicada. É um direito permanecer calado até a chegada de sua advogada bem como exigir a identificação dos responsáveis por sua prisão ou interrogatório. Lembre-se: jamais assine documento que contenha qualquer declaração que não tenha sido dada expressamente por você, e, no caso de ter permanecido em silêncio, esta declaração deve constar expressamente em seu depoimento.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
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www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas BISCOITO FRITO
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).
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Solução
A RITINH
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Ingredientes • 1 quilo de polvilho azedo • 1 copo de óleo
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• 1 copo e meio de leite • 3 colheres de açúcar (sobremesa) • 6 ovos
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Modo de preparo 1. Junte o polvilho, os ovos e o açúcar e amasse bem até ficar uma
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TA DA RECEI
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Reprodução
massa homogênea 2. Dissolva o óleo no leite, esquente e vá jogando na massa enquanto
continua sovando-a 3. Depois de bem amassada, faça os moldes em “O” 4. Frite em fogo médio
Receita da época antiga guardada pelas mestras do quilombo Chacrinha, de Belo Vale (MG). A arte de fazer biscoitos começou com Almerinda Dias da Cunha, que era responsável pela lida com o fogão em todas as festas. “– Ao biscoitão, Sô João!’’ era a senha que fazia as crianças correrem! Essa receita é parte do livro “Sabores do Quilombo – Quitandas das Minas Gerais”, acesse completo em goo.gl/BxKfJn.
Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
Laércio Vilar, o mestre invisível PERFIL Conheça o baterista mineiro de 50 anos de carreira que abalou as correntes do Jazz Pedro Faria
Rafaella Dotta
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oucos bateristas são lembrados como “mestre” por tantos nomes da música brasileira. Na pequena cidade de Moeda (MG), a 60 km de Belo Horizonte, vive de forma simples o músico Laércio Vilar, o primeiro baterista de jazz do estado. Agora ele completa nada menos que 70 anos de vida e meio século de carreira. Quem conhece Laércio já vai se acostumando ao seu jargão estimatório “parrapá”, que ele fala na mesma proporção de um “uai”. O palavreado vem acompanhado de uma piada e um riso divertido, debaixo dos óculos e da barba branca no rosto negro. A dedicação o faz ensaiar ao menos três horas por dia, somente ele e a batera, e diz estar “explodindo de sabores sonoros” nas suas novas composições. História Laércio morou em Belo Horizonte até a década de 80, onde iniciou e desenvolveu sua carreira de baterista. Ele fez shows, deu aulas, se tornou parceiro de inúmeros músicos como Toninho Horta, Chico Amaral, Marilton Borges, Beto Lopes, e foi nessa cidade que também enfrentou seus maiores desafios. O impasse de tocar nos bares de BH - e receber indignamente por isso - era grande e levou Laércio a questionar a relação entre músicos “operários” e músicos “donos de bandas”. Operários, na opinião dele, eram aqueles pagos para executar as músicas, enquanto os “donos” lideravam os negócios e muitas vezes desrespeitavam os demais.
“Há uma diferença entre ser bom músico e boa pessoa. Pra subir no palco tem que ser boa pessoa”, é a ideia de Laércio. A sua insubordinação passou a ser indigesta para os tais “donos”. O operário inverte a cena O mestre foi ousado. Em toda banda a bateria é colocada atrás dos outros instrumentos. É a bateria que, junto com o contrabaixo, dá a base da música e por isso recebem o apelido de “cozinha”. Mas Laércio achava que o fundo do palco não era o lugar onde ele gostaria de tocar para sempre, e que a bateria poderia não só ocupar a frente do palco como protagonizar arranjos. “A bateria sempre foi um pano de fundo. Antigamente, nem a chamavam de bateria, era ritmista. Sempre foi um instrumento da ‘cozinha’. Mas poxa! É lá que está a fogueira!”, se comove. A sua inspiração foi um vídeo do baterista Buddy Rich, na década de 60, que colocou duas baterias na boca do palco. “Aquilo pra mim foi um tapa. Eu pus a bateria na frente e fiz a hierarquia com um triângulo no palco”, teimava. “Daí, as chamadas para tocar se escassearam ainda mais. Foram me cortando. De repente nem casa noturna mais, nem pra tocar bolero”, brinca. Laércio saiu
de BH e encontrou a cidade de Moeda para construir sua vida. Mas mesmo fora da cena da capital, continua sendo lembrado. Laércio, um clássico O músico Eneias Xavier conhece o baterista há mais de 25 anos e produziu “Carnaval Atmosférico”, primeiro e até o momento único CD de Laércio. Obra que leva Eneias a sentenciar: Laércio está na lista dos clássicos. “Todos os bateristas,
principalmente, ouvem e estudam esse disco. O Laércio é uma pessoa que a gente cita no estúdio, na mesa de bar. ‘Isso aqui eu queria fazer meio Laércio, aquilo ali o cara fez meio Laércio.’ São três ou quatro músicos de Minas Gerais que a gente cita na mesma proporção que ele”, conta Eneias. A singularidade do mineiro está ligada à forma como ele usa a “bateria aberta”, o estilo free do jazz, em que leva a bateria a fazer solos e não apenas acompanhamento. “Na época, pouca gente fazia isso, só ele e Neném, que é um discípulo dele”, conta Eneias. Essa audácia rendeu a Laércio uma música em sua homenagem. A composição “Laércio” do também baterista Nenê, que tocou com Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Elis Regina, nasceu para lembrar a sua originalidade. “Todo mundo
D. Jandira abre edital para compositores
tem influências, seja da música brasileira ou estrangeira, mas quando você desenvolve seu trabalho tentando sair disso, criando uma coisa própria da sua cabeça, isso é um trabalho original”, diz Nenê sobre Laércio. Hoje O baterista não parou no tempo. Na nossa visita, mostrou à reportagem o desenho - sim, ele desenha suas músicas - das suas novas composições para um álbum que procura gravar em áudio e em DVD ainda em 2018.
Confira o perfil de Laércio em vídeo em www.brasildefato.com.br
Chega de fiu fiu
Divulgação
Eberton do Nascimento
A cantora Dona Jandira abre edital para a edição 2018 do Encontro de Compositores. O projeto busca valorizar e incentivar musicistas de todas as idades à composição de música brasileira. Serão selecionadas dez canções e cada candidato pode inscrever até duas composições. A inscrição é gratuita e pode ser feita até dia 20 de junho, no link goo.gl/cKd4zw. Os compositores escolhidos se apresentarão ao vivo, no dia 21 de julho, em Itatiaia, na sede do Espaço Cultural Dona Jandira.
Uma sessão especial do filme “Chega de Fiu Fiu” acontece em Belo Horizonte no dia 14 de junho. Idealizado pela ONG feminista Think Olga e pela Brodagem Filmes, o documentário narra as histórias de Raquel, Rosa e Teresa, moradoras de três cidades brasileiras. Temas como o direito à cidade, assédio e violência perpassam o dia a dia das personagens, que constroem saídas para resistirem ao machismo. Os ingressos são vendidos no link goo.gl/gCTjse até domingo (10), por R$ 16 a inteira. A exibição acontece no Cine Belas Artes, na Rua Gonçalves Dias, 1581.
Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
UTC é reaberto com 6 modalidades gratuitas em Uberlândia
Brasil na Copa
ESPORTE
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Roscosmos
Comunicação / Futel
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a última semana, o UTC – Centro Municipal de Alto Rendimento, agora administrado pela Prefeitura de Uberlândia, através da Fundação Uberlandense de Turismo Esporte e Lazer – FUTEL, foi reinaugurado, após passar por diversas reformas. O UTC agora oferece seis modalidades gratuitas: futsal, vôlei, basquete, multiesporte (vôlei, basquete e futsal), natação infantil e adulta e hidroginástica para adultos, e já conta com cerca de 1.300 alunos matriculados.
A Copa do Mundo de futebol masculino, um dos acontecimentos esportivos mais assistidos do planeta, começa na próxima quinta-feira (14), na Rússia. Os 23 jogadores brasileiros convocados pelo técnico Tite vão se hospedar em Sochi, à beira do mar Negro, e devem percorrer mais de 3 mil quilômetros por esse país de dimensões continentais para disputar os três jogos da primeira fase do torneio, a fase de grupos. O primeiro jogo do Brasil será contra a Suíça, no dia 17, às 15h (horário de Brasília). O segundo jogo será Brasil e Costa Rica, no dia 22, às 9h (de Brasília). E na terceira e última rodada da fase de grupos, teremos em campo Brasil e Sérvia, às 15h do dia 27, na capital, Moscou.
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Belo Horizonte, 8 a 14 de junho 2018
ESPORTES
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Curto e Grosso A Copa do Mundo fora dos gramados Por Bruno Mateus
A Copa do Mundo começa no dia 14, e, não sei se vocês perceberam, mas aquele “clima de Copa” não bateu até agora. Será que tô ficando ranzinza e quando eu era menino era muito mais divertido porque tinha cheiro de férias? Ou a graça se perdeu na velocidade e no cinismo dos nossos novos tempos? De todo modo, lá vamos nós para mais um Mundial e será divertido acompanhar a competição. Sempre é. Em 1994, com meus 11 anos, esperei a Copa ansiosamente. Narrei sozinho emocionantes partidas de jogo de botão. Três fatos me marcaram profundamente naquele contexto. Meses antes, em abril, morreu Dener, o eterno 10 da Portuguesa, que se foi jovem demais, tinha só 23. No meu quarto, domingo à noite e TV ligada, chorei de soluçar ao ver Armando Nogueira falar sobre o menino que “morreu dormindo. Só assim mesmo: desperto, teria driblado o destino”. Também foi pela TV que vi Barbosa tentando disfarçar seu indisfarçável constrangimento ao ser barrado na Granja Comary por Parreira e Zagallo. A seleção se preparava para a Copa e eles alegaram que não queriam transmitir nenhum sentimento de derrota aos jogadores. Sobre Barbosa foi jogada a culpa pela vitória uruguaia na final de 1950. Ele conviveu com esse estigma por 50 anos, até morrer em abril de 2000. E foi durante a Copa de 94 que tive meu definitivo encontro com Diego Armando Maradona. Não me pergunte por quê, mas quando o tiraram da competição por doping, me coloquei ao lado dele. Para mim, são três injustiças – uma do destino e duas dos homens – e é importante sempre recordá-las. Que comece a Copa do Mundo. Porque ela também tem muito a nos ensinar para além do futebol.
Gol de placa Embora limitado a 2 mil sócios com renda mensal de até R$ 1500, o Bahia lançou um plano digno: por R$ 45/mês, o sócio-torcedor terá direito a todos os jogos na Fonte Nova, cerveja pela metade do preço no estádio, direito a voto para presidente e outros benefícios.
Gol contra Acadêmicos do curso de Direito da PUC-Rio foram acusados de racismo por atletas e torcedores negros de outras universidades nos Jogos Jurídicos Estaduais, em Petrópolis. Os racistas teriam emitido sons guturais, atirado cascas de banana e gritado “macaco” contra os atletas negros.
Decacampeão
É Galo doido
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Possivelmente este é o melhor time que o América montou para uma disputa de Série A. Nas últimas vezes em que esteve na primeira divisão, a equipe caminhou como Ceará e Paraná vêm caminhando este ano: frágil, sem confiança, pontuando pouDecacampeão co e sem capacidade de reagir. O América, ao contrário, tem demonstrado estabilidade e espírito ofensivo mesmo na casa dos adversários e contra os times mais badalados, como Corinthians, Flamengo e Palmeiras. Ainda está faltando transformar algumas das boas atuações em pontos conquistados, mas as quatro vitórias nos cinco jogos em casa já garantem uma boa pontuação ao Coelho até a parada da Copa e dão esperança aos atletas e aos torcedores de que este ano de fato será diferente!
Nós, atleticanos, já vivemos isso e, pelo visto, eternamente retornamos a um estágio primitivo da humanidade traduzido por um termo de origem alemã: schadenfreude, prazer perverso com o sofrimento alheio. No atual estágio do Brasileiro, é o que nos resta na temporaÉ Galo doido! da equipe da. Dependemos do desempenho e também do fracasso dos adversários. E, em situação de adversidade, apelamos até para o autocanibalismo, como aconteceu no protesto desta semana na sede do clube. Torcedores pediram a saída do diretor de futebol, Alexandre Gallo, mas se esqueceram de um detalhe: um Eduardo Maluf não surge do nada. O presidente eu deixo por conta da oposição ou da torcida como um todo, pois as maiores organizadas optaram pela omissão, que é sempre conveniente, diante de interesses difusos.
La Bestia Negra Leo Calixto É sabido por todas e todos os Anúncio amantes do esporte bretão que, antes de tudo, de forma bem resumida, o futebol é um jogo coletivo que sofre influências internas (decisões de jogadores, arbitragem e escolhas do treinador) e externas (clubes, feBestia Negra derações e La lógico, torcedoras e torcedores). Após acompanharmos reclamações individualistas de Renato Gaúcho em relação à postura defensiva dos times quando enfrentam o Grêmio, Mano Menezes alertou o colega para respeitar os trabalhos de seus pares. Independente do sistema de jogo que gostamos, é preciso reconhecer que existem muitas formas de se jogar futebol e que opiniões que desmerecem o trabalho alheio não têm espaço nesse ambiente.