Fora do Eixo
CONSCIÊNCIA NEGRA MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro de 2018 • edição 260 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Reprodução tela Benedito Calixto
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QUE REPÚBLICA É ESSA? Festival da jabuticaba Evento que celebra tradição de Sabará acontece entre os dias 15 e 18 de novembro CULTURA 14 Lourival Ribeiro / divulgacao
Já deu, Silvio De onde vem o feriado de 15 de novembro? Encabeçada pelo Exército, a Proclamação da República no Brasil foi mais um dos processos que não envolveu a participação da população, seguindo os interesses das elites. Desde então, o sistema de governo que em teoria rege o país segue sem colocar em prática os valores republicanos. Conheça melhor a história da data e quem foram os personagens principais dessa trama I 6,11
Dono do SBT protagoniza mais um episódio lamentável de preconceito na TV brasileira VARIEDADES 12
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018
Editorial | Brasil
A resistência do Quilombo Campo Grande Nas Minas Gerais, existiu o Quilombo Campo Grande, um dos maiores agrupamentos quilombolas do Brasil, nove vezes maior que o de Palmares. Sua extensão ia do Triângulo Mineiro, passando pelo Sul e Sudoeste de Minas, até as áreas do nordeste do estado de São Paulo. Foi construído por negros escravizados, negros alforriados que sofriam com a capitação de impostos, e brancos pobres. Estudos
ESPAÇO DOS LEITORES “Como Ivonete, eu também gosto muito do horário de verão! Saímos do trabalho e ainda está sol, podemos aproveitar mais o dia!” Maíra Gomes dá sua opinião sobre a pergunta da semana: “O que você acha do horário de verão?” “20 anos produzindo alimentos de qualidade e agora são considerados “terroristas”” Tata Gonçalves Miranda comenta a matéria “Acampadas há duas décadas, famílias produtoras do Café Gauií sofrem ameaça de despejo” “Merecidíssimo!” Janaina Cunha escreve sobre a Medalha Santos Dumont, concedida pelo governo de Minas ao Brasil de Fato MG “Quando um sistema Judiciário está entre o 1% mais rico, em um país onde pessoas não têm mais casa, emprego, comida...Voltamos aos tempos da monarquia” Antônio João comenta a entrevista com a presidenta do Serjusmig, Sandra Silvestrine, que diz: “Somente a cúpula do Judiciário escolhe quem irá administrá-lo”
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Assentamento produz 510 toneladas de café por ano falam de uma população de mais de 20 mil habitantes, no século XIX. O quilombo resistiu por anos a ataques da Coroa e até hoje é inspiração de luta para o povo mineiro. História que inspira uma ocupação do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sul de Minas Gerais, em Campo do Meio. São 450 famílias, que vivem há mais de 20 anos nas terras da usina falida de Ariadinópolis, que produzia açúcar e álcool. Antiga usina deve R$ 300 milhões em direitos trabalhistas Atualmente a área possui vasta produção de alimentos e são colhidas 510 toneladas de café por ano. As famílias produzem, sem o uso de agrotóxicos, hortaliças, cereais, frutas, fitoterápicos, leite e derivados, além de produtos processados como doces e geleias. Tudo isso de forma agroecológica ou em transição para essa modalidade. Esse processo de coletivização da terra, trabalho e produção pode ser
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destruído por uma decisão judicial do juiz Walter Zwicker Esbaille Júnior, determinando que os sem-terra têm até o dia 14 para desocupar o local, autorizando a repressão da Polícia Militar. Essa grande ocupação já sofreu vários processos de repressão e os próprios latifundiários da região já organizaram ataques contra as famílias. O juiz, portanto, está sendo aliado dos empresários, escolhendo o lado do lucro, o lado dos agrotóxicos, o lado da exclusão. Escolhe proteger uma empresa que deve mais de R$ 300 milhões em direitos trabalhistas para destruir a vida de tantas famílias que produzem alimento saudável, têm autonomia financeira e que movimentam a economia da região, gerando trabalho inclusive fora do acampamento. A história se repete como farsa: há mais de 250 anos, nas mesmas terras, resistia um povo explorado e injustiçado que construiu um espaço coletivo para viver, trabalhar com dignidade e sofreu com a repressão da Co-
Quilombo Campo Grande ia do Triângulo ao Sul de Minas roa e dos fazendeiros. Novamente os mesmos poderosos de ontem querem negar a sua função social da terra, seu papel de produzir, gerar trabalho e renda, para manter privilégios e direitos para poucos, nas costas do povo trabalhador. A reforma agrária faz bem à sociedade, que deve construir a resistência junto ao povo agricultor de Minas.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes, Thainá Nogueira e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Bruno Mateus, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia, Souza, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares – como forma de celebrar o orgulho e resistência do povo negro, que compõe mais da metade da população brasileira. Pensando na grande diversidade e riqueza de tradições do Brasil, saímos às ruas e perguntamos:
Você acha importante manter atividades e manifestações artísticas que resgatam a raiz africana?
Muito. Primeiro porque, de forma geral, o negro foi educado a esquecer suas origens. A escola não só nos ensina nada, como nos ajuda a esquecer. E o brasileiro é um povo que descende de negros e negras como um todo... Por isso é importante manter nossas tradições.
Fazer essas atividades é o resgate da nossa ancestralidade. É saber de onde a gente é, o que os nossos antepassados fizeram. É uma forma de viver, de resgatar a história que nos foi roubada. Se você tem isso para você e conhece seus valores, você não está perdido.
Harlei de Lima, capoeirista
Nathalia Silva, dançarina de dança afro
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018
GERAL
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Fabrício de Almeida / Divulgação
Declaração da Semana “Quando passamos por episódios desse tipo, vemos em exemplificação, o que acontece com muitas mulheres todos os dias, em muitos lugares. Isso é desenfreado, cruel, nos fere e nos dá medo”
Desabafou a cantora Claudia Leitte. Ela se referia ao assédio que sofreu do apresentador Sílvio Santos durante a campanha do Teleton. Sílvio fez comentários sobre o corpo de Cláudia e afirmou que não a abraçaria porque senão ficaria excitado.
Preço do metrô aumenta para R$3,40 em BH
Reprodução
A tarifa passa a valer a partir da meia-noite desta quarta-feira (14). Os preços foram reajustados em 88,9% após o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) suspender a liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que impedia o aumento. O recurso pedindo pela continuidade do reajuste foi realizado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Explore BH!
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Aproveite o feriado para conhecer os museus e espaços culturais da capital! No dia 15 de novembro, data da proclamação da república, o Espaço do Conhecimento da UFMG prepara uma programação especial sobre a astronomia da bandeira do Brasil, mostrando a relação do símbolo nacional com os elementos celestes. O Museu de Minas e Metais também terá uma programação especial para o feriadão. Ambos ficam na Praça da Liberdade e contam com atividades gratuitas.
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MINAS
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018 Midia Ninja
Depois da lama tóxica, pescadores sofrem com falta de trabalho 3 ANOS Marcha do Movimento dos Atingidos por Barragens percorre a Bacia do Rio Doce para denunciar a impunidade Coletivo de Comunicação MAB
Da redação*
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ma marcha organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que percorreu o trajeto de Mariana, em Minas Gerais, até o Espírito Santo, marcou os três anos do maior crime socioambiental do país. Desde o último dia 4, atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco/Vale/BHP Billiton, percorrem toda a bacia do Rio
Para serem reconhecidos como atingidos, Renova cobra de pescadores uma carteira profissional Doce, passando por cidades e comunidades que foram devastadas pela lama tóxica. No sábado (10), a marcha “Lama no Rio Doce: 3 anos
de injustiça”, como foi denominada, chegou a Colatina (ES). Lá, os manifestantes se juntaram aos pescadores do município, que viram seu trabalho acabar com a destruição da água. “A gente passava quase o dia todo no rio, a pesca era o sustento e o lazer do pescador”, indigna-se Litunoy Gomes de Araújo, conhecido como Araújo Pescador. O cartão do Programa de Auxílio Financeiro Emergencial, promovido pela FundaColetivo de Comunicação MAB
Mais de 140km de litoral foram atingidos pela lama tóxica, que saiu da barragem de rejeitos da Samarco/Vale/BHP Billiton. A caravana do MAB chegou em Regência (foto), no Espírito Santo, na terça (13). Até hoje, a água do mar é marrom.
ção Renova como forma de amparo às famílias atingidas, foi entregue somente para alguns pescadores do município. Para serem reconhecidos, os pescadores precisam apresentar o Registro Geral de Pesca (RGP), que é a carteirinha profissional da profissão. No entanto, na região, é histórica a atuação profissional sem esse documento. “Se eles duvidam que nós somos pescadores, por que
eles não vêm aqui e mostramos o que fazemos na prática? Mostramos nosso equipamento todo parado, mostramos que não tem peixe no rio”, questiona Silvio de Souza. Segundo estimativas do MAB, são 2 milhões de atingidos em toda a bacia do Rio Doce. A marcha “Lama no Rio Doce: 3 anos de injustiça” termina nesta quarta (14), em Vitória (ES). (*Com informações do MAB)
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018
MINAS
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Justiça aprova liminar de Entenda o caso despejo de 450 famílias no O Sul de Minas Marcelo Di Carli / SeGov MG
AMEAÇA Agricultores estão acampados há 20 anos e produzem alimentos sem agrotóxicos
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o Sul de Minas Gerais, 450 famílias sem-terra podem ficar sem lugar para morar e trabalhar após a aprovação de uma liminar de despejo do acampamento Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio. A ação foi liberada na primeira semana de novembro, quarta-feira (7), pelo juiz Walter Zwicker Esbaille Júnior. Os trabalhadores vivem no local há duas décadas. O terreno tem cerca de 4
mil hectares e está localizado na região da usina Ariadinópolis, que teve as atividades encerradas em 1996 após falência do grupo que a administrava, a Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA). Atualmente, a área é ocupada por mulheres, homens, idosos e crianças que sobrevivem da agroecologia, ou seja, da produção de alimentos sem insumos químicos, livre de agrotóxicos e sementes transgênicas. Divulgação
De acordo com um levantamento do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), o acampamento conta com 40 hectares de horta, 60 mil árvores nativas e 60 mil frutíferas, fabricação de 8 toneladas de mel, 510 toneladas de café e 500 de feijão, 55 mil sacas de milho, além do gado e do leite. Se a decisão do despejo for confirmada, as famílias terão sete dias para deixar o acampamento.
s moradores do Quilombo se encontravam prestes a ter a posse do terreno. Estava em vigência um Decreto Estadual (nº 365/2015) que tinha como proposta desapropriar a área mediante o pagamento de R$ 66 milhões à CAPIA. Há dois meses, o governo do Estado, em um acordo firmado com as famílias, se comprometeu a pagar o valor em cinco parcelas. No entanto, acionistas da empresa, com o apoio de latifundiários mineiros e da bancada ruralista, recusaram o acordo e levaram o caso à Justiça contra o Executivo estadual. Eles pediram pela anulação do decreto, que já havia sido validado por dois julgamentos. Por meio de uma operação jurídica, os empresários retomaram uma liminar de despejo de 2012, referente à falência da usina e que estava parada há mais de um ano. Foi justamente essa a liminar aprovada na quarta-feira (7). A empresa responsável pela usina de Ariadinópolis tem pelo menos 400 processos de ex-funcionários para quitar. Os trabalhadores foram demitidos em 1994 sem receber a resci-
Comida saudável em risco O sul do estado é a maior região produtora de café do Brasil. E foi lá que surgiu o Guaií, café orgânico famoso por todo o país e também fora dele. Com produção feita pela Cooperativa Camponesa do MST e por dois coletivos de mulheres do movimento – o Olhos D’água e o Raízes da Terra –, o trabalho é totalmente familiar e coletivo, sem qualquer tipo de química. As mulheres são parte fundamental de todo o processo, desde o plantio à colheita. Em 2018, até o momento, chegaram a ser comercializadas 10 mil sacas de café.
são, e posteriormente descobriram que o FGTS e o INSS também não haviam sido recolhidos. Juntas, as dívidas trabalhistas da companhia ultrapassam R$ 300 milhões. “Vai ser a maior tragédia do país se for despejado um acampamento de mais de 20 anos, que foi ocupado em 18 de março de 1998, e em todo esse tempo não houve assentamento”, analisa Sebastião Melia Marques, da direção regional do MST em Minas. Por meio de nota, o movimento também se manifestou a respeito do momento político do Brasil. “É sabido que a veia fascista do projeto eleito ao governo do Brasil vai intensificar o uso de toda a máquina do Estado para criminalizar e segregar o povo sem-terra. Assim como o fará nas comunidades urbanas. Mas o povo brasileiro é corajoso e forte. O MST enfrentou a ditadura militar desde seu nascimento. É com essa história e com essa coragem que as famílias do Quilombo Campo Grande irão resistir e permanecer nas terras de Ariadinópolis. Não vai ser uma liminar de despejo que apagará tantos anos de luta”, ressaltou a organização.
LEIA NO SITE Confira um especial sobre terras em disputa em Minas: www.brasildefato. com.br/2017/12/01/ minas-terras-em-disputa/
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MINAS
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018
Opinião
Coiso privado e a coisa pública João Paulo Cunha A palavra “república” tem uma história longa e acidentada. Faz parte de uma tradição que vem da antiguidade, trazendo a defesa da coisa pública (res em latim é coisa), do autogoverno de cidadãos esclarecidos, do império da lei sobre os interesses particulares. No Brasil, a república proclamada em 15 de novembro de 1889 se afirma como uma superação da monarquia, instituindo um novo regime. Os valores republicanos são aqueles que dizem respeito a todos, uma espécie de solo comum que permitiria a conquista da cidadania plena. São aspectos ligados ao cumprimento da lei, a igualdade entre os cidadãos, ao respeito ao bem comum, ao empenho de fazer sua parte para o todo. Neste sentido, como explica o filósofo Renato Janine Ribeiro, a república funciona como um par complementar à democracia. Um não existe sem o outro, quando se trata de boa política. Se república significa “coisa pública”, nosso infeliz momento político parece marcado pelo seu
A república brasileira, no sentido do bem comum, não foi proclamada ainda avesso: o “coiso privado”. O presidente eleito Jair Bolsonaro tem conseguido quebrar as duas colunas da política. Embora eleito (independentemente do questionamento dos métodos, uso de mentiras em escala industrial, além da participação ativista do Judiciário), não tem se mostrado democrático nem republicano. Da democracia retira a seiva da diversidade, o respeito às minorias, o valor de diálogo, o respeito à divergência, o ataque aos direitos conquistados. Subverte as regras do jogo. Promete regressões antidemocráticas que vão da censura à criminalização dos movimentos populares.
Da república, pode-se esperar o esvaziamento do respeito à lei em nome de interesses particulares. O bem comum, seja ele a riqueza dos elementos (água, terra, ar e energia) ou a pluralidade de visões de mundo, serão minados na cartilha do entreguismo e da moralização teocrática. Até mesmo a mais valorizada estratégia republicana, a educação pública, livre, gratuita e universal, está na mira das armas do capitão. A república brasileira, no sentido substantivo, não foi proclamada de verdade até hoje. Não se pode falar em bem comum numa situação quase naturalizada de injustiça social, desigualdade econômica, violência seletiva, racismo, homofobia, misoginia, entre outros defeitos de civilização. A democracia era dada como consolidada. E deu no que deu. A república parecia garantida por instituições fortes. E hoje escorre entre os dedos de agentes públicos cooptados e militares de novo na parada. Aproveite o feriado para descansar. A resistência vai exigir muita energia.
ANÚNCIO
OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018 Reprodução
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Clemente Ganz Lúcio
Salário mínimo em 2019
20 de novembro 2018: é de nossa natureza ousar resistir! Chegamos a mais um mês da Consciência Negra. Oportunidade para dizer que este país nunca deixou de ser racista e preconceituoso. Neste ano de 2018, o que sempre falamos e denunciamos viralizou, generalizou na onda fascista que estamos vivendo. Hoje, grande parte da sociedade reconhece que sim, os negros e as negras deste país estavam com a razão: o racismo, a discriminação e a intolerância religiosa são fatos reais. A casca social que as pessoas usavam em sua hipocrisia, na certeza da impunidade não se faz mais necessária. Hoje o racista, o machista, o misógino, o homofóbico não precisa mais ficar guardado no armário. Tem a legitimação de um Estado fascista, num retrocesso sem precedentes e assim podem vomitar todo seu ódio contra todas e todos. Mas como nosso couro é curtido no dendê, nosso sobrenome é resistência, vamos resistir, não permitindo que nossos tambores se calem, que nossa alegria se esvaia. Vamos celebrar nossos heróis e heroínas que não são os dos colonizadores, são guerreiras e guerreiros forjados na luta diária por vida, cidadania e dignidade. Ocuparemos todos os espaços com nossas cores vibrantes, nossa ginga e reivindicações Nós não negamos nosso nome e nem nosso sobrenome, descendemos de reis e rainhas, intelectuais, engenheiros, agricultores, homens e mulheres livres e soberanos, que sob a crueldade do regime escravocrata construíram as bases e as estruturas deste país. Nós somos a mistura da generosidade e da gentileza africana. Gente que mesmo em condições adversas e inumanas nos deixou seu Axé, seu Viva Zumbi, Ngunzo e sua fé. Dandara, Por isso, neste 20 de novembro vamos bradar que fascistas Mariele e Moa não passarão, que o medo não tem espaço, onde o que se busca é o sol da liberdade. Viva Zumbi dos Palmares!!! Viva do Catendê! Dandara!!! Mariele e Moa do Catendê!!! Makota Celinha é jornalista e coordenadora nacional do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab)
Clemente Ganz Lúcio é sociólogo, diretor do DIEESE, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
ACOMPANHANDO
Makota Celinha
As centrais sindicais organizaram as marchas da classe trabalhadora, a partir de 2004, e, em negociação com o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, firmou-se um acordo que, em 2011, foi transformado em lei. A Constituição de 1988 define que o salário mínimo deve ser “fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. Atualmente, o valor do salário mínimo é de R$ 954. Seguindo o critério de reajuste definido em lei, em 1º de janeiro de 2019, deverá ter um reajuste correspondente à variação da inflação de 2018 e um aumento real medido pela variação do PIB de 2017 (1%). O valor, cumprindo-se a regra, ficará próximo de R$ 1.000. O Dieese estima que o salário mínimo necessário para atender às necessidades definidas pela Constituição, para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), seria atualmente próximo de R$ 3.800. Para se ter ideia da importância da política de valorização, em abril de 2002, o valor do SM era R$ 200. Até 2018, teve aumento real de 76,57%. Se esse aumento não tivesse ocorrido, em janeiro de 2018, seria Sem política de R$ 540. O salário mínimo tem im- de valorização, pacto direto na vida de mais salário seria de 48 milhões de trabalhadode R$ 540 res ativos e beneficiários da Previdência Social. Considerando as manifestações da equipe do novo governo, manter a valorização do salário mínimo será um desafio.
Na edição 245... “Reforma ‘antitrabalhista’ foi para reduzir a proteção dos trabalhadores” ...E agora Após um ano, reforma trabalhista não gerou emprego A proposta do governo Temer (MDB), que alterou mais de 200 pontos na CLT, completa um ano de vigência no domingo (11). Um dos principais argumentos para aprovar a medida foi a promessa de geração de 2 milhões de empregos nos dois primeiros anos. No entanto, de acordo com o IBGE, o desemprego aumentou e atualmente são 12,5 milhões de cidadãos sem trabalho. Dados divulgados pelo Caged também mostram que, nos 12 primeiros meses da reforma, o saldo de vagas geradas no país foi de apenas 372 mil.
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BRASIL
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018 USP Imagens
Decisão do MEC favorece empresários ao permitir ensino médio à distância A
de aprendizagem em sala de aula, com os professores e os colegas, pode ser substituído por um computador em casa, pelo celular. Ou até mesmo em uma lan house. O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão consultivo e normativo vinculado ao Ministério da Educação (MEC), atendeu a interesses dos empresários interessados no negócio da Educação a Distância (EaD)
Está aberta brecha para que ensino à distância ultrapasse os 20% da carga horária e chegue até a 60% das aulas
Vander Bras
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PREJUÍZO Conselho Nacional de Educação libera o ensino à distância (EaD), com 20% do currículo para diurno, e 30% para noturno e autorizou a oferta de 20% Cida de Oliveira Rede Brasil Atual da carga horária do Ensino Médio diurno e de até 30% escola está para a educa- do noturno nessa modalição assim como os livros dade, que é defendida pelo estão para o conhecimen- presidente eleito Jair Bolsoto. Para o governo de Michel naro (PSL). De acordo com os conseTemer, porém, a premissa é lheiros, o ensino não prebem diferente. O ambiente
Professores defendem importância da relação presencial para a aprendizagem
sencial deverá contemplar “preferencialmente” a parte flexível prevista pela reforma do Ensino Médio, enviada por Temer ao Congresso por meio de Medida Provisória. Como a decisão não fala em “obrigatoriamente”, está aberta brecha para que muitas escolas passem a ensinar pela internet também conteúdos da base comum, que corresponde a 60% de todo o currículo, e é composta pelas disciplinas de Matemática e Linguagens. A liberação do CNE depende da homologação pelo Ministro da Educação para entrar em vigor nos sistemas de ensino das redes estaduais. E poderá ser implementada já no próximo ano.
rofessores e especialistas são contrários. “Essa decisão é uma aberração que afetará a formação cidadã dos nossos estudantes. Vamos estudar a possibilidade de barrar esta aberração na Justiça”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) Heleno Araújo. Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, não existe justificativa para a educação à distância no Ensino Médio, a não ser o interesse do empresariado do setor. “A EaD não cabe na educação básica, etapa em que a relação entre professor e aluno e entre os próprios alunos é fundamental para se dar a aprendizagem”, afirmou. Segundo ele, essa brecha aberta pelo CNE vai radicalizar algo que já acontece no Brasil. A Constituição Federal, no artigo
Professor alerta que alunos mais ricos terão aulas presenciais; para os mais pobres e da área rural, EaD 206, coloca como princípio a igualdade de condições para todos de acesso e permanência na escola. “Com a EaD, a desigualdade que já existe no Brasil e é gravíssima, vai aumentar ainda mais, porque os alunos das classes mais favorecidas e moradores das cidades mais estruturadas, dos grandes centros, das capitais, vão ter uma educação presencial com melhor qualidade e para as regiões remotas, EaD. Isso significa que a gente vai aprofundar a desigualdade no acesso à educação”, criticou.
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Uma mangueira que descarrega mentiras NÃO FOI PASSAGEIRO Disseminação em massa de conteúdos falsos ou distorcidos toma conta da política no Brasil Reprodução- / Vox Media
Governo pode usar essa técnica para disfarçar medidas e reformas duríssimas contra o povo
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
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s notícias falsas ou distorcidas que inundaram as redes sociais durante as eleições não foram apenas um fenômeno passageiro que caracteriza os momentos de disputa política. No cenário pós-eleitoral, o fluxo de mentiras e informações bizarras tende a se manter e até se aprofundar. Não é uma realidade exclusiva do Brasil. Especialistas no assunto têm um nome para esse fenômeno de propaganda: firehosing, termo em inglês que significa “mangueira de bombeiro”. O termo apareceu em um artigo de 2016, assinado pelos analistas Christopher Paul e Miriam Matheus, que classificaram essa técnica como uma forma de inundar o ambiente digital com informações desencontradas, quase sem-
pre absurdas, mentirosas e difíceis de checar, tal como uma mangueira de bombeiro e sua força para descarregar água. Os especialistas detectaram que esse tipo de propaganda tem quatro características fundamentais: ocorre em grande quantidade e em muitas plataformas; é rápida, contínua
Firehosing, que significa mangueira de bombeiro, é uma forma de inundar o ambiente digital com informações desencontradas, absurdas e mentirosas
e repetitiva; não tem qualquer compromisso com a realidade; e não tem qualquer compromisso com a consistência. Espalhar mentiras e informações distorcidas não é nenhuma novidade. O que caracteriza esse fenômeno como algo novo é a velocidade de disseminação e o alcance. “A questão agora é que esse método está mais bem elaborado e ancorado num moderno sistema de reprodução de informação. A ideia é espalhar mentiras, descreditar os veículos tradicionais de informação, criar uma crença num público-alvo de que apenas os canais oficiais de determinado grupo político são confiáveis”, explica o professor Humberto Matos, responsável pelo canal Saia da Matrix. Uma vez distribuída em massa, o estrago está feito
“Eles montam uma estratégia em que a informação tem que chegar às pessoas para desconvencê-las. Primeiro se cria um viés ideológico, se manda uma notícia confirmando esse viés. A pessoa não é capaz de aceitar que foi enganada. Para essas pessoas, quem está tentando dizer que foi enganado é que está enganando”, acrescenta Humberto Matos. O professor André Coelho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que essa técnica serve para “bombardear a atenção pública com um número tão grande de factóides absurdos e atraentes de serem discutidos para assim manipular o senso de realidade e distrair o foco de concentração em relação ao principal”. Para ele, a presidência de Bolsonaro lançará mão desse tipo de abordagem para organizar os interesses do governo. “Bolsonaro e sua equipe fazendo declarações estapafúrdias na imprensa e nas redes sociais no primeiro plano, e passando medidas e reformas duríssimas e gravíssimas no segundo plano. O objetivo será de que reajamos
ao que for dito no primeiro plano, causando uma guerra de debates e mensagens entre apoiadores e críticos, diminuindo, assim, o foco de atenção e energia disponível para fiscalizar e criticar o que se fizer no segundo plano”, escreveu.
EUA e Rússia conhecem a novela O termo foi usado para descrever a propaganda do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a invasão da Crimeia. Enquanto a imprensa local divulgava imagens e fotos da invasão da região por tropas russas, Putin ia a público negar as informações, atribuindo a invasão a milícias privadas, acusando a mídia de mentir. Mais tarde, após a consolidação da invasão, o presidente viria a público admitir a presença russa no local. Nas eleições dos Estados Unidos, em 2016, uma profusão de mentiras foi disseminada dando conta de uma suposta doença da então candidata Hillary Clinton, derrotada por Donald Trump na corrida eleitoral. Outra mentira comum dessa época foi a informação falsa de que o presidente Barack Obama não havia nascido em solo norte-americano.
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BRASIL
Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018
Por que pensar saúde pública para a população negra? SUS Desafios aumentam com Emenda Constitucional que congela os gastos públicos por 20 anos
Política Nacional em risco O pesquisador ressalta que a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, aprovada no Conselho Nacional de Saúde em 2006, é importante e necessária, em razão do perfil epidemiológico diferenciado,
Ana Lícia Menezes
População negra tem expectativa de vida seis anos menor bem como do racismo institucional que impede o acesso aos serviços de forma
adequada. “É importante dizer que o racismo, enquanto ideologia, se estrutura na manutenção de privilégios para setores historicamente beneficiados e que, por outro lado, manejam a partir de seus interesses o controle dos bens públicos, material e simbolicamente”, conclui. Sobre os desafios para os próximos períodos, Altair reflete sobre a Emenda Constitucional que congela os gastos públicos por 20 anos: representa uma ação nociva que impactará negativamente o SUS e aqueles que mais o utilizam, a população negra, quase 80% dos usuários do sistema.
Celebrando a Consciência Negra
Jamile Araújo De Salvador (BA)
O
Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado a partir da Constituição de 1988, que declarou que a “saúde é direito de todos e dever do Estado”. Conquistado a partir de ampla mobilização, conhecida como movimento pela “Reforma Sanitária”, é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Mas se o SUS tem como objetivo universalizar o acesso à saúde, por que há necessidade de se pensar a saúde especificamente para a população negra? É o que explica Altair Lira, pesquisador, mes-
tre em Saúde Coletiva e professor substituto da Universidade Federal da Bahia. Para ele, olhar os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS não é suficiente para detectar as singularidades. “Dados
80% dos usuários do SUS são negros obtidos dos sistemas de saúde demonstram que a população negra tem uma expectativa de vida seis anos menor que a da população branca (64/70 anos)”, comenta.
Lira chama atenção para a forma como o racismo se apresenta como estruturante das desigualdades sociais no Brasil e afeta a população negra no campo da saúde. “Os indicadores que retratam as desigualdades raciais no campo da saúde, seja no modo como tratam as doenças associadas a determinantes raciais/étnicos, como a doença falciforme, a hipertensão arterial e outras, seja associada à discriminação na atenção e na assistência”, pontua. “Novos investimentos em pesquisas e cuidados não mais acontecerão, evidenciando negligência e falta de compromisso público”, pontua.
No dia 20 de novembro, acontece a primeira edição do projeto Cidade Negra em Belo Horizonte. A iniciativa é do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu) e propõe que caminhadas em grupo sejam realizadas pela cidade. Os participantes irão visitar lugares que anteriormente eram ocupados por pessoas negras, relembrando memórias, histórias e tradições dos nossos antepassados. O primeiro encontro aconte-
ce das 18h às 21h e as pessoas se reunirão na esquina da rua Carangola com av. do Contorno. Em Contagem, também acontecem várias atividades para comemorar o mês da Consciência Negra. São debates sobre saúde, mulheres, esporte, religiões afro-brasileiras e muitas apresentações culturais. Para saber mais, acesse a página da Associação dos Moradores do Novo Progresso II: www.facebook.com/amonp.social.
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ESPECIAL
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República começou com golpe e presidente marechal HISTÓRIA Em 15 de novembro de 1889 o Brasil deixava de ser formalmente comandado por imperador português, mas a população continuou longe do poder
o lugar do imperador, assume um marechal monarquista, que só fica nove meses no poder. O povo, mais uma vez,
assistiu sem fazer parte da transição do Brasil colônia para uma nação com poderes constituídos. Há muitas interpretações entre os estudiosos do período sobre o sentido do 15 de no-
vembro de 1889, mas quase todos parecem concordar que se tratou de um movimento do Exército, com o apoio das elites intelectuais, igrejas e latifundiários, sem a participação
da maioria esmagadora da população. Muitos republicanos da época defendiam a democracia, mas a ilusão de que ela seria possível sem o povo parece ter durado tempo demais...
Conheça alguns personagens e eventos que levaram à deposição de Dom Pedro II e a construção dos instrumentos de representação mais ou menos como temos até hoje.
Reprodução
Alberto Henschel
Wikimedia Commons
Diógenes Hequet
Jean-Baptiste Debret
Elis Almeida
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Deodoro da Fonseca Apesar de monarquista, foi escolhido para liderar a proclamação e foi o primeiro presidente da República, com a Constituição de 1891. Nesse mesmo ano, foram criados o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, com sede no Rio de Janeiro. Em meio a uma profunda crise, Deodoro renunciou ao cargo nove meses depois. O vice, Floriano Peixoto, também marechal assumiu o cargo e ficou até 1894, quando foi substituído por Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do país, que inaugurou o rodízio dos presidentes oligarcas. Esse período ficou conhecido como “República Velha”.
Negros e negras escravizados Pelo menos um quarto da população brasileira da época era de pessoas negras escravizadas violentamente. Parte dos republicanos defendia a abolição, enquanto outros – principalmente fazendeiros – não queriam a libertação dos trabalhadores. Um ano antes da proclamação da República, foi assinada a lei Áurea, que acabou formalmente com a escravidão. No entanto, não foram oferecidas oportunidades de moradia, trabalho e renda para essas pessoas, que continuaram à margem dos direitos sociais e políticos.
Dom Pedro II
Guerra do Paraguai
Monarquia brasileira
Filho de Dom Pedro I, assumiu o trono aos cinco anos, quando seu pai abdicou do cargo. Depois do período regencial, tornou-se imperador com apenas 15 anos. Ele foi a pessoa que ficou mais tempo no poder no Brasil, 58 anos. Uma de suas filhas, a Princesa Isabel, foi responsável por assinar as duas leis abolicionistas: a do Ventre Livre e a Lei Áurea. Com a proclamação da República, Dom Pedro vai para o exílio na Europa. Ele morre de pneumonia, em Paris, dois anos depois. Seu nome batiza muitas ruas, avenidas e praças em todo o Brasil.
A Guerra do Paraguai foi determinante para a crise da monarquia. De 1864 a 1870, o Brasil fez um acordo com a Argentina e o Uruguai para entrar em guerra contra o vizinho Paraguai. O Paraguai tinha uma política autônoma frente a grandes potências e era um dos países mais desenvolvidos e menos desiguais da América. As forças paraguaias enfrentaram as tropas dos três países em uma longa resistência. Enquanto isso, muitos negros escravizados eram obrigados a se alistar no Exército brasileiro. Segundo o livro “Veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, a guerra da Tríplice Aliança exterminou 83% da população do Paraguai.
Uma monarquia é um regime em que uma pessoa se mantém no poder até sua morte ou até que abdique do cargo. O Brasil viveu sob a forma de Império de 1808 – quando a família real portuguesa se mudou para o país - a 1889. Mesmo com a independência de Portugal em 1822, quem assumiu o poder foi o herdeiro do rei, seu filho mais velho, Dom Pedro I. Os herdeiros da família real brasileira, os Orleans de Bragança, criticam até hoje a transição para a República. Luiz Phillippe de Orléans e Bragança chegou a ser cotado para vice na chapa de Jair Bolsonaro à presidência. Ele foi eleito deputado federal pelo mesmo partido do presidente (PSL) e fez carreira no mercado financeiro.
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Amiga da Saúde
BAFAFÁ AS POLÊMICAS DE SÍLVIO SANTOS
Reprodução
Tenho uma íngua no pescoço que sempre dói e às vezes incha. Será que isso pode ser alguma coisa séria? Amélia Souza, 25 anos, jornalista As ínguas são chamadas de linfonodos (ou gânglios). Quando estão aumentados de tamanho geralmente indicam uma inflamação ou infecção na região. Se permanecem crescidos por muito tempo é necessária a avaliação médica. O profissional fará uma avaliação baseada em alguns critérios de risco como tamanho, consistência e mobilidade do linfonodo para definir se há necessidade de mais investigação com exames. Evite ficar manipulando muito o local por que isso pode gerar inflamação e dor.
Algo bem estranho apareceu na telinha do SBT, na última semana. Uma propaganda mostrava pontos turísticos do Brasil e se encerrava com a frase: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Para quem não sabe, essa frase foi muito utilizada no período da ditadura militar como provocação aos seus opositores. O que chocou ainda mais o público foi a coincidência com a recente eleição de Bolsonaro, admirador desse período obscuro de nosso país. A reação dos telespectadores foi tão grande que a emissora rapidamente admitiu o que chamou de “equívoco de não se atentar que este borApresentador dão foi forte na época do regime militar”. e dono do SBT No entanto, não é de hoje que Silvio Santem coleção tos, dono do canal, busca agradar a quem de declarações está no poder. Ano passado, por exemplo, o SBT veiculou propagandas que defendesastrosas diam abertamente a reforma da Previdência, uma das principais bandeiras do governo Temer. Pega muito mal para a imagem do SBT, que sempre insiste na sua imparcialidade e para tio Silvio... Estamos de olho! E, falando nele, Silvio Santos protagonizou uma das cenas mais constrangedoras e bizarras dos últimos tempos da TV. No Teleton, exibido no último fim de semana, o apresentador estava no palco bem próximo à cantora Cláudia Leitte quando disparou: “Esse negócio de ficar dando abraço me excita e eu não gosto de ficar excitado”. “No sentido feliz da palavra, né? De alegria, euforia, excitação”, respondeu a cantora. “Não, não é euforia, não. É excitação mesmo”, insistiu Sílvio. No mesmo instante, a cantora, totalmente constrangida, ameaçou deixar o palco. Logo após o episódio, Cláudia Leitte postou em uma de suas redes: “Quando passamos por episódios desse tipo vemos em exemplificação o que acontece com muitas mulheres todos os dias, em muitos lugares”. Não é de hoje que Silvio Santos anda fazendo essas coisas. Nos últimos anos, o apresentador vem dando muitas bolas fora, arranhando a sua imagem de ícone da TV. Seu lado de empresário, com seus interesses políticos e econômicos, e seu lado machista estão cada vez mais em evidência e nós, telespectadores sofrendo ao ter que assistir a isso. Pena! Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Nossos direitos Proclamação da República? O feriado nacional de 15 de novembro é uma data que faz pensar um pouco mais sobre a história do nosso país. Há 129 anos o Brasil enfrentava o debate de continuar a ser Monarquia – governada por um imperador, ou se tornar uma República – governada por um presidente. Por mais que a República seja a melhor forma de governo, naquele período o povo não tinha possibilidades de participar das decisões, e a nossa proclamação da República foi construída por uma pequena elite do país, formada por representantes do exército, da maçonaria e
grandes proprietários de terras. Por isso, o novo capítulo da nossa história continuou marcado pela construção de um Estado voltado para atender aos interesses dos mais ricos, e impedir a participação de todo o povo nas decisões do governo. A história sempre passa por avanços e retrocessos, e a construção da República Democrática ainda segue como uma tarefa do povo brasileiro. Para tanto, devemos seguir em resistência ao autoritarismo, construindo de fato força social para exigir que os Direitos Humanos e Sociais sejam garantidos.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
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Dicas Mastigadas PUDIM DE PAÇOCA Reprodução
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CAÇA-PALAVRA
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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
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Hércules é um SEMIDEUS da MITOLOGIA grega, filho de Zeus com a mortal Alcmena. Hera, a mulher de seu pai, tentou de todas as maneiras eliminá-lo e, como não conseguiu, fez com que ele enlouquecesse e pusesse fogo à própria casa, matando sua família. Desnorteado, foi ao ORÁCULO de Delfos, que o instruiu a servir a seu PRIMO Euristeu, para se REDIMIR das mortes. A ele foram designadas doze TAREFAS consideradas IMPOSSÍVEIS de serem realizadas por um MORTAL, mas ele foi bem-sucedido. Eis os doze trabalhos de HÉRCULES: matar o leão de NEMEIA; matar a Hidra de Lerna, uma SERPENTE com sete cabeças venenosas; capturar o JAVALI de Erimanto; capturar a CORÇA de Cerineia, com CHIFRES de ouro e cascos de bronze; expulsar as aves do lago de Estinfale; limpar os ESTÁBULOS do rei Augias em um dia; capturar o touro SELVAGEM de Minos; domar os CAVALOS do rei Diomedes que devoravam homens; obter o cinto de Hipólita, rainha das AMAZONAS; buscar o gado de Gerião; levar as maçãs de ouro do JARDIM das Hespérides para Euristeu; e capturar CÉRBERO, o cão de três cabeças que guardava as portas do inferno.
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Os trabalhos de Hércules
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1 xícara e 1/2 de amendoim torrado sem casca 1 litro de água 16 paçocas rolhas 2 colheres de sopa bem generosas de amido de milho
Modo de preparo Coloque o amendoim torrado e sem casca de molho na água por 8 horas. Tire da água e bata no liquidificador com um litro de água, até obter um tipo de leite. Passe numa peneira e o leite de amendoim está pronto. Agora, o pudim. Bata todos os ingredientes no liquidificador e depois leve essa mistura para o fogo médio, em uma panela, mexendo sempre, até engrossar. O ponto vai ser tipo de um brigadeiro. Retire, deixe esfriar e deixe na geladeira por três horas antes de servir.
Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 14 a 22 de novembro 2018 Divulgação
Encontro de fotografia em BH iLana Bar / Divulgação
Feriado prolongado tem Festival da Jabuticaba de Sabará
Com o tema “O tempo da imagem”, o encontro de fotografia Co-fluir acontece em BH entre os dias 14 e 18. Para fechar o festival, no domingo (18), a partir das 10h, acontece uma feira aberta de exposição e venda de fotografias. Será no viaduto Santa Teresa e qualquer artista pode expor seus trabalhos. Mais informações, acesse cofluir.com.br.
Mostra de Direitos Humanos
GASTRONOMIA Evento terá venda de produtos, shows, oficinas e pratos especiais Wallace Oliveira
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ruta típica da Mata Atlântica, 100% brasileira, direto de Sabará. Entre os dias 15 e 18, a cidade sedia a 32ª edição do Festival da Jabuticaba. O evento já faz parte da tradição local. Haverá um circuito gastronômico, estandes com a fruta in natura e derivados, pratos feitos por famosos chefs de cozinha, oficinas de gastronomia, barracas de comidas, venda de produtos artesanais e shows com músicos locais. A festa é promovida pela Associação dos Produtores de Derivados de Jabuticaba de Sabará (Asprodejas), com o apoio da Prefeitura de Sabará. Na última edição, em 2017, mais de 150 mil compareceram às atividades. Em 2018, espera-se que novamente haja uma participação massiva. “O festival este ano aumentou um dia para acolher melhor as pessoas. A montagem começou desde 1º de novembro para receber os
turistas e para que eles tenham uma ótima experiência”, informa Meire Ribeiro, presidenta da Asprodejas. Tradição Há tempos, muitos moradores de Sabará cultivavam jabuticabeiras em seus quintais. Por volta de 1986, algumas mulheres resolveram usar da fruta para produzir derivados, distribuir e vender na própria cidade. “Surgiu a oportunidade de fazer uma festa nos bancos da praça. Começou assim o 1º Festival das Jabuticabas. Junto com isso, algumas pessoas vinham alugar pés e passavam o dia ali embaixo da árvore chupando a fruta. Essa tradição foi crescendo. Há dez anos, mon-
Produtos têm selo de garantia de qualidades particulares
tamos a associação, para ter mais força, sermos mais organizadas, e começamos a melhorar o festival”, conta Meire Ribeiro. Atualmente, em parceria com as Secretarias de Meio Ambiente e Turismo, as mulheres da associação pretendem desenvolver os negócios relacionados à fruta na cidade, desde o plantio, passando pela transformação e comercialização. No dia 23 de outubro, a Asprodejas recebeu o Selo de Indicação Geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Isso significa que o produto oferece garantia ao consumidor, certificando que é genuíno e possui qualidades particulares, ligadas ao seu local de origem. “Assim como o Queijo do Serro, o Queijo da Canastra tem, a Cachaça de Salinas, agora são os derivados da jabuticaba de Sabará. Isso é muito importante para Minas e para a nossa cidade”, comemora.
Entre os dias 16 a 21, a 12ª Mostra Cinema de Direitos Humanos de Belo Horizonte promove sessões gratuitas no Sesc Palladium. Temas como ditadura militar, lgbtfobia, meio ambiente, diversidade religiosa e feminismo perpassam as obras escolhidas. A programação é extensa e conta com os filmes “O Que é Isso Companheiro”, de Bruno Barreto, “Henfil”, de Angela Zoé, e “Chega de Fiu Fiu”, de Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão. Acesse: mostracinemaedireitoshumanos.sdh.gov.br.
Prêmio Zumbi de Cultura Danilo Santos /Divulgação
Em comemoração ao dia da Consciência Negra, o IX Prêmio Zumbi de Cultura será entregue a 11 personalidades da dança, do teatro, da música, das religiões afro-brasileiras, da literatura e da política que lutam pelo fim do racismo. A solenidade, que será no Sesc Palladium, no dia 20, conta com a presença do Mestre Conga, do Afoxé Bandarerê, de Edson Babu, da Cia. Baobá, de Carlos Afro e do grupo Conversamba. A entrada custa R$ 2 e o endereço é Rua Rio de Janeiro, 1046, no Centro de BH.
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ESPORTE
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Mario Celso Petraglia, a continuidade na mudança
Luis Alonso / Divulgação
O que será que o Doutor Sócrates estaria pensando agora? PAPO ESPORTIVO Sócrates foi um dos que mais lutou pelas Diretas nos anos 1980. O que ele estaria pensando de nós hoje, em 2018? Luiz Ferreira Do Rio de Janeiro
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ócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Os mais novos provavelmente não tiveram o prazer de ver o grande Sócrates em campo. O Doutor (apelido que ganhou da sua formação em Medicina) foi simplesmente um dos maiores jogadores que o Brasil já viu e brilhou intensamente com as camisas do Corinthians, do Flamengo e da Seleção Brasileira. Infelizmente, ele nos deixou em 2011, vítima do alcoolismo que o perseguiu durante boa parte dos seus 57 anos de vida. Sócrates não foi brilhante apenas dentro de campo. Fora dele, o nosso Doutor foi um dos principais idealizadores da “Democracia Corintiana”, movimento que ficaria conhecido no mundo inteiro pelas suas ideias até então revolucionárias para o futebol. Decisões importantes como contratações,
regras de concentração e liberdade para expressar opiniões políticas eram decididas através do voto igualitário de todos os membros do clube. O Corinthians também se colocaria à frente dos demais quando decidiu usar camisas com frases de cunho político como “Diretas Já” ou “Eu quero votar para presidente”.
O Doutor foi organizador da “democracia corintiana” E isso no início da década de 1980, quando o país vivia sob uma ditadura militar. Sócrates também queria ver um Brasil diferente. Sem o autoritarismo de quem estava no poder. Sem a malícia dos políticos que vão de um lado para o outro apenas para participar da “boquinha”. E sem a ignorância de quem traz apenas raiva dos que pensam di-
ferente deles dentro do coração. Você até pode dizer que o Doutor era um bêbado safado e que queria “transformar o Brasil num antro de prostitutas e ladrões”. Mas faço questão de lembrar que Sócrates tocava na ferida, no âmago da hipocrisia de todos aqueles que diziam querer um Brasil limpo, mas que apenas queriam manter seu espaço para expor seus preconceitos. Acredito que Sócrates esteja lá em cima olhando pela gente e rezando para que nosso futuro não seja tão pesado. Assim como ele fazia em campo, resolvendo jogadas complexas com um passe de calcanhar, cabe a nós mesmos sairmos dessa. Ajudemos uns aos outros. Lutemos contra as injustiças. Denunciemos as atrocidades. E espalhemos o amor. Quer maior revolução do que essa? Meu caro Sócrates, espero que você esteja bem aí em cima. Aqui embaixo nós vamos tocando o barco. Do jeito que dá.
Diego Silveira ra. Sobre a CBF, afirmou que as últimas eleições da entidaMario Celso Petraglia, pre- de mantiveram o poder nas sidente do Atlético Paranaen- mãos daqueles que cuidam se, chamou a atenção recen- do futebol brasileiro há 50 temente ao afirmar que o clu- anos. Porém, mostra-se espebe terá outra identidade, in- rançoso: “Governo novo, vida cluindo uniformes e cores no- nova. Limpeza da corrupção, vos, e também por seu apoio a moralidade, liberalismo. TeJair Bolsonaro nas eleições de mos que desenvolver o fute2018. A continuidade do golbol como produto, como nepe de Estado marcará o auge gócio”, disse. da participação de Petraglia Com Bolsonaro presidenna política brasileira? te e com a atuação da BancaNos anos 80 e 90, ele foi assessor de Jaime Lerner nas ad- da da Bola, os projetos do diministrações de Curitiba e do rigente - como a criação da Paraná. Em 1997, apareceu liga de clubes que substituipara o país ao ser um dos acu- ria o Brasileirão e a transforsados de manipulação de re- mação dos clubes nacionais sultados em campeonatos na- em S/As, permitindo a venda cionais no “Caso Ivens Men- de ações dos clubes em boldes”, e inocentado após acor- sas de valores e o controle de do com deputados. Nos anos quase metade de tais ações 2000, Petraglia cuidou dire- por capitalistas estrangeiros tamente da candidatura de estarão mais próximos de se Curitiba à sede da Copa de concretizar. 2014. A trajetória política de PeEm entrevista à Folha de S. traglia e as mudanças nada Paulo, o dirigente deu a diretriz de seu projeto para o fute- populares que propõe pabol brasileiro. Disse que o clu- recem dar razão ao escritor be da Baixada não tem contra- Lampedusa, no livro O Leotos de transmissão com a Glo- pardo: “tudo deve mudar bo em função dos baixos va- para que tudo fique como lores propostos pela emisso- está”.
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Luan Erick / Fortaleza EC
DECLARAÇÃO DA SEMANA Divulgação
Fortaleza campeão e o Nordeste bonito na foto O Nordeste está de parabéns. Além de mandar bem nas eleições, o povo nordestino pode se orgulhar dos grandes times da região. No ano do seu centenário, o Fortaleza garantiu a conquista do Campeonato Brasileiro da série B, com três rodadas de antecedência. É o primeiro título nacional de um clube nordestino na era dos pontos corridos. Quem também está quase na elite do futebol nacional em 2019 é o alagoano CSA, que
precisa de apenas uma vitória para garantir o acesso. Se os times nordestinos que disputam o Brasileirão (Bahia, Ceará, Sport e Vitória) não forem rebaixados, a região terá seis times na série A nacional, um recorde que merece ser exaltado, pois as equipes da região recebem menos dinheiro de patrocínio e de TV, além de enfrentarem uma logística de viagens muito mais cansativa que os times do Sudeste, por exemplo.
“Se eu fosse técnico da Seleção, o Fábio teria ido a uma Copa do Mundo” Gomes, ex-goleiro do Cruzeiro e da Seleção, defendendo a convocação de Fábio. [em entrevista ao jornalista Jaeci Carvalho
Gol de placa Santiago Solari, novo técnico do Real Madrid, tem o melhor início da história como treinador dos merengues. As quatro vitórias consecutivas desde que assumiu o time às pressas garantiram a marca e sua efetivação no cargo.
Gol contra O zagueiro Quintero, do Deportivo Cali, da Colômbia, foi alvo de um atentado a tiros, após o time ser eliminado em casa na primeira fase do campeonato nacional, para o Deportivo Pasto. Os disparos acertaram o carro e o atleta não se feriu.
Decacampeão
Atacante do Los Angeles Galaxy, Zlatan Ibrahimovic é eleito o melhor estreante da MLS em 2018
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
A derrota para o já rebaixado Paraná em pleno Independência foi um banho de água fria nas pretensões da torcida americana em permanecer na Série A, mas pelo menos serviu para confirmar que Adilson Batista não é técnico para time de primeira divisão e que deveDecacampeão ria ter sido mandado embora há umas cinco rodadas. Mas ainda há esperanças. Mestre em acessos e permanências, o recontratado Givanildo Oliveira tem pela frente o maior desafio de sua carreira: fazer o América ganhar três jogos e empatar um nos cinco jogos que restam. É preciso motivar os jogadores e escalar de forma simples, colocando cada jogador em sua devida posição, diferentemente do que Adilson vinha tentando, sem sucesso, fazer.
Nas próximas cinco partidas do Atlético, o técnico Levir Culpi tentará mostrar a que veio. São dois jogos em casa, contra Bahia e Botafogo, e três fora, contra Paraná, Internacional e, pasmem, Santos. Contra os paulistas, atualmente um dos concorrentes à vaga na Copa É Galo doido! Libertadores de 2019, o confronto será na penúltima rodada, quando o fato pode estar consumado. O Furacão também assombra. Mas o caminho do Galo parece menos espinhoso. Contudo, é preciso começar a ganhar. O jejum já dura seis rodadas. O treinador fez inúmeras experiências e obteve, na sua opinião, melhor rendimento contra o Grêmio e o Palmeiras. Que a evolução continue. E a reformulação do elenco para o próximo ano aconteça.
Uma das grandes expectativas para o próximo ano é saber quem chegará e quem deixará nosso elenco. Dentre os atletas que se destacaram e podem deixar o clube, despontam Dedé e Arrascaeta. O zagueiro está fazendo uma temporada primorosa não seráNegra surpresa caso seLa eBestia ja procurado por outras equipes. Já o ídolo Arrascaeta parece causar aquela sensação na torcida de que cada exibição de encher olhos seria o prenúncio da despedida. Diante das dificuldades financeiras que assombram todos os clubes brasileiros, nossa torcida precisa ser a de que nenhum dos dois jogadores sejam procurados nesse final de ano, pois, infelizmente, não temos autonomia financeira para manter os principais atletas em nosso elenco.