PDF da edição 265 do Brasil de Fato MG

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Arnaldo Felix / Prefeitura de Caruaru

Forró o ano inteiro

Use protetor solar Saiba mais sobre a radiação solar e que cuidados tomar na hora de escolher o seu protetor

Conheça lugares para curtir aquele arrasta-pé, que veio do Nordeste, mas foi incorporado à vida dos mineiros

VARIEDADES 12

CULTURA 14

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro de 2018 • edição 264 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Retrospectiva da bola 2018 teve Copa na Rússia, hexa em Minas, Marta absoluta e despedida do Rei Falcão, mas também houve erros do VAR e Libertadores tipo exportação ESPORTE 16

O que ele diria hoje?

Ricardo Stuckert / Instituto PT

Prisão injusta segue Maximino Cerezo Barredo

A tradição de Natal com renas, neve e trenós não é a ideal para o nosso Brasil tropical. E os presentes, representam o verdadeiro sentido da data? Especialistas discutem o significado do feriado, mitos construídos na história e falam sobre a vida de Jesus, que morreu defendendo os direitos humanos, os excluídos e marginalizados I ESPECIAL 9

Foi derrubada liminar de ministro que poderia interromper prisão ilegal do ex-presidente. Lula não poderá receber visitas no feriado de Natal BRASIL 8


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

Editorial | Brasil

Que em 2019 aumente nossa capacidade de lutar por justiça Está acabando 2018, mais um ano intenso e marcante na história desta jovem nação chamada Brasil. É tempo de refletir o que vivemos, fazer nossos votos e compromissos e se preparar para o ano que já vem chegando. 2018 foi um ano “Do Contra”, digno de um filme de ficção, daqueles bem sarcásticos: enfrentamos as injustiças da Justiça; aqueles que deveriam nos representar cortaram ainda mais nossos direitos; Lula foi preso

ESPAÇO DOS LEITORES “Parabéns a tod@s que transformaram o amor em ato de coragem e resistência” Andrea Hermogenes comenta postagem sobre o Casamentaço, cerimônia de casamento entre 50 casais LGBT mineiros que foi realizada com a contribuição de pessoas voluntárias “Uma realidade que ninguém quer ver” Wanda Lúcia de Oliveira comenta a matéria “MG passa por dezembro de pressão para aumentar mineração” “Parabéns, Muriaé!” Adilza Linhares comenta a matéria “Moradores de Muriaé (MG) barram mineração e transformam área em Patrimônio Hídrico” “Esse é o exemplo...” Carlos Renato comenta a coluna de Maria Júlia Gomes Andrade: “Pedro Casaldáliga do Araguaia”

Inspirar-se na vida de Cristo, sempre junto ao povo sem cometer crimes, enquanto corruptos assumidos foram eleitos; tivemos uma eleição sem democracia; foi eleito presidente quem fugia de debater projeto e só crescia com mentira; foram identificados como patriotas aqueles que planejam entregar o país aos EUA. Tão do contra foi, que a impressão é que começamos em 2018, e ao invés de entrarmos em 2019, vamos entrar em 1919. E neste caminho eles conseguiram um feito: unificar quase todos que são contra o povo: os donos de bancos, a mídia coorporativa, os interesses americanos, setores antipatriotas do exército, o judiciário elitizado e falsos sacerdotes conservadores. Isso por si, significa muita força, mas há muitas contradições, não apenas as manchetes diárias sobre as brigas

e disputas entre eles, mas principalmente o fato de serem essencialmente contra o povo. Esta é a contradição central, que limita o tempo de ofensiva deles. Assim como a ditadura ou o período da escravidão, a noite que entra vai passar, mais cedo ou mais tarde o raiar do dia vai chegar e será feito pelo sol que crescerá no povo a resistir. Compromissos para 2019 Para quem assumiu o desafio de construir uma nação livre e feliz, os votos e compromissos para 2019 devem ser inspirados naquilo de mais bonito que o povo fez na história: não se deixar desanimar e nem querer ser herói sozinho; achar as saídas por meio da união nas periferias, nos locais de trabalho, nas escolas e no campo; cuidar da saúde e defender a vida sempre; resistir com criatividade e sabedoria, escolhendo juntos que lutas priorizar; reconstruir com

Com informação, formação e luta, vamos virar essa maré as mãos a democracia e as condições para retomar os nossos direitos. E neste momento natalino: inspirar-se na vida de Cristo, dedicada aos pobres, aos excluídos e à humanidade. Ele esteve sempre junto ao povo, enfrentando com eles seus problemas, mesmo que seja contra os bancos ou o império romano.

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O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

As férias de fim de ano são um bom momento especial para rever amigos e familiares, mas nem todo mundo vai conseguir estar pertinho de quem ama. Para te ajudar a encurtar a distância e matar a saudade de quem está longe, o Brasil de Fato saiu às ruas para perguntar:

Para quem você quer deixar um recado especial neste fim de ano?

De: Madalena Goretti - BH Para: Reni Luiza - Pará de Minas

Ei minha irmã, saudades! Feliz aniversário e feliz natal! Em breve estaremos juntas. Um abraço!

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

GERAL

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Mazur-catholicnews.org.uk

Declaração da Semana “O Natal é a revanche da humildade sobre a arrogância, da simplicidade sobre a abundância, do silêncio sobre o tumulto, da oração sobre o “meu tempo”, de Deus sobre o meu “eu”. O Natal de Jesus não oferece o calor reconfortante da lareira, mas o arrepio divino que sacode a história”

Declarou o Papa Francisco em discurso no Vaticano

Bebida refrescante

Wikimedia Commons

De: Gilda Vieira Costa - BH Para: Belina, Dona Deir, Seu Luiz, Dona Zilda e Neuza Nanuque Que Deus possa dar a vocês um feliz natal e um ano feliz! Esse ano que findou não foi muito bom, mas eu creio que 2019 será um ano feliz de paz e alegria. Amo muito vocês! Para esses dias de calor nada melhor do que uma bebida bem gelada, não é? Melhor ainda se além de refrescar ela também ajudar na sua saúde. O chá de Hibiscus sabdariffa, do gênero Sabdariffa, é uma boa pedida. A planta possui propriedades antioxidantes e vitamina C, além de ter efeito diurético e anti-inflamatório, que ajudam no emagrecimento. Pessoas que sofrem de pressão baixa devem consumir o chá com moderação.

Até

201 9 OMNV

A equipe do Brasil de Fato MG entra em recesso neste final de ano. A edição 266 do jornal impresso você confere no dia 11 de janeiro de 2019. O programa de rádio será veiculado normalmente, com notícias nacionais. A versão mineira volta ao ar no dia 12. Enquanto isso continue informado acessando o site www.brasildefato.com.br. Desejamos a nossas queridas leitoras e leitores, parceiros dessa construção, um bom ano novo, com muito descanso, saúde e alegria. Até o ano que vem!


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MINAS

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

Estatuto pode resguardar Rádio Inconfidência e Rede Minas de privatização

Empresa Brasil de Comunicação está ameaçada Depois de declarações de presidente eleito, 257 pessoas pediram demissão voluntária

ABr

GOVERNO ESTADUAL Empresa Mineira de Comunicação foi criada, mas não possui firmeza jurídica. Setor pressiona para que Pimentel aprove Reprodução / Imagens Brasil estatuto

T

Rafaella Dotta

A

s ameaças a nível federal contra e Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fizeram acender um alerta também em terras mineiras. No estado existe a Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que a partir de janeiro estará sob mando do governador eleito Romeu Zema (Novo). O político declarou em campanha que irá privatizar todas as empresas estatais, com exceção da Codemig. A EMC é composta principalmente pela Rádio Inconfidência e pela TV Rede Minas, com um total de 520 funcionários. Em 2017 os dois veículos executaram um orçamento de R$ 11,5 milhões. A verba custeou a mudança de endereço das emissoras, que agora funcionam conjuntamente, e teve reflexo no aumento de 100% da programação da TV Minas.

O calcanhar de Aquiles da EMC é sua fragilidade jurídica, acredita Aloísio Lopes, do comitê mineiro do Fórum Nacional

O calcanhar de Aquiles da EMC é sua fragilidade jurídica de Democratização da Comunicação (FNDC) e representante da sociedade civil no Conselho Curador da TV Minas. Uma proposta de estatuto está pronta e aguarda aprovação da Casa Civil do governo de Minas, para depois ser enviada ao governador Fernando Pimentel (PT). Com o estatuto em mãos, a privatização e o uso político da empresa poderiam ser mais difíceis. “Lamentamos que o governo não tenha ainda concluído a unificação

das duas emissoras numa só estrutura. Nem o conselho curador da futura EMC foi regulamentado, porque o governo atual não publicou o estatuto da emissora”, declara Aloísio. O conselho curador é o órgão que, sendo metade composto pela sociedade, poderá decidir os programas e os conteúdos da rádio e da TV. Saídas financeiras O presidente da EMC, Elias Santos, lembra que a lei para empresas públicas, nº 13.303, prevê a obrigatoriedade de um estatuto e que a EMC. “Claro que há uma mudança de governo, se não aprovar esse, que seja outro [estatuto]”, reafirma. Ele adianta que para 2019 a empresa trabalha para diminuir custos através de mudanças administrativas e sem corte de pessoal. O governo Pimentel informou que a apreciação do estatuto está em curso.

elespectadores e artistas iniciaram uma grande mobilização para explicar o que é a tal “EBC”. A Empresa Brasileira de Comunicação tem sido um dos alvos do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que declara que quer privatizar ou extinguir a TV Brasil. O movimento “Fica EBC” explica que, na verdade, a EBC é uma empresa estatal que tem, além da TV Brasil, outros seis veículos de mídia. São eles: a Rádio MEC, a Rádio Nacional, o site Agência Brasil, a Radioagência Nacional, a TV NBR e o programa Voz do Brasil. É uma empresa de comunicação pública, ou seja, é financiada pelo dinheiro público e deve atender aos interesses da população. Como não tem “dono”, suas informações também ficam, em teoria, mais livres de interesses econômicos e políticos. A Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública divulgou um comparativo de quanto os países gastam (por habitante) em comunicação pública federal. Os Estados Unidos destinam 3 vezes mais que o Brasil, o Japão 44 vezes mais e a Alemanha 140 vezes mais. Em 2018, o governo brasileiro dedicou

0,02% de seu orçamento à EBC. A empresa recebeu R$ 723 milhões pelo Projeto de Lei Orçamentária e, disto, gastou R$ 483 milhões até o momento, segundo dados do Portal da Transparência do Governo Federal. Plano de Demissão Voluntária Mesmo assim e mediante as declarações do futuro presidente, a empresa abriu novamente seu Plano de Demissão Voluntária, com intenção de diminuir o número de funcionários. O primeiro PDV aconteceu em 2017 e cerca de 100 profissionais saíram da EBC. Em comunicado divulgado em 10 de dezembro, a EBC afirma que mais 257 pessoas se demitirão. O desligamento aconteceu na segunda (17). O repórter Gesio Passos comenta que o principal motivo das demissões voluntárias foi o medo. “O medo da extinção da EBC e o temor do que vai se transformar. Por exemplo, voltar a ser uma empresa de propaganda do governo”, explica Gesio, que é coordenador do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. Nesta leva, cerca de 50 jornalistas entraram no PDV, foi o cargo que teve a maior adesão.


Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

MINAS

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Servidores mineiros temem pelo futuro da Funed GOVERNO ZEMA Fundação tem grande relevância no SUS e em políticas públicas da saúde, mas convive com fantasma da privatização Divulgação / Funed

Os trabalhadores também realizaram uma manifestação, na manhã de quarta-feira (19), para levantar alguns direcionamentos, como relata o funcionário da Funed e diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde de Minas Ge-

rais (Sind-Saúde-MG) Érico Colen. “Queremos mostrar que a gente quer um projeto público estatal. Desde sempre, tanto nas gestões tucanas quanto na petista, existiram tentativas de privatização da entidade”, pontua Érico. Ele declara que, atualmente, Zema e o governo de transição estão se mostrando abertos para a possibilidade de fortalecimento da empresa, mas que a postura “não é motivo para ilusões”. “Vamos continuar cobrando, nos mobilizando. Defendemos que o Estado não deve ser esse que só tributa e fornece serviços, mas um Estado produtivo, com indústrias que trazem soberania nacional para a assistência farmacêutica. Desejamos o desenvolvimento do SUS [Sistema Único de Saúde], da pesquisa em saúde”, garante o sindicalista.

Nosso medo é que, com a privatização, o estado tenha que comprar a preços altíssimos o que a gente já economiza produzindo”, diz trabalhador da Funed

camentos antirretrovirais, que atendem ao tratamento das pessoas soropositivas. Temos indústria de soros antipeçonhentos, que tratam picadas, e estamos agora com a fábrica da vacina, que tenta a produção completa da vacina contra a meningite C. Nosso medo é que, com a privatização, a sociedade perca essas indústrias e o Estado tenha que comprar a preços altíssimos o que a gente já economiza produzindo”, declara Érico.

Raíssa Lopes

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m dos grandes receios dos servidores e da população a respeito do governo Zema (Partido Novo) é o funcionamento da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Durante a campanha eleitoral para o Executivo do estado, em um debate transmitido na televisão, o empresário deixou claro desconhecer a entidade e os trabalhados desenvolvidos por ela. A gafe deixou os trabalhadores da instituição apreensivos e, na época, os funcionários até redigiram uma carta para explicar ao então candidato sobre a importância da fundação. Depois do acontecido, Zema afirmou ter interesse em manter a Funed em atividade. No entanto, o pós-eleição não é de tranquilidade. A partir do modelo de governo do Partido Novo e o histórico profis-

Trabalhadores fazem manifestação e pedem fortalecimento da Fundação

sional de Zema, setores da sociedade temem que a organização seja privatizada. Para enfrentar o momento e traçar um panorama de reivindicações para os próximos quatro anos, um congresso acontece na Fundação ao longo desta semana.

Dia a dia da Fundação Divulgação / Funed

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cidade de Belo Horizonte tem 121 anos. A Fundação Ezequiel Dias, 111. Os primeiros trabalhos da organização se deram na área de pesquisa de vigilância sanitária e epidemiológica, efetuando o controle de doenças virais e parasitárias. A partir da década de 1970, a produção farmacêutica foi iniciada. Hoje, a Funed trabalha de forma integrada com o SUS e fabrica principalmente os medicamentos mais simples – e essenciais – da rede pública, como di-

pirona, por exemplo. Além disso, existe ainda o setor de pesquisa e estudos laboratoriais, onde são efetuadas as

análises de diagnósticos de dengue. “Nós temos uma unidade para a confecção dos medi-


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MINAS

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

Opinião

Ano novo, luta nova João Paulo Em tempo de balanço e mensagens necessárias de esperança, nada melhor que renovar os votos de resistência. É uma forma de não capitular diante do que vem por aí. O fim do ano carrega a certeza que a democracia precisará de muita disposição para a luta. O primeiro dia do ano que se avizinha, com a já anunciada cerimônia de posse do presidente eleito marcada por militarismo e desconfiança será o marco zero de uma nova etapa política para os defensores da democracia, que já chega embalada em vexame duplo: a barbeiragem diplomática em desconvidar nações amigas da região e a esnobada do presidente Trump em participar da festa montada por acólitos mirins. Antes mesmo da parada militar que vai inaugurar o novo momento, o governo Bolsonaro já deixou claro como se moverá: extinção de direitos, escola sem crí-

Forças sociais precisam ganhar corpo na unidade das lutas tica, política externa isolacionista e tosca, defesa dos interesses privatistas e financistas, fundamentalismo moral, militarização da sociedade e incentivo à violência. A sanha prossegue nas áreas de saúde com a desmontagem do SUS, com a ideologização da justiça persecutória acima da Constituição, com a promessa de criminalização dos movimentos populares, com a entrega da questão ambiental e indígena aos interesses das mineradoras e agronegócio. A lista completa de barbaridades pode ser conferida orgulhosamente nos veículos da mídia comercial, com destaque, entre outros, para a reforma da Previdência, para a retirada

dos direitos trabalhistas que escaparam da primeira onda de terra arrasada promovida por Temer, para a desmontagem da comunicação pública e para o obscurantismo cultural e fanatismo fundamentalista. Não se trata de um programa de governo, mas de uma estratégia determinada de extermínio das liberdades. O espectro das forças sociais precisa ganhar corpo na unidade das lutas. É preciso cuidar do quintal e do planeta. A emancipação é fruto do saber e da solidariedade. A esquerda não deve abandonar sua vocação intelectual, sua disposição para o conhecimento crítico da realidade, sua capacidade de instaurar a práxis como união dialética entre teoria e prática. O consumo, já se sabe, não faz nada mais que consumidores insatisfeitos e egoístas. As palavras de ordem vazias abrem espaço para outras palavras de ordem, igualmente ocas de sentido. Não se trata de começar tudo de novo, mas de começar o novo. Ano novo, luta nova.

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Aqui você tem voz!

Segunda-feira Rádio Autêntica Favela 11h às 12h 106,7 FM BELO HORIZONTE E RMBH Rádio Comunicativa 9h às 10h 87,9 FM JOÃO MOLEVADE - CENTRAL

Terça-feira Rádio Web Brasil de Fato www.brasildefato.com.br 15h às 16h

Quarta-feira Rádio Alternativa 87,9 FM 17h às 18h CABECEIRA GRANDE - NOROESTE

Quinta-feira

A D Rde Conversa

Sábado Rádio Sertão FM 8h às 9h 87,9 FM CHAPADA GAÚCHA - NORTE Rádio Planalto FM 12h às 13h 87,9 FM BRASILÂNDIA DE MINAS - NOROESTE Rádio Divinópolis FM 12h às 13h 720 AM DIVINÓPOLIS - CENTRO OESTE Rádio Bom Sucesso FM 17h às 18h 95,5 FM MINAS NOVAS - ALTO JEQUITINHONHA Rádio 98 FM 17h às 18h 98,5 FMDIAMANTINA

Sexta-feira

Rádio Quintal FM 20h às 21h 105,9 FM VIÇOSA - ZONA DA MATA

Rádio Liberdade FM 9h às 10h 87,9 FM RIACHINHO - NOROESTE

Rádio Vale FM 17h às 18h 96,7 FM ARAÇUAÍ - JEQUITINHONHA

Rádio Formoso FM 16h às 17h 87,9 FM FORMOSO - NOROESTE

Rádio Cidade FM 18h às 19h 87,9 FM TURMALINA - JEQUITINHONHA

Rádio Líder FM 16h às 17h 87,9 FM BONFINÓPOLIS DE MINAS - NOROESTE

Participação:

(31) 9 7146-7456

Realização:

Curta a nossa página fb.com/rodadeconversanoradio


Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018OPINIÃO Reprodução

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Leonardo Koury Martins

Para quem serve a corrupção como uma questão cultural?

Pedro Casaldáliga do Araguaia Há cerca de 20 anos, Dom Pedro Casaldáliga celebrou uma missa no dia de finados num dos cemitérios de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Ao final, ele disse na presença do povo e agentes pastorais: “Quero que vocês todos escutem muito bem, porque vou falar algo muito sério: é aqui que eu quero ser enterrado”. O “aqui” era o que o povo da região chama de “Cemitério Karajá”, onde foram enterrados muitos indígenas, e outros tantos trabalhadores que vinham de muitas partes e eram explorados nas fazendas de gado. O lugar onde foi enterrada a gente mais humilde daquela terra. O cemitério dos mais pobres. Das coisas que mais chocaram Dom Pedro quando ele Pedro é luta, chegou nessa região do Mato Grosso em 1968, foi a situainspiração, ção dos “peões”, trabalhadores assalariados que migravam de vários estados na ilusão da vida que iria melhorar no tra- exemplo. Com balho nas grandes fazendas. Muito era prometido por quem seus quase 91 os recrutava, e já durante a viagem e depois no próprio tra- anos tem muito balho muitas dívidas eram sendo atribuídas… A maldição da escravidão por dívida. E fugas eram duramente reprimi- a inspirar na luta das, com a tradição de cortar as orelhas dos trabalhadores contra o capital e que buscavam escapar daquele martírio. e pelos pobres O que poderia estar o Pedro falando – e nos ajudando a refletir – sobre esse turbilhão que se abateu sobre o Brasil? Certamente muita coisa. Uma vez eu chamei o Pedro de “a esperança indignada”. E o bispo Pedro, como é chamado na cidade, continua aqui. O forte avanço do “Irmão Parkison”, com quem ele convive há cerca de 20 anos, deixa fortes marcas. Os 90 anos (quase 91!) também. Não mais se expressa com profusão de palavras e escritos, mas Pedro se comunica de outras formas. Pedro é luta, inspiração, exemplo. São 90 anos de vida dedicados à resistência contra o capital e a defesa dos pobres. Maria Júlia Gomes Andrade é antropóloga e coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). Leia íntegra em brasildefato.com.br/minas-gerais

Leonardo Koury Martins é assistente social, professor e militante da Frente Brasil Popular

ACOMPANHANDO

Maria Júlia Gomes Andrade

Por algum tempo se destaca em jornais, revistas, noticiários da tevê e outras fontes de informação que a corrupção está presa à cultura do país. Esta ideia se sustenta apontando a origem da corrupção na relação colônia/metrópole e ao caráter herdado desta colonização. Propositalmente, os meios de comunicação comerciais não apontam as reais raízes da corrupção. Mas, fato é que a corrupção é resultado do interesse privado sob a riqueza construída socialmente e acumulada no Estado. A corrupção é produto da sociedade capitalista. Diferente do que está disposto no código penal brasileiro, que de forma proposital classifica a corrupção (ativa ou passiva) pela relação do funcionalismo público ao obter ganhos via governos e outros poderes. É preciso refletir sobre corrupção e formação do sistema capitalista, das relações de mercado e Estado na história do Brasil. Nos marca o sistema escravista, que durante séculos utilizou a força do trabalho de negros/as e indígenas, para extrair indiscriminadamente matéria prima e produzir mercadoria, garantindo o lucro para famílias que ainda estão presentes no cotidiano político bra- Corrupção sileiro. O lucro é a materiali- é resultado do zação da corrupção, enquaninteresse to engrenagem, toma do que é produzido pela coletividade privado sob a e procura trazer o usufruto de riqueza uma minoria. construída Para entender de fato a cor- socialmente e rupção, é preciso trazê-la à luz acumulada no da história do Brasil e do diálogo com a economia. Não é Estado por acaso que quando o povo se identificou no poder com o simbolismo de uma mulher e de um nordestino operário, esta imagem precisa ser taxada de corrupta. Constrói-se uma narrativa seletiva. Fica a pergunta: quem realmente ganha ao trazer a corrupção como um problema cultural e não da relação Estado e mercado?

Na edição 176.... Em BH, maior maternidade do país vive com déficit e salários atrasados E agora... Sofia Feldman precisa de doações de leite Segundo a assessoria do Hospital Sofia Feldman, referência em parto humanizado no Brasil, o estoque de leite materno está reduzido pela metade. O Banco de Leite do hospital foi inaugurado em junho de 2017 e recolhe e pasteuriza o leite doado por mães que produzem mais do que seus filhos consomem. A UTI do Sofia tem em média 250 crianças por mês que necessitam de leite. O atual estoque atende apenas a próxima semana.


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BRASIL

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

Decisão anulada libertaria 169 mil presos que não tiveram direito à ampla defesa INJUSTIÇA Cidadãos permanecem detidos sem esgotamento dos recursos previstos na Constituição Luiz Silveira /Agência CNJ

já cumpriram a pena inteira”, ressalta Shimizu. Prisão em segunda instância continua Após cinco horas da liminar que determinava a soltura de todos os presos condenados em segunda instância, o ministro plan-

tonista Dias Toffoli derrubou a decisão. Ele argumentou que a liminar gera insegurança jurídica e atenta contra a segurança e a ordem pública. O ministro disse ainda que o julgamento sobre o assunto está agendado para 10 de abril de 2019.

Advogados de Lula pedem sua soltura

Lu Sodré

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esta semana o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma liminar que favorecia o inciso 57 do artigo 5º da Constituição - “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. A atitude ia contra outra decisão do STF de que condenados em segunda instância já podem ser presos, que foi o recurso usado para a prisão de Lula a tempo de que ele não pudesse disputar a eleição. A decisão do STF à época interferiu na vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos votos dos brasileiros e também na vida de pessoas que puderam ser presas antes de os recursos do julgamento terminarem. Segundo o Conselho Nacio-

nal de Justiça (CNJ), 24% dos presos no Brasil estão nessa situação, o equivalente a 169 mil pessoas. O entendimento foi revisado pelo Supremo em 2016. Na avaliação de Bruno Shimizu, defensor público do estado de São Paulo, o STF deve ser o “guardião da Constituição e não aquele que a destrói”. A liminar do ministro Marco Aurélio poderia sinalizar uma tentativa de retorno a essa ordem constitucional.

Depois de decisão final, 44% dos detidos em Sâo Paulo tiveram pena revista

Encarceramento antes da hora Dados da Defensoria Pública do estado de São Paulo (DPE-SP) apontam que, desde a decisão do STF em 2016, somente o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) expediu 13.887 mandados de prisão com base na nova jurisprudência. No entanto, em 2017, 44% das decisões recorridas na terceira instância foram modificadas positivamente, com redução de pena ou absolvição dos acusados. O cenário se repete no Rio de Janeiro. Conforme informações da Defensoria Pública do estado, 49% dos habeas corpus apresentados à terceira instância atenuaram as penas impostas por instâncias inferiores. “Isso significa que as pessoas estão sendo presas ilegalmente, injustamente. Até que se processe o recurso nos tribunais superiores, elas

Mesmo com a derrubada da liminar, a defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protocolou na noite de quarta (19) uma petição para que o alvará de soltura do ex-presidente Lula, solicitado no mesmo dia, seja cumprido. Os advogados afirmam que o recurso usado por Dias Toffoli não caberia para derrubar a liminar, conforme ar-

gumentação do próprio ministro Marco Aurélio. “Apesar de haver veiculação pela imprensa de que o eminente ministro Dias Toffoli teria suspendido a liminar, cabe salientar que a larga jurisprudência desta Suprema Corte revela ser manifestadamente descabido o pedido de suspensão de decisões proferidas pelos demais ministros do STF”, afirma a equipe jurídica do ex-presidente Lula na petição.

Celebração de Natal com Lula Preso há mais de oito meses na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), Lula não poderá receber visitas no feriado de Natal. Porém, do lado de fora da PF, apoiadores preparam uma celebração natalina em solidariedade ao ex-presidente. O Natal da Vigília Lula Livre começa com um ato interreligioso, às

20h, seguido por uma ceia. Segundo os organizadores, há expectativa de quem passem pela vigília mais de 500 pessoas, vindas de diferentes estados do Brasil. Estão confirmadas caravanas de São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC). O Coletivo Alvorada, de Belo Horizonte, organiza uma caravana para passar o réveillon na Vigília em Curitiba.


Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

O que o Natal tem a nos ensinar? REFLEXÃO Religiosos apontam que há distorção entre a mensagem de Jesus Cristo e a apropriação comercial da data Reprodução

Para teólogo, muitos cristãos têm ignorado o conteúdo político das mensagens de Jesus

Amélia Gomes asta chegarmos meados de novembro que o cenário cotidiano começa a mudar. As casas e as lojas se enfeitam com pisca-piscas, renas, gorros e até “neve” - o que praticamente não existe neste país tropical. Na TV começam as propagandas das famílias reunidas em torno de uma ceia bem farta ou então trocando presentes. E assim vamos entrando no famoso “espírito natalino”. Mas afinal, o que esta data representa? O natal é celebrado pelas religiões cristãs como a data que marca o nascimento de Jesus Cristo. No entanto, algumas curiosidade, mitos e distorções cercam a comemoração. A celebração natalina tenta trazer para o presente a memória e a mensagem de um homem que, há

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2 mil anos, marcou a história da humanidade por propor uma nova maneira de viver a vida: junto aos pobres, marginalizados e excluídos. Apesar disso, a data tem se transformado em um momento de consumo e individualismo. É o que afirma o coordenador da Frente de Evangélicos pela Democra-

Celebração natalina tenta trazer a memória e a mensagem de Jesus, que propôs uma vida junto aos pobres, marginalizados e excluídos

cia, Fillipe Gibran: “Hoje o natal é quase sem sentido, porque a gente come muito, gasta muito dinheiro e não pratica realmente a mensagem de Cristo. É curioso porque a gente comemora o aniversário de Cristo fazendo tudo o que ele detesta.” Nascido em uma cidade marginalizada e periférica, Jesus era filho de uma família pobre e discriminada. Denunciou o acúmulo de riqueza e exaltou os pobres. Andou com as pessoas consideradas de má fama e expôs a hipocrisia dos poderosos. Defendeu os mais pobres, caminhou junto aos enfermos, pecadores e prostitutas. Mas voltando para os dias atuais, não é bem isso que vemos. Não é raro aparecer na TV, nas ruas e até mesmo em casa, discursos de ódio,

de violência e discriminação. Quem nunca ouviu a famosa frase: “Bandido bom é bandido morto!” Atitudes como essa reforçam valores contrários àquilo que Jesus defendia. Para o teólogo Fillipe Gibran, os cristãos têm ignorado o conteúdo político das mensagens de Jesus. “A gente não sabe quando na história do Cristo que a mensagem dele perdeu o caráter político e se espiritualizou, mas a palavra de Jesus nunca foi puramente espiritualizada. Ela sempre foi muito envolta politicamente. Em Mateus 25 você pode ver um Deus que se identifica com o preso, com o faminto, com o sedento. Ele está propondo distribuição de recursos, de alimentos, de como se deve tratar os presidiários. São mensagens de 2 mil anos atrás, mas que estão completamente atuais”, diz. Na opinião de Padre Vitório, jesuíta da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, há uma distorção das mensagens e dos ensinamentos de Cristo. “As pessoas se apoderaram de Jesus, elas não querem ser discípulas dele, Jesus é que tem que se submeter a elas e aos seus dogmas. O que Jesus quis foi fundar uma nova humanidade e não uma nova religião.”

ESPECIAL

9

3 FAKE NEWS DO NATAL A data O dia do nascimento de Jesus na verdade é uma data imprecisa. Mesmo após muitas pesquisas, historiadores e religiosos não conseguem afirmar qual teria sido o dia correto. 25 de dezembro foi determinado como dia do nascimento de Jesus a partir do ano 525. A data coincide com as celebrações de festas romanas. A migração de José e Maria - não foi fuga Historiadores afirmam que, à época, Roma, cidade que governava a região, teria ordenado um novo censo e que por isso todas as famílias teriam que migrar para Jerusalém, o centro político. Com o grande fluxo de migração, as cidades próximas estavam lotadas, inclusive a própria capital, não havia hospedagem para o casal. Os viajantes só encontraram abrigo em uma casa de uma família de pastores. “É a cidade que não tem espaço para acolher os seus filhos, porque eles são pobres, porque se tivessem dinheiro a cidade os tinha recebido”, afirma Padre Vitório. O presépio Religiosos e pesquisadores apontam que o nascimento de Jesus teria acontecido em um quarto da casa da família dos pastores que abrigaram Maria e José, e não num estábulo, como costuma ser representada. Á época era comum que as famílias pastoreiras recebessem viajantes.


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

Facebook forneceu dados privados de usuários a empresas de tecnologia PRIVACIDADE Em 2016, violação de informações contribuiu para a campanha presidencial de Donald Trump, nos EUA Reprodução

Da Opera Mundi

P

or anos, o Facebook forneceu a empresas de tecnologia mais dados e informações pessoais dos seus usuários do que havia sido revelado. Foi o que afirmou o jornal The New York Times, em reportagem publicada na quarta (19). O periódico acessou 270 páginas de documentos, comprovando que os dados foram compartilhados sem o consentimento dos usuários. Entre as mais de 150 empresas beneficiadas estão Microsoft, Amazon,

Netflix, Spotify, Yahoo e o Royal Bank of Canada. O Facebook forneceu à Microsoft nomes dos amigos dos usuários. À Amazon e ao Yahoo, também foram repassadas informações de contato das publicações de amigos.

Empresas com serviço de streaming, como Netflix e Spotify, além do Royal Bank of Canada, tiveram permissão para ler, escrever e apagar mensagens privadas, “privilégios que pareciam ir além do que elas precisavam para

integrar o Facebook em seus sistemas”, afirma a reportagem. O jornal cita outros escândalos, como o da empresa de análise de dados Cambridge Analytica, acusada de violar informações de 50 milhões de usuários nos EUA para auxiliar a campanha do presidente Donald Trump, em 2016. À reportagem, Spotify, Netflix e Royal Bank responderamnão saber que tinham esses recursos. O diretor de privacidade do Facebook, Steve Satterfield, disse que nenhum desses acordos violou as políticas de privacidade ou qualquer lei.

Especial “Colômbia Profunda” Atuando há 54 anos, o Exército de Libertação Nacional (ELN) é hoje a principal guerrilha da América Latina. O Brasil de Fato foi até um dos territórios de atuação dessa força insurgente e traz no Especial “Colômbia Profunda” o cotidiano dos guerrilheiros e guerrilheiras, os motivos da atuação armada e os princípios de sua organização. Na matéria, você também tem acesso a uma linha do tempo, contando as origens, a evolução e atual situação do conflito no país vizinho. Confira: brasildefato.com. br/especiais/colombia-profunda/

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Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

11 ENTREVISTA 15

“Para mim, está claro que o Papa considera Lula um preso político” Tomaz Silva/ Agência Brasil

Por Brenno Tardelli, para Carta Capital

N

o campo progressista brasileiro, os últimos anos foram de intensa disputa e articulação frente aos inúmeros retrocessos protagonizados, em boa parte, por mandos e desmandos do Judiciário, o qual atualmente tem sua mais representativa figura como ministro da Justiça do governo de Bolsonaro. O campo jurídico protagonizou embates com pessoas que se colocaram como defensoras da democracia. Dentre as figuras do campo jurídico que se opuseram, destaca-se Carol Proner, professora de Direito Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das integrantes e fundadoras da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia. Com iniciativas também internacionais, Carol foi recebida mais de uma vez pelo Papa Francisco, e comenta na entrevista sobre o último encontro, ocorrido em agosto. Como foi o encontro com o Papa? Carol Proner - O Papa Francisco, para além de um líder espiritual, é também um líder político e um chefe de Estado, de modo que exerce uma tríplice tarefa, e o faz de modo exímio. Para nós, assim como na visita que fizemos em agosto, a sensação é a de distinção, por sermos recebidos por um ator internacional maior. A atitude do pontífice é marcada pela simplicidade e humildade de quem está ouvindo e sentindo a dor dos demais, de modo que a sensação que transmite é a de cumplicidade com as nossas aflições.

Só este ano já são três encontros do Papa para saber do Brasil

Carol Proner em entrevista coletiva após encontro anterior com o pontífice, ocorrido em agosto

Lawfare é uma estratégia de combate jurídico para disputa econômica e política Nas duas visitas, nós relatamos a crise do Estado Democrático de Direito que vive o Brasil desde 2016, agravada pelos dois anos de austeridade e restrições políticas e econômicas do governo que substituiu a ex-presidenta Dilma Rousseff. Nós também falamos da crise dos poderes, da judicialização da política e dos atos de exceção dentro da democracia. Os representantes de outros países mencionaram seus processos que, em muito, coincidem com os nossos, em especial quanto à criminalização dos movimentos populares, políticos e de luta por direitos. Como o pontífice reagiu à prisão de Lula? Se contarmos a visita do Embaixador Celso Amorim em agosto, quando o Papa Francisco mandou uma mensagem a Lula, além do

rosário abençoado e enviado por um mensageiro, só este ano já são três encontros para saber do Brasil. Relembro aqui que, em 2016, ele admitiu ao prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, estar muito preocupado com as consequências negativas que a crise traria para toda a região, com a possibilidade de grave retrocesso democrático. Apesar de não falar diretamente do caso Lula – o que compreendemos pela posição que ocupa – o pontífice sempre reafirma o que disse na homilia de 17 de maio, quando criticou o papel da mídia em difamar pessoas públicas, comparando a um processo de perseguição

nas arenas quando a multidão grita para ver a luta entre mártires ou gladiadores. Relembro as palavras do pontífice: “A mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes e, com a calúnia e a difamação, essas pessoas ficam manchadas. Depois chega a Justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Para mim, está claro que o Papa considera Lula um preso político. Vocês entregaram um relatório sobre lawfare ao Papa. O que seria isso? Lawfare é o uso perverso do direito como instrumento de dominação e opressão, assim como já serviu para fundamentar regimes de exceção, guerras comerciais e guerras humanitárias. No entanto, o que parece novidade é a forma como tem sido engendrado pelos militares norte-americanos para defi-

nir novas estratégias de combate por intermédio do direito. Um dos principais autores de referência é o general Charles J. Dunlap, aposentado da Força Aérea dos EUA, que descreve lawfare como “um método de guerra não convencional pelo qual a lei é utilizada como meio para alcançar um objetivo militar”. O lawfare é, nesse sentido, uma estratégia central na combinação de meios e métodos de combate jurídico para tornar possível os planos geoestratégicos de disputa econômica e política, valendo-se da produção da instabilidade que somente o implacável combate à corrupção é capaz de produzir. Trata-se de uma guerra jurídica assimétrica? Sim. Vejamos, com honestidade, as consequências da Operação Lava Jato, a responsabilidade da megaoperação no desmantelamento dos setores econômicos nacionais, o impacto no desemprego direto e indireto, a imagem irreversivelmente danificada de nossas empresas nacionais e estatais. Não há muitos os que têm coragem de defender Moro e o silêncio conveniente prevalece.

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14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

CIÊNCIA, COISA BOA! COMO ESCOLHER O PROTETOR SOLAR?

Carla Cleto / Governo de Alagoas

Amiga da Saúde Quanto tempo após o parto normal a mulher consegue ter relação sexual? Renata Barbosa, 33 anos, manicure.

Ah, o verão! Época em que sentimos na pele como o nosso amigo sol é poderoso. Recebemos de nossa estrela radiações de três tipos principais. A primeira é a visível aos nossos olhos, que vai da frequência vermelha à violeta. Há ainda aquelas com frequências mais baixas, as infravermelhas, e as mais altas, as ultravioletas (ou UV). A principal responsável pelos problemas de pele é a radiação UV, subdividida em A, B e C. A radiação UVC, mais agressiva, quase não chega à superfície da Terra, pois é absorvida pela camada de ozônio da atmosfera. Já as UVA e UVB chegam, e possuem efeitos diferentes sobre o organismo. A UVA, mais abundante e com frequências próximas da luz visível, penetra profundamente na pele, até a camada da derme. Já a UVB chega apenas na epiderme, a camada mais superficial. A UVA está relacionada aos sintomas de envelhecimento da pele (flacidez e rugas), mas também pode originar manchas e câncer. É ela que estimula a produção da melanina e, assim, o bronzeamento da pele. Já a UVB é a responsáO sol emite três tipos de radiação. vel pelas queimaduras e pela vermelhidão geradas pela exposição ao sol. TamA UVB é pode levar ao câncer. responsável pelas bém Temos uma proteção natural contra os queimaduras e raios UV, a melanina. Porém, ela não é supela vermelhidão ficiente para evitar todos os problemas, na pele mesmo em pessoas com a pele escura. Assim, são recomendadas medidas de proteção contra o sol, principalmente no verão. Usar roupas, óculos escuros e chapéu. Evitar os horários com maior intensidade, entre 9h e 16h. E usar protetor solar. O protetor solar possui substâncias capazes de absorver e refletir a radiação UV, o que impede que ela chegue na pele. Essa proteção é categorizada naqueles números que vemos na embalagem, o Fator de Proteção Solar (FPS). O valor no rótulo indica quantas vezes mais aquele produto protege em comparação com o natural de sua pele. Ou seja, um FPS 15 gera 15 vezes mais proteção do que se você não tivesse passado nada. A escolha do FPS deve se dar de acordo com a cor da pele e o quanto de exposição a pessoa terá. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda FPS mínimo de 30. O protetor deve ser reaplicado de duas em duas horas, após o suor excessivo ou ao molhar a pele. Os protetores mais comuns protegem apenas contra a radiação UVB. Ou seja, não impedem o bronzeamento da pele. Hoje, é mais recomendado o uso de protetores de amplo espectro (ou que possuam no rótulo o item PPD), que também protegem contra a radiação UVA. Proteja-se! E viva o verão! Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

O tempo de resguardo é de 40 dias. Entretanto, isso não significa que já no 41º dia pós-parto todas as mulheres têm condições de ter prazer com a penetração. Dependerá da experiência do parto vivida, se houve lacerações (lesões na região da vagina pela passagem do bebê) e o grau dessas lesões. O ideal é que o sexo aconteça inicialmente explorando mais o toque, a masturbação, o sexo oral, etc, e a penetração inicie à medida que a mulher se sinta segura. É importante usar lubrificante vaginal. A fisioterapia pélvica pode ajudar muito nessa recuperação pós-parto. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos Drogas: uma questão de saúde Muitas pessoas enxergam o consumo de drogas como uma questão de segurança pública, que deve ser combatida com mais policiamento, prisões e violência. Porém, os estudos mais avançados nesta matéria têm demonstrado que o uso de drogas é, acima de tudo, uma questão de saúde pública, e que as melhores medidas para diminuir esse fenômeno na sociedade estão ligadas à prevenção e ao

tratamento de saúde física e psicológica de quem usa. Os especialistas têm apontado que não só as drogas ilícitas trazem graves problemas à sociedade, mas também o uso das drogas permitidas, como o tabaco e o álcool, principalmente entre os mais jovens. Por isto, se precisar de auxílio para algum caso de uso de drogas, procure primeiramente o CAPS AD - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas da sua cidade.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas JILÓ EMPANADO Reprodução

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Religião sincrética de origem japonesa Bernardinho e José Roberto Guimarães

© Revistas COQUETEL

Atividade censurada durante a Ditadura

Sofrimento Atração turística da zona sul carioca retratado na via-crú- Macaco, Especialidade de cis (Catol.) em inglês Glória Perez

Jerusalém Concerto musical Penhor (pop.) Conjunção alternativa Mova-se no ar Português (abrev.) Uma vez, em inglês Produto do roubo de cargas Sensação crônica da narcolepsia

(?) rosa, tempero com muitos minerais Verbo de ligação Local da happy hour

Formação para a dança da quadrilha

Magoar-se com; ressentir-se Tarefa do aluno em alfabetização

Freguesia de Portugal Chamamento a um desconhecido

Número de lugares no pódio Qualquer coisa (?) e queda: certeiro

Cervo, em inglês

INGREDIENTES

Preto velho ou pombagira (Candomblé) "(?) festas!", inscrição em cartões de Natal

E outras coisas (lat.) Para que lugar?

Patriarca bíblico (?) de peixe, petisco

• • • • • • •

Daniel (?), jogador de futebol

Apelido do Amazonas (Hidrografia) Destino final de Thelma e Louise (Cin.)

Cerveja de alta fermentação Querida

Outra vez! Chapéu, em inglês

"Filho de onça (?) nasce pintado" (dito) Listra estreita para encobrir palavras Direito do feto à (?), argumento contra o aborto Que respeitam a moral

MODO DE PREPARO Assinatura (abrev.)

3/ale — ape — hat. 4/deer — once. 5/alvor. 10/seicho-no-ie.

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Solução S T E R EC I O N C I H C O S O N S O D I D E E V B O A L O P E N V I D E

A R R T A E P N T O D T A R E T S B H A A T IC

C A L V A R I O D E C R I S T O

L S A N T A P R E GO O E L A R S E R A B A N DO A L VO R E R E I O A L GO N T I D A DE R A F I O M A R S A L E C O V I A R J E TA S A S S

BANCO

6 jilós 3 ovos 2 colheres de farinha de trigo 100 g de queijo parmesão ralado grosso Sal Pimenta Óleo

• Lave e corte os jilós em fatias médias. Tempere-os com sal e pimenta, porém, deixe ficar um pouco sem sal, por causa do parmesão • Bata os ovos. Acrescente as duas colheres de farinha de trigo. • Passe as fatias de jiló no ovo e depois passe no queijo ralado. • Aqueça o óleo e frite até dourar. Cuidado para os jilós não grudarem no fundo da frigideira! • Retire do óleo e escorra em um papel toalha.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

O forró não pode parar

Reprodução

Samba de Noel faz 10 anos

No dia 25 de dezembro acontece o maior samba de natal de BH. São dez artistas confirmados, entre eles Nonato, Aline Calixto e Evair Rabelo, com o propósito de levar alegria aos moradores da zona Leste e de toda a cidade. A entrada é um quilo de alimento não perecível. De 12h às 22h, Avenida Belém, entre a Avenida dos Andradas e Rua Itamirim.

Poesia, música e skate em Contagem

FESTA Nas semanas de Natal e Ano Novo, ritmo do Nordeste continua embalando as festas em BH Rafaella Dotta

P

ense numa festa que continua o ano todo, seja no calor, chuva, ou no Natal? Ele mesmo, o forrozinho. Em terras mineiras a dança ganhou muitos adeptos que têm onde forrozear quase todos os dias da semana. O forró nasceu no Nordeste e ficou conhecido em todo o país pela voz e pela sanfona de Luiz Gonzaga quando, no início dos anos 50, as rádios começam a tocar “Asa Branca”, “Baião, “Vem Morena” e outros sucessos. Nasceu daí o Forró Pé de Serra. Geralmente é tocado com zabumba, sanfona e triângulo, e tem inspiração na vida rural do sertão. Os cantores mais conhecidos são Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Luiz Gonzaga e Carmélia Alves. O segundo a aparecer foi o Forró Universitário, entre 1975 e os anos 2000. Conta a história que alguns grupos de forró, como o Trio Virgulino, passaram a ser contratados

para tocar em festas de estudantes universitários em São Paulo. Além de divulgar o ritmo, eles influenciaram jovens músicos a seguir o mesmo caminho.

“Ai ai, não posso me controlar / Quando eu vejo um floreado / Num zabumba bem marcado / Dá vontade de dançar”, diz a música “Dançar Baião”, de Carmélia Alves. Daí, o forró começou a ter também a guitarra, o saxofone e outros instrumentos. E a dança que era o tradicional “dois pra lá e dois pra cá” evoluiu para giros e passos elaborados. As bandas que mais

marcam essa época são Rastapé, Circuladô de Fulô, Forroçacana e Falamansa. Chegam os anos 2000 e com eles muito brilho! O órgão eletrônico inaugura a terceira geração do forró, conhecida como Forró Eletrônico ou Oxente Music. As bandas crescem e chegam a 15, 20 integrantes, com o ritmo inspirado no tecnobrega e no axé. Os principais representantes dessa onda são as bandas Mastruz com Leite, Aviões do Forró, Calcinha Preta e Caviar com Rapadura. Em BH para todo gosto Os forrós Pé de Serra, Universitário e Eletrônico nunca mais pararam e nas festas de hoje podem aparecer separados ou juntos. O Brasil de Fato fez uma lista dos forrós que acontecem diariamente em Belo Horizonte. A capital mineira virou uma das cidades com maior número de forrós, segundo consta no site www.ondetemforro.com. Veja a lista e se programe para dançar neste final de ano!

O F5 Festival de Cultura Independente tem mais uma edição em todo o mês de dezembro. Nos dias 21, 22, 28 e 29 ainda tem programação gratuita em locais como o metrô, a Praça da Prefeitura e o Studio Matilha. Os horários também são variados. Veja a programação em tinyurl.com/y7pl2pzv. Evento gratuito.

Férias no CCBB BH

Os educadores do Centro Cultural Banco do Brasil recebem adultos e crianças para oficinas sensoriais. Nos dias 21, 22 e 23 de dezembro, das 10h às 16h acontece uma experiência com a geométrica latino-americana, com a coleção da poderosa artista Ella Fontanals. Já nos dias 27, 29 e 30 de dezembro acontece uma oficina para criação de amuletos, das 10h às 16h, gratuita.


Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

ESPORTE

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Caminhada previne doenças físicas e mentais SAÚDE Atividade melhora condicionamento físico Prefeitura de Itapevi

M

esmo com o crescimento de práticas como o crossfit, musculação e pilates, a caminhada segue sendo uma das preferidas, especialmente pelo custo zero e a facilidade de encontrar locais para os trajetos. A Organização Mundial de Saúde recomenda 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana. Isso pode diminuir o risco de doenças cardiovasculares, diabete tipo 2, derrame cerebral e alguns tipos de câncer. Isabella Carvalho tem 22 anos e retomou a prática há poucos meses. Para ela, o principal benefício é ter mais disposição no dia a dia. “Eu sou muito sedentária. Já vi em vários lugares que fazer caminhada melhora o sono, a disposição e também pra ter um corpo melhor”, conta. Para o educador físico Charles Moraes, a caminhada não exige habilidade, e sim coordenação. “A caminhada apresenta maior índice de adesão aos exercícios para a prevenção de problemas e promoção de

saúde. É bom lembrar que as atividades físicas devem fazer parte de um programa global de saúde, para não causar malefícios”, acrescenta. O hábito também pode melhorar a saúde mental. Um estudo da Universidade de Essex, no Reino Unido, concluiu que a caminhada, especialmente se feita em áreas verdes, melhora o humor e a autoestima e ajuda a combater a depressão, devido aos níveis de endorfina liberados. É para relaxar e melhorar a autoestima que Vânia Furtado faz caminhadas há quatro anos. “Trabalho no comércio, é algo que me estressa muito. Você fica mais leve, seu stress diminui, eu saio menos carregada, a mente fica mais tranquila”, afirma. Ela também dá dicas para manter o hábito, como vir sozinha, para evitar distrações e conversas paralelas, que diminuem o ritmo, e ouvir música. “Pra pegar o hábito, é deixar a roupa de caminhar num lugar visível, porque aí você fica lembrando que não pode deixar de vir. É olhar pra roupa, vestir e pensar: ‘vamos lá’”, aconselha.

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GREVE DOS PETROLEIROS

Em maio de 2018, os petroleiros entraram em greve e derrubaram o presidente da Petrobrás, Pedro Parente. Ele foi responsável, juntamente com o presidente golpista Michel Temer, pela atual política de preços praticada no Brasil e que fez com que: *Preço médio segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) **Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua divulgada em abril de 2018 pelo IBGE

Vanessa Gonzaga, de Petrolina (PE)

a gasolina saltasse de R$ 3,65 em agosto de 2016 para R$ 4,83 em novembro de 2018 em MG*, o gás de cozinha subisse de R$ 57,81 para R$ 70,80 em dois anos*, chegando a custar R$ 100 em algumas regiões do País . Isso levou 17,6% das famílias a utilizaram carvão ou lenha em 2017**

Tudo isso afeta diretamente a população brasileira e é preciso que, em 2019, a sociedade se unapara lutar pela redução dos preços dos combustíveis no Brasil


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ESPORTES

Belo Horizonte, 21 a 31 de dezembro 2018

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Por onde a bola rolou em 2018 RETROSPECTIVA Seis fatos que marcaram a memória dos torcedores brasileiros

A maior da história

Um mulherão desses! Seis vezes melhor do mundo, dezenas de títulos e premiações individuais, artilharia isolada da Seleção (feminina e masculina), primeira mulher na calçada da fama no Maracanã. Marta, uma lenda viva. A atleta alagoana é, com folga, a mais habilidosa, vitoriosa e surpreendente jogadora da história do futebol feminino. Em 2018, de volta ao topo das premiações Fifa, a atacante do Orlando Pride deixou para trás Messi e Cristiano em número de troféus.

Fernando Frazão / Agência Brasil

Reprodução

Uma Copa em dois continentes

A Copa do Mundo da Rússia foi a 21ª edição da história e a primeira em dois continentes distintos, pois havia cidades-sede nas bandas europeia e asiática do gigantesco território russo. Foi a Copa do bloco comandado por China e Rússia, que disputam hegemonia econômica, cultural e política no cenário internacional. Após sofrerem tentativas de boicote por aliados dos EUA, os anfitriões deram um show de organização, apresentaram sua cultura ao mundo e provaram que o verdadeiro patriotismo e o vínculo entre equipe e torcida podem levar uma seleção fraca, como a russa, a resultados grandiosos. O Brasil e a Alemanha, que entraram favoritos, não conseguiram traduzir a superioridade técnica em bom desempenho. O título foi decidido entre a França do menino Kylian Mbappé, revelação do torneio, e a Croácia do atual melhor do mundo, Luka Modric. Melhor para os franceses, que comemoraram o bicampeonato.

VAR em discussão

O Video Assistant Referee (em português, Árbitro Assistente de Vídeo) deu o que falar em 2018. O objetivo seria fornecer à arbitragem um sistema de apoio ao vivo, permitindo corrigir decisões polêmicas. Com três árbitros e uma sala repleta de monitores, o VAR gerou mais dúvidas que soluções e, por vezes, foi usado seletivamente. E a vídeo-arbitragem não é infalível. Pelo contrário, em alguns jogos decisivos, o sistema falhou. Na finalíssima da Copa do Brasil, primeiro, beneficiou o Corinthians, com pênalti inexistente. Depois, favoreceu o Cruzeiro, ao anular um gol corintiano. Alguns clubes, como o Benfica, já pedem que se abra a “caixa preta do VAR”.

Lucas Uebel / Grêmio

Diego Haliasz Prensa River

Reprodução Tv CBF / Lucas Figueiredo CBF

A Libertadores não é nossa? A Conmebol reduziu o torneio mais tradicional do esporte sul-americano a um megaevento para gringo curtir! A partir de 2019, final única em campo neutro, longe da torcida, com preços dos ingressos nas nuvens. E, como se não bastasse essa esculhambação, a final Boca x River, garantida por ajudas da arbitragem e frouxidão no regulamento, foi levada para o outro lado do Atlântico, em Madrid, a capital dos colonizadores da América espanhola. Bolívar, San Martín e outros libertadores remexem no túmulo.

Despedida da lenda

Só deu Palestra

O Hexa veio forte e não foi com a Seleção Canarinho. Por duas vezes consecutivas, o Cruzeiro de Mano Menezes, Fábio, Henrique, Arrascaeta e Thiago Neves vence a Copa do Brasil, o único com seis títulos. Destaque para o goleiro Fábio, que tornou-se o terror dos cobradores de pênaltis, e Dedé, que superou uma grave lesão para voltar a ser o melhor zagueiro do país. No Brasileirão, o Palmeiras de Dracena, Mayke, Diogo Barbosa, Willian e Dudu faturou o decacampeonato, tornando-se o maior campeão nacional do país. Nas duas maiores competições vencidas por brasileiros, só deu Palestra Itália.

Copa Colonizadores da América

Wilson Dias Abr

“É um dia difícil, eu recebi muitas mensagens, chorei, ri pra caramba, mas a gente não pode tirar o foco do jogo. Vamos lutar até o fim, como sempre foi”, declarou, emocionado, o ala Falcão, a poucos minutos da final da Liga paulista. O jogo, que marcou sua despedida das quadras, terminou com vitória do Corinthians, sua primeira equipe profissional, contra seu time atual, o Sorocaba. O singular domínio de bola do craque, a eficiência nas jogadas e a imprevisibilidade de seus dribles deixam profundas marcas na forma de se jogar futebol de salão. Na memória, uma trajetória ímpar: cinco vezes melhor do mundo, dois mundiais com a Seleção Brasileira e dezenas de outras conquistas individuais e coletivas.


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