Rurian Valentino
Casal luta há 10 anos contra mineração em Brumadinho O que era para ser uma aposentadoria tranquila virou um transtorno diário e muita briga judicial BRASIL 9
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro de 2019 • edição 270 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Marcelo Camargo / Agência Brasil
Proposta de reforma extingue fundo da Previdência Texto do projeto prevê sistema de capitalização e idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres BRASIL 10
Marcos Santos
Mães arcam com peso do adiamento das aulas Crianças podem ficar mais um mês em casa e mulheres têm de reorganizar rotina MINAS 5
Quilombo da RMBH ganha livro Obra foi escrita pelos jovens da comunidade que entrevistaram mais velhos CULTURA 14
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019
Editorial | Brasil
Precisamos tirar o Brasil da lama O Brasil está se atolando em um profundo lamaçal de crimes ambientais sem punição, retirada de direitos, privatizações, corrupção e destruição das leis. Se isso continuar assim, se não nos movermos para evitar que ele se afunde, vamos ficar atolados por um longo período. Os crimes ambientais da mineradora Vale em Mariana (2015) e em Brumadinho são a prova de que as privatizações não são um bom negó-
ESPAÇO DOS LEITORES
Aproveite sua indignação com o CRIME da Vale e cobre do seu deputado a assinatura dele para a criação da CPI. Até porque seu voto é sua voz no Parlamento. Samuel Macedo comenta a matéria “CPI da mineração precisa de 26 assinaturas dos deputados da ALMG” ------------------------------Tudo contaminado Antonio Duarte comenta a matéria “Governo de Minas lança alerta sobre o rio Paraopeba” ------------------------------Não é lama, é rejeito de minério, lixo industrial Dandara Tonantzin Castro escreve sobre a matéria “Moradores de Brumadinho expostos à lama começam a apresentar sintomas de contaminação” ------------------------------Que depoimento emocionante! Como disse Dom Walmor em seu depoimento para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que Minas Gerais não seja a mesma após a reincidência desse crime da Vale! Maíra Gomes sobre o artigo “Toma cuidado, pai”
Privatizações matam cio. Essas cenas atuais deixam muito claro que as empresas privadas querem apenas o lucro e não estão nem um pouco preocupadas com a qualidade dos serviços, com o meio ambiente e muito menos com a vida das pessoas. Já sabemos que a Vale tem 56 barragens em potencial de alto risco e a maior parte delas fica aqui em Minas Gerais. O Brasil inteiro corre esse risco. A mineração está destruindo nossa água e jogando parte dela fora com o uso dos minerodutos. E para piorar, essas empresas praticamente não pagam impostos, sendo assim elas levam nosso minério de graça. E a gente só fica com a destruição, com as crateras (cavas) e com os rejeitos que não passam de lixo tóxico. Mas não estamos falando apenas da lama física. Falamos também da lama profunda em que o Brasil está se atolando desde o golpe na Dilma e a entrada de Temer, que iniciou uma
série de ações contra o povo, como a reforma trabalhista. E esse cenário se agrava mais com a eleição de Bolsonaro. Em apenas um mês de governo, já anunciou diversas mudanças que vão prejudicar o povo brasileiro, como a proposta de reforma da Previdência, extinção de ministérios importantes, como o do Trabalho. Quer acabar com a Justiça do Trabalho, soterrando os direitos dos trabalhadores. Quer ainda mais privatizações de empresas importantes para a soberania brasileira. Nessa onda de privatização, o governador de Minas, Romeu Zema, quer privatizar a Cemig, o que seria um desastre. Precisamos nos organizar. Lutar pela re-estatização da Vale e contra as privatizações. Nossa luta é pela Previdência, para aposentarmos com dignidade. Se não nos unirmos, se a sociedade não se movimentar, protestar e cobrar o poder público, corremos o risco de viver um longo período de trevas. Solidariedade à Venezuela Dia 8 de fevereiro é dia de solidariedade à nossa vizinha Venezuela, que também tem sofrido severos
Não deixe que Bolsonaro acabe com sua aposentadoria ataques dos Estados Unidos. Se manifeste, como puder, junto a familiares e amigos, nas redes sociais, e realizando atividades, em defesa do processo revolucionário venezuelano e contra a ingerência dos EUA.
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello, Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Desde o dia 25 de janeiro, quando rompeu-se a barragem da Vale em Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, a tragédia toma conta do noticiário. A população tem sido bombardeada por uma infinidade de informações, nos mínimos detalhes, sobre as mortes, buscas por corpos, impactos sociais e ambientais, cidades ameaçadas por barragens, entre outros assuntos. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar
O que você está achando da cobertura da mídia sobre o acontecimento?
Eu acho importante para alertar as comunidades que estão próximas às mineradoras. Eu sou moradora de uma cidade que tem três barragens e a gente não tinha noção da gravidade. Isso tem alertado outras comunidades, os poderes públicos, são várias mineradoras, várias minas.
Esse crime tem consequências, principalmente nas populações ribeirinhas. A mídia tradicional não dá a versão real dos fatos. Mas tem a mídia popular, que realmente traz os fatos de uma forma clara, denuncia que isso é um crime, três anos após Mariana.
Cristiane da Conceição, diarista, moradora de Itabira
José Mauro Silva, aposentado, morador de Nova Lima
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GERAL
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Declaração da Semana “Meninas que passam por isso, não se deixem abalar. Eu sei que é difícil, mas não deixem que atinjam vocês. A gente é bem mais do que isso”.
Disse a cantora Luísa Sonza em seu Instagram, após ter seu celular invadido e uma foto nua vazada na internet.
ProUni divulga estudantes selecionados
Marcos Santos
Pessoas interessadas em conseguir uma bolsa na faculdade devem ficar de olho nesse calendário! Foram divulgados os primeiros selecionados no ProUni (siteprouni.mec.gov.br) e eles têm até 14 de fevereiro para fazer a matrícula. Em 20 de fevereiro sai mais uma lista de selecionados e em 8 de março a terceira lista. Serão ofertadas 243 mil bolsas.
Arena da Cultura com inscrições abertas
Ricardo Laf / Ascom - FMC
O projeto oferece oficinas gratuitas em diversas áreas culturais, como artes visuais, circo, dança, design, música, teatro e patrimônio cultural. As inscrições para a rematrícula e atividades de longa duração vão até o dia 15 de fevereiro. Para as de curta duração, o prazo é até 8 de março. Para saber mais e se cadastrar, acesse a página bhfazcultura.pbh.gov.br ou ligue (31) 3277-4644 / 3277-4656.
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MINAS
Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019
Sem concretizar projeto de 2018, Contagem quer privatizar escolas públicas PROMESSAS Notebooks e lousas digitais não foram entregues e houve ainda a diminuição de 5 mil estudantes Elaine Castro-Prefeitura de Contagem Guilherme Jorgui e Rafaella Dotta
A
parceria entre Prefeitura de Contagem e empresas aumenta na área da educação. A Câmara Municipal realizou, em 29 de janeiro, audiência pública “para esclarecimentos relativos ao processo de licitação” de uma Parceria Público Privada (PPP). A ideia do poder municipal é pagar uma empresa para construir cinco prédios para Escolas de Tempo Integral e reformar outras duas. A empresa vencedora fará também a administração das sete escolas e cuidará dos mobiliários de todas as unidades de ensino da cidade. A duração da PPP é de 30 anos, e a prefei-
tura ainda não informou os valores que irá pagar. Bom ou ruim? Na audiência pública, professores e pais de alunos apresentaram reclamações sobre a falta de divul-
gação e a falta de respostas. Por exemplo: com o alto valor para o pagamento da PPP, como ficará a verba para as outras escolas da rede municipal? Toda a estrutura construída estava no plano pedagógico do município? O plano realmente vai se realizar?
O professor Fábio Garrido, que estuda privatizações na educação e é diretor estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE/MG), afirma que as PPPs nas escolas de Belo Horizonte custaram 25% do que a mais que as escolas geridas pela prefeitura. No entanto, os projetos não melhoraram o ensino e não acabaram com o déficit de vagas, avalia o professor. “Muita reclamação nas UMEIs, que usam uma placa de metal que deixa passar muito barulho. Então as salas ficam barulhentas”, avalia Garrido. Outra negativa seria que o próprio diretor não possui a chave da unidade, quebrando assim a gestão democrática da escola, que hoje tem a participação de trabalhadores, pais e alunos.
Projeto não concretizado em Contagem No último capítulo dessa gestão, em dezembro de 2017, a prefeitura de Contagem havia anunciado uma reorganização escolar, que prometia distribuir notebooks a todos os estudantes do 6º ano, pelo projeto EducaOnline. Prometeu também a instalação de “lousas digitais” e a abertura de 2.351 vagas. Mas ao contrário, segundo dados da prefeitura, o número de estudantes caiu. Em 2017, Contagem tinha 56 mil estudantes matriculados em escolas de educação infantil e ensino fundamental. Em 2018, foram 50.732 estudantes matriculados na educação infantil, ensino fundamental e EJA. Uma diminuição de 5.268 estudantes. A Secretaria Municipal de Educação admite ainda que o projeto das lousas digitais e notebooks “precisou ser redimensionado devido à falta de repasses de recursos do governo estatual para o município de Contagem”. Ou seja, não atingiu a totalidade dos alunos do 6º ano.
Hospedagem gratuita para crianças e adolescentes em tratamento médico ACOLHIDA Em BH, Sesc recebe pacientes de 0 a 17 anos e acompanhante que tenham vindo do interior Henrique Chendes / Divulgação
P
essoas que saem de sua cidade para fazer tratamento médico na capital podem usar um auxílio de estadia. Em Belo Horizonte, o Sesc Venda Nova oferece hospedagem a crianças e adolescentes (0 a 17 anos) junto a um responsável legal. Além disso, recebe também pessoas que estejam acompanhando crianças e adolescentes internados em uni-
dades neonatais ou de terapia intensiva. O local possui 36 suítes com televisão e frigobar, que
podem ser compartilhadas por mais de uma família, conforme necessidade; uma copa de uso coletivo; café da ma-
nhã, almoço, lanche e jantar; transporte para ida e volta do Sesc ao hospital; além de apoio psicossocial. Como solicitar O serviço é gratuito, mediante a comprovação de que a renda familiar é menor que três salários mínimos. O hospital ou a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de origem devem entrar em contato com a Hospedagem Social de BH e fazer uma reserva,
enviando cópia do formulário de encaminhamento e documentos necessários. Telefone (31) 3270-8100 ou pelo e-mail hospedagemsocial@sescmg. com.br. Quase metade Em 2017, a prefeitura de Belo Horizonte afirmou que 44% das consultas, cirurgias e internações no SUS-BH eram de pacientes do interior do estado.
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MINAS
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Aulas adiadas: como fica o cuidado com as crianças? TRABALHO De acordo com pesquisadora, mudanças nas rotinas das mães é uma questão sempre desconsiderada pelos gestores públicos Pillar Pedreira /Agência Senado
Larissa Costa
A
lém de evidenciar a crise financeira do estado, o adiamento das aulas das escolas municipais em algumas cidades mineiras levanta a questão sobre o cuidado com as crianças nas férias. A rotina das mães é diretamente impactada, visto que ainda são as mulheres as principais responsáveis pela criação dos filhos. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, de acordo com informações da página da Prefeitura, as aulas das escolas do município só retornam depois do carnaval, no dia 11 de março. A previsão era que o ano letivo tivesse início na última quinta-feira (7). Mesmo assim, a notícia ainda corre como boato na cidade. “É a coisa mais esquisita. É para ficar observando na televisão, mas acho que eles não têm planos de voltar antes”, desabafa Tatiana Aparecida de Jesus. Mãe solo de dois filhos, Tatiana, que é auxiliar veterinária e babá pet, conta que sua
filha caçula de 11 anos vai começar o quinto ano em uma escola municipal. Com a ampliação das férias da filha, ela se sente aliviada por contar com o apoio da mãe. “Graças a Deus que eu tenho a minha mãe, porque eu vou trabalhar e ela fica com minha filha. Mas muitas mães não têm, muitas são solteiras e aí tem que procurar babá, por-
Dívida do Estado com os municípios mineiros já ultrapassa os R$ 12 bilhões que não tem onde deixar a criança”, relata. A psicopedagoga Sara Aparecida Alves Pereira, também moradora de Uberlândia, conta que sua rotina muda durante as férias das suas duas filhas, uma de 10 e outra de 7 anos, ambas estudantes da rede municipal. “Minha rotina muda, porque os trabalhos que eu execu-
to é quando elas estão na escola, principalmente porque uma delas é especial. Quando ela está na escola eu sei que ela está segura, com os profissionais que cuidam dela”, conta. Sara é mãe solo e atende em domicílio crianças autistas e durante as férias das suas filhas, suspende completamente suas atividades. Questão estrutural Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre a Mulher (Nepem), da Universidade Federal de Minas Gerais, explica que existem muitas questões que estão vinculadas ao calendário escolar e o problema não se resume ao orçamento. Para a pesquisadora, as mudanças nas rotinas das mães e quem cuida dos filhos são sempre desconsideradas pelos gestores públicos. “Ninguém discorda de adiar as aulas por causa de uma crise financeira, mas o ônus disso fica na conta das mulheres. Os governos, as prefeituras tomam decisões que incidem no cotidiano da vida das
mulheres, porque são elas que cuidam. Não pensam soluções porque é quase automático que as mulheres é que vão ter que se virar mesmo”, afirma.
Por que “mãe solo”?
Dívida com municípios A orientação para que as prefeituras adiassem as aulas foi definida em assembleia geral da Associação Mineira de Municípios (AMM), ocorrida no dia 21 de janeiro. Os cerca de 400 prefeitos presentes decidiram por condicionar a volta às aulas ao pagamento do transporte escolar e à regularização dos repasses de 2019. A AMM não possui o levantamento de quantos municípios aderiram à decisão. Segundo a Associação, a dívida do Estado com os municípios mineiros já ultrapassa os R$ 12 bilhões.
Essa denominação diz respeito às mães que cuidam, amam, educam e, geralmente, são as únicas responsáveis pelos filhos. Ser mãe não tem nada a ver com estado civil, ou seja, a mulher que tem filhos pode ser divorciada, solteira ou estar namorando. Usar o termo “mãe solteira” pode soar preconceituoso, por remeter aos tempos em que ser mãe e não ser casada era um motivo de vergonha.
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MINAS
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Opinião
Nova condenação de Lula faz parte do pacote João Paulo Cunha A recente condenação de Lula pela juíza substituta de Moro em Curitiba, Gabriela Hardt, retoma o fio que veio a dar na escolha do atual ministro da Justiça. Lula é a força viva de um projeto de sociedade que se opõe radicalmente ao que vem sendo implantado no país. Nem mesmo a vitória eleitoral foi suficiente para apagar sua influência, é fundamental que ele seja destruído como político, formulador e pessoa humana. Não é um acaso que a execução da pena de Lula siga parâmetros de exceção. Imposição de silêncio com proibição de entrevistas (o que é concedido a outros condenados); impedimento de participar do sepultamento do irmão (como garantido explicitamente na lei); proibição de visitas e apoio espiritual; desrespeito e ameaças na condução de depoimentos; descumprimento de liminares por meio de chicanas. Para mostrar que ele é um cidadão como outro qualquer, é tratado como um cidadão diferente de todos os outros.
Condenação possui erros processuais, gafes jurídicas e ideologização de sentenças Sem falar os erros processuais, nas gafes jurídicas, na ideologização de sentenças, nos seguidos reconhecimentos de que não há provas cabais, mas convicções. E ainda na aceitação de delações quando são condenatórias e seu descarte quando corroboram a defesa. Na crítica ferrenha por parte da comunidade jurídica nacional e internacional. A nova condenação acrescentou ainda um aumento de pena que extrapola a própria dosimetria histórica dos inquéritos da Lava Jato.
Se o objetivo parece claro – destruir Lula e o que ele representa –, a forma como foi articulado o uso do sistema Judiciário para influir diretamente na condução do Estado brasileiro foi aparentemente mais sutil. Era preciso que a linha de frente do novo governo contasse com pessoas capazes de bancar, por força de seus atributos técnicos e popularidade, a abrangência das ações necessárias. É onde entram Sérgio Moro e Paulo Guedes. Representantes das forças econômicas e jurídicas de um governo inconsistente, eles se revestiram do papel da racionalidade num mar de superstições e ridículo. Moro está no Ministério da Justiça porque condenou Lula em processo questionável e ainda não concluído em todas as instâncias. O ministro pode virar as costas para a imprensa em coletivas e deixar de responder aos deputados, mesmo quando vai ao Congresso em busca de apoio. Difícil vai ser olhar-se no espelho e perceber a sombra que vai aumentando a mancha na sua trajetória. ANÚNCIO
Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019 Ricardo Barbosa
OPINIÃO
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Fernando Maia da Costa
A gasolina baixou, mas não por causa do governo
Não foi um caso isolado: é um modelo A tragédia de Brumadinho traz à lembrança Mariana. Inúmeros outros casos de acidentes de trabalho e violações de direitos são parte do cotidiano de quem se encontra no interior dessas empresas. Somado a isso, temos a forte presença de um processo de terceirização do setor, em que a incidência de acidentes é ainda maior, além dos precários vínculos de trabalho. Com isso observamos que a violência não está apenas nos grandes desastres que se tornam midiáticos, mas também no cotidiano das trabalhadoras e trabalhadores da mineração. O que faz com que as atrocidades já cometidas pelo setor mineral passem desapercebidas aos olhos do Estado? O caminho para responder a essa pergunta é não olhar a mineração de forma isolada. Quando o país, assume, ao longo da primeira década dos anos 2000, o lugar de principal exportador de minério de ferro para a China, temos o exemplo de uma demanda construída de fora para dentro. As necessidades, intensidade e ritmo da produção são respostas a condicionantes externos, que, aliados às forças internas, definem o curso da atividade mineral. A am- Nossos bens pliação da produção não vem para atender a um projeto de desenvolvimento para o Brasil, mas sim para atender minerais não a uma demanda colocada pelas grandes potências do ca- estão servindo ao povo pitalismo mundial. Os insumos minerais ocupam lugar privilegiado na pauta de exportações brasileiras, conferindo e reforçando a inserção subordinada do Brasil nas suas relações com os países de economia central. Nossos bens minerais não estão colocados para servir a um projeto de desenvolvimento do país, como um bem do povo que a ele, portanto, deveria servir. Tudo isso acontece em meio à permissividade do Estado, que isenta grandes mineradoras, flexibiliza leis trabalhistas e normas de fiscalização ambiental. Júlia Ferrari é militante da Consulta Popular em Mariana (MG).
Fernando Maia da Costa, presidente do SINDIPETRO-RS
Na página do Brasil de Fato:
ACOMPANHANDO
Júlia Ferrari
Todo mundo percebe que o preço da gasolina recuou. Há quem atribua a mudança à posse do novo governo. Mas não se trata disso. Desde 2015, a direção da Petrobrás começou a implantar uma nova política para os derivados de petróleo (diesel, gasolina e gás de cozinha), visando alcançar os preços internacionais. Em junho de 2016, quando Pedro Parente passou a comandar a empresa, a equiparação foi adotada de forma imediata. Com isso, estabelece-se uma verdadeira gangorra nos preços. Todas as variações do mercado externo, provocadas pelo preço do petróleo e da taxa cambial, passaram a interferir, diretamente, na formação do preço interno, provocando fortes aumentos na gasolina e no GLP (gás de cozinha). Essas oscilações provocaram a elevação do preço médio da gasolina, de R$ 3,646 a R$ 4,717, em outubro de 2018, e do gás de cozinha. Mas a adoção dessas medidas trouxe impactos fortes à economia. Como resposta, em maio de 2018, eclodiu a greve de caminhoneiros que parou o país e, ao seu final, provocou a demissão de Parente. No final de 2018, a estabilidade cambial e a redução dos preços internacionais do petróleo - caindo de US$ 70 até US$ 82 o barril para US$ 53 até US$ 60 o barril - deveriam ter promovido um grande recuo nos preços. Porém, a redução so- A redução não mente foi repassada ao conrepresenta, sumidor no final em dezembro de 2018 e início de janei- nem de perto, a redução ro de 2019. Vale notar que tal redução possível não representa, nem de perto, a redução possível. Podemos dizer isto porque a maior parte do petróleo que processamos, a mão de obra e grande parte dos custos são de origem nacional e pagos em real. Logo, não há necessidade de se manter o vínculo direto às variações cambiais e do preço do petróleo no mercado externo.
BF
Trabalhadores decidem, em assembleia, manter a contribuição sindical E agora... Tribunal reconhece que sindicato pode representar jornalistas
Os funcionários do jornal Estado de Minas conseguiram na Justiça o direito de serem representados pelo seu sindicato. A decisão é do Tribunal Regional do Trabalho. Eles conseguiram, assim, que retorne à Justiça uma ação coletiva contra o jornal, exigindo o pagamento antecipado de salário referente às férias. Os jornalistas fazem questão de serem representados pelo sindicato e, dada a situação financeira difícil da entidade, fizeram uma vaquinha para custear o processo.
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BRASIL
Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019
Existe alternativa à exploração predatória das mineradoras? MINERO DEPENDÊNCIA Rompimento de barragem em Brumadinho expõe gravidade e desafios do setor Sarah Torres
federação Nacional dos Bispos do Brasil e da Rede Igrejas e Mineração. “Tem que suspender tudo, rever os processos de licenciamento, fazer uma auditoria e fiscalização completa. Além disso, garantir o empoderamento das comunidades para decidir sim ou não sobre os empreendimentos”, acrescenta. Para Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragem, a lógica da exploração mineral no Brasil “prioriza o lucro acima de tudo”, deixando de lado a atenção aos problemas ambientais e sociais. “A mineração é muito importante, mas a gen-
Pedro Rafael Vilela*, de Brasília
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om mais de 150 mortes confirmadas, o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), expôs a fragilidade, os riscos e a gravidade que esse tipo de atividade acarreta para a população. Uma das questões que fica desse trágico episódio é: existem modelos viáveis de mineração? O Brasil de Fato ouviu movimentos e especialistas para analisar o assunto. Entre as iniciativas imediatas, está a desativação das barragens construídas com o método de alteamento a montante, usado em Brumadinho e na barragem da Samarco, em Mariana (MG). Um projeto de lei do deputado federal Rogério Correia (PT-MG) propõe a proibição desse tipo de empreendimento no Brasil.
Há dois métodos básicos na construção de barragens: os alteamentos a jusante e a montante. Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora, explica o que causa instabilidade no segundo modelo. “A barragem a montante é construída em direção aos rejeitos. À medida que a barragem se torna mais alta – fazendo os subsequentes alteamentos, os ‘degraus’ que vemos –, ela tem uma inclinação, subindo sobre o rejeito. Chega um momento em que se faz a barragem sobre o próprio rejeito, um material, pelo seu teor de água, instável”, analisa. Milanez diz que, nas barragens a jusante, os níveis são construídos na direção oposta aos rejeitos e utilizam como base o solo compactado. O elemento em que se
fundam as barragens, o “material de empréstimo”, torna a barragem a jusante mais cara. Essa diferença de custos explica a opção das mineradoras privadas pelo modelo cujos riscos são maiores. Mais do que barragem “A questão é mais ampla. Se a barragem vai romper ou não, isso é mais um aspecto, porque elas já matam em silêncio. Tem o caso de Araxá, com contaminação de bário, contaminação de arsênio em Paracatu, contaminação de rios pelos rejeitos em várias minas do país”, afirma Frei Rodrigo Peret, da Con-
Diferença de custos explica escolha de empresas por barragens mais frágeis
O país tem pouca ou nenhuma entrada de imposto e as mineradoras têm muito poder te tem modelo mono-produtor, praticamente só exporta minério de ferro, ainda tem pouco desenvolvimento na exploração de nióbio e lítio, por exemplo. A primeira coisa seria acabar com essa lógica. O país tem pouca ou nenhuma entrada de imposto e as mineradoras têm muito poder”, afirma. Atualmente, a mineração representa 4% do Produto Interno Bruto e contribui com 25% do saldo comercial brasileiro, segundo o Ministério de Minas e Energia. Foram exportados
Tem que suspender tudo, rever licenciamentos e fazer auditoria”, afirma integrante de comissão da CNBB US$ 46,4 bilhões em 2017, com superávit de US$ 23,4 bilhões. O minério de ferro sozinho representa 8,82% das exportações brasileiras, atrás apenas da soja. Segundo Andrioli, só um modelo minerário subordinado ao interesse nacional seria viável. “Como a mineração é base de produtos usados na indústria, ela tem que, obviamente, estar casada com uma política industrial de interesse do país. Temos os dois minérios mais disputados na cadeia mineral mundial, que são nióbio e lítio. Poderíamos ter uma indústria da cadeia produtiva desses minérios, com muita pesquisa, tecnologia, gerando grandes entradas de recursos”, observa. Segundo Joceli, o controle do Estado sobre esse setor seria fundamental para produzir uma alternativa de desenvolvimento. “Defendemos um controle do Estado, que poderia pensar estrategicamente a indução do desenvolvimento em diferentes partes do país, respeitando a população e o meio ambiente”, conclui. *Com informações de Rafael Tatemoto.
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Vizinhos do terror: Há mais de 10 anos moradores convivem e lutam contra mineradora BRUMADINHO Na zona rural de Córrego do Feijão, idosos vivem cercados por barragem sob risco de rompimento, mina de exploração e mar de rejeitos Rurian Valentino
Amélia Gomes
E
ra para ser um sonho, uma casinha aconchegante cercada por muito verde num vilarejo pacato. O plano de Rejane e Ricardo era aproveitar os anos de aposentadoria no sítio comprado pelo casal, com o salário poupado ao longo de muitos anos de trabalho. Mas com a chegada da mineração, o que era sonho virou um eterno pesadelo. Hoje eles vivem literalmente em uma encruzilhada do terror: nos fundos do quintal passa o mar de rejeitos da barragem da Vale, que se rompeu no último dia 25. Em frente ao portão da casa fica uma mina de exploração e a vizinha do lado é outra barragem de rejeitos que está sob risco de rompimento. Tudo começou em 2008, quando a Mineradora Ibirité LTDA - MIB passou a explorar minério a menos de 100 metros do sítio do casal. Desde então, o trânsito de veículos pesados, a poeira incessante e os estrondos ensurdecedores das explosões na mina são constantes. Rejane de Moraes denuncia que os impactos causados às famílias nunca foram levados em conta. “Nos
Nos estudos para abrir a mina eles consideraram fauna, flora, mas os seres humanos não”
estudos para abrir a mina eles não consideraram os moradores num raio de 2 km de influência direta do empreendimento. Consideraram a fauna, a flora, mas os seres humanos, não”. De acordo com os moradores, até 2017 a MIB detinha autorização para abrir 400 furos na região, podendo utilizar 11 quilos de dinamite em cada uma das perfurações, o que equivale a um montante de 4.400 kg de explosivos. E os impactos das explosões saltam aos olhos. A casa onde vive o casal está com o telhado comprometido, a estrutura foi reforçada com estacas e cabos de aço. Além desse prejuízo, a fossa do imóvel também foi corrompida, as criações existentes no sítio morreram por causa dos abalos e as frutas que antes eram colhidas no quintal agora estão sempre envoltas em uma camada de poeira. Também a saúde dos idosos, após uma década de conflito com a MIB, está desgastada física e emocionalmente.
Briga judicial inclui processo, ações públicas, 60 denúncias e 26 boletins de ocorrência
A queda de braço
A briga judicial entre os moradores e a mineradora se arrasta desde 2012 e conta com um processo judicial, duas ações públicas, uma protocolada pelo Ministério Público e outra pela Defensoria, mais de 60 denúncias em órgãos ambientais das esferas municipal e estadual e 26 boletins de ocorrência. O casal também fez denúncias em dois vídeos produzidos pelos moradores que estão na internet. As tentativas de silenciamento de Rejane e Ricardo também são inúmeras. O casal já teve o imóvel invadido. Certa vez o sítio foi ata-
cado por um incêndio inexplicável que atingiu o local durante três dias, além das ameaças constantes dirigidas aos moradores. Rejane conta que uma vez o marido chegou a ouvir “Cuidado, você pode estar passando na estrada e um caminhão pode ficar desgovernado e passar por cima”. O alívio para o medo veio em 2017 quando eles entraram para o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos. Desde então, recebem acompanhamento do órgão que realiza visitas constantes aos moradores.
Novamente negligenciados
Em maio de 2018 a MIB conseguiu junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam uma autorização para expandir a mina. Novamente os impactos causados a Rejane e Ricardo e as denúncias dos moradores foram negligenciados. Com o aval, a exploração da mineradora saltou de 1,5 milhão de toneladas por ano para 2,4 milhões de toneladas por ano. Em consequência, o volume de rejeitos também aumentou. Agora eles estão sendo depositados a 200 metros da casa dos idosos. Imagens aéreas feitas pelo casal demonstram que o local virou uma barragem com água e rejeitos e que a estrutura apresenta fissuras. Atualmente, a exploração da mina está temporariamente paralisada por causa de um decreto do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A ordem
A nossa vida inteira está investida aqui e agora virou isso aí” foi expedida pela juíza Perla Saliba de Brito, quatro dias após o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão.
E o futuro? “A gente está num estado de choque, não sabemos o que vai acontecer. Estamos perdidos. A nossa vida inteira está investida aqui e agora virou isso aí”. O desabafo de Rejane, sobre a incerteza do rumo de sua vida, é interrompido pelo barulho dos helicópteros que a todo instante cruzam o céu da casa. O temor não é só de Rejane e Ricardo. O complexo minerário da MIB está apenas a 1,5 km de distância do centro de Córrego do Feijão. “Está todo mundo com muito medo do rompimento dessas barragens da MIB, porque além de estarem a 135 metros da minha casa, os rejeitos também podem chegar a Córrego do Feijão. Estamos apavorados”. Desabafa a moradora. MATÉRIA COMPLETA NO SITE WWW. BRASIL DEFATO.COM.BR
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Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019 Sarah Torres
Reforma da Previdência de Bolsonaro abandona trabalhadores informais DIREITOS Texto prevê sistema de capitalização e idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres
Tania Rego / Agência Brasil
Conselho de Psicologia orienta a categoria para lidar com crime da Vale BRUMADINHO Órgão reforça que trabalhos devem ser geridos pelo SUS Raíssa Lopes
Rute Pina
A
reforma da Previdência de Jair Bolsonaro ganhou contornos mais visíveis nesta semana. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da equipe econômica do governo de extrema direita retoma medidas da primeira proposta de Michel Temer (MDB), como equiparar a idade de aposentadoria entre homens e mulheres em 65 anos. O texto da PEC foi divulgado nesta terça (5) pelo portal Estadão e pela agência Broadcast. O governo quer fixar o tempo de contribuição de 40 anos para quem quiser receber o valor integral do benefício. Mas a grande novidade do texto é a criação de um sistema de capitalização. Neste sistema, o fundo da Previdência é extinto. As contribuições vão para uma conta individual e são aplicadas em investimentos. O valor é definido na contratação do plano, e o benefício que será recebido varia de acordo com a rentabilidade. Hoje, o modelo da Previdência se baseia no siste-
ma de repartição: há contribuição de trabalhadores, das empresas e do Estado. Ou seja, um fundo financeiro que cresce quando o emprego cresce. A economista Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teme os efeitos da proposta após a aprovação da reforma trabalhista. Segundo ela, se aprovada, a reforma de Bolsonaro aumentará a desigualdade
Projeto elaborado por Paulo Guedes deve passar por leitura do presidente no país. “O custo social dessa mudança é o seguinte: só os trabalhadores que conseguirem poupar uma parte do seu salário poderão fazer uma reserva para sua fase de inatividade”, alerta a economista. “Com os baixos salá-
rios que temos hoje no Brasil, pouquíssimos brasileiros poderão ter uma aposentadoria no futuro. E o Estado resolveu abandonar essa parcela da população porque, simplesmente, o regime de repartição acabou”, afirma. Quatro em cada dez trabalhadores no país estão no mercado informal, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2017 e 2018, houve perda de 460 mil vagas com carteira assinada. O texto do governo, por enquanto, tem apenas a previsão legal da capitalização, deixando a regulamentação para um projeto de lei. Porém, já determina que o modelo terá caráter obrigatório. A economista pondera ainda que a PEC não vai resolver o problema do déficit público. “Pelo contrário, o sistema de capitalização vai reduzir as receitas e provocar um déficit no regime geral, de repartição, que vai continuar existindo porque já tem aposentados que pertencem a esse regime”, diz a economista.
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Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG) está apoiando as ações voltadas para a saúde mental, na região afetada pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale. Como a tragédia levou um grande número de psicólogos voluntários – e com as mais diversas abordagens – para a cidade, a instituição realiza orientações técnicas e éticas sobre como deve ser desenvolvido o trabalho com os atingidos. Para a organização da categoria, o CRP-MG informou que o levantamento preliminar de necessidades deve ser unicamente aquele estabelecido pelo poder público, utilizando os serviços e recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Os encaminhamentos estão sendo definidos por frentes no Centro Operacional de Emergência (COE), criado em Brumadinho, e que conta com representantes das três esferas de governo. No momento, a prefeitura da cidade já recebe auxílio de
profissionais de Belo Horizonte, Lagoa Santa, Itaúna e Mariana. Além disso, o órgão considera que intervenções que minimizem os efeitos da tragédia são inadequadas, assim como aquelas que incentivam as vítimas a uma reconstrução imediata da vida – sem considerar que é uma elaboração difícil e singular. Também não é recomendável a medicalização excessiva nesta fase inicial. Em uma reunião realizada no fim de janeiro, o conselho reuniu psicólogos de várias instituições para divulgar os direcionamentos. No encontro, foi debatida a importância de trabalhar o luto e a perda, mas sem negar a responsabilidade da empresa. O CRP reforça, ainda, que o acolhimento não deve ser oferecido por estudantes. Médio, curto e longo prazo Um grupo de 30 psicólogos foi selecionado pelo CRP para ajudar nos procedimentos emergenciais. Para os atendimentos que serão realizados em médio e longo período, o órgão estuda a possibilidade de outras estratégias de orientação.
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MUNDO
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Nove razões pelas quais Relação com Israel ameaça Brasil os EUA perseguem o governo da Venezuela Redação
Yuri Cortez / AFP
Redação
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or que os Estados Unidos têm tanto interesse pela Venezuela e realizam ataques contra o país? A cientista política Nazanín Armanian fez uma lista das nove “razões”. 1. Recursos naturais A Venezuela possui uma grande quantidade de jazidas de diamante, ferro, cobre, alumínio, bauxita, coltan, urânio e gás natural, além de ter uma das maiores reservas de ouro do mundo. O país é dono de 24% das reservas mundiais de petróleo. 2. A presença da Rússia e da China Outro motivo são os laços econômicos da região com a China, sua principal credora, à frente dos EUA e da Grã-Bretanha. Está nos planos do governo chinês investir 40 bilhões de dólares em petróleo, mineração, alta tecnologia, entre outros. A Rússia também tem acordos de cooperação militar, econômica e cultural com a Venezuela. Tanto Beijing quanto Moscou assinaram acordos estratégicos de longo prazo com o país sul-americano.
3. Fracassos no Oriente Médio e foco na America Apesar dos intensos ataques militares dos Estados Unidos e seus aliados, que destruíram a vida de aproximadamente 100 milhões de pessoas no Oriente Médio, a Casa Branca não conseguiu controlar os territórios do Iraque, Afeganistão, Iêmen, Líbia, Sudão e Síria, devido à presença de outros atores mundiais e regionais na região. Neste cenário, a intenção da Doutrina Monroe é recuperar a América Latina, afastando as forças de esquerda e progressistas.
6. Enfraquecer o Tratado de Comércio dos Povos A aliança encabeçada por Bolívia, Cuba e Venezuela, criada em 2006, representa uma alternativa aos tratados de livre-comércio promovidos pelos EUA na América Latina.
4. Acabar com o projeto de integração econômica do Mercosul
8. A necessidade de Trump de ter sua própria guerra Todos os presidentes dos EUA devem ter pelo menos uma guerra no currículo, e com Donald Trump não será diferente.
5. Desmantelar a Petrocaribe A Petrocaribe, iniciativa da Venezuela lançada nos anos 2000 para administrar a venda de petróleo aos países caribenhos com condições preferenciais, representa uma ameaça ao controle do mercado internacional pelos EUA.
7. Evitar mais golpes ao petrodólar A Venezuela já comercializa seu petróleo em renminbi (moeda chinesa), euro e também em rúpia indiana. A desdolarização do comércio mundial enfraquece a hegemonia financeira dos EUA.
9. Lobby pró-Israel na América Latina contra a presença do Irã Irã busca aproximar-se da Venezuela de um modo pragmático, anunciando inclusive o envio de navios de guerra às águas do país hermano.
Turquia, Malásia, Indonésia, Jordânia e Palestina estão dispostos a enviar ao Brasil seus ministros de relações exteriores para discutir sobre a gravidade da transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O comunicado foi feito pela Turquia. A possível mudança da embaixada sofre forte resistência da comunidade internacional. No final do mês, o presidente da União de Câmaras Comerciais Árabes esteve no Brasil e afirmou que produtos brasileiros podem ser boicotados por consumidores árabes caso haja a transferência da embaixada brasileira em Israel. Para se ter uma dimensão da perda, as nações muçulmanas recebem cerca de
70% de todas as exportações brasileiras de açúcar, 46% do milho em grãos, 37% da carne de frango e 27% da carne de boi. Já o comércio com Israel representa bem menos de 1% do comércio exterior brasileiro. Conflito com Síria e Irã O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, disse que, caso Israel não cesse os ataques contra a Síria, irá receber uma “lição moralizante para governantes mentirosos e criminosos”. A última ação de Israel contra a Síria ocorreu em janeiro, quando o exército israelense bombardeou armazéns no país. A ofensiva foi considerada a mais devastadora desde maio de 2018.
Divulgação / Facebook
Direita vence eleições em El Salvador O empresário do ramo da publicidade Nayib Bukele venceu as eleições presidenciais de El Salvador, no dia 3, com 53% dos votos. Bukele não compareceu ao debate televisivo e divulgou suas propostas por meio de uma transmissão no Facebook. O vídeo de Nayib Bukele já havia sido gravado antes de o debate ter início. O então candidato também concedeu coletiva de
imprensa ao vivo nas redes sociais. A atividade violou a legislação eleitoral no país, que proíbe os partidos de fazerem campanha nos quatro dias que antecedem a votação. A vitória de Bukele encerra um período de dez anos em que o partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional-FMLN esteve à frente do comando de El Salvador.
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BAFAFÁ DANIELA E CAETANO LANÇAM MÚSICA-MANIFESTO PARA O CARNAVAL
Amiga da Saúde Estou na menopausa há cinco anos. É preciso fazer reposição hormonal? Leandra Gonçalves, 55 anos, manicure
O Carnaval está chegando e com ele os lançamentos de músicas para agitar os foliões nas ruas e avenidas do país. E uma das que prometem agitar a galera é a parceria entre Daniela Mercury e Caetano Veloso, em “Proibido o carnaval”. O clipe foi lançado nesta semana e mostra os dois cantores bem à vontade, ao ritmo quente da música, num cenário bem colorido, com bailarinos que vez ou outra trocam beijos (héteros e homos) entre si. A música pode ser considerada um maClipe critica nifesto contra aquilo que podemos chaimposição de mar de “caretice” ou “onda conservadopadrões de ra” que atinge o Brasil nos últimos temcomportamento pos. Por exemplo, fica bem clara a ree sexualidade ferência à fala da ministra Damares, de que meninos devem vestir azul e meninas rosa; a imposição de padrões de comportamento e sexualidade e a “certas proibições”. No final do vídeo, Daniela dedica o clipe ao seu companheiro Jean Wyllys, exilado na Europa após receber ameaças por sua militância em prol dos direitos humanos e da população LGBT. Daniela Mercury, autora da música, confirma mais uma vez a sua “militância musical”. Há tempos, ela vem se posicionando claramente contra o conservadorismo na sociedade brasileira. Ano passado, por exemplo, a considerada Rainha do Axé esteve à frente de trios elétricos em manifestações da campanha do #Elenão, que levou milhares de mulheres às ruas contra o então candidato Jair Bolsonaro. Sobre a parceria com Caetano, a cantora disse que ao finalizar a letra da música lembrou-se do cantor, que logo topou a parceria. Ao postar o clipe nas redes sociais, ela lhe agradeceu: “Obrigada por deixar eu abusar de você nesse clipe”. É fascinante ver a atuação de Caetano, que traz à memória seus tempos de Tropicália, com cores e ritmos vibrantes e visual bem à vontade. Que a mensagem de “Proibido o carnaval” tome conta de nossas ruas nessa grande folia que toma conta do nosso Brasil, trazendo alegria, boas energias e muita disposição para a luta contra toda intolerância e ódio. Estejamos, como diz a música, vestidos de rebeldia, provocando a fantasia. Que venha o carnaval!!! Um abraço! Felipe Marcelino é professor de filosofia.
Querida Leandra, esse período é chamado de climatério. Nele pode haver ondas de calor seguidas de suor frio, nervosismo, depressão, insônia, entre outras reações. A reposição hormonal é indicada somente para mulheres que têm sintomas muito intensos e é contraindicada para mulheres com doenças vasculares. O ideal é uma avaliação médica. Ninguém deve fazer reposição hormonal só porque está no climatério. Essa é uma fase natural da vida de toda mulher e é possível passar por ela sem grandes problemas. Alimentação saudável e exercícios físicos podem ajudar. Cuidado com as propagandas, a indústria farmacêutica só quer lucrar utilizando nossos corpos e vidas! Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Nossos direitos Contratos anteriores à reforma trabalhista devem ser rescindidos com Sindicato A homologação da rescisão dos contratos de trabalho deve ser feita no sindicato ou pode ser feita na própria empresa? A reforma trabalhista revogou a previsão anterior do art. 477 da CLT que determinava que a rescisão dos contratos de trabalho com mais de um ano devem ser homologados no sindicato. Segundo a nova regra, o empregador pode fazer isso na própria empresa. Porém, o Tri-
bunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul entendeu que a regra nova da rescisão contratual apenas se aplica aos novos contratos de trabalho. Em relação aos anteriores, ainda é obrigatório que haja a assistência sindical neste ato, pois é um direito adquirido dos trabalhadores e tal alteração de regra seria uma mudança no contrato negativa para o empregado. Fique atento!
André Barreto é advogado no Recife e membro da ABJD
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www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas BISCOITO FRITO DOCE
Reprodução
Ingredientes 2 ovos 1 copo de açúcar 1 colher de fermento 1 pitadinha de sal Farinha de trigo até o ponto de enrolar Óleo para fritar
Modo de Preparo 1. Bata os ovos, acrescente o açúcar mais 1 pitadinha de sal. 2. Acrescente farinha de trigo até o ponto de enrolar, coloque o fermento e amasse. 3. Faça tirinhas finas e pequenas e una as pontas. 4. Frite em óleo quente até dourar. A receita rende quatro porções.
Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 8 a 14 de fevereiro 2019 Reprodução
Comunidade conta suas próprias histórias em livro PINHÕES Quilombo surgiu em Santa Luzia há 300 anos Wallace Oliveira
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ma das comunidades mais antigas de Minas conta suas próprias histórias em um livro. O material é fruto do projeto “Histórias e sabedorias do quilombo”, da Associação Cultural das Mulheres Quilombolas de Pinhões, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, captados junto à Cemig. Durante um ano e meio, o trabalho foi se constituindo no diálogo entre os quilombolas e a equipe do projeto. Jovens da comunidade tiveram oficinas de produção de fotografia, elaboração de roteiro e rap. Eles conduziram entrevistas feitas com pessoas mais velhas da comunidade, indicadas pela associação. “Tentamos ser fieis à linguagem falada. Quando você lê o livro, vai conversando. É uma ‘transcriação’, que cria a escrita a partir da linguagem falada, do modo como cada um falou”, comenta a antropóloga Lúnia Dias, coordenadora do projeto. Com tiragem de mil exemplares, o livro é distribuído aos autores, participantes dos eventos de lançamento, escolas quilombolas de Minas, associações quilombolas da Região Metropolitana e à Fede-
ração das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais – N’ Golo. “Vamos ter que angariar recursos para uma segunda edição, pois outras pessoas querem. Essa tiragem não alcança toda a potência do livro”, prevê Lúnia. A apresentação do trabalho ao público acontece sábado (9),. Os quilombolas lançam o livro e também promovem uma exposição fotográfica e apresentações de rap. Séculos de vida, trabalho e cultura A Comunidade Quilombola de Pinhões fica em Santa Luzia. O grupo surgiu há 300 anos, quando cinco famí-
Famílias de trabalhadores escravizados deram origem à comunidade lias de trabalhadores escravizados das fazendas de Bicas e Macaúbas se instalaram no lugar. “Eles foram constituindo família, vivendo de plantações, criação de animais, artesanato, panelas de barro, tropas de bois e cavalos para levar alimentos para vender e
trazer lenha”, conta a quilombola Sônia Aparecida Araújo. As 400 famílias que atualmente vivem na comunidade realizam, entre outras atividades, trabalhos de lavadeiras, paneleiras e balaieiras que vendem hortaliças, doces e quitandas no bairro Floresta, região Leste de BH. No quilombo, há duas guardas de Congado: a Guarda de Congo do Divino Espirito Santo, formada por mulheres, e o Catopé da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, com 100 homens. “O projeto representa para a gente um resgate da nossa própria história. Nós somos remanescentes quilombolas. Então, como há resistência de algumas pessoas, pois as opiniões divergem e há uma dificuldade de entender a própria história, nada melhor do que começar a contar pelos próprios anciões a história do lugarejo”, avalia Sônia.
DENÚNCIA EM CENA
A peça Lama reestréia no próximo dia 14. A trama, do Grupo Andante, denuncia as consequências do rompimento da Barragem de Fundão, em Bento Rodrigues. Após a tragédia em Brumadinho, o grupo decidiu retornar aos palcos. A nova temporada fica em cartaz até o dia 24 de fevereiro, de quinta a domingo, sempre às 20hs, na Funarte. O endereço é Rua Januária, 68 – Centro. Os ingressos custam R$15,00.
É CARNAVAL
Em cartaz até o dia 1º de março a mostra “De outros carnavais” conta histórias da folia e homenageia blocos caricatos e escolas de samba. O visitante vai poder conferir fantasias carnavalescas, uniformes de baterias de blocos e de escolas de samba e até um carro antigo usado nos desfiles de carnaval! A mostra acontece de 9 às 19h. Já nos finais de semana, fica exposta de 9 às 14h no hall da Prefeitura. O endereço é Avenida Afonso Pena, n° 1212.
FESTIVAL EM VENDA NOVA
Lançamento do livro Onde Centro de Referência da Juventude. R. Guaicurus, 50. Centro, BH Quando sábado (9), das 14 às 17h
Acontece na terça-feira (12), uma ação beneficente no Espaço Zilah Spósito. Na programação, corte de cabelo, duelos e shows. A grande atração é a apresentação de Djonga, um dos maiores nomes do rap atual. Para entrar é preciso levar 2 kg de alimentos não perecíveis. O espaço cultural fica na Rua Carnaúba, 286, no bairro Jaqueline, em Belo Horizonte.
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ESPORTE
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na geral
Copa do Nordeste apoiará pessoas com autismo A cada ano, a Copa do Nordeste apoia uma ação inclusiva. Em 2019, o autismo será abordado, com o tema: “Conhecer para entender e entender para incluir”. Em Pernambuco, a entidade escolhida foi a Associação de Famí-
lias para o Bem-Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (Afeto), que fica no bairro da Encruzilhada, no Recife (PE). O grupo conta com 44 profissionais de diversas áreas, que acompanham 30 pessoas com idades entre 2 e 20 anos.
Paratletas brasileiros conquistam dois bronzes
Tadeu Casqueira / CBDV
Treinamento esportivo: vagas em Udi e BH Uberlândia
A Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel) oferece treinamento esportivo a menores, na faixa etária de 7 a 17 anos. Na segunda-feira (4), a Futel abriu inscrições gratuitas para 1000 vagas, nas modalidades de futebol de campo, futsal, vôlei, basquete, natação, hidroginástica e ginástica funcional. Para participar, é necessário comparecer ao local de interesse, de segunda a sexta-feira, com documento de identidade ou certidão de nascimento, atestado médico, comprovante escolar e um responsável. Mais informações: (34) 3239-2444.
Belo Horizonte
Também na segunda (4), a Prefeitura de Belo Horizonte deu início ao calendário do programa Superar, que atende a mais de 900 alunos com deficiência física, visual, intelectual, auditiva, múltipla e autismo. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, pela manhã, tarde e noite, em oito centros de referência da capital. Há vagas nas modalidades de atletismo, basquetebol, bocha regular, bocha paralímpica, dança, futsal, goalball, judô, natação, patinação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado, parataekwondo, funcional e percussão. Para participar, é necessário ter mais de 6 anos de idade e laudo médico comprovando a deficiência. Mais informações pelos telefones: (31) 3277-4546 e 32777681. ANÚNCIO
No início da semana, o Brasil faturou duas medalhas de bronze em competições internacionais paradesportivas. Em Tóquio (Japão), domingo (3), a Seleção Brasileira feminina de goalball ficou em terceiro lugar no Japan Para Championship. A medalha veio após a vitória por 6 a 5 sobre os Estados Unidos. Já na terça-feira (5), em Antalya (Turquia), a potiguar Cristhiane Neves faturou o bronze na categoria até 58 kg do Campeonato Mundial de Parataekwondo. Na decisão do terceiro lugar, Cristhiane derrotou a sérvia Marija Micev por 21 a 1.
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ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Arquivo pessoal Bruno Cantini / Atlético
Caixa atrasa pagamentos a clubes N
o governo Bolsonaro, a Caixa Econômica Federal ainda não pagou as últimas parcelas dos compromissos firmados em contrato com alguns clubes brasileiros. É o que afirma uma re-
portagem do portal Uol Esporte, publicada na quinta-feira (7). Segundo a reportagem, entre os parceiros que a Caixa não pagou estão América-MG (R$ 1,2 milhão), Atlético-MG (R$ 3,5
milhões), e Cruzeiro (R$ 4 milhões). Os contratos de patrocínio dão à empresa estatal o direito de expor a marca em uniformes, atividades e nas mídias dos times.
“Pela conquista de direitos, pela igualdade, pela possibilidade de ter o amor reconhecido. E por todos e todas que se colocaram em risco, apanharam, morreram, mas nunca deixaram de militar para que a gente tenha oportunidade de celebrar o amor e a união”
Escreveu Fabi, ex-líbero da Seleção e campeã olímpica de voleibol, após se casar com a diretora de seleções da Confederação Brasileira de Voleibol, Júlia Silva.
Gol de placa Os mascotes de Atlético e Cruzeiro estiveram esta semana em Brumadinho. Galo Doido, Raposão e a Raposinha brincaram com as crianças, divertiram os adultos e diminuíram por um instante a tensão e a tristeza dos atingidos pelo massacre da Vale.
Gol contra Faltou, no mínimo, empatia ao cruzeirense Thiago Neves, ao provocar o Atlético, dizendo: “barragem que já caiu uma vez assusta moradores de Vespasiano e região”. Que graça ele viu ao fazer essa piada, depois de Mariana, depois de Brumadinho?
Isso é teimosia
Dentro e fora de campo
Cilada
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
O técnico Givanildo Oliveira merece todo o apoio e reconhecimento do torcedor americano. É o treinador mais vitorioso da história recente do time, com vários acessos e títulos, e continua conseguindo montar times competitivos e organizados. Mas, como sempre, Decacampeão abusa da teimosia, principalmente quando o assunto é mexer na equipe. A começar pela escalação: só altera o time titular por lesão ou suspensão. Assim, não aproveita o fraco Campeonato Mineiro para testar o elenco. Nos jogos, só faz substituições depois dos 30 minutos do segundo tempo – quando faz! Contra o Patrocinense, mesmo com o time sendo pouco efetivo no ataque e tendo boas peças no banco, Givanildo só fez uma substituição.
Antes de avaliar a atuação contra o Danúbio, no Uruguai, na estreia do time na Copa Libertadores, cabe uma constatação: comentar futebol e analisar probabilidades é cilada. Na véspera do jogo, o favoritismo do Atlético era cantado em prosa e verso. E o que viGalo doido! mos: as falhasÉmais gritantes foram do Galo, principalmente da defesa, renovada e reforçada. O empate deu a vantagem de dois resultados iguais, terça-feira (12), no Independência. Apesar do otimismo, minha preocupação é com as próximas fases, quando, realmente, a equipe precisa evoluir, e muito. E segue o baile no Campeonato Mineiro, sábado, contra a Caldense, em Poços de Caldas. Um aquecimento para encarar os uruguaios.
Salve, nação azul! Finalmente, os reforços celestes estrearam com o manto sagrado! A melhor exibição contra o Villa Nova foi de Orejuela, que apoiou bem o ataque, mostrando que temos um bom quarteto de laterais. Rodriguinho e Dodô têm muito taLa Bestia Negra lento. A bola fora da semana ficou fora de campo. Thiago Neves esqueceu o bom senso, ao fazer piada com o desastre da Vale. Jogador de futebol tem que entender os limites das brincadeiras, especialmente por serem pessoas públicas sendo observadas por milhões. Naquela tragédia, aliás, vários cruzeirenses também se foram. Que a rivalidade sadia sempre prevaleça. Tenho certeza de que a nação reprova a atitude de Thiago Neves. Saudações celestes!