Elza Fiúza / Arquivo ABr
Prefeitura de Serro
Reforma tira dos pobres
Serro não quer mineração
Trabalhadores que recebem até dois salários mínimos serão os mais prejudicados
Projeto coloca em risco produção de queijo e agricultura familiar
BRASIL 8 E 9
CIDADES 5
MG Minas Gerais
Belo Horizonte, 1 a 14 de fevereiro de 2019 • edição 273 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Cacá Lanari / Belotur
UFA, CHEGOU O CARNAVAL! Em meio a tantas notícias ruins nesse início de 2019, o carnaval promete tudo de bom. Aproveite melhor a festa: confira roteiro de blocos, dicas e desfiles das Escolas de Samba I CULTURA 2,14 E 15
A preço de banana
Bolsonaro elogia um monstro
Há 20 anos, quinta melhor empresa do mundo nas telecomunicações foi leiloada. O que mudou?
Presidente expõe Brasil ao elogiar ditador responsável pela tortura de 20 mil pessoas e acobertar nazistas
ENTREVISTA 11
OPINIÃO 6
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
Editorial | Brasil
Carnaval é força do povo Nós somos fruto de uma longa história. Em nosso passado nefasto, gente era tratada como coisa. Já vivemos a situação de colônia, de ditadura. Depois veio a redemocratização e a esperança de ser um país soberano e mais justo. Sobrevivemos e chegamos ao que somos hoje. Nesse momento, com menos de dois meses de (des)governo de ultra direita, o presidente Bolsonaro passou vergonha internacional; apresentou uma proposta de destruição da Previdência; se subordinou aos
ESPAÇO DOS LEITORES Ainda que eu seja atleticana, comungo e aplaudo o texto da Izabela. Elizabeth Neves de Carvalho sobre o artigo “A segunda chance”, sobre Raniel, atacante do Cruzeiro.
“Mas o capitão não escondeu que gostaria de matar uns 30mil, antes das eleições... Agora que ganhou vai matar uns 30 milhões” Rita Andreata comentando o artigo de João Paulo Cunha “Matar os jovens, deixar morrer os velhos”
Será que alguém pagará por este crime ? Marize Alves Fernandes sobre a notícia “Centenas de manifestantes se reúnem na Praça da Liberdade” Toda nossa força ao povo e ao governo da Venezuela, defendam sua soberania e suas riquezas. Jorge Fernandes sobre a matéria “Maduro questiona suposta ajuda humanitária dos EUA”
da não foi plenamente libertado. E sem espaço para viver, sobe as encostas das grandes cidades para construir suas casas e abrigar a família. Sobrevive à exploração, à falta de políticas públicas, indignados e desempregados. Festa da resistência Samba que foi perseguido e rotulado como vagabundagem. Mas dele nasce o carnaval com a força do povo nas ruas, contra as ditaduras e a falta de esperança, para construir a alegria e a liberdade para novos dias que virão. Carnaval hoje que também tem segrega-
Samba carrega sangue dos nossos avós Estados Unidos no ataque à soberania da Venezuela; e tem umas das menores aprovações desde Fernando Henrique Cardoso. Como em outros tempos históricos, precisamos nos vestir de resistência. Termos confiança no nosso povo brasileiro, que com sua força teve capacidade de se recuperar de tempos difíceis. Fazer da criatividade nossa arma. Essa criatividade e força criaram uma das maiores manifestações populares: o carnaval. Mistura do samba, dos batuques dos terreiros, do embalo do maxixe com a resistência do povo negro escravizado. Já dizia Nelson Sargento, “samba, negro, forte, destemido, foi duramente perseguido, na esquina, no botequim, no terreiro”. Samba que nasce dos morros, do povo que ain-
Carnaval ensina liberdade ção, como regalias no camarote fechado, abadás exclusivos e mulatas vendidas para gringo. O carnaval e o samba carregam o sangue dos nossos ancestrais. Como o Pato N’água, morto pela ditadura, diretor da bateria da Vai-Vai, esquecido na história, artista de rua, artista do povo. Ainda fazemos carnaval porque acreditamos na potência do batuque, na exaltação do povo, na criação do novo. Fazemos carnaval para estar na rua, ocupar a encruzilhada, festejar a tradição e acabar com a exploração. Fazemos carnaval e ele nos ensina que o povo conquistará sua liberdade e resgatará nossa democracia.
Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello, Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Trump (EUA) pressiona Bolsonaro (PSL) a entrar em uma possível guerra contra a Venezuela. Embora generais tenham se posicionado contra, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, defendeu que o Brasil ceda à pressão e participe da derrubada violenta do presidente Maduro. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:
Caso o Brasil ataque o país vizinho, você concordaria em participar do combate?
Não. Primeiramente, porque eu sou contra conflito, não acho uma necessidade o que está acontecendo. Sem contar que os Estados Unidos estão com interesse maior no petróleo. Eu não acho certo nem justo e, se eu pudesse desertar, eu desertaria.
Eu não gostaria de participar. Eles brigam entre si e querem colocar a gente como escudo. Eu acho isso muito errado. E muitos que vão para a guerra não voltam. Eu acho que não vale a pena morrer por pessoas que não estão nem aí para a gente.
Rovilson Laranjeira , Atendente
Henrique Rocha, Gerente de Bar
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
GERAL
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Declaração da Semana Seu presidente não os decepcionará! O Brasil ao lado de todos, nem acima nem abaixo. Nossa bandeira jamais será laranja!” Twittou o ator José de Abreu, que se autoproclamou presidente do Brasil como crítica ao Juan Guaidó, parlamentar que se autoproclamou presidente da Venezuela.
A alimentação influencia no cheiro do nosso corpo? Reprodução
Pode parecer brincadeira, mas comer determinados alimentos em excesso pode mudar o odor exalado pelo corpo. Isso porque a pele é um dos filtros do corpo, assim como o fígado e os rins. O excesso de carne, por exemplo, pode liberar toxinas com um cheiro parecido com amônia. Outros alimentos, como alho, ovos, peixes e cebola, quando consumidos em excesso, também podem influenciar no cheiro.
Rotativo de BH liberado durante o carnaval
Rafa Aguiar
As áreas de estacionamento rotativo serão liberadas entre os dias 2 e 5 de março em Belo Horizonte. A BHTrans definiu, na segunda (25), que, durante o carnaval, não haverá necessidade de utilização do crédito eletrônico ou folha de talão. Atualmente, o sistema conta com 23.574 vagas físicas em 880 quarteirões da capital.
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MINAS
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
Reabertura do Hospital São João de Deus ainda é incerta SAÚDE Em 2015 a instituição foi fechada e desde então cidade não conta mais com serviço de maternidade Reprodução
Amelia Gomes
A
Câmara Municipal de Santa Luzia realizou no dia (26) uma audiência pública para debater a situação do Hospital São João de Deus, fechado desde 2015. O hospital fazia à época 200 atendimentos por dia. Em dezembro de 2018, o atual prefeito de Santa Luzia, Cristiano Xavier (PSD) e a Irmandade São João de Deus, assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC com o Ministério Público de Minas Gerais para a reabertura da entidade. No entanto, a retomada da instituição ainda não é certa.
dade. No último dia 5, a prefeitura divulgou os nomes que vão compor o órgão. Mas a escolha dos membros gerou polêmica, já que o esperado era que a comisAtrasos e contradições são não tivesse vinculação Um dos termos do TAC direta com a prefeitura. Enprevia a eleição de uma co- tretanto, entre os membros missão gestora para a enti- estão a Superintendente
Investigação No fim do ano passado, Gilberto da Silva Dorneles, prefeito à época do fechamento do hospital e Paulo de Tarso Machado, então secretário de Saúde, tiveram seus bens bloqueados pelo Ministério Público de Minas Gerais. Os réus são suspeitos
PBH
de Administração e Planejamento, como presidenta, e o coordenador de compras da Secretaria de Saúde. Também está prevista no TAC a assinatura de um contrato sobre como serão quitadas as dívidas da prefeitura com o hospital. O TAC determina que o contrato deve
apresente um relatório sobre a capacidade técnica da comissão eleita para gerir o hospital.
ser assinado em até 30 dias após a criação da comissão gestora, ou seja, no próximo dia 5 de março. Para tentar sanar as divergências, o MPMG se reuniu novamente com a prefeitura e a Irmandade, no último dia 20. O órgão deu dez dias para que prefeitura
Hospital fazia 200 atendimentos por dia de improbidade administrativa, lesão ao erário e enriquecimento ilícito.
Defensores dos direitos humanos articulam estratégias de enfrentamento REDE Encontro reuniu líderes populares que denunciam grandes empreendimentos, como as mineradoras PPDDH
Amélia Gomes
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m um intervalo de pouco mais de um mês, o jornalista Jurandir Persichini teve sua casa invadida, furtada e incendiada. O atentado, que aconteceu em 2016, é apenas uma das formas de intimidação. Jurandir é membro do grupo de pesquisa da Comissão da Verdade de Minas Gerais, que investiga as infrações de direitos humanos cometidos por mineradoras preendimentos minerários durante a ditadura militar. na região metropolitana de Há anos o jornalista denun- Belo Horizonte. Situação semelhante vicia irregularidades de emveu o agricultor Adair Perei-
ra. Ele foi ameaçado de morte no portão de casa. Adair mora na comunidade geraizeira de Vale das Cancelas, no norte do estado. A região
é um território tradicional e há anos sofre com as plantações de eucalipto. Desde a chegada das empresas ele faz denúncias sobre os danos e prejuízos causados pelos empreendimentos na cidade. Recentemente uma nova ameaça ronda a região; a implantação de uma mina. Adair afirma que mais uma vez a comunidade não está sendo consultada. Adair Pereira e Jurandir participam do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos - PPDDH. Dos 66 defensores incluí-
dos no Programa, dez atuam na luta contra as mineradoras. O PPDDH existe desde 2010 em Minas Gerais. Entre os dias 26 e 27 de fevereiro, a entidade organizou, em Belo Horizonte, um Encontro da Rede Parceira do PPDDH. “O nosso principal objetivo é garantir que aquele defensor continue atuando na área. O programa articula uma rede de proteção aos defensores, chamando a responsabilidade para os órgãos públicos e entidades”, destaca a coordenadora estadual do Programa, Maria Emília da Silva.
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
MINAS
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Agricultura familiar e produção de queijo estão ameaçadas por mineração no Serro IMPACTOS Projeto idealizado pela empresa Herculano prevê abertura de mina a 5 km do centro histórico da cidade Reprodução / IPHAN
Larissa Costa
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economia tradicional da cidade do Serro, na Região Central do estado, está ameaçada pelo projeto de extração de minério de ferro que a Herculano Mineração pretende instalar. Especialistas alertam que as atividades que hoje movimentam economicamente a cidade – o turismo, a produção de queijo e a agricultura familiar – podem sofrer impactos graves. Juliana Deprá, da coordenação estadual do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), adverte que “a partir do momento que a mineração chega, tudo gira em torno dela. Tem uma
Abastecimento da cidade ficaria comprometido
diminuição de outras atividades que garantiam o trabalho e a renda das famílias”.
Turismo Segundo Juliana, em cidades onde existe atividade minerária, os serviços de
hotelaria, como pousadas e restaurantes, se voltam apenas para a mineração, prejudicando o turismo. O projeto da Herculano prevê a abertura de uma cava a cerca de 5 km do centro histórico da cidade. Serro foi tombada em 1938. “Será que os casarões históricos suportarão a vibração das explosões de dinamite? Não tem estudo sobre isso”, questiona Matheus Leite, advogado da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais (N’Golo). A área de atuação prevista no projeto é no caminho para Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, distritos turísticos de muitas cachoeiras.
O empreendimento que a Herculano pretende instalar está na região da bacia do rio do Peixe, principal fonte de abastecimento da área urbanizada do Serro. Segundo Matheus, rios que abastecem regiões rurais também serão afetados. Agricultura familiar Além disso, a área do projeto se sobrepõe à Comunidade Quilombola de Queimadas, onde vivem cerca de 50 famílias da agricultura familiar. “Viver sem água e sem conseguir plantar é a mesma coisa que decretar a morte daquelas pessoas”, indigna-se Matheus. Atualmente, a votação sobre o projeto está suspensa no Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Kiriris de Caldas (MG) fundam associação e afirmam: ‘Essa terra é nossa’ SUL DE MINAS Tribo conta com casas de taipa, criação de galinhas, porcos, horta e duas áreas de plantio de milho e inhame Ronaldo Eli / ASA
Alan Tygel
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tribo Kiriri da cidade de Caldas, no sul de Minas Gerais, acaba de dar mais um passo na luta pela terra. Os indígenas criaram no início deste ano a Associação Indígena Kiriri. Para o Cacique Adenílson, a criação da Associação é um passo importante. Ele lembra que a tribo passou por momentos difíceis, após um despejo em 2017, quando foram enviados pelo governo de Minas Gerais para uma terra em Patos de Minas, onde não havia nenhuma estrutura. Eles conseguiram voltar a Caldas e desde então lutavam para conquistar a criação da
parte da tribo em busca de um local onde pudessem viver com dignidade e preservar sua cultura. Ao retornarem, ocuparam um terreno pertencente à UEMG, que estava há mais de uma década aban-
A tribo sofreu ordem de despejo em 2017
Associação. A tribo Kiriri se instalou na cidade de Caldas, no Sul de Minas Gerais, em outubro de 2016. O tama-
nho reduzido da terra indígena e a redução da quantidade de peixes no Rio São Francisco forçaram a migração de
donado. Em 2017, após uma ordem de despejo, a tribo saiu do local e se instalou em Patos de Minas, seguindo orientações da Funai. O local, no entanto, não apresentava nenhuma estrutura
e os Kiriris voltaram, incentivados pela própria comunidade do Bairro do Rio Verde. Hoje, a tribo conta com 12 casas de taipa, criação de galinhas, porcos, horta e duas áreas de plantio de milho e inhame. As negociações com a UEMG vinham avançando, e já há um projeto de extensão da universidade planejado para o local. No dia 24 de janeiro, ocorreria uma audiência de conciliação entre os Kiriris e UEMG. Esta audiência, no entanto, foi cancelada. De acordo com a AGE, após a troca de governo, será preciso aguardar uma manifestação da nova administração estadual.
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MINAS
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
Opinião
Abaixo da linha da civilização João Paulo Cunha O presidente Jair Bolsonaro elogiou Alfredo Stroessner durante solenidade de nomeação de dirigentes da hidrelétrica de Itaipu, que Brasil e Paraguai dividem no Rio Paraná. Estava ao lado do presidente Mário Abdo Benítez. Bolsonaro chamou o ditador paraguaio (segundo ele “nosso general”) de “homem de visão” e “estadista”, num discurso que também exaltou a ditadura brasileira, portadora para ele das mesmas características positivas. Poderia ter sido apenas um destempero típico de um homem inepto no uso das palavras e ideias. Mas a afirmação é grave demais para ficar na cota da limitação cognitiva. Stroessner foi um monstro. Decretou prisões arbitrárias na casa dos milhares, assassinou centenas de pessoas e deixou um saldo de dezenas de desaparecidos. Durante a ditadura, que comandou com mão de ferro, foram torturadas em torno de 20 mil pessoas. Não
Stroessner foi um monstro era uma prática dos porões, mas uma política de Estado. São conclusões oficiais da Comissão da Verdade do Paraguai. Stroessner manteve-se no poder por meios ilegítimos por mais de 35 anos. Responsável por crimes contra a humanidade, deu asilo a oficiais nazistas, inclusive os responsáveis pela política de extermínio de judeus em campos de concentração. Foi responsabilizado por centenas de estupros e atos de pedofilia durante décadas. Morreu com mais de 90 anos, no exílio brasileiro. Tanto horror, em escala tão impressionante, deixou marcas vivas na memória do povo paraguaio. O próprio presidente atual, filho de um colaborador próximo de Stroessner por mais de 30 anos, precisa li-
dar sempre com esse fato, do qual busca se distanciar. Os processos de normalizar a memória da ditadura são feridas que sangram ainda hoje no país vizinho. Mas se a afirmação causa dor em várias gerações de paraguaios, traz um alerta grave para os brasileiros. Bolsonaro deixa claro o que entende como papel do estadista. Não preza a democracia. Na sua escala de valores, a ditadura, a tortura e o autoritarismo são legítimos instrumentos do homem de visão. Quando o presidente eleito apoia torturadores, coloca o país numa posição vergonhosa e rebaixa nossa perspectiva no concerto das nações. Bolsonaro, além de intervir em questões que não lhe cabem, manda um recado para a comunidade internacional e para seu próprio povo. A ameaça mora em casa. O candidato Bolsonaro já fez isso. Agora, perigosamente, o presidente Bolsonaro confirma o gesto e sublinha sua inspiração ética posta abaixo da linha da civilização. ANÚNCIO
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Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019 Marcelo Camargo-Agência Brasil
OPINIÃO
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João Renato Diniz Pinto
Mineração aqui, não!
Por que o “pacote anticrime” de Moro é uma licença para matar? O Ministro da Justiça Sérgio Moro apresentou no início de fevereiro deste ano o que chama de “pacote anticrime”. Entre as modificações legais do projeto está a abrangência dos casos de isenção de responsabilidade dos policiais que matarem civis ao agirem por “excesso decorrente de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. O último Atlas da Violência, lançado em 2018, apontou que entre os anos de 2006 e 2016, a taxa de homicídios de indivíduos negros saltou 23,1% no Brasil. De acordo com o levantamento, 71,5% das pessoas que foram assassinadas no país em 2016 eram pretas ou pardas. Só em 2017, Conforme o Anuário do Fórum Brasileiro de Segu- a polícia matou rança Pública, só em 2017 a polícia brasileira matou 3.240 pessoas 3.240 pessoas negras, quase três vezes mais do que pessoas brancas. Hoje essas mortes são muitas vezes negras acobertadas por “autos de resistências” forjados pelas instituições militares com a finalidade de justificar ações excessivas do Estado. Caso a medida de Moro passe, os autos de resistência não serão, sequer, necessários. Bastará ao policial afirmar que agiu em decorrência de justificável “medo” ou de “violenta emoção” e sua absolvição estará garantida. O genocídio da juventude negra não será barrado por um Estado policialesco. Em um Estado racista, a cor da pele é que definirá - como já define - o tamanho do medo e da emoção do policial. Clarissa Nunes é advogada criminalista e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)
João Renato Diniz Pinto é jornalista e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais Na edição 235...
ACOMPANHANDO
Clarissa Nunes
A sociedade brasileira vive alerta para o próximo rompimento de barragem de rejeitos das mineradoras espalhadas pelo Brasil sob a regulação desastrosa da Vale. Não é diferente no norte de Minas. O distrito de Vale das Cancelas, em Grão Mogol, tem protestado contra a Sul-Americana de Metais (SAM Metais) e sua intenção de levar adiante o projeto de mineração no Alto Rio Pardo de Minas, que deseja sugar da terra todo o minério possível e transportá-lo por meio de um mineroduto de Grão Mogol até o Porto de Ilhéus, na Bahia. Como se não bastasse tanta falta de senso de humanidade por parte das mineradoras financistas, constata-se nas redes sociais do deputado federal Marcelo Freitas apoio à mineradora SAM Metais. O deputado é acompanhado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros, Edilson Carlos Torquato. No dia 15 de fevereiro de 2019, o deputado federal do Partido Social Liberal (PSL) comemorou: “Dia realmente muito produtivo. Estivemos também reunidos com os diretores da empresa SAM Mineração. Esta grande empresa, que pretende investir no Norte de Minas mais de 2,1 bilhões de dólares, trará novas tecnologias e milhares de empregos para nossa região”. Todos nós sabemos do potencial destruidor que a atividade minerária é capaz de carregar em sua atividade Queremos nossa gananciosa. Temos os exem- vida a salvo plos concretos da Barragem do Fundão em Mariana (MG), que matou 19 pessoas; da Barragem do Feijão em Brumadinho, que assassinou mais de 150 pessoas; e agora o acionamento de sirenes em diversas cidades. Não acreditamos mais no discurso de geração de empregos e de tecnologia. Queremos nossa vida a salvo e o meio ambiente preservado. Mineração aqui, não!
Treze anos depois Azeredo é preso E agora... Azeredo pede para responder em liberdade Nesta semana, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal, solicitando sua liberdade até o julgamento do seu recurso no Superior Tribunal de Justiça. O pedido foi entregue ao STF e está sob relatoria do ministro Jorge Mussi. Desde maio de 2018, Azeredo cumpre pena, de 20 anos e 1 mês, em regime fechado em uma cela especial no Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte. O ex-governador foi condenado por peculato e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção do Mensalão Tucano.
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BRASIL
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
Mudança no PIS/Pasep afeta 21 milhões de brasileiros que ganham entre 1 e 2 salários PREVIDÊNCIA Sonegação fiscal referente a 2018 chegou ao patamar de R$ 570 bilhões Marcello Casal /Agência Brasil
Cristiane Sampaio
A
mudança das regras referentes ao abono do PIS/Pasep, concedido anualmente aos trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois salários mínimos, afetará 21 milhões de brasileiros se a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Previdência for aprovada. O dado é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O pagamento é proporcional ao tempo trabalhado no ano anterior, e o propósito do abono é aprimorar a distribuição de renda, contribuindo para a redução das assimetrias sociais. A reforma altera a norma de concessão do abono para determinar que a liberação seja somente para trabalhadores que recebem até um
Superávit pode chegar a R$ 603,8 bilhões gra para determinar que a idade mínima para a liberação integral do BPC a idosos salte de 65 para 70 anos, com possibilidade de concessão de R$ 400 a partir dos 60 anos. Menos da metade do salário mínimo atual, que é de R$ 998.
salário mínimo. A mudança tende a fazer a economia brasileira perder R$ 27,7 bilhões de movimentação. BPC só depois dos 70 anos A reforma altera as normas do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que
atualmente consiste no pagamento de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência que não tenham condições de se manter ou de serem sustentados por familiares. A proposta de reforma da Previdência altera a re-
Não existe déficit na Previdência O diretor da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Francelino Valença, discorda que a Previdência Social amarga déficit de R$ 195,2 bilhões. Ele sublinhou que a estimativa de sonegação fiscal re-
ferente a 2018 chegou ao patamar de R$ 570 bilhões. Além disso, a média de renúncias fiscais em relação à Previdência Social é de R$ 142 bilhões. Considerando todas as potenciais receitas do caixa da Previdência pública – que incluem, por exemplo, tributação de lucros e dividendos, desvinculação das receitas da União (DRU), CSMF, entre outras fontes –, a Fenafisco calcula que o superávit poderia chegar a R$ 603,8 bilhões. O coordenador nacional do Movimento Acorda Sociedade (MAS), Clodoaldo Júnior, enfatizou que a campanha midiática não explicita os reais problemas do sistema previdenciário. Para Pedro Armengol, da CUT, “a sociedade brasileira está sendo manipulada por uma narrativa mentirosa”, acredita.
Dificuldade de articulação política de Bolsonaro Edilson Rodrigues / Agência Senado
O
s planos de Jair Bolsonaro (PSL) para tramitação da reforma da Previdência podem ser frustrados na Câmara dos Deputados por conta da incapacidade de articulação política demonstrada pelo Palácio do Planalto. A avaliação é de deputados de oposição. Apesar do lobby do mercado financeiro e da força de outros setores políticos e econômicos interessados na aprovação da reforma, o percurso da matéria poderá ser trabalhoso. “É um governo muito desarrumado, desorganizado, despreparado, e certamente esse é um dos entraves.
É um debate difícil, quanto mais para um governo que não consegue ter um mínimo de articulação política”, avalia o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).
O fator Lorenzoni Mesmo com superioridade numérica, o governo não conseguiu consolidar uma base de apoio na Câmara e tem enfrentado críticas à condução
da Casa Civil. A pasta tem como uma de suas funções a promoção do diálogo entre os Poderes Executivo e Legislativo. Atualmente é liderada pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Na Câmara, o democrata, que é membro da chamada “bancada da bala”, tem histórico de episódios relacionados a falta de diálogo e quebra de acordos. Por conta disso, coleciona desafetos dentro do seu próprio partido e da sigla de Bolsonaro, o PSL. PSL Ivan Valente (PSOL), acredita que “o partido do presidente, apesar de
grande, tem imensas fragilidades: ultra-heterogêneo, inexperiente e que foi eleito muito na base de fake news e eleição via internet. Eles não têm experiência. O Bolsonaro mesmo é uma pessoa super despreparada e tem a interferência dos seus filhos”, analisa o psolista. Primeira disputa A primeira disputa legislativa que o governo irá enfrentar em relação à reforma da Previdência será na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O colegiado deverá ser instalado após o carnaval.
BRASIL
Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
PEC de Bolsonaro mira quem recebe R$ 1,8 mil de aposentadoria APOSENTADORIA Cerca de 80% do valor que o governo Bolsonaro pretende “poupar” com a reforma será fruto de cortes no regime geral EBC
Rafael Tatemoto
Capitalização Paulo Kliass, economista, acrescenta que “o coração da reforma é o disposi-
Superintendente que denunciou risco em Brumadinho é demitido Na quinta (28) foram demitidos 21 superintendentes de regionais do Ibama, pelo Ministério de Meio Ambiente, chefiado por Ricardo Salles. Um dos funcionários exonerados foi Julio Cezar Dutra Grillo, superintendente do Ibama em Minas Gerais. Dutra Grillo participou de reunião da Câmara de Atividades Minerárias (CMI), em 11 dezembro de 2018, que aprovou a licença para as operações da Mina de Córrego de Feijão da Vale. Na ocasião teria alertado que a barragem não apresentava “risco zero”.
O
governo Bolsonaro (PSL) tem propagandeado o combate às desigualdades como estratégia para angariar apoio à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 6/2019. Levantamentos técnicos apontam que cerca de 80% do R$ 1 trilhão que o governo pretende “poupar” com a PEC da reforma da Previdência será fruto de cortes no regime geral. Para Juliane Furno, doutoranda na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), essa informação derruba qualquer slogan do governo. “A desigualdade nas aposentadorias não está no regime geral: está no regime próprio. Se fosse para combater desigualdades, teria que se mexer muito mais no regime próprio”, argumenta. No regime geral, para o serviço privado, o benefício médio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é de R$ 1,8 mil. Já no regime próprio, dos servidores públicos, os aposentados civis da União e dependentes custam em média R$ 9 mil mensais. Segundo Furno, no interior do setor privado, a progressividade das alíquotas é extremamente limitada, tendo como teto 11,68% para quem recebe até R$ R$ 5.839,45: “Salários muito superiores irão contribuir com a mesma alíquota”, lembra a pesquisadora.
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Reforma amplia lucratividade das empresas tivo da capitalização”. A capitalização se contrapõe ao modelo solidário, que está em vigor. No solidário, os contribuintes financiam quem hoje recebe aposentadorias. Na capitalização, que é a proposta do governo, o trabalhador realiza uma poupança individual. O ponto-chave é que a capitalização pode prescindir da contribuição patronal para a aposentadoria do trabalhador, o que ampliaria a lucratividade das empresas e a disparidade social.
Além disso, o economista aponta uma omissão das discussões governamentais: o “1% da pirâmide da desigualdade social”, que vive da renda de juros financeiros – e que não contribui para a Previdência Social – permanecerá intocado. Seria uma falácia, portanto, falar em eliminação dos privilégios e desigualdades. Fim da aposentadoria por tempo de contribuição A idade mínima para aposentadoria para trabalhadores urbanos, estabelecida pela PEC da Previdência, é de 65 anos para homens e 62 para mulheres. Segundo especialistas, essa escolha, combinada ao fim da aposentadoria por tempo de contribuição, prejudica milhões de trabalhadores.
No sistema previdenciário atual, já existe idade mínima para se aposentar: 60 anos para mulheres e 65 para homens, com 15 anos de contribuição, no caso dos trabalhadores urbanos. No entanto, é possível se aposentar antes desta idade mínima, pelo critério de tempo de contribuição. Hoje, uma mulher que contribuiu 30 anos com o INSS, por exemplo, mas que não atingiu a idade mínima de 60 anos, conseguiria se aposentar. No caso dos homens, esse tempo de contribuição é de 35 anos. Outra forma de se aposentar
1% mais rico permanecerá intocado
Bolsonaro tem pior aprovação Segundo a pesquisa feita pelo instituto MDA, o começo do governo de Jair Bolsonaro (PSL) é visto por 29% da população como regular, e como ruim ou péssimo por 19%. A enquete, realizada entre 21 e 23 de fevereiro, mostra que o novo governo é bom ou ótimo para 38,9%; 13,1% não soube ou não quis responder. Desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 1998, nenhum presidente brasileiro eleito havia apresentado índices tão baixos de aprovação em um primeiro mandato. Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, “ ainda não deu tempo para ele fazer alguma coisa’”.
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Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019
Rússia pede que latino-americanos reflitam sobre postura dos EUA VENEZUELA País foi sede da Assembleia Internacional dos Povos, com representações de 87 países Madelein García /Telesur
Da redação
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governo da Rússia pediu que os países da América Latina avaliem a maneira como os Estados Unidos tratam a situação da Venezuela, tentando anular os governos locais em prol de seus próprios interesses. O clamor foi feito pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, María Zajárova, na quinta-feira (28). “A linha de demolição dos governos indesejados persiste nos Estados Unidos como prioridade na América Latina e outras regiões. Pedimos a nossos amigos latino-americanos que pensem seriamente nisto, independentemente da opinião que tenham sobre o governo legítimo de Maduro”, disse Zajárova, em coletiva de imprensa.
“EUA buscam demolir governos indesejados”
A porta-voz russa também fez um alerta. “Não tenhamos ilusões sobre a disposição dos EUA para escutar a voz da razão e adotar um enfoque construtivo para a situação da Venezuela”, defen-
deu. Por fim, a diplomata reforçou a disposição da Rússia para construir um diálogo entre as partes e deixou claro que Moscou não apoiará o uso da força para resolver os problemas sul-americanos.
Assembleia dos povos Na quarta-feira (27), ocorreu o encerramento da Assembleia Internacional dos Povos (AIP), realizada em Caracas, Venezuela. O encontro internacional reuniu cerca de 500 participantes de 87 países, representando 181 movimentos e organizações populares de todo o mundo. A Assembleia reafirmou a “defesa da soberania e da autodeterminação da Venezuela” e o reconhecimento de Nicolás Maduro como “presidente legítimo e constitucional do país”. “Hoje, na Venezuela, está em disputa a soberania e a autodeterminação, que são pilares da dignidade dos povos, que buscam construir um futuro para a humanidade e sociedades mais justas e igualitárias”, afirma o texto final do encontro.
Quem é Stroessner, o ditador paraguaio elogiado por Bolsonaro? SANGUINÁRIO150 mil presos políticos, 3 mil mortos e refúgio a nazistas estão na conta do paraguaio
O
presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira (26) teceu elogios a Alfredo Stroessner, ditador que comandou o Paraguai entre 1954 e 1989, durante cerimônia de posse do novo diretor-geral da Itaipu Binacional, usina elétrica feita em parceria entre os dois países. Stroessner foi parte ativa na Revolução do Pynandi (pés descalços em guarani), uma guerra civil em 1947, que é considerada um massacre à classe trabalhadora paraguaia. Em 1954, ele ascende ao poder através de um golpe de Estado. O regi-
me de Stroessner, marcadamente anticomunista e pró-EUA, fez com que o Paraguai se tornasse um terreno fértil para a corrupção e a repartição de favores. Ao
todo, governou por oito legislaturas, em processos marcados pela fraude. Foi conivente com refugiados nazistas. Eduard Roschmann, conhecido como o açougueiro de
Riga, responsável pela morte de 30 mil judeus na Letônia, e Josef Mengele, médico nazista, receberam acolhida e cidadania do general. Ao todo, estima-se que entre 3 e 4 mil pessoas tenham sido assassinadas em seu governo. O número de presos por motivos de perseguição política passa de 150 mil. Foram 18.772 torturados e 3.470 exilados. Além disso, segundo a Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai (Codehupy), 236 crianças e adolescentes foram presas, 17 nasceram na prisão e houve 459 desaparecidos.
Deputados afirmam que Brasil pode ter sido manipulado por EUA Lula Marques / Agência PT
Depois da fracassada tentativa de cruzar com a “ajuda humanitária” para a Venezuela através da fronteira do Brasil em Roraima, parlamentares de direita e de esquerda estão de acordo com uma posição: foi um erro o Brasil ter participado das ações intervencionistas dos Estados Unidos contra a Venezuela no último sábado (23). Aliado importante de Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou à imprensa na segunda-feira (25). “Acho que a gente tem que tomar um certo cuidado para o Brasil não ser instrumento de outro país”, concluiu. Líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta afirmou que “a Venezuela tem que encontrar seu caminho de maneira democrática, pela paz e não pela guerra. O Brasil não pode, de maneira alguma, seguir atuando como um capacho dos interesses norte-americanos, promovendo o conflito e levando o Brasil a uma aventura irresponsável contra o povo venezuelano”, denunciou Pimenta.
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ENTREVISTA 15 11
“Não foi a privatização que ampliou o acesso à telefonia, foi a tecnologia” ECONOMIA Duas décadas após leilão da Telebrás, Brasil tem uma das tarifas mais caras do mundo Arquivo pessoal
Wallace Oliveira
M
uitas promessas acompanharam a privatização do setor de telecomunicações no Brasil nos anos 90: livre concorrência, ampliação do acesso aos serviços, barateamento de tarifas, redução da dívida pública, avanço tecnológico e serviços melhores. Mas será que a entrega do setor ao capital privado foi, de fato, tão bem sucedida quanto propagandeiam? Para discutir esse assunto, o Brasil de Fato entrevistou o economista João Batista Santiago. Brasil de Fato - Qual era a situação do setor no Brasil nos anos 90? Por que a privatização interessava às empresas que participaram do leilão da Telebrás em 1998? João Batista Santiago Havia ocorrido uma queda nos custos de instalação de telefones, por conta do avanço tecnológico da década de 80, especialmente com o advento da telemática. Na década de 70, instalar um telefone em uma residência custava 5 mil dólares. Em 1998, passou a custar 20 dólares. A diminuição de custos se deu pelos investimentos estatais feitos nos anos anteriores. O sistema Telebrás era altamente eficiente, a quinta melhor do mundo no setor. Em 1998, a Telebrás deu mais lucro que a Coca-Cola. A Embratel foi a primeira empresa criada para ligações internacionais e lon-
“Não entrou nada para o país na privatização da quinta melhor empresa do mundo no setor”
Hoje, Brasil é importador de tudo gas distâncias, com grandes radiotransmissores. A Telebrás deu em 1998 um lucro de 2 bilhões de dólares e foi vendida por 19 bi. Tínhamos desenvolvimento tecnológico nacional para construção de fibra ótica, centrais telefônicas digitais e investimento social. Houve retirada de investimentos para viabilizar as privatizações? O que houve, na verdade, foi redução de custos, especialmente trabalhistas, terceirização, precarização do trabalho, com contratação de empreiteiras, planos de demissão voluntária e incentivada, por um lado, e muitos investimentos públicos, embarcando tecno-
logia, para depois privatizar a preço de banana. Venderam por U$ 19 bi e liberaram empréstimos de U$ 11 bi pelo BNDES para financiar as empresas. E o ex-ministro Pedro Malan, após a privatização, permitiu que as empresas descontassem a diferença entre o valor total das ações e o valor patrimonial em impostos devidos à União. Não entrou nada para o país. As empresas que hoje dominam o setor no Brasil dependem de recursos públicos? De financiamento, sim. Recentemente, a Oi estava quebrando e o governo pre-
Venderam por U$ 19 bi e emprestaram U$ 11 bi
viu liberar um empréstimo gigantesco para a Andrade Gutierrez, que ficou com o controle acionário da Oi. A telecomunicação fixa entrou em decadência. Hoje, depende-se muito mais da internet. A NET é da Globo. A Telemig já tinha passado seus próprios cabos para competir com a NET, só que, na época, foi baixado um decreto proibindo as empresas de telecomunicações locais de criarem suas próprias empresas de transmissão de dados e TV a cabo. Tudo para impedir uma empresa estatal de competir com as privadas. Ficou mais rápido e barato adquirir uma linha. Isso é consequência das privatizações? Não é questão de ser privado ou estatal, foi a tecnologia. Isso graças ao que aconteceu na década de 80, com o desenvolvimento da telemática, dos softwares, dos novos hardwares, da tecnologia digital. Bom, se tínhamos capacidade de investimento, capacitação dos trabalhadores e a tecnologia chegou de maneira mais barata, passou a ser possível atender de forma muito melhor. Hoje, o Brasil é um grande importador de tudo. O que a privatização da Telebrás mudou na vida dos trabalhadores do setor? E na economia? A empresa sai da década de 1980 com 7 mil trabalhadores diretos para chegar aos anos 2000 com cerca de 1,5 mil trabalhadores diretos, mais 5 mil indire-
tos, terceirizados ou quarteirizados. Quando o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) entregou o governo para Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a carga tributária no Brasil era de 25% do PIB. Quando este entregou para Lula (PT), era 36%. Porém, mesmo com as privatizações feitas com a desculpa de diminuir a dívida pública, o endividamento só aumentou. Como você avalia a regulação do setor pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)? No Brasil, esse modelo não funcionou. A relação que se tem entre empresas privadas e o Estado brasileiro é muito forte. No livro de presença da Anatel, quem mais entrava para visitar os diretores e conselheiros eram empresas, muito mais do que clientes das empresas. Para você fazer uma reclamação e isso dar resultado, é péssimo. O avanço tecnológico que veio de fora não foi apropriado pelas empresas que
Temos 225 milhões de chips, mas abrangência ruim exploram telecomunicações no Brasil, o serviço é de péssima qualidade. Temos 225 milhões de chips ativos, mas a área de abrangência não é razoável.
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Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019 Reprodução
Escolas de samba desfilam na terça-feira em BH DIVERSÃO A abertura será feita pelo Afoxé Bandarerê, que abençoa a entrada das escolas
Cacá Lanari / Belotur
Mulheres são temas de escolas
Rafaella Dotta e Raíssa Lopes
A
s baterias já estão aquecidas nos grêmios recreativos de Belo Horizonte e no dia 5 de março, terça-feira de carnaval, será o grande dia do desfile 2019. Todas as escolas saem no mesmo dia, de 19h a 1h, na avenida Afonso Pena. A prefeitura promete uma estrutura de 86 banheiros químicos, posto médico e ambulâncias para receber as cerca de 3 mil pessoas que assistirão aos desfiles. Estreia neste ano o concurso de acesso e rebaixamento das Escolas entre o Grupo A e Grupo B. Atualmente, o Grupo B tem apenas duas escolas, o Grêmio Recreativo Raio de Sol e a
Associação Recreativa Unidos Guaranis. Já o grupo A tem seis escolas: Mocidade Independente Bem-te-vi, Cidade Jardim, Acadêmicos de Venda Nova, Canto da Alvorada, Estrela do Vale e Imperavi de Ouros. As Escolas de Samba terão quatro categorias de prêmios: melhor bateria, compositor, mestre-sala/
Serão cinco categorias de prêmios porta-bandeira e comissão de frente. Os vencedores levam R$ 10 mil em cada categoria. Já o prêmio geral do Grupo A será de R$ 80 mil para o primeiro lugar,
R$ 40 mil para segundo e R$ 20 mil para o terceiro. O resultado sai normalmente nas quintas-feiras pós carnaval, mas a data será confirmada pela PBH. Afoxé abre e abençoa desfiles Pelo sexto ano, o bloco Afoxé Bandarerê será o primeiro a passar pela avenida, para abençoar os desfiles das Escolas de Samba. O bloco segue a tradição deixada pela mãe de santo Tia Ciáta, que animou grandemente a arte negra no Rio de Janeiro no início de 1900. “É um ato dos que mais legitima o Afoxé. Abençoar o desfile das escolas de samba vem desde o tempo de Tia Ciáta na praça 11”, diz o evento. O bloco desfila na terça (5) às 19h.
Pelo menos três escolas de samba resolveram homenagear mulheres negras neste ano. A Imperavi de Ouros vai falar de Oxum e Iemanjá, orixás rainhas dos rios e mares, no samba enredo “A saga de uma Imperavi mergulhada no encontro das águas”. Já a Acadêmicos de Venda Nova faz uma homenagem à advogada Ester Sanches, mulher de renome fora e dentro do Brasil, “embaixadora da solidariedade”. A escola de samba estreante, Raio de Sol, vai ser a primeira a pisar na avenida e traz o enredo “Uma vida, uma luta, um sonho de Dandara, um poema pela Educação”. O tema é
uma homenagem à lutadora social Diva Moreira, que é uma das grandes referências de Belo Horizonte na luta pela liberdade racial e pela educação. Diva Divina, como é chamada pela Escola de Samba, tem 55 anos de militância política. O presidente da Escola Raio de Sol, Genildo Cajá, explica que escolheram falar de Diva Moreira pela sua importância na história, mas também para criar um samba enredo marcante e que vai ser tocado durante todo o ano na quadra da escola. “Eu acredito muito no resgate da cultura, que através do samba vai passando a nossa sabedoria”, diz Genildo.
Confira a ordem dos desfiles: 18h Bloco Afoxé Bandarerê 19h Escola de Samba Raio de Sol (Grupo B) 19h40 Unidos Guaranis (Grupo B) 20h Escola de Samba Bem Te Vi (Grupo A) 21h Escola de Samba Cidade Jardim (Grupo A) 22h Acadêmicos de Venda Nova (Grupo A) 23h Escola de Samba Canto da Alvorada (Grupo A) 0h Escola de Samba Imperavi de Ouros (Grupo A) 1h Escola de Samba Estrela do Vale (Grupo A)
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Não sabe em que bloco ir? O Brasil de Fato te ajuda a escolher! SEXTA (1/3)
SEGUNDA (4/3)
16h30 Bloco do Alfredin , na Rua Padre Eustáquio, 2443, Padre Eustáquio 18h Tchanzinho Zona Norte, na Rua Conselheiro Galvão, 120, Santa Rosa 22h Tira o Queijo, na Rua Aarão Reis, 565, Centro
8h Daquele jeito, na Av. Álvares Cabral, 387, Lourdes 8h Bloco do Mujica, na Rua São Paulo, 1113, Centro 10h Unidos do Barro Preto, na Rua Juiz de Fora, 114 11h Havayanas Usadas, na Av. dos Andradas, 3760, Pompéia 11h Filhos de TchaTcha, local será divulgado na véspera 13h Garotas Solteiras, na Av. Olegário Maciel, 1985, Lourdes 14h Corte Devassa, na Rua Sapucaí, 571, Floresta
SÁBADO (2/3) 5h Então, Brilha!, na Rua Curitiba, 8, Centro 10h Pata de Leão, na Av. Brasil, 1653, Boa Viagem 12h Unidos da Estrela da Morte, na Rua José Pedro Drumond, 100, Floresta 12h Volta Belchior, na Rua Mármore, 196, Santa Tereza 12h Bloco da Calixto, na Rua Professor Moraes, 216, Savassi 14h Faraó, na Av. Amazonas, esquina com Rua São Paulo
DOMINGO (3/3) 8h Beiço do Wando, na Av. Brasil, esquina com Av. Afonso Pena 10h Alô Abacaxi, na Av. Augusto de Lima, esquina com Avenida Barbacena, Barro Preto 12h, Tambor Mineiro, na Rua Ituiutaba, 343, Prado 13h Afoxé Bandarerê, na Praça Do México, Concórdia 14h Angola Janga, na Av. Amazonas, esquina com Rua São Paulo, Centro 14h Unidos do Samba do Queixinho, na Praça da Bandeira 14h30 Bloco da Fofoca – Carimbó, na Rua Espírito Santo, 757, Centro 15h É o amô, Rua dos Tabaiares, Floresta
TERÇA (5/3) 7h Juventude Bronzeada, na Av. Assis Chateaubriand, 127, Floresta 8h Haja Amor, na Rua dos Tabaiares, 93, Floresta 9h Truck do Desejo, na Av. Augusto de Lima, 1190, Barro Preto 14h Baque de Mina, na Av. Alvares Cabral, 233, Centro 14h Lavô Tá Novo, na Praça Comendador Negrão de Lima, Floresta 17h Pisa na Fulô, na Praça Pisa na Fulô, Carlos Prates
QUARTA (6/3) 13h I Wanna Love You, na Praça da Grota, Sagrada Família
SEXTA (8/3) 17h 46 blocos no Dia de Luta das Mulheres, na Praça Raul Soares A programação completa você confere em carnavaldebelohorizonte.com.br
Siga as dicas e aproveite muitos carnavais! O
s foliões devem tomar cuidado para não “queimar a largada” e nem ter consequências inesperadas depois dessa data tão alegre. O Brasil de Fato separou algumas das melhores sugestões para você. Leia e se prepare!
Se proteja das horas mais quentes do dia De acordo com dermatologistas, o ideal é não ficar exposta(o) ao sol de 9h às 16h. Mas como isso não será possível, evite ao menos o sol do meio dia. Leve o protetor na bolsa e passe sempre que suar demais. Você pode usar também um chapéu, que
além de lindo está super na moda! Água, coisa boa! Não esqueça da hidratação. A água ajuda em diversas funções do corpo, como a digestão, o sistema imunológico e a regular a temperatura. Para quem vai beber álcool, o ideal é beber 100 ml de água para cada 350 ml de cerveja (uma lata). Tintas e brilhos podem marcar seu rosto Muitas pessoas desenvolvem alergia a tintas e brilhos de carnaval, sabia? A alergia
pode deixar manchas. A dica é testar a maquiagem um dia antes: aplique no pulso e deixe algumas horas para ver como sua pele reage. Camisinha sempre! Nossa Amiga da Saúde alertou, na edição 271, sobre a Sífilis em BH. Ela e o índice de HIV estão em alta no momento. Então, se preserve! Pegue e guarde os preservativos do SUS. E se não tiver camisinha, diga não.
Top 10: o que NÃO fazer 1. 2. 3. 4. 5.
Não se perder dos amigos Não sair sem documentos Não mandar mensagem pro ex Não dirigir embriagado Não tratar mal os motoristas e trabalhadores do carnaval 6. Não abandonar os amigos que deram PT 7. Não jogar lixo no chão 8. Não aceitar bebidas de estranhos 9. Não ficar com eleitor de Bolsonaro 10. E... Não é não. Respeite as mulheres!
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Belo Horizonte, 1 a 14 de março 2019 Divulgação
Amiga da Saúde
CIÊNCIA, COISA BOA! MULHERES NA CIÊNCIA: ROSALIND FRANKLIN
Reprodução
Minha menstruação está toda desregulada, chega a ficar até dois meses sem aparecer. Devo me preocupar? Marina Melo, 34 anos, esteticista.
O entendimento sobre a estrutura do DNA e RNA é um dos maiores feitos científicos da história. Para nós, tão familiarizados com um mundo repleto de biotecnologia, é até difícil imaginar que isso só ocorreu em 1953. Hoje, o desenho da dupla hélice do DNA é tão comum que talvez você nunca tenha reparado que ele ilustra a cada edição o topo desta coluna, né?! Os Ácidos Desoxirribonucleico (DNA) e Ribonucleico (RNA) são substâncias orgânicas presentes em todos os seres. São longas cadeias de moléculas menores chamadas nucleotídeos. Há basicamente quatro tipos de nucleotídeos em cada. Representam-se os do DNA pelas letras A, C, G e T. Caso não tenha um irmão gêmeo, caro leitor, você é um indivíduo único biologicamente graças à sequência única dessas letrinhas que possui em suas células. É isso que o diferencia de mim, de um cajueiro ou de um vírus. Só foi possível compreender o que é e como funciona um ser vivo quando deciDescoberta do framos o DNA. Além de determinar grande DNA ilustra parte de nossas características, essas molémachismo na culas possuem a incrível e única capacidaciência de de se autocopiar. E é isso que diferencia essencialmente algo vivo de algo não vivo. A solução desse enigma representa um dos casos mais contundentes de machismo na história da ciência. Três homens receberam o prêmio Nobel em 1962 por ele. Provavelmente você ouviu o nome deles na escola. Mas poucos ouvem sobre Rosalind Franklin, cientista que igualmente contribuiu com o estudo, e que teve sua participação apagada. Franklin foi uma química britânica nascida em 1920. Em sua curta vida, a contragosto de seu pai, conduziu pesquisas importantes, entre elas a que analisava a estrutura do DNA. Os dados radiográficos que produziu deram pistas fundamentais sobre a forma de dupla hélice da molécula. Tais dados foram passados sem autorização por um de seus colegas a cientistas dos EUA. Os envolvidos receberam a merecida fama posterior, algo que Franklin nunca pôde desfrutar, pois morreu precocemente em 1958, vítima de um câncer. Os famosos colegas de pesquisa sempre descreviam Rosalind como alguém de convivência difícil. Talvez por isso tenham achado razoável a utilização de seus dados sem autorização e sem qualquer referência a ela. Por trás de tal atitude está o velho machismo. Falar sobre Rosalind Franklin, sua contribuição para a ciência e o que sofreu por ser mulher é fundamental. Reescrever a história. Reforçar que mulheres produzem ciência de qualidade e são tão capazes quanto os homens. Eis um grande desafio! Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Olá, Valéria, você deve consultar um ginecologista para investigar se está tudo bem. É possível que você esteja iniciando o climatério, que é o período de transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva da mulher. Nessa fase, os ovários já têm poucos óvulos e o ciclo menstrual pode ficar bem maior que antes, por isso essa desregulação da menstruação. Isso pode durar meses ou até anos, até que a menstruação desapareça de vez. Após um ano sem menstruar é considerado que houve a menopausa. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Nossos direitos Lei Maria da Penha reconhece posse de armas como um fator de risco O Presidente da República sancionou decreto ampliando o direito à posse de armas no ambiente doméstico. Violência doméstica contra a mulher é um problema sério no Brasil. Somos o quinto país que mais mata mulheres no mundo. A ampliação da posse de armas no ambiente doméstico pode contribuir para aumentar os casos de feminicídio. A Lei Maria da Penha, de 2006, já reconhece a posse de armas como um fator de risco para mulheres Bianca Almeida é advogada
em situação de violência. Em seu artigo 22, prevê a restrição da posse e do porte de armas como uma medida protetiva, ou seja, como uma das formas previstas na lei para proteger as mulheres. Assim, a mulher pode solicitar a suspensão da posse de armas ou a restrição do porte, mesmo que se trate de arma irregular, ou seja, não cadastrada nos órgãos competentes. Para tanto, é interessante que a mulher informe desde o início que o agressor possui armas de fogo.
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ESPORTE
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Roberto Castro / Brasil 2016
CURTO E GROSSO
na geral
Meninas vestem azul do Cruzeiro
Brasil garante segunda colocação em torneio de judô A equipe brasileira de judô participou, entre os dias 22 e 24 de fevereiro, do Grand Slam de Judô de Düsseldorf, Alemanha. Os brasileiros garantiram a segunda colocação geral do quadro de medalhas, atrás apenas do Japão. Destaque para a meio-pesado Mayra Aguiar, que venceu suas cinco lu-
tas no domingo (24) e subiu ao topo do pódio. Rafaela Silva (57kg) conquistou uma medalha de prata. Nathália Brígida (48kg), Ellen Santana (70kg) e Suelen Altheman (+78kg), o bronze. O próximo compromisso da Seleção brasileira será em março, no Grand Slam de Ecaterimburgo, na Rússia.
Venezuelana é ouro na Alemanha
Hecto Rodrigues Telesur
Jordânia Souza Mais do que nunca, meninas vestem azul! O Cruzeiro apresentou sua equipe profissional de futebol feminino. O elenco conta com 23 atletas, que jogarão o Campeonato Brasileiro A-2, a partir de março, e o Mineiro, no segundo semestre. A meta é chegar à divisão A-1 no próximo ano e, em 2021, conquistar uma vaga na Libertadores. A Raposa, assim como as outras equipes da elite do futebol brasileiro, cumpre a exigência da CBF. A partir de 2019, os times que disputam a série A, no masculino, deverão manter um time de futebol feminino adulto e de base. A regra faz parte das 34 medidas determinadas pelo Licenciamento de Clubes. O objetivo é adotar melhores práticas no futebol nacional, entre elas, o desenvolvimento do futebol feminino. Em 2016, a Conmebol, seguindo exigências da Fifa, aprovou a mes-
Igor Sales / Cruzeiro
ma medida para os times que disputassem a Libertadores e Sul-Americana. Para quem adora falar que “isso é mimimi”, as novas regras chegam para dar às jogadoras o espaço que elas merecem. Em tempos de retrocessos, quando se volta a discutir as cores que meninos e meninas devem vestir, essas medidas soam como alívio. E ainda há um longo caminho. Carteira assinada e salários precisam ser regulamentados. Para se ter uma ideia, a média salarial do futebol feminino pode variar de R$1500 a 4 mil reais. Bem diferente da realidade dos homens! A boa notícia é que esse jogo começa a virar. O estímulo, principalmente para a formação de times femininos de base, pode ajudar meninas que querem seguir carreira no futebol. Quantas Martas podem estar escondidas, não é mesmo? Sejam bem-vindas, jogadoras do Cruzeiro! Que vistam o azul com muita energia e garra! ANÚNCIO
A atleta venezuelana Yulimar Rojas conquistou, na última semana, a medalha de ouro do World Indoor Tour, realizado em Düsseldorf, Alemanha. Ela venceu a prova do salto triplo com marca de 14,46 metros. No currículo da saltadora de 23 anos também constam outras duas medalhas em grandes competições: a prata nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, e o ouro no Mundial de 2017, em Londres. “Nossa Yulimar Rojas obteve um novo triunfo para a Venezuela. Campeã! Essa é a Geração de Ouro que leva com orgulho o tricolor da Pátria. Saudações!”, declarou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, felicitando a jovem atleta por sua nova conquista.
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Tite convoca Seleção masculina
O
Panamá na cidade do Porto, e a República Tcheca em Praga. Em comparação com as últimas listas de Tite, há quatro novidades: o goleiro Weverton (Palmeiras), o lateral Da-
niel Alves (PSG), o meia Felipe Anderson (West Ham United) e o atacante Vinicius Júnior (Real Madrid), convocado pela primeira vez.
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Divulgação Real Madrid
Lucas Figueiredo / CBF
treinador da Seleção Brasileira masculina de futebol, Tite, apresentou, na quinta (28), a lista dos 23 convocados para os jogos dos dias 23 e 26 de março. O Brasil encara o
ESPORTES
“Messi é um jogador incrível, que faz coisas que mais nenhum jogador faz, mas não assusta ninguém” Vinícius Jr., atacante do Real Madrid, três dias antes da derrota por 3x0 para o Barcelona, pela Copa do Rei
Gol de placa De volta à série A do Brasileirão, o CSA apresentou seu uniforme com uma homenagem ao líder quilombola Zumbi dos Palmares. “A lança de Zumbi, herói do povo alagoano, quebrou todas as barreiras do preconceito e da opressão”, declara o clube na divulgação da nova camisa.
Gol contra O diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg comparou o Itaquerão a uma mulher com muitos dotes, mas portadora de AIDS. Integrantes do clube criticaram a declaração de péssimo gosto e Rosenberg foi demitido na segunda-feira (25).
Melhor que os pequenos
Só depois do carnaval
Libertadores vem aí!
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
Uma demonstração de que o América subiu de patamar nos últimos anos é o seu desempenho no Campeonato Mineiro contra os times do interior. Antes, jogava de igual para igual e, corriqueiramente, terminava atrás de dois ou três na primeira fase. Decacampeão Agora, a diferença de orçamento, estrutura e tradição tem se refletido em campo: o América é dominante em praticamente todos os jogos e, desde 2016, não perde para um time do interior. São 18 vitórias e 10 empates nos últimos 28 jogos. E não é que os times sejam muito ruins: na Copa do Brasil, por exemplo, a URT eliminou o Coritiba e o Tombense tirou o Sport, times considerados grandes e que estarão com o América na Série B do Brasileirão.
Sem desmerecer dos dois primeiros meses, o ano para o Atlético começa na Quarta-feira de Cinzas (6), no Independência, contra o Cerro Porteño (PAR). É quando estreia pelo grupo E, composto ainda por Zamora (VEM) e Nacional (URU). Pouco se aproveita das faÉ Galo doido! ou mesmo ses contra Danubio e Defensor, dos desempenhos no Estadual. Levir Culpi já testou um esquema mais cauteloso na última quarta (27), com três volantes. O sufoco só aconteceu com a expulsão de Zé Welison. Enquanto isso, especulam-se novas contratações, como as do lateral-direito paraguaio Arzamendia, do volante Jobson e do sempre lembrado Ángel Romero. É preciso ter o que falar nas resenhas, entre um jogo em outro.
Salve, nação azul! Estamos a uma semana da estreia na Libertadores, na quinta (7), contra o Huracan. A impressão que o Cruzeiro deixou contra a URT não foi boa. Em que pesem as condições do gramado, o time mostrou um futebol sem vibração. JusLa Bestia tamente o oposto do que Negra se espera de uma equipe que está prestes a estrear na Libertadores. Dificilmente veremos algo diferente na postura de Mano Menezes. Nosso esquadrão jogará dando a bola para o adversário, o que coloca a responsabilidade dos gols nos pés de Rodriguinho e Fred. Thiago Neves e Raniel dificilmente estarão em campo. Vamos aguardar os preparativos e torcer para que iniciemos bem a competição internacional. Saudações celestes!