Edição 278 do Brasil de Fato MG

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Agência Brasil

Se ela dança, eu danço

Tânia Rêgo / Agência Brasil

Saudações ao guerreiro

Atividade faz bem à saúde e pode ser praticada por qualquer pessoa

Veja onde acontecem, neste mês, as celebrações a São Jorge e Ogum

ESPORTE 15

CULTURA 13

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril de 2019 • edição 278 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita EBC

GOVERNADOR OU VENDEDOR?

País irá perder 450 mil empregos por ano com reforma da Previdência, estima especialista BRASIL 13

Fiscalização em baixa Número de auditores fiscais em Minas deveria ser o dobro, afirma profissional. Entenda a importância do setor O projeto do governo de Minas vai dar resultado: energia elétrica mais cara e queda na qualidade do serviço; 1140 escolas sem educação em tempo integral, 80 mil alunos afetados e 9 mil trabalhadores demitidos, além de extinção da Rádio Inconfidência AM MINAS 4,5,6

ENTREVISTA 11

Prisão de jornalista pode ser retaliação Julian Assange, coordenador do site WikiLeaks, é preso na Inglaterra. Ação pode ter a influência dos EUA MUNDO 10


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Editorial | Brasil

Menos 100 dias A marca dos primeiros 100 dias de um governo costuma ser usada como referência para um balanço inicial. Pensemos em, por exemplo, três grandes expectativas que eleitores de Bolsonaro e de Zema depositavam nesses representantes de uma suposta “nova política”: segurança, emprego e combate à corrupção. O que você lembra de avanços nessas áreas no começo de 2019? No primeiro tema – segurança – o

A vida piorou nesses 100 dias

ESPAÇO DOS LEITORES “Essa turma do laranjal PSL prega moral e bons costumes, faz o discurso anticorrupção, quer escola sem pensamento crítico. #moralistassemmoral” Andrea Hermogenes escreve sobre a matéria “Vereador de BH preso por corrupção defende a ditadura militar - Claudio Duarte (PSL) é acusado de obrigar funcionários a repassar parte do salário para pagar custos de campanha”, publicada no site do Brasil de Fato “Eles querem um país para 80 milhões, no máximo” Rodrigo Jardim Rombauer comenta a matéria “Farmácia Popular deixa de atender 7 milhões em dois anos” “Que este jornal esteja em todos os estados do Brasil” Fábio Souza Mendonça escreve sobre a capa da edição 277 do Brasil de Fato MG

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

fuzilamento do músico Evaldo dos Santos deveria ser argumento suficiente para comprovar de vez a ineficiência da ideia de que se combate violência com mais violência. Uma família, a caminho de um chá de bebê num domingo, tem seu carro alvejado por mais de 80 tiros de fuzil pelo Exército Brasileiro. O motivo? Teria havido um assalto na região com um carro da mesma cor. Portar guarda-chuva, dirigir carros brancos ou ir a pé para a escola, pelo visto são atitudes altamente perigosas. A única proposta concreta do governo federal para o tema, o tal pacote do Sergio Moro, é a consolidação da impunidade para agentes de segurança do Estado. Não há um único estudo sério no país ou no mundo que daria suporte a essas ideias tão tacanhas de segurança. No tema do emprego, desde o desmonte trabalhista promovido por Michel Temer, se promete que serão geradas as tais milhares de vagas – ainda que precarizadas, terceirizadas e sem carteira. Promete-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

-se o mesmo com a reforma da Previdência, que resolveria os problemas da economia ao impedir que as pessoas um dia possam se aposentar. Enquanto isso, os números mostram apenas aumento do número de desempregados e das filas por subempregos em toda parte. Combate à corrupção. Outra palavra mágica que devolveria o Brasil a um glorioso passado nunca experimentado de pessoas sérias e honestas. O que se viu logo no primeiro mês foram escândalos atrás de escândalos, todos repetindo práticas de uma política bem velha, como rachadinha, caixa 2, candidatos laranjas e por aí vai. Onde está a novidade? A vida não melhorou nesses 100 dias. Não há mais postos de saúde, escolas novas, ônibus melhores, aumento salarial real ou sensação de segurança nas ruas. Com o discurso de “mudar tudo que está aí”, o

Sorte: não fizeram tudo o que queriam que esses dois governos – do PSL e do Novo – estão colocando em prática é o desmonte da ideia de público, de projeto para o futuro. Alguns exemplos no caso de Minas Gerais: tentativas de acabar com a Escola de Saúde Pública, com a Cemig e com a rádio Inconfidência. A boa notícia é que em 100 dias eles não conseguiram fazer tudo o que queriam, para nossa sorte. A outra boa notícia é que já se passaram 100 dias de governos antipopulares, anti-trabalhadores e antinacionais, que bom.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

A gestão de Romeu Zema (Novo) à frente do governo de Minas Gerais acaba de completar 100 dias. Desde que assumiu a gestão, polêmicas marcam a estreia de Zema na política, como a falta de repasse para as prefeituras, ameaça de privatização da Cemig, o desmonte da rádio Inconfidência e negociação para a entrega de parques ambientais do estado para a mineradora Vale. Para saber o que os mineiros estão achando do novo governador, o Brasil de Fato saiu às ruas para perguntar:

Qual sua avaliação dos 100 dias de governo de Romeu Zema?

Péssimo! Ele está gerando muito desemprego para os trabalhadores que estão na luta, tentando ganhar o seu pão.

Fábio Rodrigo, desempregado

GERAL

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

É o pior governo de todos que já tivemos. Ainda não vi nenhuma melhoria, muito pelo contrário, a cada dia só piora. Isso de ser o novo é só mais uma promessa de político mesmo.

Hercília Barbosa, do lar

Kefir?

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Número da Semana

86%

da população brasileira entende que o progresso do país depende da diminuição da desigualdade entre pobres e ricos. Esse dado é do relatório da Oxfam Brasil, divulgado na segunda (8).

Vacinação contra gripe Casal Jr / Agência Brasil

Até 31 de maio, a campanha de vacinação contra a gripe acontece em Belo Horizonte. A vacina está disponível em todos os centros de saúde e é necessário apresentar cartão de vacinação e documento de identidade. O público da campanha são pessoas acima de 60 anos, crianças de 6 meses a 5 anos de idade, ges-

tantes, puérperas, trabalhadores da área da saúde, professores de escolas públicas e privadas, portadores de doenças crônicas, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos cumprindo medida socioeducativa, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e povos indígenas.

Declaração da Semana Dayran Dornelles / Divulgaçã

O Kefir é um probiótico, ou seja, um agrupamento natural de bactérias e leveduras. Pode ser consumido com água e açúcar mascavo, o chamado Kefir de água; ou ser fermentado no leite, que fica semelhante a um iogurte, mas sem lactose. A bebida contém sais

minerais, como cálcio, ferro, fósforo, vitaminas do tipo A, do complexo B, C e D, além de proteínas e aminoácidos essenciais. O Kefir também auxilia na restauração da microbiota intestinal e combate alergias e inflamações de todo sistema digestório.

“Isso aí é um soco no estômago, um tapa na cara do brasileiro pra mostrar como o nosso Estado é genocida. E a gente precisa, urgentemente, fazer alguma coisa com respeito a isso”

Disse o rapper Emicida, sobre a ação do Exército que fuzilou um carro de uma família com 80 tiros no Rio de Janeiro e matou o músico Evaldo da Silva


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CIDADES

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

“Inconfidência fica!”: mineiros fazem mobilização para salvar a rádio Raíssa Lopes

C

omunicadores, músicos, políticos, ouvintes, funcionários e ex-funcionários da Rádio Inconfidência lançaram nesta semana a campanha “Inconfidência fica!”, em resposta ao fechamento da frequência AM da emissora pública de Minas Gerais (880 MHz) e contra a possível demissão de trabalhadores, entre concursados, terceirizados e comissionados. O desligamento dos profissionais foi anunciado pelo governo Zema (Novo), que estipulou, ainda, o prazo de um ano para que a rádio se tornasse autossustentável e faturasse R$ 3 milhões por ano. Caso isso não aconteça, a FM também será encerrada. O governo de Minas justifica a decisão com um decreto assinado em 2013 pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), que autorizou a migração das rádios AM para FM. A partir do avanço da tecnologia, o novo padrão da radiodifusão indica a passagem do sinal analógico para o digital, porém, de acordo com funcionários da Inconfidência, não houve qualquer conversa sobre a migração, mas apenas sobre o cancelamento da concessão. “Quando a Dilma estabeleceu esse acordo com as emissoras para a migração, isso se deu a partir de uma avaliação técnica que é mundial, uma ten-

dência. Mas o que muda é só o tipo de onda, não há necessidade de extinguir a AM”, explica o jornalista Aloísio Lopes, do comitê mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Desmonte à vista? A presidenta do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Alessandra Mello, considera que a medida é apenas o início de um desmonte completo da rádio e de outras empresas estatais. Ela informa que o sindicato está recebendo manifestações de ouvintes de várias regiões de Minas, do Brasil e até de fora do país. “O governador mostra que não tem nenhum apreço pela cultura ou pela comunicação”, critica. Músicos prejudicados Antes de anunciar o fim da AM, o novo comando da rádio, que agora está nas mãos de Ronan Scoralick, já havia demitido o radialista Múcio Bolivar, causando surpresa no público. Múcio comandava há 28 anos o programa Trem Caipira, que tinha como missão apresentar a resistência da música brasileira de raiz e valorizar o interior, falando de congado, viola, folia de reis e mais. “O programa era mesmo uma referência. Os músicos de todo o Brasil sabiam que era só chegar na Rádio Inconfidência que seriam recebidos de portas abertas. É um prejuízo muito grande para a cultura popular”, declara Múcio.

Governo Zema confirma que 70% do ensino em tempo integral será fechado RETROCESSO 80 mil alunos ficarão sem aula o dia inteiro e 9 mil trabalhadores da educação serão atingidos Agencia Minas

Alunos da Escola de Helena, da educação integrada

Rafaella Dotta

O

governo de Minas Gerais anunciou mais um corte que deve mexer na vida de milhares de famílias. Em audiência na Assembleia Legislativa, na quarta (10), a Secretária de Estado de Educação confirmou que 1.140 escolas não terão mais o ensino em tempo integral neste ano. Apenas 500 escolas vão continuar com as aulas de dois turnos, deixando de atender a 81 mil estudantes. A secretária, Júlia Sant’Anna, justificou que o governo não possui verba para manter as aulas, e não dispõe de dinheiro “nem para a merenda escolar”. As declarações foram dadas na audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, onde professores, diretores e parlamentares manifestaram-se contra a medida. A presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), questionou o

governo, relembrando que a verba da merenda escolar vem de um programa do governo federal. “Nós temos um Programa Nacional de Alimentação Escolar. O dinheiro não é suficiente? Tem um governador para conversar com o presidente da República. Eles não conversam?”, questionou. Trabalhadores atingidos A deputada indignou-se também com a forma como a decisão foi tomada e divulgada. Segundo ela, cerca de 9 mil profissionais podem ser demitidos e eles só tiveram conhecimento através da imprensa. “Pergunta se as superintendências regionais de ensino foram ouvidas, para definir de 1600 para 500? Se os diretores de escola foram consultados. A irresponsabilidade está aí”, disse. Para deputado do Novo, programa “era

um grande faz de conta” Já o deputado Guilherme da Cunha, do mesmo partido do governador Romeu Zema (Novo), defendeu a diminuição do programa de escola integral, opinando que o “programa na verdade era um grande faz de conta”. Ele afirmou que a intenção do governo seria diminuir o programa, para reorganizá-lo, mas que a escola integral só voltará a ampliar se o governo conseguir recursos para sua manutenção. Professores protestam Na manhã e tarde de quinta (11), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE/MG) realizou paralisação de aulas e protestou em frente à Cidade Administrativa e da ALMG, em Belo Horizonte. Os professores requerem que o governador abra negociação com a categoria.


MINAS

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

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Privatizar Cemig não vai resolver nada

MITOS Vender a empresa não reduziria o déficit do estado, não diminuiria o preço da tarifa nem traria melhorias do serviço Gil Leonardi / Imprensa MG Fernando Chaves

Governador visita projeto de energia limpa da Cemig

Wallace Oliveira

O

governador Romeu Zema (Novo) quer privatizar a Cemig. Foi o que ele repetiu a investidores estrangeiros, na quinta (11), em Nova Iorque (EUA). A novidade é que, pela primeira vez, Zema estabelece um prazo: ele quer abrir mão das ações até o meio do ano. Hoje, o Estado detém 17% do total das ações ordinárias e preferenciais, mas, das ordinárias, que dão direito a voto, Minas possui 51%, o que permite ser o protagonista da política da empresa. As declarações vêm poucos dias após a empresa anunciar um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão em 2018 (70% a mais que em 2017). Dados de 2015 apontam que a companhia é responsável por 5.06% da geração de energia no país, 5,8% da transmissão (7,5 mil quilômetros de linhas) e 10,26% da distribuição. Por que uma empresa

tão lucrativa, com mercado consumidor garantido e uma importância estratégica deveria ser vendida pelo governo? Os advogados das privatizações prometem três grandes benefícios: redução do déficit público; aumento da concorrência, diminuindo os preços; melhoria da qualidade dos serviços. Mas o que a experiência diz sobre essas promessas? Redução do déficit? Zema alega que o dinheiro da privatização ajudaria a reduzir o déficit (relação entre despesas e receitas), aliviando as contas públicas. Em valores atuais, se Minas vender suas ações, o governo deve obter menos de R$ 4 bilhões, pouco mais que um mês de folha de pagamento da Cemig. Isso, segundo economistas, traria um alívio momentâneo, mas não impediria o crescimento do déficit. “A Cemig não tem relação com a causa do déficit.

Governo deve obter menos R$ 4 bi com venda da Cemig Muito pelo contrário, ela até contribui para o caixa do Estado, que recebe anualmente uma parte dos dividendos. Qual a racionalidade de abrir mão do protagonismo do setor de energia? Vende 17% da empresa e abre mão de 51%? Isso significa abrir mão de possibilidades de desenvolvimento futuro, interferência pelo bem público e a sociedade”, questiona o economista Carlos Machado, assessor do Departamento Intersindical de Estatísticas Socioeconômicas (Dieese). Queda de preços? Outra crença dos privatistas prega que, privatizando, a concorrência vai aumentar e, automaticamente, o preço vai cair. Jefferson Silva, coor-

denador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), lembra que não foi bem isso o que aconteceu em outros casos. “As distribuidoras privatizadas em 2018 tiveram propostas de reajuste de tarifa e, em algumas delas, o reajuste chegou a 38% no ano”, exemplifica, destacando o que aconteceu com as usinas de Jaguara, Volta Grande, Miranda e São Simão, vendidas em 2017 a empresas públicas estrangeiras. “Essas usinas eram remuneradas em R$ 66 a cada megawatt hora de energia. No edital de venda, na canetada, foi ofertado R$ 142 a cada megawatt/hora”.

Distribuidoras privadas têm reajustes mais altos

Aumento da qualidade? Quem crê que as empresas privadas são sempre melhores espera que a qualidade do serviço também melhore. Mas uma empresa privada tem como objetivo central buscar o maior lucro possível, o que, com frequência, se faz reduzindo pessoal, contratando trabalhadores com salários mais baixos, perdendo capacidade técnica de funcionários mais experientes, terceirizando e priorizando áreas que dão lucro, em detrimento de áreas menos populosas. Essas medidas, por sua vez, interferem no atendimento ao consumidor. Para Jefferson Silva, do Sindieletro, isto já está sendo feito por Zema, com vistas na privatização. “O governador diz que vai sanear a Cemig para vendê-la. Ele já está fazendo isso: reduziu mais de 50 localidades, que são postos de trabalho ocupados por eletricistas em pequenas cidades. Eles foram transferidos para cidades pólo, para dar manutenção em regiões de maior abrangência territorial. Isso, obviamente, aumenta o tempo da indisponibilidade de energia, pois aumenta o tempo de deslocamento até o local”, pontua.


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Opinião

Sem educação

Sarzedo também corre risco de rompimentos de barragens Prefeitura de Sarzedo

Maria Júlia Gomes Andrade

João Paulo

O

governador Romeu Zema anunciou o extermínio da banda AM da Rádio Inconfidência, a privatização da Cemig e o absurdo corte de vagas do ensino integral. A situação é grave. A decisão de reduzir 80 mil vagas nas escolas estaduais que oferecem educação em mais de um turno vai na contramão de todas as propostas para o setor, independentemente da orientação política. A prioridade da educação de qualidade é a única bandeira que une um país tão dividido como o Brasil. Infelizmente, Zema resolveu que Minas Gerais pode desafinar esse coro civilizatório. O argumento de que se trata, de uma situação herdada e de um contexto de crise, não justifica a medida. Afinal, mesmo havendo necessidade de cortes – o que precisaria ficar transparente – a escolha jamais poderia recair na educação. A educação pública é um projeto de formação humana para a cidadania e para

a vida. Ao reduzir a compreensão da educação integral como apenas uma extensão de jornada com atividades recreativas, fica claro o projeto de educação pública embutido no cor-

Zema corta 80 mil vagas escolares em 1.110 unidades te anunciado. Quem quiser educação de qualidade, que pague por ela. Não apenas os alunos e suas famílias que foram penalizados com esse descalabro. O encerramento das atividades em tempo integral de 1.110 unidades de ensino vai desmobilizar milhares de profissionais do setor. E são exatamente professores e técnicos dedicados à ampliação dos conteúdos formais, que alimentam de esperança, criatividade e espírito crítico o processo educacional. Quando em todo o mundo se debate o aumento do tempo dedicado à educação, com crescente parti-

cipação pública, com conteúdos que ampliem a formação e abram novas perspectivas, em Minas o primeiro corte substancial do orçamento atinge exatamente a educação. Além disso, abdica da mais valorosa das batalhas contemporâneas: a conquista dos jovens para a civilização do conhecimento, dos valores éticos e da cidadania consciente. Zema mente. Ele não quer comunicação pública independente, educação pública de qualidade, gestão pública de recursos estratégicos. Por isso aniquila a Rádio Inconfidência, a escola de tempo integral e a Cemig. Só não tem coragem de assumir seus propósitos destrutivos, jogando a responsabilidade para a conta do passado, da crise e da nova conformação moral de um mundo sem alma. No entanto, é importante dizer que ele não faz isso sozinho ou apenas com seus homens e mulheres de confiança. Quem executa a barbárie, em todas as suas instâncias, também é bárbaro e não vai ser esquecido.

O

s impactos do rompimento da barragem da Vale em janeiro continuam assustando moradores do entorno de projetos de mineração. Bem próximo a Brumadinho, Sarzedo é uma das cidades banhadas pelo rio Paraopeba e onde moravam muitos dos trabalhadores que foram soterrados pela lama. A população da cidade, depois da tragédia na região, intensificou a luta pela paralisação das barragens da mineradora Itaminas, que há 59 anos explora minério de ferro no município. A desconfiança em relação à segurança dos empreendimentos aumentou: em audiência pública realizada no dia 4 de fevereiro, a mineradora falhou em elucidar as dúvidas sobre a estabilidade das barragens B1, B2 e B4. Ficou constatada também ausência de documentação básica de estudos e protocolos para o caso de rompimento. A Polícia Militar de Meio Ambiente havia realizado uma diligência na área da Itaminas e foi detectado que os instrumentos de controle e de medição necessários para controlar a estabilidade e segurança das barragens estavam danificados.

“Em caso de rompimento, seria um massacre. A zona de auto-salvamento tem uma população de mais de 4 mil pessoas, dos bairros Santa Rosa de Lima, Brasília e Riacho da Mata. E a Itaminas não instalou sequer uma sirene na cidade. A lama de rejeitos chegaria em seguida no Paraopeba, uma segunda morte do rio”, alerta Henrique Lazarotti, advogado que atua na região do Médio Paraopeba. Diante desse quadro de ausência de documentos básicos e de risco para a população, a Justiça paralisou as atividades dessas barragens até que sejam dadas todas as garantias exigidas por lei. No entanto, auditoria contratada pela Itaminas diz que é inviável “a operacionalização de planos de contingência e resgate”. Henrique Lazarotti afirma que os moradores estão preocupados, mas também mobilizados. “A população aceita que a Itaminas opere a seco, mas não aceita mais bombas-relógio acima de suas cabeças. Exigem que se faça o descomissionamento destas barragens e que sejam instaladas sirenes em todos os bairros ameaçados. Não querem o destino de Brumadinho”, conclui.


OPINIÃO

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019 Evaristo Sá / AFP

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Spartakus Santiago

1 cor e 80 tiros

Alicerces, fundamentos e a ruína O Golpe Militar completou, em 31 de março de 2019, 55 anos. E hoje o país se encontra de volta a um governo predominantemente militar. Dando a impressão clara que o famigerado contexto se repete. Jânio Quadros fora eleito presidente e, alegando forças ocultas, renunciou dando lugar ao candidato que ficou em segundo lugar nas eleições, João Goulart. Na época, o vice era o segundo colocado. Hoje, contexto parecido: deposição de Dilma Rousseff. Com assunção ao poder do vice. Temer modificou a direção do governo e emergiram no país consequências nefastas de uma crise que de fato é mundial. Com a ditadura militar do século 20, focado em atender interesses internacionais, o país aprofundou a miséria do povo e reprimiu as vozes que denunciavam a maldade. Agora, o governo vestido de uniforme prenuncia que irá devastar a vida do povo brasileiro com enorme miséria, e defender interesses internacionais escusos. Conforme se vê na aproximação com os norte-americanos, na ruptura com os parceiros sul americanos, na atitude em relação a Israel, que coloca em risco parcerias com povos árabes. O governo faz a absurda opção de permitir o compartilha- A casa mento da Base de Alcântara com os EUA. irá ruir A orientação que o país está a tomar é inconstitucional e coloca o Brasil em um sério risco de ruptura institucional. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo primeiro, estabelece os fundamentos da República. Fundamento é base de sustentação. Uma casa sem fundação cai, não resiste. Um fundamento da República é o pluralismo político. O governante que declara abertamente que irá expurgar uma forma de pensar do país está caminhando a passos largos para a ruína. As violações constantes do texto constitucional colocam o país diante da tempestade sem os alicerces que precisa para suportar. A casa irá ruir. Wagner Dias Ferreira é advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG

Spartakus Santiago é youtuber negro e gay, ativista e publicitário. Leia a íntegra do artigo em midianinja.org

ACOMPANHANDO

Wagner Dias Ferreira

Pedro Gonzaga. Homem negro inocente asfixiado por um segurança de supermercado. Evaldo dos Santos. Homem negro inocente fuzilado pelo exército com 80 tiros na frente dos filhos. E a lista continua: A cada 23 minutos um jovem negro é morto neste país, boa parte deles pelas mãos de “agentes de (in)segurança”. De forma silenciosa e quase naturalizada, um povo é exterminado sem muito alarde, como se nossas mortes fossem um preço aceitável a se pagar para que as elites se sintam mais seguras em seus condomínios. É como se houvesse uma escala de vidas que importassem mais e outras menos: se um médico morre na área nobre o país para, mas se um jovem negro morre na favela é só uma nota de jornal. Por que isso acontece? Por que o mundo não lembra que vidas negras importam? A sociedade racista vê o negro como marginal e esquece que foi a maior responsável pela sua marginalização. Após produzir riquezas em séculos de escravidão, pessoas negras foram jogadas ao relento sem direito a nada. A liberdade sem oportunidades e reparação histórica serviu apenas para nos acorrentar à miséria. Assim somos inseridos numa sociedade capitalista onde precisamos produzir muito mas não temos o direito de consumir nada. Afinal os subempregos possíveis para quem não teve educação de qualidade exigem esforço máximo e pagam salário mínimo. É preciso parar Para reforçar as engrena- esse ciclo gens desse genocídio,a são vicioso criados mecanismos que transformam o assassinato de pessoas negras em meros acidentes de trabalho. Os chamados “autos de resistência” foram criados para justificar qualquer morte, dando carta branca para matar. A polícia brasileira é uma das que mais mata e também que mais morre. Precisamos parar esse ciclo vicioso. Violência gera violência, e independente de etnia ou posição política, todos concordamos que precisamos de paz.

Amélia Gomes / Brasil de Fato MG

Minas Gerais

Na edição 226...

Reprodução

Rádio da Serra

Crise no IPSEMG

Nascida no pé do abacateiro, Autêntica Favela FM sobrevive há 40 anos I Entrevista 11

Usuários sofrem sem atendimento por causa de falta de repasse do governo I Minas 6

Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018 • edição 226 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

LULA NO CENTRO DA LUTA POLÍTICA Supremo Tribunal Federal aprovou na quinta (22) o pedido de habeas corpus do ex-presidente. Com a decisão, Lula não pode ser preso logo após o seu julgamento em 2ª instância, que acontece na segunda (26) I Brasil 9 Luiza Castro

Lidyane Ponciano / Sind-UTE

Governo de Minas não repassa dinheiro ao Ipsemg e usuários ficam sem atendimento E agora...

Mulheres e música

Educação na rua

Elas resistem no mundo da arte, lutando contra o machismo e recebendo salários inferiores ao dos homens I Cultura 14

Trabalhadoras da rede pública estadual em greve. Você sabe o que elas reivindicam? I Minas 4

20 cidades suspendem atendimento pelo Ipsemg

O Sindicato dos Servidores Públicos de MG denuncia que mais de 20 cidades, incluindo a capital, que possuíam hospitais credenciados no Ipsemg estão suspendendo o convênio. O motivo seria o atraso, por parte do governo de Minas, do pagamento dos procedimentos. As entidades que representam os trabalhadores reivindicam a quitação das dívidas, além da autonomia financeira e administrativa do Ipsemg.


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BRASIL

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Lista suja do trabalho escravo

Mobilização internacional denuncia prisão de Lula Ricardo Sturckert

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or todo canto do país e pelo mundo, 7 de abril foi dia de manifestação por Lula Livre. De Caetés (PE), cidade-natal de Luiz Inácio Lula da Silva, a Viena (Áustria) manifestantes se reuniram para denunciar o 1 ano da prisão política do ex-presidente. Ao menos 16 países realizaram atos pela liberdade de Lula. No Brasil, 17 capitais e dezenas de cidades do interior organizaram manifestações. Em Curitiba, do lado de fora da carceragem da Polícia Federal, mais de 10 mil pessoas se juntaram para transmitir força e energia para Lula.

M

Já na capital mineira, o momento principal do ato foi a apresentação do Coral Mil

a m a r g o r P

Outras s a r v a l Pa

Vozes, que pediu por “Lula Livre” e entoou a canção “Anunciação”, de Alceu Valença.

inas Gerais novamente lidera lista suja de trabalho escravo. O ranking das empresas autuadas por submeter os trabalhadores a condições análogas à escravidão foi atualizado no último dia 3 de abril. 48 novas empresas foram incluídas na lista pela prática irregu-

lar. Desde que foi criada, em 2016, 187 empresas foram incluídas no cadastro. O estado com o maior número de notificações no Brasil, e também com o maior contingente de trabalhadores resgatados, é Minas Gerais. Foram encontrados 189 trabalhadores em condições análogas à escravidão em 17 empresas e. ANÚNCIO

Fique Ligado ! 10h às 10h30

O Programa Outras Palavra é uma produção do Sind-UTE/MG. Todos os sábados, na TV Band Minas Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.

Quem Luta, Educa! www.sindutemg.o rg.br


Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Em dez anos, reforma da Previdência pode acabar com 5 milhões de empregos O

desempenho da economia brasileira nos próximos anos pode ser desastroso, com 450 mil novos desempregados por ano e uma redução de um ponto no Produto Interno Bruto (PIB). Essa é a previsão do economista Marcelo Manzano, caso a PEC da Previdência seja aprovada. Segundo ele, a promessa do governo de que a reforma vai salvar a economia é uma “bobagem”, pois ela terá efeito inverso. O economista, que é pesquisador do Centro de Estudos Sindicais de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, explica que a teoria do governo é que o custo da mão-de-obra seja mais baixo, e com isso as empresas contratem mais trabalhadores. Mas a realidade não funciona assim. Na explicação dele, as ofertas de emprego só aumentam quando cresce a procura por mais produtos e serviços, ou seja, quando as empresas precisam crescer para dar conta de produzir e vender mais. Mas as vendas não vão crescer. A reforma vai diminuir o valor das pensões, benefícios e aposentadorias. Por consequência, essas pessoas

O Brasil de Fato levantou informações sobre suas promessas de economizar dinheiro público. Ao assumir o cargo de deputado federal, Marcelo Freitas prometeu abrir mão da aposentadoria especial e ao auxílio-moradia. No entanto, a renúncia foi só do valor pago em espécie. Freitas solicitou um imóvel para morar, de graça, em Brasília. A desistência da aposentadoria como deputado foi um detalhe burocrático, pois como delegado da Polícia Federal, com salário acima do teto do INSS, Freitas já tem uma previdência complementar.

vão comprar menos também. “A reforma vai tirar aproximadamente R$ 100 bilhões da economia por ano, que são transferidos para os trabalhadores de baixa renda, que têm um efeito mul-

Deputado mineiro é relator

Mudanças devem reduzir taxa de crescimento do PIB tiplicador muito forte e rápido na atividade econômica”, disse. Se menos dinheiro rodar, menos emprego é gerado. Baixa também do PIB De acordo com a análise de Manzano, é possível estimar que a retirada anual de R$ 68,7 bilhões dos pagamentos do INSS deverá reduzir o PIB em cerca de 0,5% ao ano. Já os recursos poupados com os cortes dos benefícios assistenciais – que o governo estima em R$ 1 trilhão em dez anos – deverão retirar do PIB aproximadamente R$ 32 bilhões anuais, isto é, outro 0,5% nesse período. Portanto, as mudanças devem reduzir em 1% a taxa

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Quem é Marcelo Freitas?

PRIORIDADES Pacote que corta as aposentadorias terá efeito inverso na economia Juca Guimarães

BRASIL

de crescimento anual do PIB até 2029. Nas projeções de Manzano, o mercado de trabalho brasileiro perde aproximadamente 450 mil empregos por ano, na melhor das hipóteses, ou seja, 0,5% da população ocupada. Em dez anos, podem ser 5 milhões de vagas de emprego a menos. Resposta O Brasil de Fato questionou o gabinete da Presidência da República e Secretaria da Previdência, que indicaram um estudo do Adolfo

Sachsida, da Secretaria de Política Econômica (SPE). Ele afirma que a reforma irá criar 8 milhões de vagas de emprego e que cada brasileiro terá R$ 5 mil a mais na sua renda até 2023, sendo que esse aumento é diferente de acordo com a classe social. O economista da Unicamp rebateu as informações do secretário: “O argumento do governo não tem o menor sentido e é uma enorme irresponsabilidade para com o país e a população mais pobre”, disse Manzano.

O deputado Marcelo Freitas (PSL), relator da reforma da Previdência, apresentou parecer favorável à aprovação da PEC 6/2019. A proposta passou pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, que deveria analisar se a reforma está de acordo com a Constituição Federal. Ao ler seu voto, o deputado defendeu que as leis sobre a previdência não são cláusulas pétreas, ou seja, leis que não podem ser mudadas. Já os deputados que se opõem à reforma argumentam que são leis pétreas e que mexer nelas trará insegurança ao trabalhador, pois abre as portas para mudar leis previdenciárias com mais facilidade ao longo do tempo.


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Julian Assange perde asilo em embaixada do Equador e é preso pela polícia britânica PERSEGUIÇÃO WikiLeaks alega que o jornalista foi preso por pressão dos EUA, em retaliação à divulgação de documentos da guerra do Iraque Justin Tallis / AFP

Marcos Hermanson

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epois de sete anos vivendo sob asilo diplomático na embaixada do Equador em Londres, o ciberativista australiano Julian Assange, de 47 anos, foi preso na quinta-feira (11) pela polícia britânica. O WikiLeaks, site do qual Assange é fundador, havia alertado há alguns dias que o governo equatoriano, chefiado por Lenin Moreno, havia estabelecido um acordo

com os britânicos para que a prisão fosse realizada. No Twitter, o mesmo site classificou a decisão do governo equatoriano de cance-

lar o asilo diplomático de Assange como uma “violação das leis internacionais”, dizendo também que a polícia metropolitana de Londres foi

“convidada a entrar na embaixada”. Assange estava abrigado na embaixada equatoriana desde 2012, época em que um mandado de prisão por crimes sexuais e pedido de extradição havia sido expedido pela Suécia, onde viveu. O WikiLeaks, por sua vez, alega que Assange foi preso por influência do Estado americano, por ter colaborado com a ex-agente de inteligência Chelsea Manning na divulgação de documentos sobre a guerra do Iraque.

O que é o WikiLeaks? É um site que possui colaboradores em diversos países, e publica relatórios, fotos e informações confidenciais de governos ou empresas. Geralmente, essas informações foram vazadas. As publicações do WikiLeaks são sobre assuntos de grande importância e têm a possibilidade de mudar a política de países, como no caso em que revelou que os EUA espionaram 29 integrantes do governo de Dilma Rousseff, em 2015 e na denúncia do envolvimento do Exército norte-americano na morte de milhares de civis no Afeganistão e no Iraque.

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Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

ENTREVISTA 15 11

“O setor mineral mata mais que os demais setores de atividades”, diz auditor do trabalho PRECARIZAÇÃO Márcio Parreiras fala sobre sucateamento do setor e da importância da atuação dos fiscais em casos como do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho Mario Parreiras / ALMG

sempre distantes de uma gerência ou superintendência do trabalho. Isso demanda não apenas recursos humanos, mas também financeiros e de infraestrutura, como diária, deslocamento, combustível, etc. E com os cortes orçamentários que viemos sofrendo ao longo dos anos, isso está cada vez mais complicado. Todos esses fatores fazem com que o setor minerário não sofra uma vigilância da forma como merecia.

Amélia Gomes

O

número de vítimas fatais do crime da Vale em Brumadinho já passa de 200, cerca de 79 pessoas ainda seguem desaparecidas debaixo da lama. O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão é o maior acidente de trabalho da história do Brasil e o segundo maior do mundo. Para falar sobre a atuação da Superintendência do Trabalho em Minas Gerais no caso de Brumadinho e sobre a precarização do setor, entrevistamos Mário Parreiras de Faria, auditor fiscal do trabalho e coordenador da Comissão Nacional Permanente do Setor Minerário. Brasil de Fato - Qual é o trabalho de um auditor fiscal? Mário Parreiras de Faria Especificamente na área de segurança e saúde, o trabalho de um auditor fiscal é verificar todas as normas de segurança das atividades profissionais. São 37 normas regulamentadoras, e a nossa função é verificar seu cumprimento. Caso as empregadoras não estejam cumprindo esses deveres, podemos autuá-la ou interditá-la, a partir de constatações de grave ou iminente risco. O trabalho dos auditores fiscais é muito grande, porque são muitas normas, municípios e empresas a serem fiscalizadas, e o contingente de auditores é muito pequeno. E como está hoje a infraestrutura da Superinten-

dência? Há um déficit no número de auditores? Há muito tempo que a auditoria fiscal do trabalho tem tido uma redução significativa dos seus quadros. Temos um déficit de mais de 50% e por isso temos muita dificuldade em atender todas as demandas. Hoje, mais da metade da equipe de Belo Horizonte está totalmente dedicada ao caso do rompimento da barragem em Brumadinho. Na área de segurança e saúde são cerca de 25 auditores e 15 estão em fase de apo-

Temos um déficit de mais de 50% e por isso temos muita dificuldade em atender todas as demandas que temos”

sentadoria. Em Minas Gerais temos apenas 230 auditores de fiscalização externa direta para os 863 municípios do estado, ou seja, um número muito pequeno para o tamanho da demanda. Esse déficit de quadros e investimentos reflete na fiscalização do setor minerário? A indústria extrativa mineral é um setor que tem muitos acidentes de trabalho. As estatísticas mostram que em 2017 a taxa de mortalidade de trabalhadores nessa área foi superior às outras em 2,6%. O setor mineral mata mais que os demais setores de atividades. Ele também tem uma gama de fatores de risco que o tornam um motivo de preocupação para a auditoria, como exposição a ruídos e poeira, trabalho físico intenso, equipamentos pesados. Além disso, esses empreendimentos nunca estão em centros urbanos, estão

Recentemente o Ministério do Trabalho foi extinto e anexado à pasta da economia. Além disso, há mais de um ano está em vigor a reforma que desmantelou os direitos dos trabalhadores brasileiros. Como essas medidas impactam na segurança dos trabalhadores? A reforma trabalhista impacta no nosso trabalho na medida em que reduz direitos e amplia a terceirização. A gente sabe que o trabalhador terceirizado é mais precarizado e não tem condições idênticas aos não terceirizados. E a gente precisa lembrar tam-

A gente sabe que o trabalhador terceirizado é mais precarizado e não tem condições idênticas aos não terceirizados”

bém que o setor mineral é o que mais terceiriza trabalhadores: cerca de 50% dos trabalhadores em uma mineração são terceirizados. Tanto é que no caso de Maria-

Em 2017 a taxa de mortalidade dos trabalhadores na mineração foi 2,6% superior às de outras áreas de trabalho” na, dos 14 trabalhadores que foram mortos por causa do rompimento, 13 eram terceirizados; em Brumadinho eles também são a maioria dos mortos. Isso mostra a importância da questão da terceirização na acidentalidade do setor.

Riscos

sobre a segurança dos trabalhadores, assédios, condições de trabalho e outros casos podem ser denunciados para auditores fiscais. Para isto basta ligar no 32706100 ou ir pessoalmente à Superintendência Regional do Trabalho, que fica na Rua dos Tamoios, 596 - Centro, Belo Horizonte.


14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019 ANÚNCIO

FIQUE

BEM CUIDANDO DOS CACHOS HIDRATAÇÃO Para quem tem cabelos crespos ou cacheados, aí vai uma receitinha fácil e barata para fazer sua hidratação! Você precisa apenas de uma folha de babosa e uma colher de um creme de sua preferência. Retire toda a casca da babosa e a coloque no liquidificador junto com a máscara. Bata a mistura e aplique no cabelo, que pode estar seco ou molhado. Aguarde 30 minutos e enxague normalmente.

TRANSIÇÃO CAPILAR O processo de aceitação dos ca-

Solidariedade faz parte da nossa identidade. “No judô e na vida, o esforço é importante para alcançar resultados. A gente precisa acreditar e trabalhar.” Ariana Ingrid

Ariana Ingrid é judoca campeã e colaboradora do projeto Avança Judô. Com sua garra, ela vence lutas; com sua solidariedade, ela ajuda a melhorar a vida de crianças e jovens. É assim que ela contribui para Minas se reinventar. E não há crise que possa esconder nosso talento. Somos nós que fazemos a Minas que a gente quer. Faça parte deste movimento!

Isso é Minas Gerais. Isso é Minas demais.

chos definitivamente não é fácil. Mas se você está com dúvidas sobre o processo de transição capilar e tudo o que ele representa, damos uma dica inspiradora e acalentadora. Leia o relato “Eu nunca quis fazer transição capilar” da jornalista Raíssa Lopes, sobre o seu processo de transição, aceitação e descoberta sobre si mesma. É só acessar

bit.ly/2Ivlsel

AMIGA DA SAÚDE Uso cotonetes para limpar os ouvidos, mas ouvi falar que faz mal. Como faço para tirar a cera então? Paula Santos, 29 anos, telemarketing

Paula, infelizmente o hábito de limpar os ouvidos com cotonetes é bastante comum. Mas esse tipo de limpeza é contraindicado porque pode ferir ou perfurar o tímpano, além de prejudicar a lubrificação natural (produção de “cera”) do canal auditivo. A cera (ou cerúmen) é uma proteção. Caso haja excesso, somente o médico deverá retirá-la, pois ele fará isso de forma correta, sem machucar. Para a limpeza da orelha, use o dedo envolto com uma toalha e limpe aonde seu dedo alcança. Assim não terá risco de atingir áreas mais sensíveis.

Saiba mais

almg.gov.br

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas ANTEPASTO DE BERINJELA FEITO NA PANELA Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Ingredientes • • • • • • • • •

3 berinjelas médias 1 pimentão vermelho 1 pimentão amarelo 1/3 xícara (chá) azeitonas 1 cebola 3 dentes de alho 1/2 xícara (chá) de uvas passas brancas; Sal, tomilho e pimenta-do-reino a gosto; Azeite de oliva

Modo de Preparo 1. Pique as berinjelas, os pimentões e a cebola em cubos. Para não escurecer, deixe as berinjelas de molho na água até usar. 2. Refogue a cebola e o alho picado no azeite. Em fogo baixo, junte os pimentões e depois as berinjelas. Deixe cozinhar até que fiquem bem macios. Vá adicionando água aos poucos. 3. Deixe secar e depois acrescente as azeitonas, as passas e os temperos. Deixe mais uns minutinhos no fogo baixo. 4. Regue com bastante azeite. 5. Sirva com pães e torradas.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


Divulgação

14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019 Rafaella Dotta

Roteiro

Eletrônico + Baile da Serra

Abril é mês do santo e orixá guerreiro

Acontece no Cafezal um super evento juntando a MASTERplano e o Baile da Serra. Além da música eletrônica da Master, também tem Flávio Renegado, Lá da Favelinha, Fernanda Takai, Nega Jackie e mais. O objetivo é arrecadar fundos para

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Festival Lula Livre na Pedreira

SALVE! São Jorge no catolicismo, Ogum na Umbanda e Candomblé, saiba onde reverenciar o símbolo da proteção e dos caminhos abertos ia 23 de abril é dia de saudar o guerreiro valente, que fortalece os seus devotos e os protege dos inimigos. O sincretismo religioso – mistura de religiões – permite que ele seja celebrado tanto pelo catolicismo quanto pelas religiões de matriz africana, com feijoadas, missas, giras e festas. Ele é São Jorge para os católicos e Ogum para os umbandistas e candomblecistas. Ogum, senhor das batalhas Na religião africana yorubá, os orixás são como intermediários entre Olórun (Deus) e os seres humanos. Ogum é o orixá de vestes azul e brancas ou vermelho e brancas, senhor do ferro, da guerra, da agricultura e da tecnologia. Seus filhos costumam pedir força e proteção. As ervas mais ligadas a Ogum são a Abre Caminho, Arruda, Folha de Seringueira e Espada de Ogum (ou São Jorge). Em Belo Horizonte, a Tenda de Umbanda Caboclo Pena Branca faz pelo quinto ano uma feijoada para Ogum. Dia 21 (domingo), às 19h, Rua Con-

frade Machado, 21, Nova Esperança. Na terça (23), é a vez do Centro Espírita São Jorge Guerreiro reverenciá-lo, às 19h30, com sua 4ª Festa & Feijoada de Ogum. E no último domingo de abril (28), o Templo Escola Ogum Sete Espadas faz a II Feijoada de Ogum, às 12h, na Avenida Cristiano Machado, 297. Na arte também tem proclamação. A Flores de Jorge Companhia Cênica apresenta o espetáculo “Ogum”, que conta histórias do orixá e também aborda a tolerância religiosa. A peça está em cartaz de 12 a 21 de abril (sexta às 20h, sábado às 20h e domingo às 19h), no Sesc Palladium, Av. Augusto de Lima, 420. O ingresso é R$ 15 e a meia entrada R$ 7,50. São Jorge contra o dragão Conta a história que Jorge, nascido em 275, morava na Capadócia, hoje Turquia, e era um alto comandante do exército romano. Depois de ver a crueldade com que o imperador tratava os cristãos, Jorge se rebelou. Foi preso e tortura-

do, mas passou a ter cada vez mais fé nas palavras de Jesus Cristo. Morto pelo império romano, foi tornado santo. Uma grande festa em sua homenagem acontece na Paróquia São Jorge entre os dias 21 e 23 de abril, na capital mineira. Nos dois primeiros dias a festa começa às 15h, com missa às 19h. No dia do santo, 23 de abril, as missas começam às 6h, finalizando às 19h com uma celebração solene ao padroeiro. A paróquia fica na rua Corcovado, 425, bairro Jardim América.

Ogum “Sim, vou na igreja festejar meu protetor E agradecer por eu ser mais um vencedor Nas lutas nas batalhas Sim, vou no terreiro pra bater o meu tambor Bato cabeça e firmo ponto, sim senhor Eu canto pra Ogum” Música cantada por Zeca Pagodinho, compositores Marquinho PQD e Claudemir

Boi Rosado, grafite, roda de capoeira, feijoada e muito samba fazem parte de evento na Pedreira Prado Lopes, em BH. Organizado pela Frente Brasil Popular, o festival acon-

a Associação de Moradores da Vila Santana do Cafezal. Sábado e domingo (13 e 14), a partir das 14h, na Praça do Cafezal (Rua Vista Alegre, Vila Santana do Cafezal, BH). Gratuito. Ajude também no financiamento coletivo evoe.cc/brotanocafezal.

tece no sábado (13) e é uma ação cultural pela libertação do ex-presidente Lula. Entrada gratuita. No Galpão Pátria Livre (Rua Pedro Lessa, 435), das 10h às 20h.

Financiamento para o Auto da Compadecida Tati Motta /Divulgação

O grupo de teatro Maria Cutia quer levar a peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, para as ruas. Sabe aquele filme famoso? Sim, é a mesma história,

porém com a emoção do teatro de rua. Eles estão recebendo doações pelo site tinyurl.com/y26syr2f, e quem contribui ainda ganha recompensas!


Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

ESPORTE

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Agência Brasil

CURTA E GROSSA

Os 95 anos da“resposta histórica” do Vasco

Reprodução / Vasco da Gama

“São vários os ritmos e estilos que podem ser praticados”

Mitos e verdades sobre a dança SAÚDE A dança é praticada por pessoas de todos os perfis e todas as idades Monyse Ravena, de Recife (PE)

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ançou muito durante o carnaval? Além de muito presente nas ruas, a dança também é sucesso nas academias de todo o Brasil. A atividade proporciona inúmeros benefícios para o corpo e a mente. E o melhor: pode ser praticada por pessoas de todos os perfis e idades. A personal trainer e especialista educacional da modalidade Karla Mead elencou alguns mitos e verdades sobre a atividade. Confira. Dançar emagrece? Verdade! E como emagrece! “Tudo depende da intensidade que cada aluno coloca nos movimentos da coreografia. Em uma aula de Zumba, por exemplo, já observamos participantes com gastos de até 1.000 calorias”, explica Karla. Dançar tonifica os músculos? Verdade! Segundo a especialista, os praticantes da atividade trabalham glúteos, posterior de coxa, panturrilha, abdômen, costas e quadríceps. “É uma atividade com método intervalado intermitente muito completa que pode ser combinada com movimentos de contração muscular ou pliometria, o que auxilia na queima de gordura e tonificação muscular”.

A dança é só para jovens? Mito! A dança é uma atividade física inclusiva, pois pessoas de todos os sexos e idades podem praticar. Segundo Karla, é possível encontrar nas academias aulas específicas de dança para a terceira idade. É o papel do professor adaptar a aula às necessidades dos alunos. Dançar é para quem tem dom? Mito! A flexibilidade, a coordenação motora e o ritmo podem ser adquiridos com treino. “A coreografia pode ser aprendida em tempos diferentes pelos alunos. Porém, um dos lados positivos das aulas coletivas é que um motiva o outro e, assim, fica difícil não se sentir animado para se desafiar em uma próxima aula”, conta a personal trainer. Só pessoas magras podem dançar? Mito! Todo mundo pode dançar, independente do biotipo. Karla afirma: “O papel da dança, acima de tudo, é fazer com que as pessoas se sintam felizes”.

Luiz Ferreira, do Rio de Janeiro

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odo mundo sabe que o Clube de Regatas Vasco da Gama é um dos gigantes do futebol brasileiro. Mesmo tendo passado por dificuldades nos últimos anos, o Trem Bala da Colina já conquistou quase tudo que disputou ao longo desses mais de 120 anos de vida. Mas nenhum título é tão importante quanto a chamada “Resposta Histórica”. Essa história começa nos anos 1920, quando o esporte bretão era dominado pelas elites e os “rapazes bem nascidos”. Sem a mesma tradição dos times da Zona Sul, no então nascente Campeonato Carioca, o Vasco adotou a estratégia de montar elencos com jogadores das classes sociais menos favorecidas. E, assim, foi campeão da Segunda Divisão em 1922. Mantendo a base da temporada anterior, conquistou 11 vitórias em

14 partidas e levou o título do campeonato. Os outros clubes, incomodados, decidiram criar uma nova liga e exigiram a exclusão de 12 jogadores do plantel vascaíno que, segundo eles, não apresentavam “condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”. Vocês estão pensando que o Vasco abaixou a cabeça? Nada! A diretoria desistiu de integrar a recém-criada liga, rechaçando a ordem de abrir mão de jogadores negros e pobres. A liga resolveu admitir o Vasco em 1925, após muito sucesso do clube junto ao povo. Ele não foi o primeiro a contar com negros, mas foi o responsável por quebrar barreiras no futebol brasileiro. Teve o primeiro presidente negro (Cândido José de Araújo, entre 1904 e 1906) e abriu as portas do velho e rude esporte bretão para os menos favorecidos, sem se preocupar com classe social ou a etnia dos seus atletas. ANÚNCIO


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Belo Horizonte, 12 a 18 de abril 2019

Estadual: segundo jogo da decisão será no sábado (20)

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Rafael Ribeiro / CBF

Vinnicius Silva Cruzeiro E.C.

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Federação Mineira de Futebol (FMF) definiu que o segundo jogo da final do Campeonato Mineiro, entre Atlético-MG e Cruzeiro, será disputado no dia 20, sábado, às 16h30. O moti-

vo é que os dois times entrarão em campo na terça-feira (23), pela fase de grupos da Libertadores. A definição da data ocorreu após um acordo entre os clubes e a Globo, detentora dos direitos de

transmissão do campeonato. O Atlético, mandante da partida, ainda não decidiu se jogará no Mineirão ou Independência. Já o primeiro jogo acontece neste domingo (14), às 16h, no Mineirão.

“E o tal do ‘mito’ de araque que ainda não se pronunciou? Será que novamente está de licença médica? Tem que ficar de repouso?” Diego Cavalieri, goleiro do Botafogo, criticando Bolsonaro por ele não ter dito nenhuma palavra de apoio à família ao músico Evaldo Rosa, assassinado covardemente por dez soldados do Exército, domingo (7), com 80 tiros.’

Gol de placa No Rio de Janeiro, domingo (7), Chico Buarque organizou uma partida do Polytheama, seu time amador, contra o Torcedores pela Democracia, composto por vários coletivos de torcidas do Brasil. O evento foi uma ação em prol da liberdade de Lula e pela democracia no Brasil.

Gol contra Um torcedor flamenguista foi barrado pela segurança privada do Maracanã no sábado (6), no jogo contra o Fluminense, porque vestia a camisa da torcida Flamengo Antifascista. O torcedor teve que aguardar a chegada de um sargento da PM para ser liberado a entrar no estádio.

Teimosia do treinador

Vexame, queda e nuvens sombrias

“Fredtricks” e solidez defensiva

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

A campanha do América no Campeonato Mineiro seguiu a tendência das campanhas anteriores: não perde para os times do interior, fica em terceiro e é eliminado para Cruzeiro ou Atlético. E, de fato, não tem obrigação de fazer mais do que isso, mas Decacampeão pode aproveitar o baixo nível do campeonato, principalmente nos jogos contra os times do interior, para dar ritmo e oportunidades aos garotos da base e utilizar muitas peças do elenco para avaliar se precisa ou não de mais reforços para o restante da temporada. Infelizmente, o técnico Givanildo Oliveira, com sua inabalável teimosia, não fez isso, e ficou repetindo sempre os mesmos atletas, o mesmo esquema de jogo e as mesmas substituições.

Mais uma era Levir terminou no Atlético. Ele deve ter decidido sair, pois seu momento era insustentável no clube. Mas a diretoria precisa se salvar. E a estratégia é a de sempre: culpar os outros. Um fracasso já era presumível durante a Pré-Libertadores, mas Levir CulGalodedoido! pi gastou seuÉarsenal desculpas na quarta (10): “O time entrou em pânico”. Como explicar atuações tão pífias contra adversários medianos? Como jogadores experientes ficam apavorados diante do Cerro Porteño? Sofrer quatro gols em 13 minutos é normal? Quem vier para o seu lugar vai viver um calvário. Nem milagres classificam o Galo à fase seguinte. Recuperar a autoestima nas finais do Estadual, muito menos.

Salve, nação azul! O cabuloso parece jogar melhor a cada jogo. Na quarta (10), nos fez reviver os melhores momentos em partidas sul-americanas, que nos renderam o apelido de “Bestia Negra”. O Cruzeiro não deu a menor chance ao Huracan, que suLa do Bestia cumbiu diante faro deNegra gol de Fred. Foi o segundo “fredtrick” do mês. O time mantém a solidez defensiva com maior poder de decisão no ataque. Os reforços se encaixaram como uma luva e a expectativa em relação a Pedro Rocha é das melhores. Domingo (14), é dia de clássico e o momento é amplamente favorável ao maior de Minas. Acredito que nossa segunda feira (15) será bem mais feliz que a de nossos amigos do lado de lá. Saudações celestes!


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