Edição 279 do Brasil de Fato MG

Page 1

Reprdução

Você merece um escalda-pés

Reprodução

Parece que Einstein acertou

A prática é milenar e ajuda a aliviar o cansaço e revigorar o corpo. Aprenda a receita

Cientistas conseguem a imagem de um buraco negro e comprovam teoria

VARIEDADES 12

CIÊNCIAS 12

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril de 2019 • edição 279 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Agência Brasil

“O golpe de 2016: a porta para o desastre” Em artigo, Dilma Rousseff analisa o contexto do impeachment que sofreu e afirma que Bolsonaro está aprofundando retrocessos do governo Temer OPINIÃO 11

Bolsonaro quer acabar com 650 conselhos Decreto propõe extinguir órgãos que permitem participação popular na formulação de políticas públicas. Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (foto) é um dos ameaçados I BRASIL 8 EBC

De protagonista a figura secundária Mais um processo contra o deputado Aécio Neves (PSDB) é arquivado. Para estudioso da política mineira, acordo para viabilizar candidatura presidencial em 2014 foi o início da perda de prestígio MINAS 5

Salário mínimo menor Governo federal manda proposta para impedir valorização do mínimo. Único pagamento que poderá aumentar será de militares OPINIÃO 7

Roberto Stuckert


2

OPINIÃO

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Editorial | Brasil

Lobo em pele de ditador Não passa semana sem que os de cima sejam agraciados, e os de baixo sejam roubados. Bolsonaro anunciou nesta semana a venda de metade das refinarias da Petrobras. Um verdadeiro assalto ao patrimônio público. A Petrobras nasceu para servir ao povo brasileiro, mas desde o governo Temer

Deixar de reajustar o salário mínimo é tirar de quem mais precisa

ESPAÇO DOS LEITORES “Não entendo os novos governantes: querem justamente entregar para as privatizações as empresas/organismos que dão certo” Angela Rocha comenta a matéria “Privatizar a Cemig não vai resolver nada” “Veremos crianças e famílias nas ruas pedindo esmola e a educação pior ainda. Que vergonha!” Gizelia Luiza escreve sobre a matéria “Governo Zema confirma que 70% do ensino em tempo integral será fechado” “Cenário do estado tão péssimo quanto o nacional... De novo, Zema não tem nada” Maria Angélica Figueiredo compartilhou a capa do Brasil de Fato MG edição 278, com a manchete: “Governador ou vendedor? A foto da capa da edição 278 é de Gil Leonardi/ Imprensa MG

está a serviço do mercado, apenas para gerar lucrou. Bolsonaro anunciou outras medidas absurdas. Uma delas foi o fechamento de centenas de conselhos de políticas públicas e participação social. Com isso, deixou claro: não acredita na participação popular. Outra medida recente foi enviar ao Congresso proposta que anula o ganho real do salário. A política de valorização do salário mínimo foi uma das principais medidas dos governos Lula e Dilma para distribuição de renda. São os mais pobres que vivem e dependem do salário mínimo. Deixar de reajustá-lo acima da inflação é tirar de quem mais precisa. Toda história tem seu início E quem se beneficia com isso? Os patrões, os mais ricos, a classe dominante. Medida após medida fica claro que o povo brasileiro elegeu em outubro de 2018 um represen-

tante das elites, dos banqueiros, dos interesses internacionais. E pior, ele nem teve que se vestir em pele de cordeiro. Desde sempre, Bolsonaro se mostrou contra a democracia, contra a participação, contra os trabalhadores, contra os direitos. E os absurdos se contam na casa dos segundos. Que triste momento vive o Brasil! Temos um presidente que encontra as portas fechadas por onde passa. Também na última semana o prefeito de Nova York chamou Bolsonaro de “perigoso”, “racista” e “homofóbico”. E um restaurante caríssimo disse “não” à recepção do inepto presidente. Toda história tem seu início. Há três anos Eduardo Cunha comandava o início do processo de impeachment de Dilma Rousseff. E de gân-

Prefeito de Nova York chamou Bolsonaro de “perigoso” e “racista” gster em gângster, com Globo, STF, Forças Armadas, empresários, agronegócio, Lava Jato e demais instrumentos utilizados pela classe dominante na luta política, o Brasil segue afundando. Mas essa história terá fim. O programa deles, de enxugamento do Estado, dos direitos, arrocho para os pobres, só agrava a crise. O povo aprende na dor e não tarda o cipó de aroeira voltar para o lombo de quem mandou dar.

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Adília Sozzi, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Na semana do 17 de abril completam-se três anos que a população brasileira assistiu, pela TV, os discursos de deputados federais que aprovaram o impeachment de Dilma Rousseff. Os discursos foram tão vergonhosos que a televisão não transmitiu a votação no Senado, seis meses depois. Mas não desviemos do assunto. O que o Brasil de Fato quer saber é:

Sua vida melhorou nesses três anos da derrubada de Dilma Rousseff?

Não. Minha mãe estava empregada e agora está desempregada, pra mim está mais difícil de achar emprego. Tem muita gente que hoje está bem por causa da época do Lula e da Dilma, não por causa desse governo.

Maria Eduarda dos Reis

Se eles acharam que tirando a Dilma ia mudar alguma coisa na minha vida, eles erraram. Não mudou nem pra mim, nem pra ninguém. O governo que está aí melhorou só pra polícia, pros militares, porque pra gente não melhorou nada.

Matheus Sardinha Pereira

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

GERAL

3

Número da Semana

573

Esse seria o valor do salário mínimo se já valesse a regra de Jair Bolsonaro, que propõe a extinção da Política de Valorização do Salário Mínimo. Levando em conta somente a correção da inflação, como propõe Bolsonaro, o salário mínimo, que hoje é de R$ 998, seria de apenas R$ 573, ou seja, uma perda de R$ 425.

CARTÕES BHBUS NAS BANCAS

Usuários do transporte público de BH poderão realizar recargas nos cartões BHBus em bancas de revistas e jornais. A lei que autoriza a venda foi sancionada no dia 16 pelo prefeito Alexandre Kalil e deve ser regulamentada em até 90 dias.

Os donos de bancas que quiserem vender o crédito de transporte terão uma remuneração pelo serviço. Lembrando que o benefício das recargas em bancas será apenas para os cartões da modalidade usuário portador.

Declaração da Semana

“Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Deivos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” Jesus Cristo, em João (13,14-15)

Na Semana Santa, os cristãos celebram a morte e ressureição de Jesus Cristo, símbolo da esperança e transformação. Pouco antes de morrer, Jesus realiza a cerimônia de Lava Pés, onde dá exemplo de humildade e serviço ao próximo.


4

CIDADES

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Governador não tem maioria para privatizar Cemig DESMONTE Para eletricitário, se conseguir vender empresa, governo abre caminho para entregar Copasa, Gasmig e outras estatais Sarah Torres / ALMG

Atuante em direitos humanos? Esses vídeos e cartilha podem te ajudar a se comunicar Da redação

Deputados Bruno Engler (PSL) e André Quintão (PT) assistem a debate na ALMG

Wallace Oliveira

Z

ema pretende privatizar a Cemig. Foi o que ele prometeu na última semana, durante evento nos Estados Unidos. Contudo, para concretizar esse objetivo, o governo de Minas terá grandes obstáculos, que passam pela dificuldade de apoio da maioria dos deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e entre a própria população. Minas detém cerca de 17% das ações da Cemig. Para abrir mão dessa propriedade, o governo precisaria do voto de três quintos dos deputados estaduais e de aprovação em referendo. É o que prevê a Constituição do estado, em emenda aprovada no ano de 2001. Desta forma, o povo mineiro tem o direito de decidir se uma empresa pode ou não ser privatizada. O deputado estadual André Quintão (PT), líder da

oposição na ALMG, acredita que dificilmente o governo conseguirá maioria. Foi o que se viu, por exemplo, no dia 27 de março, durante votação do veto do governador a projeto prevendo ações de combate, nas escolas, ao diabetes em crianças e adolescentes. O governo liberou sua base e perdeu por 49 votos a 3. Só o Novo votou a favor do veto. O parlamentar critica a opção do governo por tentar abordar o problema do déficit nas contas públicas abrindo mão de uma empresa estratégica. “Ele teria outros caminhos: a discussão com o governo federal sobre a Lei Kandir [que perdoa mineradoras e outras empresas de pagarem ICMS], a discussão com o próprio estado sobre as renúncias fiscais. O valor da Cemig praticamente serviria para quitar apenas a folha de pagamento de um mês”, pondera.

Ajuste fiscal Promessa de campanha, a privatização de estatais ressurgiu no início do mandato. O governo de Minas quer aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal, o que lhe facultaria refinanciar a dívida com a União. Só que, em contrapartida, exige-se que os governos estaduais privatizem empresas públicas, congelem salários e retirem direitos dos servidores, entre outras medidas de ajuste fiscal. Jairo Nogueira, eletricitário e secretário geral da Central Única dos Trabalhadores em Minas, acredita que a Cemig sirva como teste para o governo entregar também a Copasa, Gasmig e outras áreas. “Ele está experimentando primeiro a privatização da Cemig. Então, ele deve estar colocando como prioridade a questão da Cemig para ganhar força e passar o restante do plano”, afirma.

Dia nacional contra privatizações A Frente Brasil Popular convoca o Dia Nacional de Luta contra as Privatizações no próximo dia 6 de maio. “Nesse dia, completam-se 22 anos da privatização da Vale do Rio Doce, que se tornou agora Vale, que tem uma reincidência de crimes ambientais e sociais. Mariana e Brumadinho são o resultado mais claro da privatização do setor de mineração. Então, nós vamos trabalhar simbolicamente esse dia para dizer à sociedade qual é o resultado da privatização, principalmente dos setores estratégicos”, comenta Jefferson Silva, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG).

Voltado a comunicadores populares, o Projeto de Comunicação e Direitos Humanos divulga seu minidocumentário “Pra falar e ser ouvido”, sobre a importância da mídia popular. O canal do youtube conta ainda com cinco vídeos de oficinas e debates. Eles foram gravados durante atividades que aconteceram de fevereiro a setembro de 2018 em 12 cidades mineiras. O objetivo é fornecer uma formação gratuita a quem queira atuar como comunicador popular. “Em Juiz de Fora conseguimos envolver diversas lideranças comunitárias em uma oficina de jornalismo popular, que conseguiu motivar a comunidade a trabalhar para reativar um jornal local”, conta Jonathan Hassen, um dos coordenadores do projeto. O curso foi desenvolvido pela Associação Henfil Educação e Comunicação, em parceria com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania do Governo de MG e com o Brasil de Fato MG. A produção dos vídeos é da Rupestre Filmes. Assista em: tinyurl.com/yyodoepc


Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

MINAS

5

Sumido do cenário nacional, Aécio Neves tem mais um processo arquivado JUSTIÇA De protagonista na política mineira, o deputado passou à condição de figura secundária Edilson Rodrigues / Agência Senado

de investigação sobre suspeita de maquiagem de dados para esconder o “mensalão tucano”. A Procuradoria-Geral da República, que tinha solicitado o envio do processo à primeira instância, mudou o entendimento e pediu que o caso fosse encerrado por falta de indícios. Em maio de 2017, Aécio foi afastado do Senado por ordem do STF, após divulgação de conversas gravadas, nas quais ele pedia R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS. Sua irmã e assessora, Andreia Neves, foi presa e

liberada um mês depois. O partido Rede entrou com pedido de cassação no Conselho de Ética, mas a representação foi arquivada por “falta de provas”. Em outubro daquele ano, por 44 votos a 26, o Senado derrubou a decisão do Supremo e Aécio retornou às atividades no Senado. O caso foi um marco negativo na carreira do tucano, outrora protagonista do impeachment de Dilma no Congresso, ao lado de Eduardo Cunha (MDB). Aécio cogitava recandidatar-se à Presidência da República, após uma segunda colocação na eleição presidencial de 2014, mas sequer pôde tentar a reeleição ao Senado, para o qual foi eleito em 2010, com 7 milhões de votos. Em 2018, acabou por concorrer à Câmara dos Deputados, elegendo-se com pouco mais de 100 mil votos – o 19º mais votado por Minas.

sseff no segundo turno e com seu candidato ao governo de Minas também derrotado, Aécio vai para a extrema direita. “Em determinado momento, ele estimulou tanto a caminhada do PSDB do conservadorismo para a extrema direita, que rachou o partido. Nesse discurso radical, surge Bolsonaro, que era muito mais afável à extrema direita”, avalia Rudá Ricci, autor do livro “O Conservadorismo Político em Mi-

nas: os dois governos de Aécio Neves”. Hoje, Aécio se vê às voltas com acusações de corrupção, como no caso do aeroporto de Cláudio, desarquivado em setembro de 2018, ou o inquérito sobre a lista de Furnas, reaberto em novembro pelo Supremo. Com o sistema partidário em crise, não há no cenário atual elementos que permitam prever uma retomada do protagonismo de Aécio na política mineira, diz Rudá.

Aécio era acusado de fazer 1.337 voos em aeronaves do Estado, sem justificativa pelo interesse público

Wallace Oliveira

N

a última semana, uma notícia recolocou em cena o quase esquecido deputado Aécio Neves (PSDB-MG). No dia 12 de abril, o juiz Rogério Santos Araújo Abreu, da 5ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte, determinou a extinção de processo contra o tucano. Aécio era acusado de fazer 1.337 voos em aeronaves do Estado, sem justificativa pelo interesse público, quando foi

governador de Minas. Foi nessa mesma ação que, há um mês, o governo Zema (Novo) decidiu patrocinar a defesa de Aécio, por meio da Advocacia Geral do Estado. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), autor da ação, entendia que o tucano usou recursos públicos para fins particulares. Para a Justiça, a ação foi ajuizada mais de cinco anos após o período em que ocorreram os voos, entre 2003 e 2010. Isto, por sua

vez, justificaria a prescrição. Também foi ordenado o desbloqueio de R$ 11,5 milhões em bens do parlamentar, retidos há dois meses para eventual ressarcimento aos cofres públicos. Outros arquivamentos A decisão da última semana não foi a primeira vez em que um processo contra o ex-presidente do PSDB cessou antes do fim. Em outubro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou o arquivamento

Aécio estimulou caminhada do PSDB para a extrema direita, avalia sociólogo Marri Nogueira /Agência Senado

P

ara o sociólogo Rudá Ricci, Aécio começou a perder centralidade na política durante as eleições de 2014. Para garantir sua candidatura a presidente, ele teria feito um acordo com o PSDB de São Paulo, mediado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O acordo marcava o fim de uma aliança tácita do tucano com o lulismo no plano nacional e compreendia, entre outras coisas, a aceitação da candidatura de Pimenta da Veiga, em de-

trimento do então deputado Marcus Pestana ao governo de Minas. Isso teria gerado perda de apoio de lideranças

locais, facilitando a vitória de Fernando Pimentel (PT) no primeiro turno. Derrotado por Dilma Rou-


6

OPINIÃO

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Opinião

A direita não vai fazer o serviço da esquerda Midia NINJA

Mercedes fecha atividades em Juiz de Fora e pode deixar 900 desempregados IMPACTOS Em maio, 200 teceirizados já devem perder o trabalho na cidade Divulgação /Mercedes Benz

Rafaella Dotta João Paulo

T

udo leva a acreditar que o governo Bolsonaro está com os dias contados. Afinal, a equipe de governo bate cabeça tempo todo, desagrada os próprios aliados e não consegue articular nenhuma votação no Congresso com o mínimo de competência. Vem colecionando desgastes até mesmo com parceiros de primeira hora, como empresários, religiosos e imprensa, além de começar a desagradar a classe média com os seguidos vexames na franja, digamos, mais ilustrada da direita. O recente estranhamento entre o Supremo Tribunal Federal e a turma da Lava Jato parece chegar ao coração do governo, sobretudo com um Executivo inepto, que não executa, e um Legislativo paralisado em picuinhas, que não legisla. Com a crise no campo do sistema de Justiça, parece que a entropia é geral e o colapso é questão de tempo. Soma-se a isso a divisão nas próprias Forças Armadas, que têm sido alvo de

ataques de bolsonaristas inspirados no ideólogo de plantão da família. Na área econômica, o avanço do capitão no campo do preço do diesel mostrou que o presidente é inconfiável para os ultrali-

Conservadores sempre souberam se unir para manter o poder berais. Em política internacional, nem mesmo Israel dá carta branca ao cristão novo, criticando sua fala absurda sobre o Holocausto. Os EUA também não deram bola ao governo brasileiro: levaram tudo e não ofereceram nada em troca. Com tantos disparates e incompetência no condomínio do poder, a tentação de esperar que os desgastes internos sejam os condutores da queda do governo pode parecer um caminho viável. Não é. A direita não vai fazer o trabalho que cabe à es-

querda, nem dos partidos nem da mobilização popular em suas mais distintas formas de expressão. Os partidos progressistas precisam amadurecer o diálogo. A cidadania precisa tomar conta da agenda e se pintar para a guerra. O que, é bom reconhecer, já está acontecendo, mas sem a potência necessária. Na história política brasileira, como mostram dezenas de episódios mais ou menos afastados no tempo, os conservadores sempre souberam se unir na hora devida para não perder o poder conquistado. As esquerdas, ainda que saudavelmente plurais, perderam algumas chances importantes de virar o jogo por excessivo apego às diferenças e pouca capacidade de articulação estratégica. A esquerda precisa fazer seu trabalho: organizar a luta e criar alternativa para o novo momento. Depois de derrubar um governo destrutivo, vai chegar a hora da construção sobre uma terra arrasada.

A cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata, poderia estar celebrando duas décadas da presença da Mercedes-Benz. Porém, um anúncio da empresa de que pretende mudar a maior parte da fábrica para outros estados encheu o aniversário de preocupações. Estima-se que 900 trabalhadores serão demitidos e que a economia da região sofra uma baixa. A empresa confirma a pretensão de transferir a maioria das atividades para o porto de Vitória (ES) e para São Bernardo do Campo (SP). Em uma audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora, na segunda (15), o diretor de comunicação da Mercedes-Benz Brasil, Luiz Carlos Moraes, sustentou que a empresa continua a apostar no mercado brasileiro, mas está se mudando para aumentar sua eficiência. Desemprego Os funcionários e funcionárias da Mercedes-Benz Juiz de Fora são cerca de 1.150. Eles se amedrontam

de fazer parte dos 13 milhões de desempregados do país, o que indica dificuldade na procura por uma nova ocupação. E consideram injusto que, depois de anos, percam a estabilidade trabalhista sem reconhecimentos da empresa à qual se dedicaram. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, a empresa confirmou que fechará parte das atividades já em maio, atingindo 215 trabalhadores, sendo 15 diretos, que se manterão na empresa, e 200 terceirizados. A empresa teria anunciado ainda que em junho de 2020 diminuirá a produção de caminhões Actros na cidade, mantendo apenas a produção de cabines. Podem ser demitidos 700 trabalhadores diretos. A justificativa, informa o sindicato, seria que o governo do Espírito Santo se comprometeu a regularizar os documentos para os caminhões em quatro dias a partir da sua produção, enquanto no estado de Minas isso demora cerca de 20 dias para acontecer.


Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019 EBC

OPINIÃO

7

Raíssa Lopes

Eu nunca quis fazer transição capilar

Salário mínimo seria R$ 573 se já valesse a regra de Bolsonaro Na segunda-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro encaminhou proposta de Orçamento para 2020, na qual extingue a principal política pública e social – herança dos governos petistas. A Política de Valorização do Salário Mínimo foi a principal medida de justiça social levada adiante no Brasil desde 2005. A política de valorização do salário mínimo – uma reivindicação histórica das centrais sindicais – estipulava que à correção do salário mínimo seria incorporado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, somado com a cobertura da inflação do ano anterior. Essa medida tinha como premissa que os trabalhadores – aqueles que produzem toda a riqueza da sociedade – deveriam participar dos ganhos econômicos. Assim, a variação (desde que positiva) do acúmulo da rique- Entre 2005 e 2019 za produzida socialmente deveria ser incorporada aos salário teve ganhos dos trabalhadores. E não ouviríamos mais aquela máxima de que “primeiro é preciso crescer o bolo para aumento real depois reparti-lo”. Essas sempre foram justificativas que de 74,3% aumentaram o fosso da desigualdade entre patrões e empregados. Se o salário mínimo tem valorização real, isso ajuda a diminuir as desigualdades, na medida em que aumenta o percentual recebido por aqueles que ganham menos. O resultado dessa política é que entre 2005 e 2019 o salário mínimo cresceu 283,7% enquanto o acumulado da inflação no período foi de 120,2%. Isso quer dizer que quem recebe salário mínimo teve um aumento real de 74,3%. Olhando esse cálculo, se levássemos em conta somente a correção da inflação, o salário mínimo, que hoje é de R$ 998, seria de apenas R$ 573, ou seja, uma perda de R$ 425 reais. Políticas de destruição da valorização do salário mínimo têm o objetivo de manter privilégios e colocar a conta da crise econômica no lombo do trabalhador. Juliane Furno é doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp, formadora da CUT e militante do Levante Popular da Juventude.

ACOMPANHANDO

Juliane Furno

Isso nunca foi um desejo genuíno. Era o que eu costumava repetir e acreditava até pouco tempo atrás. Hoje, após alguns anos vivendo meu cabelo real, acho que não foi bem assim. Foram 19 anos da minha vida usando química. 19 anos usando todos os produtos de mercado que me prometiam o que eu ansiava: um cabelo de branca. O dia específico em que resolvi acabar com o alisamento era mais um dia de esperança. Fui ao salão depois de alguns meses de pausa para recuperação da saúde do meu couro cabeludo. Cheguei lá e, de novo, me quebrei. Tive que cortar o cabelo porque ele estava fraco demais. Queria ter um cabelo liso e grande, mas ele nunca era liso, ou grande. Voltei pra casa, chorei, lavei o cabelo e deixei secar naturalmente. Foram tempos difíceis. Passava por espelhos e por vezes voltava porque não era possível que aquela no reflexo fosse eu. Todas as noites, como de praxe, dormia me perguntando o que eu tinha feito para nascer com aquele cabelo. Mas também notei que não precisava mais dormir de touca. Ou dormir de um lado só e acordar com torcicolo porque eu não podia me mexer e suar. Fui notando que eu era cada vez menos notada. Mas a minha bolsa não andava constantemente pesada porque eu não carregava a chapinha pra todo Meus cachos lugar. Eu podia correr pra pe- me ensinam o gar o ônibus num dia quente. que é o amor Os meses foram passando. Me tornei menos interessante pra um tanto de gente, mas por isso aprendi a depender menos do olhar do outro. Aí, olhei pra mim. Depois de 19 anos, olhei pra mim. Muita crise e muito desespero. Um dia, percebi que não era branca, apesar da minha pele ser clara. Em outro, notei que eu não queria ser branca. Percebi que o meu cabelo é também minha identidade e minha falta de conhecimento sobre ela está ligada aos relacionamentos abusivos que tive. O cabelo é um aprendizado. Meus cachos me ensinam o que é o amor. Raíssa Lopes é jornalista do Brasil de Fato Minas Gerais. Na edição 278... “Inconfidência fica!”: mineiros fazem mobilização para salvar a rádio E agora... Rádio Inconfidência AM não será fechada Audiência pública realizada em 15 de abril, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, conseguiu resultados positivos. Mediante uma grande mobilização de funcionários, artistas e ouvintes, houve um recuo do governo, que disse que não vai demitir os concursados e que manterá o AM funcionando. Uma outra audiência está marcada para terça (23), às 19h, na ALMG.


8

BRASIL

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Sociedade civil reage a decreto que limita participação em políticas públicas GOVERNO BOLSONARO Presidente anunciou o fim de centenas de órgãos que desenvolvem e fiscalizam políticas públicas no âmbito federal

Evandro Sá /AFP

Lu Sudré

O

objetivo do decreto 9.759/2019, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e por Onyx Lorenzoni (DEM), é limitar a participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas. Essa é a opinião de Émerson Santos, membro da mesa diretora do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT (CNDC/ LGBT), um dos órgãos que correm risco de extinção após a decisão do governo, que também oficializou o fim da Política Nacional de Participação Social (PNPS) e do Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Conforme o decreto, comitês, conselhos, comissões e fóruns que não tenham sido oficializados por lei serão encerrados até dia 28 de junho. As instâncias foram desenvolvidas com o objetivo de permitir que a sociedade civil participe da formulação das políticas públicas e também tenha a possibilidade de fiscalizar suas implemen-

tações pelo governo. De 700 órgãos existentes, Bolsonaro pretende manter 50. Para justificar o decreto, Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, alegou que os conselhos geram gastos com pessoas que, na avaliação do governo, não deveriam ocupá-los, além de consumir recursos e “aparelhar o Estado brasileiro”.

De 700 órgãos existentes, Bolsonaro pretende manter 50 Desmonte generalizado Além do CNDC/LGBT, entre os órgãos extintos estariam a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), o Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), o Conselho Nacional de Direitos do Idoso (CNDI), o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência

(Conade), o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), entre outros. O decreto determina que os conselhos têm prazo de até 60 dias para justificar sua existência ao governo. Em nota pública, a ONG Transparência Brasil também criticou a ameaça de fechamento do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção (CTPCC). Para a organização, “um governo cada vez mais fechado é um governo cada vez mais corrupto”, e a assinatura do decreto presidencial demonstra que a gestão Bolsonaro não está interessada em ouvir o que a sociedade tem a dizer. Menos fiscalização contra trabalho escravo e infantil O Conselho Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) e o Conselho Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (Conaeti) também estão na mira do governo e deverão argumentar ao governo por que devem continuar existindo. Segundos dados de 2017 do Mapa

do Trabalho Infantil, uma iniciativa da Rede Peteca com o Ministério Público do Trabalho (MPT), 2,7 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estão em situação de trabalho infantil no Brasil. Em relação ao trabalho escravo, o cenário também é alarmante. De acordo com o Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, mantido pelo MPT em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no período de 2003 a 2017 ocorreram 43.696 resgates de pessoas em situação de trabalho análogo à escravidão no país. Informações disponibilizadas pelo extinto Ministério do Trabalho já demonstravam que a fiscalização da área passava por um desmonte. No ano de 2017, o plano orçamentário para esse fim teve contingenciamento de 52,2% e foram realizadas 88 operações de fiscalização para erradicação do trabalho escravo. Em 2016, foram 115.

Votação da PEC da Previdência adiada A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados adiou a votação da PEC para a próxima semana. Durante a sessão, diversos grupos políticos demonstraram insatisfação com os pontos mais rígidos da reforma e tanto integrantes da oposição como os do “centrão” pressionaram por mudanças. Um novo relatório poderá ser apresentado a partir de terça (23). “A proposta é muito ruim, cruel e, se for levada a voto desse jeito, será derrotada”, afirmou o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Bolsonaro oficializa proposta para acabar com valorização real do salário mínimo

O governo federal propôs, para começar a valer já no ano que vem, um salário mínimo de R$ 1040 sem aumento acima da inflação para os servidores - os únicos que terão possibilidade de alta serão os militares. A medida, que deverá ser enviada ao Congresso, também exclui a possibilidade de concursos públicos federais para 2019.


Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

BRASIL

99

Massacre de Eldorado dos Carajás completa 23 anos de impunidade PARÁ MST realiza acampamento da juventude no local onde 21 trabalhadores sem-terra foram assassinados Antônio Scorza /AFP

Leonardo Fernandes

U

ma série de protestos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocorreu em todo o país desde o dia 10 de abril até dia 17, quando se completam 23 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em que 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela força pública. A cada ano, a mobilização é realizada como forma de rememorar o crime e exigir políticas públicas para o campo brasileiro. Márcio Santos, da coordenação nacional do MST, afirma que a violência nunca deixou de ser um dos

principais problemas enfrentados pelos trabalhadores rurais no Brasil.

“Possivelmente o 17 de abril vai ficar, ao longo da história, como uma data re-

ferência, quando o Estado sujou sua mão de sangue para defender os interesses de uma elite extremamente atrasada do campo brasileiro. Mas, para além do 17 de abril, o campo brasileiro tem uma característica muito forte de violência, que vem desde o período da escravidão, das oligarquias agrárias que dão as cartas no interior do Brasil”, reflete. Além de denunciar a paralisação das políticas de reforma agrária do governo Bolsonaro, Santos alerta para as consequências dos constantes ataques do presidente da República ao movimento social camponês.

“Ao taxar o MST como ilegítimo, ele [Jair Bolsonaro] abre brechas, abre precedentes para que grupos organizados e milícias rurais ataquem acampamentos, assentamentos, comunidades quilombolas, indígenas, promovendo uma violência sistemática no campo brasileiro”. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2017, foram 70 assassinatos no campo brasileiro, o número mais alto desde 2003. O estado com o maior número de vítimas foi o Pará, onde ocorreu o massacre de Eldorado dos Carajás.

Ao oferecer Amazônia aos EUA, Bolsonaro mira Funai e coloca indígenas em risco SOBERANIA “A agenda dele pra Amazônia é totalmente destrutiva”, critica Sônia Guajajara, coordenadora da APIB Midia NINJA

dora da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB), critica os posicionamentos do presidente e as ações adotadas por seu governo. “A política do Bolsonaro tem se mostrado, desde a campanha, genocida para os povos indígenas. É isso que ele vem negociando: a entrega dos nossos recursos naturais para o estrangeiro”, ressalta Guajajara.

Lu Sudré

P

ara o presidente Jair Bolsonaro (PSL), existe uma “indústria” de demarcação de terras indígenas, sustentada por integrantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), que impede o desenvolvimento da Amazônia. “O que puder rever, eu vou rever”, disse sobre as demarcações de terras. A solução defendida pelo presidente é a exploração do território em “parceria” com os Estados Unidos. Os primeiros passos para fortalecer essa relação foram institucionalizados no mês passado. Durante visita diplomática aos EUA, Roberto Castelo Branco, secretá-

Funai na mira rio nacional de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, assinou uma carta de intenção junto à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento

Internacional (Usaid - United States Agency for International Development, em inglês), defendendo a exploração estrangeira na Amazônia. Sônia Guajajara, coordena-

Uma das primeiras medidas tomadas por Bolsonaro assim que chegou ao governo foi transferir ao Ministério da Agricultura a identificação, delimitação e demarcação de terras indígenas e quilombolas. Estas eram algumas das

principais atividades executadas pela Funai nos últimos 30 anos, órgão que passou a ser subordinado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Na opinião de Carlos Marés, jurista e ex-presidente da Funai, esse é mais um fator que sinaliza a articulação de uma política deliberada do governo Bolsonaro de desmonte das políticas indigenistas – que, segundo ele, também ocorria no governo Temer: “Evidentemente é uma tentativa de esvaziar a Funai. E se ele tenta esvaziar a própria Funai é porque reconhece que ela tem uma participação indígena. Se lhe der força, ela irá defender os direitos indígenas”.


14 MUNDO 10

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Egito aprova Após queda de Bashir, população se mobiliza por ampliação do mandato de Al Sisi governo civil

Divulgação / ONU

Mohammed Hemmeaida / AFP

D

epois de quatro meses de protestos intensos que culminaram na queda do presidente Omar Al-Bashir, deposto no último dia 11, o Sudão enfrenta agora incerteza sobre quais forças políticas irão prevale-

cer na disputa pelo poder no país. De um lado, os militares; de outro, a população que se mantém mobilizada para exigir a instauração de um governo civil para construir uma transição democrática depois de 30 anos

sob o mesmo regime. A organização dos protestos apresentou, no dia 14, uma lista de demandas para os militares. Além da criação de um governo de transição comandado por civis, a chamada Aliança por Liberdade e Mudança pede a reestruturação do serviço de segurança e inteligência do país. O Partido Comunista do Sudão afirma que a proposta dos militares de comandarem um regime de transição é uma tentativa de “roubar a revolução do povo”. Sindicatos e movimentos estão convocando a população a se manter mobilizada para continuar a luta popular por um governo civil

O Parlamento do Egito aprovou, no dia 16, uma reforma constitucional que permite ao presidente Abdel Fattah al Sisi permanecer no poder até 2030. O texto aumenta o mandato presidencial de quatro para seis anos e autoriza Sisi a tentar mais uma reeleição. Líder do golpe militar que derrubou o governo islamista de Mohamed Morsi, em 2013, o

ex-chefe das Forças Armadas assumiu o poder formalmente em 2014 e foi reeleito em 2018. Para virar lei, a mudança ainda precisa passar por um referendo popular. A votação deve acontecer até o início de maio, antes do início do Ramadã, o mês sagrado do Islã. Al Sisi é acusado de perseguir adversários políticos e de implantar um novo regime autocrático no Egito.

21 abril

DE

Foto: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

Foto: Lidyane Ponciano / Sind-UTE/MG

Sind-ute/MG convida

DIA DE

ouro pr eto/M G Concentração • 8h

Praça da Rodoviária

CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E CONTRA AS DEMISSÕES E CORTES NA EDUCAÇÃO PROMOVIDAS PELO GOVERNO ZEMA PARTICIPE!

Quem luta educa e garante conquistas!

www.sindutemg.org.br

ANÚNCIO


OPINIÃO

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

15 11

O golpe de 2016: a porta para o desastre Antonio Cruz / Agência Brasil

Dilma Rousseff

F

az três anos que a Câmara dos Deputados, comandada por um deputado condenado por corrupção, aprovou a abertura de um processo de impeachment contra mim, sem que houvesse crime de responsabilidade que justificasse tal decisão. A sistemática sabotagem do meu governo foi determinante para o rompimento da normalidade institucional. Foi iniciada com pedidos de recontagem de votos, dias após a eleição de 2014, e com um pedido de impeachment, já em março, com apenas três meses de governo. A construção do golpe se deu no Congresso, na mídia, em segmentos do Judiciário e no mercado financeiro. Compartilhavam os interesses dos derrotados nas urnas e agiam em sincronia para inviabilizar o governo. O principal objetivo do golpe foi o enquadramento do Brasil na agenda neoliberal, que, por quatro eleições presidenciais consecutivas, havia sido derrotada nas urnas. Para tanto, uma das primeiras ações dos interessados no golpe foi a formação de uma oposição selvagem no Congresso. Seu objetivo era impedir o governo recém-reeleito de governar, criando uma grave crise fiscal. O ano de 2015 foi aquele em que ganhou corpo essa oposição que atuava na base do “quanto pior, melhor”. Uma crise política desta dimensão paralisou e lançou o país na recessão. O golpe foi o episódio inaugural de um processo

devastador que já dura três anos. Teve, para seu desenlace e os atos subsequentes, a estratégica contribuição do sistema punitivista de justiça, a Lava Jato, que sob o argumento de alvejar a corrupção, feriu a Constituição de 1988 e atingiu o Estado Democrático de Direito. O efeito colateral dessa trama foi a destruição dos partidos do centro e da centro-direita, que se curvaram à tentação golpista. Foi isso que permitiu a limpeza do terreno partidário para que vicejasse a ultradireita bolsonarista na eleição de 2018. No entanto, a arma final e decisiva foi a condenação, a prisão e a interdição da candidatura de Lula à presidência. A ida do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça é a constra-

O principal objetivo do golpe foi o enquadramento do Brasil na agenda neoliberal

gedora prova desse dispositivo. Começou lá, continua agora Há razões mais do que suficientes para que a história registre o 17 de abril de 2016 como o dia da infâmia. Foi quando o desastre se desencadeou; se desencadeou ao barrar os projetos dos governos do PT que tinham elevado dezenas de milhões de pessoas pobres à condição de cidadãos, com direitos e com acesso a serviços públicos, ao trabalho formal, à renda, à educação para os filhos, a médico, casa própria e remédios. O golpe resultou numa calamidade econômica e social sem precedentes para o Brasil e, em seguida, na eleição de Bolsonaro. Direitos históricos do povo estão sendo aniquilados. Este processo radicalizou-se com um governo agressivamente neoliberal na economia e perversamente ultraconservador nos costumes. Um governo com uma inequívoca índole neofascista. O governo Bolsonaro está ampliando um legado de

retrocessos do governo Temer, mantendo e até aprofundando a absurda emenda do teto dos gastos, que reduz os investimentos em educação e na saúde; a reforma trabalhista, que abriu portas para a exploração mais brutal e para a leniência com o trabalho análogo à escravidão; a venda de blocos do pré-sal; a redução do Bolsa Família; a extinção para os mais pobres do Minha Casa Minha Vida e do Aqui Tem Farmácia Popular e a redução do Mais Médicos; a destruição dos principais programas educacionais e a dilapidação da Amazônia e do meio ambiente. Culmina, agora, com a tentativa de privatização (capitalização individual) da previdência social. As mudanças que o governo quer fazer reforçam privilégios de uns poucos e sacrificam os aposentados de baixa renda, as mulheres, os trabalhadores rurais e urbanos, bem como aqueles que recebem o BPC.

Mesmo os que se opõem a Lula mas prezam a democracia se constrangem com o escândalo da sua prisão e condenação ilegal, e já perceberam que ele é um prisioneiro político

Do “quanto pior, melhor” à prisão de Lula, do dia 17 de abril de 2016 – dia da aceitação do impeachment pela Câmara - ao dia 7 de abril de 2018 – dia da prisão de Lula -, o caminho para o Estado de exceção foi sendo pa-

O governo Bolsonaro está ampliando um legado de retrocessos do governo Temer vimentado e as mentiras e falsidades da mídia tiveram um papel fundamental. Mesmo os que se opõem a Lula mas prezam a democracia se constrangem com o escândalo da sua prisão e condenação ilegal, e já perceberam que ele é um prisioneiro político. Um inocente condenado sem crime, e por isso sem provas. Lula sintetiza a luta pela democracia em nosso país. Lutar por sua liberdade plena significa enfrentar o aparato neofascista – militar, judicial e midiático – que está destruindo a democracia. Lula é a voz da resistência e carrega o estandarte da luta democrática. Mesmo preso, é o maior inimigo do neofascismo que nos ameaça. Dilma Rousseff é ex presidenta do Brasil.

ARTIGO COMPLETO NO SITE WWW. BRASIL DEFATO.COM.BR


14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

CIÊNCIA, COISA BOA! OLÁ, BURACO NEGRO!

FIQUE Nasa

BEM PARA OS DIAS FRIOS E CANSATIVOS, ESCALDA PÉS!

É óbvio que na coluna de hoje eu não poderia falar de outro assunto. Sim, finalmente vimos um buraco negro! O dia 10 de abril de 2019 ficará marcado na história da ciência pela divulgação da fantástica imagem acima. Em 1915, Albert Einstein formulou sua Teoria da Relatividade Geral. Por meio dela entendemos que a massa de qualquer corpo gera uma deformação na estrutura do espaço-tempo. Quanto maior a massa do corpo, maior a deformação. É isso que cria o que percebemos como gravidade. Se uma região suficientemente pequena do espaço concentrar uma quantidade enorme de massa, a deformação do espaço-tempo criada será grande o suficiente para que nem a luz consiga escapar de sua atração. Essa região recebe o nome de buraco negro. O surgimento dessas regiões superdensas O surgimento do espaço é possível quando, por exemplo, dessas regiões estrelas com massa muito grande entram em é possível colapso. Acredita-se que no centro de toda quando, por galáxia exista um buraco negro supermassiexemplo, vo. estrelas muito É possível perceber indiretamente a exisgrandes entram tência deles ao observar que a trajetória de em colapso estrelas é alterada por certas regiões do espaço onde, aparentemente, não existe nada. Na verdade, há ali um buraco negro. Mas, como ver algo que não emite luz? Que, ao contrário, atrai para si toda a luz que se aproxima dele? Tal feito foi alcançado por um grupo de mais de 200 pesquisadores. O projeto “Telescópio do Horizonte de Eventos” usou oito radiotelescópios espalhados pelo mundo para criar um supertelescópio virtual do tamanho da Terra. Com algo tão grande foi possível coletar 5 milhões de gigabytes de informação e montar digitalmente a já famosa imagem. O buraco negro em questão se localiza no centro da galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra. Possui uma massa equivalente à de 6,5 bilhões do nosso Sol. Os dados foram coletados durante cinco dias de abril de 2017. Ou seja, levou dois anos para serem “traduzidos”. O que vemos na imagem na verdade é o disco de acreção em torno dele, e não o buraco negro em si. Ou seja, sabemos que ele está ali no meio, apesar de só conseguirmos ver sua sombra. A imagem obtida reforça a teoria de Einstein, pois está de acordo com as previsões matemáticas que o físico fez há mais de um século. O mesmo projeto também coletou dados do buraco negro localizado no centro de nossa galáxia, a Via Láctea. Conhecido como Sagittarius A*, o “nosso” buraco negro está bem mais perto, a apenas 26 mil anos-luz da Terra. É provável que nos próximos anos tenhamos uma imagem também dele! E aí, ansioso? Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Os dias estão cada vez mais puxados, muito trabalho, muitos problemas e por vezes nos sentimos esgotados. Para aliviar o cansaço, um escalda pés pode ser revigorante. Você pode comprar um preparado já pronto ou pode você mesmo fazer uma combinação. Basta misturar ingredientes como um bocado de sal grosso e uma ou mais ervas, como camomila ou lavanda. Para fazer o escalda pés, esquente um pouco de água, mais ou menos 1 litro, e despeje em uma bacia, adicionando o preparado. Se você tiver, acrescente bolinha de gude na bacia para massagear os pés enquanto faz a escaldação. Aproveite esses dias de chuva para relaxar um pouco!

TIRE UM TEMPINHO PARA OUVIR MÚSICA Você sabia que ouvir música pode trazer inúmeros benefícios físicos e emocionais? Além de acalmar, ajuda a aliviar dores, auxilia a memória e induz o corpo ao movimento. Ela também é responsável por mudanças de humor. O que não falta são motivos, então tire um tempinho para ouvir suas músicas preferidas e conhecer novas canções.

Nossos direitos PODEM CORTAR A LUZ POR FALTA DE PAGAMENTO? Que o preço da conta de luz é um absurdo, todo mundo sabe. O que muitos não sabem é sobre o direito ao fornecimento do serviço. Segundo novas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consumidor que não pagou uma conta de luz há mais de 90 dias não pode ter a eletricidade cortada, desde que as faturas posteriores à conta atrasada estejam quitadas. Essa norma visa proteger o bom pagador, que por descuido deixou de pagar uma conta antiga, ou mes-

mo que não tenha recebido o boleto. Por exemplo: um morador não pode ter a luz cortada por causa de um boleto que estava em atraso há anos – já que, em muitos casos, quem deixou de pagar a conta nem é mais o morador atual do imóvel. As novas regras garantem também que a suspensão de fornecimento de energia por falta de pagamento da conta só poderá ser feita em dias úteis da semana e durante o horário comercial (8h às 18h), e não mais a qualquer momento, como era possível antes.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas BOLO DE CHOCOLATE DE LIQUIDIFICADOR www.coquetel.com.br

CAÇA-PALAVRA

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Colesterol: bom ou ruim? O COLESTEROL pode ser de dois TIPOS: HDL (High DENSITY Lipoprotein) e LDL (Low Density LIPOPROTEIN). Como o LDL é de BAIXA densidade, se ficar em concentrações ELEVADAS ele se deposita na PAREDE das ARTÉRIAS e forma PLACAS que resultam na OBSTRUÇÃO arterial e causam a ATEROSCLEROSE. Já as lipoproteínas de alta DENSIDADE (HDL), se em CONCENTRAÇÕES baixas, aumentam o RISCO de DOENÇAS cardiovasculares, pois o HDL desfaz aquelas placas ateroscleróticas que se acumulam nas paredes arteriais. Alguns conselhos MÉDICOS para que se mantenha o NÍVEL adequado de HDL no SANGUE são evitar FUMAR, fazer EXERCÍCIOS regularmente e manter o PESO adequado. Existem concentrações consideradas PADRÃO para esses dois tipos de colesterol: enquanto o LDL deve permanecer abaixo de 100mg/dL, o HDL deve estar acima de 60mg/dL. M S A H G S D E

T

R

E

P

L

L H O A D N E

R Õ E O Y

I

M E

E

E

P A R

E D E

I

E

E

F

S O F

T

L

S A C A L

T

R

S

T

C R

I

à N E

C

C

S N R P

T

Ç

L

B A T

B B O

I

A B G T

C C P

I

Y B N N C N M T

L

I

X D N R M N R

R D Y O E

C C

E

E

E D E

I

L O P

C

A E

N O S

Y C

L

E A Y U N R C

L

T A X

S

C R O D E

D

V

E

F

T D Y N E

F N O C A D Ã D S

P

I S

C

S

Ç N L S

L M

Y N L G T

L

N T

E

F D M R R F

S M N E U G N A S

D Ç R R H C U N N F H O M T O A O E D

L

R Y R N Y D L

F

R

F

T

I

F

R

S O C

I

D E M Y O

L

Y

F

T G C D T

L

S A D A V

B M F G A R

S O P

F

T D T

T

L E

R

I

L N C

E

L

E

A S

R

I

L D N L N 12

Solução

Ingredientes • • • • • • •

1 xícara de chá de leite morno 3 ovos 4 colheres de sopa de manteiga derretida 2 xícaras de chá de açúcar 1 xícara de chá de chocolate em pó 2 xícaras de chá de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento químico em pó

Cobertura • • • • •

1 xícara de chá de açúcar 3 colheres de sopa de amido de milho 5 colheres de sopa de chocolate em pó 1 xícara de chá de água 3 colheres de sopa de manteiga

Modo de Preparo Massa: 1. Bata bem todos os ingredientes (menos o fermento) da massa no liquidificador por 2 ou 3 minutos; 2. Acrescente o fermento e bata por mais uns 15 segundos; 3. Coloque em uma forma redonda, untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo; 4. Asse por cerca de 40 minutos em forno médio (180º graus), preaquecido.

D O E N Ç A S S E Õ Ç A R T N E C N O C A T E R O S C L E R O S E L O R E T S E L O C D E N S I D A D E S O I C I C R E X E R P P A R A D E M E S U N O F S O L I Ã E P T Ç V A A Y U I D R N R T Ã S O B A S O P I T

Cobertura: 1. Leve todos os ingredientes ao fogo até engrossar em ponto de brigadeiro; 2. Cubra o bolo em seguida.

E D E R I E U G N A S S L C I S A C A L P O P O X I A B P R S O C I D E M O T E I N

S A D A V E L R T E R I A S

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


Divulgação

14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Roteiro

Festejo de Sábado de Aleluia

Museu conta história dos militares que não apoiaram o fascismo EXPOSIÇÃO Reaberto este ano, Museu da Força Expedicionária Brasileira lembra os pracinhas, grupo que lutou durante Segunda Guerra Da redação

o Brasil declarar apoio contra o nazismo e o fascismo.

ma viagem à Segunda Guerra Mundial (1939/1945) sem deixar Belo Horizonte: essa é a proposta do Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que existe desde a década de 1980 e foi reaberto este ano no Centro da capital (Rua dos Tupis, 723). A partir de artefatos como uniformes, armas, jornais da época, fotos, materiais de treinamento, medicamentos, utensílios para alimentação e higiene, documentos, medalhas, bandeiras e insígnias, o espaço conta a história dos combatentes brasileiros que migraram para guerrear após

Relembrar é preciso O Brasil começou a participar do conflito em 1942, ao lado dos Estados Unidos, Império Britânico, União Soviética e França. Eles lutavam para derrotar a Alemanha de Hitler, que havia se unido à Itália e ao Japão. Os soldados que integravam a FEB eram também conhecidos como “pracinhas”. Deste grupo, o país enviou 25 mil homens – 2.947 mineiros –, além de outros 48 pilotos e 400 militares da Força Aérea Brasileira (FAB). Todos desembarcaram na Itália em 1944, um ano antes do fim da guerra, quando o território já

Cantigas de Orixá em Uberlândia

O documentário foi produzido a partir de uma pesquisa sobre a produção do espaço afro-brasileiro. Foram estudadas as musicalidades e sonoridades do candomblé ketu, no Cecorè – Centro Cultural Orè Egbé

U

Para fechar a quaresma e abrir os caminhos, no sábado (20), acontece um encontro festivo com toadas de Bumba Boi do Maranhão, Tambor de Crioula, calango, coco, batuque,

Divulgação

maracatu, baião e muitos outros ritmos da cultura popular. A partir das 18h, no Espaço Multicultural Ateliê Boi do Além, na Rua Mafra, 912, no Coqueiros, BH. A entrada é gratuita.

Samba e choro no Armazém

Agência Brasil

estava parcialmente ocupado pelo exército alemão.

SERVIÇO Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB) Onde Rua dos Tupis, 723 – Centro, Belo Horizonte Funcionamento Terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30 Sábados e domingos, das 9h30 às 13h

Ilé Ifá. Haverá um pocket show com Adriana Francisco. Entrada gratuita. Dia 26 de abril, 19h. Endereço: Trupe de Truões - Av. Ana Godói de Souza, 381, bairro Santa Mônica, Uberlândia.

O melhor do samba e do choro de BH está na Cultura da Sexta, no Armazém do Campo. No dia 26, o intérprete Davi Figueira e a Roda do Padreco apresentam um repertório com clássicos do

samba de raiz, como Cartola, Dona Ivone Lara, Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga. É gratuito e a entrada é pela Av. do Contorno, 9894, a partir das 19h.

Cabaré feminista

Sábado (27) é dia de Cabaré das Divinas Tetas na Casa Circo Gamarra. O espetáculo circense teatral é realizado por mulheres de várias companhias de BH que têm em comum a pes-

quisa de palhaçaria. A entrada é gratuita e as senhas serão distribuídas a partir das 19h. O endereço é Rua Conselheiro Rocha, 1513, Vila Dias, Santa Tereza.


Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

ESPORTE

15 15

CURTA E GROSSA

na geral

Brasileiras são ouro e prata em aberto de Parataekwondo

D(NA)ener do Brasil!

Portuguesa Divulgação

Divulgação / CPB

A equipe brasileira participou do Aberto de Parataekwondo da Cidade do México, na última semana. A paulista Débora Menezes venceu a competição na categoria acima de 58kg, após bater, na final,

a francesa Laura Schied por 4 a 2. Já Cristhiane Neves ficou com a segunda colocação na categoria até 58kg. O torneio valeu pontos para o ranking classificatório dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

BH sedia torneio nacional de futsal de base

Adolfo Pegoraro/ JdeB

Entre os dias 26 de maio e 1º de junho, a capital mineira recebe a Taça Brasil Sub-20 de futsal, na Arena Minas Tênis Clube. A competição, uma das mais tradicionais da modalidade no Brasil, conta com a participação de dez equipes: Associação Desportiva Brasil Futuro (SP), Praia Clube (MG),

Madureira Esporte Clube (RJ), Sport Club do Recife (PE), Constelação Futebol Clube (RR), Fênix Futsal Club (SE), Tuna Luso de Manaus (AM), Associação Atlética Banco do Brasil – Patos (PB), Minas Tênis Clube (Sediante), Unipa e União Independente de Pais e Atletas (PR).

Fabrício Farias Salve, meu povo!

E

m 18 de abril de 1994, morria precocemente mais um dos inúmeros talentos que os deuses da bola fizeram nascer no Brasil. Dener, que naquela época defendia o Vasco da Gama, já havia desfilado seu talento com as camisas da Portuguesa e Grêmio e, segundo consta, estava de malas prontas para o futebol alemão, quando um acidente de carro interrompeu sua trajetória. Hoje, 25 anos depois, muito se tem pensado até onde iria aquele jogador de dribles desconcertantes e um talento que por décadas virou marca registrada do futebol brasileiro. O certo é: com todo aquele potencial, se jogasse no futebol atual, dificilmente Dener chegaria aos 23

anos (idade com que faleceu) jogando no Brasil. Neymar, mesmo com todo o esforço do Santos, se mandou para o Barcelona aos 20. Caso a vida de Dener não fosse tragicamente interrompida, teria ele se tornado mais um dos brasileiros com o título de melhor do mundo? Curioso que, neste ano que marca os 25 do seu desaparecimento, o que mais nos faz sentir falta é justamente o futebol de dribles e velocidade que nos consagrou pelo mundo. Rever as jogadas do atacante, mais do que relembrar um jogador por seu talento, é também reverenciar um estilo de jogo que um dia foi tão nosso e parece cada vez mais distante dos gramados brasileiros. ANÚNCIO


16

Belo Horizonte, 18 a 25 de abril 2019

Champions: Ajax encara Barcelona, Liverpool pega Tottenham

F

oram definidos os confrontos das semifinais da Liga dos Campeões da Europa. Na quarta (17), o Liverpool de Mohamed Salah goleou o Porto por 4 a 1 e vai encarar o Barcelona, de Messi, que eliminou o Manchester Uni-

ted na terça-feira (16). Já o Tottenham, do brasileiro Lucas Moura, perdeu fora de casa, por 4 a 3, para o Manchester City de Guardiola, mas havia vencido a primeira partida por 1 a 0 e garantiu a classificação nos gols fora de casa. En-

ESPORTES

16

DECLARAÇÃO DA SEMANA Divulgação Cruzeiro

Fernando Pascullo

cara o Ajax de David Neres, que despachou a poderosa Juventus de Cristiano Ronaldo. As possíveis datas dos jogos são 30 de abril e 7 de maio. A decisão está prevista para 1º de junho, no Estádio Metropolitano, em Madrid.

“Eu apoio a causa ‘fica Inconfidência’. Um grande abraço” Geovanni Deiberson, ex-atacante de Cruzeiro, Barcelona e Manchester City, e autor do gol do título da Copa do Brasil de 2000. Ele é contra a decisão do governo Zema de acabar com a Rádio Inconfidência AM.

Gol de placa Depois de eliminar o poderoso Real Madrid, o Ajax, da Holanda, bateu a italiana Juventus, com Cristiano Ronaldo, na Liga dos Campeões da Europa. A campanha impressiona, pois o time é composto basicamente de garotos da base e outras promessas, como o brasileiro David Neres.

Gol contra Marco Polo del Nero, ex-presidente da CBF que, como se sabe, está proibido de sair do Brasil por correr risco de ser preso, conseguiu fazer seu sucessor na entidade: Rogério Caboclo é o novo presidente da Confederação.

Necessidade de reforços

Não dá pra respirar

Seis por meia dúzia

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Aparentemente, o América vai começar a disputar a Série B se arriscando com o elenco que tem, e buscar reforços apenas se os resultados não surgirem. Pode ser que o grupo seja suficiente, dado o baixo nível técnico do campeonato. Mas alguDecacampeão mas necessidades já ficaram nítidas durante o Mineiro. Seria prudente a diretoria correr atrás de reforços de qualidade para a zaga, para a lateral-direita e, principalmente, para a armação das jogadas, que durante o Mineiro ficou a cargo de jogadores que não são da posição, como Matheuzinho ou Toscano. Para o gol, tendo em vista que Fernando Leal não inspira tanta confiança, o América já contratou o desconhecido Airton, que vem do Pelotas-RS.

Em meio ao noticiário de quebradeira geral dos clubes e concessionárias de estádios, o Atlético se prepara para o segundo jogo das finais do Estadual. Apesar da inferioridade técnica, no primeiro confronto, houve equilíbrio, embora com erros de arbitragem. Aos É Galo doido! atleticanos, tão desiludidos, cabe lotar o Independência, prestes a se tornar um “elefante branco”, mas palco de mais alegrias que decepções. Sem treinador, o time vai ter que se apegar à raça e à pressão da massa alvinegra, sempre essencial em momentos de dificuldades. Só que não podemos esquecer: na terça-feira, 23, tem o Nacional, do Uruguai, em partida de vida ou morte pela Libertadores. Não dá para respirar.

Todo profissional precisa de tranquilidade para trabalhar e no futebol não é diferente. Há quase três anos, Mano Menezes vem aplicando filosofia de trabalho que, mesmo fugindo à tradição do clube, convence pelos ótimos resultados. Acontece que, em Bestia 1966, o timeLa estrelado porNegra Dirceu, Tostão e cia conquistou a Taça Brasil, dando origem ao bordão “Vamos embora, vamos ligeiro, rápido e rasteiro como o ataque do Cruzeiro”. De lá para cá, a veloz escola cruzeirense fez história, mas destoa da atual. Apesar do saudosismo, em time que está ganhando não se mexe. Ou, se mexe, é para trocar seis por meia dúzia, bem ao estilo 4-2-31 de Mano, de quem aprendemos a gostar


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.