Amélia Gomes / Brasil de Fato MG
Minas Gerais
Reprodução
Rádio da Serra
Crise no IPSEMG
Nascida no pé do abacateiro, Autêntica Favela FM sobrevive há 40 anos I Entrevista 11
Usuários sofrem sem atendimento por causa de falta de repasse do governo I Minas 6
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018 • edição 226 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
ENTENDA A DISPUTA ENVOLVENDO POSSÍVEL PRISÃO DE LULA Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para 4 de abril julgamento de pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula. Até lá, ele não poderá ser preso. Na segunda-feira (26), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF 4) julgará os recursos do processo envolvendo o triplex do Guarujá. Veja o histórico do caso e entenda a disputa política e judicial que envolve o principal colocado nas pesquisas para as eleições presidenciais deste ano I Brasil 5, 7, 8 e 9 Luiza Castro
Mulheres e música
Elas resistem no mundo da arte, lutando contra o machismo e recebendo salários inferiores ao dos homens I Cultura 14
Educação na rua Trabalhadoras da rede pública estadual em greve. Você sabe o que elas reivindicam? I Minas 4
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Editorial | Brasil
Minas deve o piso à educação Em 2014, o governador Fernando Pimentel foi eleito com o compromisso de pagar o piso salarial nacional aos trabalhadores da educação do estado. Em 2015, em acordo com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, aprovou a lei esta-
ESPAÇO DOS LEITORES “Brasil de Fato mostrando o assassinato de Marielle e o motorista Anderson. Em poucas horas, o caso ganhou o mundo e evidencia o atual momento político no país. Marielle presente!” João Gualberto sobre edição 225 “Esse Temer é o cara mais safado, tentando empurrar goela abaixo dos brasileiros, essa intervenção, achando que somos trouxas. Pura balela. Fora!” José Candido sobre a pergunta da semana “O que você pensa sobre a intervenção federal militar no Rio de Janeiro?” “Se calarmos, as pedras gritarão” Olga Nahomi Ribeiro sobre a matéria “Em todo país, manifestantes vão às ruas para denunciar execução de Marielle Franco” “Quem punirá a Justi$a? #GloboMENTE #Fim$TF #FimRedeGlobo #ForaMISHELL #ForaEUA! #QuemMandouMatarMarielle? #QuemFoiOMandanteDoCrime?” Beth Andrade sobre a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson.
Governo não concedeu os últimos dois reajustes anuais do piso dual 21.710/15 que prevê o cumprimento dessa promessa de campanha em julho de 2018. Para isso, os trabalhadores deveriam ter seus salários reajustados de acordo com os índices nacionais previstos pela lei federal 11.738/08. O salário base do magistério é reajustado anualmente, em janeiro. Atualmente, é de R$ 2.455,35. O governo de Minas, ao não conceder os últimos dois reajustes anuais, não será capaz de cumprir sua promessa de campanha e a lei estadual. O salário base de um professor de MG hoje é de R$ 1.982,54. Além da questão salarial, diversos outros problemas se acumularam na relação do governo com a categoria. Atrasos e parcelamentos de salários; tratamento desigual em relação a outros servidores no pagamento do 13º de 2017 (pago à educação em quatro parcelas, de janeiro a abril); falta de repasse do dinheiro descontado dos servidores mensalmente para a rede de
saúde credenciada e sucateamento da rede própria do IPSEMG; falta de repasse aos bancos do valor retido de empréstimos consignados feitos pelos servidores. Diante de tantos problemas e da falta de sinalização do governo em solucioná-los, não restou à categoria alternativa que não a suspensão das atividades. A greve, iniciada no dia 8 de março, se prolonga sem que qualquer proposta em relação ao pagamento do piso seja apresentada. O governo alega que o estado não possui recursos para atender à lei estadual. Não é o que demonstra estudo feito pelo Dieese que atesta que o estado não investe o mínimo constitucional de 25% do seu orçamento em educação, desviando recursos da área para ou-
Greve iniciada em 8 de março se prolonga sem proposta tros setores. Em 2017, foram investidos apenas cerca de 22,7%, 2,3% a menos do que prevê a constituição federal. Ao invés de se mobilizar na busca por soluções, o governo estadual adota a mesma estratégia de seus antecessores. Deslegitima a luta dos trabalhadores e investe nos grandes veículos de comunicação para jogar a população contra a greve e suas lideranças. A sociedade mineira deve apoiar a luta dos trabalhadores da educação, exigir e se mobilizar para que o governador cumpra a lei.
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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? PERGUNTA DA SEMANA
No dia 16 de março, sexta, Belo Horizonte e diversas cidades do interior do estado, como São João del Rei, tiveram fortes chuvas. O temporal causou alagamentos, desabamentos e uma série de imagens de pessoas presas durante a chuva. O Brasil de Fato MG te pergunta:
E você, já ficou presa na chuva?
Graças a Deus não. Peço a Deus pra não acontecer isso comigo, senão eu dou um ataque do coração. Pro lado de onde eu moro ainda não teve esses problemas, mas eu tenho medo. Eu vi esses dias um vídeo no celular, carro indo por água abaixo. Só de ver fiquei apavorada. Maria da Conceição, serviços gerais
Eu moro no bairro Ribeiro de Abreu, que tem uma ponte que vive interditada. Quando chove e tenho que passar de ônibus nessa ponte, dá uma sensação horrível, é muito volume de água e um barulho aterrorizante. A ponte já caiu várias vezes e fica interditada sempre quando chove. Gabrielle Gonçalves Faria, coordenadora pedagógica
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GERAL
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Declaração da Semana Reprodução de vídeo
“Ninguém foi punido. Nada foi reconstruído. Apenas 2% das áreas verdes e 10% das nascentes foram recuperadas. Metade das pessoas atingidas não recebeu sequer auxílio emergencial”.
A atriz Mariana Ximenes faz parte da campanha #NãoEsqueçaMariana que denuncia o descaso com a região do Rio Doce, atingida pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em 2015
Chega de enxugar louça com pano de prato
Reprodução
Pois é, usar o pano para secar as vasilhas que acabamos de lavar não é nada higiênico. Isso porque quando está úmido, o tecido chega a ter cerca de 1 milhão de micro-organismos a mais do que a tampa de um vaso sanitário. O pano de prato só deve ser utilizado se estiver completamente seco e higienizado, e mesmo assim deve ser trocado todos os dias. Do contrário, o melhor é deixar a louça secar naturalmente ou, em caso de pressa, usar a toalha de papel.
Cuidado com a desidratação infantil no calor
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Crianças e adolescentes são os que mais sofrem com a desidratação infantil nos dias quentes. O corpo dos pequenos é mais frágil, tem um volume menor de líquido e, como eles são sempre muito ativos, a perda de água do organismo é acelerada. Grande parte das crianças não costuma pedir água regularmente e os bebês nem sempre choram logo quando sentem sede, então é importante ficar atento. Os sintomas podem variar entre boca seca, falta de elasticidade na pele, olhos fundos, urina em menor quantidade, choro sem lágrima, entre outros. Contra a desidratação, nada de refrigerantes e bebidas industrializadas, hein?
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MINAS
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
O que querem as trabalhadoras da educação pública mineira? GREVE Governo aponta dificuldades financeiras para cumprir acordo Wallace Oliveira
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esde o dia 8 de março, trabalhadoras da educação pública estadual de Minas Gerais fazem greve em todo o estado. Na quinta-feira (22), em assembleia, o movimento definiu pela continuidade da greve, até que o governo estadual atenda às reivindicações da categoria. Pauta Há anos, a principal reivindicação é o cumprimento do piso salarial, definido na lei federal 11.738/2008. Em todo o Brasil, educadores deveriam receber, no mínimo, R$ 2.455,35, segundo a lei. Em Minas, os educadores recebem de salário-base R$ 1.982,54. Em 2015, o governo assinou um acordo, originando a lei es-
Lidyane Ponciano / Sind-UTE
estudo apontando que, desde 2015, o governo não cumpre o repasse de 25% para a educação, previsto na Constituição. “Estamos há dez anos lutando por isso. Foi a Constituição da República que reconheceu o piso dos profissionais da educação. Também temos que lembrar a importância dos 25% em educação”, disse “Outra reivindicação é o fim do parcelamento de salários e 13º” a coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueicorporando-os ao salário ra. até julho de 2018. O moviO sindicato também se mento exige o cumprimen- queixa da falta de repasses Estamos há dez to da lei. ao Instituto de Previdência anos lutando pelo Outra reivindicação é o dos Servidores do Estado fim do parcelamento de sa- de Minas Gerais, da falta de piso salarial” lários e 13º. No dia em que pagamento de promoções tadual 22.062/2016. A lei pre- aprovou a greve, o Sindi- e progressões e do Adicioviu implantar o piso salarial cato Único dos Trabalha- nal de Desenvolvimento da gradualmente, pagando rea- dores em Educação (Sind- Educação Básica, uma conjustes e abonos anuais e in- UTE/MG) apresentou um trapartida que a categoria
deveria receber por direitos não pagos durante o governo Anastasia (PSDB). Outra reclamação é pelo adiamento do início do ano letivo. Dificuldades Em nota pública, a Secretaria de Estado da Educação (SEE), afirma que não foi possível ao governo de Minas cumprir integralmente o acordo de 2015, “em virtude da precária situação financeira do estado e das restrições legais”, referindo-se ao limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal para pagar o funcionalismo. O governo também apontou alguns compromissos que foram cumpridos com a categoria. Nota completa disponível em: goo.gl/ 76DL7A.
Horta urbana é sucesso
Servidores de Uberlândia ALIMENTAÇÃO A Horta do Rui, no bairro Santa Inês em BH, é procurada pela saúde dos produtos conquistam direito à eleição Rafaella Dotta / Brasil de Fato MG m meio a todo o concredo sindicato to da cidade grande, as
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pessoas encontram um refúgio na rua Conceição do Pará, no bairro Santa Inês em BH. Um terreno com hortaliças, o chão de terra e os portões sempre abertos são um convite a uma clientela preocupada cada vez mais com uma alimentação saudável. Ali funciona a Horta do Rui, ou Horta Diniz, que vende legumes, frutas, hortaliças e mudas. A família criou a horta há 45 anos, como conta Rafael Diniz, um dos donos do empreendimento. A horta prosperou e se transformou também em um ponto de venda, e hoje atinge a terceira geração Diniz. O
Mais de 2 mil hortas urbanas
diferencial é que os clientes podem escolher e colher sua verdura na hora, diz Rafael. Essa característica que tem atraído moradores de vários bairros da capital. Algumas das vantagens que as hortas urbanas trazem
são: o custo com transporte reduzido, os alimentos chegam mais frescos ao consumidor e cria-se uma relação saudável entre produtor e cliente. Além disso, a cidade fica muito mais bonita verdinha, não é?
Levantamento feito em 2013 por Luísa Melgaço Ferreira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostrou que a Região Metropolitana de BH tinha 2056 hortas urbanas naquele ano. Apenas 4 das 30 cidades da RMBH não possuíam agricultores com Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
Julia Cabral O juiz da 1ª Vara Cível, Roberto R. P. Júnior, determinou a realização de novas eleições para o Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Públicos de Uberlândia (SINTRASP). O cargo de presidência era ocupado pela servidora Naara R. Bernadelli desde 2003. A sentença a destitui do cargo de presidente e a impede de participar do processo eleitoral. Além disso, determinou o bloqueio das contas da entidade. O edital com a data da eleição ainda não foi divulgado.
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MINAS
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Opinião
Supremo em tempos estranhos João Paulo Cunha O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello disse que vivemos “tempos estranhos, em que um juiz de primeiro grau faz apelo a ministros do STF”. Ele reagia ao juiz Sergio Moro, que citou em sentença nomes de ministros do Supremo, recomendando a manutenção da execução da pena de prisão depois da condenação em segunda instância. Marco Aurélio é considerado o mais independente da corte. Mas demorou muito para diagnosticar a estranheza dos tempos correntes. O Supremo brasileiro há muito perdeu o rumo. Chancelou o golpe, trocando a justiça substantiva pela conveniência procedimental. Deixou-se cooptar pela sanha judicializadora, escanteando a democracia real. Trocou a saudável discrição que sempre foi característica dos magistrados pela ambição vaidosa. Serviu de caução a excessos de juízes açodados e ideológicos. Deixou de lado a imparcialidade discriminando réus de acordo com sua filiação partidária. Seria muito, se
fosse tudo. Mas nas últimas semanas o STF extrapolou. Depois de se tornar refém de interesses de classe, a postura genunflexória à Rede Globo, por parte da presidente Cármen Lúcia, é a etapa final do apequenamento da corte. Ela manifesta os interesses da Globo, por
Cármen Lúcia está refém de interesses de classe e da Rede Globo meio da Globo, de acordo com o cronograma da Globo. Foi capaz de subverter a ordem jurídica natural do STF, de julgar em primeiro lugar os pedidos de habeas corpus – em razão de sua urgência. A decisão sobre a prisão depois do jul-
I M A G I N A Q U E
P R A
E S T A V A E M
M U L H E R
C U R T I N D O
U M A
A C A B O U
F E S T A
E
A B U S A D A.
É mais que chato. É violação de direitos. Você pode não perceber, mas a piadinha boba do dia a dia alimenta o assédio e a violência contra a mulher. É hora de dar um basta no machismo e transformar a igualdade de gênero em realidade. Em casa, nas ruas, no trabalho, na política: direitos e oportunidades iguais. O mundo está mudando. Se você acha isso um problema, passou da hora de mudar também. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) trabalha para garantir e ampliar os direitos de todas as mulheres, estimulando o protagonismo e o empoderamento das mineiras. W W W. D I R E I T O S H U M A N O S . M G . G O V. B R
Por um mundo melhor para as mulheres
gamento em segunda instância é uma questão constitucional, que só cabe ao STF decidir. É aí que entra a responsabilidade – ou falta – da presidente Cármen Lúcia. Há um argumento aparentemente forte, da jurisprudência firmada há poucos meses, que deveria ser preservada. No entanto, a manutenção dessa medida está prejudicada por ações relatadas exatamente por Marco Aurélio Mello, que não estão vinculadas a Lula, cujo mérito não foi apreciado pelo tribunal. A jurisprudência firmada está cambeta sem que todas as ações referentes a ela sejam apreciadas. Se o STF tem como elementos máximos a Constituição Federal e as jurisprudências, a prisão deveria esperar o trânsito em julgado em todas as instâncias, como reza a Carta. Cármen Lúcia teria como obrigação dirimir conflitos, e não criá-los. Há muitas formas de se entrar para a história. Cármen Lúcia fez sua escolha. O arco de legitimação do golpe começou com o Supremo e tem tudo para se completar na barra do mesmo tribunal.
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MINAS
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Governo não repassa dinheiro ao Ipsemg e usuários ficam sem atendimento
Isabelle Medeiros
SAÚDE Salário dos servidores segue sendo descontado todo mês. No entanto, cresce número de serviços cancelados e recusados na rede credenciada e própria Reprodução
exemplo, pegava dez horas de estrada, chegava lá e recebia a notícia de que a cirurgia estava cancelada”, afirma Alexandre.
Raíssa Lopes
“T
ive que pagar R$ 200 para receber dois resultados de exames sérios que fiz em um laboratório teoricamente credenciado pelo Ipsemg. Era para ser R$ 400, mas a sorte foi que o laboratório aceitou me atender por um preço menos alto. Eles cortaram o atendimento porque o governo não está pagando o que deve”, conta Sônia Martins, que é servidora do estado aposentada. Sônia continua pagando o Ipsemg, que prestava assistência médica, farmacêutica, odontológica e hospitalar. Todo mês são retirados 3,2% dos salários dos servidores, mesmo que eles não usem qualquer serviço do plano. Quando utilizam, eles pagam um valor adicional referente ao procedimento que será realizado – de consultas simples a cirurgias. Cabe ao governo inteirar mais 1,6% na verba. No entanto, de acordo com as denúncias, o estado não só não estaria complementando a quantia, como destinando o dinheiro que é pago pelos servidores para outros setores. “A contribuição do governo e o que é pago pelos trabalhadores deveriam ir para o caixa do Ipsemg, mas estão indo para o caixa único do estado”, declara o presidente do Conselho de Beneficiários do Ipsemg (CBI), Alexandre Pires. É por causa da falta de repasse ao Ipsemg que acontece o atraso no pagamento dos fornecedores (clínicas,
laboratórios e hospitais credenciados). Assim, aumenta cada vez mais o número de servidores que têm o atendimento negado nestas unidades e tem que recorrer ao setor privado de saúde. Desde fevereiro de 2018, servidores e trabalhadores
Governo prevê regularizar pagamento até final de abril do Ipsemg intensificam as mobilizações, que acontecem há aproximadamente dois anos, exigindo melhorias. O governo chegou a admitir que “enfrenta dificuldades” para cumprir com os pagamentos, mas afirmou que a estimativa era de que até março tudo estaria regularizado. Porém, as informações que o CBI e o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG) possuem é de que nem os últimos meses de 2017 foram quitados. “É uma situação que eu nun-
ca vi acontecer. Os hospitais que ainda atendem fazem por questão de humanidade”, ressalta o diretor do Sindpúblicos, Geraldo Henrique. Hospital do Ipsemg precarizado Além da rede credenciada, que são as instituições privadas que fazem convênio com o Ipsemg, o plano possui uma rede própria que engloba consultórios de médicos concursados, pronto-socorro e um hospital. A situação vivida pelos funcionários e usuários de lá é um caso à parte. De acordo com o último informe do governo, em fevereiro, a fila de espera para as cirurgias no local chegava a 7 mil pessoas. Elas foram suspensas, segundo o Ipsemg, por uma greve dos médicos anestesistas, que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. A unidade começou, então, a realizar apenas cirurgias em pessoas com problemas graves, que já estavam na UTI. “O pior é que o hospital atende todo o estado, então o beneficiário saía lá de Uberlândia, por
Fila de espera para as cirurgias chega a 7 mil pessoas “No pronto-socorro, os servidores esperam em média de 5 a 7 horas por atendimento, quando são atendidos. Já vi um idoso ficar dois dias sentado em uma cadeira esperando alguém avaliar se ele precisava ser internado”, reitera o presidente. Outras denúncias seriam a respeito dos elevadores do prédio, que estragariam com frequência. Bloqueio da União atrasou repasse de recursos O Ipsemg declarou à reportagem que iniciou os pagamentos aos prestadores de serviço no primeiro dia útil de março, visando quitar os débitos do final de 2017 e início de 2018, e que o atraso foi “devido ao bloqueio da União, que atrasou o repasse de recursos ao governo de Minas Gerais”. O governo prometeu que até o final de abril “a normalidade dos pagamentos será restabelecida”. Até o fechamento da matéria, o órgão não informou sobre as contratações do quadro de funcionários.
Congresso do Povo Agenda
O
Congresso do Povo é uma iniciativa de Frente Brasil Popular que deseja escutar as demandas dos brasileiros de todo o país e transformá-las em reivindicações, além de envolver a população na luta pela democracia, defesa dos direitos e soberania. A proposta conta com etapas locais, municipais, estaduais e nacional. Acompanhe por aqui as atividades de formação da próxima semana que ocorrerão em diversos municípios do estado.
Curso de Formação de Formadores . 24/03 . Montes Claros e Janaúba . 24 e 25/03 - Diamantina . 31/03 - Vespasiano e Belo Horizonte Para mais informações escreva para ffrentebrasilpopularmg@ rentebrasilpopularmg@ gmail.com gmail.com
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018 Ricardo Stuckert
OPINIÃO
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Rogério Correia
A doce vida dos tucanos no Judiciário...
Antes de tudo, um forte “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Com esta frase Euclides da Cunha, em “Os Sertões”, descreve os sertanejos que encontrou no nordeste brasileiro durante a Guerra de Canudos. O autor de “Os Sertões” era um típico filho da classe média do centro do país. Aos poucos foi mudando sua visão de mundo. As pechas de “jagunços”, “fanáticos”, foram desabando. Sua indignação cresce quando descreve a localização do corpo do Conselheiro pelo exército, desenterrado para cortar a cabeça e exibir em praças públicas para delírio das elites da época. Esta visão odiosa e preconceituosa continuou ao longo da história do Brasil, contra o povo, pobres, negros, índios, mulheres, moradores das periferias, camponeses, contra todos os que não se enquadram nos esquemas mentais da elite. E, ao longo da história, a elite escolhe um alvo para atacar. No passado, os “alvos símbolo” foram Zumbi, Tiradentes, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas. Hoje é Luiz Inácio Lula da Silva. O plano é fazer com Lula o que fizeram com os outros e expô-lo, com métodos midiáticos do século XXI. Ódio a Lula é ao Mas o povo pobre e trabalhador não parou no tempo e se- símbolo que guiu aprendendo e se organizando como classe. Lula trans- representa formou-se no principal símbolo coletivo desta luta no período recente. Por isto é alvo de tanto ódio. Não é ele, somos todos os que não cabemos no projeto das elites. São todos os oprimidos e trabalhadores deste país. É pelo que representa que Lula tem que ser tirado de cena, humilhado, preso, destituído de direitos políticos. Lula tornou-se um símbolo grandioso, muito maior que ele mesmo. Chegou o tempo da virada na história do Brasil. Lula vencerá, não importa o que tentem fazer com ele. E iniciaremos um novo ciclo com o protagonismo dos trabalhadores organizados. Frei Sérgio Antônio Görgen é franciscano, militante do MPA e autor do livro “Trincheiras da Resistência Camponesa”.
Rogério Correia é deputado estadual pelo PT MG
ACOMPANHANDO
Frei Sérgio Antônio Görgen ofm
Esperto o Aécio, não? Quer unir o útil ao agradável. Atenção para seu novo plano: como goza da antipatia do eleitor, de antigos aliados e até de gente do seu PSDB, Aécio está inclinado a não concorrer a nada em 2018. Nesse caso, ficaria livre do vexame de concorrer a deputado. E, mais importante, teria que responder a seus inquéritos em instâncias inferiores. Aqui mesmo em Minas. Repetiria, dessa forma, os passos do seu companheiro de tucanagem, o também ex-governador Eduardo Azeredo. Aquele, cujo inquérito já dura 12 anos, com prescrição prevista para daqui a menos de seis meses. Aécio Neves foi pego com a boca na botija, gravado em áudio e vídeo pedindo propina de R$ 2 milhões e ameaçando matar o primo antes de ser delatado. O senador teve o patrimônio triplicado apenas nos últimos dois anos. Sua mãe tem conta em paraíso fiscal. Pelo lado do Azeredo, sem surpresas: um julgamento que estava marcado para acontecer na terça-feira, 20 de março, foi adiado. Um inquérito relacionado ainda aos anos 1990, referente ao processo do chamado mensalão dos tucanos. Lembrando que a pena de Azeredo prescreve em setembro, ou seja, daqui a seis meses. Azeredo, em um inquérito de mais de década, está a ponto de se livrar definitivamente. Em um processo saAécio não deve turado de provas! Com Lula é o contrário. In- concorrer a nada vestigado há três anos e ainda assim sem nenhuma prova contra si (fato admitido até pela sentença do “juiz” Moro), o presidente mais popular da história está condenado e tem toda a mídia corporativa e setores do Judiciário associado ao golpe tramando sua prisão. Isso tudo em prazo recorde. Azeredo namora há anos a impunidade. Aécio quer o mesmo e já estuda trazer os julgamentos de seus rolos para Minas. Vai conseguir?
Na edição 223.... Vereadores tentam CPI dos transportes, movimentos criticam auditoria da Prefeitura E agora... CPI dos ônibus não tem assinaturas necessárias A CPI para investigar as empresas de ônibus em BH ainda não conseguiu as assinaturas necessárias. Dos 41 vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte, apenas 13 chegaram a assinar o requerimento, mas dois deles retiraram a assinatura: Fernando Borja (Avante) e Carlos Henrique (PMN). Para que a comissão seja aberta, é necessário que 14 parlamentares subscrevam o pedido. A proposta é discutida há meses na Câmara.
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BRASIL
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Caso Lula: a história do“Triplex do Guarujá” POLÍTICA Tempo recorde e ausência de provas marcam julgamento do candidato que lidera as pesquisas eleitorais Reprodução
Wallace Oliveira
Sérgio Moro, responsável pelo caso, participa de confraternização promovida pela revista IstoÉ em São Paulo, onde é fotografado em clima amigável e descontraído com os tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, o presidente golpista Michel Temer (MDB), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e alguns empresários.
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os próximos dias, o Judiciário pode decretar a prisão do ex-presidente Lula (PT), candidato que lidera as intenções de voto em 2018. O caso é um dos mais polêmicos da história do Brasil e divide opiniões. O Brasil de Fato traz um retrospecto da história do famoso “Triplex do Guarujá”, apartamento que seria, segundo a acusação, pertencente a Lula.
2003 – A Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) lança um empreendimento imobiliário: o Condomínio Solaris, em Guarujá (SP). 2005 – Marisa Letícia, esposa do presidente Lula, adquire um percentual de apartamento de 82,5 m² do empreendimento. O número do apartamento era 141. 2006 – Lula declara à Justiça eleitoral a cota adquirida por Marisa, pois o casal fazia declaração de imposto de renda em conjunto. 2009 – Atravessando di-
ficuldades financeiras, a Bancoop transfere o empreendimento inacabado para a Construtora OAS. Por conta dessa transferência, foram dadas duas opções aos cotistas da cooperativa: receber de volta o dinheiro ou continuar com a parceria e os direitos sobre o imóvel. Marisa desiste do apartamento e para de pagar as mensalidades. O que ela já tinha pagado torna-se ativo, passível de resgate em outro momento. O apartamento 141 é vendido pela empresa a outra pessoa.
2010 – A OAS coloca o
apartamento como garan-
2017 – Em janeiro, o juiz
tia em um empréstimo com a Caixa Econômica Federal.
2014 – Após concluir as obras do prédio, a OAS oferece ao casal Lula e Marisa o apartamento 164-A, com 215 m². Esse é o famoso “Triplex do Guarujá”. Após visitas ao local, a ex-primeira dama não aceita fazer a compra. 2015 – Marisa Letícia entra na Justiça, pedindo de volta o dinheiro investido no apartamento 141. 2016 – Em março, a Operação Lava Jato faz uma condução coercitiva de Lula, sem autorização judicial. A mídia comercial cobre a condução ao vivo, demonstrando que fora comunicada previamente. Policiais
Advogado diz ter combinado pagar ‘por fora’ US$ 5 milhões à Lava Jato
fazem filmagens ilegais do interrogatório e entregam à revista Veja. As imagens também são repassadas à produção do filme “A lei é para todos”, que custou R$ 15 milhões e foi financiado pela empresa Saga Investimentos.
2016 – Em agosto, Lula
é indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e, três semanas depois, o Ministério Público Federal convoca a mídia comercial para apresentar uma denúncia em PowerPoint. Afirmam que o petista é dono do apartamento 164-A, que teria recebido reformas da OAS como compensação por contratos com a Petrobras. Um deles afirma: “Não teremos aqui provas de que Lula é efetivo proprietário, no papel, do apartamento. Pois, justamente o fato de ele não figurar como proprietário do triplex no Guarujá é uma forma de simulação da verdadeira propriedade”. A afirmação vira motivo de piadas na internet.
Em julho, Moro condena Lula a nove anos de prisão, acusando o ex-presidente de receber o apartamento 164-A como propina e ocultar a propriedade. Ao proferir a sentença, porém, Moro comete um deslize: “Este juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente”, diz o juiz. Em abril, a juíza Maria Priscila Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, absolve 12 pessoas acusadas no mesmo processo. “Era preciso reconhecer a superficialidade do que se entende como fato gerador de crimes”, observa Maria Priscila Ernandes. Em novembro, o ex-
-advogado da Odebrecht e UTC, Rodrigo Tacla Durán, presta depoimento à CPI da JBS e diz que o advogado Carlos Zucolotto Jr, padrinho de casamento de Moro, combinou com a Lava Jato de pagar US$ 5 milhões “por fora”, afim de obter redução de multa inicialmente avaliada em US$ 15 milhões e o benefício da prisão domiciliar. Defesa de Lula pede que Tacla Durán seja ouvido como testemunha, mas
desembargadores rejeitam pedido.
2018 – Após defesa de Lula recorrer da decisão de Moro, julgamento é marcado em tempo recorde para o dia 24 de janeiro, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região de Porto Alegre. A sessão é televisionada. O relator é João Pedro Gebran Neto, amigo pessoal de Moro. “É como se o apartamento tivesse sido colocado em nome de um laranja”, professa. Os outros dois desembargadores, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos seguem o voto do relator. A pena é aumentada para 12 anos e um mês. Defesa impetra habeas corpus perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas pedido é negado. Em fevereiro, defesa de Lula apresenta recurso no TRF-4, apontando que haveria 38 omissões no processo, 16 contradições e 5 aspectos da sentença de difícil compreensão. É preciso reconhecer a superficialidade do que se entende como fato gerador de crimes”, afirma juíza
Em março, são divulgados vídeos em que o Vice-Procurador Geral Adjunto do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) e o Sr. Trevor Mc Fadden, Subsecretário Geral de Justiça Adjunto Interino, confessam que houve cooperação extra-judicial entre procuradores da Lava Jato e a Justiça dos EUA. Veja um dos vídeos: goo.gl/JP6CGV.
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
BRASIL
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Entenda a batalha judicial que envolve uma possível prisão de Lula POLÍTICA STF suspende julgamento do ex-presidente e concede liminar para que ele não seja preso até retomada da sessão no dia 4 de abril Lula Marques
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
Constituição garante que só com conclusão do julgamento se pode prender ou não
O
s ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta quinta-feira (22) adiar para o dia 4 de abril a retomada do julgamento que decidirá sobre a concessão de um habeas corpus preventivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele responda em liberdade até o trânsito em julgado (conclusão) da ação que ele responde no caso do tríplex no Guarujá (SP). Até lá, por decisão dos ministros, ele não poderá ser preso. Apesar de ter sido condenado a pouco mais de
Ninguém está acima da lei, mas ninguém pode estar abaixo dela” 10 anos de prisão pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4), Lula ainda tem direito a recorrer em
instâncias superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o próprio STF. O último recurso apresentado pela defesa do ex-presidente no TRF4, conhecido como embargos de declaração, será julgado na próxima segunda-feira (26). Com isso, estarão esgotadas as possibilidades de reversão da pena em segunda instância e, pela atual jurisprudência do Supremo, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, já poderia decretar a prisão de Lula na semana que vem. Porém, mesmo que o TRF4 confirme a sen-
tença contra Lula, ele não poderá ser preso até a retomada do julgamento do habeas corpus no STF, no dia 4 de abril, por força de uma liminar aprovada por 6 votos a 5 dos integrantes da suprema corte. Votaram a favor de que Lula espere em liberdade os ministros Dias Toffoli, Celso de Melo, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Ricardo Lewandovski e Gilmar Mendes. Foram contrários os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Roberto Barroso e a presidente do tribunal, Cármen Lúcia.
A postura da ministra Cármen Lúcia contra Lula difere do voto favorável que ela deu ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), no ano passado, quando permitiu ao parlamentar recuperar o seu mandato mesmo após ter sido flagrado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono da Friboi, processado por corrupção, além de ter tido um assessor preso por recebimento de propina do mesmo empresário. Agora, no caso Lula, Cármen Lúcia diz que não se “submete” a nenhum tipo de pressão.
Ricardo Stuckert
Inconstitucional Em julgamento de 2016, o STF autorizou, em caráter liminar (provisório), a execução de prisão após condenação em segunda instância, mas a decisão permaneceu confusa e passou a ser questionada por juristas e uma série de entidades porque violaria o dispositivo constitucional da presunção de inocência. A OAB, em sua Ação Direta de Constitucionalidade, afirma que “ao criar um novo – e jamais pensado – sentido para a expressão ‘trânsito em julgado’, a Suprema
Corte reescreveu a Constituição e aniquilou uma garantia fundamental, revelando todo seu viés realista. Isso porque, na comunidade jurídica, ninguém tem dúvida acerca de seu sentido. Todos sabem o que é sentença condenatória transitada em julgado”. Para Cézar Britto, advogado e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), é preciso desmistificar a ideia de que a revisão do entendimento do STF em relação ao caso ocorreria em benefício do ex-presidente Lula, discurso que a mídia comercial tenta emplacar. “O pedido de pauta do ministro Marco Aurélio é anterior inclusive à condenação do ex-presidente Lula. Então não tem relação nenhuma entre o julgamento que está pautado e o do ex-presidente. Mas ainda que tivesse alguma relação de benefício direto ou indireto, a questão que se põe é: a Constituição garante que só com o trânsito em julgado se pode garantir ou não a prisão. O judiciário não pode se recusar a debater esse tema que pode causar a prisão desnecessária de vários cidadãos, inclusive o do ex-presidente Lula. Ha uma frase que é correta: ninguém está acima da lei, mas ninguém pode estar abaixo dela”, afirmou em recente entrevista ao Brasil de Fato.
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MUNDO
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Mulheres ocupam Nestlé contra a privatização das águas SOBERANIA Ação aconteceu no Sul de Minas e denunciou a entrega de bens naturais às corporações internacionais Divulgação
Da Redação
A
sede da Nestlé em São Lourenço, Sul de Minas Gerais, foi ocupada, na terça (20), por aproximadamente 600 mulheres. Organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ação denuncia a entrega das águas às corporações internacionais, negociada pelo governo golpista de Michel Temer no Fórum Mundial da Água (FMA), em Brasília. O FMA concentra entre seus participantes e financiadores, governos e corporações interessadas na gestão da água, como a Nestlé,
Transnacionais usam do Fórum Mundial da Água para privatizar aquíferos
a Coca-Cola e a Ambev. “É muita petulância fazer um fórum internacional para comercializar nossas reservas de água. Eles não estão lá para debater gestão de
nada, estão fazendo um leilão para vender o país a preço de banana”, aponta Maria Gomes de Oliveira, da direção do MST. Em janeiro deste ano, Te-
mer e o presidente da Nestlé, Paul Bulcke, se reuniram para discutir a exploração do Aquífero Guarani. A reserva abrange quatro países. Após as vitórias dos conservadores na Argentina e golpes de Estado no Paraguai e no Brasil, somente o Uruguai poderia colocar empecilhos à privatização. “Quanto mais o gol-
pe se aprofunda, fica mais clara a influência de grandes grupos econômicos sobre a política e seu interesse em explorar as nossas riquezas naturais”, ressalta Maria. FAMA Em oposição ao FMA, movimentos populares realizaram o Fórum Alternativo Mundial da Água, também em Brasília, entre os dias 17e 22 de março. Com uma programação extensa de debates, palestras e oficinas, o evento se propôs a alertar a sociedade sobre os perigos da privatização da água para o meio ambiente e para a população.
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Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
ENTREVISTA 11
De favela pra favela RESISTÊNCIA Com o sonho de dar voz ao morro, Rádio Autêntica Favela FM resiste há 40 anos no ar Amélia Gomes / Brasil de Fato MG
Amélia Gomes
M
isael Avelino era um garoto muito curioso e apaixonado por rádio. Um dia foi à banca de jornal e lá tinha uma revista que a cada edição trazia como brinde uma peça para que o leitor montasse um transmissor de rádio. Demorou 8 meses, mas Misael conseguiu juntar as peças e montar o aparelho. No início, o alcance do transmissor era de apenas 50 metros. Mas a vontade e a esperteza dos meninos do morro eram tão grandes que eles conseguiram destravar o transmissor para emitir o áudio em longa distância. Assim começou a história da Rádio Autêntica Favela FM, com um transmissor desbloqueado, um toca-fita de rolo e um fone de ouvido. Em 2002, depois de muita luta, veio
Durante o dia, a gente ia anotando tudo o que acontecia na comunidade e, à noite, no horário da Voz do Brasil, entrávamos no ar e falávamos tudo” a outorga e ela incorpora o novo título no nome: “Rádio Educativa Favela FM 106,7”. A história da Rádio Favela já foi vencedora de prêmios e também ganhou as telonas. Em 2002, o diretor Helvécio Ratton levou a trama da rádio para o filme “Uma onda no ar”. Driblando as interferências no sinal e o
Quando a gente começou a entrar no ar, tinha uma rádio comercial aqui no morro, mas eles não falavam com o povo” Resistência Misael Avelino: “No morro, a população não tinha voz“
Os militares tentavam quebrar, a gente resistia, tentavam quebrar e a gente resistia” orçamento apertado, a rádio, além de falar para toda Belo Horizonte, também chega aos ouvintes de Contagem, Santa Luzia e Lagoa Santa. Confira abaixo os principais trechos da conversa com Misael, o fundador e coordenador da rádio, que fica no Aglomerado da Serra, região sul de Belo Horizonte. No pé do abacateiro
Na minha casa não tinha nada, e eu era louco com um rádio. Quando eu completei 13 anos, falei para os meus amigos: “Eu vou ter uma rádio!”. Todo mundo deu risada. Quando eu fiz 16, conseguimos montar uma rádio. E daí pra frente eu viciei! Desde 1976 eu mexo com rádio e desde lá a rádio Favela está no ar. A nossa antena ficava no pé do abacate [que até hoje
existe no quintal da Rádio Favela]. A gente colocava a antena num bambu de 7 metros; de dia escondíamos o bambu na árvore, à noite a gente subia no abacateiro com o bambu na mão. Naquela época nem todo lugar da favela tinha energia elétrica, então para fazer o transmissor funcionar a gente conseguiu duas baterias de uns tratores que estavam fazendo uma obra aqui perto. Durante o dia, a gente ia anotando tudo o que acontecia na comunidade e, à noite, no horário da Voz do Brasil, entrávamos no ar e falávamos tudo. A gente denunciava os problemas, falava das reclamações dos moradores... Nós entrávamos no ar às 19 horas e ficávamos até 1 hora da manhã com esse boletim. Prisão e perseguição
Quando começamos, era época da ditadura militar no Brasil. Os militares ficavam dentro do morro procurando a gente, todo mundo sabia onde a gente estava, mas nenhum morador entregava. Eles perseguiam a gente e quebravam todos os nossos equipamentos. Aí virou vício. Eles ten-
tavam quebrar, a gente resistia, tentavam quebrar e a gente resistia. Foi indo até eles entenderem que o nosso direito tinha que ser respeitado. Se eu fosse responder por todos os processos em que fui indiciado cumpria 32 anos de cadeia.
Se eu fosse responder por todos os processos em que fui indiciado, cumpria 32 anos de cadeia” Fim da ilegalidade
Em 2002, nós conseguimos uma cessão definitiva do governo federal, como canal educativo. Mas na verdade isso foi meio que um presente de grego. Nós havíamos pedido a cessão comercial, para que a rádio pudesse veicular anúncios durante a programação e assim garantir nossa condição financeira, mas com o canal educativo nós não podemos anunciar nada comercialmente. Hoje a rádio sobrevive com parcerias e apoio cultural.
No morro, a população não tinha voz. Não tinha internet, até hoje tem lugares aqui que esse serviço não funciona, então o povo procurava a gente para colocar a boca no trombone. Quando a gente começou a entrar no ar, tinha uma rádio comercial aqui no morro, mas eles não falavam com o povo. Os trabalhadores de lá compravam lanche no mercado da favela, mas no ar só davam bom dia para os moradores do Belvedere. Por isso que a gente precisava ter uma rádio, para dar bom dia para nós mesmos! Falar para o nosso povo, de favela para favela!
A gente precisava ter uma rádio para falar para o nosso povo, de favela para favela!”
12 12 VARIEDADES
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Amiga da Saúde
NOVELA DE OLHO NO JORNALISMO DA TV GLOBO
“
O hábito de dormir pouco pode provocar alguma doença? Reprodução de vídeo
Karina Machado, 46 anos, assistente social.
Sem dúvida, Karina. O sono é um tempo fundamental para o corpo. A maioria dos adultos têm uma necessidade de dormir cerca de 8 horas por noite. Quando a pessoa se acostuma a dormir menos que isso, praticamente todos os órgãos são afetados. Os principais riscos para a saúde relacionam-se a aumento de peso, doenças cardiovasculares, diabetes, depressão, alguns tipos de câncer e queda da imunidade,
“Que Brasil você quer para o futuro? ”. Essa é a pergunta feita pela campanha da TV Globo que exibe vídeos em todos os telejornais da emissora, desde o início de 2018 com as respostas dos telespectadores sobre o que querem para o país. Especulações não faltam sobre quais são as intenções da Globo com a campanha. Há tempos, a emissora vem percebendo a queda na audiência dos seus telejornais e mais do que isso, a identificação pelo público da parcialidade - para dizer o mínimo – da sua cobertura jornalística. A imagem do jornalismo da TV Globo não está nada boa. E claro, motivos não faltam para isso! É possível que a campanha busque melhorar a imagem da O povo não é emissora, resgatar uma tal credibilidade que bobo... e percebe um dia já teve… os anunciantes também estão de olho nisso! as coisas, dona E seria coincidência essa proposta surgir Rede Globo! meses antes da campanha eleitoral? Seria uma tentativa da Globo de pautar as eleições de 2018? Chamou bastante atenção o destaque dado à morte da vereadora Marielle Franco pelo Fantástico. Nas redes sociais, surgiram comentários sobre a forma como a morte da vereadora foi mostrada. Em entrevistas com a companheira de Marielle, Mônica Benício, sua mãe e irmã e com a esposa do motorista Anderson, também morto, não faltaram apelos às emoções. Nada mais justo para o momento. No entanto, a forma radical como Marielle vivia sua vida de ativista e suas pautas foram escondidas sob o termo “defensora dos direitos humanos”. Importante notar que, após mais de 40 minutos dedicados a Marielle, o Fantástico noticiou a morte horrível de um bebê numa favela carioca seguido de reportagem que informava que o presidente se reuniu com ministros em busca de mais recursos para a intervenção militar para conter a violência no Rio. No mesmo instante, houve várias postagens nas redes sociais com recadinhos para o programa: “Marielle era CONTRA a intervenção no RJ”. O povo não é bobo... e percebe as coisas, dona Rede Globo! Um Brasil com uma imprensa mais democrática e que respeite o seu povo, é o que quero para o nosso futuro! *Felipe Marcelino é professor de filosofia. Um abraço!
com maior propensão a contrair gripes e outras doenças infecciosas. Com menos tempo que o necessário para a recuperação das células e tecidos, também pode haver problemas com a memória, aprendizado, além de diminuir a criatividade, produtividade e estabilidade emocional. Portanto, pode-se dizer que quem dorme pouco vive menos e com menos qualidade.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos Ônibus gratuito Pela lei 10.741/2003, os idosos a partir dos 65 anos de idade, não precisam ficar na parte da frente dos ônibus para garantir o direito de não pagar a passagem. Com o cartão BHbus Master o idoso poderá apresentá-lo ao cobrador e passar a roleta, garantindo seu acesso à parte de trás dos ônibus, sem a necessidade do pagamento da tarifa. O idoso que desejar viajar na parte da frente do ônibus deverá apresentar apenas o documento de identidade para garantir a gratui-
dade. O cartão pode ser adquirido no BH Resolve (Rua dos Caetés, 342 - Centro, Belo Horizonte). O mesmo direito também é garantido a pessoas com deficiência. Portanto, sua solicitação deve ser feita no plantão social de cada regional. Já as pessoas com insuficiência renal crônica, deficiência auditiva, visual ou mental, que também têm direito à gratuidade no transporte coletivo, devem solicitar a credencial nos centros de saúde credenciados.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
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www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas BISCOITO DE POLVILHO Reprodução
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Opção alimentar prática, Instrurica em mento musical do fibras chorinho Local de parada de um trem
© Revistas COQUETEL
Espaço reservado em jornais para opiniões e sugestões Pergunta retórica
Grandes inundações É protegido Identidade por Juizado atribuída especial a uma pessoa de acordo com seus genitais
Molde para gesso Colo, em inglês
Escória (pl.) Bem negociado pelo corretor Distúrbio comum em ex-combatentes
Situação do culpado, na "pizza" política
Bono (?), líder do U2 (?) Gomes, político
Animal de carga típico do Nordeste
Documento autêntico de um contrato
Baixos (?), categoria de cigarro
Ato presidencial oposto à sanção
Ingredientes
Mania do pescador, ao contar histórias
• • • • •
(?) Paes: atuou em "Velho Chico" (TV) "Eu Tu (?)", filme premiado com Regina Casé
Estou a par Enxota galinhas
Nova tecnologia de monitores e TV (sigla) O Náutico, em relação ao Sport Ligação
Curso de água abundante Atração artística da Capela Sistina
(?) B: expressão do tempo do vinil Lote, em inglês Véspera, em inglês
Modo de preparo
(?) press, aparelho de ginástica (ing.)
1. 2. 3. 4.
Fruto comestível quando cozido A alta libera o navio encalhado "Deixa a Vida me (?)", sucesso de Zeca Sinal Pagodinho luminoso de trânsito
Órgão substituído pela Anac (sigla)
3/dac — eve — lap — lcd — leg — lot — vox. 5/umari.
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5.
Solução B G A R T R A D T E C E R T E M A L
C F A N D O R E R T I M A U M A S N O D V E O R E S S L C L R E S I B E I T L O O T R E U E V A R S E M A
L M A D F O
D L I M A L E P U N V O C I R T O S E D X I V A R G A E R A R
S E X O B I O L O G I C O
BANCO
3 copos americanos de polvilho doce 3/4 de copo americano de óleo vegetal 1 copo americano de água 1 colher de sopa rasa de sal 7 ovos
6. 7. 8. 9.
Pré-aqueça o forno a 250 °C. Unte uma assadeira com um pouco de óleo. Coloque o polvilho em uma bacia. Em uma panela, aqueça o óleo. Despeje o óleo sobre o polvilho e misture. Em outra panela, aqueça a água com o sal. Despeje sobre a massa e misture. Acrescente os ovos, um a um, mexendo entre cada adição. Coloque a massa em um saco e corte a pontinha dele para formar um diâmetro de 1 cm. Esprema o saco formando palitos de massa sobre a assadeira. Asse por cerca de 20-30 minutos ou até dourar.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
14 CULTURA 14
Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Mulheres musicistas rompem barreiras do machismo e se destacam na produção autoral DESIGUALDADE Pesquisa recente aponta que homens recebem mais e são mais reconhecidos que as mulheres também no mundo da música Raíssa Maluf
Larissa Costa
A
s desigualdades entre mulheres e homens é visível em diversos setores. Apesar dos avanços, as mulheres ainda são menos reconhecidas na ciência, sub-representadas na política, e recebem menos no mercado de trabalho. O mundo da música não é diferente: as mulheres ainda sofrem preconceito e são questionadas como produtoras, intérpretes e, principalmente, compositoras.
As mulheres recebem, em média, 28% menos que os homens com direitos autorais
Segundo o relatório “Por elas que fazem a música”, da União Brasileira de Compositores (UBC), entidade que administra direitos autorais do país, as mulheres recebem, em média, 28% menos que os homens com direitos autorais. Além disso, entre os 100 maiores arrecadadores, apenas 10 são mulheres. Ao apontar a origem dos rendimentos, para os homens, o destaque dos recebimentos vai para os trabalhos autorais. “É mais
comum compositores homens. O canto é o meio em que as mulheres ganharam mais força. A gente vê poucas instrumentistas e compositoras, mas elas existem”, afirma a flautista e compositora Marcela Nunes. Na opinião da musicista e compositora Deh Mussulini, essa situação é fruto de uma cultura muito forte do machismo, que cria uma tendência das pessoas divulgarem e se interessarem
Divulgação
Chá com letras Carolina Maria de Jesus é tema do Chá com Letras, evento que acontece na quarta (27), na Idea Casa de Cultura. A atividade busca reunir pesquisadores, estudiosos e leitores para discutir sobre a vida e obra de nomes importantes da literatura mundial. Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, faria 104 anos neste mês. O evento é gratuito e o endereço é Rua Bernardo Guimarães, 1200, no Funcionários, em BH.
mais pelos trabalhos dos homens. “Quando a mulher aparece como intérprete, o corpo dela é o próprio instrumento. Ela é o que tem que ser pela sociedade: bonita, que seduz. Limita a mulher nesse lugar. Quando a mulher aparece como instrumentista, já causa menos interesse. Quando aparece como compositora, aí ela não tem vez. A mulher não é vista como criadora, pensadora”, discute Deh.
cista, que toca flauta transversal há 20 anos. A instrumentista Sol Bueno, que compõe com viola caipira há 8 anos, conta que começou, ainda criança, como compositora. “É muito difícil ocupar espaços que para alguns é só chegar e tocar. Você tem que ficar convencendo que sabe, tem que falar, brigar, passar por assédio. Por outro lado, me dá uma esperança sentir como que a presença de outras mulheres foi um acalento”, sustenta.
Dia a dia Marcela, que começou a estudar música ainda criança, percebe o preconceito em seu meio de trabalho, que é o choro e o samba. “Muitas vezes, a mulher está lá porque ela vai ‘enfeitar’ a banda. A gente tem que provar dez vezes mais que faz as coisas bem”, critica a musi-
Mulheres que criam Deh Mussulini é idealizadora do coletivo Mulheres Criando, de Belo Horizonte, que tem como objetivo dar visibilidade a mulheres musicistas, por meio de festivais e mostras. Para conhecer acesse facebook.com/ mulherescriando.
Charley Worrison
Poesia na universidade Até o dia 31 de março, acontece, no Centro de Memória da Faculdade de Letras, no campus Pampulha da UFMG, a exposição “ZIP Zona de Invenção Poesia &”. O evento busca estabelecer um diálogo entre poesia e outras formas de arte, como performances, instalação audiovisual e poesia sonora. Sob curadoria coletiva, formada pelo artista Ricardo Aleixo, por alunos e ex-alunos da Universidade, a programação é gratuita e pode ser vista no link goo.gl/LYfVCB.
Pablo Bernardo
Temporada de Zap 18 A companhia de teatro Zap 18 apresenta a curtíssima temporada de “Homem vazio na selva da cidade”, no sábado (24), às 20:30, e no domingo (25) às 19h. A obra, ao narrar a história de um escritor que, sem inspiração, sai do campo e vai para a cidade grande escrever o próximo livro, lança um olhar crítico sobre as metrópoles atuais e suas contradições. As sessões acontecem na sede da Zap, na Rua João Donada, 18, no bairro Serrano, em BH. Os ingressos serão vendidos a R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia.
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ESPORTE
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Túlio Calegari Dentil / Praia Clube
Curto e Grosso na geral
E se fosse homem? Seria beijado à força?
Praia Clube entrenta Vôlei Nestlé em Superliga Após derrotar o time do Bauru, na segunda partida das quartas de final da Superliga feminina, por 3 sets a 0, o Dentil Praia Clube enfrenta, na semifinal, a equipe do Vôlei Nestlé. As partidas serão disputadas em uma série de melhor de cinco jogos. Vale lembrar que a equipe Uberlandense possui a melhor campanha do campeonato, terminando a primeira fase na primeira colocação, com apenas uma derrota.
Alexandre Magno / CPB MPIX
Brasil disputa mundial de tiro A Seleção Brasileira de tiro esportivo estreou, na quinta (22), na Copa do Mundo da modalidade, realizada em Al Ain, Emirados Árabes Unidos. As competições vão até terça (27). O Brasil é representado por seis atletas: Alexandre Galgani, da categoria SH2 (precisa de suporte para a arma); Ricardo da Costa, da SH1 (não precisa de suporte), Eloisa Miranda (SH1), Bruno Stov (SH2), Beatriz da Cunha (SH1) e Geraldo Rosenthal (SH1). A disputa vale vaga no Campeonato Mundial de Cheongju (Coreia do Sul), que acontece em maio. Marcio Rodrigues / MPIX CPB
Jordania Souza Ser jornalista é viver desafios e contratempos. No esporte, as mulheres ainda têm que enfrentar o machismo, assédio e violência. O caso mais recente envolveu a repórter Bruna Dealtry, do canal Esporte Interativo, após o jogo entre Vasco e Universidad de Chile, pela Libertadores. Na cobertura ao vivo, um homem tentou beijá-la à força. Constrangida, ela seguiu a transmissão, mas depois expressou seu incômodo nas redes sociais. Dois dias antes, ao cobrir o Grenal, a jornalista Renata de Medeiros foi insultada por um torcedor na arquibancada do Inter. Ao respondê-lo, foi agredida pelo homem. A repórter filmou a situação e desabafou. “Nunca achei que fosse passar por isso TRABALHANDO”. Em 2017, após partida do Inter contra a Luverdense, o técnico colorado, Guto Ferreira, questionado pela jornalista Kelly Matos sobre o desempenho do time, disse: “Desculpe, não vou te responder com uma pergunta porque você é mulher e talvez não tenha jogado”. Embora tenha pedido desculpas depois, Guto mostrou um pensamento arcaico: que mulher não entende de futebol. É triste ver que os homens relativizam ou diminuem tais situações. “Ele não quis beijar na boca”, “ah, o cara estava bêbado!”, “o que uma mulher foi fazer no meio de torcida?”, “futebol é assim mesmo, todo mundo xinga”, “técnico trata mal todo mundo”. Enfim, proponho uma reflexão rápida. Se fosse homem, seria beijado fazendo matéria ao vivo? Seria agredido trabalhando na torcida? O técnico frisaria a questão do gênero em sua resposta? Seria respeitado? Não, queridos, não é mimimi. Não queremos privilégios. Só queremos respeito. E, se a pauta cair, que seja por qualquer motivo, menos por machismo!
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Brasileiro é top 10 em PyeonChang O snowboarder André Cintra brilhou nos Jogos Paralímpicos de Inverno de PyeonChang 2018. Ele terminou a competição em 10º lugar na prova de banked slalom, classe LL1 (para atletas com deficiência em membros inferiores ou amputações acima do joelho), bem como no snowboard cross. O evento na Coréia do Sul, que encerrou no domingo (18), foi o maior da história, com 567 atletas de 48 países.
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Belo Horizonte, 23 a 28 de março de 2018
Brasil encara Rússia e Alemanha em amistosos
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Erik Drost Reprodução
Brasil pega Rússia no Estádio Central Lênin
A
Seleção Brasileira masculina de futebol tem pela frente dois amistosos contra possíveis adversários na Copa de 2018. Na sexta (23), pega a Rússia no Estádio Central Lênin, em Moscou, às 13h (horário de Brasília). Na terça (27), às 15h45, vai a Berlim, enfrentar a Alemanha no Estádio Olímpico. Na última vez em que esse confronto ocorreu, a equipe amarelinha venceu os alemães nos pênaltis, em 2016, faturando o inédito ouro em jogos olímpicos. Porém, ainda pulsa na memória brasileira o inesquecível 7 a 1, quando o time de Neuer, Özil, Schweinsteiger, Toni Kroos e companhia passeou pelo Mineirão.
“A gente vê muitas camisas e faixas com “direitos iguais para as mulheres”, mas isso não é suficiente. Temos que fazer mais do que vestir camisa” Hope Solo, ex-goleira da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos. Ela quer se candidatar à presidência da federação de futebol do país.
Gol de placa Sábado (24), algumas integrantes de torcidas organizadas do Clube do Remo, de Belém (PA), organizam o “4º Encontro de Mulheres Remistas”, na sede social do clube. O objetivo é debater a presença feminina no esporte, sobretudo no futebol.
Gol contra A torcida cruzeirense Comando Rasta foi proibida por Sandro Teatini, coronel da reserva da PM e chefe da segurança da Minas Arena, de expor a faixa “Marielle, presente”, durante o jogo com a Patrocinense. A decisão fere o Estatuto do Torcedor e dá um exemplo de autoritarismo do estado policial que matou Marielle.
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Giovanna Fantoni
A semifinal do Campeonato Mineiro, na quinta (22), contra o Atlético, foi uma chance para o América mostrar se está preparado para enfrentar os times da primeira divisão. No primeiro turno, o Coelho perdeu para Atlético e Cruzeiro, muito em virtude Decacampeão de ter entrado com medo, nervoso e sem se arriscar muito no ataque. É preciso acreditar e jogar como time grande. O elenco do Coelho é, inclusive, melhor do que aquele que foi campeão mineiro em 2016, quando ganhou do Cruzeiro na semifinal e do Atlético na final. Portanto, não é ilusório acreditar que pode novamente surpreender neste ano, o que seria excelente para a confiança da equipe no restante da temporada.
Em seu cotidiano sofrimento, o Atlético chegou às semifinais do Mineiro e à quarta fase da Copa do Brasil. Convenhamos, há pouco a acrescentar na atual situação, em insolvência e sem muitas opções no mercado, seja para reforços ou troca de comanÉ Galo dante. O treinador e adoido! diretoria se apoiam nos mais experientes e em alguns jovens em busca da consagração. Apesar do fanatismo imperar, o número de atleticanos desconfiados cresce a cada dia. Os adversários, nas duas competições, são superáveis, mesmo com a desvantagem nos duelos do Estadual. Com as virtudes e os pecados, é nossa única opção. E não vivemos um momento incomum em se tratando de Galo. E acreditaremos sempre, não é mesmo?
O Cruzeiro pega o Tupi sem Fábio, Cabral e Arrascaeta. Vão fazer falta, mas a vantagem do primeiro jogo dá tranquilidade. O estadual é uma boa experiência para o que realmente interessa, a sagrada Copa Libertadores. Dia 4, no Mineirão, a gente pega La Bestia o Vasco, aquela espinha Negra engasgada desde 1974, quando nos roubaram o Brasileirão com a ajuda do Armando Marques, o ano 2000, quando o Eurico mexeu na tabela e o Romário acabou com o jogo no Mineirão, e 2001, quando o Edmundo errou aquele pênalti de propósito em São Januário. Apesar dos pesares, eles são nossos fregueses: se nos venceram em 29 ocasiões, perderam em outras 34 vezes e, agora, caminham para 36 derrotas.