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esporte | pág. 16

Bruno Cantini

Galo busca recuperação e Cruzeiro enfrenta Flamengo

cultura | pág. 14

Blocos de rua ainda fazem a festa em BH Chama O Síndico e Baianas Ozadas se organizam como bandas. Ao lado de outras grupos, pedem mais condições para o carnaval do ano que vem

Conira também artigo comentando as peripécias do torcedor mineiro Pag.15

Edição

Julia Lanari

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 6 a 12 de setembro de 2013 | ano 1 | edição 3 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

minas | pág. 5

cidades | pág. 9

Professores acampam no Palácio das Mangabeiras Joana Tavares

brasil | pág. 11

Energia vai icar mais cara A partir de março, Aneel vai cobrar mais pelo uso de luz no horário de pico. Empresas e indústrias de eletrônicos vão lucrar com a medida

minas | pág. 3

Juventude denuncia Globo Protesto pôs à tona irregularidades da emissora, que deve R$ 2 bilhões em impostos. Acuada, Globo admite que apoiou a ditadura

Maíra Gomes

Continuando a série sobre ocupações, o Brasil de Fato visitou a Eliana Silva esta semana. São mais de 200 famílias que vivem no local há um ano. A maioria das casas já é de alvenaria. No entanto, PBH não efetivou o direito à moradia Mídia Ninja

Servidores estaduais denunciam que governo do Estado não ouve as reivindicações dos trabalhadores e descumpre os acordos irmados. Professores até hoje não ganham o piso, plano de carreira da saúde está parado e não há previsão de reajuste para a data-base, estipulada para outubro. Sindicatos airmam que comitê de negociação sindical é apenas fachada para forjar participação.


02 | opinião

Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

Falando Nilson

editorial | Minas Gerais

Médicos, professores, policiais e excluídos A questão da vinda dos médicos estrangeiros evoca o internacionalismo, o humanismo frente aos problemas de saúde do povo e a xenofobia corporativista de um setor de médicos brasileiros contra a presença desses proissionais em nosso território. Já estão em Belo Horizonte médicos de Portugal, México, Argentina e Venezuela. Passam por treinamento sobre o SUS e aprendem o português. Há mais de 70 mil proissionais de arquitetura e engenharia estrangeiros atuando no país. Com as privatizações do governo FHC, centenas de empresas estatais privadas foram inundadas com diretores e gerentes de outros países. Nenhuma linha na imprensa burguesa contra eles. Por que então tanta raiva,

ódio contra os médicos cubanos? Disputa de mercado não é. Ainal, os cubanos vão ganhar

Com as privatizações do governo FHC, centenas de empresas estatais privadas foram inundadas com diretores e gerentes de outros países menos que os brasileiros e somente irão trabalhar em municípios onde os médicos brasileiros não querem ir. Então, só há uma explicação: a xenofobia contra estrangeiros e o ódio de classe contra os pobres brasileiros que precisam de atenção. E as duas coisas são crimes.

Serviços básicos cujas precariedades afetam a população mais pobre não são vistos como prioridade. A situação das salas de aula no ensino público são um desrespeito com os professores, alunos e a sociedade. As salas estão superlotadas e o piso salarial exigido por lei não é cumprido pelo governo do Estado. A Polícia Civil vem sendo sucateada e sofre igualmente arrocho salarial. Mas o povo reage. No dia 4, diversos manifestantes levaram caixões para porta do Conselho Regional de Medicina, em repúdio às declarações de seu presidente, que se disse contrário ao fornecimento de registros aos médicos estrangeiros. Os policiais estão há dias acampados na Assembleia Legislativa. Os professores desde o dia

30 acampam na porta da casa do governador, no Palácio das Mangabeiras. É também da reação do povo brasileiro à intolerância das nossas elites que nasceu o Grito dos Excluídos, que ocorre todo Sete de setembro. Neste sábado, a partir das 8h30, debaixo do Viaduto Santa

Teresa em BH, vai ocorrer uma bonita manifestação, que inclui apresentações culturais, atos e protestos. Diversas outras cidades de Minas também farão o Grito dos Excluídos. Boa oportunidade para todo o povo ir para a rua, pela educação, saúde, segurança pública e contra a intolerância de nossas elites.

que vai demorar 50 anos para explorá-lo. Por isso, o nosso jornal Brasil de Fato se soma a todos os movimentos sociais e forças populares nessa campanha permanente para impedir que se realize o leilão do pré-sal no dia 21 de outubro. Esperamos conseguir reter essas reservas para que a Petrobras possa ir explorando de acordo com as necessidades do povo brasileiro, e que os seus resultados sejam destinados no investimento de educação e de saúde. Se houver leilão, quem icará com maior parte do bolo serão as empresas transnacionais. O Estado brasileiro icará apenas com a parcela de

10% de royalties, e estes então seriam destinados à educação e à saúde. Nós precisamos garantir os 100% do petróleo para educação e saúde, e não apenas os 10% de royalties. Acorda, Dilma! Junte-se ao povo e impeça o leilão. Você não havia prometido que ouviria as ruas? As ruas querem impedir o leilão do petróleo. Não entre para a história como a maior privatizadora dos recursos naturais de toda a história do Brasil. Deixe essa faixa apenas para o FHC. E se tiver alguma dúvida sobre esse tema convoque um Plebiscito Popular. Deixe o povo decidir sobre o futuro das reservas do petróleo.

editorial | Brasil

Leilões do petróleo do pré-sal A semana da Pátria evoca a soberania nacional, os valores da cultura brasileira e a necessidade de defendermos os interesses de todo o povo. É um bom momento para reletirmos e lutarmos contra os anunciados leilões das reservas do pré-sal, no chamado campo de Libra, que ica no litoral paulista/carioca. Os técnicos estimam que as reservas tenham petróleo equivalente a mais de 1 trihão de dólares. Mas o governo, com sua Agência Nacional de Petróleo, feliz, anuncia que espera arrecadar R$14 bilhões e que os vai destinar à educação. As empresas petrolíferas estrangeiras agradecem, e estão eufóricas com o leilão. Mas isso é um assalto

ao patrimônio público de todo o povo brasileiro, como reza a Constituição. A lei de petróleo, aprovada no governo Lula, determina que a prioridade para exploração do pré-sal seja da Petrobras. Portanto, não se explica porque tanta pressa do governo em privatizar. Haveria alguma razão sigilosa, algum compromisso com os capitalistas de todo o mundo? Os movimentos populares de todo o país, os sindicatos de petroleiros, as pessoas de sã consciência estão dispostas a lutar até o último minuto para impedir a realização desse leilão antissoberano e vende-pátria. O governo, se levar essa sa-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, no Rio e em Minas. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (11) 2131-0800

nha até o inal, conseguirá se sobrepor ao governo FHC na categoria lesa-pátria, quando o então governo tucano entre-

A venda de petróleo, da forma como proposta, é um assalto ao patrimônio público gou – a preço de banana, doado – a nossa maior empresa de mineração, a Companhia Vale do Rio Doce. Agora, o governo, sob comando do ex-porta-voz do governo da ditadura do general Ernesto Geisel, o senhor Lobão, entregará nossa maior reserva de petróleo,

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigo, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Colaboraram nesta edição: André Fidusi, Bráulio Sifert, Bernadete Esperança, Emerson de Oliveira, Frederico Santana, Gilson Reis, Joceli Andreoli, Joana Tavares, Lívia Bacelete, Leonardo Dupin, Maíra Gomes, Mariana Arêas, Rafaella Dotta, Rogério Hilário, Soia Barbosa. Tiragem: 50 mil exemplares. Administração: Vinicius Moreno. Diagramação: Bernardo Vaz, Gabriela Viana, Luiz Lagares . Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG.


Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

minas | 03

Pressionada, Globo confessa que apoiou golpe militar VERDADE DURA Emissora, alvo de protestos, é investigada por sonegação iscal Mídia Ninja

Leonardo Dupin De Belo Horizonte O escracho surtiu efeito. No dia seguinte às ações, realizadas em sete cidades, o jornal O Globo publicou um editorial no qual confessa ter apoiado o golpe militar de 1964. “A lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como refutá-la. É História. O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como ‘O Estado de S. Paulo’, ‘Folha de S. Paulo’, ‘Jornal do Brasil’ e o ‘Correio da Manhã’, para citar apenas alguns”, airma o editorial.

A Globo admite apoio aos militares, mas omite que foi o envolvimento com a ditadura que a tornou o maior grupo de comunicação do país O dinheiro norte americano Se o jornal admite o apoio aos militares, ele omite que foi o envolvimento com o a ditadura que tornou as Organizações Globo o maior grupo de comunicação do país. Este permitiu que a emissora recebesse recursos inanceiros do grupo norte-americano Time-Life, o que era ilegal. A Constituição Brasileira da época proibia que qualquer pessoa ou grupo estrangeiro possuísse participação em uma empresa brasileira

A Globo sonegou Corrijido, esse valor chega a A fortuna da família Marinho é de

615 milhões

2 bilhões 51 bilhões

Manifestantes “devolvem “ excrementos à sede da Globo em ato no dia 30, em São Paulo

de comunicação. O dinheiro dos norte -americanos possibilitou à empresa, pertencente à família Marinho, a compra de equipamentos para construir a principal rede de televisão do país: a Rede Globo. O caso foi amplamente denunciado na época e a emissora enfrentou uma CPI. Por im, foi arquivado. Hoje, segundo a revista americana Forbes, os Marinho são a família mais rica do país, com uma fortuna de R$ 51 bilhões. Sonegação Em 27 de junho, veio a público que a emissora está sendo investigada na Receita Federal por sonegação de Imposto de Renda. Como denunciou o jornalista Miguel do Rosário, do blog Cafezinho, a emissora enviou dinheiro ao exterior através de paraísos iscais para compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. Trata-se de um processo concluído em 2006, cujos valores sonegados, somado aos juros e multas recebidas pela empresa, chegam a R$ 615 milhões (o valor corrigido pode passar de R$ 2 bilhões). Porém, o proces-

so está parado há sete anos, pois os documentos do caso foram roubados do prédio da Receita Federal. Com a denúncia, a Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) abriu apuração para investigar o caso.

Equívoco, uma ova! Na terça-feira (3), o Clube Militar divulgou uma dura nota contra “a covardia do último grande jornal carioca”. O texto repõe algumas verdades sobre a participação da família Marinho no golpe e também na ditadura, além de revelar o rancor dos golpistas. “Em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada ‘da redação’, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época”, diz trecho da nota, que reforça que essa posição da Globo não foi passageira.

Jovens escracham a Rede Globo Rafaella Dotta De São João del-Rei Centenas de jovens protestaram em frente às sedes da Rede Globo em sete estados do país, no dia 30 de agosto. A ação foi organizada pelo Levante Popular da Juventude, com a adesão de outros movimentos. O protesto de São Paulo, em que os manifestantes jogaram esterco na emissora, foi destaque na mídia. Na nota “Porque jogamos merda na Rede Globo”, os jovens criticam a Globo por “falsa caridade”. Juliane Furno, integrante do Levante,

airma que a Globo desviou mais de R$ 600 milhões do país, ao deixar de pagar impostos e multas. “Se ela quisesse mesmo ajudar as crianças (se referindo ao Criança Esperança), a primeira atitude era pagar em dia seus impostos”, diz. Aécio é denunciado em sua cidade natal São João del-Rei também teve protestos. No dia 30 de agosto, a cidade natal de Aécio Neves amanheceu com centenas de cartazes denunciando que os principais meios de comunicação locais são controlados por Aécio. Esta situação Rafaella Dotta

desrespeita a Constituição Federal e, de acordo com o Artigo 55, pode levar à perda do mandato de senador. Segundo um dos organizadores, que preferiu não se identiicar por questões de segurança, as denúncias são importantes para alertar a população. “Do jeito que está, não sabemos se Aécio é de São João del-Rei, ou se São João del-Rei é do Aécio. Em época de eleição ele aparece em todo lugar, dando entrevista, fazendo discurso, por que é dono dos principais meios de comunicação da cidade”, denuncia. Protestos no 7 de setembro As manifestações contra a mídia fazem parte da Jornada de Lutas da Juventude, que está acontecendo em todo o Brasil. A última ação acontecerá no dia 7 de setembro, em que mais movimentos se unirão aos jovens para realizar o protesto chamado “Grito dos Excluídos”. Ato em São João , terra natal de Aécio


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Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

População saúda médicos estrangeiros PROTESTO Usuários da saúde e proissionais da área criticam postura do CRM-MG Leonardo Dupin

Leonardo Dupin De Belo Horizonte Carregando dois caixões, cerca de 100 manifestantes saíram em caminhada na manhã de quarta-feira (4/8) rumo ao Conselho de Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM -MG). Eles protestavam contra a decisão do CRM-MG de negar o visto de trabalho aos médicos estrangeiros que chegaram ao estado para atuar pelo programa Mais Médicos. “Viemos cobrar que o CRM faça as inscrições dos médicos porque precisamos deles no SUS. Não podemos deixar pessoas morrerem por falta de atendimento. Diante do não preenchimento das vagas pelos médicos brasileiros, queremos sim os médicos estrangeiros para que possam fazer o atendimento de qualidade à nossa população nas periferias”, airmou o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Ederson Alves da Silva. Na porta do prédio do CRM -MG, no bairro Funcionários, um dos caixões foi queimado. Várias falas foram direcionadas ao presidente da entidade, João Batista Gomes Soares: “você não sabe o que é solidariedade” e “não nos representa”, disseram médicos brasilei-

ros que participavam da passeata. Na última semana, ele declarou que orientará os médicos mineiros a não socorrem erros dos colegas cubanos. A omissão de socorro é crime e rompe o código de ética da proissão. “Não pode faltar médicos como vem acontecendo há anos nas 147 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Belo Horizonte”, airma Ivan Matheus Dutra, presidente do Conselho das UPAs, da região leste de BH.

Médicos mineiros para João Batista: “não nos representa” Na última semana, a Justiça Federal negou o pedido do CRM de não emitir o registro provisório para médicos estrangeiros que participam do Mais Médicos. Para o juiz João Batista Ribeiro, da 5ª Vara Federal, a intenção do CRM de negar registro provisório aos proissionais do programa Mais Médicos indica “inegavelmente” uma política de “reserva de mercado”, com prejuízo para as vítimas que, “lamentavelmente, são os doentes e usuários dos órgãos do sistema público de saúde”.

raram ao ver a chegada dos médicos. Um dos médicos é o mexicano Dário Martinez, 35 anos, que irá para a cidade de Passos, no sul do estado. Formado na Escola Latino Americana de Medicina (Elam), em Cuba, ele airma

MST ocupa fazenda com trabalho escravo O MST ocupou, no Sul de Minas, uma das sete fazendas de Paulo Alves Lima, acusado de manter trabalhadores em regime de escravidão. Neste ano, quatro trabalhadores foram libertados. Um deles, Helio Costa Araujo, procurou a Delegacia do Trabalho, mas foi sequestrado pelo fazendeiro, e há denúncias de que tenha sido assassinado. A Polícia Federal pediu a prisão preventiva de Paulo Alves, que está preso em Varginha. A chamada PEC do Trabalho Escravo, que permite a expropriação de terras em que se constate a existência de trabalhadores em regime de escravidão, foi recentemente aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas continua sem data de votação no Plenário.

Mensalão mineiro será julgado em 2015

Protesto contra decisão do CRM de negar o visto aos médicos estrangeiros

Médicos fazem treinamento em BH Dezesseis médicos, vindos de países como México, Portugal, Argentina e Venezuela, além de brasileiros que se formaram no exterior, vêm realizando o curso preparatório do programa Mais Médicos, em Belo Horizonte. Na sexta feira (30/8), os médicos estiveram em três centros de saúde do Barreiro e da Região Noroeste de BH. O objetivo era fazer com que entendessem melhor o funcionamento de unidades básicas e tivessem contato com equipes de saúde da família. Há relatos de que alguns pacientes cho-

FATOS EM FOCO

que as aulas têm sido boas para conhecer a realidade do país. “Eu vim para o Brasil para levar saúde para as comunidades que necessitam, mas também é uma grande oportunidade para minha ca r re i ra”, airma. O curso é dividido em duas áreas: lín-

gua portuguesa e medicina. O grupo começa a trabalhar em 16 de setembro. Médicos Cubanos O Ministério da Saúde anunciou que Minas irá receber 27 dos 400 médicos cubanos que estão em treinamento no Brasil. Serão 23 municípios na lista divulgada. Taquaraçu de Minas, Jaboticatubas e Mário Campos são os municípios da região metropolitana que receberão os médicos. Antônio Dias, Barão de Cocais, Funilândia e Pai Pedro são outras cidades contempladas.

Entre os dez réus estão o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e o exministro Walfrido dos Mares Guia. O mensalão mineiro é um caso de desvio de verbas públicas para bancar a campanha de reeleição em 1998 do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) e de seu candidato a vice-governador Clésio Andrade (PMDB).

Violência contra a mulher é crime de tortura A CPI Mista da Violência contra a Mulher foi aprovada por unanimidade pelo Senado. O crime de tortura contra a mulher será caracterizado quando alguém, em qualquer relação familiar ou afetiva, vivendo ou não sob o mesmo teto, submeter alguém a intenso sofrimento físico ou mental como forma de exercer domínio, “com emprego de violência ou grave ameaça”.


Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

minas | 05 Joana Tavares

O faz de conta da negociação TRABALHO Governo estadual cria fórum, mas sindicatos são silenciados em suas propostas Braulio Sifert e Mariana Arêas de Belo Horizonte O governo criou em 2012 duas ações de suposta interação com os servidores estaduais: o Comitê de Negociação Sindical (CONES) e a “política remuneratória”, que criou a inédita data-base para os servidores. Grande pegadinha, na visão dos sindicatos e do Fórum em Defesa dos Serviços e Servidores Públicos. Para eles, o CONES é apenas uma estratégia do governo para tentar legitimar as imposições. Na primeira data-base, no ano passado, o governo não concedeu nada de reajuste. “O CONES não estabelece um processo de negociação, mas um processo de monólogo do governo do estado. Ele não nos ouve, apenas apresenta o que quer nas reuniões”, denuncia Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores

de Minas Gerais (CUT-MG). Em outubro, é a nova data -base dos servidores estaduais, mas os trabalhadores airmam que ainda não há qualquer revisão de percentual.

“O CONES não estabelece um processo de negociação, mas um processo de monólogo do governo do estado”, denuncia presidenta da CUT-MG Falsa participação Os dados conirmam a descrença dos sindicalistas: o CONES já se reuniu cerca de 20 vezes, mas nenhuma proposta dos sindicatos – como reformulação do Plano de Carreira, aumento da contrapartida

do Estado no Ipsemg, aposentadoria especial e limites para terceirização – foi aceita, enquanto só avançaram as propostas do governo. Em todas as áreas - saúde, educação, iscalização, segurança - os servidores reclamam de acordos não cumpridos. Setembro vermelho Jornada de 30 horas na Fhemig, revisão do Plano de Carreiras da categoria e o pagamento e/ou reajuste de direito: promessas não cumpridas com os servidores da saúde. Diante disso, eles decidiram fazer um “setembro vermelho”, com manifestações e paralisações para cobrar os compromissos e para pressionar que, na data-base de 1º outubro, seja dado reajuste salarial digno para todos os servidores. No dia 13, os trabalhadores da saúde fazem nova assembleia, às 14h, na Cidade Administrativa.

Imposto na conta de luz é o mais caro do país Os mineiros pagam uma das contas de luz mais caras do país. Isso por que o ICMS, imposto repassado e deinido pelo governo estadual, é o mais alto de todo o país, e representa 47% do valor da tarifa. O Governo estadual argumenta que as famílias que consomem até 90 kWh recebem isenção do imposto. No entanto, este limite está bem abaixo da média de consumo das famílias, que é de 157 kWh por residência, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, realizado em abril de 2011. Para tratar dessa e outras questões que encarecem a

conta de energia, diversas organizações, movimentos sociais e sindicatos estão se organizando e debatendo as tarifas de energia. Foram criados comitês no interior e na região metropolitana. Entre os dias 19 e 27 de outubro será realizado um Plebiscito Popular, com urnas nas escolas, igrejas e diversos locais em todo o estado, que votará pela redução das tarifas. O resultado será levado ao governador Anastasia, mostrando que o povo exige contas de luz mais baixas. No dia 10 de setembro, terça-feira, será realizado um encontro entre os comitês da cidade de Belo Horizonte, às 19h, no Sindieletro. Para participar, obter mais informações

ou ajudar a construir o Plebiscito, acesse o site abaixo. Sim Nã o

19 a 27

de Outu

13 bro/20

+ informações plebiscitopopularmg. wordpress.com

Professores acampam na casa do governador Joana Tavares de Belo Horizonte Desde o dia 30 de agosto, a área externa do Palácio das Mangabeiras está diferente. Dezenas de barracas, mesas, cadeiras e faixas enfeitam a entrada: são professores e professoras da rede pública estadual, que montaram acampamento para denunciar a situação da educação pública em Minas Gerais. “Já pelejamos pra mudar a situação e não muda. Continuamos sem carreira, sem piso nacional, desrespeitados na escola. Então queremos pelo menos que o governo nos receba”, airma a professora de história Dilma Sandra de Carvalho Silva Passos, uma das muitas que se reveza nos horários de folga e intervalo para manter a mobilização. Beatriz Cerqueira, presidenta do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sind-UTE), airma que o acampamento é por tempo indeterminado. Rombo de R$ 8 bilhões “Queremos promover uma denúncia da carência de investimento em educação. Nós acompanhamos a execução do orçamento do Estado e percebemos que, nos últimos dez anos, em nenhum desses anos, o governo investiu 25% dos impostos em educação, que é uma regra constitucional”, contabiliza Beatriz. Somados todos esses anos, a dívida do governo com a edu-

cação pública chega a R$ 8 bilhões. “Esse valor signiicaria muito, tanto para melhoria das condições físicas das escolas, como da condição de salário e carreira do professor”, acredita. O acordo para o encerramento da maior greve do setor – que durou 112 dias, em 2011 – foi o pagamento do piso salarial aos servidores. No entanto, o acordo foi descumprido e os professores seguem ganhan-

Nos últimos 10 anos, o governo deixou de investir R$ 8 bilhões na educação pública do abaixo da lei. “Além disso, a carreira foi congelada, ou seja, daqui até 2015 nenhuma formação do professor vai ser valorizada. Ele pode fazer um mestrado, doutorado, e não vai ser reconhecido por isso”, complementa Beatriz. No dia 23 de setembro, está prevista uma nova reunião com as secretarias do governo, onde será apresentada uma proposta para descongelamento da carreira. “Mas eles prometeram apresentar isso na última reunião e nada. Por isso vamos permanecer aqui até termos uma resposta”, airma Beatriz. “As mães e pais conhecem o estado que está a escola pública. Eles sabem a violência que acontece. Os ilhos vão pra escola e os pais icam angustiados. A gente tem formas de melhorar essa situação e o governo não quer nos ouvir”, sustenta Dilma.


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Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

Acompanhando

Foto denúncia Sindibel

NA EDIÇÃO

2...

Chacina de Unaí em julgamento E AGORA...

Um homem ainda não identiicado pela polícia entrou na sede da Gerência Regional de Fiscalização Centro Sul (GERFIL-CS) munido de um galão de gasolina e ateou fogo na unidade. O incêndio atingiu duas sub-gerências e parte da entrada do prédio, causando destruição e perda de diversos processos que estavam em andamento.

Gilson Reis

Joceli Andreoli

Mobilidade urbana, um direito inadiável

Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas

O espaço urbano e a mobilidade transformaram-se, nos últimos anos, no epicentro dos problemas estruturais e humanos que afetam a população, e, substancialmente, as parcelas mais vulneráveis: trabalhadores, juventude e os mais pobres. As manifestações de rua tiveram como estopim o questionamento popular do transporte urbano. Em Belo Horizonte, os atos se desdobraram numa ação ainda mais radical, a ocupação da Câmara de Vereadores. A questão central que levou centenas de jovens a esta postura foi justamente a qualidade do transporte e a ausência de transparência nos processos que envolvem as licitações e os contratos entre o poder público e as concessionárias. Estudos preliminares indicam que os contratos, em vários dos seus artigos, são permanentemente descumpridos pelas empresas, que há dezenas de anos operam o sistema de transporte na cidade. As planilhas de custo, outra questão central, não são disponibi-

lizadas à sociedade, transformando todo o processo numa autêntica caixa preta. A situação assume dimensões ainda maiores quando se observa a qualidade do serviço prestado à população e os indicadores de custo. Má conservação dos ônibus, descumprimento de horários, insuiciência de veículos, superlotação são apenas algumas das várias reclamações do dia a dia. A população é submetida ainda a valores de passagens fora de qualquer parâmetro razoável. Diante da situação de descalabro, várias cidades realizam CPIs para apurar as entranhas do sistema de transporte. Em BH, a sociedade exige a instalação de uma CPI para apurar contratos, planilhas e a qualidade do transporte. A transparência, a luta pelo passe livre, pela tarifa zero são alguns dos objetivos a serem alcançados pelo movimento. Gilson Reis é vereador pelo PCdoB e presidente do Sindicato dos Professores de Escolas Particulares (Sinpro Minas).

Com a crise que assolou diversos países centrais na virada do milênio, as multinacionais intensiicaram o processo de apropriação de recursos naturais nos países periféricos. Essa política resultou em guerras no Oriente Médio, justiicadas pelos EUA como combate ao terrorismo, mas sabemos que o verdadeiro interesse norte-americano na região é o petróleo. Na América Latina, apesar da mudança de cenário, os atores são os mesmos. Isso se explicita nas diversas tentativas de golpe. Também observamos este processo na construção de grandes barragens para geração de energia. Além disso, grande parte da energia produzida no nosso continente é utilizada por empresas eletrointensivas, na sua maioria mineradoras, que exportam matéria-prima com baixo valor agregado, destruindo a natureza e criando um grande passivo social. No Brasil, o resultado disso é o número de mais de um milhão de atingidos pela implantação de barragens, a princi-

pal forma de geração de energia elétrica no país. Entretanto, apenas 30% dessa enorme população recebeu algum tipo de indenização. Isso se deve, em grande parte, pela ausência de uma legislação especíica aos atingidos. A única lei que versa sobre o tema é de 1941 e garante indenização apenas aos desapropriados com posse legal da terra. Por isso, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reivindica no seu I Encontro Nacional a criação de uma Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas, que dê suporte aos atingidos e garanta os direitos historicamente negados. Além disso, iremos fortalecer a unidade em torno da luta contra o principal inimigo da classe trabalhadora, que é o imperialismo internacional que saqueia nossas riquezas: Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular! Joceli Andreoli é integrante da coordenação nacional do MAB e da Via Campesina Brasil.

Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda foram condenados por homicídio triplamente qualiicado e formação de quadrilha. O fazendeiro Norberto Mânica e os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro são acusados de homicídio qualiicado. Eles são acusados de participar do crime como mandantes e intermediários e devem ser julgados ainda em setembro. A data do julgamento do oitavo acusado, o fazendeiro Antério Mânica, ainda não foi deinida. NA EDIÇÃO

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Demissões da MGS E AGORA...

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais exigiu a suspensão das demissões realizadas pela empresa Minas Gerais Serviços (MGS). A decisão foi tomada após o recebimento de denúncias de que os desligamentos estariam sendo feitos de forma arbitrária e sem direito a processo administrativo. De acordo com o deputado Rogério Correia (PT), coautor do requerimento que motivou a audiência pública, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) feito entre sindicatos e a empresa, que autorizava a demissão de no máximo 270 funcionários por mês, não estaria sendo cumprido.


Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

Narrativas independentes e ação NINJA Coletivo fala sobre sua forma de trabalhar e pautar a realidade Maíra Gomes De Belo Horizonte Nos últimos meses, todo mundo ouviu falar de uma nova forma de produzir informação no Brasil. Sem crédito, sem direito autoral, com velocidade e do lado dos manifestantes, o Mídia Ninja pautou o imaginário da comunicação alternativa no país. Presente no ciclo de debates do Brasil de Fato, eles falaram sobre sua história e concepção de atuação. Conira trechos da entrevista – coletiva, respondida por vários integrantes – abaixo. Brasil de Fato - Quem são vocês, o Mídia Ninja? Mídia Ninja - Somos um grupo de fazedores de mídia livre de vários estados que já atua há alguns anos laboratoriando plataformas e metodologias de midialivrismo através de ferramentas acessíveis a partir das equipes de Mídia que atuam no Fora do Eixo. NINJA é a sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, que visa criar uma rede de midialivristas com abrangência nacional e que possa, de forma pulverizada, distribuída e descentralizada fazer uma comunicação em rede que possa contrapor os grandes meios de comunicação. Como surgiu o grupo? Surge em 2011, no contexto da Marcha da Liberdade. A partir de uma experiência de transmissão online, criamos a Pós TV e começamos a fazer transmissões de debates diversos pela internet, além de realizar coberturas de forma intensa, laboratoriando formas de conteúdo e distribuição, formas que já eram utilizadas em co-

berturas das equipes de mídia do Fora do Eixo. Em pouco tempo éramos capazes de produzir conteúdo em tempo real em diferentes cidades do país. Em meados de 2012, o nome NINJA já circulava nas conversas dos membros e seu conceito já era uma realidade pra nós. Como funcionam, qual a sua dinâmica de produção e trabalho? Há um grupo de cerca de 30 pessoas por todo o país, entre fotógrafos, realizadores de vídeo, redatores, revisores, jornalistas e gerenciadores de redes sociais que fazem uma edição colaborativa e se mantêm em contato constantemente através das redes sociais para determinar o que sai de conteúdo, mapear pau-

sia, quando passamos a concentrar conteúdos no NINJA. Quando as manifestações eclodiram, estávamos no lugar certo e na hora certa. No entanto tínhamos nos preparado por anos pra estar no lugar e hora certos, e aplicamos todo esse acúmulo nas ruas, pautando a questão das comunicações livres e cobrindo o que a grande mídia não queria mostrar. Quais são as perspectivas do grupo para agora, passado o frisson das manifestações? O NINJA continuará realizando coberturas por todo Brasil. Ele surgiu em um contexto prévio ao “frisson”, e mantém sua linha editorial de mostrar as lutas dos movimentos sociais

“Quando as manifestações eclodiram, estávamos no lugar certo e na hora certa. No entanto, tínhamos nos preparado por anos pra estar no lugar e hora certos” tas e pensar a narrativa do NINJA. Uma base de colaboradores, com mais de mil pessoas cadastradas em todo o país, é também equipe do NINJA e está diariamente nas ruas produzindo conteúdo que chega até nós. Como se deu a intensa participação do Ninja nas manifestações de junho? A página foi lançada em 2013, no Fórum Social Mundial da Tuní-

e as pautas não abordadas pela mídia tradicional. Além disso acreditamos que a temperatura política do país vai se manter elevada, com assembleias e ocupações se proliferando e com a sociedade civil cada vez mais organizada e entendendo a rua como arena política legítima e palco de muitos debates e reivindicações que serão feitas até a Copa do Mundo e as eleições no ano que vem.

entrevista | 07

“Hoje lutar é algo visto como positivo no nosso país” MST Coordenador da comunicação do movimento, Igor Felippe Santos fala ao Brasil de Fato Brasil de Fato - O MST é um movimento muito criticado pelos grandes meios de comunicação. Como vocês se preparam para as porradas? Igor Felipe - O movimento faz a luta pela reforma agrária e contra o latifúndio. Então, como temos um sistema de comunicação de massa no Brasil que é vinculado aos interesses da classe dominante, ele se articula no sentido de criminalizar os movimentos sociais. De certa forma, é esperado esse tipo de tratamento. Nós tentamos utilizar todos os instrumentos possíveis para colocar para a sociedade a importância pra economia brasileira da realização da reforma agrária, no sentido de produzir alimentos sem agrotóxico, garantindo melhores condições de vida pra população do campo e da cidade. Como reverter o imaginário criado pela grande mídia? A principal forma é ampliar o nível de consciência e de organização de luta social no conjunto da sociedade brasileira. A sociedade só compreenderá a importância das lutas sociais na medida em que se organizar

e realizar também lutas pelos seus direitos. Então pra nós a principal forma é envolver e trazer pra luta o conjunto da população. Você acha que melhorou a visão sobre o MST depois das mobilizações de junho? Eu acredito que sim, acho que mudou a perspectiva geral da sociedade sobre o que é protestar, o que é ocupar espaços públicos, o que é defender os seus direitos. Hoje a sociedade vê de forma mais tranquila as mobilizações. Pra nós, o grande benefício desse processo de lutas é que hoje lutar é algo visto como positivo, necessário e justo no nosso país. O MST é um dos mais antigos movimentos do país e tem um acúmulo do ponto de vista da comunicação. O que você acha que o MST aprendeu de fazer comunicação alternativa? Antes mesmo de se organizar a nível nacional, o movimento já tinha preocupação com o tema da comunicação, a partir da perspectiva de que, se enfrenta o latifúndio, enfrenta também a burguesia, então nunca poderia ser trata-

CICLO DE DEBATES

do de maneira adequada pelos meios de comunicação da burguesia. No começo da década de 80, no Rio Grande do Sul, já nasce o boletim Sem Terra, que depois deu origem ao jornal Sem Terra. Isso é muito interessante, porque o instrumento de comunicação vem antes da fundação do movimento, que foi apenas em 1984. De lá pra cá, o movimento tem tentado desenvolver novos instrumentos. Ainda temos o Jornal Sem Terra, e agora também uma página na internet e uma revista. No começo dos anos 2000, passamos a construir rádios comunitárias, e no último período temos tentado avançar na área do audiovisual e das redes sociais. Com a democratização das tecnologias, é possível também aos movimentos sociais entrarem nessas áreas.

MÍDIA, HEGEMONIA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL Esse é o tema do ciclo de debates que o Brasil de Fato está organizando em Belo Horizonte. São cinco terças-feiras de debates, com palestrantes de várias organizações. Participe! A entrada é franca. Na próxima terça, dia 10, a atividade será na Faculdade de Direito da UFMG, às 19h, com o tema “Subjetividade e identidade”.

DEPOIMENTO “Eu gostei muito do jornal, porque ele tá no meu caminho, ou eu tô no caminho dele, reciprocidade. Ele está no meu tipo de atitude, de combater esse capitalismo desenfreado. Eu sou um idealista por natureza, por que a gente vê um quadro enorme de injustiça nesse país, é um absurdo, uma aberração”, diz Vicente de Paula Fonseca, representante comercial aposentado, que recebeu o jornal na rodoviária e participou do ciclo de debates no dia 3/9.


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Em local inapropriado, crianças aguardam construção de creche DESCASO Obras em Betim não começam e centenas já estão na lista de espera Gerson Schirmer

Maíra Gomes de Belo Horizonte Há mais de quatro anos, as 262 crianças atendidas pelo Centro Infantil Municipal (CIM) Vila Cristina, em Betim, estudam em uma casa residencial alugada, sem adaptações. “As crianças não têm onde brincar, a área externa é usada como refeitório, e mesmo assim não cabem todas ao mesmo tempo, temos que fazer um intervalo de três refeições”, conta o auxiliar administrativo da unidade Otavio Henrique Ferreira da Silva. Ele conta que foi realizada uma reforma no imóvel há muitos anos, mas o espaço ainda é insuiciente. “A maior sala que temos tem 20 m², e abriga 22 crianças. Não temos espaço para atividade recreativa e as crianças com deiciência têm que subir escada, já que não há adaptação”, denuncia. O CIM Vila Cristina oferta vagas para crianças de outros sete bairros da região. Otavio conta que a demanda é grande e já há uma lista de espera com mais de 150 nomes. De acordo com o militante do Sindicato Único Dos Trabalhadores em Educação (Sindute-MG) Luiz Fernando, o problema não se limita ao CIM Vila Cristina. “Os CIMs de Betim

estão superlotados. Isso porque a demanda reprimida é muito grande, já que a cidade está há dez anos sem uma política de incentivo à educação infantil”, declara. E a situação deve continuar, já que o Plano de Metas do atual governo municipal não prevê a construção de CIMs. Construção que não vem A comunidade aguarda a construção de um prédio adequado para o funcionamento de um CIM, já aprovado pela Prefeitura de Betim e sem pra-

“Os CIMs de Betim estão superlotados. Isso porque a demanda reprimida é muito grande, já que a cidade está há dez anos sem uma política de incentivo à educação infantil” zo para o início das obras. O terreno já foi comprado, mas está sendo utilizado por uma oicina vizinha como depósito. “Não temos conseguido informações sobre as obras com a Prefeitura. Enquanto isso, estamos nos desgastando. Queremos oferecer um melhor Tamiris Quércio

Secretaria de Educação de Betim alega que a construção do novo Centro Infantil deve começar em dois ou três meses

atendimento para as crianças”, reclama Otavio. Em declaração ao Brasil de Fato a diretora de captação de recursos da Secretaria Adjunta de Educação Infantil, Fátima Rolim, informou que a empresa que invadiu o local já foi notiicada e deve retirar o material em até 60 dias, mas não soube explicar quando foi expedido o pedido de desocupação.

Manifestação Um grupo de pais, funcionários e moradores da região farão um ato no dia 21 de setembro, aim de pressionar o governo para construção da escola. “Nós vamos exigir que o governo chame a comunidade para uma discussão sobre esta questão, pois precisamos de um posicionamento”, declara Otavio.

Movimento Popular de Ituiutaba cobra mudanças na cidade Da Redação

Criança cola cartaz na porta da prefeitura durante ocupação

A construção será realizada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), prevista com verba do Governo Federal. Os documentos ainda tramitam no âmbito federal, e ainda não foram apresentados para o município. “Nossa expectativa é que a obra tenha início dentro de dois ou três meses”, declara Fátima.

Depois de doze dias acampados na Prefeitura, em agosto, o Movimento Popular de Ituiutaba (MPI), no Triângulo Mineiro, conseguiu que o poder público se comprometesse com algumas demandas da população. Uma delas foi a redução de 5% na tarifa de água, outra foi a promessa de realização de concurso público, para todas as áreas, ainda este ano. Uma empresa será contratada para isso

O promotor solicitou uma lista de todos os funcionários para investigar as denúncias, como as de nepotismo. “Além disso, estamos planejando realizar uma audiência pública para discutir a reestruturação do transporte público na cidade, que é de péssima qualidade. Precisamos também, o quanto antes, de uma UTI-Neontal e mudanças profundas no sistema de saúde”, sustenta Emerson Ferreira de Oliveira, estudante e militante do MPI.

Emerson lembra que a UTI foi prometida pelo governador durante a inauguração do pronto-socorro municipal, há mais de um ano. Destaca ainda que faltam médicos nos bairros, nas unidades mistas de saúde e até no pronto-socorro. “Na admnistração do prefeito Luiz Pedro, do DEM, houve um verdadeiro desmonte da rede de saúde municipal”, complementa Emerson. O MPI foi formado durante as mobilizações de junho e pretende realizar um fórum neste ano.


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cidades | 09 Fotos: Maíra Gomes

Um ano de resistência na ocupação Eliana Silva MORADIA Após despejo violento, famílias se reorganizam e estruturam comunidade Maíra Gomes de Belo Horizonte A ocupação Eliana Silva completou um ano de estabilidade em um terreno abandonado há mais de 40 anos, no Barreiro. Hoje, os mais de 33 mil m² abrigam 280 famílias, vindas de toda a região metropolitana. Em plena construção, o novo bairro foi planejado e está sendo levantado de acordo com o Plano de Habitação de Belo Horizonte, com ruas, avenidas e lotes dentro do padrão necessário para receber os serviços de saneamento e iluminação. Por todos os lados, o que se vê são materiais de construção e pessoas trabalhando. Já são 270 casas de alvenaria ediicadas. “A gente vai devagarzinho, tô com um cômodo e um banheiro. A partir do mês que vem, já vou estar com outro cômodo. A casa vai melhorando”, conta Hosana Verônica, de 24 anos. Ela morava no porão da casa da mãe, local que apresenta iniltrações frequentes. Seu ilho chegou a ter quatro pneumonias em apenas um ano. “E o médico falou assim, ‘você tem que sair de lá, ou seu ilho vai ter pneumonia sempre’. Tudo que eles me ensinavam eu fazia, tirar poeira, cui-

dar da iniltração, mas mesmo assim não resolvia”, lembra. Hosana, assim como muitas outras famílias, se organiza no Movimento de Luta dos Bairros, Vila e Favelas (MLB). A militante do MLB Poliana de

“No começo era muito difícil e hoje todo mundo ica de boca aberta, como foi gratiicante, depois de tudo o que a gente passou, estarmos aqui” Souza conta que a iniciativa se deu após reuniões em que se discutia o principal problema sofrido por todos: a falta de lugar pra morar. “Vimos que 99% do núcleo tinha problema com a moradia. Ou morava em área de risco, ou morava de favor, ou com alto valor de aluguel. Todas as famílias eram inscritas no Minha Casa Minha Vida e estavam sem resposta”, airma. Foram nove meses de reuniões, até a primeira ocupação, no dia 21 de abril de 2012, em um terreno ao lado do atual. Após uma desocupação violenta por parte da Prefei-

tura de Belo Horizonte (veja quadro), as famílias voltaram a se reunir e entraram em outro local, onde moram até hoje. Após a primeira desocupação, a família de Hosana parou de apoiar a iniciativa. “Pra mim foi muito difícil, sem ajuda do meu marido e das minhas irmãs. E depois ir pra lona, sem banheiro, sem água. Mas hoje eu me sinto feliz e realizada, porque saí de um lugar muito úmido e estou em um lugar bom, que melhorou as crises do meu ilho”, declara. “Hoje todo mundo ica de boca aberta, como foi gratiicante, depois de tudo o que a gente passou, estarmos aqui”. Questão judicial A área ocupada engloba dois terrenos, ambos de propriedade particular. Inicialmente, a área era da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), ou seja, do Estado. Foi doada para uma empresa, que vendeu o terreno para outra empresa, que fez o mesmo. E assim aconteceu mais uma vez, e outra. Atualmente, a área está nas mãos de duas pessoas físicas. Os proprietários pediram reintegração de posse, apesar do abandono de décadas. Um deles perdeu o caso, o outro ainda tem o pedido em trâmite na justiça. “O que a gente quer é que a Codemig retome este terreno, já que não foi usado depois da doação. Assim ele poderá passar para a Prefeitura, e o município irá entregar para moradia”, conclui Poliana.

Amor debaixo da lona Guilherme Ribeiro da Silva Guimarães, 31, e Graciene Santana de Oliveira, 33, se conheceram na ocupação. “Foi na primeira festa que izemos aqui, pra distrair um pouco, porque estava na tensão da polícia, noite e dia sem dormir. A gente já tava de olho um no outro!”, lembra Guilherme. Cada um tem seu lote, mas o casal mora junto na casa do rapaz, construída por ele mesmo, com sala, cozinha, banheiro e um quarto grande, com o ilho e a ilha dela. Há também

PBH usa Caveirão contra famílias

Moradores estruturam a comunidade com planejamento urbanístico

Na madrugada do dia 21 de abril de 2012, 300 famílias ocuparam um terreno na Vila Santa Rita, abandonado há mais de 40 anos. Em poucas horas, o local já estava limpo e havia barracas de lona, banheiros e cozinha coletivos, e até uma creche. Mas o pedido de reintegração de posse veio também no mesmo dia, expedido pela Prefeitura de BH. Cerca de 400 milita-

res cercaram o acesso ao terreno, ocuparam as matas no entorno, fecharam a rua onde ica a entrada da comunidade e um helicóptero da PM sobrevoou a área o tempo todo. Os excessos tiveram repercussão em diversos meios de comunicação, tendo como principal marco a presença do “Caveirão”, tanque de guerra urbana que foi utilizado pela primeira vez em Belo Horizonte.

um novo morador, o Tiago, de apenas quinze dias. “Ele foi o primeiro fruto da ocupação”, orgulha-se a mãe. Eles lutam pela terra desde o início, agora sentem que têm a casa própria. “É um sonho realizado, não ter que se preocupar em pagar um aluguel é muito bom”, diz Graciene. O companheiro concorda: “é muito bom morar aqui, é tranquilo, e o povo todo já é conhecido. Não tem experiência igual”.


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Recurso ao TCU contesta edital de licitação de Libra PRIVATIZAÇÃO Documento assinado pela Associação de Engenheiros da Petrobras e pelo Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro lista várias irregularidades contidas no edital da Agência Nacional de Petróleo Ricardo Stuckert Filho/PR

Fátima Lacerda do Rio de Janeiro (RJ) Mesmo admitindo que as gravíssimas denúncias de espionagem por agências estadunidenses (NSA e CIA), a ela e ao presidente do México, tinham como alvo o petróleo, até o momento, a presidenta Dilma Roussef não propôs a possibilidade de suspender o leilão de Libra ou a participação das petrolíferas dos Estados Unidos no leilão; ao contrário. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) preferiu burlar a lei a correr o risco de adiar o 1º Leilão do Contrato de Partilha, marcado para 21 de outubro.

“Se o objetivo do governo americano era obter ilegalmente dados que pudessem favorecer suas empresas em disputas comerciais, o governo brasileiro deve deixar as empresas ianques fora de disputas”

A notícia da conirmação do leilão pelo ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, foi divulgada antes que o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizasse a licitação, contrariando a legislação em vigor. O ministro justiica, em entrevista concedida

Michelle Amaral/ Editoria de arte BDF

Por que tanta pressa em garantir a data da licitação e a validade de um edital, provavelmente negociado com as petrolíferas que vão concorrer ao leilão? ao jornal O Globo, que “o TCU não teria sugestão, observação ou crítica a fazer, portanto, está tudo dentro dos conformes”. Representação Não é o que airmam os autores de uma representação protocolada no TCU, em 30 de agosto, e entregue em mãos ao relator do processo, ministro José Jorge, e ao presidente do Tribunal, ministro Augusto Nardes. O documento é assinado pela Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) e pelo Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) . Em três páginas, lista várias irregularidades contidas no edital. Portanto, seria prematuro adiantar a posição do órgão iscalizador, como fez Lobão, antes da apreciação do recurso e da posição oicial dos ministros. Em síntese, são questionadas partes do contrato que estão em desacordo com o modelo de partilha aprovado pelo Congresso. A primeira objeção trata do ressarcimento do bônus de R$ 15 bilhões, pelo governo brasileiro, ao consórcio que vencer o leilão. “Signiica que

Apesar de denúncias de espionagem, Dilma não propôs a possibilidade de cancelar o leilão de Libra.

o bônus será abatido da parcela que o consórcio vai pagar à União, o que fere a Lei 12351/2010” – airma o documento. O segundo e o terceiro questionamentos foram antecipados na semana passada pelo Brasil de Fato. No edital, a ANP introduz uma variação de percentual, determinada em função da produção e do preço do barril no mercado internacional, que é “altamente favorável aos consórcios e prejudicial à nação brasileira” – dizem os autores da denúncia. De qualquer forma, essas condições variáveis não estão previstas na lei. Terceira irregularidade: a União também terá de devolver à petrolífera que vencer o leilão o valor destinado ao Fundo Social, o que igualmente não está na lei. Ao todo, a representação da Aepet e do Sindipetro-RJ ao TCU lista nove razões que fundamentam a necessidade de se

Por que a pressa em entregar Libra, que teria reservas estimadas em mais de um trilhão de dólares e está sendo oferecido por 15 bilhões de reais, a serem ressarcidos em suaves parcelas ao comprador?

anular o edital de licitação de Libra. A íntegra do documento está disponível em www.apn.org. br (Razões para Anular o Leilão de Libra) Questionamentos Diante disso, cabe perguntar: por que tanta

pressa em garantir a data da licitação e a validade de um edital provavelmente negociado com as petrolíferas que vão concorrer ao leilão? Por que a pressa em entregar Libra, que teria reservas estimadas em mais de um trilhão de dólares e está sendo oferecido por 15 bilhões de reais, a serem ressarcidos em suaves parcelas ao comprador (conforme edital da ANP)? Por que 21 de outubro, dois dias antes do encontro marcado, nos Estados Unidos, entre Dilma e Obama? Cabe a contestação do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que vai integrar uma comissão formada no Senado para apurar a espionagem dos Estados Unidos ao Brasil. Segundo Requião, se o objetivo do governo estadunidense era obter ilegalmente dados que pudessem favorecer suas empresas em dispu-

tas comerciais, o governo brasileiro deve deixar as empresas ianques fora de disputas, como a venda de caças ao Brasil e a concorrência pela exploração do Campo de Libra. (Agência Petroleira de Notícias)


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Energia icará mais cara em 2014 Douglas Mansur/Novo Movimento

EXPLORAÇÃO Implantação de novos sistemas e bandeiras tarifárias aumentam as contas de luz e lucros do setor Patrícia Benvenuti da Redação A conta de energia elétrica deverá pesar ainda mais no bolso dos brasileiros, em 2014. Com o argumento de “modernizar” a estrutura tarifária, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) implementará, a partir de março do próximo ano, um novo tipo de cobrança: a chamada tarifa branca. A modalidade tarifária propõe preços diferenciados de custo da eletricidade. O sistema funcionará a partir de “postos tarifários”, que determinam quais dias e horários serão mais dispendiosos para utilizar a energia. O horário mais caro, “de ponta”, será de segunda à sexta-feira, das 18h às 21h. Uma hora antes e depois deste período (das 17h às 18h e das 22h às 23h) será o “posto intermediário”, com tarifa um pouco menor.

De acordo com a Aneel, o objetivo da tarifa branca é estimular o consumo de energia fora do horário de pico Em ambos os intervalos, o preço da energia será maior do que o valor pago atualmente. Nos demais horários, a tarifa será mais barata do que o empregado hoje em dia, garante a Aneel. Segundo o diretor da agência, Edvaldo Alves de Santana, a economia do consumidor pode ser de até 45%, caso haja redução do consumo de energia fora do horário de ponta. Nos inais de semana e feriados nacionais, a tarifa mais bai-

xa será adotada para todas as horas do dia. De acordo com a Aneel, o objetivo da tarifa branca é estimular o consumo de energia fora do horário de pico, diminuindo a necessidade de expansão da rede de atendimento.

A estimativa é de que a substituição dos 65 milhões de medidores movimente, pelo menos, R$ 13 bilhões.

A implementação da tarifa branca exigirá trocar os antigos relógios de captação por medidores eletrônicos, que ainda precisam passar por uma certiicação do Inmetro. As trocas serão feitas pelas distribuidoras de energia, que poderão repassar os custos aos clientes. Lucros Para

Gilberto

Cer-

vinski, o principal objetivo da tarifa branca é aumentar os lucros dos empresários do setor, que, além de não precisarem investir na expansão do sistema, ainda poderão cobrar tarifas mais caras. “Elas [empresas] aumentam o lucro sem nenhum tipo de investimento, só mudando os consumidores do horário de consumo”, acusa. Dorival Gonçalves Junior aponta outro interesse: o mercado de aparelhos eletrônicos. Prova disso, para ele, foi a Resolução nº 502 da Aneel, de agosto de 2012, que regulamentou a medição de energia elétrica para consumidores de baixa tensão por meio de medidores com os atributos exigidos pela tarifa branca. O prazo para instalação dos novos equipamentos era de 18 meses após a publicação da decisão. Sua conclusão – em janeiro de 2014 – coincide com a entrada em operação do novo sistema de cobrança. A estimativa é de que a substituição dos 65 milhões de medidores movimente, pelo menos, R$ 13 bilhões.

Gráficos: Michelle Amaral/ Editoria de arte Brasil de Fato

Abertura do encontro nacional do MAB, em Cotia, onde o preço das tarifas também é pauta de discussão

O povo já paga muito caro ENERGIA Nos últimos 20 anos, as tarifas de energia elétrica para residências aumentaram cerca de 202% da Redação Nos últimos 20 anos, a energia elétrica foi privatizada e grandes corporações internacionais se apropriaram de toda a cadeia, desde a geração até a distribuição. Como consequência, as tarifas de energia elétrica para residências aumentaram cerca de 202%, muito além da inlação (IPCA), que icou em torno de 130%. O Brasil é um país onde o custo para produzir energia elétrica é bastante baixo, principalmente porque, em média, 80% dela é gerada através de hidrelétricas. No entanto, as tarifas brasileiras foram elevadas a preços internacionais e a população brasileira passou a pagar uma das tarifas mais altas do mundo. Bilhões de lucro Como consequência direta desses preços, um estudo realizado pelo Movimento dos

Empresas que atendem cerca de

35%

da população brasileira tiveram um lucro líquido total de

45

R$ ,7 bilhões de reais Atingidos por Barragens (MAB) constatou que, nos últimos sete anos (2006/2012), as empresas AES Eletropaulo, AES Tietê, Suez Tractebel, CPFL Energia e Cemig, que atendem cerca de 35% da população brasileira, tiveram um lucro líquido total de R$ 45,7 bilhões de reais. Neste mesmo período, elas remeteram aos acionistas R$ 40,7 bilhões na forma de dividendos, 90% do lucro.


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Parlamentos europeus se opõem à guerra SÍRIA David Cameron não convenceu os parlamentares britânicos; Itália rejeitou decisão da OTAN Official White House/Pete Souza

Assim, dois navios russos, armados com foguetes antiaéreos e antifoguetes, entraram nos portos da Síria

Achille Lollo de Roma, Itália Os governos do Canadá e da Itália declararam que não participariam de nenhuma aventura orquestrada pelo comando da OTAN. Angela Merkel, chanceler da Alemanha, optou por se desligar da lógica beligerante de Obama e. por isso, abria um canal de negociações com o presidente russo Vladimir Putin. Algo que foi muito mal recebido na Casa Branca. Diante disso, Emma Bonino, ministra das Relações Exteriores da Itália, destacou que o Parlamento autorizaria o uso das bases aéreas italianas por parte da OTAN somente após a decisão das Nações Unidas. Enquanto isso, canais de TVs estadunidenses provocaram um efeito devastador nos programas da Casa Branca, ao reprisarem a moção do Labour

Apesar de isolado internacionalmente, Obama se prepara para apertar o gatilho contra a Síria

Party britânico contra a participação da Grã Bretanha no ataque à Síria. Mesmo assim, os conservadores do Parti-

do Republicano, alguns setores do Partido Democrata e, em particular, o senador John McCain (que Obama derro-

tou em 2008 na corrida à presidência) exploram a complexidade da crise síria para atacar Barack Obama e dizer que os

EUA têm um presidente “bambo, lasso, sem energia e, sobretudo, sem espírito de comando”. Acusações que não

correspondem à verdade, visto que a aparente indecisão de Obama é determinada pela irme decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em evitar uma segunda Líbia, quando a Rússia icou em cima do muro. Assim, dois navios russos, armados com foguetes antiaéreos e antifoguetes, entraram nos portos da Síria, fazendo aumentar para seis os navios de guerra que a Rússia mantém na região, algo que não acontecia desde a crise de Suez, em 1956.

Armas químicas teriam vindo da Arábia Saudita Reprodução

Reprodução

GÁS MORTAL “Estrangeiros junto de rebeldes é que são os responsáveis pelo uso das armas químicas”, dizem médicos de Goutha de Roma, Itália Quando o exército sírio mostrou aos iscais das Nações Unidas o tonel em que os rebeldes da Frente Jabhat Al-Nusra guardavam armas químicas, a correspondente da Associated Press, Dale Gavlak, foi à região de Goutha, periferia de Damasco, onde, no dia 21 de agosto, houve a explosão química que matou mais de 1300 pessoas. Nessa reportagem, Dale Gavlak entrevistou vários rebeldes ligados ao ESL. Segundo eles, “os

tambores com os gases químicos eram destinados aos grupos da Frente Jabhat Al-Nusra, que já os haviam usado em outros locais. Esse material chegou à Síria por intermédio dos agentes dos serviços secretos da Arábia Saudita, pois foram eles que sugeriram o uso dos gases para forçar o ataque do Ocidente.” Além disso, a correspondente da AP gravou as declarações de outras testemunhas. Segundo elas, “os combatentes estrangeiros que estavam aqui não estavam devi-

A jornalista Dale Gavlak (à esq.) afirma que os tambores com gases químicos eram destinados à Frente Jabhat Al-Nusra (à dir.)

damente treinados para usar esse tipo de armas. Inclusive, eles não sabiam que se tratava de armas químicas que deviam ser entregues ao pessoal da Frente Jabhat Al-Nusra, que é um ailhado de Al Qaeda.”

“Os tambores com os gases químicos eram destinados aos grupos da Frente Jabhat Al-Nusra”

Nessa entrevista, que foi reprisada apenas por Rússia Today e poucos jornais europeus, os médicos residentes em Goutha conirmaram que “um grupo de estrangeiros estava junto dos rebeldes. Eles receberam

essas armas, enviadas pelo chefe da inteligência da Arábia Saudita, príncipe Bandar bin Sultan. Eles é que são os responsáveis pelo uso das armas químicas, utilizando, para isso, um gás mortal como os sarin.” (AL)


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A NOVELA COMO ELA É

O roteirista de Amor à Vida está confuso O nome da novela das 21h da Globo, Amor à Vida, sugere que as atitudes e escolhas feitas pelos personagens são motivadas pelo sentimento de amor. Ora, que amor é esse que faz um pai sequestrar a própria ilha ou o outro acreditar que a cria predileta é usuária de drogas? Que amor é esse que torna uma mãe obcecada pelo golpe do baú da ilha? Que amor é esse que leva um bígamo desmemoriado a buscar dinheiro das esposas a todo custo? Que amor é esse que torna as pessoas piores? Amor à vida? Ou amor à maldade? Nisso, a novela parece estar confusa. Ou então os roteiristas pensam que os telespectadores, nós, carecemos de inteligência.

AMIGA DA SAÚDE

Por exemplo. Nesta semana, Paloma foi presa acusada de entrar no país com um pacote de drogas. Ora, que confusão é essa? A mocinha vive uma saga para resgatar a ilha com homem amado, passa apertos, mostra coragem e esperteza, tapeia uma das bandidas mais perigosas da novela e, de repente, nem nota que um pacote de drogas foi “plantado” em sua bagagem? Onde

está o bom senso? Este, parece ter se perdido em meio à confusão do sentimento do amor e a necessidade de enrolar a história da novela. Mas nós estamos atentos. E vamos contar todas as maluquices por aqui. Não perca!

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

O autoexame de mama é eiciente para detectar nódulo no seio? Elionice Silva, 46 anos, jornalista

Elionice, o principal benefício do autoexame das mamas é proporcionar o conhecimento do seu corpo, para que ique mais fácil perceber se algo diferente aparecer, como um nódulo, secreção no mamilo, feridas ou

Reprodução

deformações. Muitas mulheres passam uma vida inteira sem se tocar e conhecer seu próprio corpo, porque nos ensinam que nosso corpo é para o outro, e com isso não percebemos nem sequer quando estamos adoecendo. Mas apenas o autoexame é insuiciente como método de rastreamento para o câncer de mama. É necessário também realizar uma mamograia, que é um exame de maior precisão e que deve ser feito por todas as mulheres a partir dos 40 anos.

Me disseram que fumar e tomar anticoncepcional ao mesmo tempo é perigoso, aumenta o risco de trombose. É verdade? Sei que fumar é ruim, mas quantos cigarros posso fumar por dia sem correr tanto risco assim?

Quais alimentos os vegetarianos devem comer para diminuir os impactos da falta de proteína animal?

Brisa Almeida, 32 anos, corretora de imóveis

Isadora Machado, 23 anos

É verdade sim, Brisa! A nicotina, encontrada no cigarro favorece a agregação das plaquetas e, aliada ao anticoncepcional, facilita a formação de coágulos nas artérias, podendo obstruir o luxo sanguíneo. Se essa oclusão for numa artéria no coração, a mulher pode ter um infarto. No cérebro, pode causar um acidente vascular cerebral, o popular derrame. O tabagismo é respon-

sável não apenas por doenças no sistema respiratório e circulatório, mas também no reprodutor. O cigarro aumenta a taxa da infertilidade feminina e, nas mulheres grávidas, facilita o trabalho de parto prematuro e pode causar o câncer de colo cervical. Portanto, o ideal é parar de fumar. Se você não conseguir, é melhor iniciar um tratamento com outro método contraceptivo para evitar as complicações.

Cara Isadora, há diversos tipos de vegetarianos, alguns mais restritivos quanto aos produtos animais, outros menos. Estão sujeitos, em intensidade distinta para cada tipo, à carência de proteínas, mas não só isso. Pode faltar também ferro, vitamina B12, cálcio, zinco, dentre outros. Diante disso, é fundamental combinar diversas verduras, frutas, grãos, sementes, etc. Feijão, soja,

chia, grão de bico, castanhas, vegetais verde-escuros, laranja e acerola são só alguns exemplos do que não pode faltar. Mas, uma vez optado pelo vegetarianismo, é preciso pesquisar, buscar conhecer as inúmeras outras possibilidades que podem garantir sim uma ótima saúde. Entretanto, no mundo do agronegócio, do uso indiscriminado dos agrotóxicos, da ditadura do dinheiro, muitos alimentos são pouco acessíveis, pelo alto preço ou mesmo pelo desconhecimento. Faça uma boa pesquisa e busque garantir um cardápio rico e variado, dentro das suas condições.


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Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

Muito além do carnaval MÚSICA Blocos continuam animando a cena cultural de Belo Horizonte Bel Diniz

Lívia Bacelete, de Belo Horizonte De maneira despretensiosa eles foram criados para animar o carnaval da cidade e, da mesma forma espontânea, continuam ocupando e agitando a cena cultural da capital mineira. Muitos blocos do carnaval de rua de Belo Horizonte, que reapareceram com mais força nos últimos três anos estão se formando enquanto grupos e bandas, que vêm se destacando nos momentos culturais da cidade. É o caso do Chama O Síndico, que em 2012 surgiu como um bloco de

carnaval e, atualmente, também vem se apresentando com uma formação de palco. Como conta uma de suas fundadoras, a musicista Nara Torres: “A banda surgiu por uma demanda. Acabou o carnaval e não estávamos planejando dar continuidade, mas recebemos um convite para tocar em uma festa e resolvemos criar essa nova formação”. O Chama O Síndico foi criado no carnaval de 2012, a partir de uma conversa e uma ideia comum dos amigos Nara Torres e Matheus Rocha, integrante do Coletivo Casinha. Nara lembra que, após a explosão do

carnaval de rua de 2011, os integrantes e líderes de blocos chegaram à conclusão coletiva de que era preciso aumentar e descentralizar os blocos da cidade. “Começou um movimento de instigar as pessoas a fundarem seus blocos”, explica.

“A banda só existe por causa do bloco, que continua ocupando a rua, sendo aberto a todo mundo que quiser participar” Grupos recebem convites para participar de outros trabalhos e criam bandas de formação reduzida

Bel Diniz

Assim, surge o Chama O Síndico, que traz em seu repertório somente músicas de Jorge Ben Jor e Tim Maia, arranjadas em ritmos carnavalescos, como marchinha, ijexá e samba-reggea. Contando com percussão, instrumentos de sopro, guitarra, baixo e vocais, o bloco arrastou cerca de 2 mil pessoas da Praça da Liberdade ao Viaduto Santa Tereza. A musicista esclarece o porquê do trajeto escolhido: “O carnaval está diretamente vinculado aos movimentos de ocupação de rua da cidade, como a Praia da Estação. Pensando nisso, decidimos passar pelas casas de ‘nossos síndicos’, o Palácio do Governador e Prefeitura Municipal”. conclui.

Bloco Chama O Síndico desfila no carnaval de BH

Ousadia Outro bloco que tem se apresentado em eventos culturais da capital é o Baianas Ozadas. A produtora do grupo, Renata Andrade, lembra que a ideia surgiu em 2012, quando ela e seis amigos baianos, residentes em Belo Horizonte, decidiram criar uma ala de “baianas” em alguns blocos que saíram naquele ano. “Terminamos o car-

naval com a sensação de que no próximo ano iríamos virar um bloco”, diz. E foi o que aconteceu. Em 2013, o bloco levou milhares de pessoas às ruas do centro da cidade, tocando apenas músicas de compositores baianos. “Valendo qualquer coisa, desde Caetano Veloso a É O Tchan”, explica Renata. A produtora conta que durante o carnaval já surgiram convites para participar de outros trabalhos, nos quais era inviável levar todo o bloco e, por isso, foi criada uma formação reduzida. Ela explica que a formação da banda ainda é algo novo para todos e reairma a importância do bloco de rua. “A banda só existe por causa do bloco, que continua ocupando a rua, sendo aberto a todo mundo que quiser participar”.

Chama O Síndico vai de Jorge Ben Jor e Tim Maia e Baianas Ozadas priorizam os baianos: de Caetano a É o Tchan

Negociação com a Belotur Grupos apontam que carnaval tem que ser para cidade, não para turistas Segundo informações da Belotur (Empresa de Turismo de Belo Horizonte), cerca de 500 mil pessoas participaram da folia em 2013, que contou com 72 grupos cadastrados pela empresa, além de outros grupos informais que não se cadastraram e saíram pelas ruas. Muitos deles só foram possíveis graças à auto -organização e gestão, com a realização de eventos e investimento pessoal de seus integrantes para viabilizar a festa. Renata Andrade, junto a um coletivo de integrantes e líderes de blocos e escolas de samba, tem se reunido com a Prefeitura e com a Belotur, desde março de 2013, para avaliar o carnaval desse ano e discutir a preparação para as festividades em 2014. Embora reconheça o apoio do poder público ao disponibilizar banheiros, policiamento e limpeza na festa desse ano, a produtora

considera esse apoio ainda insuiciente e questiona o fato dos blocos pagarem taxas para poder saírem às ruas. “Estamos promovendo um carnaval gratuito para a cidade, por isso não temos porque pagar taxas, como a da BHTRANS”, questiona Renata. Para o próximo carnaval, os integrantes e líderes de blocos reivindicam transporte público, segurança, banheiros públicos e capacitação para os vendedores de rua. Além disso, eles vêm ressaltando que a festa deve ser pensada para os moradores da cidade e não sob uma perspectiva do turismo, sendo necessário investimento na descentralização, espalhando a folia pelos bairros da capital. No dia 13 de setembro, a Belotur irá apresentar aos líderes e integrantes dos blocos e escolas de samba um plano para o carnaval de 2014.


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Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

artigo

Rogério Hilário

Torcedor é antes de tudo um forte Há décadas (não sei precisar o tempo com precisão) ouvi uma piada em um programa do falecido radialista Aldair Pinto: “Um rapaz de 20 anos foi a uma cartomante para saber do seu futuro. Ela colocou algumas cartas. Sorridente a princípio, a cartomante, depois de algum tempo, icou meio ressabiada e perguntou se ele queria realmente conhecer sua sina. O rapaz insistiu em saber. Então ela disse: ‘Até os 40 anos você vai passar uma fome terrível’. Apesar da decepção inicial, ele recuperou a esperança e perguntou: ‘E depois?’. A cartomante respondeu: ‘Depois você se acostuma’.

em surto psicológico. Ou seja, a adaptação, mesmo que sofrida, amargurada, a qualquer circunstância. O Mineirão, que completou no dia 5 de setembro 48 anos, por exemplo, hoje é considerado a oitava maravilha do futebol por parte da imprensa. No entanto, o estádio, antes um reduto do povão, se tornou privilégio de uma elite. Pode ter mais conforto, porém comporta menos pessoas, cobra ingressos caríssimos (o preço chega a R$ 700), o estacionamento custa um dinheirão e comer lá pode falir uma família. Sem contar o tal tropeirão falsiicado e caro. Durante a Copa das Confederações, era pos-

gurado com um setor que apresentava seis mil pontos cegos. No nível superior, cujos ingressos são mais baratos, os guardacorpos icavam na altura do campo de visão dos torcedores.

“Comer lá [no Mineirão] pode falir uma família. Sem contar o tal tropeirão falsiicado e caro” Aliás, os estádios padrão primeiro mundo não são os únicos obstáculos a serem transpostos. O horário dos jogos, impostos pela rede de TV que detém os direitos exclusivos Marcello Casal Junior/ABr

Mas a capacidade do torcedor e da população mineira de suportar a dor ainda não foi colocada totalmente à prova. Vem aí a Copa do Mundo. Com BRT meia-boca (se icar pronto), sem metrô ampliado, com aeroporto obsoleto, ingresso caro e, mesmo assim, quem reservou com antecedência entrará num sorteio, e talvez sem jogo da seleção brasileira. Em compensação, mais hotéis cinco estrelas (com boas chances de virar elefantes brancos), cerveja nos estádios e muitos turistas. Educação, saúde, segurança público, trânsito e transporte, a reforma política icam para depois. Por estas e outras, a resiliência segue em frente em Minas Gerais. Espero que só até as próximas eleições.

brasileirão | 19ª rodada Fluminense X Bahia Sab | 07/09 | 18h30 | Maracanã

Vitória

X Atlético MG

Sab | 07/09 | 18h30 | Barradão

Ponte Preta X Internacional Sab | 07/09 | 18h30 | Moisés Lucarelli

Santos X Goiás Sab | 07/09 | 18h30 | Vila Belmiro

Grêmio X Portuguesa Sab | 07/09 | 21h00 | Arena Grêmio

Corinthians X Náutico Dom | 08/09 | 16h00 | Pacaembu

Cruzeiro X Flamengo Dom | 08/09 | 16h00 | Mineirão

Coritiba X São Paulo Dom | 08/09 | 16h00 | Couto Pereira

Vasco X Atlético PR Dom | 08/09 | 18h30 | São Januário

Criciúma X Botafogo Dom | 08/09 | 18h30 | Heriberto Hülse

na geral

Pelo visto, a resignação prevista para o rapaz há muitos anos se tornou o castigo dos torcedores e da população mineiros. Para suportar as agruras do dia a dia é necessário adotar a resiliência, que é a propriedade de alguns materiais de expandir no calor e contrair no frio. Ou a capacidade de alguns indivíduos de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão em situações adversas sem entrar

sível comprar a entrada pela internet, mas não receber em casa. Era preciso enfrentar uma ila para pegar o tíquete. A reforma custou quase R$ 1 bilhão, com a maior parte do investimento bancada pelo governo federal, mas quem lucra é um consórcio. O Independência, reduto do Atlético, mas nas mãos de um consórcio, cuja modernização também custou uma fortuna ao governo, foi inau-

de transmissão de quase todas as competições esportivas, é uma penitência. Ninguém se preocupa com a torcida, apenas com as conveniências inanceiras e com o lucro. E, depois de tudo isso, são poucas as reclamações e a repercussão na imprensa simplesmente acabou (ou nunca aconteceu). Ainal, notícia ruim só mesmo nos jornais populares e nos programas policiais da TV, destinados ao povão.

Pelea argentina

Pelea argentina 2

Punição aos racistas

Nas últimas semanas começou a circular na internet um vídeo onde o meia argentino Juán Sebastián Verón insulta a torcida do Cruzeiro. Paralelamente a isso, surgiu a notícia de que a despedida do jogador do futebol será em dois amistosos contra o Atlético, com datas a serem marcadas no próximo ano. Sempre que tem oportunidade, Véron provoca os cruzeirenses, seja mandando recado ou vestindo a camisa do rival mineiro. Um sentimento estranho para quem tem pouca ligação com o Brasil. Os insultos fazem mais sentido se observarmos que ele pode estar provocando não somente a torcida azul, mas um antigo desafeto, o craque também argentino Juan Pablo Sorín. Este ídolo é torcedor do time da Toca da Raposa.

A briga dos dois jogadores começou quando ainda jogavam juntos pela seleção argentina, na Copa de 2002, e se aprofundou depois de um jogo entre Inter e Villareal, pela Liga dos Campeões, em 2006. Eles bateram boca no gramado e só não se agrediram porque foram contidos pelos demais jogadores. Quando se reencontraram, na inal de Libertadores em 2009, Véron sagrou-se campeão com o Estudiantes e Sórin icou no banco de reservas do Cruzeiro. Sobre o episódio, Véron comentou: “A vida nos colocará frente a frente. E ali vou encher de porradas esse garoto”. Ao que parece, a mágoa continua, mas ofender a torcida adversária ou o compatriota não acrescenta nada à carreira do jogador, menos ainda à pessoa.

No último sábado, após a partida entre Sport e Boa Esporte, pela segunda divisão, o jogador Rodrigo Souza deixou o campo da Ilha do Retiro, em Recife, direto para prestar queixa contra torcedores que lhe ofenderam de forma racista. “Não posso deixar uma situação como essa passar. Sou negro e tenho orgulho de ser. Não pode um torcedor vir para o campo e te xingar dessa forma”, airmou o jogador. Casos de racismo têm se espalhado pelo futebol, mas também em outros locais da nossa sociedade, como no trote dos que aconteceu na UFMG, em março deste ano; na chegada dos médicos cubanos, chamados de escravos; e agora envolvendo um time mineiro. Em nenhum dos casos, ninguém foi punido. Acende-se o alerta.


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Belo Horizonte, de 06 a 12 de setembro de 2013

Galo enfrenta o Vitória em busca da recuperação Bruno Cantini

Cruzeiro enfrenta Flamengo Washington Alves/VIPCOMM

da Redação Comemoração do gol Ronaldinho contra o Fluminense

da Redação O Atlético enfrenta o Vitória neste sábado (7) às 18h30, no estádio Barradão, em Salvador. O atual campeão da Copa Libertadores, apesar do bom momento de Ronaldinho, não faz uma boa campanha no campeonato brasileiro. O time tem 21 pontos, está a apenas dois da zona de rebaixamento.

O Galo tem desfalques importantes para a partida. O zagueiro Réver e o volante Pierre não jogam. Ambos levaram o terceiro cartão amarelo na partida contra o Fluminense. O volante Leandro Donizete, o meia Dátolo e o atacante Alecsandro estão lesionados. Já o atacante Jô e o lateral-direito Marcos Rocha estão servindo à Seleção Brasileira e também não

jogam contra os baianos. Quem deve voltar ao time é o volante Josué, que cumpriu suspensão contra o Fluminense. Já o time baiano, que começou bem o campeonato, vem de uma sequência de quatro derrotas. Ele está com 22 pontos, apenas um a mais do que o Galo. Desde a derrota para Flamengo no meio da semana, ele é dirigido pelo técnico Ney Franco.

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Cruzeiro e Flamengo se enfrentam no domingo, as 16h, no Mineirão. O time mineiro, que vem embalado por quatro vitórias seguidas no Campeonato Brasileiro, se reencontrará com seu algoz da Copa do Brasil. No entanto, o técnico Marcelo Oliveira não considera a partida uma revanche. “Isso ica por conta da torcida, do sentimento de ter saído prematuramente da Copa do Brasil. Nós temos que jogar o jogo como se fosse inal, decisivo, jogar forte, fazer gols. O último jogo contra o Flamengo criamos muito e não izemos e isso nos custou caro”, avaliou. O time da toca é líder e está quatro pontos à frente do segundo colocado. São 11 vitórias em 18 partidas, com 41 gols marcados, o melhor ataque da competição. O volante Nilton e o atacante Luan continuam fora da equipe. Dagoberto estará de volta depois de cumprir suspensão. Antes da partida, o meia Everton Ribeiro irá receber uma placa pelo gol que fez contra o próprio o Flamengo pela Copa do Brasil.

Everton Ribeiro será homenageado pelo gol que fez contra o Flamengo

Copelada O Mineirão é Nosso Acontecerá no domingo (8/9), das 12h às 19h, o ato “O Mineirão é Nosso!”. No entorno do estádio será realizada uma copa de futebol de rua, chamada de Copelada. Organizado pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Copa 2014 (COPAC) o torneio será aberto à participação de homens, mulheres e crianças. Ali serão também discutidas as violações de direitos, ocasionadas pela a realização da Copa no Brasil e irregularidades na Parceria Público-Privada do governo de Minas com

o Consórcio Minas Arena. O ato também pedirá a volta dos barraqueiros que trabalhavam no entorno do Mineirão e da feira do Mineirinho, além de ingressos a preços populares, liberdade para as bandeiras, faixas e charanga dentro do estádio “Quero ter direito a comprar meu sanduíche de pernil na porta do Mineirão... Nada de deixar a tradição e a cultura morrerem”, airma um dos participantes na página do evento. Mais de 500 pessoas já conirmaram presença.


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