cultura | pág. 14
esporte | pág. 16
Preço do gás aumentou 325%
Cultura perde sem política
Perto do título
Elevação se deu nos últimos 20 anos, período de liberalização dos preços. Desde 2002, gás de cozinha não tem subsídio público, o que encarece ainda mais o custo de vida das famílias
Até o fim do ano, Belo Horizonte recebe novo plano municipal para área, com diretrizes para o setor. No entanto ativistas apontam que aprovação do plano não é suficiente e que PBH precisa ouvir a sociedade
Fica, Kalil
Cruzeiro ganhou a “final antecipada”. Será que vai se repetir a história de 2003?
Torcedores atleticanos preferem presidente no clube do que na política
Fernando Lima
Edição
minas | pág. 10
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Washington Alves
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013 | ano 1 | edição 5 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato
cidades | pág. 4 e 5
Marcela Viana
minas | pág. 5
Governo mineiro privatiza saneamento No próximo dia 27, a Copasa definirá o consórcio privado vencedor para a ampliação do Sistema Rio Manso. O Sindágua - MG denuncia que a obra é cara e sem necessidade. Em contrapartida, aponta urgência na construção de reservatórios e sistema de condução de água Reprodução
150 famílias reconstroem suas vidas em ocupação Ocupação com nome de padre colombiano, Camilo Torres fica na região do Barreiro. No lugar que já foi ponto de tráfico esturpo e desova, hoje crianças brincam despreocupadas. “Ninguem aqui é invasor. Esse terreno não cumpria nenhuma função social”, declara a moradora Maria Eliana Oliveira
cidades | pág. 3 Teste com uso de oito vagões no metrô sinaliza que é possível amenizar os problemas de superlotação das estações, onde circulam cerca de 210 mil pessoas todos os dias. No entanto falta decisão da CBTU para colocar a medida em prática
entrevista | pág. 9
Mídia reforça o machismo Pesquisadora das relações entre gênero, mídia e política, Rayza Sarmento analisa impactos da exposição do corpo feminino nos meios de comunicação de massa. “É preciso perguntar: qual imagem da mulher é criada?”
minas | pág. 7
Código florestal mineiro ao gosto do agronegócio Nova lei aprovada na ALMG perdoa o desmatamento de áreas de proteção e reduz mecanismos de proteção da vegetação
02 | opinião
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
editorial | Minas Gerais
Falando Nilson
Aécio e Anastasia não nos representam Na última terça-feira (17) Dilma anunciou que não fará a visita oficial aos EUA, prevista para outubro. A decisão foi comemorada pela população, por políticos de diferentes partidos, estudiosos das relações internacionais e até mandatários de outros países. Mas Aécio Neves achou injustificável. O cancelamento da viagem se deveu às denúncias de que o EUA espionam o Brasil, a Petrobrás e a própria presidenta. Atitude ilegítima e ilegal. Mas o pensamento de nossas elites, a quem Aécio representa, é subserviente. Como bem falou Chico Buarque, estão acostumados a falar grosso com nossos vizinhos latino-americanos e dobrar os joelhos aos norte-americanos. Gostam de falar grosso também com os trabalhadores. O pesquisador Muniz Sodré nos lembra que o escravismo não era apenas uma construção ju-
rídica, mas uma estrutura social e subjetiva. Acabou a ordem jurídica do escravismo, mas seguem os resquícios da cultura escravista. Não é possível aceitarmos como natural que os trabalhadores tenham que sacrificar seu trabalho e convívio familiar para conseguirem um diálogo com a atual gestão do Estado. Os professores estão há mais de 20 dias acampados na porta do Palácio das Mangabeiras. Os policiais estão há mais de um mês na Assembleia Legislativa. E os eletricitários ficaram mais de 15 dias acorrentados na sede da Cemig. Não pedem o céu. Pedem diálogo e a lei. Querem que se cumpra a Lei nacional que obriga o pagamento do piso salarial aos professores. Que se estabeleça um plano de carreira e a não a implementação do pagamento por subsídio, no caso dos policiais. E os eletricitários denunciam que, mesmo con-
cursados, foram demitidos sem qualquer diálogo. Quem paga a conta é a população com a precarização dos serviços públicos.
A intolerância e a falta de diálogo que caracterizam o governo tucano merecem da população uma resposta à altura.
Como nos ensinou o sociólogo Florestan Fernandes, “contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres”.
editorial | Brasil
Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político? Esta é a pergunta única que o povo brasileiro responderá no Plebiscito Popular que ocorrerá entre 01 e 07 de setembro de 2014. Aprovada consensualmente por entidades e movimentos populares numa ampla plenária realizada nos dias 14 e 15 de setembro, esta questão permitirá um extraordinário exercício de pedagogia popular. A definição pela construção desse plebiscito popular já era apoiada pela 5ª Semana Social Brasileira e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
As manifestações de junho expuseram os limites das instituições da República. Existe um abismo entre o atual sistema representativo da política institucional e os anseios populares. Os processos eleitorais estão submetidos aos interesses do poder econômico em função do financiamento privado de campanha. Além disso, a ausência de participação popular nos processos decisórios sobre questões estratégicas de nosso país estimula a descrença em instituições como a Câmara dos Deputados, o Senado e o poder Judiciário. O Congresso Nacional recusou a proposta da pre-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, no Rio e em Minas. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309-3314
sidenta de convocar um plebiscito legal para que o povo brasileiro decida sobre a necessidade de uma Constituinte exclusiva e soberana para a reforma política. Pesquisas demonstraram que a ampla maioria da população apoia a convocação do Plebiscito legal.
Hoje, as eleições estão submetidas a interesses econômicos A recusa do Congresso ao Plebiscito e à participação popular
foi publicamente apoiada por alguns ministros do STF, contrários aos interesses populares, como Gilmar Mendes, e pela imprensa conservadora. Portanto, nada mais justo e democrático do que o Plebiscito Popular que será construído como um mecanismo de diálogo e amplo debate com o povo brasileiro sobre a necessidade de mudanças no sistema político. Na verdade, a temática do sistema político é transversal, ou seja, está diretamente relacionada com programa histórico das mudanças estruturais. O Plebiscito Popular tem o po-
tencial de se converter num momento importante de educação política para toda a sociedade. Além disso, contribuirá para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo que saíram às ruas em junho e que contribuirão para viabilizar as mudanças estruturais em nosso país. Uma construção aberta para o povo brasileiro. Esta iniciativa certamente contribuirá para que as forças populares consigam colocar na agenda a necessidade de mudanças estruturais na sociedade. O Plebiscito Popular inaugurará uma nova etapa da luta política brasileira.
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigo, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Gabriela Viana, Luiz Lagares . Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Pergunta da semana
Trens acoplados podem ser solução para metrô superlotado TRANSPORTE O teste de uso de oito vagões sinaliza o sucesso da iniciativa Sumara Ribeiro
Sumara Ribeiro De Belo Horizonte O Metrô-BH, durante o mês de agosto, realizou testes para a operação do metrô com “trens acoplados”, ou seja, ao invés de quatro, os trens circularam com oito vagões. O fato de ter ocorrido apenas dois testes não impediu que os trens já fossem apelidados por usuários e funcionários do Metrô de “Limpa Trilhos”. Essa solução, se aplicada nos horários de pico, podem amenizar os problemas de superlotação das estações, onde circulam cerca de 210 mil usuários por dia. Segundo o diretor do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais
(Sindimetro-MG) Romeu Machado, “foram várias reuniões entre o sindicato e a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), para finalmente sensibilizar parte da direção da empresa, que agora estuda a possibilidade de viabilizar esse tipo de operação”.
Essa solução, se aplicada nos horários de pico, pode amenizar a superlotação dos trens Mas ainda há resistência e, por isso, não está garantida a operação dos trens acoplados em caráter definitivo. “Mesmo
Cerca de 210 mil pessoas usam o metrô todos os dias na capital
constatada a viabilidade técnica, ainda falta a decisão final da direção da CBTU”, declara o diretor sindical. Participação Por esse motivo, o sin-
dicato está em campanha junto aos passageiros para que telefonem para a CBTU, enviem cartas e e-mails ou, ainda, utilizem as “caixas de sugestões” existentes em todas as estações do metrô, pe-
cidades | 03
dindo a implantação permanente dos trens acoplados. Os leitores interessados em participar da campanha podem telefonar para o “Atendimento ao Usuário” no número 3250-3901.
A campanha “Chega de Fiu Fiu”, contra o assédio sexual em espaços públicos, publicou, no último dia 09, uma pesquisa elaborada pela jornalista Karin Hueck, que busca entender a realidade das cantadas e assédio na vida das mulheres. O tema, nunca antes visto em uma pesquisa realizada no país, apresenta um dado alarmante: 99,6% das 7762 mulheres entrevistadas - afirmaram que já foram assediadas. Foram feitas diversas perguntas sobre a realidade das cantadas e assédio sexual sofridos em diversas situações da vida da mulher, como trabalho e festas.
Você acha que ouvir cantada na rua é uma coisa legal?
Celebração para os médicos que vêm de fora Da Redação Cerca de 40 médicos, entre eles 27 cubanos, ganharam uma festa de movimentos populares, sindicais e estudantis em Minas Gerais que apoiam a vinda dos profissionais estrangeiros
pelo programa Mais Médicos. A celebração ocorreu na quarta-feira (18) e contou com mais de 200 pessoas. Foi oferecido um feijão tropeiro aos estrangeiros, como forma de demonstrar a acolhida mineira. Os presentes na festa aproveitaram
a ocasião para anunciar a construção de uma rede de solidariedade e pa-
População ofereceu feijão tropeiro, doce de leite e flores aos profissionais
ra reafirmar a luta por mudanças estruturais no Sistema Único de Saúde (SUS), como mais financiamento para o setor. As privatizações na área da saúde também. No domingo (15), os médicos cubanos que desembarcaram no Ae-
roporto da Pampulha foram recebidos com flores, doce de leite, queijo e cachaça. Eles vão atuar em 21 cidades de Minas Gerais, depois de passarem por treinamentos sobre saúde da família no Brasil.
Bernadete Monteiro
Junia Correa, 33, Telemarketing
“Não. Principalmente dependendo da cantada. Tem hora que é de muito mau gosto, muito vulgar, como ‘gostosa’ e essas coisas”
semana afro-latina Entre os dias 23 e 28 de setembro será realizado um encontro internacional de Cultura Afro -Latina em Belo Horizonte, com oficinas, shows e bate-papo, no espaço CentoeQuatro. As oficinas ministradas por José Izquierdo (Chile) e Santiago Reyther (Cuba) abordarão diversos ritmos religiosos e populares das traMédicos foram recebidos por crianças e ativistas , que levaram presentes para dar as boas-vindas
dições afro-latinas, como o mozambique, a conga, o son cubano e o guaguanco. No dia 26 (quinta-feira) será realizada a festa oficial do evento, com show do Bloco de Conga BH, a banda Graveola e o Lixo Polifônico, e DJ’s Sandri e Naroca. O espaço CentoeQuatro fica na Praça Ruy Barbosa, 104, centro de Belo Horizonte.
Gleucilene da Silva Cunha de Souza, 37, diarista
“A pior coisa é você passar na rua e os caras ficarem assim: ‘ô psiu’!. Isso desvaloriza a gente. Não somos cachorro pra ficar sendo chamadas no meio da rua”
04 | cidades
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Camilo Torres é alternativa ao aluguel Desigualdade Moradores da comunidade constroem suas casas, mas sem direito a água, luz e saneamento Marcela Viana De Belo Horizonte Sair do aluguel é o sonho de muitos brasileiros, mas, para realizá-lo, o preço é alto. Quem vive em ocupações sabe bem disso. Em 2008, a dona de casa Elaine se somou a um grupo de mais de 150 famílias, cansadas de escolher entre pagar as contas ou ter o que comer, e ocuparam um terreno na Região do Barreiro, em BH. O local, de 10 mil m², recebeu o nome de Camilo Torres e, hoje, com a comunidade vizinha, Irmã Dorothy, abriga 335 famílias.
Elaine, Eliana e Eunice. Apesar das dificuldades, o clima entre moradores é tranquilo
Desde então, Elaine Andrade, mãe solteira de uma menina de oito anos, divide a felicidade da casa própria com a falta de condições para vi-
Fotos: Marcela Viana
ver nela. “Vivemos de ‘bicos’ e ‘gatos’ não porque queremos, mas porque quando pedimos para Cemig e Copasa fazerem suas instalações, elas se negaram, alegando que aqui se trata de um terreno em disputa. Isso não existe. Somos trabalhadores como qualquer um e temos direito à luz e à água, sabendo do nosso dever de pagar por isso”, explica. Ordem de despejo e união O terreno onde hoje está a comunidade Camilo Torres protagoniza uma história de lentidão e ineficiência da Justiça. Em 1992, o local pertencia ao governo de Minas Gerais, e foi repartido entre a Prefeitura e a Borvultex Comércio e Indústria Ltda. A ideia era dar dois anos para que fosse construído um empreendimento ali, gerando renda e emprego para a região. Caso o compromisso não fosse cumprido, o terreno deveria ser devolvido ao Estado. A Borvultex não só descumpriu o acordo, como, em 2004, vendeu sua parte para outra empresa, a Vitor Pneus. O governo estadual nada fez para punir a ação e mesmo com a mudança de proprietário, o local continuou abandonado. Só anos depois, quando os moradores já haviam se fixado no local, é que a Vitor Pneus entrou com pedido de reintegração de posse. Em maio deste ano, mais uma ordem de despejo foi expedida, e as famílias podem ser expulsas do local a qualquer momento.
Antes local de violência, hoje jovens vivem despreocupados
Ocupação Camilo Torres sem asfalto, energia e saneamento regulares, ao lado de bairros reconhecidos pela PBH
“Ninguém aqui é invasor” No lugar que já foi ponto de tráfico, estupro e desova, hoje crianças brincam despreocupadas. Quando soube da ocupação, Maria Eliana Oliveira não pensou duas vezes. “Viemos eu, meu marido e meus dois meninos. Qualquer coisa é melhor do que pagar aluguel”, conta. Depois de um ano e meio no lá, ela se surpreen-
Solidariedade A Ocupação tem o apoio da Defensoria Pública de Direitos Humanos, que entrou com uma ação civil pública contra todos os requerentes da reintegração do terreno, com o objetivo de “defender o direito constitucional de moradia a todas as famílias, independente do resultado das ações de posse”. Há também uma rede de apoiadores às famílias, que inclui movimentos sindicais, sociais, partidos políticos e universitários como CSP-Conlutas, Brigadas Populares e Movimento Mulheres em Luta.
“Ninguém está aqui porque é preguiçoso, não estudou ou porque não merece algo melhor” deu com o acolhimento e já se sente parte da comunidade. “Ninguém aqui é invasor. Esse terreno não cumpria nenhuma função social. A partir do momento que você passa a morar aqui e zela pelo terreno, ele se torna seu por direito. Tenho orgulho de morar aqui”, comenta. Alguns moradores, como
Sem água Cerca de 700 famílias das ocupações Eliana Silva, Camilo Torres e Irmã Dorothy estão sem água há mais de um mês. Na Ocupação Eliana Silva, à noite tem água, mas nas Ocupações Camilo Torres e Irmã Dorothy não há água momento nenhum do dia, há
Eliana e Elaine coordenam assembleias e reuniões semanais. “Aproveitamos esses momentos para reforçar que ninguém está aqui porque é preguiçoso, não estudou ou porque não merece algo melhor. A autoestima do pessoal às vezes fica muito baixa”, avalia Elaine. Ela comenta que nem todos se conscientizam que a luta por moradia é constante. Mas todos entram na comunidade de um jeito e saem de outro. “Quando estiverem lá no trabalho deles e o patrão fizer e acontecer, eles vão dizer ‘eu estou te vendendo minha mão de obra, mas não aceito ser explorado!”. (MV) mais de um mês. A Copasa admitiu à Rádio Itatiaia que fechou o registro, alegando que as comunidades são ocupações clandestinas e que há um TAC - Termo de Ajustamento de Conduta - que proíbe a ligação de água em ocupações. As famílias fecharam a Via do Minério em protesto.
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
| cidades
Ocupações colocam em cena direito à cidade A situação é quase sempre a mesma. Os terrenos ociosos, na maioria das vezes, públicos, são ocupados como forma de pressionar o Estado. Só em Belo Horizonte, mais de 3.500 famílias vivem em ocupações urbanas. Muitas delas esperam há anos uma moradia prometida pelo programa do governo federal junto com a iniciativa privada, Minha Casa Minha Vida, implementado em 2008.
O direito à cidade, garantido na Constituição, prevê o acesso a políticas que vão além da habitacional A meta é de construir 20 mil casas na capital mineira, mas as famílias com renda de até R$ 1.600 são prejudicadas, como aponta Fátima Gottschalg, assistente social e integrante dos Conselhos Municipais de Habitação e de Política Urbana. “O mercado absorve as casas construídas para famílias
de 3 a 6 e 6 a 10 salários mínimos, o que não acontece com as de renda inferior. As primeiras 1.400 casas para esse público só foram entregues em maio deste ano”, diz. Para Elaine, o programa só beneficia as construtoras. “Outro dia vi a propaganda de um apartamento de mais de R$ 200 mil e para pagar precisava ter renda de R$ 6 mil. Quando é que um assalariado, que ganha menos de R$ 700 por mês, vai poder financiar isso? Moradia não é mercadoria. É um bem necessário. Faz sim sentido pagar, mas dentro da realidade de cada um”, pontua. Mas a falta de moradia não é o único problema. O direito à cidade, garantido na Constituição, prevê o acesso a políticas que vão além da habitacional, afirma Fátima. “O morar não requer somente a estrutura física, do abrigo, do lugar que o trabalhador tem para repor suas forças de trabalho. Ele inclui outros bens da cidadania, como atendimento à saúde, educação, transporte”, completa. (MV)
Guia de Belo Horizonte para os moradores Da Redação A partir de domingo, a cidade pode contar com um novo livro-guia. No entanto, esta não é uma publicação como as outras, destinada ao turismo, e sim aos próprios moradores. O Guia Morador Belo Horizonte é fruto de um projeto que busca
dar visibilidade a espaços que fazem parte da vida cotidiana dos moradores, momentos de lazer e descanso. “Fomos em busca de respiros poéticos numa paisagem homogeneizada, de memórias e práticas de outros tempos e de resistências ao progresso avassalador”, conta Fernanda Regaldo, idealizadora. O Guia conta com treze capítulos e traz, em quase 400 páginas, uma cidade diferente da apresentada nos guias tradicionais. A horta comunitária da Vila Pinho (e outras dez espalhadas pela cidade), as bicas de água limpa em vários bairros da capital, os shoppings populares e campos de futebol amador, ou seja, realidades da vida do belo horizontino e seus diferentes modos de vida são retratados na nova publicação. Com textos produzidos por arquite-
minas | 05
Privatização da água em Minas Gerais SANEAMENTO Copasa vai abrir edital para PPP no sistema Rio Manso Maíra Gomes de Belo Horizonte A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está com edital aberto para a implementação da primeira Parceria Público-Privada (PPP) no setor de saneamento no estado. No próximo dia 27, na sede da Empresa em Belo Horizonte, será feita a abertura das
vier, assessor do sindicato. Segundo Wagner, estudos da Copasa demostram que a falta de água na região tem origem na necessidade de reservatórios e melhorias no sistema de condução da água, chamado de adução. “Estas devem ser as prioridades da companhia, que tem uma demanda enorme de obras. Não entendemos como algo que não é prioritário rece-
obra na cidade de Suzano, em São Paulo, houve um aumento de 10 para 15 m³ na produção de água. O valor total do contrato foi de R$ 310 milhões. A produção da obra no Rio Manso deve aumentar de 4.2 para 5.2 m³, quase cinco vezes menos, mas o custo da obra é R$ 200 milhões maior. Segundo o economista João Batista Peixoto, a PPP vai sigAlan Gonçalves Pinto
propostas e definição do consórcio vencedor. Com isso, será repassada a responsabilidade pelas obras de ampliação da capacidade produtiva de água do Sistema Rio Manso, o segundo maior responsável pelo abastecimento de água da Região Metropolitana, que atende aproximadamente 5 milhões de pessoas. O Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento de Minas Gerais, Sindágua-MG, denuncia que não há necessidade de ampliação no sistema Rio Manso. “Segundo estudos da própria Copasa, sobre a produção e a demanda de água na Região Metropolitana, somente no ano 2025 seria necessária esta obra”, afirma Wagner Xatos, jornalistas, artistas plásticos, fotógrafos, artistas e estudantes, o Guia traz uma coleção de histórias da BH cotidiana. O lançamento ao ar livre será nos pontos de ônibus da Rua Aarão Reis, próximo ao teatro Espanca!, às 11h, no domingo. O preço de lançamento do livro é de R$ 30.
be financiamento do BNDES”, aponta. Custo duvidoso Rio Manso, que fica em Brumadinho, responde por 26% do abastecimento de água na RMBH. As obras de ampliação estão orçadas em R$ 510 mi-
A PPP vai significar um aumento de 3,5% nas contas da Copasa. Esse custo vai ser repassado aos cidadãos, que pagarão mais caro lhões. Parte desse valor deve vir do governo federal, via BNDES e Caixa Econômica Federal. Mesmo assim, o vencedor da concorrência para operar o sistema terá remuneração garantida de até R$ 1 bilhão até o fim do contrato. O Sindágua-MG afirma que há dúvidas a respeito do valor da obra. Wagner conta que em uma Parceria Público-Privada realizada para o mesmo tipo de
nificar um aumento de 3,5% nas contas da Copasa. Os custos desse aumento devem ser repassados aos cidadãos, que passarão a pagar mais caro pela água. PPP não é bom Mais da metade - 52% - da Copasa está sob controle do Estado, ou seja, público. Wagner afirma que quando um serviço prestado por uma empresa pública passa para uma PPP, o objetivo não é mais a qualidade da prestação do serviço, mas sim o lucro. “Toda vez que a iniciativa privada vai para o saneamento, o serviço não é de boa qualidade. Saneamento é caro, é difícil obter lucro. Acaba caindo a qualidade”, aponta. O integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, MAB, Joceli Andrioli, declara que a água é um serviço essencial e um bem estratégico, portanto, sua privatização é inaceitável. “Privatizar a água é um crime contra a humanidade. A concepção do governo de Minas é de entregar tudo à iniciativa privada, usando como moeda de troca para seus financiamentos de campanha”, conclui.
06 | minas
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Estudantes e técnicos reclamam das eleições na UFMG UNIVERSIDADE Forma de escolha de membros da reitoria é questionada Reprodução
Rafaela Dotta De São João Del-Rei Está aberta a eleição para escolher quem irá dirigir a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pelos próximos quatro anos, de 2014 a 2018. O processo está sendo denunciado por funcionários e estudantes, que chamam a forma de votação de “não democrática”. Desde maio deste ano, técnicos e estudantes da universidade estão solicitando a mudança na forma de eleição para a reitoria. Ao contrário do sistema de voto universal, em que os votos de todos os eleitores têm o mesmo valor, o sistema usado pela UFMG valoriza votos de professores e desvaloriza votos de funcionários e estudantes. Na atual
Na atual proporção, o voto de um professor equivale a votos de 42 estudantes
do com pesquisa da Universidade de Brasília, 68% delas já se reformularam e aplicam o sistema paritário, garantindo que o conjunto dos votos de estudantes e técnicos tenha mesmo valor que o conjunto dos votos de professores. Em contrapartida, a UFMG negou a proposta de reformulação, colocada em maio deste ano pelo Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes). A universidade terá a próxima eleição para reitoria em 29 e 30 de outubro, ainda em sistema proporcional.
O sistema atualmente usado pela UFMG foi considerado ultrapassado pela maioria das universidades do país. De acor-
Ifets já nascem com novo modelo A Lei 11.892, sancionada em 2008 pelo governo Lula,
proporção, o voto de um professor equivale a votos de 42 estudantes. Para Caio Clímaco, representante dos estudantes da UFMG, os alunos são pouco representados e seus principais problemas não têm a devida atenção. Segundo o líder estudantil, um modelo mais democrático pode facilitar o envolvimento do estudante com a universidade.
UFMG negou proposta de reformulação, diferente da maioria das universidades
criou 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets). De acordo com o ar-
tigo 12 desta lei, os Ifets já nascem com o sistema paritário de eleição para reitores.
Formação sobre plebiscito é aberta e acontece no sábado (14)
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Novo Código Florestal mineiro ameaça áreas de preservação PRESSÃO Mais permissivo que o código federal, nova lei abre brechas para agronegócio Reprodução
Leonardo Dupin De Belo Horizonte Uma nova Lei Florestal de Minas Gerais está em fase de redação final e deve ser assinada nos próximos dias pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Aprovada em dois turnos, em menos uma semana, pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o código florestal coloca em risco as áreas verdes no estado. A nova lei perdoa o desmatamento de áreas de proteção anteriores a setembro de 2012, abre mão da recuperação ambiental, reduz os mecanismos de proteção da vegetação e aumenta o poder do governador para intervenção em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e reservas legais. Além disso, abre espaço para que grandes construtoras avancem sobre a área de preservação das cidades. De autoria do deputado Paulo Guedes (PT), a lei 276/11 sofreu uma série de emendas da Comissão de Política Agropecuária, deixando-a mais permissiva que o Código Florestal Brasileiro. A ALMG ignorou a maioria das emendas dos ambientalistas, que tornariam o código mais rígido contra o desmatamento.
A nova lei perdoa o desmatamento de áreas de proteção anteriores a setembro de 2012, abre mão da recuperação ambiental e permite que grandes construtoras avancem “Os deputados mineiros optaram pelo caminho da insegurança jurídica e pela defesa dos interesses econômicos do setor agropecuário e outros, travestidos de defesa do pequeno produtor rural”, avalia o biólogo Leandro Guimarães, integrante do GT Meio Ambiente da Assembleia Popular Horizontal (APH-BH).
minas | 07
fatos em foco
Ministro do Trabalho denuncia Aécio “Liquidei com todos os convênios. No caso dessa entidade, o IMDC, por que não foram lá ouvir o governador de Minas? A falcatrua está lá. Pois tem uma porção de convênio no governo dele!”, declarou o Ministro do Trabalho, Manoel Dias ao jornal O Globo. A declaração fortaleceu o requerimento de abertura de uma CPI para investigar os contratos firmados entre o Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC) e o governo de Minas Gerais.
Trabalhadores da MGS contra PPPs
O novo Código permite que áreas de Reserva Legal sejam extintas, sem compensação
A manobra dos ruralistas Apesar de se apresentar como favorável à agricultura familiar, a nova lei altera o conceito de pequena propriedade rural, abrindo espaço para os interesses do agronegócio. Nela, são tratados como pequena e familiar qualquer propriedade de até quatro módulos fiscais (um módulo tem em média 132 hectares). Também não é levado em conta o número de propriedades que a mesma pessoa possui. Outro setor favorecido são as grandes construtoras, que ganham espaço para avançar sobre as áreas verdes. O novo código permite que as áreas de Reserva Legal sejam extintas dentro das cidades, sem haver compensação. A exploração comercial de madeira de Área de Proteção Permanente e Reserva Legal passa a ser permitida, ainda que apenas com autorização do órgão ambiental. Entretanto, a exigência de conservação da vegetação nativa, prevista pela legislação federal, foi suprimida. Isso abre brechas para as siderurgias, que não mais são obrigadas a adquirir carvão vegetal de fontes controladas.
A sociedade não foi ouvida Uma nota de repúdio ao novo código florestal, assinada por 17 entidades, foi protocolada junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Ela crítica a forma como se deu a tramitação na ALMG. A única audiência pública, que seria realizada no dia 22 de agosto, foi cancelada, sem posterior remarcação. Entre as emendas rejeitadas, estavam aquelas que previam a obrigação de recuperar as matas ciliares, agilização do licenciamento de assentamentos de reforma agrá-
ria, tratamento com mais rigor na concessão de licenças para mineradoras e para o plantio de eucalipto. O deputado Paulo Guedes afirma que a lei tem intenção de proteger o produtor do norte do estado. “O pessoal desmata no Triângulo e cria áreas de reserva no Norte de Minas, onde a terra é mais barata. Nossa região não ganha nada com isso. A legislação é muita severa com a nossa área. E ela não ganha nada em termos de infraestrutura e geração de empregos”, afirma. (LD)
Fórum Mundial de Direitos Humanos em BH A participação social na reivindicação, manutenção e defesa dos Direitos Humanos serão debatidos em Belo Horizonte durante toda a semana. Na última quinta-feira (19) foi realizada a abertura da edição mineira do Fórum Mundial dos Direitos Humans.
Durante o encontro, será elaborado um documento sobre a realidade de Minas Gerais para ser levado ao Fórum Nacional. Temas como direito à cidade e à terra e situação de grupos em situação de vulnerabilidade serão eixos para elaboração do texto.
Os trabalhadores da MGS (Minas Gerais Administração e Serviço) das Unidades de Atendimento Integradas – UAI, paralisaram as atividades na última sexta-feira (13), em 12 unidades. A mobilização foi para denunciar as demissões de trabalhadores concursados pela MSG e também para protestar contra a Parceria Público Privada (PPP) que o governo pretende instalar nas unidades. Mais de 600 trabalhadores participaram da paralisação, que aconteceu em 11 cidades do estado.
Julgamento de Unaí adiado Previsto para acontecer no último dia 17, o julgamento de Norberto Mânica, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de três auditores fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho, foi adiado. O crime ocorreu em 2004 e ficou conhecido como Chacina de Unaí. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu adiar o julgamento até que o plenário do Supremo analise o pedido da defesa de Mânica para que o crime seja julgado pela Justiça Federal de Unaí. No dia 31 de agosto, a Justiça Federal de Belo Horizonte condenou três réus acusados de participação no assassinato
08 | opinião
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Acompanhando
Foto denúncia
Paula Huven
na edição
4...
Concursados da Cemig são demitidos sem explicação e agora...
Denuncie Calçada na Alameda Álvaro Celso, entre Ezequiel Dias e Bernardo Monteiro, localizada na região hospitalar, desafia a segurança dos pedestres.
Viu algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato
Ênio Bohnenberger
Liliam Daniela
A (in)justiça do massacre – um assassino à solta
Reforma Política: desafio para povo brasileiro
No início do mês, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou soltar Adriano Chafik, réu confesso do Massacre de Felisburgo, ocorrido em 2004, em que 5 trabalhadores foram mortos. O fazendeiro estava preso desde 21 de agosto, quando seus advogados adiaram pela quarta vez o júri. O juiz Glauco Soares, muito lúcido, mandou prender imediatamente o latifundiário e mais três de seus pistoleiros. O TJMG, coerente, negou três vezes o pedido de habeas corpus. Mas a Justiça, quando é para os ricos, tem suas brechas. O ministro do STJ Marco Aurelio Bellizze, por exemplo, deveria explicar porque mudou de ideia e mandou soltar Chafik, já que cinco dias antes ele mesmo havia negado a liminar. Do dia 30 de agosto ao 04 de setembro, o senhor Bellize encontrou argumentos para afastar os efeitos de uma súmula que ele mesmo havia usado para manter Chafik preso. Envergonhado , chegou a reconhecer que houve manobra da defesa de Chafik para evitar o julgamento, e escreve que “o judiciário não se compraz com artimanhas pa-
ra evitar ou prolongar a conclusão da ação penal”. Muito bem, mas mandou soltar mesmo assim. Alguma influência (política, jurídica, ou econômica?) o convenceu a mudar seu voto. Nada disse sobre as ameaças que sofrem atualmente as famílias, que inclusive foram incluídas no Programa Nacional de Proteção de Defensores de Direitos Humanos. Também não disse que o próprio STJ reconheceu que as terras que Chafik dizia serem suas na verdade eram públicas. Pela Constituição Federal e Estadual, as terras devolutas devem ser destinadas à Reforma Agrária. Aquele criminoso que foi posto em liberdade, na verdade, estava cometendo crimes antes mesmo dos semterra ocuparem seu latifúndio. Aguardemos o julgamento definitivo de Chafik, marcado para o dia 10 de outubro. Por enquanto, uma forte vaia para a (in)justiça do Massacre de Felisburgo. Ênio Bohnenberger é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Quando saíram às ruas em junho, muitos manifestantes pediram o fim da corrupção, a transparência nos gastos públicos, a democratização dos meios de comunicação e que os representantes políticos brasileiros passassem a trabalhar em prol do povo brasileiro. Embora não soubessem, o que essas pessoas pediam é parte do que muitos chamam de “reforma política”. Quando falamos em Reforma Política, estamos nos referindo às mudanças necessárias ao sistema político brasileiro. Se realizadas, elas podem alterar as estruturas de poder, ampliar a participação dos cidadãos, tornar as eleições mais limpas, diminuir a corrupção, democratizar os meios de comunicação e facilitar o acesso à Justiça. Um importante ponto da reforma é o financiamento das campanhas eleitorais. Atualmente, o valor gasto nas eleições é muito alto e sai, em sua maioria, do bolso de grandes empresários. Empresários não fazem doações, fazem investimentos. As eleições viraram um excelente negócio para esses grupos. Os candidatos, que
precisam do dinheiro das empresas para se elegerem, depois acabam tendo que devolver as benesses, favorecendo os doadores na execução de obras públicas e prestando-lhes outros favores, o que transforma a política num círculo vicioso de corrupção. Todo esse recurso poderia ser investido em políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Uma alternativa a isso seria a constituição de um financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, onde todos receberiam os mesmos recursos, tornando mais igualitárias as possibilidades de os candidatos se elegerem e seriam proibidas doações de empresas de qualquer tipo. A reforma política é um grande desafio para o povo brasileiro. Por isso, ela não deve ser apenas um assunto para os políticos resolverem, ao contrário está diretamente associada a nossa vida cotidiana. Liliam Daniela é socióloga, militante da Assembleia Popular e integrante do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP PUC Minas)
Funcionários demitidos da Cemig Serviços, acorrentados na sede da empresa desde o dia 09, foram isolados depois que gestores da empresa orientaram que todos os trabalhadores entrassem pela garagem do prédio. As duas principais portarias foram fechadas e a energia cortada. A entrada de água e alimentos foi dificultada. Uma liminar obrigou-os a sair do prédio na quintafeira (19). Aguardam agora negociação entre a Cemig e o Ministério Público, que orienta que sejam reintegrados aos quadros da empresa. Prometem fazer outras ações caso a negociação não avance. na edição
4...
Organizações sociais cobram redução da tarifa de energia e agora...
Aproximadamente 800 pessoas participaram do seminário pela redução da tarifa de energia elétrica e do ICMS em MG no último sábado (14), no acampamento dos professores da rede estadual, no estacionamento do Palácio das Mangabeiras. Os debates sobre a tarifa de energia estão presentes em 250 municípios e a expectativa é que até a data da votação - 19 a 27 de outubro alcance 500 cidades. Ao final das discussões, os participantes realizaram protestos na praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
entrevista | 09
“Os meios de comunicação estão inscritos numa sociedade machista e reforçam isso” GÊNERO Raysa Sarmento discute os impactos da construção de uma imagem da mulher na mídia Lívia Bacelete de Belo Horizonte Debate visto, muitas vezes, como periférico, mas que ocupa lugar central na vida das mulheres, a representação feminina nos meios de comunicação foi assunto discutido no Ciclo de Debates do Brasil de Fato. A jornalista, mestre e doutoranda em Ciência Política e pesquisadora das relações entre gênero, mídia e política, Rayza Sarmento, analisa o assunto.
Brasil de Fato - Vivemos em uma sociedade da imagem e do espetáculo, diante disso, qual o papel da imagem da mulher construída pelos meios de comunicação na atualidade? Rayza Sarmento - A imagem, hoje, é central para a comunicação midiática, mas é produzida de forma que as mulheres não se enxergam nela, pois há um padrão imagético. Nas produções midiáticas brasileiras, na maioria das ve-
zes, aquelas que aparecem são brancas, com condição econômica privilegiada. Se essa imagem representa apenas uma parte da população, ela torna invisível outras partes importantes na construção da sociedade. Não vemos uma diversidade nem de raça, nem de etnia ou de sexualidade nos meios de comunicação de massa. O papel dessa imagem é muito forte em construir subjetividades e ratificar identidades, por isso é preciso perguntar: qual imagem esMídia Ninja
tá sendo criada? Por que a mulher é usada, principalmente na publicidade, para vender coisas ou está associada a produtos de uso doméstico ou relacionada a símbolo sexual? É preciso entender que a mídia não é uma parte descolada da sociedade, nem um espaço distante do cotidiano. Vivemos em uma cultura patriarcal, em que houve, historicamente, opressão das mulheres, que sempre foram relegadas às funções do privado. As
“O caso das mulheres políticas é um exemplo mais gritante. Quando um presidente foi convidado para fritar um ovo na Ana Maria Braga?” mulheres cuidam das crianças e da casa. Os meios de comunicação estão inscritos nessa sociedade e reforçam isso. Eles não criam, mas podem ajudar a reproduzir e a ratificar essa condição, pois estão inscritos nessa lógica. O caso das mulheres políticas é um exemplo mais gritante. Quando um presidente foi convidado para fritar um ovo na Ana Maria Braga? Nunca. E por que uma mulher presidente tem que fazer isso? Não é gratuito. É por es-
tar inscrita numa lógica patriarcal, que a imagem da mulher é sempre remetida ao doméstico e sua sexualidade colocada como produto. Quais os impactos dessa imagem construída pelos meios na vida das mulheres? Um primeiro impacto é de não se ver nessas produções e um segundo de tentar ser como essas produções. Temos a cultura da magreza, por exemplo, que é muito prejudicial, porque você tenta se espelhar naquilo que seu tipo físico não é. Se o que eu vejo nos meios de comunicação são só mulheres brancas e magras, como vou me reconhecer ou achar que a forma como sou é credível de representação? Por isso acredito que tem um impacto muito negativo para a forma como as mulheres se percebem. O que as mulheres organizadas e a sociedade civil podem fazer para reverter ou denunciar essa situação? A sociedade civil organizada e, principalmente, o movimento feminista e de mulheres têm um papel fundamental: reflexão crítica para mostrar que pode ser diferente. Estamos acostumados a ver esse padrão de mulher na mídia e achar que isso não pode mudar, mas não precisa ser sempre assim. Existe, no Brasil, uma rede de articulação de mulheres feministas que discutem “Mulher e Mídia”.
Aconteceu essa semana na história
23 de setembro de 1941 – Nascimento de George Jackson, líder dos Panteras Negras George Jackson nasceu em Chicago, Estados Unidos. Aos 18 anos, foi preso por porte de arma e pelo roubo de 70 dólares em um posto de gasolina. Foi condenado, inicialmente, a um ano de prisão. Na cadeira, toma contato com o pensamento marxista; e, quanto mais forte se tornam suas convicções políticas e sua atuação, mais anos são acrescentados à sua pena. Jackson chegou a
fundar um diretório do Partido dos Panteras Negras na prisão. Em 1970, é julgado pela morte de um guarda do presídio. Esse guarda havia assassinado três presos negros e considerado inocente pelas mortes. Jackson é então transferido para a cadeia de segurança máxima. Confinado 23 horas por dia, dedica-se ao estudo da economia política e escreve dois livros de denúncia
da situação dos presos negros. George Jackson morreu três dias antes de ir a julgamento, em 21 de agosto de 1971. A versão oficial era de que ele comandava um motim na prisão quando foi baleado. Outras cinco pessoas, três delas presos, também foram mortas no conflito. Porém, os ativistas de direitos humanos acreditam que sua morte foi um assassinato político.
08 | brasil 10 | brasil
Rio de Janeiro, de 19 a 25 de setembro de 2013 Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Preço do gás de cozinha, mais um vilão entre as famílias brasileiras Michelle Amaral/ Editoria de arte Brasil de Fato
EXPLORAÇÃO Segundo dados do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), nos últimos 20 anos, desde o início do período de liberalização dos preços, o gás de cozinha teve um aumento de 325% Alexania Rossato de São Paulo (SP) Junto com a energia elétrica, o gás de cozinha representa grande parte dos gastos das famílias brasileiras, somando, em média, 20% do salário mínimo. Isso porque desde a década de 1990, as empresas privadas controlam a produção e a distribuição de bens como a energia e o gás, fazendo com que os preços subam a patamares internacionais. No ano de 2012, o consumo de gás de cozinha no país ficou em 7,13 milhões de toneladas, de acordo com levantamento do Sindigás. E, mesmo com um crescimento de 1% a 2% ao ano, o consu-
O gás de cozinha é de extrema necessidade entre as famílias brasileiras. É usado por cerca de 95 % da população, o que lhe confere uma penetração nos lares ainda maior que a energia elétrica e a água encanada mo residencial tem como forte concorrente a lenha, sobretudo em regiões do Norte e Nordeste, que responde por 27%
da matriz energética residencial. O mesmo percentual fica com o gás de cozinha, já o gás natural corresponde a apenas 1% e energia elétrica, com o restante. Esse dado refle-
te a realidade de muitas famílias brasileiras que, sem condições de pagar pelo alto preço do gás, encontram alternativas mais baratas para o cozimento dos alimentos, tais como o uso da lenha.
No entanto, o gás de cozinha é de extrema necessidade entre as famílias brasileiras. É usado por cerca de 95 % da população, o que lhe confere uma penetração nos lares ainda maior
que a energia elétrica e a água encanada, mesmo que na matriz energética brasileira, em 2011, segundo dados do Balanço Energético Nacional (BEN), correspondesse a apenas 3,2%.
Gás de cozinha chega a custar R$ 50,00 Os preços são livremente decididos pelas empresas em toda a cadeia de produção, distribuição e revenda de São Paulo (SP) O processo de reforma da indústria do gás de cozinha no Brasil não envolveu privatizações nos moldes dos demais serviços públicos. A principal mudança ocorreu na regulamentação que permitiu transformá-la em mercadoria internacional, através de um processo longo, que se iniciou em 1990 e se completou em 2001. Nesse período, foi estabelecida uma gradual liberação dos preços que
passaram a ser definidos pelas próprias empresas, a partir da cotação internacional do petróleo. Portanto, os preços são livremente decididos pelas empresas em toda a cadeia de produção, distribuição e revenda de combustíveis e derivados de petróleo, como é o caso do gás de cozinha, no falso cenário da livre concorrência. Assim, desde então, nenhum órgão de Estado ou de governo tem atribuições de tabelamento ou controle de preços,
Desde janeiro de 2002, o gás de cozinha não possui subsídio ou subvenção pública em nosso país, o que encarece ainda mais o custo para as famílias apenas cumprem um papel de acompanhamento, como faz a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Da mesma forma, também desde janeiro de 2002 o gás de cozinha não possui subsídio ou subvenção pública em
nosso país, o que encarece ainda mais o custo para as famílias. Além do fim dos subsídios e do monopólio estatal, outros motivos para o aumento do preço do gás são a elevação dos impostos, principalmen-
te do ICMS e o alto custo do transporte. Mas a principal razão são as altas taxas de lucro das empresas, principalmente das transnacionais, que se apropriaram de vários negócios nesta área. As gigantes Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbras, controlada pela multinacional holandesa SHV; a Nacional Gás, grupo cearense Edson Queiroz e a Liquigás já controlam 86% do setor de distribuição de gás no país e são as que mais faturam com o preço pa-
go pela população pelo botijão. Em São Paulo, o preço médio do botijão de 13 quilos chega a custar R$ 50,00. Segundo dados do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), nos últimos 20 anos, desde o início do período de liberalização dos preços, o gás de cozinha teve um aumento de 325%. Sendo que a inflação medida pelo IPCA, neste mesmo período, foi de 130% o aumento do preço do gás de cozinha foi quase três vezes a mais que a inflação. (AR)
Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de 19 20 a a 25 26 de de setembro setembro de de 2013 2013
brasil brasil || 09 11
De olho no petróleo brasileiro ENERGIA Para especialistas e organizações sociais, espionagem contra a Petrobras inviabiliza 11º leilão Patrícia Benvenuti da Redação A exemplo das edições anteriores, o 11º leilão de petróleo e gás será marcado por protestos de organizações populares. Desta feita, porém, as recentes denúncias de espionagem estadunidense contra a Petrobras deverão tensionar ainda mais o processo, marcado para 21 de outubro. Documentos vazados pelo ex-consultor de informática e agente da CIA, Edward Snowden, indicam que a rede de computadores da Petrobras foi monitorada pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA). Os documentos não divulgam detalhes sobre o real interesse dos estadunidenses sobre a Petrobras. No entanto, a presença de reservas do pré-sal e a iminente realização do leilão do campo de Libra, situado na Bacia de Santos, fornecem uma boa pista. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o local possui cerca de 14 bilhões de barris de petróleo. Sozinho, o campo equivale a mais de 80% de todas as reservas provadas da Petrobras, descobertas ao longo dos 60 anos de atua-
ção da empresa. A riqueza de Libra pode ser calculada em cerca de U$S 1,5 trilhão de dólares. O engenheiro e conselheiro do Clube de Engenharia, Paulo Metri, vê interesses econômicos por detrás da espionagem estadunidense. “Ela [Petrobras] tem grandes segredos do modelo geológico do pré-sal que valem ouro. Tendo esse conhecimento do pré-sal, você consegue perfurar com mais sucesso e economiza dinheiro”, explica. A produção atual do pré-sal está na casa dos 300 mil barris diários. A estimativa é de que as reservas totalizem de 100 até 300 bilhões de barris. A realização do leilão renderá ao governo um bônus de cerca de R$ 15 bilhões. Com isso, o país receberá pouco mais do que um real por barril – até o fechamento desta matéria, o preço do barril estava cotado em US$ 106,59, o equivalente a R$ 243,02. “A Dilma vai vender barril de petróleo de Libra a R$ 1, um petróleo de alta qualidade. Ela vai entregar isso e vamos ficar calados?”, questiona Emanuel Cancella. Para o coordenadorgeral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, monitoramento de infor-
Latuff
mações da Petrobras se constitui em um caso de espionagem comercial. “É o Estado estadunidense a serviço dos interesses econômicos das suas empresas”, critica Moraes. O caso gerou críticas da presidenta Dilma Rousseff, que também teve suas conversas monitoradas. Em nota oficial, Dilma atribuiu a espionagem a questões econômicas. “Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro”. Samuel Tosta/ Agência Petroleira de Notícias
Protesto no Rio de Janeiro
Riquezas da América Latina são alvo Venezuela e México também são alvo da espionagem da Redação O Brasil não foi o único país da América Latina a despertar o interesse dos Estados Unidos e de sua indústria de espionagem. Assim como no caso da Petrobras, as razões econômicas levaram a inteligência estadunidense a voltar suas estruturas para a Venezuela e o México. Enquanto a atração sobre os venezuelanos recai sobre o petróleo, no caso do México, o alvo é o setor de energia. O coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Giorgio Romano, lembra que, apesar da exploração de xisto, iniciada há alguns anos, os Estados Unidos continuam dependentes da exportação de pe-
“Os Estados Unidos não só consideram o acesso à fonte de energia estratégica para seu próprio uso, mas também para garantir o abastecimento para a economia capitalista global, dominada por ele” tróleo. “Os Estados Unidos não só consideram o acesso à fonte de energia estratégica para seu próprio uso, mas também para garantir o abastecimento para a economia capitalista global, domi-
nada por ele”, afirma. Se, no caso específico do Brasil, o interesse está nas reservas do pré-sal, em nível mais amplo, os Estados Unidos buscam, com a espionagem, levantar informações sobre a dimensão das reservas de petróleo e mapear a situação das reservas para determinar os preços no mercado. A análise é do consultor em cooperação e relações internacionais, Kjeld Jakobsen. “Estas informações são importantes para beneficiar a participação de empresas americanas nos leilões brasileiros e nos processos de extração de petróleo no México e na Venezuela”, diz o especialista, que já atuou como ex-secretário Municipal de Relações Internacionais de São Paulo. (PB)
10 12 | mundo
Rio Janeiro, de Belode Horizonte, de19 20aa25 26de desetembro setembrode de2013 2013
Na Colômbia, um mês de protesto
FATOS EM FOCO
Crise aumenta suicídios Zorrophoto
AMÉRICA LATINA Trabalhadores pedem reforma agrária integral e rechaçam pacto do governo da Redação Há quase um mês, a Colômbia se vê diante de uma crise no setor agrário, que se tornou visível pelos protestos de camponeses que, por todo o país, expressam sua insatisfação com as políticas neoliberais do presidente Juan Manuel Santos. Diante dos conflitos entre governo e manifestantes, delegações de camponeses e representantes de entidades agrárias realizaram, na última semana, a Cúpula Nacional Agrária e Popular. O objetivo foi avançar na unidade dos povos e rechaçar o Pacto Nacional para o Desenvolvimento Agrário, lançado pelo governo.
Faixa de Gaza A greve dos agricultores, parados desde o dia 19 de agosto, contagiou a população; na foto, protesto em Bogotá, no dia 29 de agosto
“Afirmam que o saldo da repressão foi: 12 pessoas mortas, centenas de feridos, quatro desaparecidos, 262 presos”
Na última quinta-feira (12), ao final do evento, os participantes lançaram a Declaração Política da Cúpula Nacional Agrária, Camponesa e Popular, que criticam os acordos de livre comércio que trouxeram grandes prejuízos para os pequenos produtores e o modelo econômico “desenhado para favore-
cer latifundiários, pecuaristas e empresas transnacionais, desconhecendo as grandes maiorias camponesas, indígenas e afrocolombianas”. Eles também denunciam a criminalização do protesto por parte do governo que abusou do uso da força contra civis, da militarização dos campos e da perseguição aos líde-
res camponeses. Na declaração, afirmam que o saldo da repressão foi: 12 pessoas mortas, centenas de feridos, quatro desaparecidos, 262 presos arbitrariamente. A paralisação agrária completará um mês nesta quinta-feira (19). Além deste setor, também estão em protestos docentes e profissionais da saúde.
Rússia critica relatório da ONU UN Photo/Evan Schneider
ARMAS QUÍMICAS Síria entregou a Moscou provas de que a responsabilidade dos ataques é dos opositores de São Paulo (SP) A Síria entregou à Rússia “provas” de que a oposição síria realizou ataques com armas químicas, anunciou o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov, nesta quarta-feira (18) . Além disso, a chancelaria classificou o relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre disparos na peri-
A pesquisa publicada na revista científica British Medical Journal analisou dados de 54 países para estimar o impacto global de problemas financeiros decorrentes da crise econômica, iniciada em 2008 com o colapso do crédito e dos mercados imobiliários nos Estados Unidos. Um ano após o início da crise, as taxas de suicídio entre os homens aumentou em média 3,3%. A elevação foi maior nos países que mais perderam empregos.
feria de Damasco como “politizado e tendencioso”. O relatório concluiu que foram usadas armas químicas no conflito civil sírio. No entanto, os estudos não apontam uma definição acerca de quem realizou os disparos. Segundo a ONU, mais de mil pessoas morreram no final de agosto. EUA, França e outras potências ocidentais argumentam
que o tipo de arma (gás sarin) e a tecnologia usada provam que as tropas de Bashar el-Assad foram responsáveis pelo ataque. Além do próprio governo sírio, a Rússia rebate as acusações. O vice-ministro russo denunciou que o relatório pode ter sido manipulado para direcionar a culpa para um dos lados do conflito que dura já há dois anos e meio.
O governo da Faixa de Gaza declarou, na quarta-feira (18), que sofre de uma escassez severa de alimentos, remédios e combustível. O governo interino do Egito intensificou as operações de destruição dos túneis entre a Faixa de Gaza e a península do Sinai egípcia, alegando “lutar contra o terrorismo”, repetindo o argumento de Israel, em suas próprias operações. Os túneis são usados para a importação de suprimentos básicos ao território palestino sitiado e as condições humanitárias se agravam.
Rapper grego é morto
Vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov
Ele afirma que os inspetores da ONU só verificaram as provas relativas ao ataque do dia 21 de agosto e descartaram os outros três ataques com ar-
mas químicas que aconteceram antes dessa data. O governo sírio, disse, tem provas materiais sobre os disparos anteriores. (Opera Mundi)
A ação continuada do partido Aurora Dourada contra imigrantes e anarquistas gregos ganhou mais um capítulo na madrugada de terça-feira (17). O rapper Pavlos Fyssas, de 34 anos, ligado ao movimento antifascista de Atenas, foi esfaqueado e morto em um café no distrito de Keratsini, oeste de Atenas.
variedades | 13
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
A novela Como ela é
CAÇA-PALAVRAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL 2013
Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
Sono e beleza A ingestão de alimentos ricos em SÓDIO antes de dormir pode fazer com que a pessoa acorde mais INCHADA, em virtude da RETENÇÃO de líquidos. Por isso, é bom evitar, por exemplo, embutidos, FRIOS, macarrão instantâneo e fastfood. DORMIR de BRUÇOS ajuda a formar as indesejáveis LINHAS de expressão, tanto ao REDOR dos olhos como na TESTA. Já para quem dorme de LADO, o risco é ter rugas no COLO e no pescoço. Para reduzir o inchaço das BOLSAS nos olhos, pode-se usar um pano com chá ou SORO fisiológico. Para as MULHERES, dormir M A Q U I A D A , nem pensar! Isso favorece o surgimento de CRAVOS e espinhas.
O peso da família para a mulher
W R A V Q D U O N N U A R
B O O
J
I
N F
A
F
A O A Q Y O U D O F U S
E
I
N H A
S D U E
B
S
E
A
L
I
V M U Z
I
L
Y
E
A
I
P
I
L
S
A
I
A D Q U Z W A
S
A
S
L O B
I
O
I
E
R U M H Ç
O O Ç
E
I
O X U A Ã
L
W Q U O E
A K Q
E O M T I
Z
N C H A D A X U R O L
D H X A R
C U D Q
Z J
E U E
E
Y N T
R I
C
J
A D A U U Z W V G
E
F
R
I
O G T Q
J
G A H U V O U R
R H P
I
C
B A O O
I
E
E
R N U
S
I
L
C
I
U O G G A D E
I
L
Y
F D U M O
I
A P
S
T
A Y A W E M E
F N T
F E
E
I
V
J
B
L
L
B
A O
L
A
E
L
S D H E
O O F I
B A
I
Y
V A W N
R U V B O S
I
T O A
O N V A U D H U E O G Y X X V A G R
C
S
A A R O D E
I
W C M
R
E
E
A K A
S
I
P
J
E
C
T
U
V 8
Solução O
50 Desafios para mudar
L
D L C L O T
S O Ç U R B
E S T A
S A S L O B I O S D O S
O
D O R M I R
S O V A R C
Nas bancas e livrarias
A O D I N C H A D A R A O I N H A S S U Q A M F R I
A
R O D E R
sua maneira de pensar
M U L H E R E S
www.coquetel.com.br R E T E N Ç Ã O
AMIGA DA saúde
pria vontade, porque estes são as expectativas de seu papel na sociedade. Dilemas das relações de gênero. Um deles é a família. A mãe rejeitada pelo pai precisa fazer os filhos compreenderem a relação marido e mulher. De repente, a boa mãe e guardiã da família tem seus dotes de esposa colocados à prova. Abandonar o casamento é também uma questão, pois a mulher tem de se haver com o levar a vida sozinha, com o pensar no dividir o tempo dos filhos. Não é o caso de Pilar, já que o mau-caratismo de César é fato, a riqueza da família inquestionável e os filhos já crescidos. Mas é o caso de muitas
mulheres, que em nome do lar, relevam a traição. Pior, muitas vezes fingem esquecer a violência doméstica. Perdoar é sempre uma escolha mais razoável quando o querer vem de dentro. E o peso da família diante de uma traição permanece sendo maior para as mulheres. Pilar perdoou César, mas a família Vilar está agora à deriva de suas outras decisões como mulher traída. As cenas dos próximos capítulos prometem continuar trazendo à tona as assimetrias das relações entre homens e mulheres, que podem até diminuir dia a dia, mas seguem sendo um escândalo digno de novela. Por Joaquim Vela
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Querida amiga, tenho um bebê de 4 meses e 7 dias. Ele tem sofrido muito de cólicas, já que fica até três dias sem fazer cocô. Ele só se alimenta de leite NAN. O que faço? Maria Lídia Silva Lopes, publicitária, 32 Querida Maria Lídia, o ideal é que seu bebê estivesse ainda se alimentando exclusivamente de leite materno, que é o alimento mais indicado para esta idade. No entanto, a realidade de várias mulheres é uma licença maternidade de apenas 4 meses. Imagino que possa ser esse o motivo dele estar usando NAN. É típico nos primeiros meses o bebê apresentar cólicas, porque é um período de adaptação do intestino. Nessa idade, até 8 dias sem evacuar pode ser normal. As primeiras ações a fa-
Na novela Amor à Vida as emoções não param. Até quero falar de outros folhetins, mas é tanta confusão nas 21h que fica difícil passar batido. Nesta semana, Pilar flagra seu marido na cama com a secretária Aline. Dr. César tenta esclarecer a traição desvelada com a velha desculpa “não é isso que você está pensando”. Ofensas, provocações, tapas. A culpa atribuída à amante. Uma típica cena de traição. Comum nas novelas e na vida da gente. A mulher, quando exposta a uma situação como essa, tem de enfrentar dilemas que vão além da sua pró-
Reprodução
zer são: massagens na barriguinha, massagens flexionando as perninhas em direção à barriga, fazer compressas mornas, dar banho morno. Experimentar outra marca de leite artificial também pode funcionar. Mas se persistir o problema, procure ajuda de um profissional, pois é preciso examinar o bebê e descartar outras causas para o desconforto que não as cólicas. No SUS, procure o centro de saúde mais próximo da sua casa e agende uma consulta de puericultura.
O tempo seco de BH sempre foi ruim para meu organismo, secando minha pele e chegando até a descamar meu rosto, por isso tomo muita água. Mas tenho apresentado um inchaço no rosto e na região da barriga. O que devo fazer?
Cara amiga da saúde, sempre ouvi falar que comer amendoim aumenta a potência sexual. Tem alguma relação?
Maira Fonseca, gerente administrativa, 29
Raimundo, ver o amendoim como estimulante sexual é um conhecimento popular bastante disseminado, assim como outros alimentos também considerados afrodisíacos. O amendoim, por ser rico em vitamina B3, contribui para vasodilatação sanguínea na região genital, o que pode facilitar a excitação e a ereção. Mas a excitação tem muito a ver com o estado físico e psicológico e tem coisas que atrapalham muito, talvez seja preciso melhorar nesses pontos. O hábito de fumar, por exemplo, pode atrapalhar
É preciso esclarecer melhor isso, Maíra. O tempo seco realmente pode levar à descamação da pele pelo ressecamento. Tomar muito líquido, evitar banhos quentes e usar hidratantes ajuda a controlar esse problema. Entretanto, o inchaço (ou edema) não está relacionado ao tempo seco. O calor pode contribuir com o aparecimento de edemas, mas existem muitas outras causas para esse problema, inclusive algumas doenças. Os problemas da tireoide, por
exemplo, podem causar descamação da pele e edemas. Você precisa procurar uma avaliação médica (de preferência um generalista) para fazer uma investigação de rotina e, caso necessário, tratar o quanto antes. Reprodução
Raimundo Silva, 39, metalúrgico muito, além do uso de bebida alcoólica em grande quantidade. O stress, o cansaço físico e a má alimentação também prejudicam o desempenho sexual. Além disso, invista bastante nas preliminares, pois contribuem para uma excitação maior dos parceiros, tornando o sexo mais agradável e eficaz.
14 | cultura
13
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Sem política de cultura DESCOMPASSO - Em construção, Plano Municipal de Cultura podegarantir diretrizes, mas postura da PBH deixa a desejar Maíra Gomes De Belo Horizonte A cidade de Belo Horizonte recebeu recentemente a Virada Cultural, com 24 horas de programações. O evento teve grande número de espectadores e contou com diversas atrações. No entanto, foi o momento de levar a público a fragilidade na política de cultura do município. Diversos grupos e organizações do cenário cultural denunciaram falta de transparência e participação da sociedade na construção da Virada. Para o ator e membro do grupo Espanca! Gustavo Bones, a atitude da Prefeitura segue a mesma linha de desvalorização da cultura que tem sido aplicada na cidade. “Isso tem a ver com o processo que a PBH tem de fazer cultura sem planejamento, sem diálogo, sem colocar e ouvir a sociedade”, declara. O município está sem
Divulgação
“A prefeitura não olha para a questão cultural, está mais preocupada com obras do que com os equipamentos públicos” uma Secretaria de Cultura há anos, e tem o Conselho Municipal de Cultura ativo há apenas dois. Para a conselheira Anna Flávia Dias Salles, a política de cultura de Belo Horizonte é tímida. “É muito medíocre a forma como a cultura vem sendo tratada. Os Centros Culturais vivem em uma miséria tremenda, mal conseguem pagar o básico. A prefeitura não olha para a questão cultural de forma a valorizá-la, está mais preocupada com obras do que com os equipamentos públicos”, desabafa.
Cidadãos se movimentam e fazem a cultura nas ruas da cidade, mas Prefeitura não acompanha e não valoriza o setor
Polêmicas do Plano Municipal de Cultura Até o fim deste ano, a cidade deve receber um novo Plano Municipal de Cultura (PMC), uma espécie de plano diretor que trará orientação para as políticas e ações culturais na cidade. “O que o Plano deve fazer é que seja de fato implementada uma política efetiva de apoio, suporte e fomento a esse universo”, explica Anna Flávia. O PMC estabelece metas e ações para o setor da cultura por um período de dez anos. De acordo com documentos da Fundação Municipal de Cultura, o Plano “caracteriza-se, formalmente, como orientação para uma política de Estado, que projeta a cultura como um direito fundamental do cidadão e como um
vetor de desenvolvimento econômico e de inclusão social”. Assim, esperase que seja usado para fomentar a cultura em Belo Horizonte.
Ativistas defendem que propostas da sociedade devem ser ouvidas antes da aprovação Sua construção coletiva teve início na 3ª Conferência Municipal de Cultura, no início de julho, onde a proposta da Prefeitura foi debatida. No entanto, a votação do PMC se deu em apenas duas horas e por um pequeno grupo. As diversas
entidades e artistas que compõem o Conselho de Cultura exigiram debater profunda e coletivamente o assunto. Atualmente, já foram realizadas uma Conferência Extraordinária e reuniões organizadas em quatro eixos de debate para a construção do documento, de Gestão, Fomento, Patrimônio e Promoção e diversidade. O conselheiro pela regional Centro-Sul, Rafael Barros, acredita que a participação dos conselheiros e da sociedade na construção do PMC é fundamental. “Da forma como vinha sendo construída pela Prefeitura, estava longe do debate com a sociedade. Quem tem propriedade para fazer o que se necessita é aquele que
vive os problemas. Você não faz um processo de gestão política sem ouvir quem tem a demanda. Seria ineficiente”, conclui Rafael. Um mapeamento do universo cultural de Belo Horizonte deve trazer o diagnóstico de onde estão e quem são os agentes da cultura. Assim, após entender o que necessitam e como funcionam, pode ser construída uma política em conjunto com estas realidades. O PMC será levado à votação na Câmara Municipal e deverá ser sancionado pelo prefeito. “Temos que fazer uma gestão para que seja respeitado o que foi construído pela sociedade. E após aprovado, se tornará uma lei. Caberá à sociedade, ao Judiciá-
rio e ao Ministério Público acompanhar o cumprimento ou não dela”, aponta o conselheiro. No entanto, Rafael Barros pondera que a implantação do Plano Municipal de Cultura ainda não representa uma mudança de médio prazo para a política de cultura na cidade. “É uma etapa que se vence, mas eu não vislumbro uma trans-
Conselheiros cobram inclusão
formação se não houver mudança no eixo orientador da política do município. É um instrumento que tem poder legal de ação contra o poder público, mas apenas a sua existência não garante nada”, conclui. Para a roteirista e conselheira Anna Flávia, o funcionamento da lei dependerá do funcionamento dos órgãos públicos de controle, como o Conselho de Cultura. Ela frisa ainda a importância do Conselho em dialogar com a sociedade e setores da cultura. “Não adianta colocar conselheiros apenas, temos que garantir a realização dos fóruns setoriais constantes e grupos de trabalho, que estejam alimentando o Conselho”, afirma.
cultura | 15
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
agenda do fim de semana
é tudo de graça!
Segunda a quinta-feira
CINEMA
INFANTIL - TEATRO
MÚSICA
DESENHO
Mostra Stanley Kubrick - “O Grande Golpe”, filme do cineasta norte-americano, de 1956. Sábado, 19h. Local: Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001, Mangabeiras, BH.
O clássico infantil “A Dama e o Vagabundo”. Sábado, 16h. Local: Shopping Estação BH - Av. Cristiano Machado, 11.833, Venda Nova. BH.
Tarde de música regional, com Carlos Farias. Sábado, 16h. Local: Memorial Minas Gerais - Praça da Liberdade, BH.
Infinito, contrastes e ilusão de ótica: “A Magia de Escher”, Uma das exposições mais famosas do mundo convida o público a experimentar e desvendar os efeitos óticos e de espelhamento utilizados em seus trabalhos. Até 17 de novembro, das 9h30 às 21h; aos domingos, a partir das 16h. Local: Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537, Centro, BH.
Festival de Curtas em BH. Abertura com show de Fernando Catatau: Sexta, 20h. Sessões de curtas: Até dia 29, a partir das 14h15. Local: Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, BH.
A peça “O Leão e o Camundongo” falam de relação curiosa entre os bichos. Domingo, 10h30. Local: Espaço Cultural Recreio - Av. Barão Homem de Melo, 3.535, Estoril, BH.
EXPOSIÇÃO Fotos e peças do figurino do maior espetáculo em turnê do Cirque du Soleil. Até domingo (22), das 10h às 22h. Local: Shopping Cidade – Rua Tupis, 337, Centro, BH.
Banda Balão Vermelho toca rock. Sábado, 16h30. Local: Shopping Estação BH - Av. Cristiano Machado, 11.833, Venda Nova, BH.
DANÇA A dançarina Mariana Rocha apresenta dança contemporânea.Sábado, 11h. Local: Memorial Minas Gerais Praça da Liberdade, BH.
TEATRO DE BONECOS Universo circense retratado dentro de um baú de moto, “Cirk In”. Domingo. Locais: Centro Cultural Pampulha, 10h. / Centro Cultural Lagoa do Nado,16h.
Terra e Exôdos. Até dia 29, das 8h às 17h. Local: Centro Cultural Padre Eustáquio - Rua Jacutinga, 821, Padre Eustáquio, BH.
PINTURA FOTOGRAFIA Exposição fotográfica “Sebastião Salgado: Fotografia Comprometida” traz fotos das séries Trabalhadores,
Exposição recria universo lúdico infantil, em “Quintais de Ferrari”. Até 06 de outubro, das 10h às 19h. Local: Museu Inimá de Paula – Rua da Bahia, 1201, Centro, BH.
CINEMA “100 anos do cinema indiano”, Bollywood chega a Belo Horizonte. Serão exibidos cinco filmes premiados, que trarão o panorama do moderno cinema indiano. De 23 a 27 de setembro, às 17h. Local: Centro de Referência da Moda - Rua Bahia, 1149, Centro, BH.
esporte |
na geral
brasileirão | 23ª rodada
Brasileirão feminino
Cortada
A criação de um campeonato brasileiro feminino é uma vitória para as atletas que lutaram por anos dentro e fora de campo para viabilizar a competição. Porém, está longe de ser uma solução para os problemas de estrutura do futebol disputado pelas mulheres. Uma das maiores reivindicações das atletas é a falta de um calendário capaz de preencher todo o ano e profissionalizar definitivamente a atividade. Não foram atendidas. O campeonato terá quatro meses de duração, no resto do ano a maioria delas terá que se dedicar a outras atividades. Vale lembrar que a última competição oficial de futebol feminino no país aconteceu em maio. Desde então as atletas estão paradas.
“É uma vergonha nos tratarem desta forma depois de tudo que fazemos com a camisa do Brasil”, diz a capitã olímpica da seleção de vôlei, Fabiana, sobre a viagem do time ao Peru. A Confederação Brasileira de Vôlei colocou a seleção feminina na classe econômica em viagem de cinco horas até o Peru. Com mais de 1,90m, as garotas se sentiram sufocadas, como um trabalhador que pega ônibus ou metrô lotado todos os dias. Elas reclamaram com razão. O trabalhador, que enfrenta desafios diários ainda maiores, tem o dever de fazer o mesmo.
Gol da rodada O zagueiro francês Eric Abidal, ex-jogador do Barcelona, revelou que
seu ex-companheiro de clube, o lateral Daniel Alves, da seleção Brasileira, ofereceu parte de seu fígado para um transplante, quando este sofria de câncer. “Ele me ofereceu seu fígado, mas não pude aceitar porque ele é um atleta de elite. Foi um grande gesto querer ser meu doador”, afirmou.
Gol da rodada 2 O canal oficial do time alemão Borussia Dortmund lançou um vídeo para apresentar o grupo na Liga dos Campeões da Europa. E, de forma surpreendente, a peça exalta os rivais do time na primeira fase. Jogadores do clube gravaram mensagens de boas vindas em inglês, italiano e francês, enquanto cenas clássicas dos adversários (Arsenal, Napoli e Olympique de Marseille) são exibidas.
As imagens pregam respeito aos rivais, mas também ajudam a engrandecer o time alemão. Em época de intolerância no futebol, a atitude merece ser copiada por aqui.
Encontro de colecionadores No sábado (21), das 13h às 17h, acontece a oitava edição do encontro dos Colecionadores de Camisas de Futebol no Museu Brasileiro do Futebol (MBF), no estádio do Mineirão. Os colecionadores irão mostrar suas peças histórias. Já os participantes poderão conhecer o espaço e também realizar uma visita guiada. O acesso à exposição é gratuito. Já para visitar o museu, serão cobrados os valores normais da instituição: R$ 8 a entrada inteira e R$ 4 a meia.
Fluminense X Coritiba
Sáb | 21/09 | 18h30 | Maracanã
Vitória-BA X Grêmio
Sáb | 21/09 | 21h00 | Barradão
Corinthians X Cruzeiro
Dom | 22/09 | 16h00 | Pacaembu
Botafogo-RJ X Bahia
Dom | 22/09 | 16h00 | Maracanã
Internacional X Portuguesa Dom | 22/09 | 16h00 | Estádio do Vale
Goiás X São Paulo
Dom | 22/09 | 16h00 | Serra Dourada
Náutico X Flamengo
Dom | 22/09 | 16h00 | Arena Pernambuco
Atlético-MG X Vasco
Dom | 22/09 | 18h30 | Independência
Atlético-PR
X Ponte Preta
Dom | 22/09 | 18h30 | Durival de Brito
Santos X Criciúma
Dom | 22/09 | 18h30 | Vila Belmiro
16 | esporte
Belo Horizonte, de 20 a 26 de setembro de 2013
Atlético
Fica, Kalil Bruno Cantini
Atleticanos preferem que presidente do clube se mantenha onde está
Rogério Hilário Prezado senhor Alexandre Kalil, presidente do Clube Atlético Mineiro, Sempre admirei sua paixão pelo Galo, embora seu comportamento e seu temperamento me tornem às vezes reticente. Se durante muitos anos, o senhor apenas se contentou em atuar nos bastidores e na oposição, buscando mais a cizânia do que a união pela recuperação do clube, constantemente em crise financeira e política, sua competência como dirigente é inquestionável. Sob seu comando, o Atlético cresceu patri-
monialmente, economicamente, valorizou-se como produto em todos os sentidos e, o que é melhor, conquistou o maior título de seus 105 anos de história. Presumo, no entanto, que os torcedores estejam apreensivos com a possibilidade de sua candidatura a senador (para governador é pura fantasia). Não porque a legenda que o convidou, o PSB do prefeito Marcio Lacerda, seja pouco recomendável. Mas pela ameaça de seu afastamento do comando, em caso de vitória eleitoral. Algo inadmissível no atual estágio do Atlético. Penso que, melhor para o clube e os torcedo-
res alvinegros, é que o senhor continue se dedicando exclusivamente a eles. Os eleitores teriam muito o que agradecer ao senhor se isso acontecesse. Afinal, não se transfere para a política o sucesso no futebol, por serem cargos de natureza distintas e de princípios antagônicos. Os exemplos são muitos e nem cabe citá-los, para evitar maiores constrangimentos. E, como cabo eleitoral, em episódios de triste memória, o senhor já contribuiu. Por isso, pelo bem de todos e felicidade geral da nação, Fica, Kalil
Anuncie no Brasil de Fato MG Todas as semanas nas ruas de Belo Horizonte
(31) 3309-3314 publicidademg@brasildefato.com.br
Cruzeiro
A história se repetirá? Washigton Alves
Wallace Oliveira Uma década separa dois semelhantes acontecimentos. No dia 20 de setembro de 2003, o Mineirão recebeu uma “final antecipada” entre os melhores times do Brasileirão: o Cruzeiro de Gomes, Maldonado, Alex e Aristizábal contra o Santos de Léo, Renato, Elano e Robinho. O dono da casa bateu o visitante alvinegro por três a zero, com um gol do volante Felipe Melo e dois do atacante Aristizábal. No dia 18 de setembro de 2013, o Mineirão recebeu uma “final antecipada” entre os melhores times do Brasileirão: o Cruzeiro de Fábio, Nilton, Éverton Ribeiro e Willian contra o Botafogo de Jefferson, Rafael Marques, Seedorf e Lodeiro. O dono da casa bateu o visitante alvinegro por três a zero, com um gol do volante Nilton e dois do atacan-
Torcida comemora vitória do cruzeiro sobre o Botafogo
te Júlio Baptista. Em 2003, Luxemburgo treinava uma razoável equipe, mais o genial Alex. Em 2013, Marcelo Oliveira não tem um gênio no meio campo, mas seu time é bem mais do que um batalhão de bons coadjuvantes. O Santos de 2003 era uma máquina de jogar futebol ao lado de Robinho, ao passo que o Botafogo de 2013 apenas conta com bons
jogadores e a estrela solitária de Seedorf. Por outro lado, restam ao Cruzeiro, nas próximas rodadas, jogos mais difíceis do que há dez anos. O campeonato não acabou, mas quem tem futebol para barrar o título do Cruzeiro? No fim do ano, veremos 2013 repetir 2003? Que o Sobrenatural de Almeida não jogue contra nós.
Acabou a folga dos cartolas Associação dos Atletas pela Cidadania batalhou e conseguiu: depois da Câmara, o Senado aprovou apenas uma reeleição para os cartolas das entidades que recebem dinheiro público, como o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Os atletas ainda passarão a ter direito de voto. E, o melhor, acabou as caixas pretas. Transparência nas contas agora é lei.