Washigton Alves
Bola pro mato Cruzeiro baixa a bola na derrota para o São Paulo, mas se prepara para vitória do campeonato. Galo, com Ronaldinho recuperado, está pronto para Mundial de Clubes
Uma visão popular do Brasil e do mundo
cidades | pág. 3
Sem veneno Feiras presenciais e virtuais garantem abastecimento de comida sem agrotóxico para população de BH
Mídia Ninja
Edição
esporte | pág. 16
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013 | ano 1 | edição 8 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato
minas | pág. 7
Plebiscito popular para baixar a conta de luz Mídia Ninja
cultura | pág. 14
Dia das crianças Tirar a molecada de casa é cada vez mais difícil, mas quando fazem passeios ao ar livre, eles adoram. O Brasil de Fato listou algumas dicas de brincadeiras e passeios em parques da cidade para comemorar não só o Dia das Crianças, como os outros dias do ano
minas | pág. 6
Quilombolas Decreto de desapropriação obriga fazendeiros a devolver terras para o Brejo dos Crioulos. Comemoração é parcial, já que há um ano, quatro de seus companheiros seguem presos injustamente Gabriel Zambon
Entre os dias 19 e 27 de outubro, por meio de plebiscito, a população mineira terá a chance de exigir a redução da tarifa de energia. A consulta vai questionar a cobrança do imposto estadual, o ICMS, o mais caro do país, que equivale a 42,86% da conta. Organizado por mais de 100 movimentos sociais, sindicais, igrejas e associações a intenção do plebiscito é entregar os votos ao governo do estado e à Cemig, como pressão para diminuir o preço da energia
02 | opinião
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
Falando Nilson
editorial | Minas Gerais
Você concorda que a conta de luz deve baixar? Entre os dias 19 e 27 de outubro será realizado o Plebiscito Popular pela redução da tarifa de energia e do ICMS. A população mineira deverá responder a duas perguntas. A primeira é “Você concorda que o governo de Minas deve reduzir o imposto estadual (ICMS), que representa em média 42% da conta de luz, para 14%, como é em SP e no DF?”. A segunda: “Você concorda que a Cemig deve reduzir em 50% (no mínimo) a tarifa de energia para o povo de Minas Gerais?” Minas cobra uma das tarifas mais caras do Brasil. Não deveria. Energia é produto essencial à vida. Deveria constar entre os produtos da cesta básica. Apesar de ter baixo custo de produção, já que 80% da nossa energia vêm das hidrelétricas, é tão cara a tarifa de energia e o imposto estadual, o ICMS, que a con-
ta sempre vem alta para o consumidor. Entre 1997 e 2012, as tarifas aumentaram 270%, quase 120% acima da inflação. A Cemig é uma corporação que hoje está orientada somente para o lucro. Só em 2012 foram repassados aos acionistas R$ 4,2 bilhões, que saíram do bolso das famílias. A política da empresa tem sido reduzir postos de trabalho, terceirizar o serviço e aumentar a tarifa para aumentar os lucros. Com isso, se tornou recordista em mortes: 110 trabalhadores morreram entre 1999 e 2013. A empreiteira Andrade Gutierrez detém aproximadamente 33% das ações da Cemig e graças ao governador Anastasia (PSDB), tem amplos poderes na empresa. Nenhuma decisão se toma sem o aval da Andrade Gutierrez. A cobrança é injusta. Os ri-
cos pagam pouco, os pobres pagam muito. Enquanto as grandes empresas pagam R$ 10 por 200 kw/mês, as residências pagam R$ 100 pela mesma quantidade de energia. O ICMS que incide sobre a conta de luz é um roubo. Em média 42% da conta é ICMS. Em outros estados esse valor é de 14%. O governo estadual tenta esconder essa realidade da população. Por isso o Plebiscito Popular é tão importante. É exercício de cidadania, de fortalecimento da democracia participativa e defesa da vida. As urnas podem ser encontradas nas praças de maior concentração, igrejas, escolas, restaurantes populares, sindicatos e associações de bairro. Você também pode ajudar colocando urnas em seu bairro, local de trabalho e estudo. Leia mais na matéria da página 7.
editorial | Brasil
O jogo eleitoral e a falta de programas para as mudanças Os partidos políticos no Brasil, ao longo da história republicana, de forma geral, não costumam representar os interesses de uma classe social em específico, e muito menos tinham como objetivo um programa de mudanças socioeconômicas para a sociedade brasileira. Sua natureza sempre foi de disputar cargos para ascender ao controle do Estado, e assim se locupletarem com recursos públicos para interesses específicos de grupos e frações de classe. E o Estado, com sua natureza burguesa, sempre funcionou na lógica de reprodução dos interesses das classes proprietárias, os capitalistas. A exceção à esquerda foram os partidos comunistas, que procuravam representar
os interesses dos trabalhadores e defendiam programas de mudanças. Na década de 1980, o Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado com esse propósito e depois outros agrupamentos políticos menores. Na direita, também tivemos exceções de partidos com a clara identidade de classe, como é o caso da União Democrática Nacional (UDN), a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), durante a ditadura militar, e, recentemente, o Democratas (DEM). Agora, nas últimas semanas, assistimos a um verdadeiro festival de troca-troca de siglas, de novos partidos, que culminou com a não legalização do partido da Rede e a filiação da ex-ministra Marina Silva ao Partido Socialista
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800
Brasileiro (PSB) e sua provável candidatura como vice na chapa de Eduardo Campos. Assistimos a cenas frequentes de oportunismo. A saída do PSB do governo e a ida da senadora ruralista Kátia Abreu para o PMDB, para
O povo brasileiro, ausente da disputa político-partidária, assiste pela televisão à dança das cadeiras, à falta de coerência e à falta de propostas concretas de mudanças assim ficar mais próxima do Palácio do Planalto. Nos estados, parcerias grotescas de to-
do tipo, à direita e à esquerda. Já os tucanos – desanimados com a falta de perspectiva de vitória – ficam entre priorizar o Congresso Nacional, São Paulo e Minas Gerais, deixar o Planalto para 2018 e a volta da candidatura Serra. Tudo um jogo eleitoral, apenas voltado para as eleições de 2014. O povo brasileiro, ausente da disputa político-partidária, assiste pela televisão à dança das cadeiras, à falta de coerência e à falta de propostas concretas de mudanças. Na realidade, a proposta de um governo de composição de classes que sustentasse um modelo neodesenvolvimentista esgotou-se como forma de resolver os problemas do povo. As ruas demonstraram claramente que há problemas re-
ais enfrentados pelo povo, como a falta de moradia, falta de terra, falta de vagas nas universidades, uma educação cara, excludente, ou de péssima qualidade quando é pública, e um transporte público caótico. As mobilizações de rua pediram mudanças, que a presidenta prometeu ouvir. Mas nos cenários das alianças e candidaturas propostas ainda não se veem compromissos reais de mudanças estruturais. Os movimentos sociais e as forças populares em geral mais do que nunca devem colocar suas energias para seguir organizando e mobilizando o povo. Somente as ruas podem de fato colocar na agenda as mudanças estruturais que o país necessita e gerar uma nova aliança de forças que democratize o Brasil.
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
Alimentos sem veneno são cada vez mais consumidos em BH
Pergunta da semana
COMIDA Direto da feira, da horta ou mesmo da internet, mais pessoas furam o bloqueio do agronegócio
Mídia Ninja
Maíra Gomes De Belo Horizonte Os alimentos orgânicos estão cada vez mais nos pratos dos brasileiros. Após o início da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, em 2011, o movimento tomou força no Brasil. A campanha, que denuncia que o Brasil é o maior consumidor de venenos no mundo desde 2009 e segue refém desse modelo de agricultura, incentiva a produção e circulação de alimentos sem o uso de agrotóxicos. A professora Marcela Guimarães Lacerda explica por que prefere esses alimentos. “É muito legal comer e saber que não tem agrotóxicos. Depois que eu vi o filme ‘O veneno está na mesa’ fiquei muito preocupada. Como sou professora de geografia, passei o filme para meus alunos para estudar a Revolução Verde, pois ilustra muito bem os ma-
lefícios dos agrotóxicos e do agronegócio”, declara. O filme faz parte da campanha contra os agrotóxicos e conta histórias de trabalhadores na produção de alimentos com venenos e como isso afeta sua saúde, além de apresentar pesquisas de como o uso de agrotóxicos pode aumentar o índice de câncer e outras doenças em toda a população. Sacolão saudável Em Belo Horizonte, são realizadas feiras quinzenais de vendas do produto, vindas de famílias que cultivam o alimento ou empresas certificadas. Há também a possibilidade de se adquirir o alimento através de feiras virtuais. “Não é difícil encontrar orgânico, hoje tem muitas feiras virtuais. Você entra no site e escolhe o que quer. Ou levam na sua casa ou você vai buscar. É uma facilidade”, conta Marcela,
que afirma fazer a compra ao menos duas vezes por mês. Os serviços apresentam uma lista com as ofertas daquela semana, que podem variar desde arroz, feijão e hortifruti, até produtos como xampus. Carolina de Moura Campos é coordenadora do núcleo gestor do grupo Terra Viva, que oferece o serviço. Ela conta que a iniciativa veio de alguns consumidores que viam dificuldades em encontrar os orgânicos a baixo custo que, em 2005, convocaram um coletivo maior que hoje formam a rede. Cerca de dez produtores fieis compõem a rede desde o início, e os que vão chegando são cadastrados e avaliados. A cada quinze dias, aos sábados, são realizadas feiras presenciais. Quando não há, é promovida a retirada de cestas, compradas no site do grupo. “Nós priorizamos o contato direto com
No sábado ( 12) a feira Terra Viva terá atrações para crianças
os produtores, mas ainda não temos pernas para fazer a feira semanalmente. Assim, fazemos a retirada de cestas, porque não dá pra comprar alface e outras coisas para duas semanas”, conta Carolina, que acredita na alimentação saudável como ferramenta de transformação da sociedade. “Agrotóxicos são maléficos para a saúde humana e para o meio ambiente, é quase um suicídio”. Marcela conta que não é fácil achar alimentos or-
gânicos a um preço baixo, mas o aumento na oferta tem facilitado. “Por mim, só comeria orgânico, mas é muito caro. Mas faço pesquisas, comparo preços. Para o público que procura, que ainda é muito restrito, a oferta é suficiente. Mas acho que se tivesse mais, ia baratear o preço”, aponta a professora, que já planta algumas coisas em sua casa. “Hoje mesmo eu comi o primeiro tomate do meu quintal, e fiquei muito feliz. Está uma delícia!”.
Hospital do Barreiro em eterna obra Maíra Gomes De Belo Horizonte Prometido para o ano passado, 2012, o Hospital Metropolitano do Barreiro até hoje não foi finalizado, e está com as obras paradas. Iniciadas em 2010, sob forma de Parceria Público-Privada (PPP), a construção foi abandonada pela empresa Santa Barbara, responsável pela estrutura do hospital. O médico de Saúde da Família do Centro de Saúde do Barreiro de Cima e diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) Bruno Pedralva afirma que o abandono se deu porque a empresa encontrou um empreendimento mais lucrativo
no Espírito Santo. “Este é um dos motivos pelos quais lutamos contras as PPPs. Porque as empresas que estão construindo não têm compromisso com o público e sim com o lucro”, denuncia. A continuidade foi feita por outro consórcio, das empresas Tratenge En-
genharia e Planova Planejamento e Construções, mas as obras já estavam com atraso. Depois de finalizada essa etapa, a empresa Odebrecht assumiu a finalização e será também responsável pela administração do empreendimento por 25 anos. Maíra Gomes
Prometido para 2012, obras devem durar mais 15 meses
Mas sua parte ainda não foi iniciada. Assim que assumiu o hospital, a empresa pediu um tempo para avaliação da estrutura do prédio. Desde maio, as obras estão paralisadas. “O hospital está no esqueleto. Eles dão umas mascaradas, colocam uns funcionários lá, mas não acontece nada”, conta Dilson José de Oliveira, do Movimento Fé e Política. Ele atua na comunidade há 30 anos, e conta que a população já não quer mais esperar. “As Unidades Básicas de Saúde não têm médicos e as UPAs não atendem à demanda. A população continua doente e a obra parada”, reclama. No dia 03 de setembro, o jornal O Tempo publicou que o vereador
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Ronaldo Gontijo (PSB), em conversa com o prefeito Marcio Lacerda, confirmou que as empresas não deram continuidade à obra por se mostrarem insatisfeitas com a margem de lucro proposta no acordo, assinado há um ano e meio. O médico Bruno denuncia que a falta de leitos em enfermarias e CTIs na Região Metropolitana, principal razão para a construção do hospital, é muito grande e está afetando o serviço das UPAs. “A população continua permanecendo dias internada nas UPAs, de forma irregular, pois não há hospital”, diz, destacando ainda a falta de espaço para a realização de cirurgias. A Secretaria de Saú-
Porque você acha que o Hospital do Barreiro ainda não saiu?
O que acontece sempre no Brasil, falta de interesse político, eles desviam as verbas e acaba prejudicando a população. O nosso problema básico é a falta de coerência política e a corrupção. Infelizmente este é o nosso país. Sonimar Evangelista de Almeida, 50, bancária
Verba com certeza deve ter! É falta de interesse, com certeza. Tanto do governo quanto do prefeito. Leandro Antônio de Freitas, 38, mecânico
de declarou ao Brasil de Fato que as obras terão início ainda este mês, com previsão de término após 15 meses. “A PBH afirma que vai retomar a obra, mas agora é tempo de chuva e eu duvido que vão fazer”, aponta Dilson. Movimentos de luta pela saúde e a sociedade civil estão fazendo manifestações pela entrega do Hospital do Barreiro durante todo o ano, e está prevista a realização de uma audiência pública. “Temos dois objetivos: pressionar para a entrega do hospital e o desgaste do legislador, já que o Hospital foi uma promessa de campanha em 2008. A gente vai pra rua pra alertar a população”, explica Dilson.
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BH precisa de um Centro Administrativo? BRASILINHA Sem debate com a sociedade ou com a Câmara, PBH anuncia obras na Lagoinha BH Nostalgia
Maíra Gomes de Belo Horizonte Como um elemento surpresa, o prefeito Marcio Lacerda apresentou no dia 1º deste mês a proposta de construção do Centro Administrativo de Belo Horizonte, conhecido como Brasilinha do Lacerda, que deve reunir em um só espaço todas as secretarias e empresas públicas da cidade. Não houve debate prévio na Câmara dos Vereadores nem mesmo discussão com a
sociedade no período eleitoral. A proposta estava em anexo no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), documento mostrado à Câmara e em avaliação e debate com a sociedade. O vereador Gilson Reis (PCdoB) afirma que a atitude foi apressada. Para ele, a construção não é prioridade da cidade. “Temos problemas de mais de 130 postos de saúde sucateados, milhares de crianças fora da educação infantil, a cidade vive um caos na questão do Élcio Paraíso/Bendita-Conteúdo&Imagem
Moradores da Lagoinha cobram explicações sobre o projeto
transporte público. Eu poderia enumerar muitas questões prioritárias, seria uma absurdo tratar como prioridade a construção da cidade administrativa”, declara o vereador. “É importante que se priorize a vida em detrimento de obras que não vão resolver as demandas urgentes”, completa. Outra questão em debate é a lógica de criação de cidades administrativas, que parecem solucionar problemas, mas só ten-
“A obra só atende ao ‘Complexo de Faraó’, em que cada legislador quer deixar sua priâmide” dem a aumentá-los. “Essa lógica está pelo menos uns 60 anos atrasada. Isso tem sentido quando a proximidade física era um fator otimizante. Hoje em dia as pessoas se comunicam em tempo real, através de e-mail e telefone. Só atende o que eu chamo
Prefeitura emite decreto de desapropriação na Lagoinha A obra deve ser realizada no bairro da Lagoinha, próximo ao Centro de Belo Horizonte. Em junho deste ano, a Prefeitura emitiu um decreto de desapropriação de 20 terrenos no bairro, sem qualquer diálogo com a sociedade e moradores do local. Isso gerou uma grande mobilização da comunidade, com atos e manifestações. Em resposta ao Brasil de Fato, a PBH afirma que a proposta “tem como um dos objetivos centrais a revitalização de todo conjunto urbanístico e arquitetônico da região”, que tem diversos imóveis declarados patrimônio histórico. A arquiteta Margarete Leta é professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC). Para ela, a revitalização propos-
ta pela PBH não compreende as necessidades da comunidade do local. “Querem fazer a revitalização deles, de expulsar o que consideram ‘não vida’, que ocupam o local há 80 anos, e levar pra lá o seu modelo de vida. É uma lógica dramática e perversa”, declara. Margarete aponta que a localização do bairro é privilegiada, pois é próxima a grandes avenidas e ao centro da cidade. Assim, pode vir a ser um espaço de grande valorização imobiliária. “Qualquer investidor capitalista sabe que aquilo é um filão. Com essa conversa de revitalização vão tirar quem está incomodando e colocar ali quem interessa ao capital. É uma história que se repete muitas vezes, e, por trás, só tem uma coisa: retirar populações tradicionais de lugares
privilegiados para servir ao capital. É muito triste”, desabafa. Justificativa não convence Segundo a PBH, a razão da construção do centro é a economia de R$ 40 milhões anuais com aluguel de imóveis onde funcionam os órgãos públicos atualmente. O vereador Gilson Reis afirma que não está convencido do número. “Eu desconfio que não é esse valor. Temos que saber se é mesmo este o custo dos aluguéis”, aponta. No entanto, não haveria a necessidade de construção, já que o poder público detém um grande numero de imóveis desocupados na cidade. “Poderiam ser feitas parcerias com a Prefeitura em diversos imóveis. Um exemplo é o prédio de engenharia da UFMG”, declara Gilson.
Lagoinha na década de 1950; imóveis tombados podem ser desapropriados
de ‘Complexo de Faraó’, em que cada legislador quer deixar a sua pirâmide”, afirma o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), que frisa ainda o ganho para as empreiteiras como outra razão para a proposta do prefeito. A mobilidade no entor-
no também deve ser afetada. “Quando você concentra uma dezena de milhares de servidores no mesmo lugar, você compromete a mobilidade, porque todo mundo tem que andar no mesmo lugar na mesma hora”, acrescenta o deputado.
recordar é viver – Brasilinha do Aecinho – Denunciada desde antes da construção, a Cidade Administrativa, onde funcionam atualmente as secretarias estaduais do governo de Minas Gerais, foi anunciada também como forma de economizar dinheiro. Estimada inicialmente em R$ 800 milhões, chegou a custar mais de R$ 1,5 bilhões aos cofres estaduais, conforme denúncias do deputado estadual Rogério Correia. Ele afirma ainda que houve um crescimento de 30,4% nos gastos das Secretarias de Estado, representando um aumento de R$ 528 milhões das despesas de custeio
em 2012. Diversas audiências públicas foram realizadas na Assembleia Legislativa para apurar as denúncias envolvidas na construção. Os 17 mil servidores que se transferiram para o local, em 2010, reclamam de falta de condições de trabalho, como dificuldade de transporte e acesso aos prédios. No começo do ano passado, janelas quebraram e houve problema de inundação, causada pelo rompimento de encanamentos de água. Os trabalhadores cobram ainda resolução para a questão da jornada de trabalho. Reprodução
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Tarifas de bancos: você sabe o que paga? Rafaella Dotta de São João del-Rei Tarifas bancárias sempre dão dor de cabeça na hora de conferir, com siglas e valores que ninguém entende como apareceram. Por isso, muitos usuários andam pagando para os bancos mais do que precisam. O que fazer quando isso acontece? Paulo Soares, que hoje é estudante de Filosofia, diz que não entende o extrato do banco. “Eu sei que pago uma taxa de administração, mas as tarifas eu não sei. Eles me deram uns papéis para assinar e não me explicaram.” Como Paulo, milhões de brasileiros também passam por essa situação. De acordo com a lista de maiores reclamações do PROCON, entre as 10 empresas mais processadas em 2012, seis são bancos. A confusão geralmente
acontece com os chamados “pacotes de serviços”, que vêm com um “pacote de tarifas” a ser pago todo mês. Um ex-bancário que não quis se identificar afirmou que quando trabalhava era forçado a “empurrar” para os clientes serviços que eles não precisavam, para vender pacotes mais caros. O Banco Central do Brasil aprovou, em 2010, uma resolução que padroniza as tarifas de todos os bancos, criando também um grupo de serviços gratuitos. É preciso que o cliente fique de olho, pois os bancos não estão cumprindo essa lei. É direito do cliente pedir quantas explicações forem necessárias. Caso tenha problemas, é indicado procurar o PROCON, o Tribunal de Defesa do Consumidor ou, em último caso, fazer uma reclamação no Banco Central.
Dica: Se você não entendeu alguma coisa, peça ao banco uma declaração por escrito. Em vários estados do Brasil, os bancos já são obrigados por lei a fornecer um documento sobre a recusa ou contratação de um serviço. Em Minas Gerais ainda não é lei, mas os bancos são orientados a fornecer o documento, caso o cliente peça.
Defesa do consumidor
Conta Corrente Serviços gratuitos por mês
Confecção de cadastro para início de relacionamento
Sem limite
Fornecimento de cartão inicial com função débito
Sem limite
Saque
4
Fornecimento de extrato mensal
2
Consultas via internet
Sem limite
Transferência entre contas na própria instituição
2
Conta Poupança Serviços Fornecimento de cartão inicial com função movimentação
Serviços gratuitos por mês Sem limite
Saques
2
Transferência entre contas de depósito de mesma titularidade
2
Extratos com a movimentação dos últimos trinta dias
2
Consultas via internet Transferência entre contas na própria instituição
Greve dos bancários completa três semanas
Em assembleia na última - PROCON Municipal de BH telefone: (31) 156 / e-mail: pro- segunda-feira (7), os bancários de Belo Horizonte rejeicon@pbh.gov.br taram a proposta da Fede- Banco Central do Brasil - tele- ração Nacional dos Bancos, fone: 0800-979-2345 / para de- que oferecia um aumento ficientes auditivos: 0800-642- de 1%. Os bancários pedem um aumento de 6%, contra2345 / www.bcb.gov.br tação de mais profissionais
Serviços gratuitos Serviços
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Sem limite 2
e melhores condições de trabalho. A greve entra em sua quarta semana com 65% das agências paralisadas e não tem perspectivas de acabar. O Sindicato dos Bancários continua realizando ações de protesto em Belo Horizonte e cidades do interior.
Chafik e seu braço direito são julgados pelo Massacre de Felisburgo Após quatro adiamentos, o esperado julgamento de Adriano Chafik Luedy, mandante e executor do massacre em que foram assassinados cinco trabalhadores em Felisburgo, começou na quinta-feira (10). O réu é acusado de atear fogo em 27 casas na escola do acampamento Terra Prometida, do MST, formação de quadrilha, além dos cinco homícios e doze tentativas. Nesta semana seriam julgados três dos quinze pistoleiros contratados pelo latifundiário, porém a defesa pediu a separação dos processos. Assim, Washington Agostinho da Silva receberá a decisão juntamete com Chafik, enquanto outros dois pistoleiros terão o julgamento em janeiro. Após a última audiência, o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes entendeu que Chafik estava agindo de má-fé e decretou sua prisão preventiva.
O TJMG negou três vezes o Habeas Corpus de Chafik, mas dez dias após a prisão, o juiz do STJ Marco Aurelio Bellizze aceitou o pedido. As famílias que moram no acampamento Nova Alegria, onde aconteceu o crime, vivem sob ameaças e foram incluídas no Programa Nacional de Proteção de Defensores de Direitos Humanos. Porém, o fato não parece ter pesado na decisão do ministro, já que sequer aparece em suas considerações sobre o caso. Para garantir que justiça seja feita, 500 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra acompanham o julgamento. O MST acredita que: “independente dos desmandos daqueles que deveriam representar a justiça, finalmente haverá um resultado em favor dos trabalhadores, pois os jurados são do povo e o povo está cansado de injustiça”.
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Policiais civis completam quatro meses de greve MOBILIZAÇÃO Categoria exige aumento do efetivo, promoção e equiparação salarial Rafaella Dotta De São João del-Rei Na última quinta-feira, dia 10 de outubro, a greve dos policiais civis de Minas Gerais completou quatro meses, com a adesão de 70% dos policiais na capital e 80% do interior. Em entrevista, o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol) declarou que até o momento a negociação com o governo não obteve resultados positivos e a greve não tem perspectiva de acabar. As reivindicações dos policiais civis são principalmente três. A primeira pede o aumento do efetivo, com mais contratações, por meio de concursos públicos. A segunda requer que a primeira promoção da carreira aconteça três anos após seu início, quando o policial é efetivado no cargo, e que exista uma promoção a cada oito anos. A terceira é a vincu-
lação de todos os salários dentro da Polícia Civil, em que o menor deles corresponda a um terço do maior salário. A expectativa é que essas demandas se resolvam com a aprovação do Projeto de Lei 23/2012, que está em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Porém, como declara o diretor de mobilização do Sindpol Adilson Bispo, a negociação está muito lenta. Ele acredita que exista uma indisposição do governo com a categoria, que deu tratamento diferenciado para a Polícia Militar nas mesmas questões. A PL 23/2012 está no primeiro turno de votação na ALMG e ainda não tem previsão de data para aprovação. O Sindpol afirma que está tentando agilizar o trâmite, mas lembra que o resultado desta negociação depende da Assembleia Legislativa.
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Policiais civis seguem acampados na Assembleia Legislativa para pressionar aprovação do Projeto de Lei
A luta de Brejo dos Crioulos: entre avanços e criminalização Alexandre Gonçalves De Montes Claros As comunidades do território quilombola Brejo dos Crioulos, localizado no Norte de Minas Gerais, vivem momentos de tensão e também de alegrias, ao verem os resultados de suas lutas. Há 13 anos, os quilombolas, como são chamados os
descendentes dos trabalhadores escravizados que construíram os quilombos de Brejo dos Crioulos enfrentam o desafio da titularização do seu território étnico. O terreno é cobiçado pelos latifundiários, principais opositores dos quilombolas na região. Após inúmeras ações de retomadas do território, através da ocupação das terras, e após se acorLetícia Rocha
Terras foram titularizadas para os quilombolas, mas quatro continuam presos
rentarem, no ano de 2011, na frente do Palácio do Planalto, os quilombolas conquistaram o decreto de desapropriação do Brejo dos Crioulos. Neste mês, cinco grandes fazendas, que na prática já estavam retomadas pelos quilombolas, tiveram imissão de posse conferida ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “A alegria dos quilombolas, temperada com o sabor da vitória vinda de suas mobilizações, sinaliza que estão no rumo certo e os encoraja a seguir adiante, em luta, pois ainda existe um longo caminho até a titularização completa de todo o território étnico”, afirma Paulo Roberto Faccion, da Comissão Pastoral da Terra. Presos injustamente Os quilombolas de Brejo dos Crioulos passam, ao mesmo tempo, por momento de tristeza pela injustiça, criminalização e perse-
guição política contra quatro de seus parentes, presos há mais de um ano na cadeia pública de São João da Ponte. Eles são acusados de
Cinco fazendas retomadas pelos quilombolas tiveram imissão de posse conferida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária participação no homicídio de um jagunço, integrante de milícia armada, com histórico de tentativas de homicídios, inclusive contra um quilombola, ocorrido durante uma das retomadas do território. “A denúncia e a prisão dos quatro quilombolas são frutos de articulações dos latifundiários da
região, que manipulam os depoimentos dos familiares da vítima, únicas testemunhas, mantendo-os sob seu controle e sob suas orientações”, denuncia o advogado Élcio Pacheco. Os familiares, entidades de apoio e os advogados que acompanham o caso defendem que os quilombolas sejam submetidos a julgamento perante júri popular, como já definido pela Justiça. Essas mesmas organizações consideram uma injustiça o Poder Judiciário mineiro mantê-los encarcerados há mais de ano, sem motivo para tanto. “Em casos outros, como o do massacre de Felisburgo, no qual cinco sem-terra foram assassinados, o fazendeiro acusado e réu confesso, Adriano Chafik, responde ao processo em liberdade”, destaca o advogado Roberto Rainha, da Rede Social de Direitos Humanos.
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Plebiscito popular para reduzir a conta de luz PARTICIPAÇÃO Organizações pretendem coletar 1 milhão de votos para pressionar a queda da tarifa Rafaella Dotta De São João del-Rei No dia 19 de outubro começa, em todo o estado de Minas Gerais, o Plebiscito Popular, consulta que vai perguntar à população mineira o que ela acha do preço da conta de luz. As mais de 100 organizações que constroem o plebiscito esperam recolher 1 milhão de votos e entregá-los ao governo do estado, com a intenção de diminuir o preço da energia. O Plebiscito Popular começou a ser construído em janeiro deste ano, através de reuniões e cursos para estudar por que a conta de luz é tão alta em Minas Gerais. Jefferson Leandro, que é diretor do Sindicato dos Eletricitários de MG e também está na organização do Plebiscito, diz que o que mais encarece a conta é a cobrança de um imposto estadual chamado ICMS. O Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) equivale a 42,86% da conta de energia. Uma família que paga uma conta de R$100, por exemplo, está pagando R$ 30 de imposto, que incide sobre a energia. Os organizadores do Plebiscito Popular explicam que se o governo cobrar o ICMS também das grandes empresas, o imposto poderá ser reduzido da conta dos consumidores residenciais.
O que o Plebiscito Popular vai perguntar? Plebiscito é um mecanismo de consulta à população para saber se os cidadãos aprovam ou rejeitam determinada questão. Neste, as perguntas serão: - Você concorda que o governo de MG deve reduzir o ICMS, que representa 42% da conta de luz, para 14% (como é em São Paulo e no Distrito Federal)? - Você concorda que a CEMIG deve reduzir em 50% (no mínimo) a tarifa de energia para o povo de MG?
É preciso que o votante apresente um documento de identificação, que pode ser: CPF, título de eleitor, carteira de motorista, de trabalho, de identidade ou outro. Serão aceitos votos de todos os eleitores brasileiros.
Onde votar? A votação será realizada entre os dias 19 e 27 de outubro. As urnas ficarão em lugares acessíveis, como igrejas, sindicatos e praças, e também serão levadas a bairros afastados do centro, nas chamadas urnas volantes. Em Belo Horizonte, já existe confirmação de locais onde haverá votação. Urnas fixas: Praça da Estação, Praça Sete, PUC, UFMG (Centro e Pampulha) e sindicatos. Urnas volantes: Barreiro, Regional Leste, Regional Oeste, Regional Noroeste, Venda Nova e Centro. O Plebiscito Popular também acontecerá em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, como: Betim, Contagem, Florestal, Igarapé, Ibirité, Lagoa Santa, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano. Mais informações sobre locais de votação ou como organizar o Plebiscito Popular na sua cidade, acesse www.plebiscitopopularmg.wordpress.com ou ligue para (31) 32285000
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A energia para residências é dez vezes mais cara que a energia vendida para grandes empresas.
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O preço da energia aumentou 120% a mais que a inflação nos últimos 15 anos.
3
O atendimento da CEMIG está piorando. O tempo para religamento de energia aumentou 33% nos últimos oito anos.
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Quem paga é o povo: o lucro da CEMIG foi de R$4,2 bilhões em 2012.
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Serviços essenciais deveriam ter menos imposto. Enquanto a energia tem 42% de imposto, as jóias tem imposto de apenas 5%.
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As residências de MG pagam o imposto mais caro do Brasil.
*informações retiradas da cartilha de Formação do Plebiscito Popular
Cemig persegue eletricitários Trabalhadores eletricitários estão sendo ameaçados pela Cemig por fazerem denúncias contra a empresa. Segundo Jefferson Leandro, diretor do Sindicato dos Eletricitários de MG, a Cemig contratou militares reformados para fazerem perseguições. Um dos eletricitários relatou que foi colocado em uma sala e intimida-
fatos em foco Urgência da mineração A presidente Dilma Rousseff retirou o caráter de urgência constitucional para a tramitação do projeto que estabelece o novo código da mineração, no final de setembro. Com a urgência, a proposta do código da mineração trancava a pauta da Câmara dos Deputados e impedia a votação de outras matérias. A decisão foi tomada após o compromisso de que o novo código fosse votado até 15 de outubro. Porém, alguns parlamentares argumentam que o tema é muito polêmico e complexo para ser analisado com tanta pressa. Assim, o relatório final do novo Código de Mineração deve ser apresentado até 6 de novembro.
BB e Caixa na mira da privatização de Aécio
O que levar para votar?
6 razões para baixar a conta de luz*
minas | 07
do a parar com as denúncias. Os militares contratados aparecem em reuniões e fotografam, filmam e gravam conversas. Os trabalhadores se dizem indignados com a atitude da empresa, mas afirmam que não vão parar com as ações. Estão desde o início e continuarão construindo o Plebiscito Popular.
Aécio Neves participou de uma conferência sobre investimentos, realizada em Nova York, como palestrante principal. O pré-candidato tucano tem defendido toda e qualquer privatização realizada de 1995 a 2002, mesmo a polêmica venda da Vale a preço pífio, subavaliada. Em sua palestra, Aécio não chegou a prometer diretamente privatizar a Caixa e o Banco do Brasil, mas não faltaram indiretas quando criticou os governos Lula e Dilma por terem descontinuado pilares da política econômica de FHC e por fazerem o que ele chamou de “intervenção estatal”, provavelmente se referindo à interrupção da privatização do controle acionário de empresas estatais estratégicas.
Estudantes prometem movimentar MG A União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais lança, no dia 11 de outubro, a campanha “Virada Estudantil”, como parte do Plebiscito Popular pela redução da conta de luz. A campanha vai acontecer em 26 cidades e promete arrecadar 100 mil votos dentro de dezenas de universidades e faculdades mineiras.
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Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
Acompanhando
Foto da semana
Gil Sotero
Na edição 7... BHMorar não vai resolver problema de moradia em BH e agora...
“Há vários dias o Ribeirão Arrudas na Andradas estava cheio de lixo. Nada da prefeitura limpar. Agora veio a chuva e carregou tudo. E para onde vai esse lixo? Enchentes chegando.” Gil Sotero, jornalista e cicloativista
Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato
Adília Nogueira Sozzi
Gustavo Bones
Direitos urbanos
Desvios do Fundo de Cultura
Um rápido retrato dos centros urbanos brasileiros nos permite observar que a expansão da ocupação territorial se dá de forma desigual e segregada. A cidade é articulada em funcionais espaços a fim de possibilitar a produção, a circulação e reprodução das relações sociais e econômicas do capitalismo. As pessoas organizam-se dentro dessa lógica e o próprio espaço das cidades se transforma em mercadoria que são é consumida pelas diferentes classes sociais. O espaço urbano passa então a ser, como nos ensina Lefebvre, o local onde se materializam os conflitos de classes, lugar dos enfrentamentos e confrontações, unidade das contradições. Assim, encontram-se nas cidades sujeitos capazes de desvendar nas máscaras sociais do espaço as contradições sociais determinantes, lutando pelo direito à moradia, direito à saúde, direito ao trabalho, à educação, infraestrutura, gestão democrática, enfim, o direito à cidade. As normas constitucionais referentes à propriedade esta-
beleceram uma nova compreensão sobre seu regime, subordinando-a ao cumprimento da função social. Para assegurá-lo foi previsto, por exemplo, a cobrança do IPTU progressivo sobre áreas urbanas não utilizadas. Também na Constituição Federal é disposto o instrumento da desapropriação, que deve incidir em todos os imóveis que descumprirem as determinações fundamentais do Plano Diretor, que deve ser elaborado conforme diretrizes do Estatuto das Cidades e com ampla participação da população. A participação popular abre possibilidades de constituição de novas relações dentro da sociedade referentes ao exercício do poder. O direito à idade é demanda que pulsa no cenário social, pois as cidades têm um grande papel na criação dos fermentos que conduzem a ampliar o grau de consciência do povo. Adília Nogueira Sozzi é advogada e integra a Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap)
A Secretaria de Estado da Cultura divulgou a lista de projetos aprovados no Fundo Estadual de Cultura de 2013. Foram 153 projetos selecionados na modalidade Não Reembolsável (sendo 136 para o interior e 17 para a capital) num investimento de R$ 6,5 milhões; e apenas um projeto selecionado na modalidade Financiamento Reembolsável. O Fundo Estadual é uma forma de financiamento diferente das chamadas Leis de Incentivo, pois aplica verba pública diretamente na cultura, sem ter que passar pelo crivo das diretorias de marketing. Deveria ser destinado a artistas e grupos sem viés mercadológico, a práticas com alto valor estético ou social, de interesse público, que não arrecadam fundos por meio da iniciativa privada. Destaco que 63 dos 136 projetos aprovados para o interior são destinados a prefeituras ou equipamentos municipais. Ou seja, cerca de 50% dos (parcos) recursos são utilizados em equipamentos que o próprio Estado deveria man-
ter, preservar e qualificar. Ora, se as prefeituras necessitam de verba, o governador deve criar um plano estratégico para isso, algo distinto do mecanismo existente para financiar a cultura popular. Pelo menos 6 dos 17 projetos aprovados para a capital são de proponentes que certamente conseguiriam verba com alguma grande empresa. Yara Tupinambá, Grupo Galpão, Savassi Festival: New York e Grupo Corpo são alguns dos contemplados. O Instituto Cultural Amilcar Martins, cujo nome é uma homenagem ao pai do político do PSDB (também diretor da instituição), receberá R$ 100 mil para seu projeto de “Manutenção e Atividades Permanentes”. Isso prova que, do jeito que estão, o Fundo Estadual e a política cultural de Minas mantêm privilégios, reforçam desigualdades e negam o povo como protagonista da cultura. Gustavo Bones é ator, integrante do grupo espanca! e articulador do Movimento Nova Cena
Na última quarta-feira, representantes das ocupações Rosa Leão, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Zilah Spósito e Eliana Silva ocuparam a sede da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) para cobrar que a Prefeitura assuma os compromissos assumidos com as comunidades. “Está em curso um processo de ofensiva contra as ocupações, com o despejo na Rosa Leão, e agora também no Cafezal. Se tem esse programa BHMorar era pra ter casa para as pessoas, né?”, questiona Leonardo Péricles, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Outra reunião foi marcada entre a Urbel e os movimentos, para sexta-feira (11).
Na edição 7...
Impunidade se arrasta e agora...
O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica filiou-se ao PMDB no começo deste mês. Ele confirmou que sairá candidato a deputado estadual no ano que vem. Mânica é um dos acusados de mandante da chacina de Unaí, quando três auditores-fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego foram mortos a tiros. Para Mânica, o julgamento não terá reflexo na campanha. Três acusados de serem os executores foram julgados e condenados em agosto pela Justiça Federal de Minas Gerais. O julgamento dos irmãos Mânica aguarda decisão judicial em relação à cidade onde será realizado.
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“A candidatura de Campos e Marina pode servir ao neoliberalismo” POLÍTICA Professor de ciência política analisa o impacto da entrada de Marina no PSB no cenário nacional e estadual Reprodução
Juarez Guimarães
Joana Tavares de Belo Horizonte A decisão da ex-ministra Marina Silva de se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), ao lado do atual governador de Pernambuco e possível candidato a presidente, Eduardo Campos, bagunçou as análises para as eleições do ano que vem. Para além de mudanças no tabuleiro eleitoral, restam dúvidas sobre o impacto dessa decisão no plano político, de projetos para os estados e para o país. Já que os dois se colocam como alternativas à polarização PT-PSDB, fica a dúvida no caso de Minas Gerais, onde o prefeito Marcio Lacerda, do PSB, há tempos se posiciona ao lado do PSDB de Aécio. Para analisar o cenário a partir dessa novidade, o Brasil de Fato MG entrevistou o professor de Ciência Política da UFMG Juarez Guimarães, que também faz parte de um grupo que discute a conjuntura na Fundação Perseu Abramo. Brasil de Fato - O que sinaliza a entrada da Marina no PSB em termos de projetos partidários? Juarez Guimarães Penso que vai sendo criada uma grande distância entre o discurso e a prática da Marina. Se
a sua saída do governo Lula sinalizava uma crítica à pouca inserção da agenda ecológica, uma crítica que tinha uma certa razão, o processo da construção da sua candidatura em 2010 se deu em um partido que de verde não tem nada, apesar do nome. Sua trajetória em 2010 foi marcada pelo que chamamos de um ‘ecoliberalismo’, isto é, uma articulação da agenda ecológica com empresários, o que
“Não é democrático uma dirigente decidir, pessoalmente, em nome de dezenas de milhares de seguidores” não é uma alternativa para a construção segura de um programa ecológico. No período recente, ela se encaminhou para criar um novo partido, caracterizando esse partido como de ‘novo tipo’, que não teria os defeitos e vícios do sistema político brasileiro. No entanto, depois ela optou por entrar no PSB. Ora, não é democrático uma dirigente decidir, pessoalmente, em nome de dezenas de milhares de seguidores uma questão tão importante, sem sequer consultar a sua base. Isso é o que se faz na
política mais tradicional no Brasil. Em segundo lugar, a entrada no PSB nos parece uma atitude marcada pelo pragmatismo, em que a agenda ecológica, que é a identidade dela, foi secundarizada, já que o PSB não tem nenhuma plataforma nessa área, tendo inclusive apoiado, massivamente, o Código Florestal proposto pelos ruralistas. O que faz a Marina em um partido apoiado por Ronaldo Caiado? Qual a coerência disso? Tanto o PSB como a Marina se colocam como uma alternativa, uma terceira via, uma opção ao governo petista. Como o senhor avalia isso, considerando o apoio de grandes empresas, como o Itaú e a Natura, a essas candidaturas? Penso que essa narrativa produzida tanto pelo Campos como pela Marina, de construir uma terceira via, entre o PSDB e o PT, merece ser melhor qualificada. A ideia de que o FHC e o Lula teriam produzido avanços para o Brasil não nos parece correta, porque retira do centro da conjuntura o posicionamento contra o neoliberalismo. A ideia de que FHC trouxe a estabilidade econômica não se confirma com os fatos. Houve uma certa estabilidade monetária no início do Pwlano Real, mas no segundo mandato Fernando Henrique teve que ir ao FMI pegar empréstimos, aumentando enormemente a dívida pública. Não havia propriamente uma estabilidade econômica. Essa tentativa de diluir o posicionamento crítico ao neoliberalismo não nos parece sólida, coerente. Uma outra coisa seria elaborar um programa que cobrasse mais avanços do governo Dil-
ma, no sentido de aprofundar a sua dinâmica antineoliberal. Mas não é isso que Eduardo Campos e Marina têm feito. Pelo contrário, têm proposto mais diálogo com empresários na economia e aderido a um certo discurso antipetista muito bem-vindo na mídia conservadora.
“O que faz a Marina em um partido apoiado por Ronaldo Caiado? Qual a coerência disso?” A candidatura Eduardo Campos-Marina é neoliberal? Penso que não é caracterizadamente neoliberal, mas pode ser instrumentalizada e pode servir a esses interesses. Como ela não tem uma base política nacional, nem uma base social constituída, pode, no processo, se tornar o estuário dos posicionamentos dos grandes bancos, dos financistas, da mídia conservadora. Pode, no processo, representar esses setores, que estão buscando toda alternativa possível para derrotar a candidatura Dilma. Como essa aliança de Marina com o PSB pode se refletir em Minas, onde está consolidada a parceria do partido do prefeito com o PSDB de Aécio? Penso que a candidatura Aécio Neves, que passa ainda por um momento de consolidação, sofreu, com a entrada da Marina no PSB, um revés, fruto de suas conquistas parciais. Isto é, Aécio estava propondo um mutirão das oposições contra a candidatura Dilma. Assim, ele presumia que a
dele poderia ir para o segundo turno. Mas a entrada da Marina torna a candidatura do Eduardo Campos mais forte, competindo com a candidatura de Aécio, potencialmente para o segundo turno. Isto está provocando mudanças importantes nas coalizões estaduais. Antes, havia a possibilidade de o PSB oferecer a vice candidatura para o PSDB, em estados como São Paulo e Minas. Formariam, assim, um duplo palanque, em apoio tanto a Campos como a Aécio. Agora, o PSDB parece que está recuando dessa proposta, com receio de perder votos das suas duas bases principais. Por outro lado, a candidatura Campos está mais ciosa de ter candidatos competitivos nesses estados. Qual poderia ser um candidato do PSDB em Minas, nessa nova configuração, sem o Lacerda? O que o Aécio está fazendo é esperar o quadro nacional se definir para determinar a candidatura do governo de Minas. A avaliação que ele tem é de que sua candidatura a presidente e a
“Marcio Lacerda hesitará muito em assumir uma candidatura ao governo em confrontação com Aécio” provável candidatura de Anastasia ao Senado forneceriam uma chapa suficientemente forte para puxar uma candidatura ao governo do estado, a ser referendada no momento oportuno por Aécio. Como esse cenário po-
de impactar na política municipal, considerando a Marina foi muito bem votada em Belo Horizonte, onde há um repúdio à administração de Lacerda, do PSB? Penso que o cálculo do Lacerda era ser candidato ao governo, com o apoio do Aécio, no caso de Campos não ser candidato a presidente. Nesse atual cenário, creio que Lacerda – que é alguém que pensa em sua carreira, em seu poder pessoal, não nos interesses populares – hesitará muito em assumir uma candidatura ao governo em confrontação com Aécio, dado que o PSB não tem base estruturada no interior de Minas. Em 2014, vamos ter provavelmente uma candidatura do Pimentel pelo PT – que não é um candidato legitimado pelos movimentos populares – uma possível candidatura do PSDB e talvez do Marcio Lacerda, ou uma aliança entre os dois. Que alternativa se coloca então para a esquerda nesse cenário? Temos em Minas dois grandes desafios, que estão conjugados. O desafio de derrotar a candidatura neoliberal, no plano nacional, e derrotar esse ciclo de governos neoliberais no estado. Temos também o desafio de construir um programa de mudanças sociais, a partir do qual seja possível reivindicar dos candidatos em oposição ao neoliberalismo que se posicionem e assumam ao menos parte desse programa. É preciso construir uma nitidez da oposição ao neoliberalismo.
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Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013 Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Indígenas protestam contra maior ofensiva em 25 anos EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO Manifestações nacionais chamam a atenção para os recentes ataques aos direitos indígenas por parte do Congresso e do governo federal Igor Ojeda de São Paulo (SP) No dia 5 de outubro, a promulgação da Constituição Federal de 1988, chamada por muitos de “cidadã”, completou 25 anos. O texto, elaborado com o objetivo de passar uma borracha no período da ditadura civil-militar que se encerrava, é considerado avançado e garantidor de direitos, embora, muitas vezes, suas determinações não sejam respeitadas ou aplicadas. A ameaça recente a um de seus artigos, porém, vai além do mero não cumprimento. A intenção é destruí-lo. Quem faz o alerta são os indígenas reunidos em
torno da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que, entre os dias 30 de setembro e 5 de outubro, realizaram uma série de manifestações em protesto e em defesa da Constituição. O artigo em questão é o 231, que assegura o direito “imprescritível” dos povos indígenas sobre suas terras. Os indígenas protestam contra o que chamam de “ataque generalizado aos direitos territoriais dessas populações por parte do governo, da bancada ruralista no Congresso e do lobby de grandes empresas de mineração e energia”. A Apib denuncia uma “ofensiva legislativa sendo
promovida pela bancada ruralista”, que “afronta, inclusive, acordos internacionais assinados pelo Brasil, como a Convenção 169 da OIT e a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas”. Segundo eles, no entanto, “o próprio governo federal tem mantido uma conduta omissa,, em relação aos direitos dos povos e conivente com os interesses dos ruralistas e do latifúndio, nossos inimigos históricos, que, durante o ano passado, aprovaram um novo Código Florestal adequado aos próprios interesses e, este ano, pretendem aniquilar direitos indígenas ao território”. De maneira geral, ava-
Cristiano Novais/Folhapress
Protesto no Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo (SP), contra a PEC 215
liam os indígenas e seus apoiadores, a maioria dessas propostas e medidas busca evitar o processo de reconhecimento e demarcação de terras de povos originários ou abri-las para a exploração por terceiros.
“Os povos indígenas sofrem o maior ataque desde a promulgação da Constituição, há 25 anos. A bancada ruralista quer de todas as formas limar os direitos garantidos, visando explorar os territórios indígenas e aten-
der ao interesse do agronegócio, atender mesmo ao capitalismo. Tudo isso, claro, é o Congresso alinhado ao Poder Executivo”, alerta Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Apib. (da Repórter Brasil)
Monumento à resistência do povo Guarani OPINIÃO Por um dia, o Monumento às Bandeiras “deixou de ser um monumento em homenagem a genocidas” APIB
Marcos dos Santos Tupã Para nós, povos indígenas, a pintura não é uma agressão ao corpo, mas uma forma de transformá-lo. Nós, da Comissão Guarani Yvyrupa, organização política autônoma que articula o povo Guarani no sul e sudeste do país, realizamos no último dia 2 de outubro, na avenida Paulista, a maior manifestação indígena que já ocorreu em São Paulo desde a Confederação dos Tamoios. Mais de 4 mil pessoas ocuparam a Paulista, sendo cerca de 500 delas nossos parentes, outras 200 de comunidades quilombolas e mais
de 3 mil apoiadores não -indígenas, que viram a força e a beleza do nosso movimento. Muitos meios de comunicação, porém, preferiram noticiar nossa manifestação como se tivesse sido uma depredação de algo que os brancos consideram ser uma obra de arte e um patrimônio público. Saindo da Paulista, marchamos em direção a essa estátua de pedra, chamada de Monumento às Bandeiras, que homenageia aqueles que nos massacraram no passado. Lá, subimos com nossas faixas e hasteamos um pano vermelho, que representa o sangue dos nossos antepassados, que foi derramado pelos ban-
“Ao menos por um dia, o monumento deixou de ser pedra e sangrou”, disse uma liderança Guarani
deirantes, dos quais os brancos parecem ter tanto orgulho. Alguns apoiadores não -indígenas entenderam a força do nosso ato simbólico e pintaram com tinta vermelha o monumento.
[...] Ela deixou de ser pedra e sangrou. Deixou de ser um monumento em homenagem aos genocidas que dizimaram nosso povo e se transformou em um monumento à nossa resistência. [...]
A tinta vermelha que, para alguns de vocês é depredação, já foi limpa e o monumento já voltou a pintar como heróis, os genocidas do nosso povo. [...] Esse monumento, para
nós, representa a morte. E para nós, arte é a outra coisa. Ela não serve para contemplar pedras, mas para transformar corpos e espíritos. Para nós, arte é o corpo transformado em vida e liberdade e foi isso que se realizou nessa intervenção. Aguyjevete pra todos que lutam! Abaixo à PEC-215, ao PLP 227 e a todos os projetos anti-indígenas do Congresso ruralista! Pela demarcação de todas as terras indígenas do povo Guarani e dos demais povos indígenas do Brasil! Marcos dos Santos Tupã, 43, é liderança indígena e Coordenador Tenondé da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY)
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Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
STF é uma caixa preta, afirma cientista político DEMOCRACIA Professor defende que setores representativos da sociedade devem participar da escolha de magistrados. O Supremo Tribunal Federal (STF) se envolveu em polêmicas nos últimos tempos, com o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como mensalão, e o debate sobre o tempo de mandato, indicações e salários dos ministros. Para o cientista político e historiador Francisco Fonseca, o STF é “uma caixa preta” e “em uma reforma de Estado é preciso rever o processo” de funcionamento
do Poder Judiciário brasileiro. “Os juízes são, de modo geral no país, uma categoria social pouco controlada democraticamente e muito fortemente marcada por interesses homogêneos”, avalia Fonseca. Atualmente, a indicação de ministros para compor o STF é feita pela presidência da República. Ou seja, cada vez que um dos onze ministros da Casa morre ou se aposenta, o presidente
indica o nome de uma pessoa, que deve ter notório saber jurídico, para integrar o tribunal. “É um sistema ruim, porque a indicação está muito colada ao chefe do Executivo. A sociedade não é ouvida ou é ouvida de uma maneira muito parcial”, avalia Fonseca, que também é professor no curso de Administração Pública e Governo na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV/SP).
A indicação é discutida pelo Senado, que aprovou todas as escolhas do Executivo. Nesse processo, são consultadas apenas instituições jurídicas, sem interlocução com a sociedade como um todo. Para ele, mudanças precisam ser debatidas para haver uma consulta mais ampla, já que o sistema jurídico interfere em toda a sociedade. “Nós temos que avançar para consultas ins-
titucionais, com movimentos sociais, com os diversos interesses representantes da sociedade, que formulam uma lista de indicações”, defende. De acordo com Fonseca, as indicações de ministros nordestinos, mulheres e um negro feitas pelo presidente Lula foram um avanço, mas ainda limitado. Ele pontua que a diversidade deve ser levada também a outros órgãos da Justiça.
“O Poder Judiciário é constituído por uma maioria de brancos de classe média do Sul e Sudeste do país. E o Brasil não é assim. É necessária uma ampliação radical e profunda dos interesses sociais para que as indicações, sobretudo, dos magistrados superiores - Tribunal de Justiça, Supremo e outros - tenham de fato um caráter mais representativo”, afirma.
Divergências marcam debate sobre tempo de mandato de ministros O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que os ministros do STF tenham um tempo limite de mandato. Atualmente, os ministros da Corte têm um limite etário para ficar no cargo, uma espécie de aposen-
tadoria, sendo esse limite de 70 anos de idade. “É preciso que a gente decida a questão do Supremo. Se vai ter mandato ou não, se vai ser 75 anos, se vai ficar como está. Porque senão as pessoas ficam 40, 35 anos. É
uma coisa que tem que ser discutida”, afirmou Lula. O ministro do STF Gilmar Mendes rechaçou a proposta. “Alguém que é indicado com 65 anos aqui, tem um mandato. No máximo, ficará cinco
anos”, disse. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, declarou que o “ideal” seria ter um mandato “longo, mas delimitado”. Porém, ele acredita que o Brasil não se deve “mexer num dos pilares desta democracia”.
S O Ê D A C , A I S A ANAST
S E Õ H L I B 8 R$ O Ã Ç A C U D E DA
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Para Francisco Fonseca, professor da FGV/SP, é saudável estabelecer um limite de mandato no STF. “Teríamos um maior rodízio e maior oxigenação do pensamento”, avalia. Ele aponta que a sociedade brasileira tem se
transformado vertiginosamente, com todo o universo digital, as novas formas de comportamento e de família. “Há uma diversidade muito grande na sociedade brasileira, que não está presente no Supremo”, afirma. (VF)
10 12 || mundo mundo
Rio Janeiro, de deoutubro outubro 2013 Belode Horizonte, de10 11 aa 16 17 de de de 2013
O assassinato de Kadafi e a tragédia de Lampedusa DRAMA DA IMIGRAÇÃO A invasão da Líbia por parte das tropas da OTAN se transformou em uma verdadeira tragédia para os imigrantes africanos que estavam trabalhando no país Reprodução
Achille Lollo de Roma (Itália) No dia 5 de outubro, o governo italiano enviou a Lampedusa a ministra da Integração para fazer o balanço da tragédia: 363 africanos mortos no mar. A seguir, o presidente da República mandou baixar a bandeira nacional nos prédios públicos para homenageá-los. Porém, dois dias depois, tudo voltou como era antes: o Parlamento Europeu não agendou o debate sobre os programas para financiar a integração dos imigrantes na União Europeia, enquanto o governo repassava para a ONU o ônus dos imigrantes africanos.
Todos esses africanos vêm, na maioria, de países destruídos por guerras civis (Somália, Eritreia, Sudão), ou pela pobreza (Mali, Níger, Chade, Egito, Tunísia, Marrocos) Mais do que isso, nenhum parlamentar “progressista” do partido do governo tomou a iniciativa de lançar uma proposta de lei para anular a Lei Bossi-Fini, que penaliza com prisão e deportação os imigrantes considerados clandestinos. Uma lei que não faz nenhuma distinção entre as pessoas que fogem de conflitos e aquelas que vêm de situações conjunturais dramáticas. Uma lei que serve
FATOS EM FOCO
No Vietnã, morre Giap O general vietnamita Vo Nguyen Giap, estrategista militar e comandante das históricas vitórias bélicas contra o colonialismo francês e o imperialismo dos Estados Unidos, morreu no último dia 4, aos 102 anos. Por anos, suas táticas guerrilheiras inspiraram combatentes no mundo inteiro. A admiração por Giap era universal, mesmo entre aqueles que o combateram.
Cólera no Haiti
Nova tragédia em Lampedusa: 363 africanos mortos no mar
apenas aos interesses da União Europeia e que os governos italianos introduziram em suas instituições, esquecendo que essa mesma Itália foi um país que, de 1870 até 1964, inundou o mundo com imigrantes pobres, analfabetos e teimosos por querer trabalhar e, assim, construir um mundo melhor. Fato é que a tragédia de Lampedusa não foi a primeira e nem será a última. Relatórios da ONU indicam que “oficialmente”, nos últimos cinco anos, cerca de 6 mil imigrantes morreram afogados – um número que não calcula as vítimas de barcos menores que desaparecem no meio do Mar Mediterrâneo antes de chegarem perto das praias da Sicília, marco fronteiriço da União Europeia desde que a Lei Bossi-Fini foi aprovada. Imigrantes africanos A invasão da Líbia por
parte das tropas da OTAN e a destruição do modelo institucional criado por Kadafi, a Jamayria, se transformou em uma verdadeira tragédia para os imigrantes africanos que estavam trabalhando na Líbia. Um contingente que somava cerca de 1 milhão de homens, além de 200 mil mulheres. Os vencedores começaram a praticar uma autêntica limpeza étnica, acreditando que os imi-
grantes africanos se juntariam aos fiéis de Kadafi. Depois vieram as prisões em massa. Calcula-se que nas prisões e nos ditos “campos de controle” há, ainda, cerca de 150 mil africanos. Outros 400 mil foram reintegrados nos trabalhos humildes e braçais que os líbios se recusam a fazer. Cerca de 50 mil foram mortos durante a dita libertação, enquanto outros Reprodução
Dos 518 que embarcaram na Líbia, apenas 155 sobreviveram
200 mil foram obrigados a sair pelas fronteiras do sul em direção ao Sudão, à Eritreia, a Chade e a Mali, passando do mal para o pior. Restam na Líbia, aproximadamente, menos de 400 mil africanos que, desde janeiro de 2012, tentam desesperadamente atravessar o canal da Sicília para fugir de um país que virou um inferno. Todos esses africanos – que pagam de 2.000 até 3.500 euros por um lugar em velhos barcos de pesca superlotados – vêm, na maioria, de países destruídos por guerras civis (Somália, Eritreia, Sudão), ou pela pobreza (Mali, Níger, Chade, Egito, Tunísia, Marrocos). Todos eles já pediram vistos de entrada nos consulados e nas embaixadas dos países da União Europeia, dos EUA e do Canadá. Mas seus pedidos foram sempre rejeitados.
Vítimas de cólera no Haiti entraram ontem (9) com um processo na Justiça Federal de Nova York, em que acusam a ONU de provocar a epidemia da doença no país em 2010. Eles alegam que, desde outubro de 2010, quando a ONU “contaminou o principal rio do Haiti com dejetos humanos infectados com cólera, a doença matou mais de 8.300 pessoas, deixou mais de 650 mil doentes e continua a matar cerca de 1.000 haitianos por ano”.
Londres e Teerã O Reino Unido iniciou diálogos diplomáticos com o Irã a fim de reabrir sua embaixada em Teerã. Em novembro de 2011, Londres fechou suas representações diplomáticas no Irã e ordenou aos diplomatas iranianos que deixassem o Reino Unido. Esse movimento veio três dias depois de o parlamento de Teerã votar pelo fim dos laços diplomáticos com os britânicos. Os iranianos reagiam às sanções impostas pelo primeiro-ministro David Cameron contra o Banco Central do Irã por conta do programa nuclear desenvolvido pelo governo.
variedades | 13
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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© Revistas COQUETEL 2013
O gol, para o atacante (fut.) Ator brasileiro de "Ca(?) de reservista: Sem (?): randiru" atesta o cumprimento e "300" do serviço militar inédito
Relativos a dinheiro "(?) Brasil", programa
A NOVELA COMO ELA É
Ponto turístico carioca na Floresta da Tijuca, era o local de almoço campestre da Rio que banha o Cairo nobreza
Endereço da loja virtual (internet)
Pedido de revisão de decisão judicial
Gênero musical dos Racionais MCs
Cidade Cartão (?), PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
natal de Paulo
O gol, para o atacante (fut.) (Bíblia) Ator brasileiro de "Ca(?) de reservista: Sem (?): randiru" atesta o cumprimento e "300" do serviço militar inédito
(?) Público: fiscaliza o cumprimento das leis
(?)-USP: primeira escola de Engenharia do Estado de São Paulo
Ritual de entrada na universidade São fonte de diversão em cassinos e podem envolver dados, roleta ou baralho
digital
(Bíblia)
A ave que participa de torneios de canto (?)-8, (?) Público: fiscaliza oA primei-grupo dos países cumprimento das leis ra vogal ricos Matéria de jornal
Estúpido (fig.)
Ser, em inglês Anseio do ganancioso
dão-doce se asse-
Dentro melha de, em francês
Arma portátil em forma de tubo
Capacitar
Ser, em
Rio Grande do Sul (sigla)
inglês A força Anseio do "mágica" ganancioso da benzedeira
Dentro de, em francês
Emprego; aplicação Dígrafo de "osso"
(?) pois, expressão típica de Portugal
Capacitar A força "mágica" da benzedeira
Emprego; aplicação Título Dígrafo britânico de "osso" Tecido Título de britânico casacos Tecido de casacos
São fonte de diversão em cassinos e podem envolver dados, roleta ou baralho
Arma portátil em forma de tubo
Titânio (símbolo) Siga em frente
A região Lençóis Rio dos MaraElementodonhenses Grande natural a Sul que(sigla) o algo-
A ave que participa de torneios de canto A primeira vogal Matéria de jornal
Ritual de entrada na universidade
Vale a pena falar de novela?
Reprodução
(?) pois, expressão típica de Portugal
BANCO
2/be. 4/dans — poli. 7/recurso. 10/ministério —precedente. precedente. 2/be. 4/dans — poli. 7/recurso. 10/ministério — 15/mesa15/mesa do imperador.do imperador. 46
M E N T E R I O S L A O R S D E R I O C T I U V E M R A P S B E O T A R RE Z A O U D S T R I C O S D E A Z A R
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Nas bancas e livrarias
P R M O D OS R M I G P O S A S N T O R J O
para mudar de pensar sua maneira de pensar
46
Solução
P R E U V M O N R DA OS R A S M I N O GT P OR EL S OA S N IA R T R A O ZT R I J O GO
50 Desafios para mudar 50 Desafios sua maneira
Solução
GO
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musical dos Racionais MCs
(?)-USP: primeira escola de Engenharia do Estado de São Paulo
digital Ponto turístico carioca na Floresta da Tijuca, era o local de almoço campestre da Rio que banha o Cairo nobreza
Estúpido (fig.) Titânio (símbolo) A região dos Lençóis MaraSiga em Elemento nhenses frente Endereço Pedido de natural a da loja revisão de que o algovirtual decisão (internet) judicial dão-doce Cartão (?), seCidade asseitem da natal de melha câmera Paulo
(?)-8, grupo dos países Relativos ricos Gênero
a dinheiro "(?) Brasil", programa
item da
© Revistas COQUETEL câmera2013
Já estamos conversando há algumas semanas. Meus amigos que acompanham este espaço de bate-papo me perguntaram outro dia por que falar de novela. Fiquei pensando que desde criança vemos novela. Tem 50 anos que elas passam na TV. O cardápio de histórias é vasto: as infantis, as de amor, as mexicanas (eu adoro!), as de época, as de ficção científica, as de praia. É como a vida das pessoas, diversa. Porque a novela fala do que ocorre na vida, ou inventa a partir de fantasias da vida. Um tema comum nas novelas é a interação dos diferentes
grupos sociais. Nas românticas, por exemplo, a mocinha pobre e o mocinho rico se apaixonam e vivem o drama da relação socialmente reprovada. Tem também as histórias da relação do patrão e do empregado que enreda dominação, assédio moral, humilhação, traição. Tem os coronéis do campo e as madames cariocas. O que está em jogo nesses folhetins vai desde a reprodução – ou fortalecimento - das assimetrias de poder na sociedade, até, de vez em quando, um mínimo esforço de provocar a desconstrução de ideologias que circundam. As novelas provocam a gente. Projetamos nossas vidas, tra-
mas familiares, paixões e frustrações nas suas histórias. Envolvemo-nos com os personagens e suas vidas. E muitas vezes, confundimos a ficção com a nossa realidade. Ver novela distrai, mas não pode deixar a gente entrar no mundo da fantasia. A novela é um produto, que custa caro e gera dinheiro e isso não pode ser esquecido. Bem ou mal, as novelas levnao ao sofá pautas e debates sociais, comportamentais e do cotidiano sobre os quais vale a pena conversar. Por isso falamos delas toda semana. Boa semana! Por Joaquim Vela
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
AMIGA DA SAÚDE www.coquetel.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Hoje em dia todo mundo está com problema de pressão e até parece moda. Por que isso está acontecendo? Sérgio Nazaré É isso mesmo, Sérgio. A pressão alta (hipertensão) é uma doença que atinge cerca de 30% da população adulta, atualmente. Você já reparou que nas fotos antigas as pessoas eram bem mais magras que hoje? Os hábitos de vida da nossa população mudaram muito. Agora consumimos muito sódio, presente não só no sal de cozinha, mas na grande maioria dos alimentos industrializados. Além disso, fazemos pouca atividade física, fumamos muito, temos uma alimentação com muita gordura, etc. Tudo is-
so pode contribuir para reduzir o espaço dentro dos vasos sanguíneos, fazendo que o coração tenha que aumentar a pressão de bombeamento para fazer o sangue circular normalmente. Isso é perigoso e pode não apresentar nenhum sinal. Por isso todas as pessoas devem conferir a pressão de vez em quando. Hábitos saudáveis diminuem o risco de ter hipertensão.
Estou malhando há quatro meses e já emagreci, mas não consigo perder a barriga. O que eu faço? Célia Xavier Cara Célia, exercícios físicos sempre fazem bem pra saúde e perder peso, se está acima do esperado para sua altura, também é importante. Já a barriguinha faz parte do biótipo de grande parte das mulheres brasileiras. Acabar com ela é difícil por isso. Ginástica localizada fortalece a musculatura abdominal e pode contribuir. Entretanto, gostar do nosso corpo do jeito que ele é também é muito importante pra saúde. Nós somos pressionadas o tempo todo pelos padrões de beleza impostos pela sociedade, que é
Meu pai tem problema de coração e come muita gordura. Então, a alimentação é uma questão muito debatida na minha casa. Em questão de carne, o que é mais indicado para comer? Luciele Auxiliadora Palharini
machista e transforma as mulheres em objeto de consumo dos homens. A perfeição das mulheres das revistas e das novelas é inatingível ou é alcançada por meio de plásticas e doenças como a anorexia e a bulimia, que são transtornos alimentares originados pelo excesso de preocupação com o corpo. Não aceite esse padrão! Bonito é ser feliz, bonita é a diversidade do povo brasileiro!
Querida Luciele, o maior problema da carne é a gordura saturada (GS), também presente no leite integral e seus derivados. Essa gordura é prejudicial porque eleva o colesterol ruim. Isso aumenta o risco de doenças cardiovasculares e traz complicações para quem já tem doenças instaladas. As carnes vermelhas e os embutidos (salame, salsicha, etc) tendem a ter mais GS se comparados às carnes brancas. Entretanto, uma carne de frango com pele pode conter mais gorduras, inclusive mais GS, do que uma
bovina magra. Dessa forma, para sempre ingerir quantidades mais baixas de GS na carne, retire toda a gordura visível das peças antes de prepará-las e evite consumir a pele nas carnes brancas.
14 | cultura
Pintor mais famoso do Brasil terá exposição em BH Da Redação
Europa e Estados Unidos.
O recém reaberto Cine Theatro Brasil Vallourec, na Praça Sete, traz para Belo Horizonte a exposição de dois quadros do pintor Cândido Portinari, um dos mais conhecidos artistas brasileiros. A exposição fica em cartaz de 9 de outubro a 24 de novembro, com entrada gratuita.
Portinari, um comunista Depois de conhecer o pintor espanhol Pablo Picasso, Portinari passou a fazer pinturas sobre o cotidiano do povo brasileiro, seus sofrimentos e condições de vida. Por isso, sofreu ameaças. Foi proibido de fazer exposições nos Estados Unidos e foi expulso do Brasil pelo governo de Getúlio Vargas, voltando ao país em 1951.
Fama no exterior Cândido Portinari nasceu em São Paulo e não chegou a completar o ensino primário. Devido ao seu talento, conseguiu entrar na Escola Nacional de Belas Artes e se tornou o pintor brasileiro de maior reconhecimento internacional, convidado a fazer exposições em quase toda a
13
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
Morreu envenenado Acometido por uma doença causada pelo chumbo das tintas que usava, Portinari foi diagnosticado com grave intoxicação. Desobedecendo ordens médicas, ele
continuou a pintar. Em 1962, morreu envenenado com as tintas que fizeram o seu sucesso. Veja pessoalmente Em Belo Horizonte, será exposto o famoso quadro “Guerra e paz”. A obra é um gigantesco mural, com 14 metros de altura e 10 de cumprimento e foi um presente de Portinari à Organização das Nações Unidas (ONU).
Serviço Exposição “GUERRA E PAZ”, de Portinari 9 de outubro a 24 de novembro, de terça a domingo. Sessões a cada hora, entre 10h e 19h. Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro, Belo Horizonte, MG) Entrada Franca Reprodução
Criança na rua DIVERSÃO Belo Horizonte oferece atrações acessíveis e ao ar livre Maíra Gomes De Belo Horizonte Levar a criançada pra passear nos dias de hoje não anda nada fácil. Elas estão cada vez mais exigentes e os espaços cada vez mais caros. Os shoppings pedem gasto com compras ou playgrounds; os cinemas têm preços absurdos e os parques de diversão Guanabara e DelRey cobram ingressos que não são tão baratos. A solução é a utilização de espaços públicos, gratuitos e com atrações acessíveis. Outra vantagem é levar a molecada para as ruas, exercitar o corpo, que costuma estar parado nas escolas, dentro de casa ou no computador. E ainda vai ao encontro da proposta dos movimentos culturais da cidade, que buscam a ocupação desses espaços pela população. A realização da Praia da Estação e a volta do Carnaval de Rua são exemplos das ações desses grupos. A jornalista e mãe de duas garotinhas Daniela Mata Machado sempre gostou de passear com suas filhas. Ela conta que, após alguns anos gastando muito tempo garimpando programação para a criançada em Belo Horizonte, decidiu criar um site que unisse e organizasse o que a cidade oferece para o público infantil. “Acabei me surpreendendo ao descobrir que a cidade oferece muita programação, há muito mais oferta de diversão para
crianças hoje do que havia na minha infância. O negócio é fazer as escolhas. E dá pra escolher”, destaca a jornalista, que cuida do site BH da Meninada. Ali podem ser encontradas diversas informações e passeios ao ar livre e muito mais para a meninada da cidade. A equipe do jornal Brasil de Fato listou algumas dicas de passeio nos dois principais parques da cidade, confira: Parque das Mangabeiras Com uma vista privilegiada, o Parque das Mangabeiras é a maior reserva ambiental da capital. Situado ao pé da Serra do Curral, abriga uma fauna composta por 29 espécies de mamíferos, como esquilos, gambás, tapitis, micos, tatus, quatis. Realizar piqueniques no local pode ser uma boa pedida para se aproximar dos famosos quatis, que estão sempre em busca de guloseimas. As caminhadas e trilhas, ótimas para as crianças maiores, são uma boa oportunidade de observar ossanhaços, azulões, pica -paus e as outras 160 espécies de aves que vivem nas matas. Boa dica é levar sempre garrafas com água fresca. Há espaços dedicados ao esporte, como as quadras poliesportivas, de peteca e tênis, além de uma pista de skate para os mais radicais. Os pequeninos se divertem na Cidade das Bonecas, com casinha em miniatura e até uma igre-
ja, e na Ciranda de Brinquedos. Aberto de terça a domingo, das 8h às 18h. Endereço: Av. José do Patrocínio Pontes, 580.Mangabeiras. Gratuito. Parque Municipal de BH Américo Renné Giannetti Primeiro parque da cidade, o local completou 116 anos em setembro. Localizado no Centro da cidade, o clima de parque antigo, com direito a coreto, lagos e barquinho, vem de seu projeto inicial, inspirado nos jardins franceses. O parque oferece uma grande diversidade de atrações, para todos os gostos. Orquidário, teatro de arena, Mercado das Flores, quadras de tênis, pistas de patinação e outras. Sem falar na atração que pode trazer uma experiência única para toda a família: o passeio de barco a remo ou pedalinho! Os papais e mamães podem brincar de remar e até criar uma grande aventura, com piratas e busca por tesouros secretos no lago. Mas o grande sucesso é o parque de diversões no local. Roda-gigante, carrossel e outros brinquedos eletrônicos podem ser fazer a alegria por um preço bastante acessível. Outra boa dica é reviver momentos de infância, tirando de seu filho aquelas tradicionais fotos em cima de cavalinhos. Os fotógrafos lambe-lambe, que tiveram a profissão tombada pelo Conselho de Patrimônio Cultural de BH, estão por todo o parque. Aberto de terça a domingo, das 6h às 18h. Endereço: Av. Afonso Pena, 1377. Centro. Gratuito. Mídia Ninja
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
AGENDA DO FIM DE SEMANA INFANTIL “Fantástico mundo das crianças”, com brinquedos e entretenimento. Realizado pela Fundação de Parques Municipais de Belo Horizonte. Sexta, sábado e domingo, das 13h às 17h. Local: Praça das Mangabeiras, Av. Anel da Serra, Mangabeiras.
“Cachinhos de ouro”, peça de Lupercus Cia. de Teatro. Domingo, às 10h30. Local: Espaço Cultural Recreio, Av. Barão Homem de Melo, 3.535, Estoril.
PASSEIO ECOLÓGICO
O Grupo Trampulim apresenta o espetáculo “Manotas Musicais”. Sextafeira, às 16h. E no domingo, 9h: Invasão de palhaços; 10h30: Uma surpresa para Benedita; 16h: Pratubatê. Local: Praça das Mangabeiras, Av. Anel da Serra, Mangabeiras.
A Serra do Curral estará aberta para visitações e trilhas neste fim de semana, , das 8h às 16h. Local: Parque Serra do Curral.
CINEMA A 7ª Mostra CineBH exibe a pré-estreia nacional do filme “Os amigos”. Sábado, às 18h.
é tudo de graça!
Segunda a quinta-feira
Local: Cine Humberto Mauro, Av. Afonso Pena, 1537, Centro.
FEIRA A “Feira Tom Jobim” reúne comidas típicas e expositores de peças de decoração e arte. Sábado, a partir das 10. Local: Avenida Carandaí (entre a Av. Brasil e a Av. Ceará), Santa Efigênia.
CINEMA A 7ª Mostra CineBH exibirá curtas, médias e longa metragens durante toda a semana. A pro-
gramação pode ser vista em www.cinebh.com. br. Locais: Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1537), SESC Palladium (Av. Augusto de Lima, 420) e Fundação Clóvis Salgado (Rua do Cartório, 120).
EXPOSIÇÃO Vídeos, fotos e frases de Fernando Sabino lembram a data em
DANÇA
Já começou a Superliga Feminina de Vôlei e tem estreia de equipe mineira na sexta (11). O Praia Clube, de Uberlândia, vai até Rio do Sul, em Santa Catarina, enfrentar a equipe local, às 21h30. Para a competição deste ano a equipe do Triângulo terá o reforço da ponteira Mari, campeã olímpica em Pequim, e da norte -americana Kim Glass.
que o escritor completaria 90 anos. De 3 de outubro a 29 de novembro, das 8h às 20h. Local: Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, Centro. Os quadros “Guerra e paz”, de Cândido Portinari, estarão expostos de 9 de outubro a 24 de novmebro, das 10h às 19h. Local: Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro.
A Quick Cia. de Dança apresenta o espetáculo “Ressonâncias”. Sexta-feira, às 20h30. Local: Casa do Baile, Av. Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha.
esporte |
na geral Vôlei feminino
cultura | 15
O Minas, a outra equipe mineira na competição, vai estrear na sexta
que vem, contra o próprio Praia Clube, em Belo Horizonte.
Galo Carijó na Série C O torcedor do Tupi, o Galo Carijó de Juiz de Fora, já pode comemorar. O time passou pelo Mixto de Mato Grosso pelas quartas de final da Série D do Campeonato Brasileiro, garantindo sua classificação para a Série C do ano que vem, ao lado de Salgueiro (PE), Botafogo (PB) e Juventude (RS). Agora o alvinegro da Zona da Mata encara o Juventude por uma vaga na final da competição, que será contra o Botafogo (PB). O jogo de ida será sábado, em Lajeado (RS).
Grêmio covarde Ao excelente e ofensivo futebol mostrado pelo líder Cruzeiro, contrasta o futebol medíocre e covarde do vice-líder Grêmio. É um milagre que a equipe de Renato Portaluppi - que coloca jogadores do naipe de Zé Roberto e Elano no banco de reservas para jogar com três zagueiros e três volantes, e é o tercei-
ro time que menos chuta a gol na competição consiga ter chegado onde está. Fato é que o Grêmio se consolidou na vice-liderança, sem ameaçar o líder inconteste, Cruzeiro, mas já praticamente carimbando sua vaga na Libertadores. Alguém pode reivindicar que o estilo de jogo gremista remete à escola gaúcha, dura, defensiva, mas vencedora. Mas esta coluna tem outra tese: acreditamos que Renato é o legítimo herdeiro do estilo de Joel Santana, o veterano e poliglota treinador, hoje desempregado, com quem o atual comandante do tricolor gaúcho conviveu nos seus tempos de jogador no Rio de Janeiro.
Mais jogos para quem precisa A nova atração do futebol brasileiro é a Copa Verde, torneio em formato mata-mata com 16 clubes das regiões Norte, Centro-Oeste e do Espírito Santo. A competição vai ocupar oito datas no começo do ano
e o campeão será premiado com uma vaga na Copa Sul-Americana de 2015. São três clubes do Pará (Paysandu, Remo e Paragominas), dois do Amazonas (Nacional e Princesa do Solimões), um de Rondônia (Vilhena), um de Roraima (Náutico), um do Amapá (Oratório), dois do Mato Grosso (Cuiabá e Mixto), um do Mato Grosso do Sul (Cene), um de Tocantins (Interporto), um do Espírito Santo (Desportiva), dois do Distrito Federal (Brasília e Brasiliense) e um do Acre (Plácido de Castro). A ideia era, a princípio, reunir apenas clubes da região Norte, a exemplo da Copa Nordeste. Mas acabou abrindo-se a oportunidade também para clubes do Centro-Oeste e Espírito Santo. A coluna reconhece a boa iniciativa da CBF: enquanto nos clubes de ponta o problema é o excesso de jogos no calendário, para os demais clubes, sobretudo aqueles em cujos estados não há grande tradição futebolística, o problema é a carência de oportunidades de se projetarem no cenário nacional.
16 | esporte
Belo Horizonte, de 11 a 17 de outubro de 2013
Cruzeiro
No contra-ataque Washigton Alves
É preciso voltar a contra-atacar com inteligência para vencer os próximos dois jogos, dificílimos
Wallace Oliveira Uma hora o Cruzeiro teria de perder. A derrota é até bem-vinda, num momento em que é preciso baixar a bola e enquanto o Grêmio também vacila. Mas não é nada agradável cair perante o São Paulo, nosso mais indigesto rival de todos os tempos. Bola para frente. Contra Atlético/MG e Fluminense, sairão gols de contra-ataques. Para vazar defesas sólidas ou times muito fechados, é obrigatório saber contra-atacar. Há dois modos de fazê-lo. No primeiro, rouba-se a bola no próprio cam-
po e chega-se à frente com velocidade. Isto se faz com a defesa bem fechada, grandes arrancadas e rápida troca de passes. O oponente não pode ter tempo de se recompor. Jogando dessa forma, o Chelsea eliminou o Barcelona da Champions League, em 2012. Também foi assim que o Cruzeiro chegou ao segundo gol sobre o Náutico, na 26ª rodada do Brasileirão. No segundo modo, o time marca no campo ofensivo, bloqueando as saídas do oponente e induzindo-o ao erro. Ao roubar a bola, está perto do gol do adversário e o pega com “as calças na
mão”. Assim jogava o Barcelona de Guardiola e assim joga o Bayern de Munique desde a época de Jupp Heynckes. Com esse recurso, o Cruzeiro precisou de apenas trinta minutos para golear a Portuguesa. Tenho a impressão de que o Atlético/MG, sem os lançamentos de Ronaldinho, contra-ataca melhor adiantando a marcação, ao passo que o Fluminense é mais eficiente quando se fecha em seu próprio campo para depois sair. O Cruzeiro joga bem de qualquer jeito. É preciso voltar a contra atacar com inteligência para vencer esses dois jogos dificílimos.
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Atlético
Uma tremenda barbada Bruno Cantini
Rogério Hilário Numa semana de cumprimento de rodada atrasada do turno do Brasileiro e clássico com o Cruzeiro em clima de questão de honra e de esperança, em função da goleada sofrida pelos reservas alvinegros na primeira fase do Nacional (embora, desta vez, os desfalques não acontecem por opção preferencial pela Libertadores), eis que o Atlético conheceu os prováveis adversários da semifinal do Mundial de Clubes, no Marrocos. Pode ser Raja Casablanca, do país anfitrião, Auckland Clube, da Nova Zelândia, ou Monterrey, do México. Primeiro, os marroquinos enfrentam os neo-zelandeses em duelo eliminatório. Quem vencer, disputa com os mexicanos uma vaga na semifinal. Pode vir qualquer um
Galo está pronto para os próximos
que o Galo, se contar com Ronaldinho Gaúcho, principalmente, se garante. Na verdade, o Mundial de Clubes, depois que a Fifa assumiu o comando, se tornou uma verdadeira encheção de linguiça. Com exceção do Internacional, que deu vexame ao ser derrotado por 2 a 0 pelo Mazembe, da República do Congo, em 2010, quatro anos depois de ser campeão mundial, só deram europeus e
sul-americanos na finalíssima. Ou seja, só mesmo um desastre monumental impede uma decisão entre Atlético e Bayern de Munique. Ainda mais que os alemães terão pela frente o campeão asiático (FC Seoul ou Guangzou) ou o campeão africano (a briga está entre Al-Ahly, Coton Sport, Espérance Tunis ou Orlando Pirates). Uma tremenda barbada, como diriam os fanáticos por turfe.
Por menos e melhores jogos O Movimento Bom Senso F C, criado pelos jogadores de futebol das séries A e B para a reformulação do calendário brasileiro, teve duas reuniões no Rio de Janeiro. Uma delas, com a CBF, não teve resposta concreta alguma, só o blá blá blá de “vamos ouvir todas as partes”. A outra, com a Globo, que é quem realmente manda no futebol, avançou: a emissora aparentemente concorda em não haver mais jogos em janeiro, garantindo-se três semanas de pré-temporada para os atletas. Mas a toda-poderosa do Plim Plim continua irredutível com relação ao limite máximo de sete jogos por mês. Para se ter uma ideia do tamanho do problema: na temporada 2012/13, o Bayern de Munique, que foi campeão da Copa da Alemanha e da UEFA Champions League, disputou 54 partidas na temporada. Se chegar à final do Mundial de Clubes no Marrocos, o Atlético terá completado 71 jogos no ano, e isso porque chegou apenas às oitavas da Copa do Brasil!