minas | pág. 6 e 7
Tuira Tule
cultura | pág. 14
Carrinhos de rolimã ladeira abaixo Pela redução da conta de luz
Cemig cobra maior ICMS na conta de luz do país e alta tarifa para residências. População poderá votar contra esse modelo nesta semana
Segundo Mundialito de Rolimã do Abacate transforma morros de BH em pistas repletas de adrenalina para crianças e adultos
Edição
Mídia Ninja
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013 | ano 1 | edição 9 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato
cidades | pág. 4
BRT não resolve Mídia Ninja
Mídia Ninja
Prometido para este ano, o BRT ficará pronto apenas em 2014, ainda sem previsão para funcionamento completo. Atrasos nas obras geram transtornos para a população e mais gastos. Moradores da Região Metropolitana têm grandes expectativas para o novo sistema, mas há controvérsias. O secretário geral do Sindimetro, Romeu José afirma que o modelo do BRT é ultrapassado. “O presidente da BHTrans afirmou que o sistema já nasce saturado. Vai começar a funcionar e não vai atender à demanda”, afirma. Especialistas apontam que sistema integrado com metrô seria a melhor solução para a região
cidades | pág. 3
Pataxó Kawatã, na língua Patxôhã, é coração. Ela é moradora do Sul da Bahia e expõe seu artesanato nas ruas de BH
Joana Tavares
brasil | pág. 11
entrevista | pág. 9
De presa e torturada a integrante da Comissão Estadual da Verdade
Protestos contra o leilão do pré-sal
“O povo tem que saber em que Brasil vive, conhecer sua história, saber o que aconteceu, o que ainda acontece nos porões dos presídios”, afirma
Funcionários da Petrobras entraram em greve em todo o país e movimentos sociais e sindicais interromperam a BR 381 em Betim, na quinta-feira (17), contra o leilão do campo de Libra
Emely Vieira Salazar, militante da Pastoral dos Direitos Humanos e uma das sete integrantes da Comissão Estadual da Verdade
02 | opinião
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
editorial | Minas Gerais
editorial | Brasil
O poder de desinformar os mineiros
PCC, PSDB, Al-Qaeda e o uso político
A riqueza do estado de Minas caiu pelo segundo trimestre consecutivo. Dados divulgados pela Fundação João Pinheiro mostram que, no segundo trimestre, a atividade econômica do estado teve um recuo de 0,1% em comparação com o primeiro trimestre deste ano, e de 0,3%, em comparação com o último trimestre de 2012. Já pensou se esses dados fossem sobre o governo federal? Seriam semanas de análises de “especialistas” para demonstrar como a gestão vai mal. Mas sobre a gestão do PSDB em Minas, nenhuma palavra. Nosso estado diminui sua riqueza quando o Brasil apresenta aumento da projeção do PIB e quando estados como a Paraíba cresceram mais de 17%. São seis meses de recuo, resultado do modelo econômico adotado pelo PSDB. É mais uma demonstração da falência do neoliberalismo, aqui apelidado de choque de gestão. Minas está quebrada. São milhares de demissões no executivo estadual, na MGS, na Cemig. É arrocho salarial. Nem mesmo a reposição da
inflação está sendo proposta para os servidores da educação, saúde, auditores fiscais, policiais e demais funcionários públicos. Os cortes de gastos diminuíram investimentos nas políticas sociais. Cortaram as verbas dos conselhos de participação popular e secretarias. Só não se cortam os investimentos em publicidade. Afinal, sem ela, como manter os meios de comunicação sob controle? Como manter a população desinformada? Em recente palestra nos EUA a empresários de vários países, Aécio Neves reafirmou sua submissão aos interesses do capital internacional. Ou seja, defendeu o que não dá certo em Minas e não deu certo com Fernando Henrique Cardoso na presidência. Pena que a imprensa mineira proteja Aécio, Anastasia e o PSDB. Deixam assim de contribuir com o estado e com o país. Mas não tarda que o povo trabalhador, penalizado com uma gestão voltada para os ricos, dê uma resposta ao governo e à imprensa, nas ruas e nas urnas.
Falando Nilson
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800
Ganha força nos Estados Unidos o movimento “Intelectuais sobre a Verdade do 11 de setembro de 2001”. Apoiados em laudos científicos de importantes laboratórios e peritos, exigem a reabertura das investigações sobre os culpados pelo atentado do World Trade Center em Nova Iorque. A investigação oficial responsabilizou uma suposta organização mundial chamada Al-Qaeda. Seria uma organização secreta, fundamentalista islâmica, constituída por células independentes, com capacidade de
O que causa maior suspeita é o evidente uso político das informações apuradas pela polícia no combate ao crime organizado, com declarações sem comprovação do PCC operar em várias partes do mundo. Pouco se sabe desta misteriosa organização. Independente de apurar sobre o 11 de setembro, uma coisa é certa: o favorecido político foi o então presidente Bush e os grupos econômicos que o sustentavam. Recordemos os fatos. Bush ganhou as eleições com grandes suspeitas de fraude no estado da Flórida, governada por seu irmão. Na posse, Washington foi tomada por manifestações populares, reprimidas por policiais. O governo enfrentou imensa dificuldade e isolamento. Porém, graças aos atentados de 11 de setembro, tudo se reverteu. Bush conseguiu aprovar uma legislação que lhe dava poderes ilimitados, convocou uma “unidade nacional” contra o terrorismo. Acabou se reelegendo. E, da noite para o dia, surgiu o nome da poderosa “Al-Qaeda”. Uma organização que é sempre evocada quando invadiram o Afeganistão, o Iraque, na intervenção da Líbia, nas atuais ofensivas contra a Síria e o Irã. A coincidência que causa suspeita é a estranha conjugação da revelação das investigações contra a AlQaeda e os interesses estratégicos mi-
litares estadunidenses. Atualmente, emerge um gigantesco escândalo envolvendo as principais lideranças do PSDB e o próprio governador Alckmin. Investigações reveladas pela revista IstoÉ mostram como operadores franceses ajudaram a montar o chamado “propinoduto dos tucanos”, que começou na área de energia, foi replicado no transporte público e desviou R$ 425 milhões em recursos públicos, exatamente no transporte público, que esteve no centro das imensas mobilizações populares de junho. Curiosamente, no momento em que se encontra acuado, enfrentando crescentes manifestações de rua, os setores de inteligência da polícia paulista trazem a público reveladoras informações sobre o crime organizado. Um nome volta a ocupar o centro da mídia: o perigoso PCC, o Primeiro Comando da Capital. Revelam a descoberta de um plano secreto para matar o governador Alckmin. Divulgam um “diálogo” entre supostos líderes, em que os bandidos comentam o cerco que estão enfrentando na gestão do governador. Agora, setores de inteligência da polícia afirmam possuir provas, que não podem ser reveladas, de que o perigoso PCC pretende infiltrar seus bandidos nas manifestações populares, aproveitando-se de enfrentamentos dos adeptos da tática black bloc. As cenas de violência que já estavam sendo usadas para legitimar o retorno das “balas de borracha” ganham reforço. Nada poderia ser mais conveniente ao governo Alckmin. A grande mídia, que já vinha valorizando a violência de algumas dezenas isoladas, para ocultar a manifestação de milhares, ganha um “prato cheio”. No mínimo, devemos nos perguntar: por que um paciente trabalho de inteligência efetuado pela polícia paulista sobre a quadrilha do PCC resolve divulgar suas informações neste momento? Por ora, o que causa maior suspeita é o evidente uso político das informações apuradas pela polícia no combate ao crime organizado. Afinal, coincidências existem, mas farsas históricas também.
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Os pataxós do quarteirão Pataxó POVO GUERREIRO Indígenas vieram da Bahia e expõem e vendem seu trabalho na Praça Sete Joana Tavares
Joana Tavares De Belo Horizonte Ainda são dezenas, mas eram milhares os povos indígenas do Brasil. Alguns deles muitos já dizimados - emprestam seus nomes a ruas do Centro de Belo Horizonte: estão lá os caetés, os tupinambás, os guaranis. No entorno da Praça Sete, fica o quarteirão fechado Pataxó. E é ali que Kawatã estende sua esteira e expõe artesanato. Assim como ela, outros tantos indígenas deixam suas aldeias alguns meses por ano para mostrar e vender o fruto do seu trabalho. Kawatã, na língua Pataxó chamada Patxôhã - significa coração. Como quase tudo no universo indígena tem um sentido, o nome da língua também é assim. Atxohã é língua, e xôhã é guerreiro. É com essa linguagem de guerreira que Kawatã conversa com seus vizinhos, também do Sul da Bahia, que estão de passagem por Belo Horizonte. Ela também aprendeu português na escola indígena de sua aldeia, em Porto Seguro, e é conhecida também como Daiane. Mãe de uma filha e já
escolada nas manhas do artesanato, a jovem de 19 anos veio para a capital em abril, para falar sobre sua cultura nas escolas. Ela conta que até que não acha ruim o trabalho aqui, diz que vende bem. Mas reclama de uma coisa: o preconceito. “As pessoas deviam conhecer mais a cultura indígena. Sofro preconceito por não ter cabelo liso, pela cor da minha pele. Na Bahia tem muita mistura, de preto, índio, branco”, ensina. Biriba - que quer dizer árvore, de cuja casca o rapaz faz as gamelas que vende do outro lado da rua onde fica Kawatã concorda que a discriminação é o que mais incomoda na cidade. “Vejo muitas pessoas que não gostam de índio, que dizem que índio é isso aquilo. Mas todo mundo é humano, é igual, tem direitos iguais”, explica. Parceria e brincadeira Os dois também concordam no que mais sentem falta: a convivência. Kawatã conta que onde mora o dia a dia é assim: “produzimos colar, artesanatos, os homens vão pra mata caçar, cortar madeira pra fazer as gamelas, colheres, essas coisas”. E reforça: “somos muito apegados um
Biriba, que significa árvore, expõe os artesanatos indígenas na praça
com o outro, entendeu? A gente trabalha em equipe mesmo”. Biriba, que mora em Coroa Vermelha, vê vantagens em vender artesanato em BH. “É que no sul da Bahia a concorrência é grande. Aqui tem gente de todo canto”, diz. Mas nem
por isso deixa de sentir falta da vida por lá. “A vida lá é sossegada, tranquila, moramos no mato, nas nossas ocas, lá a gente pesca, faz nossa dança, e por aí vai. Sinto falta da convivência com nosso povo, de ficar brincando, dançando”, afirma.
Na madrugada de sábado (12), cerca de 300 famílias ocuparam uma área de 1100 m², no bairro Jardim Laguna, em Contagem. O local pertence ao governo federal e foi cedido à Ceasa, mas estava abandonado desde 1970. Em apenas cinco dias, o número de famílias triplicou, e aumenta a cada dia. A ocupação foi batizada com o nome William Rosa e já conta com uma cozinha e três banheiros comunitários, além uma creche em construção. Em entrevista a Frei Gilvander Luís Moreira, da Comissão Pastoral da Terra, uma das moradoras, Romilda, conta que paga aluguel há seis anos e foi para a ocupação com seu marido e seis filhos. Há cinco anos, a família está inscrita no Minha Casa ,Minha Vida, ainda sem resposta. “Na televisão a gente vê todos os dias falando que o Minha Casa, Minha Vida é para
as famílias mais necessitadas, mas isso é só na televisão”, atesta. Seu marido, Ronildo, é o único empregado na família. Com um gasto mensal de de R$ 250 em contas, mais R$ 300 de aluguel, Ronildo diz que passa apertado. “Meu salário é de R$ 720. Vamos lutar para ver se dá pra melhorar, porque tá cruel. Tem que lutar, sem luta não consegue nada”, declara. Terreno é do governo federal
Pergunta da semana No dia 19 de outubro começa, em todo o estado de Minas Gerais, o Plebiscito Popular, consulta que vai perguntar à população mineira o que ela acha do preço da conta de luz. As mais de 100 organizações que constroem o plebiscito esperam recolher 1 milhão de votos e entregá-los ao governo do estado, e à Cemig, com a intenção de diminuir o preço da energia. O plebiscito vai até o dia 27 de outubro. [Leia mais nas páginas 6 e 7].
O que você acha da sua conta de luz?
POVOS PATAXÓ
Segundo o Instituto Socioambiental, os Pataxó vivem hoje em diversas aldeias no Sul da Bahia e no Norte de Minas. Dados da Funai apontam que a população desse povo é de cerca de 11 mil pessoas. Desde o século 16, eles habitam a região, mas foram perseguidos, assassinados e oprimidos pelos portugueses. Conhecido como um povo bravo e guerreiro, somente na década de 1990 teve uma parte de seu território demarcado. Ainda hoje, travam muitas lutas para garantir mais espaço para viver. Desde a década de 1970, praticam o artesanato como recurso para a sobrevivência, alternando as vendas na região e em outros estados.
Ocupação em Contagem denuncia falta de moradia Maíra Gomes De Belo Horizonte
cidades | 03
O terreno é de responsabilidade do governo federal, já que a Ceasa é ligada ao Ministério da Agricultura. De acordo com o Plano Diretor de Contagem, o local é destinado a edificações, além de estar em um bairro residencial. “A reivindicação das famílias é que sejam aplicados recursos do Minha Casa, Minha Vida, para que neste local sejam construídas moradias”, declara Lacerda Santos, um dos coordenadores do Reprodução
Mais de mil famílias já moram na nova ocupação
movimento Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas, que organiza a ocupação. Ele conta que já são mais de três mil famílias cadastradas para entrar no terreno. A Ceasa informou que está providenciando uma ação na Justiça para a reintegração de posse, mas os coordenadores afirmam que ainda não foram contatados. Quem é William Rosa? William Rosa Alves era geógrafo, professor do Instituto de Geociências da UFMG, militante da associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). Faleceu após um trágico atropelamento no dia 1º de julho de 2013, aos 45 anos. William nasceu em maio de 68 e fez de toda a sua vida uma trajetória de luta e elaborações teóricas sobre a questão urbana e de moradia. Quando faleceu, desenvolvia um trabalho com ocupações urbanas de BH. “Era um cara que tinha toda uma vida dedicada à militância. O nome é uma homenagem justa que reconhece um lutador do nos-
Caríssima! E a conta de luz ainda vem vinculada à conta de iluminação pública. É um absurdo. A gente economiza, não usa muito liquidificador, o ferro de passar, e ainda vem R$ 120 ou R$ 130. Podia reduzir isso em uns 50%. Geraldo Carlos Vilas-boas, taxista
Acho cara, para o pouco gasto que eu tenho. A gente quase não fica em casa a gente quase não fica e paga R$67. Se esse dinheiro sobrasse, eu aplicaria na alimentação, porque é o que faz falta no final do mês. Maria Geralda Gouvea, confeiteira
04 | cidades
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
BRT: construção lenta e projeto insuficiente
Fotos: Mídia Ninja
TRANSTORNO Há 79 obras em andamento na cidade, mas a maioria está atrasada Maíra Gomes de Belo Horizonte Prometido para este ano, o sistema de transporte rápido por ônibus -BRT, ficará pronto apenas no ano que vem, ainda sem previsão para o funcionamento completo. Atrasos em obras públicas, principalmente em Belo Horizonte, não é nenhuma novidade, não fossem os inúmeros transtornos causados pelas obras. Desde o ano passado, a ca-
pital mineira se transformou em um verdadeiro canteiro de obras. Segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), há 79 obras em andamento na cidade, o que agrava a situação quando se trata da construção dos corredores que servirão para passagem dos ônibus especiais do BRT, nas Avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos e Santos Dumont, além de outras vias no centro da cidade. São mais de 23 km de obras
São mais de 23 km de obras em BH, mas nem todas funcionam direito
nestas avenidas. E nem todas estão funcionando a pleno vapor. Em fevereiro deste ano, o jornal Estado de Minas denunciou locais onde os corredores estavam com placas de obras, mas sem qualquer indício de andamento, como máquinas em funcionamento ou mesmo funcionários. A denúncia gerou um burburinho na Câmara de Vereadores, mas hoje, oito meses depois, a construção do BRT parece continuar lenta. Em visita aos locais, a equipe do Brasil de Fato pôde constatar poucos trabalhadores em alguns pontos, como na Antônio Carlos na altura do Aeroporto Pampulha. A Sudecap foi questionada sobre a situação e até o fechamento desta edição não houve resposta. Com um investimento de mais R$ 858 milhões, cedido em sua maioria pelo PAC Mobilidade, do Governo Federal, com uma pequena contrapartida da PBH - que arcará apenas com as desapropriações - o BRT deve atender 700 mil pessoas, e promete diminuir, em média, 45%
Há expectativa com funcionamento dos BRTs para facilitar deslocamento
o tempo das viagens nas avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado. Demora Maria de Lourdes Conceição é assistente de serviços gerais e passa pelo centro da cidade todo os dias para chegar ao trabalho. Ela afirma estar impaciente com o andamento das obras. “Depois que tudo isso começou tenho que acordar quase uma hora antes para chegar ao meu
serviço. Não aguento mais esperar, parece que as obras não vão acabar nunca”, desabafa. Ela acredita que, com a entrega do BRT, sua vida irá mudar. “Depois que os ônibus novos estiverem nas ruas, vou poder acordar uma hora mais tarde do que de costume”, diz. Como Maria de Lourdes, moradores de toda a Região Metropolitana têm grandes expectativas com o novo sistema. Mas há controvérsias.
Metrô é a solução, apontam especialistas De acordo com André Veloso, membro do Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana da Assembleia Popular Horizontal, mesmo após o funcionamento completo do BRT, a cidade ainda estará longe de sanar o déficit em mobilidade. “Não teve um planejamento sistemático do BRT. Ele é baseado numa tipologia que funcionou muito bem nos anos 70, mas já estamos a 40 anos disso”, explica. “É muito complicado a Prefeitura apostar todas as fichas da mobilidade no BRT, mas é uma medida paliativa. Não existe um modal que é uma solução mágica. Tem que fazer um planejamento integrado”, completa. É o que também acredita o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Metroviários, Sindimetro, Romeu José Machado Neto. “O problema nasce no modal de transporte escolhido pela prefeitura. Numa reunião que tivemos com eles, o presi-
dente da BHTrans [Ramon Vitor Cesar] afirmou que o BRT já nasce saturado. Vai começar a funcionar e não vai atender a demanda”, declara. Para ele, a solução seria a ampliação do metrô. “Entendemos que investimentos no metrô, um transporte de alta capacidade, com interligações em terminais, é a solução para o transporte público em BH e também nas outras capitais do país”, afirma. Trem bom é metrô Não é apenas um metroviário que acredita no metrô como solução. O presidente do Sindicato do Trabalhadores Rodoviários, Ronaldo Batista, aposta na iniciativa. “O BRT é uma parte da solução, temos que investir no metrô também. A passagem é mais barata e carrega mais passageiros”, declara. Sobre a capacidade do BRT, Ronaldo afirma que as melhorias não serão tantas como aponta a
PBH. “O Estado tem essa mania, de fazer os projetos e não discutir com a categoria profissional nem com a sociedade. O grande legado desse sistema é o aumento na velocidade média do ôni-
A própria BHTrans admite que o BRT já nasce saturado, não vai atender à demanda bus, mas apenas se não for permitido acesso de outros veículos aos corredores. Se você quiser um transporte rápido, não deveria ter cruzamentos, e o nosso é cheio de cruzamentos. Não tem passarelas, mas muita faixa de pedestre, que fica arriscado para os passageiros”, aponta. “É preciso garantir faixas exclusivas para além dos ônibus que circularão pela BRT, como na Avenida Amazonas”, acrescenta. Após questionada, a BHTrans
afirmou que o BRT é uma das soluções para BH “e a ampliação do metrô é igualmente fundamental para enfrentar o desafio do trânsito na capital. Uma solução não é melhor e nem exclui a outra”. No entanto, a empresa não apresen-
tou detalhes sobre quando e como deve ser a ampliação do metrô. Em depoimento ao jornal Estado de Minas no último dia 13, o prefeito Marcio Lacerda afirmou que as obras do metrô devem ter início em julho de 2014. (MG)
Trânsito caótico na capital não tem mais horário marcado
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Fazendeiro é condenado a 115 anos de cadeia JUSTIÇA Condenado como mandante do Massacre de Felisburgo, Chafik pode recorrer Thaís Mota Do Portal Minas Livre O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemorou a decisão sobre dois dos cinco réus no processo do Massacre de Felisburgo. Adriano Chafik Luedy e Washington Agostinho da Silva foram condenados por homicídio qualificado, lesão corporal, incêndio e formação de quadrilha, mas foram absolvidos em relação à tentativa de homicídio contra cinco vítimas. Segundo o líder do MST, Silvio Netto, a decisão dos jurados pela condenação foi unânime e representa mais uma vitória para os trabalhadores. “O latifúndio e o agronegócio foram condenados, enquanto a reforma agrária e a organização popular foram absolvidos. Esse foi um passo importante rumo à justiça para Felisburgo”, exalta. Chafik pegou 115 anos de
“Mesmo com uma condenação de mais de 100 anos, Chafik continua solto. Então, a gente considera que a Justiça só será feita com a cadeia para ele, que é mandante e executor dos crimes. E também quando for concluído o processo
de desapropriação e assentamento das famílias que vivem até hoje no acampamento Terra Prometida”, defende Silvio Netto. Outros dois réus ainda serão julgados por participação no Massacre de Felisburgo. Eles só devem ser julgados em 23 de janeiro de 2014.
Massacre de Felisburgo Réu confesso, Adriano Chafik teria comandado o ataque de pistoleiros que invadiram o acampamento Terra Prometida e atearam fogo em barracos e plantações, em 2004. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa e outras 12 pessoas, entre elas uma criança, ficaram feridas.
Governo não cumpre acordo e professores voltam a se mobilizar Da Redação* Professores da rede estadual transferiram, na quarta-feira (16), seu acampamento para a frente da Assembleia Legislativa e se uniram aos trabalhadores da saúde. O acampamento dos professores já dura 50 dias e pede principalmente a valorização do salário, promessa feita pelo governo do estado para acabar com a greve de 2011 e que, até o momento, foi totalmente descumprida. De acordo com o coordenador de comunicação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE-MG), Paulo Henrique, as negociações não avançaram desde o término dos 112 dias de greve de 2011. “O governo anunciou um aumento de 5%, mas isso é insuficiente. Na verdade, isso nem é um aumento, é o descongelamento da progressão”, denuncia.
Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do sindicato, explica os maiores problemas enfrentados atualmente. Os professores ainda não recebem o piso salarial, estipulado por lei. E foram retiradas as gratificações por tempo de serviço, chamadas quinquênios. Em seu lugar, o governador prometeu uma “gratificação por rendimento”, que não foi recebida pela maioria dos servidores. Saúde em estado de greve Por unanimidade, os trabalhadores da saúde aprovaram a manutenção do estado de greve e a organização de comissões para fortalecer a mobilização e acompanhar a tramitação do Projeto de Lei 3874 que está parado na Comissão de Administração Pública na Assembleia Legislativa (ALMG). A assembleia realizada nesta quarta-feira (16) mos-
fatos em foco Assembleia de metalúrgicos é repreendida
Mídia Ninja
prisão, enquanto Washington foi condenado a 97 anos e seis meses de cadeia, ambos em regime fechado. No entanto, em função de um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), eles deixaram o Fórum Lafayette em liberdade. Além disso, eles poderão recorrer da sentença fora da cadeia e o alvará de prisão será expedido somente após transitada em julgado a decisão.
“A justiça só será feita com a cadeia para ele, que é mandante e executor dos crimes”
minas | 05
trou a determinação dos trabalhadores de lutar por avanços e impedir o arrocho salarial que o governo propõe para o funcionalismo. Nova assembleia geral da saúde acon-
tece no dia 13 de novembro, após as rodadas de negociações com o governo. *Com informações do Sind-UTE e do Sind-Saúde MG
Greve dos bancários conquista vitória Da Redação Depois de 22 dias de paralisação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que representa os donos dos bancos privados, aceitou entrar em negociação. Desde o dia 19 de setembro, o Sindicato dos Bancários pedia aumento real de salário, e não apenas o reajuste inflacionário. A greve, que terminou no dia 11 de outubro, conquistou o aumento do salário, a valorização do piso, melhoria na PLR (Participação nos Lucros e Re-
sultados) e outros avanços econômicos e sociais, como o vale-cultura, no valor de R$50 por mês. A vitória foi comemorada pelos bancários, que conseguiram negociação também com o Banco do Brasil e Caixa Econômica. O acordo entre o Comando Nacional dos Bancários e os bancos está marcado para sexta-feira (18), em São Paulo. Até que se assine o documento, o Sindicato pede que nenhum bancário realize compensação de horas dos dias de greve.
Assembleia realizada no dia 9, na porta da empresa Aethra Hammer, acabou em repressão. O Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem declarou que a ação ocorria normalmente, quando um carro forçou a passagem entre os trabalhadores e arrastou as faixas para dentro da empresa. O sindicato critica a postura da imprensa, por ter divulgado apenas a versão da PM, que declarou que os dirigentes sindicais provocaram os seguranças e jogaram bombas. A entidade afirma que os seguranças roubaram as faixas e jogaram os artefatos. A PM chegou a informar que o presidente do sindicato, Geraldo Valgas, havia sido preso, quando, segundo o sindicato, ele foi até a delegacia prestar queixa do furto das faixas.
Atingidos por barragens lutam por direitos Atingidos ocuparam, na última terça-feira (15), o Departamento Nacional de Produção Mineral, em BH. O movimento chama a atenção para as construções de hidrelétricas em Minas, nas quais 70% das famílias desapropriadas não foram indenizadas. Soniamara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirma que MG terá mais 400 barragens nos próximos anos e, por isso, torna-se urgente a aprovação de direitos para as famílias atingidas.
Servidores em greve Trabalhadores das universidades federais em Minas estão em greve há duas semanas. Os trabalhadores reivindicam a flexibilização da jornada de trabalho, o cumprimento do decreto sobre a aferição de ponto dos servidores públicos, entre outros. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), o reitor da UFMG quebrou um acordo feito em 2012 com o sindicato.
06 | minas
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Conselho de Consumidores da Cemig critica tarifas Thaís Mota Do Portal Minas Livre Às vésperas da realização do Plebiscito Popular sobre a energia elétrica, integrantes do Conselho de Consumidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) criticaram as altas tarifas praticadas e o impacto dos tributos para a população de maneira geral. Segundo o representante da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), José Geraldo de Oliveira Motta, o custo com energia pesa muito para os comerciantes, especialmente para os donos de bares e restaurantes. “Numa loja, talvez a energia não impacte tanto, mas no setor alimentício, esse custo tem que entrar no gasto real e ser repassado ao consumidor, porque é uma área que depende integralmente da energia e o preço é absurdo”. Ainda segundo José Geraldo, a taxa de impostos sobre o consumo de energia também é muito alta em Minas: “Isso porque temos uma energia renovável, ou seja, com um custo operacional muito menor do que se comparado com a Europa, que depende quase que exclusivamente de termoelétricas”. Já o representante da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Francisco Maurício Barbosa Simões, ressalta que é favor da redução de qualquer custo na produção agropecuária, inclusive na energia elétrica. “Porém, a redução tem de se dar por qualquer parcela que não comprometa o investimento na melhoria do fornecimento de energia aos produtores. Acre-
dito que o setor que mais necessite de investimento nas redes de distribuição de energia seja o rural”, afirma. Ainda de acordo com Francisco Maurício, a energia é indispensável em todo estabelecimento rural. “O uso da ordenha e de tanque de resfriamento de leite está generalizado. A energia não pode faltar nos estabelecimentos rurais, pois implica perda da produção leiteira. Para os demais produtores, implica perda de aves, de suínos, qualidade e, às vezes, do café no secador, interrupção da irrigação, impedimento de utilização de picadores de alimento para os animais, entre outros”.
contas dos conselhos e o cumprimento da resolução n° 451 e que, somente no ano passado, foram emitidos 27 Termos de Notificação, que resultaram em quatro Autos de Infração, mas nenhum destinado à Cemig. Em nota, a Cemig informou que foram realizadas quatro reuniões do
Conselho este ano. Outras duas ainda devem acontecer, sendo que uma estava prevista para os dias 9 e 10 de outubro e outra para o dia 4 de dezembro. No entanto, na página do conselho na internet, a última ata disponível para consulta pública é de novembro de 2012. Mídia Ninja
Conselho de Consumidores Além dos representantes da classe rural, comercial e dos órgãos de defesa do consumidor, o Conselho de Consumidores da Cemig tem ainda representante da classe residencial, industrial e do poder público. Instituído em 1994, o conselho foi criado em atendimento à Lei nº 8.631, de 4 de março de 1993 e teve seu regimento regulamentado no ano passado, conforme a Resolução nº 451 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 27 de setembro de 2011. Esta resolução prevê que os conselhos se reúnam por pelo menos seis vezes durante o ano. No entanto, a Aneel informou que até 15 de outubro deste ano não recebeu nenhuma ata de reunião do Conselho de Consumidores da Cemig. O órgão informou ainda que fiscaliza a prestação de
Corte de luz mata idosa de 95 anos DESCASO Mesmo com apelo da família não houve retorno por parte da Cemig Velhinha de 95 anos, moradora de Vespasiano, morreu após sua casa ficar três dias sem energia. A idosa precisava de tanque de oxigênio para sobreviver. O corte da energia aconteceu na sexta-feira (11). Maria Luisa começou a passar mal no mesmo dia, segundo sua família. Com problemas respiratórios, fazia uso frequente de aparelho para oxigenação e inalação que funciona à eletricidade. Ela não teria resistido muito tempo sem o equipamento e faleceu. No mesmo dia do corte da energia foi feita a reclamação pela dona de
casa Luiza Barbosa, que cuidava de Maria Luisa. Mas não houve retorno, e mesmo o velório foi feito com iluminação a base de velas. Moradores protestam Os vizinhos fecharam no domingo (13), duas ruas na região. Eles reclamaram do descaso da Cemig e exigiam o religamento da luz. Num bar da região, as geladeiras tiveram que ficar vazias e os produtos que precisavam permanecer a temperatura baixa foram colocados em uma placa de gelo. A comerciante Maria Martins do Santos conta que
Comerciantes e agricultores reclamam das tarifas cobradas pela Cemig
teve um prejuízo grande com a falta de energia, já que conseguia uma renda semanal de cerca de R$ 3.000, com a venda de bebidas e salgados. Já na casa de Maria Celeste Pereira houve desperdício de comida, já que não poderia se conservar fora do congelador. Os moradores também reclamaram da demora do atendimento da concessionária, mas, segundo a Cemig, a primeira notificação de falta de luz só foi feita no sábado, às 19h30. Segundo a companhia, um transformador teria estourado, causando a queda de energia.
Qualidade da Cemig só piora Além do consumidor residencial amargar um ICMS alto, é penalizado pela queda na qualidade dos serviços da empresa. Pelo menos 77% dos consumidores da Cemig esperam mais tempo que o definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o restabelecimento da energia. Em abril, a Aneel divulgou o ranking da qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras de energia do país ao longo de 2012 e a situação da Cemig não é nada boa. A empresa, que ficou em 20º lugar na lista do ano passado, caiu para a 25ª posição.
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
minas | 07
O preço da luz é um roubo Arte: Vinícius Avelar
Da Redação A conta de luz em Minas Gerais traz dois fatores principais de cobrança: o ICMS e o preço da energia. Considerando que ambos são injustos, cerca de cem organizações sociais realizam, de 19 a 27 de outubro, o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz. Os comitês estarão em mais de 300 cidades do estado e prometem recolher um milhão de votos. O Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) é uma taxa cobrada pelo governo do estado, que tem liberdade de decidir o seu valor. O governo de Minas Gerais cobra um ICMS que representa no preço final 42% em média, enquanto nos estados de São Paulo e do Distrito Federal representa 14%. O ICMS cobrado em Minas Gerais é o mais alto do país [veja mapa ao lado]. O coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro/MG) e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT Minas), Jairo Nogueira Filho, explica que o ICMS que incide sobre a eletricidade é calculado por um critério chamado ‘tributação por dentro’, no qual a base de incidência do imposto inclui o próprio imposto, taxas e tributos da conta. Isso deixa a tributação real seja maior que o imposto indicado na conta. Por exemplo: uma alíquota de 30% de ICMS representa uma tributação real de 42,8%. Através dessa artimanha, o governo engana o usuário e cobra 12% a mais. Assim, uma casa que gasta R$100 em energia, paga R$42 em imposto. Os organizadores do Plebiscito Po-
trito Federal)?
Compare como ficaria a sua conta de luz se o ICMS de Minas fosse o mesmo aplicado no Distrito Federal ou São Paulo
pular explicam que o governo poderia cobrar o ICMS também das grandes empresas. Através de acordos com o governo do estado, grandes empresários
A conta pode ser mais barata Em janeiro de 2013, a presidenta Dilma reduziu o preço da energia em todo o Brasil. Ao contrário do esperado, os consumidores de Minas Gerais tiveram aumento na conta. Por quê? A CEMIG, empresa que faz o serviço de energia em Minas Gerais, não concordou com o acordo proposto pelo governo federal e entrou com pedido de aumento de tarifas. Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou que a empresa aumentasse a conta, mas só para alguns. Os grandes empresários tiveram uma redução de 2,5% no preço da energia, enquanto as residências passaram a pagar 11% a mais. Atualmente, os consumidores residenciais pagam R$ 0,60 no quilowatt/hora e os grandes empresários pagam R$ 0,06. A casa que uti-
liza 200 kWh por mês paga em média R$100 em energia. Mas, se as residências pagassem o mesmo que as empresas, essa conta sairia a R$10. Por isso, o Plebiscito Popular pergunta: Você concorda que a Cemig deve reduzir em 50% (no mínimo) a tarifa de energia para o povo de Minas Gerais?
O que levar para votar? É preciso que o votante apresente um documento de identificação, que pode ser: CPF, título de eleitor, carteira de motorista, de trabalho, de identidade ou outro. Serão aceitos votos de todos os eleitores brasileiros.
recebem isenção de impostos. E, para garantir o orçamento público, mais uma vez é o povo quem paga a conta. Por isso, o Plebiscito Popular per-
gunta: Você concorda que o governo de MG deve reduzir o ICMS, que representa 42% da conta de luz, para 14% (como é em São Paulo e no Dis-
Onde votar? A votação será realizada entre os dias 19 e 27 de outubro. As urnas ficarão em lugares acessíveis, como igrejas, sindicatos e praças, e também serão levadas a bairros afastados do centro, nas chamadas urnas volantes. Em Belo Horizonte, já existe confirmação de locais onde haverá votação. Urnas fixas: Praça da Estação, Praça Sete, PUC, UFMG (Centro e Pampulha) e sindicatos. Urnas volantes: Barreiro, Regional Leste, Regional Oeste, Regional Noroeste, Venda Nova e Centro. Mais informações sobre locais de votação ou como organizar o Plebiscito Popular na sua cidade, acesse www.plebiscitopopularmg.wordpress.com ou ligue para (31) 32285000
O que o Plebiscito Popular vai perguntar? Plebiscito é um mecanismo de consulta à população para saber se os cidadãos aprovam ou rejeitam determinada questão. Neste, as perguntas serão: - Você concorda que o governo de MG deve reduzir o ICMS, que representa 42% da conta de luz, para 14% (como é em São Paulo e no Distrito Federal)? - Você concorda que a CEMIG deve reduzir em 50% (no mínimo) a tarifa de energia para o povo de MG?
08 | opinião
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Acompanhando
Foto da semana
Mídia Ninja
Na edição 7... Promotor que investigava benefícios fiscais é afastado
... e agora
AMOR - Ato a Favor da População de Rua critica a postura dos moradores do bairro Lourdes, que condenam os moradores de rua da região. Durante cinco horas, a praça Marília de Dirceu foi espaço de convivência e debate sobre processos de higienização. Os cartazes produzidos provocavam a vizinhança com dizeres como “Lourdes não é imune à vida real” e “Menos intolerância mais amor”.
Participe
Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato
Pedro Gonçalves e Maria do Rosário
Adriano Ventura
Uma ode à intolerância
Cidade refém das águas
No dia 02 de outubro, o jornal O Estado de Minas veiculou matéria sobre orientações frente à população em situação de rua no bairro de Lourdes, que tiveram o aval da Associação dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou) e da Associação de Bares e Restaurantes de Minas (Abrasel-MG). O título já expõe um tom preconceituoso, ao escolher a palavra “mendigo”. Esse termo, na sua origem, refere-se à pessoa que possui algum defeito e que, por isso, é considerada inapta ao trabalho. É derivado do latim mendum e traz consigo a ideia de “defeito”, “vício”, que, inerentes à pessoa, precisam ser corrigidos, eliminados. Tratar esses indivíduos como “em situação de rua”, desloca o entendimento, fazendo pensar sobre os processos que os levaram a fazer das ruas seu espaço de sustento e moradia. Ações como colocar mais esguichos de água nos jardins, negar alimentos, deixar o lixo na rua no horário mais próximo da coleta não resolverão a existência de pessoas em situação de rua. Ao contrário, ilustram a for-
ma agressiva como essa população é tratada, principalmente nos bairros mais ricos. Em 2009, foi instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua, que estabelece diretrizes e ações para a construção de processos de saída das ruas. É urgente resgatar, em nossas ações individuais e coletivas, a dimensão ética que passa, necessariamente, pelo respeito ao outro. Não há como ignorar os processos de produção e reprodução de desigualdades. Para que se revertam, é preciso vontade política. Em relação à população em situação de rua, a implementação de políticas de moradia, geração de emprego e renda e de saúde, deve estar na lista das prioridades. Aí sim, estaremos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Pedro Gonçalves e Maria do Rosário, técnico cientista social e advogada do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH)
Quando a chuva está escassa, as pessoas precisam lidar com uma série de problemas, até de saúde. E quando as águas vêm, a cidade respira aliviada. No caso de BH, nem sempre a chuva é bem-vinda. Um conjunto de fatores torna a capital refém das águas. Desabamentos, ruas e avenidas alagadas, córregos transbordando, pessoas ilhadas e congestionamentos ocasionados pela força das precipitações são sinais da vulnerabilidade. O lixo jogado nas ruas é um dos vilões. De acordo com a SLU, em 2012 foram realizadas 467 mil limpezas de bocas de lobo, recolhendo cerca de 4.400 toneladas de lixo. A limpeza custa aos cofres públicos R$ 300 mil por mês. Falta conscientização sobre o papel do cidadão no cuidado e manutenção do espaço público. “Área sujeita a inundação no período chuvoso”. “Evite transitar neste local em caso de chuva forte”. As inscrições das placas instaladas pela Prefeitura denotam que os locais onde ocorrem inundações são os mesmos há anos. Pedestres e motoristas que transitam pelas aveni-
das Bernardo Vasconcelos, Cristiano Machado, Vilarinho, Tereza Cristina, dentre outras, ficam vigilantes aos sinais de chuva. É urgente que a PBH assuma a responsabilidade pela execução de obras que minimizem os efeitos das enchentes. No final de 2012, o prefeito fez uma declaração infeliz. Disse que para evitar transtornos causados pelas chuvas, a “Prefeitura deveria ter sido mais babá do cidadão”. E ainda afirmou que as obras para solucionar os problemas estão previstas para 2017. Ora, é prerrogativa do poder Executivo governar e administrar ações de interesse público. A combinação de elevado volume de água, a falta de sentimento de pertença do cidadão pela cidade e a indiferença da PBH compõe um cenário desalentador que pode desaguar a qualquer momento. Que a capital mineira não seja vitimada pela procrastinação dos atores responsáveis pelo zelo desta Belo Horizonte. Adriano Ventura é jornalista, professor universitário e vereador pelo PT em BH
O secretário-adjunto de Estado de Desenvolvimento Econômico Antônio Eduardo Macedo teve seus bens bloqueados pela Justiça, por suposto envolvimento em uma fraude que teria causado um prejuízo de R$ 6,7 milhões aos cofres públicos, quando concedeu benefícios fiscais para a empresa Cema, devedora do Estado. A decisão do Ministério Público é resposta a uma ação civil pública ajuizada pelo promotor Fabrício José da Fonseca Pinto, que investigava as irregularidades. O promotor foi afastado do cargo.
Na edição 4...
Pescadores lutam por seus territórios
... e agora
A partir da campanha lançada pelo Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil (MPP) - que reivindica a garantia de instrumentos legais para a preservação do território pesqueiro nacional e efetivação dos direitos dos pescadores artesanais - um debate público acerca da Política Nacional de Aquicultura e Pesca em Minas será realizado na Assembleia Legislativa, na próxima segunda (21). O principal objetivo é discutir a regulamentação das atividades no estado. ERRAMOS - Na matéria“Hospital do Barreiro em eterna obra”, o nome do consórcio responsável pela segunda etapa das obras é Novo Metropolitano. - Na foto da matéria“A luta de Brejo dos Crioulos: entre avanços e criminalização”o crédito correto é João Zinclar.
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
entrevista | 09
“Todos têm que saber quem matou, torturou, mandou matar”
Joana Tavares
VERDADE Militante dos Direitos Humanos fala sobre a Comissão Estadual Joana Tavares de Belo Horizonte Tudo começou com leituras da doutrina social da Igreja Católica. Logo a jovem Emely se despertou para as questões sociais, e aí ela se envolveu. Envolvimento forte. Da participação em grupos para alfabetização de adultos e da militância estudantil, ela se tornou uma defensora incansável dos direitos humanos. O golpe militar de 1964 pegou Emely de surpresa. Ela acabou presa, como tantas outras pessoas, por denunciar as torturas. E foi ela mesma torturada, passou “por tudo que se ouve dizer”, julgada e, anos depois, libertada. Mas continuou seu trajeto, visitando os presos políticos, fazendo denúncias, levantando recursos para ajudá-los. Psicóloga e integrante do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes de Medicina da UFMG e coordenadora da Comissão Pastoral de Direitos Humanos da Arquidiocese de Belo Horizonte, Emely Vieira Salazar é uma das sete integrantes da Comissão Estadual da Verdade, empossada no final de setembro, com o desafio de subsidiar os trabalhos da Comissão Nacional, que investiga a violação aos direitos humanos de 1946 a 1988. Confira abaixo a entrevista. Brasil de Fato - O que a Comissão Estadual da Verdade vai le-
vantar nesses dois anos de trabalho? Quais os principais desafios? Emely Vieira Salazar - Basicamente, vamos analisar o período da ditadura, mas também antes. O caso que estamos investigando agora é o famoso Massacre de Ipatinga, que fez 50 anos este mês. Foi realizada uma audiência, em que passamos o dia inteiro ouvindo mais de uma dúzia de depoimentos de operários, parentes, representantes da empresa, da polícia. Foi um trabalho ex-
“Que continua a tortura, principalmente de presos comuns, continua. Nossa polícia ainda precisa evoluir muito” tenso e doloroso. Tem pessoas que sobreviveram ao massacre, filhos que perderam o pai... O número oficial de trabalhadores da Usiminas assassinados no massacre é oito. Vocês já têm informações se esse dado é correto? Tem uns que dizem que foram mais de 40. Diz que foi uma correria, que tinha gente de muitos outros lugares. Então muita gente sumiu, não foi procurada lá. Perto
da usina tinha um rio, muitos pularam e morreram afogados. Outra evidência de que o número é maior é um recibo de 32 caixões, que a empresa mandou buscar em BH. Há também muitos relatos de parentes sumidos. E muitos que morreram depois, em consequência da violência, que não entram na estatística. Vamos levantar tudo isso. Depois de encerrados os trabalhos, o que vai acontecer? A comissão vai ter algum caráter punitivo? Em princípio, a comissão estadual é assessora da comissão nacional. Nessa questão de punição, há uma controvérsia. Há os que acham que tem que punir, outros acham que não. Eu, particularmente, sou contra a punição. Acho que os torturadores devem ser indicados, publicizados, todos têm que saber quem matou, torturou, mandou matar. É importante saber quem dá nome às ruas. Agora, prender, bater, eu não vejo muito sentido. Mas não sei como vai ser, não está claro. Em relação à atualidade desse trabalho, a senhora ainda acompanha os direitos humanos. Como isso acontece hoje? Continua acontecendo. Os policiais falam que a polícia hoje é outra... Mas que continua a tortura, principalmente de presos comuns, continua. Nossa polícia ainda precisa evoluir muito. Dão curso de direitos humanos para os graduados, mas o policial que vai pra rua e bate geralmente não
Emely Salazar, uma das sete integrantes da Comissão Estadual da Verdade
“Até hoje tem gente que diz que direitos humanos defendem bandido. Defendemos. Também. Não vale direito só dos bons. Gente é gente, né?” tem patente. Eles vão pra polícia com aquela ideia que polícia é autoridade e pode bater. Hoje isso continua acontecendo e precisamos continuar conscientizando. O povo tem que saber em que Brasil vive, conhecer sua história, saber o que aconteceu, o que ain-
da acontece nos porões dos presídios. Como a sociedade pode contribuir com esse trabalho? Primeiro, a sociedade tem que saber das coisas. Ser estimulada a participar, exercer sua cidadania. Cidadão é aquele que participa, usufrui e colabora. Todos que tiverem ideias para a Comissão Estadual devem sugerir. É importante esclarecer o que são os direitos humanos. Até hoje tem gente que diz que direitos humanos defendem bandido. Defendemos. Também. Não vale direito só dos bons. Gente é gente, né? A luta é essa.
Aconteceu essa semana na história
23 de outubro de 1937: nascimento de Carlos Lamarca Carlos Lamarca, um dos líderes da oposição armada à ditadura militar, era o terceiro filho de uma família pobre da zona sul carioca. Ainda jovem, integrou a campanha “O Petróleo é Nosso”. Decidiu-se pela carreira militar, formando-se em 1955. Anos mais tarde, Lamarca se declarou como “um dos poucos oficiais brasileiros de origem operária”, que estudou com o sacrifício dos pais e que logo se desiludiu com as Forças Armadas.
Em 1962, integrou as Forças de Paz das Nações Unidas na Palestina. No retorno ao Brasil, em 1964, pediu filiação ao Partido Comunista, sem resposta. Defendia a necessidade de reagir ao golpe militar, almejando a construção de um exército popular de libertação. Juntou-se à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e, em 1969, desertou do Exército e aderiu à guerrilha urbana. Na época, participou de sequestros para a troca de presos
políticos e de expropriações de bancos. Descontente com a VPR, entrou no Movimento Revolucionário 8 de Outubro e partiu para o sertão baiano, em nova tentativa de formar um foco de guerrilha rural. Lá foi assassinado pela ditadura militar, em 1971, já fragilizado pela perseguição que sofrera durante 20 dias. No local onde foi morto, há hoje uma praça com seu nome e a data de sua morte é considerada feriado municipal.
10 | brasil
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013 Rio de Janeiro, de 17 a 23 de outubro de 2013
brasil | 09
Vale, o maior saque do mundo ESPOLIAÇÃO Mapa mostra que maior projeto de minério do mundo, o S11D, já estava projetado na década de 1980 Agência Vale
Márcio Zonta correspondente no Pará A mineradora Vale prepara outro Programa Grande Carajás. A empresa vai explorar, a partir dos próximos anos, uma jazida de minério de ferro considerada a maior do mundo, na Serra Sul de Carajás, no Pará. O projeto conhecido como S11D, já em fase de implantação, será o maior investimento de uma empresa privada no setor mineiro no Brasil. São 40 bilhões de reais destinados às novas mina, usina e logística, que envolvem a expansão da Estrada de Ferro de Carajás -EFC e a ampliação do Porto de Itaqui, em São Luis (MA). Em 2016, o Projeto Ferro Carajás S11D terá uma estimativa de extração de 90 milhões de toneladas métricas de minério de ferro, quantidade suficiente para preencher 225 navios conhecidos como Valemaz, o maior mineraleiro do mundo. Com o S11D e o Projeto de Ferro Serra Norte, efetivado desde 1985, a Vale passará a explorar, na Serra de Carajás, 230 milhões de toneladas métricas de minério anualmente. A produção atual é de 109 milhões de toneladas por ano. Embora a mineradora trate o S11D como uma novidade e parte da im-
prensa nacional frise o empreendimento como a redescoberta de Carajás, a exploração da Serra Sul estaria há muito tempo nos planos da Vale. É o que denota um mapa (veja ao lado), ao qual a reportagem do Brasil de Fato teve acesso, elaborado pela então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – antiga estatal – em 1984, em que o plano de extração do corpo mineral da parte sul da Floresta Nacional de Carajás já está presente. Para especialistas, o mapa evidencia ainda com mais clareza a escandalosa privatização fraudulenta da Vale e aponta para um dos maiores saques de minério do mundo. “A Vale sempre falou nesse projeto, a empresa sabia de sua capacidade antes mesmo da privatização”, ressalta Frederico Drummond Martins, analista ambiental, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pela Floresta Nacional de Carajás. O novo velho projeto No Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Ferro Carajás S11D, a Vale menciona que os trabalhos de pesquisa realizada na jazida mineral da Serra Sul tiveram
inicio no final dos anos de 1960. Porém, o documento cita que foram entre os anos de 2003 e 2007 que se aprofundaram os estudos no bloco D, do corpo S11. Segundo a notificação, somente em 2008 o resultado da análise das amostras indicou uma reserva de minério lavrável de um montante de 3,4 bilhões de toneladas de minério no local. Porém, para Frederico, muito antes disso, a mineradora teria conhecimento da quantidade de minério na região a ser futuramente explorada. “Não só a empresa, mas o governo brasileiro também sabia. Na época da privatização, a Vale já possuía decreto de lavra para a Serra Sul”, denuncia. As obras para o ramal ferroviário, estendido da EFC até a jazida da Serra Sul, conseguido há pouco pela Vale, numa licença junto ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), são apontadas no mapa de 1984 e citadas na legenda do gráfico como “Ramal Ferroviário Projetado”. Dessa forma, o mapa aponta que existia uma pré-concepção de exploração da S11D, ressaltando ainda mais a espoliação que significou a privatização da Vale. Arte Marcelo Cruz
Plano de extração do corpo mineral da parte sul da Floresta Nacional de Carajás, de 1984
Projeto Ferro Carajás S11D, em Canaã dos Carajás (PA)
Patrimônio público foi privatizado por FHC A mineradora foi vendida por R$ 3,3 bilhões, enquanto o valor estimado na época do leilão era de R$ 92 bilhões; ou seja, valor 28 vezes maior do que o que foi pago do Pará Em 1997, a mineradora foi incluída no Plano Nacional de Desestatização (PND), uma política implantada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que visava privatizar 70% do patrimônio nacional para pagamento da dívida brasileira. A mineradora foi vendida por R$ 3,3 bilhões. O valor estimado na época do leilão era de R$ 92 bilhões, ou seja, valor 28 vezes maior do que o que foi pago pela empresa. Porém, o critério de avaliação do valor da mi-
Esse projeto de novo não tem nada, quando compraram o subsolo da Serra de Carajás na privatização eles já tinham conhecimento desse tanto de minério neradora, escolhido pelos bancos (entre eles o Bradesco), considerou apenas o fluxo de caixa existente no momento da
aquisição, sem levar em consideração o potencial das jazidas processadas da Serra Norte e o imenso poderio da reserva mineral da Serra Sul, estimado em 10 bilhões de toneladas de minério. “Esse projeto de novo não tem nada. Inclusive, quando compraram o subsolo da Serra de Carajás na privatização, eles já tinham conhecimento desse tanto de minério, o mapa é claro e mostra isso. É o maior saque de minérios do mundo”, indigna-se Raimundo Gomes Cruz, sociólogo do Centro de Educação, Pesquisa e Apoio Sindical (Cepasp) no Pará. (MZ)
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Petroleiros em greve contra o leilão de libra PRÉ-SAL Categoria exige a suspensão imediata do leilão do Campo de Libra, previsto para o dia 21 Ana Cristina Campos da Agência Brasil Os funcionários da Petrobras e subsidiárias entraram na quinta-feira (17) em greve por tempo indeterminado, em protesto contra o leilão do Campo de Libra, previsto para o próximo dia 21. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a categoria exige a suspensão imediata do primeiro leilão do pré-sal, sob o regime de partilha. “Por lei, o governo pode permitir que esse reservatório fique inteiramente com a estatal, mas, em vez disso, quer entregar o tesouro às transnacionais”, disse o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes. De acordo com a federação, a greve foi aprovada nos sindi-
catos filiados “de Norte a Sul do país”, e atingirá refinarias, terminais de distribuição, plataformas de petróleo, campos terrestres de produção, usinas de biodiesel, termoelétricas e unidades administrativas da Petrobras, Transpetro e demais subsidiárias. Apenas na refinaria Lubnor, no Ceará, os trabalhadores farão uma assembleia na manhã desta quinta-feira para decidir se aderem à greve, que, segundo a FUP, foi aprovada nas demais bases do estado. A federação informou que, na quinta-feira (17), os petroleiros fariam atos e manifestações nas principais capitais. A FUP diz que trabalhadores terceirizados que atuam nas unidades da Petrobras e subsidiárias participarão da greve. Conforme a entidade, os
sindicatos que organizam os terceirizados, como metalúrgicos, construção civil e vigilantes, atuarão em conjunto com os petroleiros ao longo da paralisação. Contra a terceirização A retirada de tramitação do Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que regulamenta a terceirização no Brasil, também está na pauta de reivindicações. Para os petroleiros, o projeto de lei “piora consideravelmente as condições de trabalho e ataca direitos históricos da classe trabalhadora”. “Ao liberar a terceirização de atividades-fim e acabar com a responsabilidade solidária das empresas contratantes, o PL 4.330 deixa os tra-
brasil | 11
Minas contra o leilão Da Redação* Em Minas Gerais, os movimentos sociais e sindicais organizaram atividades para alertar a população a respeito das consequências do leilão do Campo de Libra. Na quarta-feira (16), foi feita panfletagem nas estações de metrô de Belo Horizonte e debate sobre o tema na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT). No dia 17, quinta-feira, eleito Dia Nacional da Luta contra o Leilão do Campo de Libra, a BR381 foi interditada pelos manifestantes, que se deslocaram para a porta da refinaria Gabriel Passos, na Região Metropolitana, onde armaram acampamento. Participaram da ação cerca de 300 pessoas, entre estudantes, petroleiros e integrantes do Movimento Atingidos Por Barragens (MAB). balhadores, principalmente os petroleiros, ainda mais vulneráveis à precarização”, disse Moraes. Além disso, a FUP e os sindicatos reivindicam avanços
De acordo com o diretor do Sindicato de Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), José Maria da Silva, o leilão prejudicará o Brasil, que, segundo acordo, terá direito a apenas 30% de participação no lucro do petróleo. “A Petrobras deveria ser a única operadora de campo, mas a empresa diz que não possui capital para o investimento. O que o governo deve fazer é oferecer empréstimo. Eles não concedem tantos créditos a empresas de outros países? No momento, precisa investir em uma nacional”, argumenta. Além disso, o diretor acredita que, com a realização do leilão, o país perderá em geração de empregos e investimentos nos demais setores da economia. *com informações do Minas Livre na campanha de negociação salarial, lembrando que a proposta apresentada pela Petrobras no dia 7 “foi amplamente rejeitada pelos trabalhadores”.
10 12 || mundo mundo
Rio Janeiro, de deoutubro outubro 2013 Belode Horizonte, de17 18 aa 23 24 de de de 2013
Um em cada cinco atendentes de fast-food vive na pobreza NOS ESTADOS UNIDOS Cerca de 24% das famílias de pessoas que trabalham nesses restaurantes recebiam cupons de comida do governo durante os anos analisados (de 2007 a 2011) Steve Rhodes/CC
de São Paulo (SP) Ao entrar em um restaurante de fast-food nos Estados Unidos, uma pessoa tem uma chance em cinco de ser atendida por um empregado com renda abaixo da linha da pobreza do país. Segundo pesquisa divulgada na última terça (15) pela Universidade de Berkley, na Califórnia, e pelo Departamento de Planejamento Urbano e Regional da Universidade de Illinois, 20% desses trabalhadores vivem na pobreza. De acordo com a análise, mais da metade dos atendentes das redes de fast-food (52%) são contemplados por um ou mais programas sociais do governo, comparados a 25% da força de trabalho como um todo.
A maioria das pessoas acha que empregos em redes de fast-food são dominados por adolescentes, mas mais da metade desses trabalhadores é adulta
Por causa dos baixos salários pagos aos empregados, que precisam recorrer à assistência social, a indústria de fast-food custa quase 7 bilhões de dólares por ano (o equivalente a R$ 15 bilhões) aos cofres públicos. Entre os programas de assistência governamental estão o Medicaid (seguro de saúde para pessoas necessitadas) e o
Chip (Programa de Seguro de Saúde Infantil, na sigla em inglês). Além disso, 24% das famílias de pessoas que trabalham nesses restaurantes recebiam cupons de comida do governo durante os anos analisados (2007 a 2011). A pesquisa foi publicada depois de milhares de empregados dessas redes terem saído às ruas por meses pedindo melhores salários. Muitos afirmaram querer que o pagamento fosse elevado para 15 dólares por hora. O salário médio desses trabalhadores à época da pesquisa era de 8,69 dólares por hora (R$ 19), para aqueles que trabalhavam 30 horas por semana. A Associação Nacional de Restaurantes dos EUA, espécie de sindicato, não comentou os dados. Adultos sem filhos O relatório trouxe, ainda, uma informação que pode ser considerada surpreendente por muitos: a maioria das pessoas acha que empregos em redes de fast-food são dominados por adolescentes, mas, na verdade, grande parte desses trabalhadores é adulta. Cerca de 23% dos atendentes têm entre 16 e 18 anos, enquanto 26% são adultos com filhos. Mais da metade, entretanto, é constituída de adultos sem filhos. No começo deste ano, empregados de fast-food de 60 cidades dos Estados Unidos entraram em greve para exigir pagamentos mais altos, para que não tivessem de se apoiar em programas governamentais. Eles planejam outras ações ainda para esta semana. (Opera Mundi)
Trabalhadores protestam diante de Loja do McDonalds estadunidense
Na Finlândia, milionário é multado em R$ 280 mil por dirigir acima do limite TRÂNSITO Lei local permite que governo aplique punição aos infratores com valores proporcionais ao patrimônio e à renda Reprodução
de São Paulo (SP) A polícia da Finlândia multou em 95 mil euros (cerca de R$ 280 mil) Anders Wiklöf, mega empresário do país, por dirigir a 77 km/h em local que o limite permitido era de 50 km/h, divulgou ontem (16) a imprensa europeia. O valor da punição se deve à legislação finlandesa, que estabelece que infrações consideradas graves devem ser cobradas proporcionalmente ao patrimônio e à renda do infrator. A lei prevê que dirigir acima de 15% do valor permitido é um excesso abusivo. Para esse tipo de caso, o gover-
O empresário finlandês Anders Wiklöf
no tem acesso ao imposto de renda do infrator e calcula a multa conforme seus rendimentos. Embora admita ter dirigido acima da velociadade, Anders Wiklöf contesta que a multa é excessiva e a atual legis-
lação é “injusta”. “Na Suécia, a multa seria de aproximadamente 450 euros. A diferença é enorme. Não posso acreditar que um infrator daqui seja mais infrator do que o de lá”, criticou Wiklöf .
“Eu preferiria doar esse dinheiro para os idosos, doentes ou pessoas que precisam do dinheiro no país.” Segundo informações do jornal El Mundo, em 2002, outro milionário finlandês, Anssi Vanjoki, foi multado em 116 mil euros (cerca de R$ 342 mil) após pilotar uma moto a 25 km/h acima do limite permitido. A título de comparação, no Brasil, transitar a 50% da velocidade permitida é considerado infração gravíssima. Para ricos ou pobres, a multa é de R$ 574,61 e, além disso, o motorista tem a carteira suspensa. (Opera Mundi)
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
CAÇA-PALAVRAS
www.coquetel.com.br
variedades | 13
A novela Como ela é
© Revistas COQUETEL 2013
Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
Dicas de direção defensiva
O Ç A X C
S N A C O Q A
E w z A
C E D A D E A
I
I
C O L
O O O O V F
S
A
C H U V O S O S D AA E
Mantenha versal, as MANUTENÇÕES abra os vidros das JANELAS.do Na HORIZONTAL, reduza a velocidade. carro em dia, como PNEUS, freios, Em DESCIDAS, mantenha a MARCHA óleo, combustível, limpador de paraengatada, evitando a famosa -brisas e MOTOR. “banguela”.
R AE
F O
FP N SE w G J
Evite dirigir com sono, CANSAÇO, nervosismo ouDISTÂNCIA sobre o efeito de subsmantenha do tâncias tóxicas, como REMÉDIOS.
Sempre veículo da frente, para ter tempo de Sempre mantenha DISTÂNCIA do reagir a adversidades. veículo da frente, para ter tempo de
reagir a adversidades. Não use o CELULAR enquanto estiver Não use o CELULAR enquanto estiver dirigindo. dirigindo.
I
T
ER YY
F O N A M E
R N
J
P
J
B
E
V
I
B
Ç Õ E
S
G A
E
Y
R A
I
A A O E
P L
C S E
I
R
I
A A D
X
L
F
I
I
P N
A
H L
X C I
A R
I
O H T D
R
P N A O
I
E
T RD
R
R A
E
T
E
E
V A A N A X A O I R T R R A
U z A O O
QA O FH V CA A X A kO R N AA M
L
A H C
R A M k
A T
I
C A B O
A T J
DD P AP I
J
I
Entrou no ar, há pouco mais de um mês, a novela Joia Rara, que promete trazer para o sofá de nossas casas muitas reflexões sobre a história e política do Brasil. O forte vai ser a época da 2ª Guerra Mundial e a era Vargas (décadas de 1930 e 1940). Claro que como pano de fundo desse contexto, temos uma história de amor, vingança e magia. O budismo e seus princípios também estão em cena. Os protagonistas da história são Amélia e Franz. Ela, imigrante nordestina e irmã de um líder sindical ligado ao Partido Comunista, trabalha como operária na indústria do pai de Franz, este fadado à rigidez e autoritarismo do progenitor. Amélia e Franz se apaixonam, se casam e têm uma filha, Pérola. A decepção do dono da joalheria é tanta, que ele ar-
I zA z A A O
O L
OO HI
Nem tão de época assim
D U H A
I
I
A Y
AC NI
L
G
L
A Y
I
C A B O
A CT
G
N S I AD T
S
23
A
I
C N A T S
Q A H C R A M
C H U V O S O S E N E J R T S A A M O C N L E S U E U G R L H L A P A A O E N N S R C A E I L U Z P S O A N U T Q A A H C R A M L
ma uma situação para provocar a prisão da nora. Motivo: a moça foi acusada de ser comunista. Sim, naquele tempo, ser comunista era crime, já que Vargas os perseguia. Franz, ao romper com o pai, vai trabalhar como operário e passa a ser ridicularizado pelos colegas. O filho do patrão não pode estar no meio da classe trabalhadora. Quem o apoia é Mundo, irmão de Amélia e líder sindical dos operários, também preso por sua ideologia. Diante das denúncias feitas a Amélia e de sua prisão, Franz abandona a moça e passa a criar a filha do casal. Com a anistia dos presos políticos após o fim da guerra, Amélia se torna livre e a partir daí a história vai se desenrolar. No momento, a trama se encontra no ponto em que o Partido Comunista se alia a Vargas (Na época, só havia um Partido Comunista, que
Reprodução
ganhou o apelido de “Partidão”. Depois da próxima ditadura do Brasil - a militar - teve o primeiro racha e surgiu o PCdoB. Depois teve outro e veio - pasmem! o PPS. Sim, o Partido Popular Socialista do direitoso Roberto Freire nasceu comunista). Vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos. Essa novela vai render muitas conversas neste espaço. Por agora, cabe uma reflexão: a novela de época mostra a visão que se tinha daqueles que lutam por outra lógica econômica e de organização social, que iam pro xilindró por lutar por direitos básicos. E hoje, os comunistas ainda são vistos como criminosos? E a raça humana, segue trágica, como canta Caetano em música dedicada a um deles? Até semana que vem! Por Joaquim Vela
E
I UD L A T E R A L
C H U V R E N O T M O E S G A P N N A E L P A
C AE R
E J R S A A C N L U E U R L H L A A O E S R C I U Z S O N T A L
I D C A R L R A O T E R A L
E N Ç Õ E S A D I C S E D
O S O S
L O R T N O C
M A N U T
E R O T O M LDO R A F S O I D E M E R
E N Ç Õ E S A D I C SE
D A D
I
C O L
E V
www.coquetel.com.br
D
Solução C N A T S
Nas bancas e livrarias
I
I
23
I
para mudar de pensar sua maneira de pensar
Solução
L
A
50 Desafios para mudar 50 Desafios sua maneira
O Ç A S N A C
L O R T N O C
M A N U T
R O T O M L O R A F S O I D E M E R
Nas bancas e livrarias
k
C O R
z
z
S D
O L
P U O Az A AQ O S I I
I
k V k
I
O IR
Q O F
I
R
I z Az
A D A A
D
F SA
AI PA S QR CS A
I
A N
E ED A U H IA X C
E
I
C
L H L
AE LD k AU BA
O C
A A D
k A UO B A LP SE w LA A E N PY N OE
k A A
R k AE O E AI A
EE N I X
AC AA S OU PE
I
R
T Rk A V k LS
S O A
MN M OY O NC
L
I
L O R A
A GE
Mantenha as MANUTENÇÕES do Evite dirigir com sono, CANSAÇO, carro em dia, como PNEUS, freios, nervosismoóleo, ou sobre o efeito dedesubscombustível, limpador para-brisas e MOTOR. tâncias tóxicas, como REMÉDIOS.
V
L
R O T O M B
engatada,evitar evitando a famosa a AQUAPLANAGEM e a perda “banguela”.de CONTROLE.
E
E
k
Dicas de direção defensiva
Em VENTOS muito fortes na trans-
E
F G C B
I Y S O I D E Ao dirigir em estrada ESCURA, guie-se pela faixa branca da LATERAL da Y G L V O V I CAÇA-PALAVRAS pista. R ©BRevistas L M A E 2013 R www.coquetel.com.br COQUETEL Sempre que possível, com Procure trafegue e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto. M A N U T E N o FAROL baixo, pois o alto pode O Ç A S N A C O Q A E cegar temporariamente o motorista X NC EA w Iz AA E Rw VE O BC do CARRO da frente ou do sentido C PE DE A LD O I C RO T L E NV oposto. E A I O O O O V E L I E A X T E A k Em dias CHUVOSOS, diminua a VELO- F G C B k R O T O M B L CO RH A UF SV A OF O NOA S CIDADE e freie com cuidado, para I Y S O I D E M E R N Ao dirigir em estrada ESCURA, guie-se E A E R Y T evitar a AQUAPLANAGEM e a perda pela faixa branca da LATERAL da Y A G L V O V I J P J B pista. de CONTROLE. R RB LE M FA N E R EE G V I JB Sempre que possível, trafegue com Õ E S Em VENTOS muito fortes transo FAROL baixo, pois ona alto pode M FA N O U I T ET N SÇ O A temporariamente o motorista versal, abra cegar os vidros das JANELAS. Na N A I A R E B R k A A do CARRO da frente ou do sentido P M E E M L O OR O T N CO C I ND HORIZONTAL, reduza a velocidade. oposto. E A X T E A k I A N I E C A S U P E Em dias CHUVOSOS, diminua a VELOEm DESCIDAS, mantenha a MARCHA CIDADE e freie com cuidado, para
E
E w V O C
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
AMIGA DA saúde www.coquetel.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde E D A D
I
C O L
E V
O Ç A S N A C
Querida amiga, nunca tive isso, mas estou sentindo um inchaço incômodo no pescoço, e me falaram que pode ser uma íngua. O que faço? Posso tomar um anti-inflamatório ou é só esperar passar?
Estou um pouquinho acima do peso e quando uso saias fico assada na região interna da coxa. Como prevenir? E quais os cuidados depois que já estiver machucado?
Meus olhos estão sempre irritados, secos. Uso um colírio diariamente para melhorar, mas ouvi falar de uma doença chamada “síndrome do olho seco”. Será que tenho a doença? Devo me preocupar?
Lívia Soares, 34, dentista
Hanaí Gomes, 27, decoradora
Ilza Márcia, psicóloga, 28
Cara Lívia, é comum apresentarmos uns “carocinhos” no pescoço, que duram uns dias e depois somem. Essas são as ínguas mesmo (gânglios linfáticos), que defendem nosso corpo de agentes estranhos. Em geral, esses gânglios aparecem devido a uma inflamação na garganta ou nos dentes, por uma gripe ou por infecções na região próxima a eles. A necessidade de tratamento dependerá da causa. As infecções geralmente precisam de remédios específicos, já a gripe ou outras vi-
Querida Hanaí, para evitar as assaduras entre as pernas, é necessário reduzir o atrito que ocorre ao caminhar, quando uma coxa vai esfregando na outra até que chega à lesão da pele. Você pode usar um óleo, como a vaselina líquida, por exemplo, que facilitará o deslizamento da pele na região e evitará a assadura. Os talcos também podem ser usados com a mesma função. Quando não for possível prevenir e a pele ficar machucada, evite ba-
Deve se preocupar sim, Ilza. Não é esperado que nossos olhos fiquem secos. Produzimos lágrimas constantemente e quando piscamos todo o olho é hidratado por elas. Vários problemas podem causar o olho seco, desde fatores ambientais, como ar condicionado, vento, clima seco, até fatores orgânicos, como o envelhecimento ou defeitos no funcionamento das glândulas, com redução da produção de lágrimas. Se não for tratado, este problema pode gerar lesões na cór-
roses tendem a sumir em poucos dias, com a ação do nosso sistema de defesa. Mas, se o carocinho vai só crescendo, ou se dura mais de uma semana, procure avaliação médica.
nhos quentes, use roupas leves, evite esfregar o local avermelhado. Aplique pasta d’agua no local ou outra pomada para assadura. Caso em alguns dias não haja melhora, procure ajuda de um profissional de saúde.
nea, com comprometimento da visão. Procure avaliação oftalmológica. Na rede SUS, você deve solicitar um encaminhamento ao oftalmologista no Centro de Saúde mais próximo da sua casa.
14 | cultura
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Pelas ladeiras de BH DIVERSÃO - Segundo Mundialito traz de volta as brincadeiras com carrinhos de rolimã pelas ruas da cidade Lívia Bacelete De Belo Horizonte Os morros de Belo Horizonte se transformam em pistas perfeitas para descidas repletas de adrenalina. O asfalto riscado e o sorriso estampado no rosto de crianças e adultos que se desafiam a experimentar mostram que eles estão de volta. Os carrinhos de rolimã, construídos, geralmente, de madeira e rolamentos de aço para a disputa de corridas ladeira abaixo, voltaram a povoar o imaginário da cultura de brincadeiras de rua da capital. No sábado (19), será realizado o Segundo Mundialito de Rolimã do Abacate, campeonato que tem como propostas principais a diversão e a ocupação da cidade. “A rua é o nosso maior playground”, afirma Die-
go do Nascimento Dantas, organizador do evento. Ele explica que um dos maiores objetivos é levar as brincadeiras de volta às ruas, além de promover a socialização e a troca de experiências entre as gerações. Esses objetivos já foram alcançados durante o Oficinão de Construção de Rolimã, atividade de preparação para a competição, promovido no Dia das Crianças, no Parque Municipal, a uma semana do campeonato. O funcionário público Giovane de Azevedo França participou com seu filho Pedro, de 9 anos. Os dois construíram um carrinho e já se inscreveram para o Mundialito de Rolimã do Abacate. O menino Pedro conta que já ganhou um rolimã do pai, mas era comprado no supermercado. Essa foi a primeira
Mídia Ninja
Oficina de construção preparou os ânimos - e carrinhos - para o mundialito
Festival de estudantes de teatro ocupa BH Maíra Gomes De Belo Horizonte Durante dez dias, Belo Horizonte se torna palco de um dos maiores festivais estudantis de teatro do país, o FETO-BH, entre os dias 9 e 19 de outubro. Grupos de todo o país participam do evento, dando oportunidade à população da capital de conhecer o teatro em formação. Este ano, em sua 15ª edição, estão participando 15 grupos, após a inscrição de mais de cem espetáculos de todo o Brasil. São duas categorias: “Escola de Teatro”, composto por estudantes dentro do ambiente de formação
profissional; e “Teatro na Escola”, por estudantes secundaristas. A idealizadora e coordenadora do festival, Bárbara Bof, conta que a ideia nasceu em 1999, de alguns secundaristas que buscavam espaço para fazer teatro. “Artes não faziam parte do calendário escolar. De lá pra cá, muito estudantes que tinham perfil de quem queria teatro na escola participaram. Vivemos essas mudanças, a escola passou a ser entendida como um espaço de vivência, para que os estudantes tenham acesso à diversidade”, conta Bárbara, que acredita, apesar do avanço, que ainda há muitos desafios pela frenDaniel Protzner
Cena do espetáculo “Os bestas do apocalipse”
vez que ele construiu seu próprio brinquedo. O pai está animado com o campeonato e lembra que, na sua infância, brincava na rua e andava pelo bairro inteiro. “Hoje em dia, você não deixa o menino ir pra calçada, a insegurança é muito grande”, lamenta. O campeonato, que tem inscrição, regulamento, categorias de competição e premiação, é fruto de realização colaborativa entre os coletivos Associação Cultural Casinha, Híbrido Comunicação e Cultura, Fósforo Coletivo e Vinyl Land. O Segundo Mundialito de Rolimã do Abacate ainda contará com diversas atrações culturais. O evento é gratuito e acontece, neste sábado, na Rua Magi Salomon, no bairro Salgado Filho, a partir das 11h.
te. “O ensino de artes já está previsto na nova Lei de Diretrizes e Bases [Lei que rege a política de educação no país], mas ainda é uma luta, porque temos poucos profissionais de licenciatura de artes cênicas dentro das escolas, devido ao pouco investimento e baixos salários”, aponta. A atriz Gabriela Ribas é uma delas. Professora de teatro do colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo, RJ, seu grupo de alunos participou pela primeira vez do festival, com 19 estudantes do Grupo Teia. Ela conta que, para os alunos, a oportunidade de conhecer outros grupos e outras formas de se fazer teatro é muito rica para a formação. “Foi bem interessante. Já participamos de outros festivais, mas nenhum tão grande. Com tantas atividades, os estudantes crescem em qualidade de pensamento, em reflexão”, aponta. O Feto promove, ainda, atividades de formação e debate. Espaços como o “Olhares”, de reflexão sobre as apresentações, onde são colocados os pontos de vista dos participantes e dos profissionais convidados; oficinas, para exercício e formação dos participantes; e o “Cafeto”, de discussão sobre as políticas de
cultura e educação do país. Além da participação de secundaristas, o Feto conta com alunos em formação profissional de teatro, como universidades e cursos. Talita de Carvalho Alves Neto é diretora do grupo “Uma certa Cia Cênica”, e estudante da Faculdade de Artes do Paraná, em Curitiba. Ela parti-
cipou do festival em 2010, com outro grupo, e vem à cidade pela segunda vez. “É uma oportunidade de trocar com grupos de todo o Brasil, que fazem trabalhos diferentes uns dos outros. É sempre um experiência muito potente, que reverbera muita coisa”, acredita.
Tradição e contemporaneidade Raíssa Lopes De Belo Horizonte Neste fim de semana, a banda Ponto BR marca presença em BH, apresentando o show “Na Eira”. O projeto, formado em 2002, na cidade de Guanabacoa, Cuba, é resultante da união de mestres da cultura tradicional brasileira e músicos contemporâneos que reúnem, em uma só apresentação, ritmos regionais como maracatu, carimbó e ciranda. Entre as referências do Ponto BR estão os ensinamentos dos antigos grupos africanos Bantos, Nagôs e Jejes, trazidos ao Brasil a partir do tráfico negreiro transatlântico e cujas crenças religiosas originaram as religiões afro-brasileiras. O CD “Na Eira” conta com participações especiais de Seu Nel-
son da Rabeca (AL), o babalorixá Euclides Talabyan, o Povo Kariri Xocó, as mestras Maria Rosa, Anunciação Menezes e a comunidade da Tenda São José de Pirapemas (MA). O coletivo também realiza oficinas de gêneros musicais populares como Bumba Boi, Jongo e Maracatu, em propostas de musicalização e educação pela arte. Em Belo Horizonte, as aulas serão ministradas na Escola de Música da UFMG (Campus Pampulha), no dia 21 de outubro. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo e-mail contato7@ponto.mus.br. O grupo se apresenta neste sábado (20), no Teatro Bradesco, às 21h. A entrada é franca, com retirada de ingressos na bilheteria do teatro até uma hora antes do início do espetáculo.
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA
é tudo de graça! torna um” nesta sexta (18), às 20h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, Sta. Efigênia).
TEATRO Show com a banda Dom Pepo, na Semana Cultural da Faculdade de Direito e Ciências do Estado UFMG. Sexta (18), de 17h30 às 19h, no 3º andar da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG.
Coletivo Família de Rua apresenta Duelo de MC’s, evento com batalhas de rimas improvisadas e danças urbanas. Sábado (19), às 15h, no Centro Cultural Alto Vera Cruz (Rua Padre Júlio Maria, 1577, Leste).
Segunda a quinta-feira sileira de diretores como Rogério Sganzerla e João Moreira Sales. Todas as terças-feiras de outubro, no Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima , 420). Ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.
ra compartilhada do livro “A Arca de Noé”, de Vinícius de Moraes, seguida de criação literária. Quinta (24), às 10h, no Centro Cultural Lindeia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Regina).
MÚSICA O projeto DeSkaReggae Sound System, inspirado nos antigos sistemas de som da Jamaica, completa neste sábado (19), dois anos de fundação. A comemoração acontece no Viaduto Santa Tereza, das 14h às 22h.
DANÇA
Espetáculo “O Maior Menor Circo do Mundo”, da Cia Sol-Riso, relembra os encantos do circo, arte que enfrenta vários desafios para sobreviver. Sexta (18), às 15h, no Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, 22, Oeste).
CINEMA
Show de lançamento do CD da banda mineira DJUN, grupo de percussão inspirado na linguagem musical do Oeste Africano. Terça-feira (22), às 23h, no Espaço CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104).
A mostra “Cinema em Transe” divulga a produção cinematográfica bra-
Oficina literária “Vinícius em Foco”, com Priscila Miranda. Leitu-
“As origens do fotojornalismo brasileiro: um olhar sobre‘O Cruzei-
esporte |
na geral Mundial de vôlei masculino A atração imperdível deste final de semana é o Mundial de Vôlei Masculino de Clubes. O Brasil está representado pelo Cruzeiro, campeão em 2011/2012 e atual vice-campeão da Superliga. O evento está sendo realizado desde terçafeira, no Ginásio Poliesportivo Divino Braga, em Betim. Até o fechamento desta edição não tínhamos os resultados finais da fase de grupos, que contou com as equipes do Trentino Diatec (ITA), quatro vezes campeão do torneio, o UPCN (ARG), Kalleh (IRÃ), e o japonês Panasonic Panthers no Grupo A; e da equipe do Cruzeiro, Lokomotiv Novosibirsk (RUS), Club Sportif Sfaxien (Tunísia), e La Romana, da República Dominicana, no Grupo B. Esta coluna aposta (e torce) por uma final entre Cruzeiro e Trentino Diatec. Certamente será um jogo memorável.
Disputa pela Segundona Se a ponta de cima da tabela do Brasileirão parece bem con-
ro’ (1940 – 1960)” é o nome da exposição que retrata a história do fotojornalismo no Brasil. De terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h. Até o dia 17 de novembro, no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (Av. Afonso Pena, 737).
A mostra de esculturas de Hélder Moreira, feitas para a editora Marvel, integra a programação de aquecimento para o 8º Festival Internacional de Quadrinhos. Até o dia 17/11, de terça a domingo, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001). Das 11h às 18h.
EXPOSIÇÃO
INFANTIL A Cia. de Dança Palácio das Artes apresenta o espetáculo “Tudo que se
cultura | 15
solidada, com o Cruzeiro com as duas mãos na taça e o restante do G4 a uma significativa distância do pelotão de trás, as emoções mais fortes deste último quarto do Campeonato Brasileiro prometem se dar na ponta de baixo. Segundo o grupo de pesquisa em Probabilidades no Futebol do Departamento de Matemática da UFMG, podemos dizer que para metade do Brasileirão (nada menos que 10 equipes) o risco de jogar a Série B em 2014 é real. Entre estes, destaca-se a grande quantidade de clubes de São Paulo (Ponte Preta - 76%, Corinthians - 15%, São Paulo - 10% e Portuguesa - 7,6%) e Rio de Janeiro (Vasco - 37% e Fluminense - 22%). Se assumirmos que o Náutico está virtualmente rebaixado (tem 0,02% de chance de escapar do Z4 até a 38ª rodada), podemos dizer que nove clubes “disputam” as três vagas restantes na Segundona do ano que vem.
Betim avança na Série C O Betim (ex-Ipatinga) conseguiu beliscar a quarta colocação do Grupo B e se classificou para as quartas de final do Campeonato Brasileiro Série C. O desa-
fio agora é grande: vai enfrentar o Santa Cruz, de Recife, que tem uma torcida apaixonada e fez a melhor campanha da competição da primeira fase, classificando-se no primeiro lugar do Grupo A. Se conseguir passar pelo tricolor pernambucano, terá já garantida a vaga na Segundona de 2014. O primeiro jogo será neste sábado, às 16h, na Arena do Jacaré (Sete Lagoas), e a partida decisiva será no domingo seguinte, dia 27, no Arruda (Recife), com previsão de 55 mil presentes. Os outros jogos das quartas serão: Macaé-RJ (1º do Grupo B) X Sampaio CorrêaMA (4o do Grupo A); Luverdense-MT (2º do Grupo A) X Caxias -RS (3º do Grupo B); Vila NovaGO (2º do Grupo B) X Treze-PB (3º do Grupo A).
Vai, Coelho! O América conseguiu, na terça-feira, bela vitória contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro, por 3x1, e voltou a encostar no G4. Com o resultado, chegou à 7ª colocação, com 47 pontos, mesmo número do Avaí e Icasa e a 2 pontos apenas de Sport e Paraná, os dois últimos clubes que iriam para a Série A, se a competição acabasse hoje. Nes-
ta sexta-feira às 21h50, o Coelho vai ao Castelão duelar com o Ceará, o 8º colocado, que também está de olho no G4, com 46
pontos, pela 31ª rodada. Será um jogo fundamental para as pretensões americanas na competição.
artigo | Marcelo Pereira
Capacidade física acima da técnica O Brasil de Fato tem insistido, já há algumas edições, no tema do excesso de jogos no calendário do futebol brasileiro. Este é mesmo um grande problema do nosso esporte bretão. A cada rodada fica mais claro constatar esta verdade evidente. Há pouco, o Botafogo, que vinha emplacando boa campanha no Brasileirão, amargou uma série de quatro derrotas e um empate. Um dos grandes motivos: o craque mundial Seedorf, cérebro da equipe, não conseguiu suportar a longa série de jogos seguidos durante vários meses, sem direito sequer a treino. O resultado foram atuações irreconhecíveis de um dos principais destaques da competição. No último final de semana até o Cruzeiro, líder inconteste da competição, sofreu na pele as consequências do seguimen-
to maluco de jogos. O último clássico mineiro teve uma jogada de mestre do comandante alvinegro Cuca, que utiliza a questão física para levar vantagem sobre o rival. Na rodada anterior, enquanto o Cruzeiro sofria contra o São Paulo no Mineirão com seu time completo, Cuca poupou os seus titulares contra a Ponte Preta, em Campinas. Com isso, descansou a equipe para o clássico, apesar de desfalcá-la de quatro de seus principais jogadores - Vítor, Rever, Jô, além da estrela, Ronaldinho Gaúcho. O resultado foi um Atlético que dominou completamente um jogo que, no mínimo, deveria ser marcado pelo equilíbrio. A esperteza de Cuca é digna de nota, mas o destaque mesmo foi o lamentável fato de que, no Campeonato Brasileiro, a capacidade física prevalece sobre a tática e a técnica.
16 | esporte
Belo Horizonte, de 18 a 24 de outubro de 2013
Atlético
Deixa a vida me levar Bruno Cantini
Cruzeiro Enquanto o técnico vai empurrando com a barriga, pelo menos fica o gostinho de derrotar o Cruzeiro
Rogério Hilário Priorizar o Mundial de Clubes ou brigar pelo título brasileiro? Nem uma coisa, nem outra. O Atlético, a meu ver, oscila a cada rodada e está igual ao refrão do sucesso do Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar, vida leva eu”. Numa partida, contra o Ponte Preta, atua abaixo da crítica. No clássico contra o Cruzeiro, detona o arquirrival. Contra xará paranaense, até que estava bem, até sofrer duas expulsões. Já para enfrentar o Flamengo, o técnico Cuca acena com time misto. Ou seja, vai empurrando com a barriga até a disputa do título mundial, pois a conquista nacional é improvável, a vaga na Libertadores já está garantida, subir na tabela não altera nada (só massageia o ego) e cair não
tem mais jeito. O que deu algum gostinho foi atrapalhar um pouco a vida do Cruzeiro que, na rodada seguinte, se recuperou. E tem mais: o treinador atleticano chegou a um beco sem saída. Testar o quê? Ele já experimentou todo o elenco, inclusive observou, sem sucesso, alguns garotos da base e também alterou algumas vezes o esquema tático. Não tem atleta recém-contratado e, ao que parece, nenhum reforço à vista. Pelo jeito, é seguir em frente aguardando a recuperação de Ronaldinho Gaúcho. E, convenhamos, escrever coluna do Atlético está igual a assistir amistoso da Seleção Brasileira. Dá o maior tédio. Então, vou também seguir o refrão do Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar, Galo leva eu”.
Anuncie no Brasil de Fato MG Todas as semanas nas ruas de Belo Horizonte
publicidademg@brasildefato.com.br
(11) 2131-0800 (31) 3309-3304
Ainda no contra-ataque
Whashigton Alves
Wallace Oliveira Na semana passada, previ gols de contra-ataques e disse que o Atlético contra-ataca melhor avançando a marcação, bloqueando as saídas do oponente. Aos 40 do segundo tempo, Marcos Rocha roubou a bola no meio do campo e deixou Fernandinho no mano a mano com Bruno Rodrigo. É impossível prever tudo. Não fosse a irresponsabilidade de Alisson, que tentou cavar falta quando o time partia para o ataque, e a habilidade e sorte do atacante atleticano, que acertou um chute indefensável, talvez o gol não acontecesse. Isto é o imponderável, o que ninguém prevê. Todavia, nem a sorte ajuda quem não corre. O rival mereceu ganhar não apenas por esse lance, mas porque jogou tudo o que sabia, teve disciplina tática para marcar e buscar o gol. Já o Cruzeiro se acomodou com o empate, que manteria a vantagem de 11 pontos sobre o vice-líder. Desgaste natural e esforço adicional Enquanto envio este texto, o Botafogo ainda não enfrentou o Vitória, mas Cruzeiro e Grêmio já fizeram o dever de ca-
Estilo do time exige grande movimentação
sa. Para os comentaristas, só um desastre nos rouba o troféu. Não é desastre perder dois clássicos, contra SPFC e Atlético/ MG. O estilo de jogo do Cruzeiro exige grande movimentação e, naturalmente, gera cansaço e queda de rendimento. Isto ficou nítido na vitória sobre o Fluminense. Mesmo com um jogador a mais, o time tomou sufoco no fim. Nessas horas, é um alívio ter o melhor goleiro do Brasil. Contra o Coxa, na 30ª rodada, interromperemos a maratona de dois jogos semanais. Com isso, o Cruzeiro se recuperará fisicamente e retomará o futebol de outrora. Agora, a via mais curta e difícil para o título é bater os quatro próximos adversários. Merece o esforço adicional.
Futebol ou barbárie? Os ânimos à flor da pele da reta final do Campeonato Brasileiro estão resultando em brigas entre torcidas nos estádios. No final de semana passado, rodada de clássicos regionais, foi a vez das torcidas de São Paulo e Cruzeiro darem demonstrações de barbárie. A torcida do tricolor paulista entrou em confronto com a polícia no intervalo do jogo contra o Corinthians (que terminou em 0x0), que resultou na explosão de duas bombas na arquibancada. Já os torcedores cruzeirenses lançaram sinalizadores na torcida rival, entraram em confronto com a polícia e até mesmo entre si (!!!) na derrota da equipe para o Atlético no Independência. Tricolores e celestes terão que enfrentar agora o Tribunal de Justiça Desportiva, que este ano já puniu Vasco e Corinthians com quatro rodadas cada sem poder mandar seus jogos em casa.