Joana Tavares / BFMG
CIDADES | MINAS
4e5
16 ESPORTES
Divulgação / Carlos Cruz
Segue descaso Vamos subir, com atingidos Coelho!
Depois de 15 dias da tragédia, comunidades ainda estão na lama e sem previsão de ressarcimento. Enquanto isso, projeto para facilitar mineração terá regime de urgência na Câmara dos Deputados
Minas Gerais
Sábado (20) é dia! Se vencer a partida contra o Ceará, no Independência, América garantirá o acesso à primeira divisão. Será a 15ª participação do clube na série A
20 a 26 de novembro de 2015 • edição 113 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
Vinicius Carvalho / Jornalistas Livres
Págs. 2, 8, 9 e 13
Um viva ao povo negro! Na Semana da Consciência Negra, o Brasil de Fato recorda mulheres guerreiras, referências no combate ao racismo, ao preconceito e à violência racial. A herança delas segue viva em todas as pessoas que lutam pela liberdade e igualdade. População negra ainda é a que mais sofre com o preconceito, a violência, a desigualdade econômica e a falta de oportunidades. Em Brasília, ocorreu Marcha com 30 mil mulheres. Veja também programação cultural em Belo Horizonte
Reprodução
MUNDO | ENTREVISTA 10 e 11
Cientista explica Estado Islâmico Entenda motivações do terrorismo por trás dos ataques à França. Especialista denuncia ação dos EUA como causa do fortalecimento dos grupos
3 CIDADES
Mais tempo no ponto
12 mil horários de ônibus foram excluídos. Medida acontece sob justificativa de “baixa demanda” e prejudica usuários, que esperam mais de 40 minutos
Larissa Costa / BFMG
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
Editorial | Brasil
Outras Dandaras e Zumbis surgirão!
ESPAÇO dos Leitores “Por trás de uma tragédia como esta não haverá culpados imediatos, mas sim responsáveis diretos” Heithor Beira, comentando a matéria de capa “Uma tragédia anunciada”
“Heranças da privatização tucana” Joaquim Vigotsky, comentando a edição especial sobre a tragédia de Mariana
Quem está encobrindo informações é a grande mídia, subserviente ao poder corporativo dominante.” Yvone Assali, comentando a entrevista “Vale e BHP são responsáveis pela tragédia”
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20 de novembro, dia da Cons- sumo e exportação, por meio da ciência Negra. Completam-se 320 hipersexualização de seus coranos do massacre do Quilombo pos. de Palmares, onde foram assassiNo Congresso Nacional, a prenados Zumbi e Dandara, símbo- sença é praticamente nula. Melos de resistência do povo negro nos de 10% do Congresso hoje é e da luta por liberdade. Passado composto por negras e negros. tanto tempo, alguns insistem em Não por acaso, é esse Congresdizer que o Brasil é uma “demo- so que quer aprovar uma medida cracia racial”. Ou seja, que não há para aprisionar ainda mais a jumais racismo no país e que os e as ventude negra, com a redução da negras e negros vivem em igual- maioridade penal, apoiada pelo dade. Tal ideia é uma mentira. deputado Eduardo Cunha e por A população negra é a que grande parte da mídia e dos parmais sofre com a violência. Estu- lamentares. dos apontam que um jovem neNegras e negros também sogro possui 2,5 vezes mais chances frem mais no mercado de trabade ser assassinado do que um jo- lho, ocupando os piores postos, vem branco, seja pelo Estado e a com as piores condições e salápolícia, seja pelo tráfico e as milí- rios. Segundo o DIEESE, um necias. A maioria da população car- gro recebe 63,7% do que recebe cerária é composta por negros. O um branco; além de estar mais cenário é de genocídio. Inclusive exposto ao desemprego e à inforo Mapa da malidade. Violência Essa difeLuta da negritude é decisiva na aponta um rença é aintransformação da sociedade aumento da maior assustador quando se brasileira no número analisa a de violêncondição cia contra as mulheres negras nos das mulheres negras. últimos anos, consequentemente Por tudo isso, a importância de elevando as taxas de feminicidio. se desconstruir o mito da democraSão poucas as alternativas ofere- cia racial. O povo negro tem papel cidas. Jovens negras e negros não fundamental na história e na cultupossuem acesso à educação de ra do povo brasileiro. Em cada canqualidade, trabalho digno e direi- to deste Brasil ecoam sinais de retos sociais. sistência ao racismo, ao patriarNesse sentido, é simbólico o cado e ao capitalismo. Sinais que ocorrido no dia 18, em Brasí- Zumbi, Dandara, Marighella, Thelia. A Marcha das Mulheres Ne- reza de Benguela, Negra Zeferina, gras reunia 30 mil lutadoras con- Clóvis Moura, Carolina Maria de Jetra o racismo e a violência. Ao fi- sus, Lélia Gonzales, Claudia Ferreinal do ato, dois policiais (homens ra, Amarildo Souza e tantos outros e brancos) dispararam tiros em vivem e viverão! meio às manifestantes. É abomiA luta da negritude teve e ainnável que a elite brasileira só sai- da terá papel decisivo na transba agir diante dos negros a partir formação da sociedade brasileida violência. ra. Construir uma real abolição, Além disso, o povo preto não se que dê poder aos pretos e às prevê nos espaços de destaque, seja tas é tarefa primordial da consnos meios de comunicação, seja trução de um país justo e demonos espaços de poder. Nas nove- crático. Que Dandara e Zumbi se las, lhes cabem os papéis de em- façam presentes mais uma vez e pregadas e de vilões. As negras inspirem o povo brasileiro nesse são vistas como material de con- caminho.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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CIDADES
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Exclusão de 12 mil horários de ônibus pode aumentar transtornos DIMINUIÇÃO Medida acontece todo mês, segundo BHTrans, e exclui viagens de “baixa demanda” Adão de Souza
Rafaella Dotta “Como sempre, é a BHTrans do lado das empresas de ônibus e a população no prejuízo”, comenta o vendedor Guilherme Freitas, passageiro da linha 4801A. Esta é uma das 95 linhas afetadas por uma reorganização de horários proposta pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de BH (Setra-BH). As diminuições acontecem nas linhas em que o número de passageiros é pequeno, porém, a Setra -BH não informou o número mínimo de passageiros para que o horário seja considerado ineficiente. Informações do sindicato mostram que, de maio para junho, já tinha acontecido a redução de 22 mil viagens. Ao todo, novembro terá
“Pra gente que sai tarde do serviço é péssimo. Vou ter que esperar mais tempo ainda”
“Redução pode ser para agradar aos empresários”
12 mil viagens a menos que junho, quando o último relatório de viagens foi divulgado pela BHTrans, o que representa redução de 1,6% dos horários.
Demanda baixa? A faxineira Maria da Consolação Carneiro é passageira do 3054. Ela conta que os veículos andam lotados de dia e, de noite, o problema é o grande intervalo de
Trabalhadores da URBEL em greve por tempo indeterminado SUCATEAMENTO A atuação da PBH na área habitacional é alvo de crítica dos servidores que denunciam precarização do trabalho Reprodução / Sintappi-MG
Raíssa Lopes Na quarta-feira (16), trabalhadores da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL) realizaram assembleia onde decidiram iniciar greve por tempo indeterminado, a partir do dia 24 de novembro. Segundo Giovanni Braz Henrique, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisas, Perícias, Informações e Congêneres de Minas Gerais (Sintappi-MG), desde abril deste ano a categoria luta para ter seus direitos garantidos em negociações com a diretoria da companhia, sem sucesso. A única proposta - recusada pelos trabalhadores - foi encaminhada no dia 13 deste mês. “A proposta que recebemos foi um reajuste de 2,5% em janeiro de 2016 e mais 2,5% em dezembro de 2016,
tempo entre um ônibus e outro. “Pra gente que sai tarde do serviço é péssimo. Fico no ponto às vezes mais de 40 minutos. Se tirar horário, vou ter que esperar mais tempo ainda”, diz. Ela se preocupa com os riscos
correspondendo ao período de abril de 2014 a dezembro de 2016. Além disso, eles nos ofereceram um aumento de apenas 5% no vale refeição, também para dezembro de 2016”, afirma Giovanni. O reajuste reivindicado pelos trabalhadores é de 22%. Além do Sintappi, o Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (SengeMG), Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado de Minas Gerais (Sinarq) e Sindicato dos Geólogos (Singeo) organizaram uma Assembleia Geral Extraordinária, realizada na quinta-feira (19), para discutir a programação de atividades durante a paralisação. “Faremos mobilizações e também um seminário na quinta-feira, onde discutiremos, junto à universidade e movimentos populares, a situação da política munici-
de assalto e de agressão. Para Reginaldo Alexandre Alves, morador do Barreiro e integrante da Assembleia Popular local, a redução dos horários pode ser uma forma de “agradar aos empresários”, já que há reclamações de queda do lucro por conta do adiamento no aumento da pas-
sagem, em outubro, e o preço do diesel. “As empresas reclamam, mas a Prefeitura não pode prejudicar o usuário”, diz. Linhas que tiveram horários diminuídos 34, 67, 101, 102, 105, 205, 302, 326, 340, 402, 503, 608, 609, 619, 620, 624, 625, 634,637, 638, 640, 642, 645, 707, 711, 712, 713, 716, 717, 738, 806, 807, 810, 811, 814, 832, 837, 901, 1145, 1170, 1404C, 1505, 1509, 1510, 2033, 2034, 2101, 2103, 3054, 4033, 4102, 4103, 4106, 4107, 4150, 4201, 4205, 4403D, 4801A, 5503B, 808, 8001A, 8106, 8107, 8150, 8205, 8207, 8208, 8350, 8405, 8501, 9032, 9103, 9104, 9105, 9202, 9206, 9210, 9214, 9403, 9404, 9405, 9801, 9805, 1505R, 3301A, 3302D, 3501A, SC01A, SC01B, SC02B, SC04A e SC04B.
PERGUNTA DA SEMANA
Dia 20 de novembro, data da morte do líder escravo Zumbi dos Palmares, foi escolhido para celebrar a “Consciência Negra”. Isso faz parte de uma busca para eliminar o preconceito racial existente no país, em que negros e negras são diminuídos e até explorados por conta da sua cor. E você, já passou por preconceito racial?
pal de habitação. Além disso, debateremos o cenário de BH com a atual conjuntura e ajuste fiscal”, reitera Giovanni. O Sintappi também informou que em contrapartida à situação vivenciada pela categoria, acontece a expansão de cargos comissionados. “São 40 assessores contratados sem concurso além de nada comprometidos com a obtenção de avanços em seus programas e ações. O uso político dos cargos é notório”, diz o documento.
Já passei sim. Quando era adolescente, namorei uma menina branca e anos mais tarde, fui tentar um emprego onde o pai dela era chefe. Dava pra ver que eu era o candidato mais preparado. Mas até hoje a empresa não me ligou e eu sei por quê. Wilson Fernando Machado, vendedor
Quando eu era pequena, achava que a minha cor era um problema e que se eu entrasse num balde de água sanitária poderia ficar branca. O 20 de novembro é importante por isso, pra pensar em acabar com essa discriminação que estamos passando inclusive para as crianças. Andreia Santos, vendedora
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CIDADES
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Duas semanas depois, descaso segue nas regiões afetadas IMPACTOS Além de Bento Rodrigues, outras comunidades estão invadidas pela lama das barragens Joana Tavares / BFMG
Joana Tavares de Mariana Em Paracatu de Baixo, distrito de Mariana, quase todas as casas, a escola, bares, comércio, igreja, quadra estão cobertos ou soterrados pela lama, que chegou três horas depois do rompimento das barragens de rejeitos de Fundão e Santarém, da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues. Duas semanas depois do terror, a comunidade parece um cenário de guerra: o que sobrou, agora é um deserto. Há alguns caminhões que retiram parte dos rejeitos e os levam não se sabe pra onde. Os poucos homens que trabalham são de empresas terceirizadas da Samarco, como a Integral, a mesma para a qual prestavam serviço a maior parte dos trabalhadores que estavam dentro das barragens no momento do rompimento. Diretores da Samarco, da Vale ou BHP Billiton, mega empresas que controlam a mineradora, não estão em
para “hotéis” e pousadas na cidade de Mariana, assim como a maior parte dos atingidos de lá e de Bento Rodrigues. Outros foram ainda para casas de parentes na região. O roteiro de Paracatu de Baixo se repete ao longo das dezenas de cidades e distritos diretamente afetados na região: falta de informação, falta de suporte, descaso, medo. “Eu não vou embora e largar tudo que tenho. A gente é pobre e lutou para conseguir”,
Paracatu de Baixo. O Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, a Assistência Social também não. Nenhum representante da prefeitura ou do estado acompanha o trabalho dos funcionários da Integral ou conversa com as poucas pessoas que permanecem na cidade fantasma. “Aqui foi um lugar bom de viver. Tinha a igreja, que
a gente vinha todo domingo. Deus protegeu que minha casa não foi atingida. Essa propriedade é minha e eu não vou embora e largar ela não. A gente é pobre, lutou muito pra conseguir”, diz seu Divino dos Passos, um dos poucos que permaneceu, apesar da falta de água, de luz e de informação. A mulher e filhos foram
Todas as comunidades sofrem com falta de informação, de suporte, o descaso e o medo Lama segue contaminando tudo pela frente A lama que destruiu o povoado de Bento Rodrigues e matou dezenas de pessoas (o número oficial por enquanto é 11, mas estima-se em muito mais), arrasou Paracatu de Baixo, inundou a praça de
Barra Longa, chegou a dezenas de comunidades rurais e comunidades como Gesteira, Paracatu de Cima, Ponte do Gama, Pedras, Campinas e outras. A lama deixou Governador Valadares, a 300 km, sem água por mais de uma semana. Atingiu Colatina, no Espírito Santo. E segue em direção ao mar, onde vai impactar muito. Eduardo Barcelos, professor da Escola Politécnica Joaquim Venâncio/Fiocruz e engenheiro ambiental formado pela UFOP, destaca que a lama, além de seus componentes tóxicos, arrastou tudo pela frente. “Esse material é uma mistura de água com lama do processamento do ferro. Essa lama contém outros metais, de componentes tóxicos e cancerígenos. Esses metais no corpo humano, no solo, nas águas, nos animais, pode gerar consequências graves. A reação do metal no metabolismo não é imediata, mas de médio e longo prazo”, destaca.
Multas contra Samarco não resolvem problema NEGLIGÊNCIA Órgãos apresentam planos insuficientes para recuperação da área destruída Isis Medeiros
Rafaella Dotta As consequências da tragédia de Mariana são imensuráveis, afirmam ambientalistas e movimentos populares. O rio Doce levará séculos até que a vegetação e os animais consigam se recuperar, além dos custos com a reconstrução das casas, comunidades e plantações. O estrago ainda não chegou no mar, o que torna mais complexo calcular formas de recuperação. As primeiras punições financeiras vieram em 12 de novembro. A visita do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aos locais atingidos resultou em multas por poluição hídrica, inviabilização de áreas para ocupa-
ção humana, interrupção do abastecimento de água, despejo de resíduos ilegais e matança de fauna e flora do Rio Doce. Foram aplicadas cinco multas de R$ 50 milhões, o valor máximo que a legislação ambiental permite. Na tarde de 16 de novembro, 11 dias após a tragédia, houve mais um acordo financeiro. Foi assinado um Termo de Compromisso Preliminar no valor de R$ 1 bilhão a ser pago pela Samarco, para medidas emergenciais. O Ministério Público de Minas de Gerais e o Ministério Público Federal foram, juntos, autores do termo e se organizam para iniciar averiguações sobre o motivo do rompimento da barragem. A presidência da repú-
de autoria do governador Fernando Pimentel e teve, na terça (17), parecer favorável de mais uma comissão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Atingidos reivindicam moradia, salário mínimo até reestabelecimento e reconstrução das comunidades
blica e o governador estão juntos no Comitê de Gestão e Avaliação de Respostas da tragédia criado por decreto de Dilma Rousseff em 13 de novembro, do qual também fazem parte diversos ministérios, secretarias estaduais e prefeituras das ci-
dades atingidas. Já o governo estadual não apresentou medidas autônomas à do governo federal, e segue com tramitação do Projeto de Lei 2945/2015, que deve facilitar os licenciamentos ambientais no estado. O PL é
O que os atingidos querem? A primeira reunião de negociação aconteceu na quarta (18), com a presença dos atingidos, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), da Samarco e do governo estadual. Os afetados reivindicam moradia, um salário mínimo por pessoa até que a família se reestabeleça e a reconstrução das comunidades destruídas. Este foi o primeiro de diversos encontros, que acontecerão em Mariana e demais cidades da Bacia do Rio Doce.
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“Pagar o justo é devolver à sociedade tudo o que foi dela retirado”, afirma economista MINERAÇÃO Em 2014, Samarco/Vale teve o maior lucro líquido entre as empresas que operam no estado Joana Tavares / BFMG
Wallace Oliveira O rompimento da barragem da Samarco/Vale trouxe à tona a discussão sobre danos e benefícios da mineração. Apesar da indignação que a catástrofe causou, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), defendeu a permanência da atividade na região: “Dizer que não pode mais haver mineração é afirmar que serviços básicos terão de ser parados e 4 mil pessoas perder empregos. A mineração representa 80% da nossa arrecadação”, argumentou. O desastre é considerado um dos maiores da história. Na segunda-feira (16), o relator do Código da Mineração, deputado Leonardo Quintão (PMDB), informou que a compensação a ser paga pelos danos causados custaria mais de R$ 10 bilhões. Entretanto, o acordo que a minerado-
ra fechou com os ministérios públicos estadual e federal previu um repasse de R$ 1 bilhão. “Essas empresas se beneficiam de infraestrutura construída pelo estado e incentivos fiscais. Muitos empreendimentos desapropriam famílias, provocam esgotamento de recur-
O desastre da barragem da Samarco/Vale é um dos maiores da história sos naturais e precarização do trabalho. Pagar o justo é devolver à sociedade tudo o que dela foi retirado”, defende a economista Eulália Alvarenga, integrante da Rede de Justiça Fiscal da América Latina e Caribe. Dados da Revista Merca-
Leonardo Quintão (PMDB/MG), é um defensor das empresas mineradoras na Câmara.
do Comum mostram que, em 2014, a Samarco foi a empresa com maior lucro líquido no estado (cerca de R$ 2,8 bilhões), mas é apenas a décima em recolhimento de tributos, com R$ 614 milhões, atrás da FIAT Crysler S/A, Cemig e Usiminas, entre outras. A mineradora é controlada por duas transnacionais: a BHP Billiton e a Vale S/A. que lidera a lista dos que mais devem à União, com dívida de R$ 41 bilhões, segundo o Ministério da Fazenda.
São muitas as causas da diferença entre o que se lucra e o que se devolve ao país. “O que as mineradoras exportam tem isenção de impostos, por conta da Lei Kandir [lei aprovada em 1996, que libera do pagamento de ICMS todas as empresas que exportam matéria-prima em estado bruto, como o minério]. A alíquota da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais é muito baixa”, explica Eulália.
Cunha quer votar em urgência marco regulatório da mineração MODELO Deputados comprometidos com o setor não ouvem população no debate Joana Tavares Desde 2013, está em discussão na Câmara dos Deputados um projeto de lei que reestrutura o marco regulatório da mineração no Brasil. Entre os principais pontos, estão a taxa de CFEM (que são os royalties da mineração), a forma de concessão da exploração das minas e a criação de uma agência nacional que regule o setor. Movimentos e organizações da sociedade civil questionam o conteúdo do novo marco, pois apontam que não existe nenhum nível de proteção sócio-ambiental para os atingidos. Eles defendem que a discussão da mineração no país vai além de uma discus-
são administrativa e tributária. “Na prática, este código como está quer intensificar a produção, na medida em que fragiliza ainda mais as comunidades que vivem em torno dos empreendimentos e flexibiliza ainda mais os mecanismos de proteção às aguas e ao meio ambiente como um todo. Durante toda a discussão do marco, as empresas foram ouvidas, mas a população teve muito pouco espaço para uma participação real no debate”, critica Maria Julia Gomes Andrade, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração. A comissão especial que havia sido formada para analisar o texto venceu o prazo formal e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB/RJ) criou, em outubro, uma nova comissão, que ainda aguarda a indicação dos partidos para começar a operar. Nesta semana, após a tragédia de Mariana, Cunha anunciou que vai colocar o tema de novo em regime de urgência. Leonardo Quintão (PMDB/MG), foi relator da co-
Leonardo Quintão (PMDB) teve 42% da sua campanha paga pelas mineradoras missão anterior, e é um defensor das empresas mineradoras na Câmara. Quase metade, 42%, dos custos da
campanha para sua candidatura na Câmara foi financiada pelo setor. “O setor ambientalista que não quer (votar), é contra a mineração no Brasil. Mas o meu estado (Minas) depende do setor, a vida humana depende disso (da mineração)”, diz Quintão, para a revista Exame. “É um absurdo que logo depois da maior tragédia que já ocorreu ligada à mineração no Brasil se queira forçar uma votação do código da mineração, sendo que é notório que até agora não houve participação adequada da população nesse debate. A tragédia nos ensina que é preciso mudar o modelo de mineração no Brasil”, aponta Maria Julia.
MINAS
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FATOS EM FOCO Samarco terá que impedir chegada da lama ao litoral
A Justiça Federal no Espírito Santo deu prazo de 24 horas para que a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, impeça que a lama chegue ao litoral do estado. Caso não cumpra a decisão, a mineradora receberá multa de R$ 10 milhões por dia. A medida foi dada a partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), tomando como base um relatório do Ibama, que previu a chegada da lama ao litoral nesta sexta-feira (20).
Presidente da Samarco consegue Habeas Corpus preventivo
O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, teve seu pedido de Habeas Corpus deferido junto à Vara da Fazenda Pública de Colatina (ES). O pedido tem como finalidade evitar que ele seja preso durante a investigação criminal sobre rompimento da barragem de rejeitos. Agora, o Habeas Corpus aguarda o posicionamento do Ministério Público.
Quatro fiscais para 700 barragens em Minas Existem apenas quatro fiscais do Departamento Nacional de Produção Mineira, com a tarefa de verificar as mais de 700 barragens no estado. Em 2014, menos de um terço dessas barragens foram fiscalizadas. Das que passaram por processo de fiscalização no último ano, 40 apresentam problemas na estrutura.
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MINAS
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Artigo
Acumulação de perdas João Paulo Cunha
Há uma trágica simetria nas catástrofes que tomam conta de Minas, do país e do mundo. O crime ambiental de Mariana, a conflagração de ódio na arena pública brasileira e os atentados de Paris padecem da mesma raiz: a crença no poder incessante da acumulação. Em cada um dos terrenos – a economia, o psiquismo e a política – o limite extremo dado pela realidade parece se confrontar com um sentimento mágico de defesa de uma ordem inviável em termos humanos. Estamos ficando mais pobres, mais neuróticos, menos tolerantes. A situação nos distritos de Mariana e na bacia do Rio Doce evidencia tantos equívocos que parece deixar de fora a origem da própria tragédia. Há sentido em explorar minério deixando como resultado uma bomba de efeito retardado, cada vez mais poderosa, como herança? A lógica da mineração é da acumulação, só que com sinal invertido: quando mais se tira, mais se ganha. Toda a inviabilidade da exploração, em termos ambientais e humanos, fica submetida ao cálculo dos lucros imediatos. As consequências são sempre problema futuro. Os lucros são privados, os danos são públicos.
O sentido político da questão tem sido dado pelas empresas que fizeram a lambança.Vem delas a arrogância em não reconhecer o erro, em capitular o Estado em torno de soluções ditadas pelas próprias companhias, em impedir a manifestação popular. Chegando ao absurdo de encabeçar processos políticos e administrativos, como audiências públicas, operações de segurança na área (que elas destruíram e agora defendem como cena inviolável do crime) e até mesmo ações de assistência que desmobi-
Não há cenário de segurança possível fora do horizonte de relações mais igualitárias lizam as organizações locais. Numa chantagem historicamente renovada, apontam com o valor do negócio para a economia da cidade e da região. O cenário de ódio que hoje divide o país também tem seu berço na mesma defesa da acumulação, que é a outra face da destruição do respeito à diferença no campo psíquico. Para levar adiante a estratégia de anulação da inteligência política, com orgulhoso protagonis-
Encontro Nacional de Serviço e Seguridade Social em BH DEBATE Evento discute, entre outros temas, desafios profissionais de trabalhadores de serviço social na atual conjuntura Até sábado (21), acontece no Minascentro, em Belo Horizonte, o 5º Encontro Nacional - Serviço Social e Seguridade Social. Com o tema “Seguridade social pública e estatal é possível”, a iniciativa tem como objetivo debater os desafios diários vivenciados pelos assistentes sociais e reforçar a capacidade de abrangência da área, que vai além de diretos como previdência, saúde e assistência, incorporando também a educação, moradia, alimentação, cultura e trabalho. O evento, organizado pelo Conselho Federal do Serviço Social (CFESS) e Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-MG), conta com uma progra-
mação densa: quatro mesas de debates e oito plenárias. Um dos destaques é a participação de Flavia Piovesan, procuradora-geral do estado de São Paulo, que discutirá o “Estado Penal e a Redução da Maioridade”, na sexta-feira (20). Violência, criminalização da pobreza e xenofobia também serão assuntos abordados no encontro, além de debates a respeito da realidade da categoria, como autonomia profissional, condições de trabalho e desafios da profissão no âmbito da formação. Confira a programação completa no site www.encontrodes egur idades ocial.com.br.
mo da imprensa hegemônica, é preciso acumular certeza, ideologia e preconceito. Há um autoritarismo que se expressa no empenho em barrar a divergência, em impedir o dissenso, em anular o viés mais criativo da democracia, que é o conflito. No campo ainda mais ampliado, os atentados de Paris são também exemplos dos impasses da acumulação de um capitalismo sem limites éticos. Sem capacidade de articular um sistema econômico que permita abrandar as desigualdades cada vez mais brutais, o Ocidente rico se vê atacado e ferido de morte, de forma brutal e injustificável. O projeto de mundialização da economia, com sua tradução em acordos políticos instáveis em torno de lideranças episódicas, tem deixado claro que a força gerada em momentos de crise é disruptora nos dois sentidos. Não há cenário de segurança possível fora do horizonte de relações mais igualitárias. A insistência nas estratégias cegas de mercado ancoradas em apoios a ditadores “confiáveis” é um risco que não podemos mais correr. O capitalismo se fez a partir do processo de acumulação de ganhos para poucos. Suas crises, em todas as dimensões, tem apontado um cenário de acumulação de perdas para todos. É a diferença entre poucos e todos que está em jogo, hoje, em Mariana, no Brasil e no mundo.
Cunha usa de manobra no Conselho de Ética da Câmara Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Da redação O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB -RJ) conseguiu, mais uma vez, adiar a reunião do Conselho de Ética que iria analisar o pedido de cassação de seu mandato. A sessão, que iria ocorrer na manhã dessa quinta-feira (19), foi cancelada já no plenário. Um dos aliados de Cunha, o deputado André Moura (PSCSE) - que não registrou presença - pediu o encerramento da sessão antes mesmo dela ser aberta por “falta de quórum”, utilizando-se do artigo 79 do Regimento Interno (que delibera que, passados 30 minutos do horário marcado para o início dos trabalhos do Conselho, o presidente deve declarar quórum insuficiente). A reunião estava agendada para às 9h30. Às 10h, apenas oito membros haviam registrado presença.
Moura pediu a palavra às 10h20 e, às 10h23, o quórum foi atingido, com 11 integrantes da comissão presentes. Revoltados com a decisão do presidente em exercício da Câmara, Felipe Bornier (PSD-RJ), deputados deixaram o plenário da casa aos gritos de “Fora, Cunha!” e “Vergonha!”.
Também na quinta, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, defendeu o afastamento espontâneo de Cunha e afirmou que a ação auxiliaria “o cenário de crise que o país enfrenta”. A próxima sessão deliberativa do Conselho foi marcada para a próxima terçafeira (24).
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Joana Tavares / BFMG
Na edição 112... Eletricitários em vigília ...E agora Descontentes com propostas, trabalhadores decidem por greve A categoria eletricitária deliberou pelo fim da vigília na sede da Cemig, nessa quarta-feira (18). No encerramento, os trabalhadores se mobilizaram no ato “Quarta Vermelha” que, semelhante ao da semana passada, contou com a participação de várias cidades do estado. A principal pauta é o fim da terceirização que já matou seis eletricitários esse ano. Sem proposta da companhia energética, os eletricitários decidiram iniciar greve a partir do dia 25 de novembro, próxima quarta-feira. Reuniões e assembleias serão realizadas até terça (24), para decidir a pauta da paralisação.
Na edição 111... Petroleiros em greve nacional ...E agora Greve é suspensa Após 17 dias de paralisação, os trabalhadores da Regap e Termelétrica Aureliano Chaves decidiram pelo fim da greve, na quarta-feira (18). A principal reivindicação que é a retomada dos investimentos da Petrobrás foi atendida através da criação de um Grupo de Trabalho com a presença de trabalhadores e especialistas. A empresa acatou também a implementação de nova política de preços para os derivados de petróleo e novas fontes para investimento. Também ficou acordado que apenas 50% dos dias parados serão descontados.
TRISTEZA - Paracatu de Baixo, em Mariana, foi um dos distritos atingidos pelo rompimento das barragens da Samarco/Vale, no último dia 5. Quase todas as casas estão cobertas ou soterradas pela lama. Muitos cachorros permaneceram no local, pois as famílias tiveram pouco tempo para se retirar antes que a lama tóxica chegasse. Com dificuldade para comer e beber água alguns moradores, que permaneceram no local, tentam prestar ajuda.
Leonardo Sakamoto
Altamiro Borges
Lama de Mariana: jornalismo engolido nas tragédias
Mensalão tucano, uma história surreal!
Dez considerações para uma autocrítica sobre a cobertura da tragédia em Mariana (MG): 1) Onde você escreve apenas “Samarco’’, como responsável pela catástrofe da barragem de Mariana, acrescente “Vale’’ e “BHP’’. 2) Essa foi uma das maiores catástrofes ambientais do país e vai alterar a vida de milhões de pessoas e animais. Não trate como curiosidade mórbida. 3) Acidente, Papai Noel e Coelho da Páscoa. O uso irresponsável da palavra “acidente’’ faz crer que tudo isso seria inevitável, concedendo ao acaso uma culpa que pode ser de empresas e governos. 4) Se todo pequeno tremor de terra derrubasse barragem, não sobrava uma hidrelétrica de pé no Brasil. 5) Publicar release da empresa sobre o ocorrido em formato de notícia sem checar uma informação é passaporte para o inferno sem escalas. 6) Reportagens sobre a tragédia humana são importantes para que o país tenha a dimensão do caos que se estabeleceu. Mas o estrago trazido ao não tratar das responsabilida- É uma das maiores des dos atores econômicos e catástrofes políticos nunca será compenambientais do país sado. 7) Importante a solidariedade de pessoas que seguem para ajudar e mandam doações. Mas deve ser a Vale a estar pagando agora até pelo banho e tosa do cachorro atingido. 8) O governo mineiro tratar a empresa ora como “vítima’’ ora como “responsável’’ mostra que a Síndrome de Estocolmo, quando um agredido passa a ter simpatia pelo agressor, atinge a administração pública. 9) Se o governo federal existisse e fosse autônomo, Dilma colocaria a Vale contra a parede e aproveitaria a comoção pública para reabrir a discussão sobre a regulamentação da mineração no Brasil. 10) Assim que chegar à praia, o assunto será substituído por outro. Mas a tragédia acontecerá de novo, como tem acontecido periodicamente. Leonardo Sakamoto é jornalista, doutor em Ciência Política, professor na PUC-SP e coordenador da ONG Repórter Brasil
Até o jornal Folha de São Paulo, tucano, está envergonhado e não tem mais como esconder esta história absurda, surreal. No Brasil, como se fosse uma cláusula pétrea, nenhum tucano de alta plumagem vai para a cadeia! Basta se filiar ao PSDB, que a impunidade está garantida. Em editorial publicado na semana passada, o jornal criticou a morosidade do Judiciário no julgamento do chamado “mensalão tucano” - que até recentemente o próprio veículo chamava carinhosamente de “mensalão mineiro”. A Folha só cometeu um erro. A maior suspeita sobre a impunidade de Eduardo Azeredo não incidirá somente sobre o Judiciário. Ela também recairá sobre a mídia parcial e partidarizada. Durante o triste reinado de FHC, a imprensa evitou cumprir o seu papel de fiscalização dos tucanos. Houve até denúncias de corrupção, mas tímidas em função da defesa do projeto do neoliberalismo. A privataria das estatais e a compra dos votos para Nenhum tucano vai a reeleição de FHC nunpara cadeia ca foram investigadas a fundo. A imprensa passou a exercer a “posição oposicionista”. Seu esforço foi criar no imaginário a ideia de que a corrupção foi inventada pelo PT. Neste período, o julgamento do “mensalão tucano” - que envolveu exatamente as mesmas figuras que deram origem ao “mensalão petista” - simplesmente foi esquecido. A mídia seletiva preferiu ocultar os tucanos acusados de corrupção (mensalão mineiro, aecioporto, etc.). Outra prova de que os tucanos não vão para a cadeia foi dada em outubro. O ministro Teori Zavascki, do STF, determinou o arquivamento do inquérito que investigava a denúncia de que o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) recebeu R$ 1 milhão do doleiro Alberto Youssef no esquema de corrupção da Petrobras. Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB
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BRASIL
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
Mulheres mineiras que fizeram história contra o racismo POVO BRASILEIRO 20 de novembro é o dia da Consciência Negra, e o Brasil de Fato MG relembra mulheres negras mineiras importantes na luta contra o preconceito Larissa Costa O Dia da Consciência Negra é um marco para a história do Brasil. Comemorada em 20 de novembro, a data se refere ao dia em que Zumbi dos Palmares, última liderança do Quilombo dos Palmares, foi capturado e assassinado. Proposto pelo movimento negro no início dos anos 1970, esse dia representa a luta de milhares de negros e negras, que desde a escravidão, resistem à exploração e ao preconceito presentes na sociedade. Em comemoração ao dia, o Brasil de Fato MG relembra algumas negras nascidas em Minas Gerais que, até hoje, são exemplos em todo o país na busca pelo fim do racismo e das desigualdades sociais.
de Jesus (1914 – 1977) foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Em 1947, mudou-se para São Paulo e foi morar na favela do Canindé, zona norte da capital. Ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano de sua comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Apesar do pouco estudo, ela guardou em casa mais de 20 cadernos com seus depoimentos. Diversos dos seus textos foram publicados e se tornaram mundialmente conhecidos. Seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, de 1960, chegou a vender um milhão de exemplares fora do Brasil.
Laudelina de Campos Melo
Carolina Maria de Jesus
Nascida em Sacramento (MG), Carolina Maria
Trabalhadores Domésticos do país. Entrou para o movimento negro em 1955 e se dedicou à promoção de atividades culturais e sociais. Na cidade de Campinas, onde morava, realizou um baile de debutantes para jovens negras, chamado Pérola Negra, o que foi uma afronta à sociedade da época. Durante a ditadura militar, ela passou a atuar nas comunidades eclesiais de base (CEBs) da Igreja católica, mas nunca deixou de lado a luta das domésticas. Sua atuação foi fundamental na con-
quista de direitos trabalhistas da categoria.
Lélia Gonzales
Mineira da capital, a
educadora e feminista Lélia Gonzales (1935 – 1994) foi uma das pioneiras do feminismo negro no Brasil. Filha de um ferroviário e de uma indígena, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde foram viver na favela do Morro do Pinto, no Santo Cristo. Como militante do movimento negro, deu aulas em escolas públicas e em universidades, contribuindo intelectualmente e na prática na luta pelo fim do preconceito e das desvantagens que as mulheres negras vivenciam na sociedade.
GENTE QUE BRILHA!
Luiza Mahin organizadora de revoltas Reprodução
Sindicalista, feminista e empregada doméstica, Laudelina de Campos Melo (1904 – 1991), nasceu Poços de Caldas. Em 1936, filiou-se ao Partido Comunista e fundou a primeira Associação de
Você Sabia? Em mais de mil cidades brasileiras, o Dia da Consciência Negra é feriado. A data foi incluída no calendário nacional em 2003, sendo oficializada em 2011. Em MG apenas dez cidades terão feriado em 20 de novembro. São elas: Além Paraíba, Betim, Guarani, Ibiá, Jacutinga, Juiz De Fora, Montes Claros, Santos Dumont, Sapucaí-Mirim e Uberaba.
Não se sabe muito bem quando Luiza Mahin nasceu. Esse, como outros fatos da sua vida, chega a se misturar com a ficção. O abolicionista Luiz Gama, seu filho biológico, a descreveu pioneiramente em uma carta de 1880. Em suas palavras, Luiza era uma africana livre, de baixa estatura, magra, bonita, preta retinta com dentes alvos, altiva, geniosa e nagô. Ela deve ter nascido por volta de 1812 em Daomé, hoje Benim, na África, onde era uma princesa. Chegou à Bahia como escrava. Quando alforriada, passou a trabalhar como quituteira. Seu trabalho era funcional ao seu propósito de liderar revoltas de escravos. Pelas ruas do centro de Salvador, ela
distribuía recados escritos em árabe junto com seus quitutes, formando uma grande rede de comunicação e solidariedade entre as mulheres. E dizem que assim, conseguiu articular ações que culminaram na Revolta dos Malês, em 1935. Malê era como os africanos mulçumanos eram conhecidos na Bahia. Praticantes do islamismo, eram alfabetizados em árabe. Ao longo do século XIX, diversos levantes foram organizados pelos malês. Eles reivindicavam o fim da escravidão e a liberdade de poderem exercer livremente sua religião. A Revolta dos Malês foi violentamente massacrada pelas forças oficiais. As lideranças foram assassinadas e outros condenados a trabalhos forçados. Nessa ocasião, Lui-
za Mahin teria fugido para o Rio de Janeiro, onde ajudou a organizar outras revoltas de escravos e onde morreu. Mulher, negra e revolucionária, Luiza Mahin é um símbolo libertário. Sua história relembra que a abolição da escravatura não foi um presente, mas uma conquista que custou a vida de milhares de negros e negras em mais de 300 anos de luta.
BRASIL
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
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Marcha das Mulheres Negras reúne 30 mil UNIDADE Racismo, violência e bem viver compuseram o lema do movimento Mídia NINJA
As mulheres negras representam cerca de 25% da população brasileira. São 49 milhões de brasileiras que fazem parte do grupo social com as piores condições econômicas do país. Essa foi uma das questões levantadas pela primeira Marcha das Mulheres Negras do Brasil. Realizada na quarta (18), em Brasília (DF), a caminhada contou com a participação de cerca de 30 mil mulheres de diversos estados do país. Com o lema “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, a Marcha criticou fortemente o preconceito e a violência que a população negra sofre na sociedade. “O racismo é entranhado em cada cidadão brasileiro e tem como expressão mais elevada o genocídio dos jovens negros das periferias. Mas pouco se fala do racismo que não fere só o nosso corpo,
O Mapa da Violência 2015, afirma que em dez anos, os assassinatos de brasileiras negras cresceram 54%, já as mortes de mulheres brancas caíram 9,8%. “Os dados confirmam que as relações desiguais entre homens e mulheres são atravessadas pelo racismo”, analisa Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial das Mulheres.
mas também a nossa alma”, conta Mariana Paiva, do Levante Popular da Juventude. Para Andreia Roseno, da Consulta Popular, a Marcha foi histórica. “Foi a primeira vez que uma luta das mulheres negras abarcou tantas entidades e movimentos”, explica. No entanto, Andreia diz que manter essa unidade, para além da Marcha, ainda é um desafio. “Passamos por um momento de fragmen-
tação. Precisamos entender que o racismo e machismo estão na pauta e lutar contra isso é fazer política”, assegura. Reivindicações das mulheres “Nós estamos marchando contra a violência e pelo bem viver das mulheres que sofrem violências física, sexual e o racismo”, disse a empregada doméstica Cleusa Santos, de Salvador (BA).
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EM IO! A R RÁR O AG HO O OV
Programa Outras Palavras
O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), passa a ser exibido, a partir do próximo sábado (07/11), na TV Band Minas, em novo horário (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Informamos que nas TVs Band Triângulo e Candidés a exibição do programa Outras Palavras permanecerá no mesmo horário: aos sábados, das 10h às 10h30. Fique ligado no programa Outras Palavras!
Assassinatos de brasileiras negras cresceram 54% em dez anos Além dessas reivindicações, as mulheres marcharam pelo fortalecimento da identidade negra, pela liberdade e respeito ao culto de divindades de matriz africana, ampliação de políticas públicas, acesso à saúde de qualidade, titulação e garantia das terras quilombolas,
fim das revistas vexatórias em presídios, entre outras. Confusão causada por um policial civil Um homem foi preso por disparar quatro tiros para o alto durante a Marcha. Ele é policial civil e estava acampando em frente ao Congresso Nacional junto com um grupo que defende a volta dos militares ao poder e o impeachment de Dilma Rousseff. A participante da marcha Sandra Silva contou que, ao serem hostilizadas pelos acampados, as mulheres gritaram palavras de ordem contra o machismo e o fascismo, mas que a PM demorou a agir. “Teve uma troca de provocações com a direita que tinha armas e bombas. E a PM já chegou jogando gás de pimenta”, explicou. A atuação da força policial acabou também ferindo quem estava na Marcha.
Outras Palavras vo horário o N ! Todos os sábados, na TV Band Minas
18h50 às 19h20
www.sindutemg.or g.br Filiado à
Novembro/2015
Da redação
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BRASIL
Estudantes impedem fechar escolas Divulgação
MUNDO
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
Prisão de mentor dos ataques reforça cruzada da França contra terroristas PARIS Atentado terrorista movimenta o tabuleiro da guerra contra grupos extremistas Reprodução
Na quinta-feira (19), o secretário de educação de São Paulo, Herman Voorwald, anunciou que não vai mais fechar 94 escolas estaduais. Para tanto, os estudantes teriam que sair das unidades ocupadas em protesto contra o plano do governo. Na segunda-feira (16), uma liminar já havia suspendido o fechamento da escola Braz Cubas, em Santos. Na quinta-feira (19), um levantamento divulgado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) identificou 64 escolas estaduais paulistas ocupadas por alunos e professores.
O belga de origem marroquina Abdelhamid Abaaoud, apontado como principal mentor dos ataques de Paris, morreu na quarta (18) durante operações da polícia francesa em Saint-Denis, confirmou a Promotoria de Paris. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, celebrou o anúncio e o classificou como “cérebro” dos atentados. A ação acabou com dois mortos — incluindo uma mulher-bomba —, um cão policial morto e sete agentes feridos. Os atentados reivindicados pelo Estado Islâmico mataram 129 pessoas e feriram mais de 350 na sexta (13). Foram ao menos seis ataques diferentes em diversos restaurantes, na casa de shows Bataclan e no Stade de France.
que.
Os ataques ocorreram dez meses após ataques ao jornal satírico Charlie Hebdo. Abaaoud, suposto coordenador dos recentes ataques, foi identificado por meio de comparações de digitais. O jovem teria saído da Bélgica em 2014 para lutar com o Estado Islâmico no país de Bashar al-Assad e retornado.
O Estado Islâmico divulgou comunicador, em que culpa o país por “insultar o profeta, se gabar de lutar contra o islã na França e atacar muçulmanos no Califado com seus aviões”, já que a França participa dos bombardeios aéreos em territórios controlados pelo Estado Islâmico na Síria e no Ira-
Mais combate ao terrorismo Manuel Valls anunciou que a França vai ampliar sua intervenção na Síria para atacar alvos do Estado Islâmico. O presidente François Hollande afirmou que a França está em guerra contra o Estado Islâmico. Pediu que o parlamento reveja a constituição do país para adaptá-la a novas ameaças terroristas. Hollande pediu ainda para não associar os ataques com os refugiados sírios que estão no país, já que são também vítimas. “Pessoas do Iraque e Síria vivem em áreas controladas pelo Estado Islâmico e [também] são mortas por aqueles que nos atacam”, explicou, segundo o The Guardian.
ENTREVISTA 11
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
“Guerras dos EUA fizeram surgir o Estado Islâmico” TERRORISMO Cientista político descreve origens do Estado Islâmico, comenta os interesses em disputa por potências mundiais na Síria e fala sobre os riscos do crescimento da islamofobia Reprodução / Facebook
Por Vivian Virissimo, do Rio de Janeiro (RJ) Após os ataques do Estado Islâmico em diferentes pontos de Paris, que resultaram em mais de 150 mortes e 300 feridos, o sentimento de solidariedade ao povo francês tomaram o mundo. Para entender as razões do atentado e o que está sendo disputado por potências mundiais na Síria, o Brasil de Fato entrevistou o cientista político Pedro Paulo Bocca. Brasil de Fato – Quais as razões do ataque feito pelo Estado Islâmico a França? Quais são as raízes desse conflito? Pedro Paulo Bocca – É importante entender o processo de criação do Estado Islâmico. Ele se origina no Iraque após a invasão dos Estados Unidos. Após a queda de Saddam Hussein, começa a crescer uma disputa religiosa interna entre sunitas e xiitas, já que o governo provisório eleito com o apoio dos EUA é xiita e passa a reprimir a maioria sunita. É nesse contexto que nasce o Estado Islâmico, sunita, em 2004. Os Estados Unidos fizeram vista grossa diante do crescimento do Estado Islâmico, já que isso dividia o povo iraquiano e facilitava a dominação estadunidense. É bom lembrar que o Estado Islâmico foi constituído também por uma dissidência da Al Qaeda, que eram os ditos inimigos dos EUA na época. Hoje, mais da metade do Iraque é dominado pelo grupo. Com o início da guerra civil na Síria, o Estado Islâmico viu a oportunidade de expansão de fronteira. No início, as potências ocidentais acharam conveniente, pois eram contra o governo sírio, mas isso fugiu do controle. O que as potências têm feito atualmente diante
“Estado Islâmico não representa a imensa maioria dos árabes ou dos muçulmanos
desse cenário? Há dois blocos atuando hoje contra o Estado Islâmico. Um, de defesa do governo da Síria, de Bashar Al-Assad, que reúne Rússia, Irã e Líbano e que atua por terra com o objetivo de expulsar o Estado Islâmico da Síria. Por outro lado, há ações coordenadas por Estados Unidos e outros membros da Otan - incluindo a França - de bombardeios aéreos com a proposta de derrubada de Assad.
Grupos extremistas não representam árabes e muçulmanos O que teria sido o estopim para o ataque da última sexta-feira? A França tem apresentado muita resistência ao crescimento do extremismo islâmico, especialmente após o ataque ao jornal Charlie Hebdo, no começo deste ano. Além disso, o
país é identificado pelo Estado Islâmico como o principal oponente europeu, porque os bombardeios ao seu território, pela coalisão da Otan, são realizados majoritariamente a partir de caças franceses. Na semana passada, a França explodiu um campo de extração de petróleo no território controlado pelo Estado Islâmico.
Intervenções no território sírio e no Iraque ampliará o contingente de refugiados Qual o impacto na geopolítica mundial? A Síria é o grande nó na geopolítica mundial. Mesmo que EUA e Rússia se unam para combater o Estado Islâmico e o destruam, fica a pergunta: O que fazer com esse território depois? A Rússia não abrirá mão da manutenção do governo de Bashar Al-As-
sad, enquanto o plano dos Estados Unidos e das demais potências ocidentais é exatamente o contrário.
refugiados. Com as portas europeias ainda mais fechadas, a tendência é que os refugiados mudem de destino.
Mais intervenções levarão a mais refugiados
Como fica a situação das forças de libertação que atuam na Palestina? Exércitos de extremistas islâmicos não têm nada a ver com os movimentos de resistência nacional popular árabes. As forças de libertação nacional que operam na Palestina e no Curdistão, e os governos que não pactuam o plano ocidental para a região (Líbano, com a participação do Hezbollah, Irã e Síria) tendem a estar ameaçados por uma nova ofensiva dos países da Otan na região.
Como o Estado Islâmico poderia ser caracterizado? Estes grupos não representam a imensa maioria dos árabes ou dos muçulmanos. O Estado Islâmico é a expressão do extremismo de um setor muçulmano, fomentado pelas grandes potências ocidentais. Hamas, Al Qaeda e Boko Haran são outros movimentos islâmicos radicais, chamados jihadistas que praticam a “guerra santa”. Eles objetivam a expansão do Islã e constituição de regimes de governo islâmicos através do uso da força. Mas nenhum outro movimento tem as condições que o Estado Islâmico possui. A intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque criou instabilidade na região, que é propícia para o desenvolvimento de organizações extremistas. Hoje o Estado Islâmico tem influência em outros países, recruta membros inclusive em outras regiões do mundo. Tem grande capacidade financeira graças ao controle de áreas que produzem petróleo e gás, distribuídos pelas monarquias árabes como a Arábia Saudita, que possui fortes relações políticas com os Estados Unidos. Países estão anunciando que vão endurecer as medidas contra os refugiados. Que repercussão isso terá? Intervenções no território sírio e no Iraque ampliarão o contingente de
EUA fizeram vista grossa ao crescimento do Estado Islâmico Como avalia o posicionamento do governo Dilma Rousseff diante do atentado na França? Tímido. O Brasil tem evitado se posicionar. A Rússia tem feito pressão dentro do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para que esses países se somem na defesa do governo sírio. O Brasil recentemente votou contra o governo sírio no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Brasil votou diferente de Rússia e China. Este atentado facilita a aprovação da lei antiterrorismo no Brasil? É muito possível. O problema é que, pela maneira com que esta lei está sendo construída no Brasil, são os movimentos populares que criticam ou contestam o Estado que acabarão sofrendo as consequências, caso essa lei seja aprovada.
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CULTURA
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
Quem será o Pai da facção?
Novela Joaquim Vela também no email: quimvela@brasildefato.com.br Divulgação
Em A Regra do Jogo, novela global das 21h, a facção criminosa que rouba, mata, sequestra e assedia parece ter perdido sua primeira batalha com a polícia. Essa semana, o delegado Faustini (Ricardo Perei-
ra) descobriu, após denúncia de Juliano (Cauã Reymond), a sede da organização criminosa. Um dos líderes, Tio (Jackson Antunes), foi preso e vários documentos, com dados comprometedores sobre os
bandidos, foram apreendidos. Rapidamente, o Pai da facção convocou uma reunião e comunicou que o bastão de Tio seria repassado para Zé Maria (Tony Ramos). O pai de Juliano é agora quem estabelece as regras do jogo. Orlando (Eduardo Moscovis) e Romero (Alexandre Nero) ficaram bem enciumados com a decisão do chefe da facção. Isso porque todos eles querem o poder. Fiquei refletindo sobre esses grupos organizados para o crime. Como eles se constituem? Como as pessoas passam a fazer parte deles? O que as motiva? Onde eles querem chegar? Confesso que são perguntas pouco intuitivas e que as respostas, sem embasamento em leituras e dados espe-
Saúde é Atitude. Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença para a sua saúde. Uma alimentação balanceada, atividades físicas regulares e visitas frequentes aos serviços de saúde são muito importantes para uma vida mais saudável e feliz. Converse com seus amigos e faça a sua parte: cuide bem de você.
ENTRE NESSA CAMPANHA PELA SAÚDE DO HOMEM. cuide-se e procure os serviços de saúde regularmente.
www.saude.mg.gov.br/saudedohomem
cializados, são pouco consistentes. Há todo um campo de estudos em segurança pública e criminalidade que se dedica a desvendar o perfil das facções e seu modo de operar. No Brasil da vida real, são conhecidas e temidas as facções paulistana PCC – Primeiro Comando da Capital e carioca Comando Vermelho, além de suas parceiras em outros estados. A Polícia segue seus líderes e busca estratégias para combatê-las. Uma guerra diária e continuada, como é a guerra contra os péssimos indicadores de segurança pública que temos no Brasil. Curioso mesmo é pensar nas características do chefe máximo. Marcola, apontado como o líder do PCC, começou a vida bandida desde a infância e passou grande parte de sua exis-
tência na cadeia. Mesmo preso, segue comandando a organização criminosa. Já Fernandinho Beira-Mar, considerado o chefe do Comando Vermelho na cidade do Rio, rouba e trafica desde os 20 anos. Mas, e em A Regra do Jogo? Quem será o Pai da facção? Será alguém com uma vida pregressa criminosa? Ou alguém acima de qualquer suspeita? Já ouvi que pode ser Adisabeba (Suzana Vieira) ou Gibson (José de Abreu), personagens até o momento vistos como do bem. Lanço o desafio! Quem, para você, chefia a facção? Responde para mim no quimvela@brasildefato. com.br Joaquim Vela
Nossos Direitos Você sabe o que realmente é o auxílio-reclusão? Ao contrário do que muitas pessoas afirmam, o auxílio-reclusão não é um salário pago a todos presidiários e muito menos foi criado pelo atual governo federal. Em verdade, o auxílio -reclusão é um benefício previdenciário que existe em nossa legislação há mais de 50 anos, e que tem a finalidade de garantir o sustento daqueles que dependiam economicamente da pessoa que foi presa. É um benefício pago pela Previdência Social (INSS) aos dependentes do segurado que se encontra preso sob o regime fechado ou semi-aberto. Ou seja, o benefício não é um direito do preso, mas sim de seus dependentes, que são o cônjuge ou companheiro(a), filhos menores de 21 anos e, em alguns casos, pais e irmãos menores de 21 anos.
E não são todos os presos que produzem esse direito aos seus dependentes, pois o benefício é devido somente aos dependentes dos presidiários que eram segurados da Previdência Social quando foram presos. Além disso, têm direito ao benefício apenas os dependentes do preso-segurado de baixa renda. Atualmente, a Previdência Social considera de baixa renda aquele que recebe salário até R$ 1.025,82. Em relação ao valor do benefício, ele é apurado da mesma forma que os outros benefícios previdenciários, ou seja, o cálculo é feito levando-se em conta a média das contribuições do preso-segurado à Previdência Social. Luiz José Duarte Filho é advogado Trabalhista e Previdenciário em São Paulo.
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CULTURA
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Encrespa Geral prepara domingo de afirmação do cabelo crespo e cultura negra AFRO Público estimado para o evento é de 2 mil pessoas. Programação conta com shows, palestras, bate-papos e muitas outras atrações Divulgação
Raissa Lopes No próximo domingo (22), Belo Horizonte recebe a 5ª edição do Encrespa Geral, projeto que incentiva o uso do cabelo natural e resgate da identidade negra. O evento acontece às 11h, no Centro Cultural Padre Eustáquio, e tem entrada gratuita. O movimento surgiu em São Paulo, de forma despretensiosa, pela inquietação da tricoterapeuta profissional que investiga causas e tratamentos de doenças capilares – Eliane Serafim. Na internet, a ativista e também redatora do blog Amigas Ca-
cheadas alertava sobre as possíveis complicações do uso excessivo de química, chamando atenção para a saúde dos fios. Em novembro de 2013, a blogueira organizou um encontro com suas seguidoras e, a partir daí, nasceu o Encrespa Geral.
“O mais importante é se aceitar por dentro” A iniciativa conquistou inúmeras cidades brasileiras. No mesmo ano, 15
já haviam aderido ao projeto. Foram 18 em 2014 e, em 2015, serão 20 municípios e seis países participantes. “Nos últimos anos, se veem muito mais meninas usando o cabelo natural em BH. Sem dúvida, o Encrespa ajudou nessa evolução. Durante o evento, temos um momento em que elas realizam depoimentos, desabafos. Além disso, a pessoa que chega tem acesso a palestras sobre o cabelo crespo, feira de produtos afro com empreendedores negros, espaço para trabalhar a questão da identidade negra em crianças. A auto-estima sai de lá ele-
vada, fortalecida pra fazer a transição capilar”, declara uma das organizadoras Sandrinha Flávia. Porém, mesmo sabendo da magnitude da mudança, Sandrinha também ressalta a importância de ser uma escolha. “Nosso objetivo não é impor um estilo, senão entramos na ‘ditadura do cabelo crespo’. Queremos mostrar que a mulher tem opção. Ela pode usar black, assim como trançado, alisado, de dread.”, ressalta.
“Nosso objetivo não é impor um estilo” Na programação do evento, também estão marcados shows musicais, performances, DJs, oficinas e homenagens. Ainda no domingo, será inaugurado o “Clube das Blogueiras Negras”, que discutirá a forma como a comunicação foi construída no Brasil e maneiras de criar mídias alternativas.
O público estimado é de 2 mil pessoas.
Hoje se veem muito mais meninas usando o cabelo natural “Ter cabelo crespo é ter que resistir todos os dias. Mas, para nós do Encrespa Geral, o cabelo é só uma desculpa. Mais importante do que aceitá-lo, é se aceitar por dentro. Começar a perceber sua estética negra e notar até que ponto o padrão de beleza começou a impor que o liso é o bonito. A vida inteira tentamos nos aproximar de um modelo imposto pela mídia. E pra trabalhar isso tem que ser com muita calma, com muito cuidado, porque meninas ainda deixam de sair de casa se não estão com o cabelo alisado. Temos que mostrar nossos valores, nossa história e fazer ela entender que está na hora de se assumir”, explica Sandrinha
Agenda Grátis do Final de Semana
Consciência Negra na UFMG Soul no parque
No dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627 – Pampulha) apresenta programação especial. Na parte da manhã, serão inauguradas exposi-
ções de fotografias relacionadas ao tema e, às 14h, é a vez de uma roda de conversa sobre religiões de matrizes africanas (Candomblé e Umbanda). Às 16h, serão ministradas oficinas de dança. O evento acontece até às 18h.
Também no dia 22, o Parque Municipal (Av. Afonso Pena, 1377 – Centro) recebe um dos eventos mais tradicionais da cultura negra na cidade, o Movimento Soul BH. Há anos na capital, o grupo procura ocupar os espaços públicos para difundir a música e dança nascidas em bairros da periferia americana. “Soul BH – Cultura de Rua” acontece de 9h às 13h.
#EuEncrespoBH
Já no domingo (29), será realizada a primeira Caminhada Crespa de Belo Horizonte. O evento é inspirado na Marcha do Orgulho Crespo, realizada em São Paulo, e tem como objetivo valorizar a
estética negra, lutar contra o racimo e manifestar a importância da preservação das raízes afro-brasileiras. A concentração acontece a partir das 13h, na Praça Sete.
14 VARIEDADES
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015 www.malvados.com.br
Reprodução
Pavê de chocolate branco com Negresco
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CAÇA-PALAVRAS
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Ingredientes
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Minerais perigosos Existem alguns minerais extraídos da Terra que podem ser letais para o ser humano. Com eles todo cuidado é pouco. • CINÁBRIO Nome usado para o SULFETO de MERCÚRIO. Ao ser absorvido pela RESPIRAÇÃO, INTESTINOS ou PELE, pode ser FATAL. Seu uso já foi abandonado pela produção INDUSTRIAL. • CROCIDOLITE Conhecido como AMIANTO azul, é o MINERAL mais PERIGOSO do MUNDO. Por ser um material FORTE, resistente ao FOGO e FLEXÍVEL, foi muito utilizado na CONSTRUÇÃO civil, até que se descobriu que a substância causava o mesotelioma, um tipo de câncer. • ERIONITA Não é minerado desde os anos 1980, por causar o mesmo dano que o amianto: CÂNCER. •FENAQUITA Usada como pedra PRECIOSA, é parecida com o DIAMANTE. Contém alto teor de BERÍLIO, que, ao ser inalado, causa a beriliose, uma forte reação alérgica nos PULMÕES. P R E C I O S A O E P L H A
H E M E H D T E D E R B F A
M L A T A F A E L A I E A M
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L E D I R H A C E D C I O E
MODO DE PREPARO
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D I G T C C A N C E R G R C
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C O N S T R U Ç Ã O R R O I
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Solução
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500 g de chocolate branco (picado) 1 caixa de leite condensado 3 caixas de creme de leite 1 colher de sopa de manteiga 2 pacotes de biscoito recheado Negresco
Tempo de preparo 25min Rendimento 25 porções
Derreta a manteiga na panela, adicione o leite condensado e deixe ferver, mexendo sempre. Retire do fogo e aguarde esfriar por um minuto. Adicione 200 g de chocolate branco picado. Coloque duas caixas de creme de leite e misture bem. Numa travessa média e funda, coloque uma pequena camada do creme e cubra com os biscoitos. Cubra os biscoitos com uma camada de creme. A última camada deve ser de biscoitos. Leve à geladeira por 15 minutos. Com o restante do chocolate picado, derreta-o em banho-maria, adicione uma caixa de creme de leite e cubra as últimas bolachas totalmente. Leve à geladeira por duas horas.
Amiga da Saúde Amiga, por que só as mulheres mudam o nome quando casam? Compensa fazer isso? Vera, 27 anos, cuidadora de idosos.
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N O S S O A G T I I R U F E Q O P A R N T E E F O Ã Ç A R I P S E R
L A R E N
Querida Vera, somente as mulheres mudam seus nomes ao casar porque herdamos uma tradição de dominação do homem sobre a mulher. A alteração do nome simboliza uma relação de pertencimento que se estabelece com o casamento. A mulher deixa de pertencer ao pai, passando ao marido. Isso é reforçado na tradição do pai levar a filha e entregá-la ao marido durante as cerimônias religiosas. A lei brasileira permite também a alteração do nome do homem para incluir o sobrenome da esposa, entretanto, isso raramente acontece, por motivos óbvios. Em minha opinião, não compensa alterar o nome ao casar-se, pois, além de reforçar o machismo, isso ainda gera um ônus para a pessoa, que terá que refazer todos os seus documentos, cartões de banco, etc. Precisamos avançar nos relacionamentos, construir a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Cultivar o amor, o companheirismo e a camaradagem, banindo de vez o machismo dos nossos lares.
C O N S T R U Ç Ã O O D N U I M
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
ESPORTES
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
na geral
Brasileirão feminino
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na geral
Três Toques Wallace Oliveira
Léo Caldas / CBF
Patrocínio em uniforme de seleção? Markus Schreibe
Antidoping em foco
No próximo domingo (22), às 18h50, a TV Brasil transmitirá o primeiro jogo da decisão do Campeonato Brasileiro feminino de futebol, entre a equipe atual campeã, do São José dos Campos, e o time do Rio Preto. O segundo jogo será realizado na quarta-feira (25), às 19h. Nas semifinais, o São José bateu o Tiradentes-PI por 5 a 0. Já as meninas do Rio Preto se classificaram à final após vencerem a equipe do Adeco-SP no pênaltis, por 4 a 2.
Campeonato de basquete paralímpico Victor Wang / CBBC
Na quarta-feira (18), a Agência Mundial Antidoping (Wada) anunciou o descredenciamento das agências de antidoping de seis países: Andorra, Argentina, Bolívia, Israel, Rússia e Ucrânia. O descredenciamento indica que esses países não entregaram programas confiáveis de controle de substâncias proibidas. Entre as evidências, consta o recurso a laboratórios desacreditados. O Brasil e outros cinco países entraram numa lista de observação e deverão cumprir uma série de exigências até março do ano que vem, a fim de que também não sejam punidos. As punições acontecem dez meses após a Wada ter modificado seu código antidoping, prevendo penas mais duras, a adoção de exames diversificados e uma atuação maior das autoridades no controle e fiscalização.
Divulgação
Militares são pegos no doping Durante os Jogos Mundiais Militares de 2015, realizados na Coréia do Sul, dois ciclistas brasileiros foram flagrados no antidoping: Uênia Fernandes, que é 3º sargento da Força Aérea Brasileira e beneficiária do programa de alto rendimento das Forças Armadas, testou positivo para a substância eritropoietina; Alex Arseno, que também é sargento da FAB, acusou a mesma substância. Uênia, que conquistou o ouro na competição, foi suspensa por 30 dias, prazo que tem para apresentar sua defesa. Já Alex, que é reincidente, anunciou sua aposentadoria no esporte e pediu desculpas pelo ocorrido.
Doping é trapaça
No domingo (15), terminou o Campeonato Brasileiro de Basquete em Cadeira de Rodas, disputado em Praia Grande (SP). O título ficou com a equipe do CAD São José do Rio Preto (SP), que chegou invicta à final e bateu o Gadecamp por 68 a 58. Destaque para o cestinha Marcos Sanches. O campeonato é uma realização da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas (CBBC) e contou com a participação de 12 equipes.
O doping é o uso de drogas e outros recursos específicos, com a finalidade de melhorar o desempenho do atleta durante as competições. A prática é proibida porque, além de prejudicar a saúde do usuário, constitui meio antidesportivo e desleal de competir, verdadeira trapaça. Em algumas modalidades, como o UFC, por exemplo, dezenas de praticantes têm confessado publicamente que o uso de substâncias proibidas é comum. Em setembro, o lutador Roy Nelson chegou a dizer que, com um pouco de malícia, é possível driblar os exames. No UFC, que é uma verdadeira carnificina no ring, o uso de drogas que melhoram o desempenho tem o agravante de colocar a vida e a integridade física do adversário em risco. Pratique esportes
Formação esportiva Onde:
cidade de Contagem.
Informações: (31) 3392-7549
Inscrições para o Programa Segundo Tempo, com oportunidades de formação esportiva para estudantes de escolas públicas de Contagem. O aluno ou aluna deve ser inscrito por pais ou responsáveis.
O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.
Se for eleito à presidência da FIFA, o candidato sul-africano Tókio Sexwale pretende implantar uma medida que vai desagradar a muitos colecionadores de camisas de futebol. Em entrevista à agência Reuters, ele disse: “Considero seriamente a hipótese de explorar as camisas das seleções, como já acontece em outros esportes, com o logotipo do patrocinador principal e não apenas do fabricante de camisas, como é atualmente. Há espaço para que milhões de dólares sejam destinados diretamente às federações”. Nos anos setenta, Sexwale foi perseguido e preso na luta contra o regime do Apartheid na África do Sul. Em 2009, ele tornou-se ministro do governo de seu país. Atualmente, é executivo na indústria de diamantes.
VocêSabia? Começou com a cerveja. A primeira pessoa pega no antidoping em uma olimpíada foi o sueco Hans Liljenwall, atleta da equipe de pentlato. Seu exame acusou excesso de álcool no sangue. Ele havia tomado uma cervejinha antes da prova de tiro.
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ESPORTES
Belo Horizonte, 20 a 26 de novembro de 2015
DECLARAÇÃO DA SEMANA
CURTO E GROSSO
Rafael Ribeiro / CBF
Tem que subir pra não descer
Divulgação / Carol Lopes
Wallace Oliveira Sábado (21) é o dia do América-MG. Se vencer o Ceará, o time mineiro garante a vaga na primeira divisão do campeonato nacional mais disputado do mundo. Pelo futebol que tem mostrado, dificilmente o time do técnico Givanildo perde para o Ceará, ainda mais no Independência. Porém, se perder, ainda subirá, desde que o Bragantino não ganhe as duas rodadas. Teremos, então, a 15ª participação do Coelho na série A. Mais difícil do que subir é ficar na primeira divisão. Desde 2006, pela regra, sobem quatro clubes e descem outros quatro. A partir de então, quase sempre algum time foi atingido pe-
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“
Nosso país é muito crítico e pouco paciente. As pessoas falam como se fosse fácil jogar futebol.
”
Daniel Alves, lateral direito, em crítica à “energia pesada” que a seleção brasileira enfrenta atualmente.
lo efeito ioiô, ou seja, logo após chegar à elite, caiu no ano seguinte. O América de Natal subiu em 2006 e caiu em 2007; o Ipatinga subiu em 2007 e caiu 2008; o Santo André subiu em 2008 e caiu em 2009; o Guarani de Campinas subiu em 2009 e caiu em 2010; o América-MG subiu em 2010 e caiu 2011; o Sport su-
biu em 2011 e caiu em 2012. Em 2013 e 2014, o efeito não se repetiu, mas, agora, Avaí, Joinvile e Vasco andam na mira da degola. Melhor para o América é mirar no exemplo da Chapecoense, que há dois anos disputa a primeira divisão e até anda tocando o terror em muito clube velho de guerra.
Gol de placa
A torcida organizada Setor Alvinegro, do Ceará, tem estimulado a presença de mulheres no estádio. No jogo contra o ABC de Natal, na terça (10), vinte torcedoras levaram uma faixa com o lema “Lugar de mulher é onde ela quiser”. A torcida é comandada pela torcedora Alana Silva.
Gol contra
A classificação da equipe do Carlos Barbosa (RS) para a final da Liga Nacional de Futsal foi mero detalhe. A semifinal contra o Sorocaba (SP) ficou marcada pela cusparada do craque Falcão contra a fanática torcida do time gaúcho. Não há provocação que justifique!
OPINIÃO Bráulio Siffert Apesar do tropeço contra o Paraná, o América continua muito próximo do acesso à primeira divisão de 2016. Basta apenas um empate nos dois últimos jogos do campeonato. Mas, no sábado (21), contra o Ceará, o Independência certamente estará lotado para ver mais uma grande vitória e fazer a festa do acesso quatro anos depois da queda.
Quando subiu, em 2010, o América mandou seus jogos na Arena do Jacaré e a partida do acesso foi fora de casa. Portanto, será um momento histórico para a torcida do Coelho. A equipe precisa jogar como jogou contra o Vitória: indo para cima o tempo todo, sufocando o adversário, sem dar brechas para contra-ataques e armando as jogadas para os inspirados Toscano e Richarlison.
OPINIÃO Rogério Hilário O Atlético se articula para jogar mais no Mineirão. O estádio, com capacidade quase três vezes superior à do Independência, garantiria arrecadações maiores. A mística do Horto tem atualmente pouca importância, haja vista que os títulos inéditos foram conquistados na Pampulha. Vale uma ressalva: a responsabilidade pelos reveses do Galo
na temporada não se deve ao local do mando de campo. Faltaram reservas à altura dos titulares e opções para o treinador mudar a estratégia da equipe durante partidas decisivas. Além de arrecadar mais, a diretoria precisará investir mais. Tentam tapar o sol com a peneira, falando nas observações que Levir Culpi vem fazendo na base. Em termos de revelações, o Galo está devendo.
OPINIÃO Léo Calixto O fim da temporada está chegando e um ano que poderia terminar de forma trágica - com a possibilidade concreta de rebaixamento - pode levar um dos mais temidos clubes do continente sul-americano à disputa da Copa Libertadores. A vitória do time celeste sobre o Sport, no último domingo (15), reacendeu na China Azul a vontade de ver o clube
disputando o maior torneio continental em 2016. Embora a chama tenha voltado a se acender, para que a classificação se confirme, de fato, será preciso uma série de combinações de resultados, a começar pela vitória do Maior de Minas em todos seus jogos restantes. Se vamos conseguir a classificação, não sabemos, mas é certo que apoiaremos até o último instante.