Edição 114 do Brasil de Fato Minas Gerais

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CIDADES

Reprodução

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12 CULTURA

Reprodução

Queijos Até impedidos de sair breve! Leis e pressão de Ministério beneficiam a grande indústria, criticam produtores artesanais. Em 12 de novembro, toneladas de queijo da Canastra foram confiscadas e soterradas

Minas Gerais

“Os 10 mandamentos” chega ao final, mas a segunda temporada já tem data pra começar e promete garantir o sucesso de público, que já está cansado de tanta repetição nos folhetins

27 de novembro a 03 de dezembro de 2015 • edição 114 • brasildefato.com.br/mg

distribuição gratuita

Milhares de atingidos pela lama da Samarco Joka Madruga

O agricultor familiar Manoel da Silva, da comunidade Pedras, foi uma das dezenas de pessoas que ficaram ilhadas por cinco dias depois do rompimento da barragem de Fundão, pois, de um lado, a lama encobriu uma estrada e, de outro, levou uma ponte. Ele conta que aumentou o trabalho para dar água para o gado, que não bebe mais do rio, que fica a 100 metros de sua casa. Atingidos como Manoel consideram insuficientes as propostas da mineradora para mitigar danos. Enquanto isso, Senado quer mudar regras para licenciamento ambiental e Assembleia de Minas aprova mudança no sistema de meio ambiente

Págs. 8 e 9

“Governo adotou pacote neoliberal”

José Celso Cardoso Jr., do Ipea, critica posição do governo em fazer cortes sociais ao invés de mudar orientação econômica

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BRASIL

Mulheres pedem Fora Cunha Manifestantes se reuniram em ato contra presidente da Câmara em várias cidades, inclusive BH. Ativistas afirmam que medidas propostas por Cunha são retrocesso e irão piorar a vida das mulheres

Isis Medeiros

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OPINIÃO

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Editorial | Brasil

Pílula fica,Cunha sai

Imagem circula nas redes sociais e critica a responsabilidade da Vale no rompimento das barragens de rejeito de minério no último dia 5, em Mariana (MG). Acompanhe em: cobertura.brasildefato.com.br

ESPAÇO dos Leitores “A verdade é que para essas mineradoras vai sair muito mais barato despejar esses poluentes pesados na natureza que fazer o tratamento e dar o destino correto a eles. #NaoFoiAcidente” David Guimarães comentando a matéria “Mais de duas semanas depois, descaso segue nas regiões afetadas pelo rompimento de barragens”

“A presença e apoio de lideranças do MAB, por seu histórico de militância na causa de atingidos e atingidas por barragens, é, nesse momento, muito valioso” Deivid Junio, comentando “Multas contra Samarco não resolvem problema”

“E eles ainda se acham no direito de reajustar valor de passagem. O serviço prestado já era precário, com os horários sendo reduzidos então...” Plínio Marcos, comentando a matéria “Exclusão de 12 mil horários de ônibus pode aumentar transtornos”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

anota aí o número do Brasil de Fato no WhatsApp: 31 8979-8859

No último dia 25, mais uma vez ta contra a violência. O projeto de as mulheres saíram às ruas pe- lei de Eduardo Cunha é mais uma dindo o fim da violência. Além do ofensiva conservadora que estradicional 8 de março, já firma- conde o machismo e reforça o sisdo como uma data de luta femi- tema patriarcal. Criar obstáculos nista, 25 de novembro foi procla- para o atendimento de mulheres mado pelas Organizações das Na- vítimas de estupro significa ser ções Unidas (ONU) em 1999 o Dia conivente com a violência contra Internacional de Combate à Vio- a mulher e dificultar, ainda mais, lência Contra as Mulheres. É um o acesso das vítimas ao acompadia para denhamento ménunciar que a dico e psicolóCriar obstáculos para o violência congico. atendimento às vítimas de tra a mulher Ter que proainda é um estupro é ser conivente com a var ter sido esfantasma que tuprada por violência ronda a vida exame de corde todas. po de delito em um país em que A população trouxe uma nova 70% dos estupros são cometidos denúncia no ato deste ano: o Pro- por parentes, namorados ou amijeto de Lei 5069/2013, que trami- gos/conhecidos da vítima é desta na Câmara dos Deputados. De considerar que a violência conautoria de Eduardo Cunha, pre- tra a mulher ainda permanece essidente da Casa, o PL fala sobre condida. Impor barreiras para as o atendimento das mulheres víti- denúncias só joga para debaixo mas de estupro. Ele prevê a obri- do tapete o problema da violência gatoriedade da realização do exa- contra a mulher. me de corpo de delito a fim de A ofensiva conversadora, como provar a ocorrência do fato. Além demonstram o projeto de Cunha disso, criminaliza qualquer pes- e as recentes reações à prova do soa que “induza, instigue ou auxi- Enem, é lamentável. As mulheres lie em um aborto”. Outra polêmica representam metade da populagira em torno da pílula do dia se- ção, trabalham, consomem, estuguinte. O projeto abre espaço pa- dam. Além disso, acumulam dura que o medicamento seja proi- plas e triplas jornadas: cuidam bido, uma da casa, vez que podos filhos, de ser con- Milhares de mulheres foram às ruas dos idosos, s i d e r a d o no dia 25 pedindo a saída de Cunha dos doenum método tes da famíde presidência da Câmara abortivo. lia. Mesmo A manitrabalhando festação do dia 25 foi mais uma mais e ganhando menos, são aininiciativa das mulheres con- da vítimas de violência física, psitra os retrocessos que Eduardo cológica, simbólica, apenas por Cunha vem manobrando para se- serem mulheres. rem aprovados. Recentemente a Entender o que motiva a opreshashtag “#Pílula fica, Cunha sai” são e ainda naturaliza essa relainundou as redes sociais. Acom- ção é tarefa não só do Estado, mas panhando a mobilização virtu- de todos os cidadãos, homens e al, atos de rua reuniram milhares mulheres. Afinal, como falar ou de mulheres em várias capitais do pensar em desenvolvimento com Brasil, como São Paulo, Rio de Ja- ideias tão arcaicas sedimentadas neiro e Belo Horizonte. Esses atos na sociedade? É preciso entender reforçaram o coro e pediram a sa- de uma vez por todas uma ideia ída de Eduardo Cunha da Presi- aparentemente revolucionária e dência da Câmara. atual: as mulheres são pessoas, É oportuno que essa pauta vol- seres de deveres e direitos iguais. te às ruas em uma semana de lu- Simples assim.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

CIDADES

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Novas enchentes, velhos problemas “PREFEITURA BABÁ” Primeiro aguaceiro demonstra deficiências na contenção de alagamentos Reprodução / Twitter Bombeiros-MG

Rafaella Dotta Mais um período de chuvas começa na capital mineira e, com ele, as “enchentes de bueiro”. A chuva que caiu na manhã de 18 de novembro resultou em pelo menos cinco pontos de alagamento e graves acidentes. Moradores já se preocupam com os próximos meses, que prometem até quatro vezes mais chuvas. Nos últimos quatro anos, a Padaria Pão Vivo, localizada na avenida Francisco Sá, no Prado, região Oeste da capital, alagou pelo menos cinco vezes, conta a proprietária Mércia Maria de Souza. Em 2012, foram 40 centímetros de água dentro do estabelecimento e um freezer com picolés saiu boiando pela enchente, contabilizando um prejuízo de R$ 5 mil. “Disseram que

naquele ano não íamos pagar o IPTU, mas pagamos, e não houve nenhum ressarcimento”, diz.

PBH diz que oito obras de contenção estão em andamento A água vem através de um bueiro do outro lado da rua, como acontece com diversos alagamentos em Belo Horizonte. Trinta minutos de chuva forte são suficientes para que o nível comece a aumentar e dentro de dez minutos a padaria está cheia. Mércia afirma que, desde 2012, não viu nenhuma obra para conter a enchente no local.

Chuva no mês de outubro inundou ruas na região do Vilarinho

O que está sendo feito? A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informa que seis obras para contenção de alagamentos foram feitas nos últimos anos e contemplaram os córregos Ressaca, Jatobá/Olaria, da Serra, Santa Terezinha, Leitão e a avenida Várzea da Palma. Oito obras estão ainda em andamento. A Carta de Inundações de BH, elaborada pela Sudecap em 2014, mostra que 20 ribeirões e córregos podem alagar com as chuvas deste ano. Destes, nenhum apresenta nível alarmante, segundo o documento, mas podem atingir casas e comércios. Já a Secretaria de Urbanização de Belo Horizonte (Urbel) registrou 2.761 edificações em situação de risco de deslizamento, sendo 2.738 em risco alto e 23 em risco muito alto.

Período de chuvas começou Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia, em Belo Horizonte deve chover 227 milímetros até o final de novembro e 319 milímetros em dezembro. Isso significa um valor três e quatro vezes maior que o chovido em outubro: 67 milímetros. “A tendência é de tempo instável, com pancadas de chuva isoladas nos próximos 15 dias”,

afirma o meteorologista Luiz Ladeia. A partir de domingo (29), uma frente

fria deve chegar à capital e trazer céu nublado.

Lacerda “babá” dos cidadãos Em novembro de 2012, quando vários alagamentos graves aconteceram em BH, jornalistas questionaram o prefeito Márcio Lacerda (PSB) pela falta de medidas para a diminuição de enchentes. O prefeito afirmou, em tom irônico, que a prefeitura pode ter errado e deveria ter sido mais “babá” dos cidadãos.

PERGUNTA DA SEMANA Terminou nesta quinta (25) o prazo para que a mineradora Samarco, de propriedade da Vale S.A. e BHP Billinton, apresentasse ao Ministério Público um plano de reparos pela tragédia causada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos na região de Mariana, em 5 de novembro. A Justiça ainda discute o valor das multas e indenizações às famílias.

Pra você, qual deveria ser a punição para a Samarco?

ANÚNCIO

O mínimo que [a empresa] deve fazer é indenizar o povo que sofreu e perdeu tudo. Ajudar esse pessoal a recomeçar a vida. E [se] a mineradora não for culpada direta, deveria ter solidariedade àquelas famílias e ajudar mesmo assim. Thais Carvalho, atendente de telemarketing

Uma empresa desse porte tem muito dinheiro e pagar não atrapalha a continuidade do trabalho deles. O principal agora é resguardar as famílias atingidas, pra diminuir o prejuízo. A punição ideal seria encerrar as atividades [das mineradoras]. Pedro Rafael, captador de recursos


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CIDADES

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Fiscalização soterra 13 mil queijos artesanais TRADIÇÃO Relíquia no exterior, queijo da Canastra passa por inúmeras proibições em Minas Gerais e no Brasil Willian Dias

Rafaella Dotta “Enterrados vivos 13 mil queijos de leite cru da serra da Canastra”, diz título da denúncia feita pelos produtores de São Roque de Minas e região. No dia 12 de novembro, eles tiveram 13 toneladas de queijo apreendidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e despejadas no lixão da cidade, sob a alegação de “impróprio para consumo humano”. “Se falar assim: hoje está proibido de vender esse queijo, muita gente vai passar fome aqui na região”, atesta Umbelina Maia da Costa, produtora de queijo da Canastra e moradora de São Roque de Minas. Ela tem permissão estadual para fabricar, mas preocupa-se com outros produtores. “Tem gente que pensa em largar o queijo, mas aqui não tem outra profissão”, diz.

Dos 30 mil produtores mineiros, apenas 10 podem vender para outros estados

Estima-se que existam 30 mil pequenos produtores de queijo de leite cru em Minas Gerais, mas apenas 300 conseguiram se inscrever no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para adquirir um selo que permite vender em todo o

estado. E apenas dez possuem a inscrição federal no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), para vender em todo o território nacional. O pesquisador Leonardo Dupin, da Universidade de

Campinas, explica que os critérios exigidos pelas leis estadual e nacional são incompatíveis com o modo de produção artesanal. “As leis exigem coisas absurdas como a cloração da água e a construção de uma ‘casinha’, que custa em média R$ 40 mil”, diz, “além dos procesos burocráticos de fiscalização”. Para o pesquisador, são regras pensadas para a indústria de queijos e não para o pequeno produtor. E se colocadas em prática, acabariam por mudar as características dos queijos artesanais. Essa situação tem empurrado o produto da Canastra para a ilegalidade. A opção mais usada são os queijeiros, pessoas que compram e revendem os queijos artesanais de forma clandestina, arriscando serem pegos e multados. É assim que muitos produtos chegam aos mercados de grandes cidades, como Belo Horizonte e São Paulo.

Queijeiros afirmam que confisco foi ilegal SEM PROVAS Ministério alega que produto estava impróprio para consumo, mas não houve análise Segundo o advogado dos comerciantes que tiveram o produto apreendido, Miller Freitas, o MAPA e a Polícia Federal estiveram em São Roque para verificar rótulos falsificados, mas não confirmaram a denúncia. “A investigação corre sob sigilo e está a cargo da Polícia Federal”, afirma a fiscal Nazareth Aguiar Magalhães. O MAPA contesta também a quantidade apreendida, afirmando ser

9 toneladas e meia. O MAPA declara que formalizou denúncia à Polícia Federal de que queijos Meia Cura Canastra e Raladão estariam utilizando, indevidamente, rótulos de um estabelecimento registrado no Sistema de Inspeção Federal (SIF). Os queijos foram apreendidos pelo MAPA e jogados no aterro sanitário da cidade. Os queijeiros esperam, agora, resultado da análise encomendada por eles pa-

Aqui se ordenha, aqui se coalha Os queijos de leite cru são todos aqueles fabricados com leite da própria fazenda produtora, e não com pasteurizados. O processo de fabricação artesanal inclui desde tirar a ordenha até 20 ou 30 dias depois, quando acontece o período de maturação. A maioria dos produtores artesanais aprenderam esse ofício dos seus pais e mantêm as tradições. Isso faz com que o queijo da Canastra - amarelo e durinho por fora, macio e clarinho por dentro - seja um dos mais apreciados no Brasil e no exterior. Mas, por conta da atual legislação, sofre dificuldades de ocupar as prateleiras dos mercados nacionais. ra comprovar que os produtos não estavam estragados e que não podiam ter sido apreendidos por este motivo. A apreensão significou a perda de R$ 120 mil. dinheiro que os queijeiros pretendem retomar através de ação indenizatória, danos morais e patrimoniais.

FATOS EM FOCO

Inscrições abertas para o 3º Encontro Arquidiocesano de Fé e Política

Acontece no dia 28 de novembro, das 8h às 17h, o 3º Encontro Arquidiocesano de Fé e Política. A iniciativa acontecerá na PUC Coração Eucarístico e tem como objetivo discutir a realidade sociopolítica do pontificado do Papa Francisco e planejar práticas de fé da Arquidiocese, além de celebrar 10 anos Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) da instituição. As inscrições podem ser feitas no site www. arquidiocesebh.org.br.

Semana Clube da Esquina em BH

Em homenagem aos 50 anos do movimento que relevou grandes ícones da música mineira, Belo Horizonte recebe a Semana do Clube da Esquina. Durante 30/11 a 03/12 – de segunda a quinta-feira – os artistas Lô Borges, Beto Guedes, Telo Borges, Cláudio e Flávio Venturini se encontrarão para apresentações especiais. programação completa em: http:// semanaclubedaesquina. com.br

Organizador da ocupação Vitória é encontrado morto

Mais um dos organizadores da ocupação Vitória, Ricardo de Freitas Miranda, conhecido como Kadu, foi morto a tiros dentro de um carro na noite de domingo (22). De acordo com o movimento de luta por moradia Brigadas Populares, ele teria sofrido uma emboscada, em que três homens armados atiraram várias vezes contra o veículo e fugiram. A Polícia Miliar informou que a motivação do crime ainda é desconhecida.


Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

MINAS

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Artigo

O coronel e o lobisomem João Paulo Cunha

O que Aécio Neves, Sarney Filho, Collor de Mello, Agripino Maia, Jader Barbalho e Tasso Jereissati têm em comum, além de não serem o tipo de pessoa que você convidaria para tomar uma cerveja? Resposta rápida: não respeitam a Constituição. E não é de hoje. Os políticos acima, juntamente com outros 34 parlamentares, entre senadores e deputados, fazem parte da lista de proprietários de concessões de rádio e TV, o que é explicitamente vedado pelo artigo 54 da lei maior. Procuradores dos estados de origem de suas excelências estão ajuizando ações em todo o Brasil, com o patrocínio do Ministério Público Federal, a partir de mobilização da sociedade civil, capitaneada pelo Coletivo Intervozes. Demorou. Comunicação no Brasil é um tabu. Tudo que se faz em direção ao controle público, regulação, direito de resposta, democratização e proteção contra o monopólio é logo traduzido como ameaça à liberdade de imprensa. O caso da propriedade de concessão de serviços públicos, como a radiodifusão, no entanto, segue em outra direção. Não se pode acusar quem defende a cassação dessas concessões de atentar contra o livre mercado de ideias. Trata-se exa-

tamente do contrário: a concentração de duas dimensões de poder – o político e o simbólico – nas mãos da mesma pessoa ou grupo político. A resposta dos coronéis eletrônicos sobre o caso tem sido menos ideológica e mais cínica: eles não se metem pessoalmente nos negócios. As rádios e emissoras de TVs de políticos são como lobisomem: metade empresa, metade garantia de monopólio do discurso em suas áreas de abrangência. De um lado, concentram poder econômico como propriedade rentável, recebida quase sempre em recompensa

As rádios e emissoras de TVs de políticos são como lobisomem: metade empresa, metade garantia de monopólio do discurso a apoios políticos explícitos. De outro, garantem vocalização de apenas uma fatia do espectro ideológico e social. No momento em que se debate a proibição de doações empresariais para campanhas, a posse de um veículo de comunicação se torna um ativo ainda mais valioso. A presença de Aécio Neves na lista mostra que ele, além da contumaz arrogância blasé de

se furtar a cumprir a lei – mesmo as mais consensuais, como não dirigir depois de beber – é atravessado por uma confusão entre o público e o privado. O senador parece desconhecer os valores mais básicos da democracia, como o respeito ao resultado das urnas; e os princípios mais pétreos da República, como a separação entre os interesses pessoais e o bem comum. Além de manter sob sua administração emissoras de rádio, o que é inconstitucional, dirigiu a sua empresa de comunicação verbas públicas de propaganda do governo de Minas. Usou o poder político para garantir vantagens econômicas e lançou mão de financiamento público para defender interesses pessoais. A sobreposição entre público e privado tem história na elite brasileira. Usar patrimônio do Estado para auferir vantagens particulares tem sido uma prática convencional e abusiva. Os 40 coronéis da mídia acionados pelo Ministério Público Federal, são, certamente, apenas uma fração do sistema que sempre soube escorregar as responsabilidades para laranjas e testasde-ferro. Já os lobisomens que enriquecem e se eternizam como candidatos com palanque eletrônico garantido à custa de concessões auferidas em jogo de cartas marcadas, estes estão vivos e chutando a democracia. O coronel e o lobisomem podem até merecer o folclore, mas não deveriam jamais habitar a história.

Ex-diretores do Bemge são condenados à prisão ESTRAGO Condenação do MPF sustenta que o banco foi intencionalmente falido para ser privatizado Reprodução

Rafaella Dotta Outro processo comprova que as empresas estatais foram destruídas antes do processo de privatização, na década de 1990. De 1994 a 1998, o Banco Estadual de Minas Gerais (Bemge), sob administração de Eduardo Azeredo (PSDB), foi intencionalmente falido, segundo conclusão do Ministério Público Federal (MPF). Três exdiretores foram condenados à prisão. A ação penal partiu do MPF sessão Minas Gerais e sustenta que os réus realizaram e autorizaram empréstimos sem garantia de recebimento. Uma auditoria do Banco Central demonstrou que as operações eram realizadas em desacordo com técnicas de gestão bancária e os créditos liberados mesmo diante de diagnósticos negativos dos órgãos de avaliação. Oito empresas,

Bemge foi vendido ao Itaú por apenas R$ 538 milhões, apesar de o governo ter emprestado R$ 4,3 bilhões

especialmente da construção, foram favorecidas com os empréstimos irregulares Direção irresponsável Segundo a sentença, os dirigentes criaram “riscos exorbitantes e desvinculados de garantia, sendo responsáveis por sérios danos ao Bemge e causando prejuízos ao Sistema Financeiro Nacional”. José Afonso Bicalho, cuja responsabilidade foi consi-

derada “gravíssima”, recebeu pena de 5 anos e 8 meses de prisão. Luiz Alberto Rodrigues foi condenado a 4 anos e 8 meses e Ênio Pereira Botelho a 4. A ação será julgada pelo 1º Tribunal Regional Federal, considerando recurso do MPF para aumentar a pena dos réus. Cabe recurso da defesa. Privatização Depois dos quatro anos de gestão, o Bemge e demais

bancos estatais mineiros acumulavam uma dívida enorme. Foi preciso que, em 1998, o governo de Minas Gerais pedisse empréstimo à União para promover a reparação. A verba liberada pelo governo federal foi de R$ 4,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão destinado ao Bemge. Mesmo assim, o banco foi vendido ao Itaú por apenas R$ 538 milhões, segundo o MPF. Para o vereador Gilson Reis (PCdoB), um dos organizadores do livro “Desvendando Minas”, a destruição financeira do Bemge serviu a um projeto de privatizar as empresas estatais do estado, como também aconteceu com a Minas Caixa, por exemplo. “Este projeto é próprio dos governos PSDB. Isso ficou muito claro a partir dos acordos que o governo assinou com o FMI”, lembra.

Condenado é secretário Ênio Pereira Botelho e Luiz Alberto Rodrigues eram vice-presidentes do banco. Rodrigues foi vereador, deputado federal, deputado estadual pelo PPS e PMDB. Ele é classificado como um dos principais articuladores para a eleição de Azeredo como governador de Minas. José Afonso Bicalho Beltrão da Silva, ex-diretor-presidente do banco, também responde por participação no esquema do “Mensalão Tucano”, em que houve desvio de dinheiro para a campanha de Azeredo a governador em 1998. Atualmente, José Afonso é secretário de Fazenda do governo de Fernando Pimentel (PT), além de presidente do conselho administrativo da Cemig, integrante do conselho da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e da MGI Minas Gerais Participações SA.


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OPINIÃO

Acompanhando

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 113...

Bruno Dayrell

Descontentes com propostas, trabalhadores decidem por greve ...E agora Greve de eletricitários continua Na manhã de quintafeira (26), a categoria eletricitária realizou negociação na sede da Cemig a respeito da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mas não foi apresentada nova proposta da companhia. Os trabalhadores decidiram manter a paralisação. Na quarta (25) também foi realizada uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Na ocasião, foi discutida a liminar da Justiça que prevê o quadro mínimo de 60% durante a greve e relatados os abusos e assédios cometidos pela empresa contra os grevistas.

Na edição 111... sa

Ofensa não é impren...E agora

Lei de resposta é sancionada No dia 11 de novembro, a presidente Dilma sancionou, com um veto, o projeto de lei que regulamenta o direito de resposta na imprensa. A nova legislação estabelece que empresas jornalísticas devem divulgar a resposta de pessoa física ou jurídica que se sentir ofendida pelo conteúdo publicado, de forma proporcional e gratuita. Dilma vetou apenas um ponto - que havia sido aprovado pelo Senado - afirma que “tratando-se de veículo de mídia televisiva ou radiofônica, o ofendido poderá requerer o direito de dar a resposta ou fazer retificação pessoalmente”.

SKATE - A foto desta semana foi tirada na Praça da Assembleia pelo leitor e diagramador do Brasil de Fato MG Bruno Dayrell. A montagem, também feita por ele, permitiu perceber cada movimento do skatista, que por sinal, mandou muito bem no noseslide.

Fábio Garrido

Eulália Alvarenga

As barragens em torno da mineração

Que as mineradoras paguem o justo

O rompimento das barragens em Mariana deve provocar o rompimento de outras barragens levantadas em torno da mineração. São as barragens feitas de mitos sobre a atividade. Uma delas é o mito da sustentabilidade. Palavra tão martelada como instrumento de marketing das multinacionais, mas esvaziada de sentido diante da morte de moradores, trabalhadores, comunidades, rios e parte do litoral. Abre-se também uma fissura na grande barragem do desenvolvimento. Quando a atividade pesqueira, leiteira e o abastecimento de água são condenados, de que desenvolvimento estamos falando? Vira fumaça a ideia que proclama a necessidade de exportarmos commodities para garantirmos uma balança comercial menos deficitária e um dia, quem sabe, nos tornarmos um país produtor de tecnologia. Como podemos vislumbrar o desenvolvimento tecnológico se nossa educação é volta- Abre-se uma fissura da para a produção de um puna barragem do nhado de engenheiros e téc- desenvolvimento nicos e uma multidão de trabalhadores com baixa qualificação? Nosso modelo de desenvolvimento reforça o ideal elitista da coexistência de dois sistemas de ensino. Um particular, voltado para os que “pensam”. Outro, público, para os que fazem. Estes últimos são, de acordo com o mito da mineração, predestinados ao trabalho precário e incerto nas terceirizadas da Vale, Samarco e BHP. Predestinados aos acidentes de trabalho que os mutilarão, adoecerão e matarão. Mas a maior rachadura no mito do atual modelo minerador é de que não precisamos acreditar que somos predestinados. São os trabalhadores e os moradores dos diferentes territórios atingidos pela mineração que devem definir soberanamente os seus destinos. Não o mercado.

Minas respondeu por aproximadamente 50% da arrecadação minerária do Brasil em 2013. No entanto, essa arrecadação deveria ser maior, posto que o Brasil é um dos países que cobra os menores royalties sobre a mineração no mundo. De acordo com relatório do TCU (2011), de cada quatro áreas onde há extração de minério no país, apenas uma faz o devido recolhimento do royalty de mineração, a CFEM. Pagamento justo pressupõe uma base tributária que proporcione a implementação de políticas que assegurem os direitos das pessoas e reverta as desigualdades. Se os recursos minerais são do Estado, é legítimo exigir que os benefícios da exploração destes recursos, cujos impactos negativos podem ganhar a dimensão de catástrofes, sejam revertidos a favor da sociedade. Sociedade precisa A Samarco Mineração discutir e participar dos S/A teve, em 2014, lucro líquido de mais de R$ 2,8 rumos do Estado bi, ano em que pagou cerca de R$ 614 milhões em tributos, para os três níveis de governo, gerando apenas 2.969 empregos diretos. Mineradoras brasileiras contam com vantagens significativas, posto que conseguem obter rentabilidades extremamente altas com relação a outras atividades industriais. Minas Gerais, que é o estado mais prejudicado por tais atividades, não tem sido devidamente beneficiado em função da exploração dos seus recursos minerais. A sociedade precisa discutir os rumos do Estado e exigir que a sua participação seja efetiva na discussão do novo Marco Regulatório da Mineração. Exigir que as mineradoras paguem o justo, e o justo vai muito além de tributos. Que a atividade minerária possa devolver à sociedade tudo que lhe foi tirado. Que as riquezas do Brasil e de MG sejam para o seu povo!

Fábio Garrido é professor de filosofia e coordenador da Subsede Ouro Preto – SindUte

Eulália Alvarenga é auditora fiscal de tributos municipais. Artigo completo em: www.brasildefato.com.br/node/33533


Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

No dia do combate à violência, mulheres pedem #ForaCunha

BRASIL

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FATOS EM FOCO

Político não pode ter TV e rádio

FEMINISMO Para ativistas, projetos de Eduardo Cunha intensificam a violência Isis Medeiros

Larissa Costa Em 2013, quase 5 mil mulheres foram assassinadas por pessoas próximas, como ex-maridos ou namorados, no Brasil. Quando se analisa o perfil dessas mulheres, percebe-se que, de 2003 a 2013, houve um aumento de 4,5 para 5,4 por 100 mil os homicídios de mulheres e meninas negras. Enquanto isso, a taxa das mulheres brancas caiu 11,9%. Esse e outros dados alarmantes estão reunidos no “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”. De acordo com o estudo, o Brasil ocupa a quinta posição internacional, entre 83 países com maior taxa de homicídios de mulheres. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a média internacional é de dois homicídios por 100 mil mulheres. A brasileira é mais que o dobro: 4,8 por 100 mil mulheres. Essa realidade é questionada pelos movimentos fe-

PL 5069/2013”, diz Débora Araújo, militante do Levante Popular da Juventude. “Esse PL pretende dificultar ainda mais o acesso da vítima de violência sexual ao atendimento médico e impedir o aborto legal. Além disso, ele quer acabar com o direito àpílula do dia seguinte”, completa.

Protesto no centro de BH reuniu 200 mulheres no dia 25

ministas e organizações sociais. No 25 de novembro – Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres, protestos foram realizados em várias cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, a manifestação reuniu mais de 200 mulheres. A feminista Deonara Almeida, da Marcha Mundial das Mulheres, con-

ta que, neste ano, a reivindicação principal é a retirada de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. “Ele representa a política mais conservadora. Os projetos de lei que ele tem apresentado são um retrocesso, e, se aprovados, vão piorar a vida das mulheres”, argumenta. “Um desses projetos é o

Fim da violência Deonara aponta que é necessário implantar políticas públicas que auxiliem as mulheres a saírem da situação de violência, mas que mudar a sociedade é fundamental. “Temos que cobrar do Estado políticas de atendimento psicológico às mulheres, implantação da Casa da Mulher Brasileira em todos os municípios, estabelecimento de medidas protetivas e punição dos agressores. Mas, para acabar de vez com a violência, devemos lutar por autonomia financeira e destruir o patriarcado”, explica.

Nas redes e nas ruas Isis Medeiros

Além dos atos nas ruas, mais uma campanha feminista explodiu nas redes sociais na última semana. Com a hashtag #MeuAmigoSecreto, mulheres de todo o Brasil denunciaram, em suas próprias páginas, abusos e comportamentos incoerentes de pessoas de sua convivência, principalmente daqueles que afirmam não serem machistas ou preconceituosos.

Débora acredita que a internet cumpre uma função muito importante de tornar público o machismo que as mulheres sofrem no dia a dia. “Acho que o melhor da campanha é que, por não divulgar os nomes, todas acabam se identificando com a história da outra, uma mulher pode ver sua história sendo contada por uma desconhecida”, analisa.

O que é machismo?

O que é patriarcado?

É qualquer comportamento de quem não admite que mulheres e homens sejam tratados como iguais na sociedade e/ou que impedem as mulheres de terem opiniões e decisões próprias. Por exemplo, um homem é machista quando proíbe ou impede sua namorada de usar alguma cor de batom ou esmalte. O machismo é fruto do patriarcado e atua para manter a condição de submissão das mulheres em relação aos homens.

Patriarcado é uma forma de organização da sociedade que dá poder aos homens e os beneficiam em várias situações, em detrimento das mulheres. Por exemplo, o trabalho doméstico e de cuidados com crianças e idosos ainda são tidos como obrigação exclusiva das mulheres, o que aumenta muito suas jornadas diárias.

Movimentos populares entregaram ao Ministério Público Federal, na segunda-feira (23), documento que pede a cassação de rádios e TVs que são propriedade de 40 deputados federais e senadores. O artigo 54 da Constituição Federal proíbe que parlamentares sejam sócios de donos de concessão, permissão ou autorização para rádio e TV. Entre os 40 senadores e deputados federais acusados, está o senador Aécio Neves (PSDB) e quatro deputados mineiros. A expectativa é que as sessões estaduais do Ministério Público abram investigações.

Presos na Lava Jato tinham relações com PSDB Suspeitos de corrupção foram presos na quarta (25) pela operação Lava Jato: o senador Delcídio do Amaral (PT) e o banqueiro André Esteves. Ambos têm trajetórias contraditórias. Delcídio foi filiado ao PSDB entre 1998 e 2001 e possuía uma postura defensora do PMDB. Já André Esteves, apresentado pelo jornal O Globo como próximo ao PT, fez campanha eleitoral em 2014 para Aécio Neves, então candidato à presidência do país, além de ser seu amigo pessoal. Também foram presos Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, e o advogado Édson Ribeiro.


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BRASIL

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Atendimento da Samarco/BHP/Vale às famílias atingidas é insuficiente, afirma movimento NEGOCIAÇÃO Pelos cálculos da empresa, famílias ficarão em hotel até o fim de fevereiro Joka Madruga

Wallace Oliveira Vinte dias depois do acidente, os atingidos de Mariana ainda estão insatisfeitos com as respostas das empresas responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão, que inundou comunidades e matou flora e fauna. Doze mortes foram confirmadas, e, oficialmente, 19 pessoas continuam desaparecidas. Na tarde da quarta-feira (26), o Centro de Pastoral da Arquidiocese de Mariana recebeu a segunda reunião da mesa de negociações mediada pelo governo do estado. Participaram moradores, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), integrantes dos governos federal e estadual, representantes da Samarco e outros. A reunião começou com uma fala da Samarco respondendo à pauta de rei-

Maria Goreti disse que os animais ficaram 5 dias sem alimentos.

vindicações dos atingidos, apresentada pelo MAB. A pauta contém pontos como a reparação dos danos individuais e coletivos, a recuperação dos rios e nascentes e as ações necessárias para evitar novos desastres. “Que a Samarco, Vale e

Lama chega ao mar Fred Loureiro / Secom ES

A lama despejada no Rio Doce chegou ao mar 17 dias depois, em 21 de novembro, atingindo 43 quilômetros de litoral e 20 quilômetros mar adentro, segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente do Espírito Santo. Na terça (24), a população de Colatina realizou protestos contra a falta de água e de informações, e foi repreendido com gases lacrimogêneos do batalhão de Choque da Polícia Militar.

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BHP Billiton deem uma posição urgente do que irão fazer, para que sejam resolvidos os problemas deixados, e que mantenham contato com a população e os entes públicos da cidade”, afirma o documento. Os representantes da Sa-

marco dizem que a empresa tem tomado “todas as medidas de assistência emergencial às famílias e comunidades afetadas e de mitigação das consequências socioambientais do desastre”. Entretanto, de acordo com os movimentos, o atendimento aos atingidos ainda tem sido lento e inadequado. “Há uma pauta que envolve questões emergenciais. A resposta da empresa é insuficiente, vai ter que intensificar seus trabalhos. A análise de DNA das famílias para reconhecer restos mortais das pessoas não teve uma resposta ágil. Para o sustento das famílias, até a realocação de suas comunidades, a empresa propôs um salário mínimo mais 20% por dependente, o que, na nossa avaliação, é insuficiente”, argumenta Joceli Andrioli, da coordenação nacional do MAB.

Natal no hotel De acordo com cálculos da Samarco, 300 famílias estão alojadas em hotéis e pousadas em Mariana. O gerente de projetos da empresa, José Luiz Santiago, informou que a meta é que, a cada semana, 25 famílias sejam transferidas para domicílios provisórios, o que deve durar até o final de fevereiro. “A gente sabe que a empresa pode dobrar o número de famílias a serem transferidas. Eu queria fazer um apelo para que vocês se coloquem no lugar das pessoas. Como elas vão recebem os familiares no Natal? Elas não podem passar o Natal comendo marmita. Uma mulher acabou de dar à luz e está no hotel”, afirmou, durante a reunião, o Padre Geraldo Martins, da Arquidiocese de Mariana.

Governo cria grupo de trabalho para avaliar impactos No sábado (21), o governador Fernando Pimentel (PT) publicou no Diário Oficial do estado o decreto nº 46.892, que institui a criação de uma força-tarefa para avaliação dos desdobramentos do rompimento da barragem da Samarco. O grupo, que será coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Política Urbana e Gestão Metropolitana (Sedru), envolve vários órgãos estaduais, além dos prefeitos de Mariana, Ipatinga, Governador Valadares, Rio Doce, Tumiritinga e Belo Oriente. Segundo comunicado do governo, eles vão levantar dados, propor medidas corretivas e restauradoras ambientais e materiais. Segundo o documento, os órgãos têm até 60 dias para apresentar relatório final.

A Polícia Civil é responsável pelo inquérito do caso. Até essa quinta-feira (26), o órgão informou que foram interrogadas oito pessoas e que a fase mais intensa de depoimentos, que prevê cerca de 60 pessoas, será concluída até o fim de dezembro.

Justiça determinou bloqueio de R$ 300 milhões da Samarco MP Um novo inquérito sobre o rompimento da barragem de Fundão foi aberto pelo Ministério Público de Minas, que irá apurar condições de segurança das outras duas estruturas do complexo - Santarém e

Germano -, afim de evitar novas tragédias. Bloqueio de bens A justiça determinou o bloqueio de R$ 292 milhões da Mineradora Samarco sob custódia do Banco Central. O juiz Frederico Esteves Duarte Gonçalves, responsável pela decisão, também negou pedido da mineradora para liberação de valores já bloqueados. A decisão, da comarca de Mariana, complementa a determinação do dia 13, que bloqueava R$ 300 milhões da mineradora, responsável pela barragem que se rompeu no dia 5. Com a nova decisão, publicada dia 25, ficarão bloqueados todos os valores e títulos de crédito da empresa sob custódia do Banco Central, até completar R$ 300 milhões.


Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

BRASIL

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Senadores querem facilitar licenciamento ambiental de grandes obras INTERESSES Proposta exclui necessidade de audiência pública com populações afetadas, o que viola tratados internacionais Edilson Rodrigues / Agência Senado

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) Avança a passos rápidos no Senado um projeto de lei (PLS 654/2015) que flexibiliza a concessão de licenciamento ambiental para grandes obras, aquelas classificadas como “estratégicas” pelo governo brasileiro. Encaixam-se nessa categoria usinas hidrelétricas, rodovias, hidrovias, portos, aeroportos, linhas de transmissão e comunicação. A proposta cria um “rito sumário”, de aproximadamente oito meses, para liberação desses empreendimentos. A medida ainda exclui necessidade de realização de audiências públicas com as comunidades afetadas. “É justamente para esses empreendimentos que se deve realizar um processo mais rigoroso”, afirma Maurício Guetta, advogado do Instituto Socioambiental (ISA). Aprovado na última quarta-feira (25) na Comissão Especial de Desenvolvi-

mento Nacional, o projeto deverá passar em plenário e depois seguirá para a Câmara dos Deputados, o que deve ocorrer ainda este ano. De última hora, quando ainda era analisado na comissão, o relator Blairo Maggi (PR-MT) acatou sugestão do autor do proposta, Romero Jucá (PMDB-RR), e retirou da categoria de obras a “exploração de recursos naturais”, como, por exemplo, a extração de minério. Para Maurício Guetta, a manobra foi uma tentativa de evitar uma repercussão negativa da proposta frente à tragédia ocorrida em Mariana, após o rompimento da barragem da mineradora Samarco, que despejou o equivalente a mais de 20 mil piscinas olímpicas de lama de rejeitos metálicos no meio ambiente, destruiu comunidades inteiras, poluiu a bacia do Rio Doce e levou lama até o oceano Atlântico. Sem debate

PL faz parte da “Agenda Brasil”, ctiticada por movimentos populares

O PLS 654 está no pacote da chamada “Agenda Brasil”, proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Esse projeto passou pela comissão em sessão que teve quórum baixíssimo e não foi debatido em nenhuma outra comissão do Senado”, critica Guetta. O advogado prevê o agravamento dos conflitos ambientais com o dispositivo que exclui a necessidade

PL que facilita licenciamento é aprovado na Assembleia de Minas MUDANÇAS Criticado por ambientalistas na versão original, PL inclui agora plano de emergência

de audiências públicas com as comunidades afetadas. “O licenciamento é um instrumento no qual os conflitos entre os envolvidos no empreendimento devem ser resolvidos”, explica. Ele cita o caso da remoção de populações para a construção de barragens e os efeitos das grandes obras. “A construção da usina de Belo Monte fez dobrar a população de Altamira (PA),

o que afetou serviços públicos de saúde e educação. É no licenciamento ambiental que todos esses impactos são avaliados”. Repercussão internacional A tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental de grandes obras no Brasil ocorre em meio a um esforço mundial pela preservação do meio ambiente e controle das mudanças climáticas, cuja discussão será feita por chefes de Estado de todo o mundo na 15ª Conferência da Partes (COP-15), em Paris (França), em dezembro. Da forma como está, argumenta Maurício Guetta, do ISA, o PLS 654 “viola claramente” a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, uma vez que afeta direitos de povos indígenas e tradicionais frente ao impacto de grandes obras. (Com informações do Instituto Socioambiental).

Manifestantes presos em protesto Reprodução / MST

Antonio Cruz / ABr

O Projeto de Lei 2.946/2015, de autoria do governador Fernando Pimentel (PT), foi aprovado ontem (25) com substitutivo que devolve ao Conselho de Políticas Ambientais (Copam) as decisões sobre empreendimentos de médio e grande impacto, ao contrário do que propunha inicialmente. Define prazo de seis meses, prorrogáveis por mais seis, para a aprovação de licenciamento ambiental e coloca como obrigatória a apresentação de planos de emergência, contingência e comunicação de riscos para em-

Projeto foi enviado por Pimentel em regime de urgência para a ALMG

preendimentos com barragens. Movimentos de defesa ao meio ambiente e deputados criticaram a alta velocidade na aprovação,

que tramitou em regime de urgência, desfavorecendo o debate dos pontos polêmicos. (Da redação)

Acompanhe em: http://cobertura.brasildefato.com.br

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram ato de solidariedade à população atingida. Eles passaram lama no chão e parede da Câmara dos Deputados, em Brasília. Quatro pessoas presas pela Polícia Legislativa sob a acusação de crime ambiental. Enquanto isso, presidentes da Samarco, Vale e BHP Billiton continuam soltos.


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BRASIL

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Ocupações contra ‘reorganização escolar’ avançam em São Paulo EDUCAÇÃO Secundaristas protestam contra o fechamento de unidades de ensino Rovena Rosa / Agência Brasil

Da redação O número de ocupações em escolas estaduais contra a ‘reorganização’ proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) aumenta no estado. Segundo o último balanço realizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), até o fim desta quinta (26), 185 escolas foram ocupadas. Na sexta (27), o sindicato realiza ato e assembleia, com paralisação da categoria. Na terça (24), cerca de cem alunos representantes de mais de 50 escolas ocupadas e não ocupadas se reuniram na sede das entidades estudantis no bairro Vila Mariana, na capital, para organizar ações e trocar experiências sobre as

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ocupações. Eles aderiram a um manifesto que, entre outras coisas, pede o encerramento imediato da reorganização e a não demissão de funcionários ou professores. Eles também reforçaram que não aceitarão mais perseguição aos alunos manifestantes. Entenda O plano de reorganização das escolas apresentado por Geraldo Alckmin (PSDB) tem como objetivo dividir as escolas públicas do estado por ciclos, em que cada escola ofereceria apenas um dos três ciclos do ensino básico. Eles seriam divididos entre anos iniciais do Ensino Fundamental, anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

tadual de São Paulo - sejam atingidos.

Até quinta (26), 185 escolas estavam ocupadas em todo o estado

No entanto, para funcionar, o projeto resultaria no fechamento de até mil escolas públicas, demissões em massa de funcionários e professores e superlotação das salas. Além disso, a mu-

dança pode transferir boa parte dos estudantes para colégios até 1,5 quilômetros mais distantes. A estimativa é que 2 milhões de alunos dos 3,8 milhões matriculados atualmente na rede es-

Alunos se organizam Desde que a medida foi anunciada, estudantes e professores realizam manifestações incansáveis em mais de 25 cidades do estado. Além de exigirem o cancelamento do plano, eles afirmam que a medida não irá somente fechar escolas, como pode sucatear o restante. Em comunicado, eles também denunciaram que as instituições já sofrem, há muito tempo, com “problemas estruturais, infiltrações, falta de higiene, materiais didáticos e merenda”. Para acompanhar o rumo das ocupações, acesse a página www.facebook. com/naofechemminhaescola.

MUNDO

Movimentos sociais temem perder direitos com a vitória de Macri ELEIÇÕES Candidato eleito coloca fim a 12 anos de governos progressistas na Argentina Reprodução

Da Redação Em uma eleição acirrada na Argentina, Mauricio Macri (Cambiemos) venceu o candidato apoiado por Cristina Kirchner, Daniel Scioli (Frente para a Vitória), na noite do último domingo (22). Com 51,40% dos votos, a disputa colocou fim a 12 anos de governos kirchneristas. O candidato eleito não contará com maioria no Congresso e terá que lidar com governos peronistas presentes na maior parte das províncias argentinas, embora a mais importante delas, a de Buenos Aires, seja agora controlada por uma representante do mesmo partido. Para movimentos sociais, a vitória de Macri representa um retrocesso por não ga-

perar o espaço que perdeu nos últimos anos”, diz o Secretário Geral do Centro de Estudantes da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Autônoma de Buenos Aires (UBA), Jorge Villanueva.

Macri fez declarações contra a presença da Venezuela no Mercosul

rantir que direitos conquistados nos últimos anos sejam mantidos. “Será necessário que estejamos mais

organizados do que nunca. O momento é de tomar as ruas de volta, porque o neoliberalismo vai querer recu-

Política internacional Ao comentar suas propostas no âmbito da política externa, Macri falou que a Argentina precisa fazer “intercâmbios com todos os países do mundo para melhores oportunidades para todos”. Entre suas próximas medidas, ele anunciou que irá invocar a cláusula democrática contra a Venezuela na próxima Cúpula do Mercosul, prevista para o dia 21 de dezembro, no Paraguai. O novo chefe de Estado, que deve tomar posse em dezembro, também co-

mentou que seu país passará por um “curto período de transição”. “Agradeço a todos os argentinos, pela confiança, por terem acreditado que podemos e merecemos viver melhor”, disse aos jornalistas. Em nota oficial, divulgada na terça (24), o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, criticou o posicionamento do presidente eleito. “É uma lástima que um presidente latino-americano inicie um período de governo em franca oposição ao espírito de unidade e integração que alcançou nossa América Latina e o Caribe no século 21”, diz a nota, assinada pelo vice -presidente para Assuntos Internacionais do partido, o economista Rodrigo Cabeza Morales.


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ENTREVISTA 11

“Não dá para esperar a economia se recuperar para salvar a política” ECONOMIA Mudanças da última década desmentem os mitos do neoliberalismo Ramon Moser

Wallace Oliveira As previsões para o próximo biênio indicam recessão no Brasil. Com isso, ganha corpo a retórica neoliberal, defendida nos programas de Marina Silva e Aécio Neves, derrotados nas urnas. Contraditoriamente, essa foi a política adotada pelo governo Dilma após as eleições. Esse discurso neoliberal atribui os problemas da economia brasileira a um suposto desajuste fiscal. A solução seria cortar gastos em áreas sociais, aumentar juros e conter o crescimento dos salários, entre outras medidas de fortalecimento do mercado. Por essa lógica, os trabalhadores deveriam pagar a conta da crise. Todavia, um retrato da trajetória do Brasil nos últimos anos indica que esse modelo fracassou e que as previsões do neoliberalismo carecem de fundamento. O economista José Celso Cardoso Jr., do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, aponta a mudança na orientação econômica como condição para que o país volte a crescer.

“O governo desistiu de enfrentar os bancos e aumentou a taxa de juros” Brasil de Fato - Resultados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios mostram uma redução da desigualdade em todas as regiões, exceto no Sudeste. O que explica esse descompasso? José Celso Cardoso Jr. - No Sudeste, o peso do emprego privado é maior do que em outras regiões. Quando a crise toma corpo, ela afeta primeiramente os empregos do setor privado. O emprego privado é mais flexível do que o emprego público, é mais elástico, sofre mais com o ciclo econô-

José Celso Cardoso Jr.: “É preciso rebaixar juros e estimular o mercado interno”

to dessas distintas frentes e o acordo que viabilizava o crescimento quebrou. Para piorar, o governo desistiu de enfrentar os bancos e aumentou a taxa de juros.

“O impacto sobre emprego e renda é maior onde é menor a participação do Estado”

mico. O impacto sobre emprego e renda é maior, portanto, onde é menor a participação do Estado. Em outras regiões, o peso do emprego público é maior. O Estado tem uma participação muito grande na geração da renda, não apenas porque emprega mais, como também pelas políticas sociais. Assim, a renda das famílias pobres mantidas pelo Estado tem um peso maior nas regiões mais pobres, o que segura os indicadores sociais, mesmo durante a crise.

“Para recompor a capacidade de financiamento, o governo resolveu aumentar as tarifas públicas” Qual é a origem do atual quadro de crise econômica? Na última década, o governo tentou alterar o modelo de desenvolvimento

resgatando o mercado interno, rebaixando a taxa de juros, colocando o investimento em infraestrutura como vetor do crescimento, valendo-se da exportação de commodities. Todavia, o empresariado não respondeu com investimento. Durante um tempo, uma parte do empresariado brasileiro aproveitou a conjuntura econômica favorável [para crescer]. Depois, quando teve que responder à demanda com investimentos, optou por lucrar: antes de tomar a decisão de investir, decidiu se capitalizar, aumentando o preço sobre a quantidade ofertada. Ninguém fala que uma Odebrecht ou Vale, por exemplo, para entrarem num investimento de longo prazo, exigem um retorno absurdo. O governo, por seu turno, fica tentando baratear o custo de produção das empresas. A infraestrutura travou porque os empresários não estavam aceitando as taxas de retorno que o governo oferecia. Ademais, o setor exportador deixou de responder, por conta da situação de crise mundial. A crise no Brasil começou a aparecer com o tensionamen-

Em 2015, a taxa básica de juros alcançou seu patamar mais elevado dos últimos nove anos. O Banco Central justificou essa elevação em função do controle da inflação. Entretanto, após sucessivas elevações nos juros, o Brasil registra sua maior inflação desde 2003. Qual é o erro dessa equação? Com a economia esfriando, houve uma diminuição da capacidade de arrecadação do Estado. Manteve-se o crescimento do gasto porque ele é inercial, os gastos não diminuem com a queda na arrecadação. Para recompor a capacidade de financiamento, o governo resolveu aumentar as tarifas públicas, elevar os preços administrados. Os custos mais importantes para as famílias foram os que mais contribuíram com a inflação deste ano, que é uma inflação de custos, não é inflação de demanda. Aumento de juros combate inflação de demanda. Alguns analistas afirmam que um aumento significativo no salário mínimo estimularia o crescimento da inflação. O que você pensa a respeito? Foi no período em que o salário mínimo mais cresceu, entre 2004 e 2013, que

a inflação convergiu para o centro da meta. Durante o período neoliberal, a inflação foi maior. Se compararmos o desempenho da economia brasileira nos anos 90 e 2000, dá para ver uma diferença gritante. Na década de 90, houve um rebaixamento da inflação, mas, depois, ela ficou vários anos acima da meta. Posteriormente, houve um movimento extraordinário, de aumento do salário mínimo e convergência das taxas anuais de inflação.

“O pacote liberal adotado pelo governo significa desmonte do Estado e reversão dos ganhos sociais” Que medidas são urgentes para o Brasil sair da crise? O que você projeta para os próximos anos? É preciso mudar a orientação econômica: rebaixar juros, renegociar dívidas, estimular o mercado interno, que é o impulsionador da arrecadação. O pacote liberal adotado pelo governo significa desmonte do Estado e reversão dos ganhos sociais. Mas é difícil pensar uma saída para a crise no atual ambiente político. A oposição e a mídia golpista, inconformadas com a derrota nas urnas, se transformaram em atores de deslegitimação democrática. Elas tentam derrubar ou inviabilizar o governo, sangrando-o até o fim. Isto está nas mãos do Congresso e da grande mídia, cujo poder é muito difícil de confrontar. Seria preciso uma solução política para viabilizar a saída da crise, salvar a economia. Não dá para esperar a economia se recuperar para salvar a política.

Leia na íntegra em www.brasildefato.com.br


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CULTURA

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

Novela

“Os 10 mandamentos” termina sem final

Joaquim Vela também no email: quimvela@brasildefato.com.br Divulgação

A novela “Os 10 Mandamentos”, da Rede Record, chegou ao final esta semana. Apesar de todo o frisson em torno da produção nas últimas semanas e nos seus capítulos finais e dos bons índices de audiência registra-

dos, a saga de Moisés e do povo hebreu terminou com a média de 23,5 pontos no ibope. Apesar disso, foi o assunto mais comentado do twitter na última noite de exibição com muitos #jaestoucomsaudades, inclusive. Para além da audiência, o capítulo derradeiro gerou frustrações no público e “zoações” na internet com a circulação de muitos memes. Acontece que parte do desfecho foi deixada para a segunda temporada do folhetim, com estreia prevista para março de 2016. A última cena girou em

torno do episódio em que Moisés desce do Monte Sinai com as tábuas escritas por Deus e as joga no chão ao ver os hebreus fazendo um ritual em torno de um bezerro de ouro, o que é considerado uma heresia. A sequência desse fato só será exibida na próxima etapa. Ao invés do famoso letreiro com a palavra “FIM”, o que se viu foi “Continua...” Logo, os fãs da história terão que esperar para ver. Enquanto a nova temporada não chega, a Record decidiu transformar o roteiro da novela em livro e adaptá -lo para o cinema. A estreia do filme deve acontecer em fevereiro, o que reforça o in-

Sexualidade É natural que seja assim: menino é agitado, menina é carinhosa. Será? *Mariana Tavares é psicanalista

“As coisas são o que são e sempre foram assim”. Você já ouviu essa frase, não é? Mas já parou pra pensar que dizer que “é assim e pronto” esconde o fator histórico e social das coisas? É o processo de “naturalizar”, ou seja, fazer parecer que são eventos da natureza, não da ação humana. Geralmente, quando não sabemos explicar ou compreender um determinado comportamento, dizemos: é assim porque sim e sempre foi assim. Pensemos em quantas vezes respondemos aos nossos filhos ou alunos ou amigos desse jeito: é assim e pronto. É como dizer que, assim como a chuva cai, um menino usa cor azul e uma menina usa rosa. Que menino brinca de carrinho e menina de boneca. Ou ainda: que o cérebro das meninas é dife-

rente do cérebro dos meninos. As meninas são mais carinhosas e os meninos mais agitados. Elas são mais carinhosas porque serão mães. Os meninos, desde os primórdios da civilização, vão buscar a caça e as mulheres cuidam das crias e do lar. As famílias existem para garantir a sobrevivência de todos.

O pensamento naturalizado cria concepções falsas Este é um exemplo do pensamento naturalizado. Este é o pensamento que, por ter ares de ciência e estar aparentemente fundamentado na história e na biologia, cria uma série de concepções falsas que determinam nos-

so julgamento sobre as coisas e seus modos de acontecer. Paramos de nos perguntar se na natureza existe esta mesma divisão de sexos, esta mesma divisão técnica do trabalho e aceitamos, de maneira tão imperceptível, que dizemos: “naturalmente!” Mas não há nada de natural nessas afirmações. São afirmações silenciadoras, que geram um aquietamento das consciências. Ou será que você acha mesmo que menino gosta de azul e se gostar de rosa é menos menino? Será mesmo que menino que brinca de boneca é gay e ser gay é ser menos homem? Será que as meninas que não querem ser mães são desnaturadas? Será que não ser mãe é ser menos mulher ou menos gente? Será?

teresse da emissora em investir e inovar nos produtos do gênero. Ainda no plano das “inovações”, a Globo lançou uma ideia diferente com a nova novela das 19h “Totalmente Demais”, no dia 09 de novembro: lançou na web o capítulo zero da trama, mostrando um pouco da história de Eliza (Marina Ruy Barbosa), Jonatas (Felipe Simas), Carolina (Juliana Paes) e Arthur (Fábio Assunção) antes de a novela começar. A ideia foi deixar o público curioso e com vontade de assistir ao folhetim, sem mostrar muito o que irá acontecer na exibição diária e utilizando o recurso da tela do computa-

dor e do ambiente da internet. A crítica, porém, não tem sido bondosa: a novela repete o já repetido. O universo dos concursos para projetar novos modelos, das redações de revistas de moda e dos sonhos das cinderelas já estão mais do que batidos. É esperar para ver! Tem algum comentário ou sugestão para me fazer? É só mandar um email para quimvela@ brasildefato.com.br. A gente se encontra lá! Até semana que vem! Joaquim Vela

Nossos Direitos Reflexos de horas extras em descansos semanais remunerados O Descanso Semanal Remunerado (DSR) é o direito a um dia (24h) de descanso por semana e no qual o empregado, embora não trabalhe, tem direito ao salário. Esse direito veio com a CLT. Ele era apenas de “descanso semanal”, sem a previsão de pagamento da remuneração. Os patrões descontavam dos salários o valor correspondente ao número de dias de folga, em geral os domingos do mês. Somente com a Lei n. 605/1949, de três anos depois da CLT, é que se incluiu o “remunerado” no direito ao “descanso semanal”. Bastava que os empregadores deixassem de descontar, o que passou a ser feito. Desde então, quem recebe salário por mês já

tem os DSRs pagos no salário-base. Quando ocorre o prolongamento extraordinário da jornada, no entanto, a coisa é diferente. Pois no salário-base não estão incluídas as horas extras, que são pagas à parte. Assim, esse pagamento a mais deve refletir nos DSRs. Ou seja, toda vez que o empregado fizer horas extras deve vir no seu demonstrativo de pagamento salarial uma rubrica específica intitulada “reflexos de horas extras em DSR”. Fique atento. Thiago Barison é advogado trabalhista e previdenciário em São Paulo, doutor em Direito e professor da Universidade de São Bernardo do Campo.


Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

CULTURA

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Belo Horizonte recebe Mostra de Teatro de Periferia ARTE FORA DO CENTRO Evento da Cia Candongas apresenta peças de grupos construídos em comunidades e fomenta discussão sobre formação artística da população Divulgação

Raíssa Lopes Neste final de semana, a Companhia Candongas e Outras Firulas realiza sua primeira Mostra de Teatro de Periferia. Nos dias 27, 28 e 29 de novembro, se apresentarão grupos de Belo Horizonte e São Paulo, famosos por trabalharem questões ligadas à arte em comunidades. Além das peças, acontece também uma mesa redonda que discutirá a mobilização e formação artística em áreas periféricas. A entrada é franca. Fazem parte da programação o Teatro Negro e Atitude (BH), Grupo do Beco (BH), Cia Movimento do Beco (BH), Grupo Breaking no Asfalto e Pombas Urbanas (SP). “Temos o objetivo de reunir trabalhos desenvolvidos em periferia, preservando as características de cada um, e observar questões

do Brasil e América Latina. “Nas comunidades daqui, existem pessoas que veem o teatro como parte de suas vidas, conhecem e convivem com cultura o tempo todo. E realizar trabalhos para esse público é de extrema importância, porque são construídas ações que nem mesmo o poder público realiza”, declara. A dança, importante manifestação cultural das pe-

riferias, também é parte essencial dos espetáculos. A peça “Estima”, por exemplo, da Cia Movimento do Beco, retrata os processos de dança urbana e contemporânea como busca pela autoestima. Já o espetáculo “Feito de Som e Fúria”, que celebra a frase “nossa dança é de fúria e nosso som é a paixão”, retrata a resistência dos dançarinos e ritmos vindos da periferia.

Confira a programação comuns, como a forma com que cada comunidade tem se manifestado, formulado críticas sociais e se colocado em cena”, comenta o ator e coordenador de produção da Cia Candongas Gustavo Bartolozzi. Ele explica que a mostra faz parte de um trabalho de

educação por meio da arte que a Cia Candongas realiza, há 15 anos, nos bairros Santa Cruz e Cachoeirinha, onde está situada. Afirma que a iniciativa tem como finalidade a criação de uma rede de teatro de periferia na capital, como as que já existem em outras cidades

Circuito Liberdade realiza concurso sobre Consciência Negra

Sexta (27) – Espetáculo Àbíkú (Teatro Negro e Atitude), 20h Sábado (28) – Mesa Redonda “Mobilização e formação artística nas comunidades”, 15h Espetáculo Estima (Cia Movimento do Beco), 17h Espetáculo Morro do Pássaro Falante (Grupo do Beco), 18h Espetáculo Feito de Som e Fúria (Grupo Breaking do Asfalto), 20h Domingo (29) – Espetáculo O Monstro do Lixo (Cia Candongas), 10h Encerramento, 10h50 Todas as apresentações acontecem no Centro Cultural Casa de Candongas (Av. Cachoeirinha, 2221 – bairro Cachoeirinha).

Agenda Grátis do Final de Semana Cinema Africano

Divulgação

FOTO NA FACHADA Os selecionados terão o trabalho exposto no Espaço do Conhecimento da UFMG

Reprodução

Até o dia 30, fotógrafos amadores e profissionais podem se inscrever no novo concurso cultural de fotografias no Instagram do Circuito da Liberdade. Essa será a primeira edição da competição e, em homenagem ao dia 20 de novembro, o tema é Consciência Negra. A atividade propõe que os participantes produzam fotos sobre pessoas e eventos na Praça da Liberdade ou em qualquer outro espaço integrado ao Circuito. Para participar, é necessário publicar uma foto inédita sobre o assunto e marcá-la com a hashtag #consciencianegranocircuito. Serão aceitas fotografias produzidas com qualquer tipo de equipamento, porém, apenas postadas via Instagram.

Os candidatos selecionados terão suas fotos expostas na Fachada Digital do Espaço do Conhecimento UFMG durante o mês de dezembro. Os três primeiros também receberão kits de publicações ligadas às artes, livros de fotografia, cortesias para espetáculos, cafés, entre outros.

As fotos serão escolhidas pela comissão avaliadora, seguindo critérios de criatividade, estética, adequação para o suporte final (Fachada Digital) e relação com o tema do concurso. O regulamento completo está disponível na página: www.circuitoculturalliberdade.com.br

De 27 a 29 de novembro, o Sesc Palladium apresenta a Mostra Kilimanjaro de Cinema Africano. Os filmes em cartaz, entre curtas e longas, oferecem um novo olhar sobre a produção do continente, não apenas vinculado às guerras, doenças e misérias. No sábado (28), acontece um debate com os diretores camaroneses e congoleses. Para visualizar a programação completa, acesse o site www.sescmg.com.br.

Mulheres resistem também no Hip Hop

Neste sábado (28), acontece a primeira edição do Rap D’elas, que promove o protagonismo e valorização da mulher na cultura Hip Hop. Organizada por feministas, a iniciativa apresenta mestre de cerimônia, DJ, MC’s e dançarinas mulheres. A programação conta com shows musicais, batalhas de rima e grafitte. O evento acontece das 15h às 21h, no Centro Cultural Alto Vera Cruz (Rua Padre Júlio Maria, 1577 - Alto Vera Cruz).


14 VARIEDADES

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015 www.malvados.com.br Reprodução

Lanche Frito de Mussarela e Tomates E você, tem alguma receita que queira compartilhar? Envie para nós:

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Manteiga de (?): é típica do NE do Brasil "As (?) enganam" (dito) Riso, em francês A pessoa objetiva e prática

(?) batismal: vaso cerimonial de igrejas

redacaomg@brasildefato.com.br

© Revistas COQUETEL

O sorvete, por sua Tratamento de ajuda Símbolo consistência a cachorros com de Celsius problemas emocionais Resposta Muito (Metrol.) Que age por intuição lacônica conhecida

País que elegeu Cristina Kirchner

Letra inicial da sigla de associações

• • • • •

Assunto de rotina no curso de Direito Emanuelle Araújo, cantora baiana

Ataque sofrido por Aranha em 2014 (fut.)

Máquina que revolve e retira aterro

• • • Steve (?), guitarrista Relativo ao campo

A carne usada para a feijoada (Cul.) Principal alimento dos bovinos

Corda apropriada para elevadores

Arnaldo Niskier, pedagogo brasileiro

Amiga da Saúde

(?)/DC, banda de rock australiana Fazer (?): entreter Armas de arremesso "National", em NBA Rato, em inglês

A carta jogada fora no jogo de buraco Conjunto dos números irracionais (Mat.)

Bom dia Amiga da Saúde! A pele fica mais oleosa se lavamos o rosto toda hora? É melhor passar só água ou água com sabão?

Região fértil do sertão cearense Carro, em inglês Editor (abrev.)

Local de origem de Chico Bento (HQ)

Instituto de Economia Agrícola (sigla)

Vilma Lúcia, 32 anos, professora

Gênero musical de "A Viúva Alegre"

3/caá — car — rat — vai. 4/rire. 7/ilativo. 8/al pacino. 10/pragmática. 12/ofensa racial.

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Solução R

O

G A P R I P R A A O F E P A S C A V A D E I R A Ç

C C A B S O D E A

C A R R E G M E O N S T O I N A A L P R A S C I E N O

E N C O A T IC O A R AC I A S A A L A G A D A N E D S A R T A C R A A P E R

I A L E A T Ã I A V O R U U R A A L E I R A E T

P S I C O L O G I A C A N I N A

BANCO

Tire a pele e as sementes do tomate. Corte em cubos e tempere com sal, pimenta, orégano e azeite. Distribua em quatro fatias de pão o tomate e a mussarela. Cubra com as fatias de pão restantes e aperte bem as bordas. Passe um pouco de água para colar. Passe rapidamente os sanduíches no leite, depois no ovo batido e por último na farinha de rosca. Frite em óleo bem quente até dourar dos dois lados. Retire-os e coloque-os em papel absorvente. Sirva em seguida.

Domínio de sites sem fins lucrativos

Falha em motores

Teatro de combates dos gladiadores

2 tomates Sal e pimenta-do-reino a gosto Orégano a gosto 1 fio de azeite 8 fatias de pão de forma sem casca 250 gramas de mussarela fatiada 200 ml de leite 4 ovos batidos Farinha de rosca para empanar

MODO DE PREPARO

Tempo: 30 minutos Rende 4 porções

(?)-delta, aparelho Treinar (animais)

Ator de "Amigos Inseparáveis" (Cin.)

Faixa de frequência (televisão)

Indivíduo indelicado e grosseiro (fig.)

Em grau elevado Erva-mate, (em guarani)

Indica o Oeste na rosa dos ventos

Ingredientes para a massa

Cara Vilma, a pele do rosto deve ser lavada somente duas vezes ao dia, pela manhã e à noite. Se você lava toda hora, sobrecarrega as glândulas sebáceas, que irão trabalhar mais, deixando a pele oleosa. O ideal é usar água e sabonete. Ele fará o trabalho de limpeza, por isso não faz sentido usar somente água. Enxágue bem para que não fique resíduo do sabão na pele. A temperatura da água deve ser fria ou gelada. A água quente agride a pele, retirando sua proteção natural. Além disso, ela abre os poros deixando o rosto oleoso ao longo do dia e facilitando o aparecimento de acne. Procure usar protetor solar todos os dias, pois, além dos raios solares diretos, as lâmpadas fluorescentes também danificam a pele, podendo causar câncer. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.


Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

ESPORTES

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Minas Arena recebe dinheiro da mineração JUSTIÇA Recurso deveria ir para municípios atingidos Reprodução / Portal da Copa

A Minas Arena, que administra o Mineirão, recebeu dinheiro do imposto sobre a mineração. É o que diz um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), referente a 2013. Foram R$ 40 milhões, repassados à concessionária como pagamento de contraprestações. O problema é que, segundo especialistas, esse repasse é inadequado, pois o recurso deveria ser destinado para regiões atingidas pela mineração. O dinheiro foi arrecadado por meio da CFEM, uma cobrança feita às mineradoras pela exploração de recursos minerais. A lei federal 8.001/1990 estabelece que 12% do total arrecadado pelo imposto deve ir para a União, 23% para os estados e 65% para os municí-

economia, alcançando independência com relação à atividade mineradora”, comenta Eulália Alvarenga, da Rede de Justiça Fiscal da América Latina e Caribe. Eulália explica que, para a parcela repassada ao estado, o governo deveria ter criado uma conta específica, mas colocou o dinheiro no Caixa Único e depois o transferiu para a Parceria Público-Privada. “Isto é ilegal, pois desvia o recurso de Em 2013, R$ 40 milhões foram repassados à Minas Arena, recurso que deveria ir para regiões atingidas por mineração

pios produtores. Quem administra o tributo é o Departamento Nacional de Produção Mineral, que recomenda que as receitas sejam revertidas em prol da comunidade local, na forma de melhoria

da infraestrutura, qualidade ambiental, saúde e educação. “Esse recurso deveria ser usado para reparar os danos da mineração, além de dar ao povo dos lugares atingidos condições para que desenvolvam sua

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EM IO! A R RÁR O AG HO O OV

Programa Outras Palavras

O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), passa a ser exibido, a partir do próximo sábado (07/11), na TV Band Minas, em novo horário (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Informamos que nas TVs Band Triângulo e Candidés a exibição do programa Outras Palavras permanecerá no mesmo horário: aos sábados, das 10h às 10h30. Fique ligado no programa Outras Palavras!

“Esse recurso deveria ser usado para reparar os danos da mineração”, afirma economista suas finalidades”, denuncia.

Lucro garantido Em 2009, o governo de Minas Gerais firmou parceria com o Consórcio Minas Arena, composto pelas construtoras Egesa, HAP e Construcap. O consórcio fez a reforma do Mineirão para os jogos da Copa 2014, ganhando, em troca, o direito de operar o estádio por 25 anos. A Minas Arena também passou a receber do governo uma remuneração, dividia em 120 parcelas que vão diminuindo ao longo do tempo, para compensar os empréstimos tomados junto ao BNDES para a reforma. A primeira parcela foi de R$ 7,7 milhões e a última será de R$ 4,2 milhões. Além disso, o contrato diz que quando a Minas Arena não atingir um lucro mínimo, o governo deverá cobrir o valor com dinheiro público.

Outras Palavras vo horário o N ! Todos os sábados, na TV Band Minas

18h50 às 19h20

www.sindutemg.or g.br Filiado à

Novembro/2015

Wallace Oliveira


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ESPORTES

Belo Horizonte, 27 de novembro a 03 de dezembro de 2015

DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians

La Liga Brasileira

Daniel Augusto Jr / Ag. Corinthians

Diego Silveira “La Liga”, nome oficial do Campeonato Espanhol, é quase sempre conquistada por Real Madrid e Barcelona – às vezes um azarão aparece e mantém a zebra viva, como o Atlético de Madrid em 2014. Real e Barça negociam diretamente com a TV o valor da transmissão de seus jogos, o que explica em boa medida o desequilíbrio entre eles e os demais. Desde 2011, Corinthians e Flamengo tratam, sem intermediários, as cotas com a Rede Globo, dona dos direitos do Brasileirão. Como têm as torcidas de maior audiência, ambos foram privilegiados pela emissora ca-

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Eu gosto de caipirinha. Vou tomar uma caipirinha, vou entrar dentro dela e vou ficar mamado.

Tite, treinador do Corinthians, contando como iria comemorar o título de campeão brasileiro, dois dias antes de golear o São Paulo.

rioca: só para comparar, no contrato 2012-2015, a dupla Flamengo/Corinthians recebeu R$ 65 milhões a mais que o duo Cruzeiro/Atlético. Essa diferença aumentará para R$ 110 milhões no próximo contrato! No Brasil há muitos clu-

bes grandes, o que assiste o equilíbrio do campeonato. Porém, haveria equilíbrio maior se pagassem cotas semelhantes a todos. Com isso, uma Liga Brasileira poderia até surgir, mas sem o auxílio dessa injusta distribuição de cotas.

Gol de placa

A Samarco/Vale/BHP destruiu todo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, inclusive o campo de futebol onde atuava o time amador União São Bento. A equipe, porém, voltou a campo no domingo (22) e venceu o 1º Torneio de Amigos do Bairro Santo Antônio, de Mariana.

Gol contra

O atletismo da Rússia foi temporariamente proibido de participar de competições internacionais, após descobertas de fraudes envolvendo atletas e técnicos do país. Bom momento para se aprofundarem as investigações de doping mundo afora.

OPINIÃO Bráulio Siffert Como sempre, tinha que ser sofrido. O acesso do América à primeira divisão foi conquistada com um suado empate diante do Ceará e da belíssima torcida do Coelho, que mais uma vez, apesar do sofrimento, experimentou sua insubstituível sensação de prazer em torcer pelo América, bem diferente daquela fácil e sem graça que é experimenta-

da pelos atleticanos e cruzeirenses. Torcer para o América é muito mais difícil: exige nadar contra a corrente, responder às tentativas de humilhação, lutar contra o esquecimento. Diante desse estado permanente de luta, a sensação de superação de limites na ocasião de grandes vitórias é ainda mais emocionante e inesquecível. Obrigado, América, por nos proporcionar esse momento!

OPINIÃO Rogério Hilário A saída de Levir Culpi era esperada. Para mim, é um vacilo da diretoria atleticana, pois ele provou ser um grande treinador. Sabe trabalhar com elenco limitado e garantir resultados expressivos. Conduziu a equipe na conquista do título da Copa do Brasil e da Recopa Sul -Americana. Os reveses nas disputas nas competições nacionais e na con-

tinental são compreensíveis. O próximo comandante encontrará uma boa base, carente de reforços, porém consolidada no nebuloso cenário do nosso futebol. Seja quem for, usufruirá de uma estratégia bem montada e projetar evolução com opções de qualidade. Resta agradecer a Levir pelos serviços prestados. Seu retorno já é esperado e pode ser, inesperadamente, mais breve.

OPINIÃO Léo Calixto O empate diante do Palmeiras, no último sábado (21), praticamente sepultou as chances da La Bestia Negra retornar à principal competição continental em 2016. Assim, o tema abordado na grande mídia passa a ser exclusivamente as especulações. Antes de focar minhas colunas neste assunto, quero destacar o ano da China Azul que, quando menos se espe-

rava, deu um show de energia e empurrou o escrete celeste o tempo todo, em praticamente todos os jogos em casa no segundo turno. Se a diretoria já se movimenta nos bastidores para melhorar o elenco celeste, a torcida já se aquece para gritar “é campeão” em 2016. Prova disso será a festa no jogo de despedida da temporada, contra o Joinville, no domingo (29), na Toca da Raposa 3.


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